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ESTRATÉGIAS E 
TÉCNICAS EM 
SERVIÇO SOCIAL I
Mariana Oliveira 
Decarli
Os instrumentais 
técnico-operativos 
do Serviço Social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o histórico do processo de trabalho do Serviço Social.
  Reconhecer os conceitos de instrumental, instrumento e técnica.
  Identificar os instrumentos e técnicas utilizados no Serviço Social após 
o movimento de reconceituação da profissão.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o significado da instrumentalidade do 
Serviço Social. Também vai ver de que forma essa instrumentalidade 
é materializada pelos instrumentos e técnicas que garantem o fazer 
profissional crítico, propositivo e transformador da realidade.
O processo de trabalho, de maneira geral, diz respeito à relação entre 
homens e mulheres com a natureza e a sua transformação. Na sociedade 
capitalista, esse processo é alienado, o que constrói relações sociais tam-
bém alienadas. O Serviço Social e o processo de trabalho da profissão 
estão inscritos, portanto, nesse contexto.
É fundamental que você compreenda a importância de uma prática 
orientada de forma teleológica pelo profissional para que a instrumen-
talidade do Serviço Social não reproduza a lógica alienada intrínseca ao 
capitalismo.
Desenvolvimento histórico do Serviço Social
Inicialmente, você deve notar que o desenvolvimento histórico do trabalho do 
assistente social se conecta ao processo de trabalho como todo. Para Marx, 
o processo de trabalho se dá antes de qualquer vinculação com determinada 
formação social. Isso signifi ca que o processo de trabalho é, antes de tudo, a 
relação de homens e mulheres com a natureza — modifi cando-a a partir de 
sua capacidade teleológica de refl exão e ação, assim como construindo algo 
novo com base nessa relação.
O trabalho é a categoria que dignifica homens e mulheres e que constitui 
ontologicamente um novo tipo de ser: o ser social. Ao modificar a natureza 
e produzir algo novo, homens e mulheres modificam a si mesmos. Para que 
o desenvolvimento de um processo de trabalho seja possível, são necessárias 
algumas condições, como o meio e o objeto de trabalho. Para exercer deter-
minado trabalho, são imperativas as faculdades mecânicas, físicas e químicas. 
Segundo Marx (1985, p. 151):
Além das coisas que medeiam a atuação do trabalho sobre seu objeto e por 
isso servem, de um modo ou de outro, de condutor da atividade, o processo 
de trabalho conta, em sentido lato, entre seus meios, com todas as condições 
objetivas que são exigidas para que seu processo se realize. Estas não entram 
diretamente nele, mas sem elas ele não pode decorrer ao todo ou só deficien-
temente. O meio universal de trabalho deste tipo é a própria terra, pois ela 
dá ao trabalhador o locus standi, e ao processo dele, o campo de ação ( field 
of employment) [...].
Esse processo de trabalho tomado de forma abstrata está relacionado com 
a produção de um fim, de algo utilizável no âmbito da interação entre homens, 
mulheres e natureza. O resultado do processo de trabalho é claro para quem 
trabalha. Um trabalhador que fia tem como resultado de seu trabalho o fio, a 
ser utilizado pela sociedade, pela coletividade.
No entanto, hoje o processo de trabalho está inscrito em uma lógica distinta. 
Aqui, é importante que você reflita sobre a formação social capitalista. Assim, 
em breve, vai poder refletir também acerca do processo de trabalho do Serviço 
Social — que ganha definições a mais, definições que são fundamentais na 
compreensão da ordem vigente. Segundo Marx (1985, p. 154):
O processo de trabalho, em seu decurso enquanto processo de consumo da 
força de trabalho pelo capitalista, mostra dois fenômenos peculiares. [...] 
O trabalhador trabalha sobre o controle do capitalista a quem pertence seu 
trabalho. [...] Segundo, porém: o produto é propriedade do capitalista, e não 
do produtor direto, do trabalhador.
Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social2
Todo o processo de trabalho sob a lógica da produção capitalista passa 
a se tornar alienante ao trabalhador. A atividade fundante passa a ser uma 
atividade alienada. Na medida em que se complexificam os processos de 
trabalho, há, cada vez mais, uma ruptura entre o trabalhador e aquilo que ele 
produz. Além disso, há também a sua exclusão do consumo de bens materiais 
coletivos, sem haver nesse processo a troca de mercadorias. Assim, a sociedade 
produz relações sociais de produção alienantes que se circunscrevem a todos 
em interação social.
O processo de trabalho do Serviço Social, portanto, tem por base o desen-
volvimento das forças produtivas em dado momento do desenvolvimento do 
próprio capitalismo em sua fase monopolista. Segundo Guerra (2000, p. 6):
É no estágio monopolista do capitalismo, dadas as características que lhe são 
peculiares, que a questão social vai se tornando objeto de intervenção siste-
mática e contínua do Estado. Com isso, instaura-se um espaço determinado 
na divisão social e técnica do trabalho para o Serviço Social (bem como para 
outras profissões).
É nesse marco contraditório que se inscreve o fazer profissional do assis-
tente social. A sua utilidade social se dá na medida em que há a necessidade 
de responder às classes sociais em disputa no interior da sociedade. Embora 
o Serviço Social seja uma profissão que responde às necessidades do capital, 
também é uma profissão que, com base em uma perspectiva crítica, tem o 
potencial de garantir e consolidar direitos, postando-se ao lado dos oprimidos.
Existe uma distinção entre a generalização ou abstração do processo de trabalho — 
enquanto ação de homens e mulheres na natureza, criando algo novo, de utilidade 
coletiva — e o processo de trabalho inscrito em determinada sociedade. Em cada 
formação socioeconômica distinta (escravismo, feudalismo e capitalismo), há um tipo 
de processo de trabalho circunscrito, embora o processo de trabalho em si tenha a 
mesma essência.
3Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social
Instrumentais, instrumentos e técnicas 
profissionais
A compreensão acerca dos instrumentais do Serviço Social está inter-relacionada 
com o processo de trabalho em si. Afi nal, todo trabalho social possui algum tipo 
de instrumentalidade (que é diferente de instrumento e de técnica). A instru-
mentalidade é uma condição inerente ao trabalho. Segundo Guerra (2000, p. 3):
A ação transformadora que é práxis [...], cujo modelo privilegiado é o trabalho, 
tem uma instrumentalidade. Detém a capacidade de manipulação, de conversão 
dos objetos em instrumentos que atendam às necessidades dos homens e de 
transformação da natureza em produtos úteis (e, em decorrência, a transfor-
mação da sociedade). Mas a práxis necessita de muitas outras capacidades/
propriedades além da própria instrumentalidade.
Assim, o processo de manipular coisas — a natureza ou os posteriores frutos 
do trabalho — possui instrumentalidade. Isso significa que essas ações possuem 
teleologia, envolvem a capacidade de refletir acerca de possibilidades, de futuros. 
A questão central é que, na formação social capitalista, a instrumentalidade que 
homens e mulheres utilizavam para transformar a natureza passa a ser utilizada 
pelo burguês na compra de força de trabalho. Ocorre o que Guerra (2000, p. 5) 
chama de “[...] instrumentalização de pessoas [...]”. O profissional de Serviço 
Social, também inscrito na lógica de produção e reprodução da força de trabalho, 
tem seu próprio trabalho intermediado pela instrumentalização de pessoas. As-
sim, em última instância, sua atuação também pode ser permeada de alienação.
Como você pode notar, o quadro vai se tornando mais complexo. Diante 
disse, segundo Guerra (2000, p. 7):
[...] é importante, na reflexão do significado sócio-histórico da instrumentalidade 
como condição de possibilidade do exercício profissional, resgatar a natureza 
e a configuração das políticas sociais que, como espaços de intervenção pro-fissional, atribuem determinadas formas, conteúdos e dinâmicas ao exercício 
profissional. A este respeito, considerando a natureza (compensatória e residual) 
e o modo de se expressar das políticas sociais (como questão de natureza técni-
ca, fragmentada, focalista, abstraída de conteúdos econômico-políticos), estas 
obedecem e produzem uma dinâmica que se reflete no exercício profissional 
através de dois movimentos: 1) interditam aos profissionais a concreta apre-
ensão das políticas sociais como totalidade, síntese da articulação de diversas 
esferas e determinações (econômica, cultural, social, política, psicológica), o 
que os limita a uma intervenção microscópica, nos fragmentos, nas refrações, 
nas singularidades; 2) exigem dos profissionais a adoção de procedimentos 
instrumentais, de manipulação de variáveis, de resolução pontual e imediata.
Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social4
O desafio que se impõe é a construção de uma instrumentalidade baseada 
não naquilo que o capitalismo exige — ou seja, a reprodução da força de 
trabalho para que se reproduza o capital —, mas na consolidação dos direitos 
sociais e humanos. Isso é possível por meio da materialização de políticas 
sociais em interlocução com as necessidades reais e objetivas dos usuários. 
Como você pode perceber, esse desafio é cada vez maior e mais complexo.
A utilização de instrumentos e técnicas para a execução das políticas sociais no 
âmbito da seguridade social (saúde, assistência social, previdência social) também 
não está descolada do cenário apresentado. Mas tais instrumentos e técnicas guar-
dam, eles mesmos, contradições próprias. Muitas vezes, é por meio de um fazer 
profissional tecnicista (ou seja, que se preocupa de forma unilateral com a técnica e 
os instrumentos) que se abre espaço para o processo que não inclui a práxis.
Sem refletir criticamente acerca da realidade e sem se posicionar no co-
tidiano profissional, o assistente social passa a realizar uma prática isolada, 
fragmentada, imediatista e que trata das aparências sem acessar a essência das 
relações sociais postas. A redução do Serviço Social a um processo técnico 
descolado do projeto ético-político da profissão é extremamente prejudicial não 
somente ao fazer profissional, mas também à própria condição do assistente 
social de garantidor de direitos sociais para os usuários. Sem processos de 
reflexão crítica, o Serviço Social pode se tornar um meio para qualquer tipo 
de ação profissional desqualificada.
O que são instrumentos e técnicas?
A dimensão técnico-operativa do Serviço Social envolve um conjunto articulado 
de instrumentos e técnicas que permitem a operacionalização dos serviços sociais. 
O conhecimento e as habilidades do profi ssional também são instrumentos que 
ele utiliza no seu cotidiano profi ssional. Portanto, a dimensão técnico-operativa 
também é uma dimensão que envolve a educação e a formação dos profi ssionais.
São atribuições do assistente social:
  coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas 
e projetos na área de Serviço Social;
  prestar informações e elaborar pareceres no que tange à profissão;
  planejar, coordenar e executar atividades socioeducativas;
  atuar como consultor, facilitador de processos de formação, reuniões, 
palestras;
  elaborar relatórios técnicos e análises sobre temas do Serviço Social;
  supervisionar estagiários de Serviço Social.
5Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social
Você deve partir da perspectiva de que toda a matéria de Serviço Social é 
profissional. Assim, para ser assistente social, o profissional deve estudar e se 
formar considerando todos os fundamentos da profissão. Além disso, precisa pas-
sar por uma formação crítica, de acordo com o projeto ético-político profissional.
Alguns instrumentos do Serviço Social que você pode utilizar para desen-
volver o seu trabalho junto aos usuários são: a visita domiciliar, as entrevistas, 
os estudos sociais, os laudos e pareceres técnicos e as intervenções em grupos. 
Esses instrumentos fazem parte do cotidiano dos profissionais e possibilitam 
o trabalho qualificado, bem como a escuta qualificada dos usuários. Só assim 
o assistente social pode responder às demandas apresentadas a ele.
No link a seguir, você pode assistir a uma aula magna da 
professora Yolanda Guerra sobre a instrumentalidade do 
Serviço Social. O vídeo foi gravado na Universidade Estadual 
do Ceará (UECE).
https://goo.gl/kyJ1xy 
Modificações trazidas pelo movimento 
de reconceituação
Segundo Guerra (2000), há três tipos de instrumentalidade no Serviço Social. A 
primeira delas é uma instrumentalidade que está de acordo com o projeto burguês 
de sociedade. Ela se relaciona à capacidade da profi ssão de converter-se em meio 
de manutenção da ordem. Isso ocorre pela utilização de seu aparato técnico-
-instrumental apenas de forma racional e técnica, sem criticidade. A segunda ins-
trumentalidade responde às demandas das classes, ou seja, é uma instrumentalidade 
que também está inscrita numa perspectiva mecanicista de atuação profi ssional. 
A terceira instrumentalidade é a mediação. Segundo Guerra (2000, p. 11):
Se é verdade que a Instrumentalidade insere-se no espaço do singular, do cotidiano, 
do imediato, também o é que ela, ao ser considerada como uma particularidade da 
profissão, dada por condições objetivas e subjetivas, e como tal sócio-históricas, 
pode ser concebida como campo de mediação e instância de passagem.
Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social6
Assim, a autora afirma que a instrumentalidade é um campo de mediação. 
Nesse sentido, a profissão é tomada enquanto totalidade num esforço de abs-
tração para se entender esse viés profissional. Na interação com o cotidiano 
profissional, o assistente social lança mão de acúmulos sociais, culturais, 
ideológicos e de formação. Ele adapta todo esse arcabouço ao seu fazer pro-
fissional para resolver problemas e questões que surgem em seu cotidiano. 
Isso quer dizer que nesse processo também se confrontam visões distintas de 
mundo e do arcabouço teórico a ser utilizado.
O movimento de reconceituação, que surge em 1965 no interior do Serviço 
Social, tem como base as condições objetivas que atravessavam o País em 
meio à ditadura civil-militar e à chegada da teoria social crítica por aqui — 
ou seja, a interação do profissional enquanto sujeito político e, portanto, a 
sua práxis. Nesse contexto, a instrumentalidade é repensada, assim como 
os instrumentos e técnicas utilizados no cotidiano profissional. Além disso, 
uma série de instrumentais de cunho conservador presentes no interior da 
profissão começam a ser questionados junto a todo o fazer profissional e à 
perspectiva conservadora.
A possibilidade de se compreender a sociedade a partir do método crítico-
-dialético, entendendo o movimento interno do capital, suas formas de sus-
tentação e o papel do Serviço Social nesse contexto, faz com que o corpo 
profissional se destine a criticar aquilo que Barroco (2010) definiu como ethos 
conservador do Serviço Social. Assim, a ideia é constituir uma perspectiva 
emancipatória para a profissão, vinculada à necessária transformação social. 
A instrumentalidade é colocada como elemento fundamental da criticidade, 
como parte integrante da perspectiva de formação profissional. Afinal, não 
há um processo teórico sem um processo prático que o reflita.
Assim, reforça-se a centralidade da práxis enquanto fundamento ético e 
ontológico da profissão. É fundamental você compreender que, ao longo dessas 
duas décadas de existência do Serviço Social (até o marco da reconceituação), 
a prática do profissional esteve voltada para a manutenção da ordem burguesa 
a partir de uma perspectiva teórico-metodológica e de uma ação pautadas 
pelo conservadorismo e pela óptica da benfeitoria junto aos usuários. Além 
disso, havia em todo o processo — da formação à atuação profissional — uma 
perspectiva de culpabilização dos sujeitospelas suas condições de existência.
Diante do marco da reconceituação e do movimento de entrada da teoria 
social crítica no Brasil no contexto ditatorial, os profissionais passaram a 
acessar um instrumental teórico que explica a contradição da sociedade de uma 
perspectiva crítica. Tal perspectiva oferece instrumentais para que o profissio-
nal compreenda que o seu trabalho é necessário, pois se vive numa sociedade 
7Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social
cindida pela luta de classes. Nesse sentido, as injustiças e as expressões da 
questão social — alvo de sua intervenção — são constituídas pela contradição 
entre os detentores dos meios de produção e aqueles que têm apenas a sua 
força de trabalho para vender. Esse marco é, portanto, fundante da perspectiva 
do Serviço Social que se desenvolve desde então e do aprofundamento dessa 
compreensão no Código de Ética de 1993.
Considere que um profissional que trabalha na área de saúde se depara com esta 
situação trazida por um usuário do Sistema Único de Saúde: o medicamento para 
pressão está em falta nas unidades básicas de saúde de todo o município e o usuário 
não tem outra condição de adquiri-lo que não por meio da farmácia básica. Diante 
disso, o assistente social deve munir-se de todo o seu aparato de instrumentos e 
técnicas para solucionar a demanda do usuário. 
As ações tomadas por esse profissional podem ser definidas de inúmeras formas. 
Ele pode: optar por dialogar com seus colegas num trabalho multidisciplinar em 
busca de uma solução coletiva; abrir uma ação judicial contra o município, exigindo 
que o usuário tenha garantido seu direito de acesso ao medicamento; buscar a rede 
de atendimento de saúde na expectativa de garantir o direito do usuário. Todo esse 
processo de reflexão e tomada de decisões acerca de um quadro está inscrito na 
instrumentalidade da profissão.
BARROCO, S. M. L. Ética: fundamentos sócio-históricos. São Paulo: Cortez, 2010.
GUERRA, Y. Instrumentalidade do processo de trabalho e serviço social. Serviço Social 
& Sociedade, São Paulo, v. 21, n.62, p. 5-34, mar. 2000.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985, 2 ed.
Leitura recomendada
NETTO, P. J. Ditadura e serviço social. São Paulo: Cortez, 2011.
Os instrumentais técnico-operativos do Serviço Social8
Conteúdo:
ESTRATÉGIAS 
E TÉCNICAS EM 
SERVIÇO SOCIAL I
Camila Muniz 
Assumpção
Registro e documentação: 
laudos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir laudo e quando deve ser realizado.
  Identificar a importância, os objetivos e a aplicabilidade dos laudos 
técnicos do Serviço Social nos diferentes campos sócio-ocupacionais.
  Diferenciar estudo social, laudo e parecer.
Introdução
O Serviço Social constitui seu modo de ser e fazer no âmbito das relações 
sociais, ou seja, para executar qualquer tipo de intervenção, o assistente 
social deve utilizar diferentes instrumentos. Quando se aborda a ação 
profissional, é preciso ter em mente que sua materialização se dá a partir 
da formulação de objetivos para ela.
Cabe lembrar que o Serviço Social tem dimensões teórico-metodoló-
gica e ético-política, as quais envolvem a elaboração de relatórios, laudos 
e pareceres para os profissionais que atuam direta ou indiretamente no 
campo sociojurídico.
Neste capítulo, você poderá refletir sobre os instrumentais técnicos-
-operativos empregados no desempenho do trabalho profissional para 
as garantias de direito, com destaque ao laudo, por meio de sua definição 
e de quando deve ser realizado, entendendo sucintamente os espaços 
sócio-ocupacionais nos quais é feito, sabendo que as particularidades 
das demandas em cada campo sócio-ocupacional estão inscritas no 
significado social da profissão, comprometida com a consolidação e a 
ampliação dos direitos. Além do laudo, poderá discutir sobre outros ins-
trumentos técnico-operativos, em especial o estudo, a perícia e o parecer. 
Laudo
Os profi ssionais do Serviço Social têm a liberdade de escolher os procedimentos 
técnicos para a realização de uma ação na prática profi ssional, ampla autonomia 
garantida pelo Código de Ética da profi ssão, no intuito de contribuir com o processo 
de investigação, conhecimento, intervenção e avaliação de determinada situação.
Os instrumentos de trabalho que o assistente social pode utilizar são fer-
ramentas que permitem formular respostas inovadoras e efetivas às demandas 
constantes na rotina do fazer profissional. Assim, os instrumentos técnicos 
operativos compreendem componentes intrínsecos à intervenção dos assisten-
tes sociais. De acordo com Magalhães (2003), os instrumentos e as técnicas 
mostram-se como importantes pontos de apoio em uma situação competente. 
O modo e quando será empregado são determinados pelo profissional, que 
deve dominar o conhecimento a respeito e as condições para aplicá-lo com 
base nos princípios éticos da profissão. 
A utilização de um instrumental pelos profissionais de Serviço Social pressupõe 
interações comunicativas, face a face ou pela escrita. Entre aqueles por meio da 
escrita, tem-se o laudo, na maioria das vezes conectado ao âmbito sociojurídico e o 
produto resultante de uma perícia social. O laudo apresenta o retrato social de uma 
problemática e, eventualmente, responde aos quesitos propostos pelo magistrado.
Se, por muitas vezes, o laudo é o produto resultante de uma perícia social, 
vale destacar o que Mioto (2001) define como perícia social: algo que se 
efetiva a partir da solicitação de uma autoridade, geralmente judiciária, com 
a finalidade última de emitir uma opinião fundamentada sobre determinada 
situação social que estará subsidiando decisões da autoridade requerente a 
respeito da vida daqueles envolvidos na situação. Desse modo, para realizá-la, o 
assistente social emprega o estudo social, que fornece os subsídios necessários 
para a elaboração do parecer técnico.
É necessário entender que não é atribuição nem competência do assistente 
social produzir provas, afinal o profissional não é investigador e muito menos 
detetive particular; contudo, o que se deve fazer é realizar estudos sobre a 
realidade da situação e dos envolvidos, com o objetivo de promover o acesso 
a direitos fundamentais e sociais e a justiça social. Nesse aspecto, o Conselho 
Federal de Serviço Social (CFESS, 2003), traz para a reflexão o fato de que 
o laudo social é utilizado no meio judiciário com o objetivo de dar suporte 
à decisão judicial, a partir de determinada área do conhecimento, no caso o 
Serviço Social. Na maioria das vezes, contribui para a formação de um juízo 
por parte do magistrado, isto é, para que tenha elementos que possibilitem o 
exercício da faculdade de julgar, a qual se traduz em “avaliar, escolher, decidir”.
Registro e documentação: laudos2
Mas, então, o que é laudo? Do latim “louvo”, consiste no parecer do lou-
vado ou do árbitro, peça escrita, fundamentada, em que os peritos expõem as 
observações e consignam as conclusões da perícia.
Desse modo, o laudo é um elemento de “prova” e oferece elementos de 
base social para a formação de um juízo e a tomada de decisões que envolvem 
direitos sociais e fundamentais. Os elementos relevantes, segundo Alvarenga 
e Coutinho (2008), representam um conjunto de informações que envolvem 
situações da realidade social e humana, no âmbito individual e/ou coletivo, 
que subsidiam o estudo social do profissional. 
De acordo com Fávero (2011), o laudo consiste, então, em uma das mate-
rializações mais bem acabadas do estudo social, uma vez que alude a todo o 
processo de avaliação e às ações realizadas pelo assistente social. Tal instru-
mento reúne as qualidades e exigências do relatório e do parecer (posto que se 
trata da conjunção destes), servindo para documentar a intervenção, orientar 
o trabalho de outros agentes e indicar os caminhos da atuação profissional, 
prestando-se, nesse caso, à sistematização de reflexões emnível prospectivo. 
Sua elaboração, como todo processo de trabalho, depende das finalidades da 
intervenção, que ditarão seus temas e extensão. Recomenda-se, além disso, que 
se indiquem os procedimentos realizados durante o estudo social — análise 
documental, estudo da legislação e normas institucionais, visita domiciliar, etc.
Como alerta, é necessário refletir que não basta descrever situações, mas 
analisá-las à luz de conhecimentos específicos do campo de atuação. O es-
tudo avaliativo deve ater-se aos objetivos que o direcionam, o que implica 
uma prévia seleção do que realmente é importante para a objetividade na 
composição dos textos.
Aplicabilidade dos laudos técnicos
O Serviço Social constitui-se pelas dimensões ético-política (poder), teórico-
-metodológica (saber) e técnico-operativa (fazer), que interagem como mediações 
da prática profi ssional em diferentes espaços sócio-ocupacionais (MARTINELLI, 
2005 apud FÁVERO, 2009). As três dimensões caracterizam e fundamentam a 
intervenção nesses espaços, somando-se a elas os conhecimentos relativos às 
particularidades e às especifi cidades de cada área de intervenção.
Vários são os campos de atuação do assistente social, mas, para analisar a 
importância, os objetivos e a aplicabilidade dos laudos, é necessário fazer um 
recorte e tratar do campo sociojurídico, ainda em construção. Nesse sentido, 
para retratar a atuação do assistente social, torna-se relevante compreender a 
3Registro e documentação: laudos
respeito do setor jurídico. “Campo sociojurídico” é um termo novo na história 
do Serviço Social brasileiro, de destaque por revelar o lugar que tal área no 
Brasil ocupa nesse espaço sócio-ocupacional, após seu redirecionamento ético e 
político, disposto a analisar a realidade social em uma perspectiva de totalidade 
e em meio a contradições sociais profundas. O campo apresenta uma perspectiva 
singular para a atuação profissional, que percebe o direito como um complexo 
cheio de contradições. Isso acaba possibilitando a ação em busca de novos 
sentidos para as relações sociais, indo em direção à realidade emancipatória.
Com relação à atribuição do assistente social nesse espaço sócio-ocupacional, 
podemos afirmar que está pautada no que preconiza o Art. 151 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA): ao profissional de Serviço Social, cabe, primor-
dialmente, a função de perito social, que em linhas gerais consiste em subsidiar 
as decisões judiciais mediante a elaboração do laudo social (BRASIL, 1990).
Trata-se de um espaço de recorrência de direitos, no qual as pessoas de-
positam nos procedimentos legais algum direito e esperam do sistema de 
garantia, da Justiça, condições mínimas de cidadania. 
Entre os espaços sócio-ocupacionais que compõem o campo sociojudiciário, 
pode-se destacar:
  sistema prisional;
  tribunal de justiça;
  delegacias; 
  juizados; 
  Defensoria e Ministério Público; 
  unidades de cumprimento de medidas socioeducativas/protetivas.
Em outras palavras, têm-se aqui organizações que desenvolvem ações por 
meio das quais se aplicam, principalmente, as medidas decorrentes de aparatos 
legais, civil e penal, e nas quais se executam determinações deles derivadas.
Como documento resultante do processo de perícia social — avaliação, 
exame técnico ou científico da área do Serviço Social —, o laudo social re-
gistra as informações mais significativas do estudo e da análise realizada e o 
parecer social. Denomina-se, então, como o registro escrito e fundamentado 
dos estudos e conclusões da perícia, envolvendo uma avaliação detalhada 
do que foi estudado, na qual o perito emite seu parecer e, eventualmente, 
responde ao que lhe fora proposto pelo juiz e/ou pelas partes interessadas. 
Todavia, é necessário entender que identificar as expressões da questão social 
Registro e documentação: laudos4
é fundamental, pois qualifica o laudo e define o objeto de intervenção, que vai 
além da solicitação de um juiz, ou seja, o exercício profissional, no âmbito do 
poder Judiciário, pode e deve ir além do subsídio técnico, atuando a partir da 
possibilidade do acesso dos sujeitos a seus direitos fundamentais, avançando 
no que diz respeito aos mecanismos que possibilitem o acesso à justiça social.
  Introdução: indica demanda judicial e os objetivos.
  Identificação dos sujeitos: relação dos indivíduos envolvidos.
  Metodologia: descrição dos métodos praticados para sua elaboração, 
esclarecendo a especificidade da profissão e os objetivos do estudo.
  Relato analítico: explanação da edificação histórica da questão estudada e do 
estado social.
  Parecer final: sintetização da situação, análise crítica e apontamentos de 
conclusões ou indicações de alternativas do ponto de vista do Serviço Social, 
no qual o assistente social deixa expresso o seu posicionamento técnico 
referente à questão em destaque.
 Quadro 1. Estrutura do Laudo Social. 
Para Fávero (2009), perito é o profissional especializado em determinada área do 
conhecimento, que tem a função de oferecer uma opinião, constituindo-se como 
suporte à decisão do outro profissional.
Os documentos produzidos pelos assistentes sociais nas instituições, fruto 
do estudo social, podem e devem ser garantia de direitos à população. Isso 
pode acontecer quando o profissional, ao realizar o estudo social, identifica as 
expressões da questão social (materiais, ideológicas ou culturais), que perpassam 
a situação apresentada, e as referencia nos relatórios, laudos e pareceres sociais, 
sobretudo no último, indicando alternativas que envolvam os sujeitos, mesmo 
que institucionalmente, possibilitando o enfrentamento da questão social posta.
5Registro e documentação: laudos
Estudo social, laudo e parecer
Como já se sabe, os instrumentais técnico-operativos representam um conjunto 
articulado de instrumentos e técnicas que permitem a operacionalização da 
ação profi ssional. A confi guração dos procedimentos e do instrumental técnico-
-operativo acompanha as alterações históricas da base sócio-organizacional 
do Serviço Social. Ainda que alguns instrumentos e técnicas constituam o 
acervo interventivo dos assistentes sociais desde os primórdios da profi ssão 
no Brasil, são acionados como parte dos procedimentos que compõem um 
processo de intervenção nas relações sociais. Aqui, enfatizaremos o estudo 
social, o laudo social e o parecer social.
O estudo social se dá por meio de entrevistas, visitas domiciliares, pesquisas do-
cumentais e bibliográficas instrumentais que têm no relacionamento um elemento 
constante e dinâmico. É entendido como um processo de trabalho de competência 
do assistente social, com a finalidade de conhecer e interpretar a realidade social 
na qual está inserido o objeto da ação profissional, ou seja, a expressão da questão 
social ou o acontecimento/situação que oportuniza a intervenção.
Fávero (2011) proporciona a reflexão de que o profissional com uma ação 
refletida e planejada define quais conhecimentos deve acessar e em que nível 
os aprofundará — se necessita realizar entrevistas, visitas domiciliares, com 
quem e quantas pessoas, se precisa estabelecer contatos variados com a rede 
familiar e a rede social, se deve consultar material documental e bibliográfico, 
entre outros aspectos.
Ainda, Fávero (2011) nos auxilia a compreender o conceito de estudo social 
situando-o como um instrumental presente no cotidiano do assistente social 
ao longo do processo histórico da profissão.
Mesmo não sendo o foco da questão, não se pode deixar de falar sobre a 
perícia social, que tem sido, no decorrer da atividade profissional, o documento 
pelo qual o assistente social manifesta o seu trabalho técnico e científico, diante 
de uma realidade específica. É realizada por meio do estudo social e implica 
a elaboração de um laudo e a emissão de um parecer. O assistente social pode 
ser solicitado para uma perícia social. Quando solicitada a um profissional de 
Serviço Social, é chamada de perícia social, pelo fatode se tratar de um estudo 
e parecer cuja finalidade é subsidiar uma decisão judicial. É realizada por meio 
do estudo social e implica a elaboração de um laudo e a emissão de um parecer. 
Como já dito, o laudo social, como documento resultante do processo 
de perícia social, apresenta o registro das informações mais significativas 
do estudo e da análise realizada e do parecer social. Pelo fato de resultar do 
processo de perícia social, compreende o registro escrito e fundamentado 
Registro e documentação: laudos6
dos estudos e das conclusões no qual o perito emite seu parecer. O laudo é o 
registro que documenta informações significativas e recolhidas por meio do 
estudo social, permeado ou finalizado com interpretação e análise. Em sua 
parte final, registra o parecer conclusivo, do ponto de vista do Serviço Social, 
pelo fato de que deve esclarecer que, naquele momento e com base no estudo 
científico realizado, chegou-se à determinada conclusão. Para a efetivação desse 
registro, o profissional terá como referência conteúdos obtidos pelas entrevistas, 
visitas, contatos, estudos documental e bibliográfico que considerar necessários 
para a finalidade do trabalho. Em geral, sua apresentação segue uma estrutura 
constituída por: introdução; identificação das pessoas envolvidas; metodologia 
e definição breve de alguns conceitos utilizados, na medida em que o receptor 
da mensagem contida nesse documento não necessariamente tem familiaridade 
com os conhecimentos da área do Serviço Social (assim, seu caráter científico 
e as especificidades da área são clareados); e os aspectos socioeconômicos e 
culturais que podem ser permeados pela análise ou finalizados com a análise 
interpretativa e conclusiva, também denominada parecer social.
O laudo não necessariamente precisa detalhar todos os conteúdos do estudo 
realizado. Claramente, a documentação desses conteúdos e o seu arquivamento 
são importantes, de maneira que o profissional tenha acesso a eles, se neces-
sário, obedecendo ao sigilo profissional; portanto, o assistente social é quem 
poderá afirmar, em cada situação, o que deve ser objeto de maior detalhamento, 
em consonância com as diretrizes e os princípios éticos da profissão. 
O parecer social diz respeito ao esclarecimento e às análises, com base 
em conhecimento específico do Serviço Social, a uma questão ou a questões 
relacionadas à decisão a serem tomadas, ou seja, trata-se de uma finalização 
de caráter conclusivo ou indicativo. Compreende um instrumento de via-
bilização de direitos, um meio de realização do compromisso profissional 
com os usuários, tendo em vista a equidade, a igualdade, a justiça social e a 
cidadania. É necessário que o conteúdo do parecer não seja excessivo, devendo 
ser expresso de maneira clara e objetiva, além de sucinto e não superficial. 
O assistente social, tomando por base os dados coletados ao longo do estudo 
social, cuja análise sempre se dá à luz do referencial teórico, expressa a sua 
posição técnica de como alguma situação em questão poderá ser solucionada. 
O parecer social, bem como o laudo social, faz parte da metodologia 
de trabalho de domínio específico e exclusivo do assistente social, pois, de 
acordo com o artigo 5º, inciso IV, da Lei de Regulamentação da Profissão 
(Lei nº. 8.662/1993), realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, 
informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social constitui uma 
das atribuições privativas desse profissional (BRASIL, 1993).
7Registro e documentação: laudos
BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Senado Federal, 1990. Disponível 
em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 20 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº. 8.662 de 07 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social 
e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 1993. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8662.htm>. Acesso em: 20 nov. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) (Org.). O estudo social em perícias, 
laudos e pareceres técnicos: contribuição ao debate no judiciário, na penitenciária e na 
previdência social. São Paulo: Cortez, 2003.
FÁVERO, E. T. Instruções sociais de processos, sentenças e decisões. In: CONSELHO 
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS); ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA 
EM SERVIÇO SOCIAL (ABEPSS) (Org.). Serviço social: direitos sociais e competências 
profissionais. Brasília: Cfess/Abepss, 2009. p. 609–636. 
FÁVERO, E. T. O estudo social: fundamentos e particularidades de sua construção na 
área judiciária. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) (Org.). O estudo 
social em perícias, laudos e pareceres técnicos: contribuição ao debate no judiciário, 
penitenciário e na previdência social. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MAGALHÃES, S. M. Avaliação e linguagem: relatórios, laudos e pareceres. São Paulo: 
Veras, 2003. 
MIOTO, R. C. T. Perícia Social: proposta de um percurso operativo. Revista Serviço Social 
e Sociedade, São Paulo, n. 67, 2001.
Leituras recomendadas
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) (Org.). O estudo social em perícias, 
laudos e pareceres técnicos. São Paulo: Cortez, 2003.
GUERRA, Y. Instrumentalidade do processo de trabalho e serviço social. Serviço Social 
e Sociedade, São Paulo, n. 62, 2000. 
MIOTO, R. C. T. Cuidados sociais dirigidos à família e segmentos sociais vulneráveis. In: 
CFSS; ABEPSS; CEAD/NED-UNB. (Org.). O trabalho do assistente social e as políticas sociais, 
Brasília, DF: NED-CEA/UNB, 2000. v. 4, p. 216–224.
Registro e documentação: laudos8
Conteúdo:
ESTRATÉGIAS 
E TÉCNICAS 
EM SERVIÇO 
SOCIAL I
Camila Muniz Assumpção
Registro e documentação: 
elaboração de pareceres
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir as competências e atribuições do Serviço Social.
  Descrever a importância, os objetivos e a aplicabilidade dos pareceres 
técnicos do Serviço Social nos diferentes campos sócio-ocupacionais.
   Reconhecer o parecer como instrumento de materialização de direitos.
Introdução
Sabe-se que o quadro em que se exerce o Serviço Social nos dias atuais 
é bastante desafiador, embora a categoria tem feito durante os últimos 
tempos debates em torno das atribuições privativas e competências 
profissionais dessa área, de grande relevância, pois nos darão a direção 
para tratar as diferentes expressões da questão social, que se materializam, 
por sua vez, em diversas demandas. As respostas a essas demandas por 
parte de assistentes sociais residem no campo das suas possíveis com-
petências, tornando-se necessário articular as dimensões ético-política, 
teórico-metodológica e técnico-operativa.
A realização das competências e atribuições requer a utilização de 
instrumentais adequados a cada situação social a ser enfrentada profissio-
nalmente, dos quais destacaremos neste capítulo o parecer social: a opinião 
fundamentada que o assistente social emite sobre a situação estudada.
Aqui, você poderá, então, perpassar pelas competências e atribuições do 
Serviço Social, bem como entender a importância de olhar a vida cotidiana, 
a partir dos fundamentos teóricos, para ter embasamento sobre suas ações. 
Além disso, será destacada a relevância do parecer social nos diferentes 
campos sócio-ocupacionais, com ênfase à materialização dos direitos.
Competências e atribuições do Serviço Social
Refl etir sobre as atribuições e competências signifi ca, no contexto contempo-
râneo, discutir sobre a particularidade da intervenção profi ssional na divisão 
social e técnica do trabalho. Portanto, debater a respeito das atribuições pri-
vativas e competências profi ssionais de assistentes sociais é, também, discutir 
a profi ssão. E isso se dá a partir de uma nítida concepção de profi ssão, que 
se forja na ruptura com o conservadorismo que marcou o início da atividade 
e que está expressa noatual Código de Ética do Assistente Social, na lei de 
regulamentação da profi ssão de 1993 e nas diretrizes curriculares da Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss).
Desde a ruptura com o conservadorismo, o qual caracterizou a emergência 
da profissão, vem-se construindo um projeto profissional em que a questão 
social é vista como fruto do capitalismo. A questão social se materializa na 
naturalização das desigualdades sociais e na submissão das necessidades 
humanas ao poder das coisas sociais. O Serviço Social trabalha com as mais 
diversas expressões da questão social. Logo, torna-se importante entender as 
atribuições e competências do Serviço Social, pois, diante da materialização 
da questão social, se coloca em cena não somente aquilo que, pela lei, é 
função exclusiva do Serviço Social, mas também aquilo que pode e deve ser 
desenvolvido no trabalho profissional. 
De acordo com a Lei n.º 8.662/1993 (BRASIL, 1993), que regulamenta a 
profissão, nos arts. 4° e 5°, pode-se notar, respectivamente, as competências e 
atribuições privativas de profissionais do Serviço Social: o profissional deve 
coordenar elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas e 
projetos na área de Serviço Social; prestar informações e elaborar pareceres 
na área de atuação do Serviço Social; planejar, coordenar, executar atividades 
sócio-educativas; estabelecer parcerias e contatos institucionais; atuar como 
facilitador de processos de formação de lideranças e organização comunitária; 
planejar, coordenar e realizar reuniões e palestras na área de atuação do Serviço 
Social; elaborar relatórios técnicos e analíticos; treinar, avaliar, supervisionar 
e orientar estagiários de Serviço Social.
Entende-se, assim, que as atribuições privativas são aquelas que se referem 
diretamente à profissão, e as competências ações que os assistentes podem 
desenvolver, embora não lhes sejam exclusivas. 
Para uma reflexão sobre as atribuições privativas e competências profis-
sionais, é importante, portanto, uma reflexão a respeito da vida cotidiana, a 
qual pode ser compreendida pelo conjunto das atividades fundamentais que 
caracterizam a (re)produção dos homens.
Registro e documentação: elaboração de pareceres2
Vida cotidiana 
O cotidiano faz parte da vida de todo homem, sem nenhuma exceção. De acordo 
com Heller (1992, p. 20), “[…] a vida cotidiana não está ‘fora’ da história, mas 
no ‘centro’ do acontecer histórico”. No cotidiano, o indivíduo vive o mundo 
a partir do “eu”, e somente quando supera essa singularidade pode ter acesso 
à consciência humano-genérica. 
A vida cotidiana contém o dado prático, o vivido, a subjetividade fugitiva, 
as emoções, os afetos, hábitos e comportamentos, assim como o dado abstrato, 
as representações e imagens que fazem parte do real cotidiano, sem se perder 
no imaginário — ou seja, é o material, o concreto e o abstrato, contido na 
própria realidade. A realidade deve integrar os diferentes fatos da vida social 
em uma totalidade. Vieira (2007) afirma que, sem a relação entre o singular, o 
particular e o universal, não se pode encontrar meios de ultrapassar, em relação, 
no caso, aos direitos, os limites do singular, de um lado, e do universal, do 
outro. Desligá-los é desligar a totalidade do humano. O particular constitui a 
mediação necessária entre o singular e o universal, não sendo apenas um elo 
entre eles. Torna-se importante, então, ter a perspectiva da totalidade, a fim de 
buscar uma conexão com todos os elementos, para saber o que a necessidade 
exposta indica. Assim, a ultrapassagem da realidade para a totalidade mais 
complexa no fazer da prática se dá pela relação entre pensamento e realidade. O 
assistente social deve levar em consideração as representações, os valores e os 
significados presentes no contexto sociocultural no qual o usuário desenvolve 
relações sociais e de convivência.
A prática profissional tem inúmeros limites e desafios para um agir compro-
metido com os princípios e as diretrizes do Código de Ética e da Lei de Regu-
lamentação. No entanto, também traz possibilidades de uma prática inovadora 
e diferenciada daquela implementada tradicionalmente no âmbito institucional. 
Muitos profissionais veem o trabalho cotidiano como um imenso obstáculo que 
lhes impede de realizar um exercício profissional comprometido com o projeto 
ético-político. No entanto, cabe ao assistente social, sem a pretensão de uma 
postura messiânica, racionalizar esse fazer burocrático e pontual, vislumbrando 
alternativas de ação coletivas para o cotidiano da instituição em que se insere.
De acordo com Martinelli (1995), é necessário ultrapassar práticas que 
reproduzam o princípio de permanência e se revestir de um olhar crítico, 
capaz de descobrir o movimento do real a fim de colaborar em práticas sociais 
múltiplas que resultem na produção do novo.
Deve-se, então, superar as limitações, sabendo que, conforme Iamamoto 
(2012), o exercício profissional compreende uma ação de um profissional que 
3Registro e documentação: elaboração de pareceres
tem competência para propor e negociar com a instituição seus projetos, além 
de defender seu campo de trabalho e suas qualificações e funções profissionais. 
Em outras palavras, devemos ir além daquilo que está posto para nós, mais 
adiante da rotina da instituição e procurar apreender o movimento da realidade.
Vislumbra-se um profissional que demonstre criatividade, ousadia, 
autodeterminação, que porte respostas eficientes, referidas por Iamamoto 
(2012) como competência teórico-metodológica, na qual o profissional tem 
na sua prática uma visão teórica, ou seja, as ações apresentam embasamento 
teórico-metodológico e não substanciado pelo senso comum. Além disso, 
tem competência técnico-operativa, que diz respeito ao uso adequado do 
instrumental técnico, como entrevistas, reuniões, visitas, pareceres sociais, 
etc., e competência ético-político, fundamento que rege nossa profissão. 
O Código de Ética Profissional tem se atualizado ao longo da trajetória da profissão. Em 
1993, após um rico debate com o conjunto da categoria em todo o país, foi aprovada 
a quinta versão do Código de Ética Profissional, instituída pela Resolução n.º 273/1993, 
do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 1993).
Pareceres técnicos do Serviço Social
A ação profi ssional do assistente social envolve um compromisso ético-político, 
embasamento teórico-metodológico e capacidade técnico-operativa, que nor-
teiam a direção social do trabalho cotidiano. Nesse sentido, rejeita-se uma 
postura pretensamente neutra desse profi ssional.
O assistente social tem a liberdade de escolher os procedimentos técnicos 
para realizar uma ação na prática profissional, ampla autonomia garantida pelo 
código de ética da profissão, com o intuito de contribuir com o processo de co-
nhecimento, intervenção e avaliação de determinada situação. Considerando que 
os diversos instrumentos de trabalho são ferramentas que nos permitem formular 
respostas inovadoras e efetivas às demandas que se impõem constantemente 
em nossa rotina, é essencial saber quais são e quando se aplica cada um deles. 
A utilização de um instrumental pressupõe interações comunicativas face 
a face ou por meio da escrita:
Registro e documentação: elaboração de pareceres4
  face a face — comunicação oral, entrevistas, grupos, visitas, reuniões;
  por meio da escrita — relatórios, laudos, pareceres.
Entre os instrumentos de comunicação escrita, há o parecer social, que pode 
ser caracterizado como uma opinião fundamentada, constituída pelo estudo 
dos aspectos de uma lei ou de um caso jurídico. Magalhães (2003) relata que 
o parecer se refere a uma opinião de técnicos, peritos e arbitradores sobre o 
assunto de sua especialidade.
Segundo Moreira e Alvarenga (apud CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO 
SOCIAL, 2003, p. 9), parecer social constitui “a opinião profissional do assistente 
social, com base na observação e no estudo de uma dada situação,fornecendo 
elementos para a concessão de um benefício, recurso material e decisão médico-
-pericial”. Sua elaboração deve se basear em um estudo socioeconômico e cultural 
por meio de alguns instrumentos, como entrevistas e visita domiciliar. Em outras 
palavras, realiza-se o parecer com base na observação e no estudo de determinada 
situação para subsidiar a concessão de benefícios sociais, decisões médicas, deci-
sões judiciais sobre adoção, heranças e outros de interesse dos usuários. Ainda, 
seu conteúdo deve ser sucinto, claro e objetivo sem ser superficial.
Consideram-se elementos constitutivos do parecer social as representações, 
os valores e os significados presentes no contexto sociocultural no qual o 
usuário desenvolve relações sociais e de convivência. O parecer deve ter em 
conta o núcleo familiar, identificando a situação não de forma individual, mas 
relacionada à situação de classe social, à satisfação das necessidades básicas 
e à inserção no mercado de trabalho.
Compreendem artigos e incisos referentes ao parecer social, conforme a Lei n.º 
8.662/1993 (BRASIL, 1993):
Art. 4º — Competência do assistente social:
XI — Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de 
benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.
Art. 5º — Atribuições privativas do assistente social:
IV — Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações 
e pareceres sobre a matéria de serviço social.
5Registro e documentação: elaboração de pareceres
Parecer como instrumento de materialização
de direitos
Segundo a Constituição Federal, de 1988, em seu art. 6º, entende-se como 
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a Pre-
vidência Social, a proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos 
desamparados (BRASIL, 1988).
Ao emitirmos um parecer, apoiamo-nos em conceitos teóricos que refletem 
a visão ético-política e social adotada, mesmo que nem sempre nos demos conta 
de tal fato. A utilização de conceitos que tenham por referência a ampliação 
dos direitos sociais em vez de minimizá-los é fundamental, pois se trata de 
um instrumento viabilizador de direitos.
Como destacam Moreira e Alvarenga (apud CONSELHO FEDERAL DE 
SERVIÇO SOCIAL, 2003, p. 12), a elaboração do parecer social “não pode ser 
uma comprovação de informação e não deve ter um caráter de fiscalização: ele 
é um viabilizador de direitos”. Como já observado, consideram-se elementos 
constitutivos do parecer social as representações, os valores e os significados 
presentes no contexto sociocultural no qual o usuário desenvolve relações 
sociais e de convivência. 
O parecer social deve ser elaborado tendo como referência a perspectiva do 
direito social e da inclusão da população usuária na concessão de benefícios 
sociais, portanto é um instrumento de viabilização de direitos. Ainda, precisa 
apresentar aspectos socioeconômicos do núcleo familiar básico, analisar as 
relações de necessidades básicas e avaliar as implicações sociais da doença e 
outras dimensões, conforme a finalidade (Quadro 1). 
Alguns dos principais conceitos e concepções 
adotados na elaboração do parecer social
  Direitos sociais
  Seguridade social/Saúde/Previdência social/Assistência Social
  Trabalho
  Família
  Saúde 
  Necessidades básicas de vida
  Deficiência
  Incapacidade
 Quadro 1. Conceitos e concepções na elaboração do Parecer Social 
Registro e documentação: elaboração de pareceres6
Direitos sociais
Pontes (2000) afi rma que o assistente social trabalha com/e nas mediações das 
políticas sociais fazendo valer os direitos dos usuários. Estes, por sua vez, são 
uma conquista, e não uma dádiva, portanto dinâmicos e inacabados, exigindo que 
sejam constantemente conquistados e reconquistados, diante das relações de poder 
e de dominação que os cerca, para atacá-lo. Entretanto, a existência de garantias 
legais não se traduz necessariamente em garantias efetivas, ou seja, não basta 
somente afi rmar legalmente um direito para vê-lo respeitado e materializado, pois 
existe uma grande fratura entre o anúncio do direito e sua efetiva materialização.
A luta por direitos compreende um processo de construção coletiva que 
exige o resgate do protagonismo dos sujeitos, contexto no qual se insere o 
serviço social, como profissão interventiva e comprometida com os interesses 
das classes populares, atuando como coparticipante na construção de processos 
emancipatórios que produzam impactos na ação e na construção de sujeitos 
sociais. O compromisso do serviço social com a classe trabalhadora não se 
esgota na sua afirmação, mas é necessário mediá-lo por estratégias concretas 
e articuladas com a capacidade de objetivá-lo por meio de estratégias de ação.
Nessa perspectiva, os sujeitos não podem ser compreendidos tão somente 
como indivíduos que lutam por melhores condições de vida, mas também como 
produtores da história, resultante de suas ações transformadoras.
É necessário estar atento para as situações em que se emite o parecer e para as 
estratégias pelas quais se adota, potencializando-o como instrumento de viabiliza-
ção de direitos em consonância com os princípios defendidos pelo Código de Ética.
Antônia é assistente social do Centro de Referência Especializado da Assistência Social 
(Creas) e recebeu um encaminhamento social da Associação de Pais e Amigos dos 
Excepcionais (Apae) solicitando a intervenção na realidade da família do Luiz Felipe, 
que vivencia situações de vulnerabilidade e risco social, somada à violação de direitos.
Com a intenção de garantir o acesso aos direitos e oportunizar a superação da 
situação vivenciada, o assistente social deve percorrer um caminho que pode ser 
caracterizado por:
  buscar suporte teórico-metodológico para as ações;
  amparar-se nas orientações ético-políticas para atendimento as necessidades;
  usar instrumentos e técnicas como meios de assegurar a direção do exercício 
profissional, para alcançar as finalidades pretendidas.
7Registro e documentação: elaboração de pareceres
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Promulgada em 05 de 
outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao.htm>. Acesso em: 20 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº. 8.662 de 07 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social 
e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 1993. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8662.htm>. Acesso em: 20 nov. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS) (Org.). O estudo social em perícias, 
laudos e pareceres técnicos: contribuição ao debate no judiciário, na penitenciária e na 
previdência social. São Paulo: Cortez, 2003.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Resolução CFESS nº 273 de 13/03/1993. 
Institui o Código de Ética Proffissional dos (as) Assistentes Sociais e dá outras providências. 
Brasília, DF, 1993. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=95580>. 
Acesso em: 20 nov. 2018.
HELLER, A. O cotidiano e a história. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 
IAMAMOTO, M. Projeto profissional, espaços ocupacionais e trabalho do(a) assistente 
social na atualidade. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Atribuições 
privativas do/a assistente social em questão. Brasília: CFESS, 2012. 
MAGALHÃES, S. M. Avaliação e linguagem: relatórios, laudos e pareceres. São Paulo: 
Veras, 2003. 
MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. São Paulo: Cortez, 1995.
VIEIRA, E. Os direitos e a política social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
Leituras recomendadas
IAMAMOTO, M. Renovação e conservadorismo no Serviço Social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 
1995. 
IAMAMOTO, M.; CARVALHO, R. Relações sociais e Serviço Social no Brasil. 8. ed. São Paulo: 
Cortez/Celats, 1991. 
NETTO, J. P. A crítica da vida cotidiana. In: CARVALHO, M. C. B. Cotidiano: conhecimento 
e crítica. 5. ed. São Paulo:Cortez, 2000.
Registro e documentação: elaboração de pareceres8
Conteúdo:
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICOS 
TEÓRICOS E 
METODOLÓGICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL
Camila Muniz Assumpção
Projeto ético-político 
do Serviço Social e 
suas dimensões
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a dimensão ético-política do projeto profissional do Serviço 
Social atual e seus desafios na contemporaneidade.
  Analisar a dimensão teórico-metodológica da categoria e a perspectiva 
da pluralidade.
  Explicar a dimensão técnico-operativa e suas possíveis lacunas no 
Serviço Social.
Introdução
O projeto ético-político do Serviço Social é o grande norteador da prática 
profissional dos assistentes sociais, que o tomam como base para sua 
atuação. Esse projeto constitui-se de dimensões que, embora sejam 
diferentes entre si, são indissociáveis e se complementam, constituindo 
diferentes níveis de apreensão da realidade da profissão.
Neste capítulo, você vai entender a importância do projeto ético-
-político do Serviço Social e as suas dimensões teórico-metodológica, 
ético-política e técnico-operativa, analisando-as nas suas particularidades. 
Dimensão ético-política do projeto profissional 
do Serviço Social atual e seus desafios na 
contemporaneidade
De acordo com Paulo Netto (1999, p. 104), o projeto ético-político do Serviço 
Social “[...] se constrói com base na defesa da universalidade do acesso a bens 
e serviços, dos direitos sociais e humanos, das políticas sociais e da demo-
cracia”, em virtude da ampliação das funções democráticas do Estado e da 
pressão de elementos progressistas, emancipatórios. Esse projeto vai nortear 
os profi ssionais do Serviço Social, que vão se basear nas suas dimensões para 
atuar e se posicionar profi ssionalmente.
Guerra (2000) declara que as dimensões constituem níveis diferenciados de 
apreensão da realidade da profissão, mas são indissociáveis entre si, formando 
uma unidade, apesar de suas particularidades. 
A competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política são 
requisitos fundamentais que permitem ao profissional colocar-se diante das 
situações com as quais se defronta, vislumbrando com clareza os projetos 
societários, seus vínculos de classe, e seu próprio processo de trabalho. Os 
fundamentos históricos, teóricos e metodológicos são necessários para apre-
ender a formação cultural do trabalho profissional e, em particular, as formas 
de pensar dos assistentes sociais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO 
E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL, 1996, p. 7). 
A dimensão ética se refere à reflexão crítica e expressa que os assistentes 
sociais não são profissionais neutros, mas que tomam partido e posicionam-se 
profissionalmente a favor da igualdade, da liberdade, da democracia, entre 
outros princípios.
A dimensão política diz respeito aos compromissos profissionais e expressa 
as intencionalidades das ações profissionais, implicando tomadas de posições 
com sustentação teórica.
A dimensão ético-política, portanto, revela o pensar a ação em função 
dos valores e finalidades do profissional, da instituição e da população. São 
as diferentes posições e os partidos que os profissionais assumem.
Pode-se pensar que o Serviço Social tem um projeto societário com 
dimensões políticas, ou seja, é uma profissão politizada e inserida no mundo 
sociotécnico do trabalho e comprometida atualmente com a defesa dos 
interesses da classe trabalhadora. Todavia, é necessário ressaltar que a 
dimensão política do trabalho profissional está posta na medida em que a 
profissão assenta-se na mediação capital/trabalho e, como Iamamoto (2010) 
afirma, pela mesma atividade, atende a interesses contraditórios, o que 
convida a categoria fazer o debate sobre a dimensão política da profissão. 
Assim considera-se que a profissão tem caráter eminentemente político na 
sua prática e no seu exercício profissional ao lidar de forma comprometida e 
organizada em luta e defesa dos interesses da classe trabalhadora, a partir do 
momento que se posiciona na realidade pela histórica inserção da profissão 
no contexto das relações sociais.
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões2
Nos últimos anos, vem surgindo uma extrema fragilidade nas relações de 
trabalho com o crescimento das privatizações, terceirizações e parcerias público-
-privadas. Assim, a flexibilização e a desregulamentação da legislação trabalhista, 
como o enfraquecimento das organizações representativas dos trabalhadores, 
foram estratégias importantes na consolidação da contrarreforma trabalhista. O 
trabalho dos assistentes sociais sofre inflexões decorrentes das novas configura-
ções do mercado de trabalho que se dão, também, nos espaços em que se inserem 
trabalhadores assalariados, que não escapam das determinações estruturais que 
movem os processos de intensificação e precarização do trabalho no contexto da 
crise mundial. Com essas mudanças na sociedade contemporânea, são colocados 
grandes desafios e tem-se o descenso na luta dos trabalhadores, a intensificação 
da repressão e a criminalização das formas de resistência (IAMAMOTO, 2017).
A prática profissional tem inúmeros limites e desafios para um agir com-
prometido com os princípios e dimensões da profissão. No entanto, também 
traz possibilidades de uma prática inovadora e diferenciada daquela instituída 
tradicionalmente no âmbito institucional. Ao analisar tal questão, percebe-se que:
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvol-
ver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho 
criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas 
emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só 
executivo (IAMAMOTO, 2011, p. 20).
Os assistentes sociais precisam ter uma postura criativa e inovadora, com 
ações estratégicas que nos levem a avançar, rompendo com atividades buro-
cráticas e rotineiras.
O momento atual frisa a necessidade, como afirma Paulo Netto (1996, p. 
115), de referenciar ao Serviço Social sua possibilidade objetiva, capaz de 
transformar alternativas potenciais em respostas reais, lembrando que 
[...] se não for capaz de elaborar respostas qualificadas para as demandas — e 
essa qualificação, em grande medida, será aferida em função da racionalidade 
sociopolítica da hegemonia que se afirmar —, o Serviço Social pode muito 
bem definhar e tornar-se um exercício profissional residual.
Para compreender o Serviço Social na contemporaneidade, é necessário 
considerar seus pressupostos sócio-históricos. Um dos períodos importantes 
e que representou mudanças foi a década de 1960, que trouxe, por exemplo, 
a reformulação do Código de 1947 para o de 1965, aprovado um ano após o 
3Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
golpe militar e, portanto, sofrendo reflexos da ditadura. Perpassando o pe-
ríodo da ditadura, tem-se o Movimento de Reconceituação, que foi “[...] um 
fenômeno tipicamente latino-americano na década de 1965, dominado pela 
contradição ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento 
global da profissão” (IAMAMOTO, 2010, p. 205).
Com a aproximação da teoria de Marx e a vigência do currículo mínimo, 
tem-se, em 1980, as maiores transformações do Serviço Social, com a aprovação 
do Código de Ética de 1986 afirmando que a profissão é autônoma, inscrita na 
divisão sociotécnica do trabalho coletivo. Além disso, no ano de 1988, houve a 
promulgação da Constituição da Republica Federativa do Brasil, que fez com 
que a profissão caminhasse para a construção de uma identidade profissional 
voltada à classe trabalhadora, assumindo uma prática mais humanizada e com 
maior enfoque nos direitos dos cidadãos, tendo como valor central a liberdade 
em favor da equidade e da justiça social (BRASIL, 1988).
 Iamamoto (2010) situa o exercício profissional como resultado das relações 
sociais, fruto de um produto histórico que tem,em sua formação, uma sociedade 
capitalista construída na expropriação do trabalho e legitimada pela obtenção 
dos meios de produção nas mãos de poucos. Assim, pela atual conjuntura, 
o assistente social volta o seu olhar para uma perspectiva de autonomia e 
emancipação da classe trabalhadora no que se refere à luta por seus direitos, 
que se faz mediante participação popular nas políticas inerentes aos mesmos 
como forma de chamá-los à cidadania.
Diante disso, de acordo com Martinelli (1995), é necessário que o profis-
sional ultrapasse práticas que reproduzam o principio de permanência e se 
revista de um olhar crítico, capaz de descobrir o movimento do real, a fim de 
colaborar em práticas sociais múltiplas, que resultem na produção do novo.
Deve-se, então, superar as limitações, sabendo que, assim como Iamamoto 
(2011) diz, o exercício profissional é uma ação de um profissional que tem 
competência para propor, negociar com a instituição seus projetos, assim como 
defender seu campo de trabalho e suas qualificações e funções profissionais. 
A realidade atual incita os profissionais a exercitar um nível de competência 
condizente com o que Rios (1999) descreve, com base em um “saber fazer 
bem”, justificado por:
[...] uma dimensão técnica, a do saber e a do saber fazer, isto é, do domínio dos 
conteúdos de que o sujeito necessita para desempenhar o seu papel, aquilo que se 
requer dele socialmente, articulado com o domínio das técnicas, das estratégias 
que permitam que ele, digamos, “dê conta de seu recado”, em que seu trabalho [...] 
quanto uma dimensão política [...] ao encontro daquilo que é desejável, que está 
estabelecido valorativamente com relação à minha atuação (RIOS, 1999, p. 47).
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões4
Sendo assim, deve-se considerar a ética profundamente vinculada à demo-
cracia — participação dos usuários — e entendê-la no “campo da filosofia e de 
um saber de caráter ontológico” (BARROCO, 2004, p. 29), pois “[…] a ética 
não se esgota na afirmação do compromisso ético-político. É de suma impor-
tância que o compromisso seja mediado por estratégias concretas, articulado 
à competência teórica, técnica e a capacidade de objetivá-las” (BARROCO, 
2004, p. 31).
A dimensão teórico-metodológica da categoria 
e a perspectiva da pluralidade
A dimensão teórico-metodológica diz respeito à capacidade de apreensão do 
método e das teorias e sua relação com a prática na ação profi ssional. Essa 
dimensão traz a ideia de que o profi ssional tem que estar por dentro da realidade 
e das demandas dos seus usuários, mas a partir de estudos mais abrangentes, 
segundo seu contexto histórico, com embasamentos teóricos, fugindo do senso 
comum e das aparências, criando formas efetivas de transformar a realidade 
desse usuário, embora sempre respeitando suas especifi cidades.
O Serviço Social atua nas diversas expressões da questão social que se 
materializam no atendimento aos usuários, que, junto a suas solicitações, 
trazem suas particularidades, suas histórias, sua singularidade e diversidade 
presente nas relações que estabelecem com as demais pessoas e com a so-
ciedade. Entender essa diversidade que o usuário traz exige compreendê-lo 
em seu universo, ofertando espaços de acolhimento, de escuta qualificada 
que permita a livre expressão dos indivíduos, respeitando seus valores, suas 
escolhas, entre outras coisas.
A dimensão teórico-metodológica se atenta ao rigor teórico para enxergar 
a realidade dinâmica para além dos fenômenos aparentes e pode ser expli-
cada a partir do olhar dos métodos, técnicas e instrumentos utilizados pelo 
profissional, no seu cotidiano, no qual, com um posicionamento direcionado 
ao projeto ético-político diante das manifestações e expressões da questão 
social e com abordagem crítico-dialética, o profissional deve decidir a melhor 
forma de aplicá-lo.
O pluralismo, quando entendido enquanto categoria que se aproxima da 
totalidade dialética, busca conciliar elementos objetivos e subjetivos, o indi-
víduo e a universalidade, elementos modernos e pós-modernos. Essa proposta 
pluralista pode ser verificada na estrutura básica do projeto ético-político 
profissional:
5Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
Esquematicamente, este projeto ético-político tem em seu núcleo o reconhe-
cimento da liberdade como valor central — a liberdade concedida histori-
camente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí 
um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos 
indivíduos sociais. Consequentemente, projeto profissional vincula-se a um 
projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem 
dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero. A partir dessas escolhas 
que o fundam, tal projeto afirma defesa intransigente dos direitos humanos 
e a recusa do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o 
pluralismo — tanto na sociedade como no exercício profissional (PAULO 
NETTO, 1999, p. 104).
O pluralismo é considerado por Coutinho (1991) uma dimensão básica e 
complexa, por envolver inúmeras implicações na construção do conhecimento. 
Para o autor, “[...] o pluralismo, no terreno da ciência natural ou social [...], é 
sinônimo de abertura para o diferente, de respeito pela posição alheia, con-
siderando que essa posição, ao nos advertir para nossos erros e limites, e ao 
fornecer sugestões, é necessária ao próprio desenvolvimento da nossa posição 
e, de modo geral, da ciência [...]” (COUTINHO, 1991, p. 14).
Um dos pontos que marcou o processo de renovação do Serviço Social 
é entendido por Paulo Netto (2009, p. 131) como “[...] a construção de um 
pluralismo profissional, radicado nos procedimentos diferentes que embasam 
a legitimação prática e a validação teórica, bem como nas matrizes teóricas 
a que elas se prendem”.
Sendo assim, no âmbito profissional, segundo Ramos (2009), a hegemonia 
com o pluralismo apresenta a predominância de uma direção política que se 
constrói por meio da vontade coletiva, que se dá por um processo não coer-
citivo e tem bases na não eliminação ou repressão de interesses particulares 
divergentes da direção dominante. Tendo o pluralismo como elemento factual 
da vida cotidiana, Paulo Netto (1999) analisa que o projeto ético-político do 
Serviço Social não é algo homogêneo, mas sim hegemônico, no cerne da 
categoria profissional.
Borba (2011, p. 1083) aponta pluralismo como sinônimo de “multiplicidade; 
variedade; diversidade”. Diante da multiplicidade, da variedade, da pluralidade, 
a teoria social de Marx subsidiará ou, de acordo com Baptista (2009), servirá 
de base para o diálogo e para a intervenção do profissional com a realidade. 
Com base na perspectiva da totalidade, abrangendo as determinações his-
tóricas, as conjunturas e as situações específicas, os conhecimentos sobre a 
questão a ser trabalhada serão construídos e, assim, o assistente social vai 
saber quais instrumentos e técnicas serão adequadas para operacionalizar 
suas ações no cotidiano.
Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões6
Dimensão técnico-operativa e suas possíveis 
lacunas no Serviço Social
Para fazer uma analise da dimensão técnico-operativa do Serviço Social, 
deve-se reconhecer a sua complexidade, derivada dos diversos espaços sócio-
-ocupacionais nos quais os profi ssionais transitam e da própria natureza das 
suas ações nos diferentes âmbitos do exercício profi ssional, como, por exemplo, 
a proposição e a formulação de políticas sociais, o planejamento, a gestão e 
a articulação de serviços e programas sociais ou o atendimento direto aos 
usuários em diferentes instituições e programas sociais (MIOTO, 2000). 
Quanto às possíveis lacunas da dimensão técnico-operativa do Serviço 
Social, pode-se destacar que o debate em torno da operatividade tem-se carac-
terizado pela escassez, quando comparado às dimensões teórico-metodológicas 
e ético-políticas, sobre o próprio campo de incidência do ServiçoSocial (as 
políticas sociais e os direitos de forma geral) (IAMAMOTO, 1999). 
Além disso, deve-se reconhecer que a dimensão técnico-operativa ainda 
não articulou uma linguagem comum em relação ao “fazer profissional” capaz 
de materializar amplamente o projeto profissional e sua direção ético-política. 
Apesar de ter avançado de maneira grandiosa a partir do rompimento com 
a tradicional metodologia do Serviço Social (caso, grupo e comunidade), 
que permitiu uma nova compreensão da profissão no contexto da divisão 
sociotécnica do trabalho, ainda encontramos uma diversidade de discursos 
sobre o “fazer profissional”, definidos, prioritariamente, a partir de elementos 
“externos” à profissão. Particularmente, essa situação é altamente problemática 
quando os assistentes sociais trabalham em equipes multiprofissionais, nas 
quais o campo do social tem sido cada vez mais objeto de estudo e intervenção 
de outras profissões (WIESE, 2002). 
A operacionalização da ação implica articular os conhecimentos entre o 
universal, o particular e o singular, ou, segundo Iamamoto (2005, p. 95), deve-se 
estabelecer “a relação indivíduo/sociedade; as relações entre as macroanálises e 
microssituações enfrentadas no cotidiano profissional”. É a partir das demandas 
postas pelos sujeitos que o assistente social, a partir da finalidade assumida 
como horizonte para suas ações, define tanto o objetivo quanto o caráter da 
ação a ser empreendida, localizando-a dentro dos limites e possibilidades co-
locados pela natureza dos espaços sócio-ocupacionais. A definição é realizada 
por meio da investigação e do conhecimento das necessidades da população, 
expressas pelas suas demandas e pela realidade particular de suas condições 
de vida, e em diálogo com o corpo de conhecimentos já produzidos sobre as 
7Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões
particularidades das situações e coerentes com a matriz teórico-metodológica 
que direciona determinado projeto profissional (MIOTO, 2000).
Sendo assim, para que o assistente “[...] possa atuar, ele necessita de bases 
para sua intervenção, traduzidas em fundamentos teórico-metodológicos, 
ético-políticos e técnico-operativos que irão contribuir para iluminar a leitura 
da realidade e imprimir rumos à sua ação” (PEREIRA, 2015, p. 8). Essas três 
dimensões representam níveis diferentes de apreensão da realidade em que o 
Serviço Social irá intervir e, portanto, não podem ser dissociadas, devendo 
haver sempre “[...] uma interlocução constante entre elas, de forma que uma 
dimensão não seja mais priorizada do que outra e elas conformem uma uni-
dade” (PEREIRA, 2015, p. 9). 
Assim, como conclui Pereira (2015, p. 1), “O fortalecimento da articulação 
entre essas dimensões se expressa na potencialidade das respostas profis-
sionais competentes, de forma que o trabalho dos assistentes sociais esteja 
comprometidos com a materialização do projeto ético-político da profissão”. 
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Leitura recomendada
IAMAMOTO, M. V. As dimensões ético-políticas e teórico-metodológicas no serviço 
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9Projeto ético-político do Serviço Social e suas dimensões

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