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Teoria Literária - Formalismo Russo

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Teoria Literária: Formalismo Russo
Especificidade, precisão e busca por generalizações são fundamentais no Formalismo Russo. Para os formalistas, as disciplinas mais relevantes são aquelas que lidam com a linguagem e com princípios artísticos gerais, ou seja, com os aspectos verbais e artísticos da obra literária. Isso implica criar uma abordagem que se afastasse das interpretações subjetivas e passasse a adotar análises baseadas na estrutura formal do texto, isto é, uma análise que buscava identificar os elementos que constituem a natureza intrínseca da obra literária.
A evolução literária revela uma sequência de mudanças abruptas em relação às práticas imediatamente anteriores, em vez de uma transição suave e constante de uma tradição ou um desenvolvimento progressivo com base nas realizações do passado. A principal motivação por trás dessas mudanças na literatura é a automatização ou a perda de eficácia estética de um método artístico legado (ou de um gênero inteiro) para uma geração específica. O que é considerado literatura muda ao longo do tempo. Isso implica que no início do século XX, alguns acadêmicos consideravam obsoleto o método teórico-literário de analisar as obras que corria na época, indicando a necessidade de alterações no cenário literário.
O Formalismo Russo refere-se a um conjunto de acadêmicos em literatura e linguística que, no período entre 1916 e 1929, elaboraram uma série de ideias teóricas inovadoras, argumentos, modelos e diretrizes metodológicas que abordavam diversos aspectos do sistema literário e sua análise. Diversos linguistas desempenharam um papel crucial no desenvolvimento do Formalismo Russo, destacando-se Roman Jakobson, renomado linguista e teórico literário. Para a crítica literária, o Formalismo Russo tinha como objetivo conferir a textos.
Os Formalistas demonstravam interesse por formas narrativas breves e pelas distinções na elaboração e na geração de efeitos entre essas formas e o romance. Outro ponto focal nas investigações narrativas dos Formalistas era o skaz, uma história curta literária (escrita), na qual o método geral de narração era marcado por formas estilísticas e entonação que se presumia estarem associadas à narrativa oral improvisada, destinada a um público semelhante, por um orador não educado. 
Em vez de concentrarem-se nas intenções do autor dentro de uma determinada obra para análise textual, ou até mesmo buscando entender o contexto histórico do texto para compreender a suas ideias, agora os formalistas valorizavam a autonomia do texto e a análise de sua estrutura formal a fim de compreendê-lo.
Alguns princípios metodológicos-chave incorporados na prática do Formalismo Russo, segundo os estudos de Ann Jefferson em Russian Formalism, são os seguintes:
1. definir fenômenos não intrinsecamente, mas de maneira contrastiva relativa: linguagem prática versus poética, verso versus prosa, e assim por diante; 
2. adotar uma abordagem funcional, ou de meio-fim, para explicar a natureza específica e regularidades dos fenômenos: qual é o papel deles e qual é o efeito pretendido no sistema em que ocorrem?; 
3. descrever e explicar a natureza e a mudança de fenômenos literários em termos específicos da literatura pelo maior tempo e extensão possível;
4. proceder em círculos concêntricos da literatura para outros tipos de discurso e apenas depois para séries culturais e sociais mais amplas.
Na prática, esses princípios funcionavam assim:
1. Definir fenômenos de maneira contrastiva relativa: Na prática, os formalistas buscavam entender elementos literários contrastando-os com seus equivalentes não literários. Por exemplo, eles poderiam comparar o uso da linguagem em um poema (linguagem poética) com a linguagem cotidiana (linguagem prática) para destacar características distintas e avaliar como a poesia se diferenciava da linguagem comum.
2. Adotar uma abordagem funcional: Durante a análise textual, os formalistas se concentravam em identificar a função específica de dispositivos literários. Eles perguntavam como determinados elementos contribuíam para a obra como um todo. Por exemplo, ao analisar o uso de uma figura de linguagem, eles considerariam qual papel ela desempenhava na criação de efeitos estilísticos ou na transmissão de significado.
3. Descrever e explicar em termos específicos da literatura: Os formalistas priorizavam a descrição e explicação de fenômenos literários utilizando terminologia e conceitos específicos da literatura. Ao analisar um poema, por exemplo, eles se concentrariam em elementos como ritmo, métrica, figuras de linguagem e estrutura, em vez de recorrer a explicações baseadas em considerações externas à literatura.
4. Proceder em círculos concêntricos: Na prática da análise textual, os formalistas começavam examinando elementos literários isoladamente antes de ampliar sua análise para contextos mais amplos. Eles primeiro se concentravam na obra em si, depois consideravam seu relacionamento com outros textos literários, para só então expandir para contextos culturais e sociais mais amplos. Essa abordagem permitia uma compreensão mais aprofundada das características literárias específicas.
Em uma análise textual, o Formalismo elenca alguns pontos para fazê-la: 
Desconsidera-se a biografia do autor ou contexto histórico: quando analisa uma obra, acredita que o mais importante para entendê-la é o que de fato está contido no texto, desconsiderando procurar entender o contexto histórico pelo qual a obra passou ou a biografia de quem a escreveu. Isso significa que a obra passa a ter autonomia, e para entendê-la basta se concentrar nos aspectos formais contidos no texto. 
Considere o poema "A Estátua", de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O Formalismo Russo examinaria a estrutura do poema, a escolha de palavras, a métrica e a construção simbólica, desconsiderando inicialmente o significado social ou histórico. Essa abordagem enfatiza a autonomia da obra e como suas características formais contribuem para a experiência estética, diferenciando-a das interpretações baseadas em contextos externos.
Diferentemente ocorreria em uma análise a partir de uma visão da Sociologia da Literatura. Em uma análise a partir dela, sobre o poema "A Estátua" de Alberto Caeiro, a abordagem seria diferente, considerando os elementos sociais, culturais e históricos. Por exemplo:
Contexto Histórico e Social:
Exploração do contexto em que Alberto Caeiro escreveu o poema, levando em consideração eventos históricos e questões sociais relevantes. Como a obra reflete ou responde às condições da época?
Ideologias e Valores Representados:
Identificação das ideologias e valores presentes no poema. Pode-se examinar como a visão estática da "estátua" pode representar concepções culturais sobre a natureza, a estabilidade ou a resistência às mudanças.
Relações com Outras Obras da Época:
Comparação com outras obras literárias contemporâneas para destacar semelhanças ou contrastes nas representações sociais e culturais.
Recepção e Impacto na Sociedade:
Investigação de como o poema foi recebido pelo público da época e como ele pode ter influenciado a percepção social sobre temas específicos.
Ao utilizar a Sociologia da Literatura, a análise expande-se para além dos elementos formais, buscando compreender como a obra está inserida em um contexto mais amplo e como ela interage com as dinâmicas sociais e culturais do seu tempo.
Portanto, o Formalismo Russo deixou uma marca indelével na teoria literária. Sua abordagem pioneira, notadamente centrada na narratologia, moldou o desenvolvimento da teoria literária no século XX. Ao destacarem a defamiliarização como um conceito essencial, os formalistas sublinharam a importância das técnicas artísticas (como ritmo, métrica e escolha de palavras) na criação de novidade e estranheza nas obras literárias. Assim, esse movimento inovador desempenhou um papel crucial na formação do entendimento contemporâneo da análise literária.

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