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ALUNOS: Idina L. Wickert, Luiza S. Galvagni, Maria Eduarda B. Perin e Paola G. Manfrin. Você é o anestesista da clínica NO PAIN e hoje irá anestesiar a Moly, cão, 6,5 kg, para um procedimento ortopédico em região de rádio e ulna. Elabore o protocolo anestésico completo (MPA, indução, manutenção, analgesia) para o conforto e estabilidade da Moly e explique brevemente sobre a escolha do protocolo. LEMBRE-SE DE QUE NÃO EXISTE PROTOCOLO ÚNICO, NÃO HÁ RECEITA DE BOLO. Procedimento Ortopédico - dor intensa Exames: hemograma completo, leucograma, bioquímicos (creatinina, albumina, ALT, ureia, FA e proteínas totais), urinálise, raio X e eletrocardiograma. Manejo: jejum, verificar hidratação, avaliação do paciente no período pré-operatório, determinação da ASA, histórico médico, escolha dos fármacos específicos, anestesia, técnica e monitoramento cirúrgico, recuperação pós-operatória e cuidados domiciliares no pós-operatório. Cuidados especiais: estabilização do membro, anamnese, exame físico e o exame ortopédico, onde classifica o membro quanto à escala funcional e avaliar a classificação da dor. Monitorações específicas: se o animal teve êmese com algum fármaco, monitoração cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal, pressão arterial, saturação do oxigênio, profundidade da anestesia, reflexos durante a cirurgia, controle da dor, monitoramento comportamental pós-cirúrgico. Pós-operatório: após o procedimento cirúrgico realiza-se a prescrição médica, onde também é necessário avaliar o paciente quanto à presença de dor, temperatura corporal e hidratação. Sugerir as recomendações pós-cirúrgicas e agendar o retorno para acompanhamento da evolução do quadro após a cirurgia (90 dias), é recomendado realizar um novo raio-x para avaliar como evoluiu a recuperação do animal. Protocolo Anestésico MPA: ● Metadona: 0,2 mg/kg IM (Opióide agonista pré-anestésico e analgésico de ação central). A metadona também desempenha um papel importante nas vias descendentes da dor, inibindo a receptação de norepinefrina e serotonina. Apresenta efeito analgésico farmacologicamente semelhante à morfina e duração de efeito consideravelmente maior, apresentando meia vida plasmática de 15 a 20 h. Por outro lado, este medicamento possui menor efeito sedativo que a morfina. A metadona vem sendo amplamente utilizada em cães como medicação pré anestésica, especialmente quando se utiliza barbitúrico. (Spinosa et al., 2011) ● Dexmedetomidina: 2,5 ug/kg IV (agonista alfa 2- adrenérgico, analgésico e sedativo). De maneira geral, a medetomidina e a dexmedetomidina apresentam vantagens, pois, por serem mais específicas e potentes, reduzem em até cinco vezes as doses do anestésico dissociativo, produzem indução mais rápida e apresentam maior potencial de reversibilidade, levando a recuperação mais rápida e tranquila. (Spinosa et al., 2011) Indução: ● Propofol: 3-10 mg/kg IV (anestésico geral de curta ação que potencializa a ação do GABA, é necessário fazer a indução devagar, visto que é dose-dependente). O uso do propofol conquistou popularidade, principalmente na indução e manutenção da anestesia, por meio de infusão contínua. Apresenta elevado grau de ligação às proteínas plasmáticas: 97 a 98%. A depuração e a distribuição do propofol são rápidas. Estas características farmacocinéticas facilitam seu uso na indução e manutenção da anestesia e, em consequência, a recuperação da anestesia é rápida. (Spinosa et al., 2011) ● Diazepam: 0,1 - 0,5 mg/kg IV (benzodiazepínico pré-anestésico, relaxante muscular, anticonvulsivante). As mioclonias podem permanecer durante todo o ato cirúrgico, sendo necessária a administração de relaxante muscular, como o diazepam, para atenuá- las. Manutenção: ● Propofol: 0,2 - 1,0 mg/kg/min IV em infusão contínua (sedativo e anestésico geral de curta ação que potencializa a ação do GABA). ● Fentanil: 5 ug/kg IV se precisar de resgate analgésico (opióide agonista de curta duração, ação e latência). A principal vantagem deste opióide é que, quando administrado por via intravenosa, apresenta efeito quase imediato. Em Medicina Veterinária, este opióide é utilizado principalmente na neuroleptoanalgesia (ver adiante). A fentanila é utilizada através de bolus intravenosa, ou por meio de infusão constante em animais para alívio da dor ou principalmente como adjunto na anestesia. (Spinosa et al., 2011) Bloqueio do Plexo braquial: ● Lidocaína: 4 mg/kg IM o bloqueio tem duração de 90 minutos (estabilizante de membranas, anestésico local e antiarrítmico). Os anestésicos locais são agentes que bloqueiam reversivelmente a condução nervosa, quando aplicados localmente no tecido nervoso em concentração apropriada. É importante lembrar que a grande vantagem dos anestésicos locais é seu efeito reversível; após seu emprego há recuperação completa da função nervosa sem que se evidencie dano estrutural nas células ou fibras nervosas. (Spinosa et al., 2011) O bloqueio do plexo braquial promove anestesia a partir da região distal do úmero, onde são insensibilizados os ramos ventrais dos três últimos nervos cervicais e os dois primeiros nervos torácicos. Medicação de emergência: ● Epinefrina: 0,01 mg/kg IV podendo ser repetidos a cada 3-5 minutos se necessário (agonista alfa e beta-adrenérgica, vasoconstritora, broncodilatadora, hemostática para ressuscitação cardíaca). Reversor: ● Flumazenil: 0,01 mg/kg IV usar com base no estado do paciente e nos efeitos dos anestésicos (imidazo benzodiazepínico antagonista dos efeitos benzodiazepínicos). Embora os benzodiazepínicos tenham alta margem de segurança, em algumas situações os animais podem ficar expostos a doses elevadas; nestes casos, recomenda se a utilização de flumazenil, um antagonista de receptores dos benzodiazepínicos. (Spinosa et al., 2011) ● Naloxona: 0,02 -0,04 mg/kg IV, IM ou SC (Antagonista de opióides com atividade analgésica para o tratamento de intoxicações e choque) REFERÊNCIAS: SPINOSA, Helenice de Souza e GÓRNIAK, Silvana Lima e BERNARDI, Maria Martha. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2011. VIANA, Fernando Antonio Bretas. Guia Terapêutico Veterinário. 4ª ed. Gráfica e Editora CEM, Lagoa Santa - MG, 2019.
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