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Farmacologia Geral I - 4° Semestre FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS GERAIS E LOCAIS → Contextualizando Anestésicos: Caso Clínico 1: Mulher, 38 anos, natural e procedente de São Paulo, antecedente familiar de mãe, uma tia, um tio e avó materna com histórico de câncer de mama e uma outra tia materna com câncer de ovário. Estava em acompanhamento de uma adenocarcinoma ductal invasivo de mama direita, diagnosticado em produto de mastectomia com linfadenectomia axilar, cirurgia na qual se fez uso de rocurônio (1,2 mg/kg), propofol (150 mg) e fentanil (250 µg). O exame histológico da peça revelou estadiamento anátomo-patológico: pT3pN2. Posteriormente foi indicado uso de tratamento hormonal com modulador de receptor de estrógeno. 1. Qual o objetivo terapêutico do uso dos anestésicos? Qual o exemplo de anestésico no caso? R: O objetivo da anestesia é induzir inconsciência por meio da administração de fármacos e é, portanto, fundamental prover ao paciente analgesia, ansiólise, amnésia e supressão das respostas hormonais, cardiocirculatórias e motoras frente ao estresse cirúrgico. O exemplo de anestésico no caso é o propofol (anestésico geral intravenoso). 2. Porque usou 3 fármacos para a anestesia? R: Porque permite que utilize doses menores de cada um desses fármacos, porque todos eles podem afetar o sistema cardiorrespiratório; trabalhando esses fármacos dentro da faixa terapêutica, evitando efeitos tóxicos; cada fármaco auxilia no outro. → Divisão do Sistema Nervoso: → Fibras nervosas aferentes: Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Anestésicos locais: bloqueio mais rápidos em fibras com pequeno diâmetro. - Impulsos nociceptivos: fibras A delta e C. - fibras A delta: dor (agulhada). - fibras C (não mielinizadas): pequenas; sensível a calor e dor; transmissão lenta, pois menor diâmetro e sem mielina o impulso é transmitido mais devagar. → Transmissão Sináptica: • Vias Excitatórias: ■ Glutamato, canais de Na+, ACh, 5-HT (serotonina) em receptores 5-HT3 ↑ da transmissão de impulsos nervosos; ↑ do sistema de alerta (vigília); ↑ da transmissão dolorosa; ↑ da excitabilidade neuronal ■ 3 receptores de glutamato: 1. AMPA 2. NMDA (N METIL D-ASPARTATO) 3. CANAL IÔNICO → Os anestésicos gerais podem bloquear o canal NMDA (canal iônico ativado por ligante) ou bloquear os canais de sódio dependentes ao longo do axônio. - Os anestésicos gerais são antagonistas a vias excitatórias. • Vias Inibitórias: ■ GABA, Canais de K+, opióides endógenos, glicina, 5-HT, NA (em receptores α2) ↓ da transmissão de impulsos nervosos; ↓ do sistema de alerta (vigília); ↓ da transmissão dolorosa; ↓ da excitabilidade neuronal ■ Receptores: receptor gaba B e receptor gaba A. OBS: os fármacos atuam muito mais no receptor GABA A, os quais são canais iônicos. O canal se abre e é permeável a cloreto, desencadeando uma hiperpolarização e diminuindo a transmissão de impulso nervoso. - Os anestésicos gerais são agonistas das vias inibitórias. • Transmissão Sináptica: ■ Canais de Na+ voltagem dependentes (ex.: Nav1.7 e Nav1.8). ANESTÉSICOS Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ANESTÉSICOS GERAIS → Histórico: ➔ Inalatórios (óxido nitroso – gás hilariante): 1800: Humphrey Davy testou nele próprio ➔ 1846: Willian Morton: Éter para extração dentária ➔ 1853 – Rainha Vitoria: Clorofórmio para indução do parto; ➔ 1929 - Ciclopropano ➔ 1956 - Halotano → O que é anestesia geral? • É a depressão reversível do SNC com perda da percepção e de resposta a estímulos • A anestesia geral deve oferecer: - Sedação e diminuição da ansiedade. - Perda da consciência e amnésia. - Relaxamento da musculatura esquelética. - Supressão dos reflexos indesejados. - Analgesia. • Os anestésicos podem ser INALATÓRIOS ou ENDOVENOSOS. • Usos dos anestésicos gerais: cirurgias, exames imageológicos (Ex.: endoscopia). ➔ São administrados sistemicamente para ação no SNC. ➔ Baixo índice terapêutico (LD50/ED50 ☠), ou seja, a dose de eficácia é muito próxima a dose letal. → Tipos de Anestésicos Gerais: ■ Anestésicos Intravenosos Exemplos: ➔ Propofol ➔ Etomidato ➔ Midazolam (sedativo - Indutor de anestesia) ➔ Quetamina (Cetamina) ➔ Tiopental (↓ uso) ■ Anestésicos Inalatórios Exemplos: ➔ Óxido nitroso (EUA); ➔ Isoflurano, desflurano, sevoflurano, enflurano; ➔ Halotano (↑ uso animal); ➔ Éter (desuso); ➔ Clorórmio (desuso) → Várias classes são associadas para anestesia ideal. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Mas qual anestésico escolher? ▪ Levar em conta os sistemas orgânicos e uso concomitante de fármacos: ♥ Sistema Cardiovascular: a maioria dos anestésicos suprimem a função cardiovascular; hipotensão; redução da pressão de perfusão; isquemia. Então sempre deve associar as anestesias com as drogas vasoconstritoras. Pacientes com ICC, disritmias, doença valvar, doença arterial coronariana: utilizar o melhor anestésico, porque a função cardíaca desse paciente vai ser bem comprometida. ♥ Sistema Respiratório: deprimem respiração; inalatórios promovem broncodilatação. ♥ Fígado e rins: influenciam a distribuição de longo prazo e a depuração. Flúor, bromo e outros metabólitos dos hidrocarbonetos halogenados podem afetá-los causando toxicidade. ♥ SNC: distúrbios neurológicos (epilepsia, miastenia grave) influenciam escolha do fármaco. ♥ Gestação: Efeitos na organogênese fetal: Óxido nitroso – anemia aplástica fetal; Benzodiazepínicos – palato aberto. → Anestésico Ideal: • Ação previsível. • Indução e recuperação rápida: começar rápido e que o paciente volte rápido. • Poucos efeitos adversos. • Estabilidade química → Ex: anestésicos que geram metabólitos tóxicos, nefropata não consegue eliminar isso. • Monitoramento da concentração plasmática: perfusão contínua. • Fácil administração. • Possibilidade no controle do nível de profundidade anestésica: consegue controlar a profundidade. • Possibilidade de utilização como agente único: se tem um fármaco que pode ser usado sozinho e que não seja tóxico queremos isso → Ex: propofol. • Pequeno custo operacional em baixo fluxo • Rápida recuperação pós anestesia, principalmente nos anestésicos de baixa solubilidade. → Etapas da Anestesia: • A anestesia geral consiste em 4 estágios: 1. Indução: anestésicos intravenosos; ação rápida. Ex: Propofol intravenoso (inconsciência em 30/40s); Sevoflurano (crianças e sem acesso IV) 2. Profundidade: 4 estágios causados por depressão crescente do SNC. 3. Manutenção: anestésicos inalatório + opióide ou outros intravenosos; Monitorar sinais vitais e resposta a estímulo. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre 4. Recuperação: retirada dos anestésicos; respiração espontânea, P.A. e F.C. aceitáveis, reflexos intactos e sem depressão respiratória; monitoramento de sinais tardios. ESTÁGIO 2 - PROFUNDIDADE I. Interferência na transmissão sensorial no trato espinotalâmico. Amnésia e a redução da percepção da dor ocorrem à medida que se aproxima o estágio II. Ex: endoscopia. II. Delírio e comportamento combativo. Aumento e irregularidade na P.A. e na respiração, risco de laringoespasmo. Para diminuir ou eliminar este estágio, são administrados fármacos de ação rápida intravenosa. III. Perda gradual do tônus muscular e dos reflexos, respiração regular e relaxamento dos músculos esqueléticos com eventual perda dos movimentos espontâneos; estágio de maior profundidade. Ex: cirurgia complexa. IV. Ocorre grave depressão da respiração e dos centros vasomotores. OBS: linha tênue entre estágio III e estágio IV. Funções cerebrais afetadas: controle motor, atividade reflexa, respiração e regulação autonômica. → Mecanismo de Ação dos Anestésicos Gerais: • Via de regra: Anestésicos gerais: (-) inibição das vias excitatórias. (+) excitação das vias inibitórias. ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS OU ENDOVENOSOS • Rápida indução – “circulação braço-cérebro”. • Parte ligado às proteínas plasmáticas, parte livre. Moléculas livres, não ionizadas e lipossolúveis Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4°Semestre atravessam a barreira hematoencefálica mais rapidamente. • Usado como agente único ou em combinação com anestésicos inalatórios para: - Suplementar anestesia geral - Manter anestesia geral - Promover sedação - Controlar a pressão sanguínea - Proteger o cérebro • Recuperação - o fármaco se difunde para tecidos com menor suprimento sanguíneo; [ ] no plasma cai; deixa o SNC (gradiente de [ ] invertido). • Redução do DC (hipotensão, choque, velhice) - prolonga circulação cerebral. → Exemplos de Anestésicos Intravenosos PROPOFOL ❖Mecanismo de ação: bloqueia os canais de Na+; receptor GABA A. ❖ Características: • Substituiu amplamente o tiopental (barbitúricos). • Hipnótico-sedativo usado na indução (início de ação rápido - 30s) ou manutenção da anestesia. • Administração in bolus (uma única vez) ou contínua sem uso de inalatórios (perfunde continuamente). • Pouca ação analgésica (associar à opióides). • Potencialização das sinapses inibitórias (GABAa). • Rapidamente metabolizado em compostos inativos. • Rápida recuperação e baixa ressaca (procedimentos rápidos). ❖ Efeitos colaterais: • Podem ocorrer fenômenos excitatórios, como fasciculações musculares, movimentos espontâneos, bocejos e soluços. • Reduz P.A (hipotensão) e frequência cardíaca (bradicardia) → vasodilatação e inibição de barorreceptores. • Potente depressor respiratório. • Dor na injeção. • Pouca êmese ou náusea. ❖ Síndrome da infusão por propofol (1/300 - 1 a cada 300 pacientes; principalmente crianças): acidose metabólica, necrose muscular esquelética, hepatomegalia, falência renal, colapso cardiovascular. OBS: o propofol não é recomendado na pediatria. FOSPROPOFOL - Pró-fármaco hidrossolúvel. ETOMIDATO ❖Mecanismo de ação: ação em canais de Na+, receptor GABA A. ❖ Características: • Preferência sobre o tiopental. • Hipnótico sem ação analgésica, usado na indução. • Ampla margem anestésica e dose para produzir depressão cardiovascular. • Útil para pacientes com doença coronariana, disfunção cardíaca, sob risco de hipotensão = poucos efeitos hemodinâmicos. • Promove menor hipotensão que o propofol e tiopental. • Menor depressão respiratória. • Mais rapidamente metabolizado que o tiopental, causando menos ressaca. • Potencializa as sinapses inibitórias (GABA). ❖ Efeitos colaterais: • Promove movimentos de contração involuntária durante a indução da anestesia. • Náuseas. • Êmese. • Dor no local da injeção. • Depressão cardiorespiratória. DEXMEDETOMIDINA - Usado em UTI e cirurgias. - Efeito sedativo, analgésico, simpatolítico e ansiolítico (potente agonista a-2) - Reduz a necessidade de anestésico volátil, sedativos e analgésicos. - Sedação sem depressão respiratória. CETAMINA Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖Mecanismo de ação: bloqueia os receptores NMDA, ou seja, bloqueia a abertura do canal no sítio lateral; não atua no mesmo local de ação do glutamato; não entra sódio e nem cálcio; não ocorre a despolarização. ❖ Características: • Alternativa na ausência de outros anestésicos (pequenos procedimentos). • Potente analgésico; de rápida e curta ação. • Anestesia dissociativa. • Menor efeito depressor respiratório, potente broncodilatador. • Não afeta a respiração e pode ser aplicado IM: situações de emergência. ❖ Efeitos colaterais: • Efeitos dissociativos (sedação, amnésia e imobilidade). • Alucinações e delírios (droga de abuso). • Movimentos involuntários. • Causa estimulação cardíaca: taquicardia, ↑ da PA e pressão intracraniana → útil para pacientes sob risco de hipotensão, choque. MIDAZOLAN ❖Mecanismo de ação: atuam em receptores GABA A. ❖ Características: • Sedativo pré operatório ou exames imageológicos (ex.: Endoscopia). • Início e término de ação lentos. • Amnésia anterógrada. • ↑ Ressaca: (↑substituição por Propofol). • Formam depósitos na gordura - liberados lentamente, por isso da ressaca. • Menor índices de depressão cardiorespiratória - VANTAGEM. OBS: não induz inconsciência, apenas diminui a consciência. ❖ Superdosagem: • Antagonista dos benzodiazepínicos : Flumazenil. ANESTÉSICOS GERAIS INALATÓRIOS → Tipos de Anestésicos Inalatórios ■ Agentes voláteis (halogenados) Exemplos: ➔ Halotano ➔ Isoflurano ➔ Desflurano ➔ Enflurano ➔ Sevoflurano ■ Gás Exemplo: ➔ Óxido Nitroso → Vantagens dos Anestésicos Inalatórios • Ação previsível. • Indução e recuperação rápida. • Poucos efeitos adversos. • Não inflamável com estabilidade química. • Monitoramento da concentração plasmática. • Fácil administração. • Possibilidade no controle do nível de profundidade anestésica. • Possibilidade de utilização como agente único. • Pequeno custo operacional em baixo fluxo. • Rápida recuperação pós anestésica, principalmente nos anestésicos de baixa solubilidade. → Coeficiente de Partição ■ A ação dos anestésicos inalatórios depende do coeficiente de partição sangue/gás; quanto + solúvel o anestésico é no sangue = + lenta é a sua indução e a sua recuperação!!! ❖ Coeficiente de Partição sangue/gás: Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Mede a solubilidade do anestésico no sangue. • Anestésico cai no pulmão (extremamente vascularizado) chega na circulação (sangue) para então ir ao SNC (cérebro) de forma muito rápida, não dando “sopa” no sangue para não causar efeito sistêmico. • Quanto maior o CP sangue/gás, mais tempo o anestésico fica no sangue → indução e recuperação lenta, porque vai para todo lugar menos para o cérebro. • Quanto menor o CP sangue/gás, menos tempo o anestésico fica no sangue → indução e recuperação rápida. ❖ Coeficiente de Partição Óleo/Gás: • Mede a solubilidade do anestésico na gordura. • Os anestésicos são muito lipofílicos, mas se forem muito, podem ir para o tecido adiposo, e se acumular na gordura. Quanto mais tempo na gordura, mais vai demorar para ele sair de lá e assim demora pra ir pro sangue e então pro cérebro. • Quanto maior o CP óleo/gás, mais tempo fica na gordura → indução e recuperação lenta. • Quanto menor o CP óleo/gás, menos tempo fica na gordura → indução e recuperação rápida. GRÁFICOS: ➔Qual é o melhor anestésico para uma cirurgia rápida - indução e retorno/ recuperação rápido? R: Óxido nitroso e o desflurano (CP muito baixo, ou seja, eles ficam muito pouco tempo no sangue, logo vão rápido para o SNC). ➔Qual é o melhor anestésico com início e retorno mais lento na cirurgia? R: Halotano (muito lipossolúvel - se dissolve muito em óleo, ou seja, em gordura). ■ A potência dos anestésicos inalatórios, dependem da concentração alveolar mínima (CAM). Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ Concentração Alveolar Mínima (CAM): • Quantidade necessária para abolir a incisão cirúrgica (induzir anestesia) em 50 % dos indivíduos. • Quanto menor o CAM (concentração do anestésico) mais potente o anestésico. Ex: éter, clorofórmio. • Quanto maior o CAM, menos potente é o anestésico. Ex: óxido nitroso. • Interferem com potência : ↑ CAM: hipertermia, + catecolaminas no SNC, abuso de álcool. ↓ CAM: idade, hipotermia, gestação, sepse, intoxicação, agonistas a2. OBS: - Anestésicos potentes têm CAM baixa! No entanto a indução e recuperação é lenta com eles!!! - Quanto maior a ventilação alveolar maior é o efeito e a duração dos anestésicos gerais. → Exemplos de Anestésicos Inalatórios AGENTES VOLÁTEIS (halogenados) • Halotano: potente anestésico, fraco analgésico; oxidação em hidrocarbonetos hepatotóxicos; broncodilatação (pouco usado). • Isoflurano: odor pungente e estimula reflexo respiratório = não é usado em indução inalatória. • Desflurano: baixa solubilidade sangue; estimula reflexo respiratório = não é usado em indução inalatória. • Sevoflurano: baixa solubilidade sangue; pouco pungente; usado em indução inalatória, nefrotóxico. OBS: clorofórmio, éter, enflurano foram substituídos por: isoflurano, sevoflurano e desflurano Ações dos Anestésicos Inalatórios Halogenados • Atividade hipnótica, analgésica, amnésica e relaxante muscular. • Cardiovascular: vasodilatação e bradicardia – risco de insuficiência.• Respiratório: depressão. • Útero: relaxante (retarda trabalho de parto e risco de hemorragia). • Hipertermia maligna. ISOFLURANO: ❖Mecanismo de ação: ação em canais de sódio (bloqueio dos canais de sódio) → de forma que não tenha despolarização e não propague o potencial de ação; age nos receptores GABA uma vez que se ligam ao seu sítio alostérico, aumentando a abertura do canal de cloro → aumento dos receptores gaba (cloreto - hiperpolarização) e age no aumento dos canais de potássio → efluxo de potássio (potencial interno mais negativo, menor a chance de ter um impulso nervoso/ diminui a probabilidade de propagação de potencial de ação, maior hiperpolarização da célula). ❖ Características: • Indução em menos de 10 min (3% em O2) → maior que o tempo dos anestésicos endovenosos. • Manutenção (1,5-2,5%). • Farmacocinética: metabolizados e são eliminados pelos pulmões: partículas lipossolúveis. • Coeficiente de partição: - Sangue:gás (1,4); sangue:cérebro (2,6); gordura:sangue (45). - CP médio → indução e recuperação mais rápida do que o halotano e éter. • Metabolismo - Mais de 99% eliminado pelo pulmão. - 0,020% metabolizado citocromo P450 - Não forma metabólitos que possam ser tóxicos. ❖ Efeitos colaterais: • Sistema cardiovascular (depressores do sistema cardiovascular - todos anestésicos): - ↓Pressão arterial. - Vasodilatação periférica. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre - Taquicardia e hipertensão transitória. • Sistema Respiratório - ↓ Ventilação (superficial). - ↑ PCO2 (cuidado com a PO2) • Sistema Nervoso Central ↑ Pressão intracraniana IMPORTANTE: na indução da anestesia geral onde ocorre inconsciência é preciso controlar: batimentos cardíacos e ventilação: PA, DC, PCO2. GÁS ÓXIDO NITROSO ❖Mecanismo de ação: age no bloqueio de receptores de NMDA, impedindo a entrada de sódio e cálcio e inibindo a exocitose de neurotransmissores. ❖ Características: • Uso em procedimentos odontológicos, partos e como adjuvante de outros anestésicos. • Indução rápida e retorno muito rápido: ↓ coeficiente de partição sangue/gás; pouco solúvel no sangue = rápida indução. • Em baixas doses não promove inconsciente e não promove anestesia cirúrgica (nao entra na etapa 3), porque tem baixa potência. • Anestésico geral fraco e um potente analgésico (paciente fica responsivo, porém diminui a dor). • Deve ser administrado com O2. ❖ Efeitos colaterais: • Confusão mental. • Hipóxia transitória; retarda absorção de O2 na recuperação – hipóxia de difusão. • Aplasia medular (diminui a produção e liberação de eritrócitos e leucócitos → causando anemia e leucopenia) → isso tudo se fizer o uso prolongado do óxido nitroso. → Adjuvantes da Anestesia: BARBITÚRICOS • Tiopental e metoexital - Hipnótico-sedativo potente, fraco analgésico de rápido indução (~ 1min) e ação ultracurta. - Substituídos pelo propofol como indutor. - Aumentam neurotransmissão inibitória e reduzem a excitatória. - Vasoconstritores cerebrais – reduzem fluxo e volume sanguíneo e PIC (pressão intracraniana). - Reduzem P.A. (dose dependente) – vasodilatação periférica transitória. - Depressores respiratório – apneia, tosse, broncoespasmo. BENZODIAZEPÍNICOS • Midazolam, lorazepam, diazepam. - Usados no pré-operatório como sedativo, ansiolítico e amnésico. - Rápido início de ação. - Pouca ação cardiovascular e potentes depressores respiratórios. - Benzodiazepínico + propofol + opióides = melhor sedação e analgesia. - Ações interrompidas pelo antagonista flumazenil. OPIÓIDES • Fentanil - Analgésico - Combinados com outros anestésicos e hipnóticos. - Podem causar hipotensão, depressão respiratória, rigidez muscular, reações alérgicas, náuseas, êmese pós-anestésicas. ANESTÉSICOS LOCAIS → Histórico ➔ 1° anestésico local: COCAÍNA (extraído da folha de coca): em termos de periferia é anestésico. - Utilizada por índios da América do Sul: efeitos entorpecentes. - Isolamento da molécula: 1860 por Albert Niemann. - Sigmund Freud: “Energizante psíquico; - Karl Köller, 1884: anestésico tópico ocular (córnea)) - Síntese de novas moléculas: ● procaína Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ● tetracaína ● lidocaína ● mepivacaína ● bupivacaína Resumindo: Albert Niemann (extraiu a estrutura da cocaína a partir da folha de coca); Karl Koller (diluiu a cocaína) conhecia o Freud, o qual começou a usar a cocaína como energizante psíquico e ficou viciado, e além disso acabou viciando os pacientes também durante as sessões de psicanálise. → O que é anestesia local? • Promove a supressão temporária de toda sensibilidade de uma área específica. • Não promovem perda de consciência. • Impedem, de modo reversível, a gênese e a condução de impulsos nas fibras nervosas sensitivas. → Classificação ■ ÉSTERES • Ésteres são mais suscetíveis à hidrólise → Menor duração da ação. • Exemplos: PROCAÍNA • Região aromática (anel lipofílico - lipossolubilidade). • Cadeia lateral de amina. • Cadeia intermediária de ligação ÉSTER. • Éster: metabolizado no plasma por esterases → tempo de meia vida menor. ■ AMIDAS ❖ Derivados Xilênicos - Lidocaína (Xylocaina®, xylestesin®) - Mepivacaína (mepivalem, mepiadre®) - Bupivacaína (neocaína®) - Ropivacaína (Naropin®) ❖ Derivados Toluênicos - Prilocaína (Citanest®, citocaína®) ❖ Derivados Tiofênicos - Articaína (articaine®) • Exemplo: LIDOCAÍNA Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Região aromática (anel lipofílico - lipossolubilidade). • Cadeia lateral de amina. • Cadeia intermediária de ligação AMIDA. • Amida: metabolizada pela enzima do citocromo P450, no fígado → tempo de meia vida maior. → Metabolização e Excreção → Características • Anestésicos locais (AL) são bases fracas: pka em torno de 8-9. OBS: pH ácido → forma ionizada → hidrossolúvel → não tem efeito!!! Para atravessar a membrana queremos a forma não ionizada. • Em pH fisiológico: Principalmente mas não completamente na forma ionizada. • No tecido inflamado: pH ligeiramente mais baixo, predomina ainda mais a forma ionizada (O sítio de ligação no receptor é interno) → Mecanismo de Ação • Bloqueia a abertura dos canais de sódio → não ocorre a despolarização ou sua propagação. • Impedem geração e condução dos impulsos nervosos da periferia para ao SNC. • O canal de sódio dependente pode estar fechado, aberto ou inativado; dois mecanismos de ação: ou entra no canal inativado bloqueando ele ou atravessa a membrana do neurônio e o bloqueio é por dentro do canal aberto. • Inibição da função de canais de Na+: maior afinidade para canais abertos ou inativados. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • As fibras menores são bloqueadas primeiro: - Supressão da sensação dolorosa. - Perda da sensibilidade a temperatura, sensação tátil; - Bloqueio motor (propriocepção - mm. esquelética). → Fatores que Interferem no Efeito dos Anestésicos Locais • pKa do fármaco (maioria base fraca) e pH do tecido. • Lipossolubilidade do fármaco. • Tempo de difusão da ponta da agulha – nervo (início de ação). • Tempo de difusão para fora da fibra (duração). ✓ Uso de vasoconstritores (epinefrina). • Característica da fibra: mielinizadas são bloqueadas mais rapidamente. → Aspectos Farmacocinéticos ❖ Local da Injeção / Via • Aplicação tópica ou infecção (possibilidade de injeção intravenosa) • Lidocaína: antiarrítmico, dor neuropática. ❖ Ligação dos Fármacos aos Tecidos • Os anestésicos podem ser sequestrados por tecido adiposo e isso pode aumentar os efeitos colaterais. ❖ Propriedades Físico-Químicas • Lipossolubilidade, tamanho da molécula, amida ou éster. OBS: TODOS OS ANESTÉSICOS SÃO LIPOFÍLICO!!!! ❖ Dose Administrada • Quanto maior a dose do anestésico, maior a possibilidade dele alcançar a circulação. Porém, NÃO é isso que você quer, porque se ele alcançasse a circulação, já começa a ser metabolizado e poderia ir para outros locais, como SNC. Então a maioria das vezes que se usa anestesia local temos a combinação com uso de substâncias vasoconstritoras (adrenalina), causandouma vasoconstrição no tecido, diminuindo a chegada do anestésico no sangue e aumentando a sua meia vida. • Ex: lidocaína + adrenalina: dobra a meia vida dela, demora mais pra chegar no sangue e ser metabolizada. ❖ Anestésico Ideal Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Início de ação rápida e duração suficiente para o procedimento. • Ex: tetracaína e bupivacaína: início de ação rápida e tempo de anestesia/ meia vida é longo. → Usos Terapêuticos/ Formas de Administração ❖ Anestesia Superficial (tópica) • Olho, nariz, boca, árvore brônquica, esôfago, geniturinário (procedimentos diagnósticos em pacientes acordados). • Anestésicos locais: lidocaína, tetracaína, benzocaína. ❖ Anestesia Infiltrativa (maioria): • Injeção direta no tecido para alcançar ramos terminais nervosos. • Muito utilizada com um vasoconstritor. • Não pode usar anestésico com substância vasoconstritora (adrenalina) em dedos da mão ou do pé, pois pode causar lesão isquêmica. • Ex: Retirada de verrugas, cistos, procedimentos odontológicos. • Anestésicos locais: lidocaína, bupivacaína. ❖ Anestesia Regional Intravenosa • Manguito para restringir o fluxo sanguíneo para a periferia. • Anestésicos locais: lidocaína e prilocaína. ❖ Anestesia por Bloqueio Nervoso • Injeção do anestésico próximo aos troncos (plexos nervosos). • Alcança nervos motores somáticos (relaxamento). • Usado em cirurgias e odontologia. • Anestésicos locais: lidocaína, mepivacaína (60-120 min); bupivacaína, ropivacaína e tetracaína (400-450 min). Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ Anestesia Epidural (intratecal): • O anestésico é injetado no espaço peridural (epidural). • Infusão lenta que exige maior quantidade de anestésico. • Anestésicos locais: lidocaína, tetracaína, bupivacaína e ropivacaína. ❖ Anestesia Espinhal (raquianestesia) • A agulha ultrapassa a dura máter, mas não atinge a medula (espaço subaracnóide) • Produz anestesia em uma região grande. • Cirurgias em membros inferiores, abdome inferior (apendicite, útero, ovário, próstata, bexiga), cesarianas. • Anestésicos locais: lidocaína e bupivacaína (glicose para restrição da via). → Efeitos Colaterais ♥ Sistema Nervoso Central: - Confusão, agitação, tremores. - Convulsão e depressão respiratória (altas doses). ♥ Sistema Cardiovascular: - Depressão miocárdica (ação sobre o músculo). - Vasodilatação (lipotímia – desmaio por hipotensão). - Efeito antiarrítmico (clinicamente útil): lidocaína - Metemoglobinemia (forma oxidada da hemoglobina que não se liga ao oxigênio): prilocaína. OBS: os efeitos colaterais no sistema nervoso central e no sistema cardiovascular podem ocorrer por consequência de uma injeção intravascular acidental ou dose excessiva. ♥ Reações Alérgicas: - Dermatite, broncoconstrição, angioedema, urticária, anafilaxia (mais comuns com ésteres). Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ♥ Náuseas e Vômitos FORMS 1. Menino, 8 anos de idade, é levado pela mãe ao dentista com queixa de dor de dente há 1 semana. Após avaliação do profissional, foi detectado a presença de cárie dental e dano inicial na raiz do dente. Para realizar os procedimentos necessários, o dentista aplicou uma máscara de óxido nitroso e oxigênio. A analgesia produzida pelo seu uso se situa no estágio 1 da anestesia e no primeiro plano da analgesia, sem comprometer os reflexos vitais do paciente, permitindo inclusive a comunicação e a sua colaboração, quando solicitada. Baseados no caso clínico e na figura abaixo, assinale a alternativa correta em relação ao óxido nitroso. a) O óxido nitroso possui um baixo coeficiente de partição sangue/gás, o que justifica sua baixa solubilidade no sangue e consequente rapidez no retorno e na recuperação do paciente durante a anestesia. b) O óxido nitroso possui um alto coeficiente de partição sangue/gás, o que justifica sua alta solubilidade no sangue e consequente rapidez no retorno e na recuperação do paciente durante a anestesia. c) O óxido nitroso possui um baixo coeficiente de partição sangue/gás e alta concentração alveolar (CAM), o que justifica sua lentidão e demora no retorno, e na recuperação do paciente durante a anestesia. d) O óxido nitroso possui um alto coeficiente de partição sangue/gás e baixa concentração alveolar (CAM), o que justifica sua rapidez no retorno, e na recuperação do paciente durante a anestesia. 2. A ação anestésica do propofol está relacionada à distintos mecanismos de ação em conjunto, dentre eles podemos citar: a) Potencialização das sinapses inibitórias (ex.: GABAérgicas) e Inibição das sinapses excitatórias (ex.: glutamatérgicas). b) Inibição das sinapses inibitórias (ex.: GABAérgicas) e Potencialização das sinapses excitatórias (ex.: glutamatérgicas). c) Bloqueio de canais de Ca voltagem dependentes e Ativação de canais de sódio voltagem dependentes. d) Bloqueio dos canais de sódio e Potencialização das sinapses excitatórias (glutamatérgicas). 3. O potencial anestésico da bupivacaína ocorre através do: a) Bloqueia canais de sódio voltagem dependente, impedindo a propagação da despolarização celular. b) Bloqueia canais de cálcio voltagem dependente, impedindo a propagação da despolarização celular. c) Bloqueia canais de potássio voltagem dependente, potencializando a hiperpolarização celular. d) Bloqueia canais de cloro voltagem dependente, potencializando a hiperpolarização celular. 4. O isoflurano é um anestésico inalatório com baixo coeficiente de partição sangue/gás e baixo coeficiente de partição óleo/gás. Sendo assim, podemos afirmar que ocorrerá: a) Indução rápida e retorno rápido. b) Indução lenta e retorno lento. c) Indução rápida e retorno lento. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre d) Indução lenta e retorno rápido. 5. Paciente procura dentista com queixa de dor constante no terceiro molar superior direito. Após avaliação do profissional, foi indicada a cirurgia de extração do dente. Ao iniciar o procedimento, o dentista considerou a Lidocaína subcutânea por injeção do fármaco próximo aos plexos nervosos, como anestésico de escolha para realização da cirurgia. Adicionalmente, aplicou doses de epinefrina (s.c). Baseado no caso clínico e no gráfico abaixo, justifique a terapia abordada: a) A utilização de vasoconstritores como a epinefrina pode aumentar o T1/2 vida dos anestésicos locais por diminuição a perfusão sanguínea local e consequente redução dos efeitos colaterais sistêmicos. b) A utilização de vasoconstritores como a epinefrina pode diminuir o T1/2 vida dos anestésicos locais pelo aumento da perfusão sanguínea local e redução os efeitos colaterais sistêmicos. c) A utilização de vasoconstritores como a epinefrina pode aumentar o T1/2 vida dos anestésicos locais por inibição das enzimas responsáveis pela metabolização destes fármacos. d) A utilização de vasoconstritores como a epinefrina pode aumentar o T1/2 vida dos anestésicos locais por estes competirem pelo mesmo sítio de ligação em proteínas plasmáticas, resultando no aumento da fração livre dos anestésicos. 6. Paciente grávida de 33 anos, com histórico de duas gestações prévias, foi internada na Maternidade do Hospital Universitário de Uberaba em trabalho de parto, com 38 semanas de idade gestacional. A gravidez transcorreu sem intercorrências, tendo acompanhamento pré-natal adequado. A ultrassonografia minutos antes do parto evidenciou prolapso do cordão umbilical e assim a equipe médica optou pelo parto cesariana, com aplicação de raquianestesia utilizando o anestésico local Bupivacaína (tabela abaixo). O parto transcorreu normalmente, com recém-nascido vivo, masculino, apresentando 2.370 g. Baseado no caso, bem como na tabela abaixo, justifique a escolha pelo anestésico bupivacaína e não de outro como a procaína pela equipe médica: a) A Bupivacaína possui agrupamentos amidas na sua cadeia intermediária, sendo metabolizada por enzimas do CYP450 hepático, fato que resulta no T1/2 mais longo do fármaco, adequado para o tipo de cirurgia. b) A Procaína possui agrupamentosamidas na sua cadeia intermediária, sendo metabolizada por enzimas do CYP450 hepático, fato que resulta no T1/2 mais curto do fármaco, inadequado para o tipo de cirurgia. c) A Bupivacaína possui grupamentos ésteres na sua cadeia intermediária, sendo metabolizada por esterases plasmáticas, fato que resulta no T1/2 mais curto do fármaco, adequado para o tipo de cirurgia. d) A Procaína possui grupamentos ésteres na sua cadeia intermediária, sendo metabolizada por esterases plasmáticas, fato que resulta no T1/2 Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre mais longo do fármaco, inadequado para o tipo de cirurgia. 7. Homem, 62 anos, com diagnóstico de Diabetes mellitos tipo 2 (DM2) há 5 anos e hipertensão há cerca de 15 anos, obeso, apresentando índice de massa corpórea (IMC) acima de 30, foi submetido a uma cirurgia para a remoção de um carcinoma prostático. Para anestesia foi aplicado: Flunitrazepam, um benzodiazepínico utilizado como indutor de anestesia, infusão contínua de Propofol (i.v.) e Isoflurano inalatório. Durante a cirurgia, a dose dos anestésicos foi dobrada, a fim de manter o estado de anestesia. Após a cirurgia o paciente, demorou o dobro do tempo normal para voltar da anestesia. Analise o caso e assinale a alternativa correta: a) Anestésicos gerais são altamente lipossolúveis, fato que justifica a demora do paciente com elevado IMC, no retorno pós-anestesia e o acúmulo do fármaco no tecido adiposo. b) Anestésicos gerais, em doses terapêuticas não induzem efeitos colaterais sérios, no caso acima ocorreu uma superdosagem de algum anestésico. c) Anestésicos gerais são altamente hidrossolúveis, fato que justifica a demora do paciente no retorno pós-anestesia e o acúmulo do fármaco no tecido muscular. d) Anestésicos gerais nunca são aplicados em conjunto, pois esta estratégia aumenta o risco de efeitos colaterais severos como a depressão cardiorespiratória. 8. Homem, 58 anos, foi vítima de uma facada na região abdominal. Ele chega na emergência com hipotensão, bradicardia e é levado para a sala de cirurgia para uma laparotomia exploratória que determinará o local afetado para posterior intervenção. O paciente precisa ser anestesiado e entubado e para isso são escolhidos os fármacos succinilcolina (suxametônio) e cetamina (ketamina) para indução. Posteriormente, após o controle do sangramento e da pressão arterial, a anestesia foi mantida com sevoflurano. Após 4 horas de cirurgia o paciente encontra-se estável e é levado ao CTI para recuperação. Diante do caso clínico responda: a) Qual característica da cetamina justifica sua escolha como agente de indução da anestesia para este paciente? R: A cetamina é um potente analgésico, de rápida e curta ação, e possui menor efeito depressor respiratório. b) Qual o mecanismo de ação da cetamina para promover anestesia? R: A cetamina é um antagonista não competitivo de receptores NMDA (N-Metil-D-aspartato), ou seja, não competem pelo mesmo sítio de ação do glutamato. Esse fármaco age inibindo os receptores de NMDA e impedindo as ações do glutamato sobre o receptor glutamatérgico (NMDA). Sendo assim, esse medicamento é utilizado como anestésico e analgésico, sendo capaz de aliviar e reduzir a dor. c) Cite 2 vantagens do uso de anestésicos inalatórios, como o sevoflurano, para manutenção da anestesia. R: • Ação previsível • Indução e recuperação rápida d) Qual o mecanismo de ação do suxametônio que permite seu uso como adjuvante na cirurgia? R: O cloreto de suxametônio é um fármaco bloqueador despolarizante, que atua como agonista dos receptores nicotínicos nas placas terminais musculares. Esse fármaco ocupa e ativa os receptores por um tempo prolongado, e esses receptores ficam dessensibilizados (taquifilaxia). Os canais de Na+ se fecham, gera um período refratário no qual não é possível estimular a membrana celular (bloqueio por despolarização). Assim, por esse fármaco ser um relaxante muscular esquelético do tipo despolarizante de ação ultrarrápida para administração endovenosa, é indicado como adjuvante em cirurgia, para facilitar a intubação traqueal e proporcionar relaxamento do músculo esquelético durante a cirurgia ou ventilação mecânica. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre Questões Norteadoras Anestésicos Locais e Gerais 1. O que são vias excitatórias e inibitórias do SNC? 2. O que é anestesia local e geral? 3. Qual o mecanismo de ação dos diferentes tipos de anestésicos gerais (AG) e locais (AL)? 4. Como ocorre a absorção, distribuição, metabolização e excreção destes fármacos? 5. Quais os principais efeitos colaterais dos AG e AL? Bruna Embacher Sanz ❥
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