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ANESTESIA GERAL É a anestesia realizada com agentes anestésicos venosos Um agente de anestesia endovenosa é um fármaco injetado, por via endovenosa, usado para produzir sempre inconsciência (sono e amnésia); anestesia venosa total; e rápida recuperação (quando interrompido) Anestesia EV tem sido utilizada: • Na indução (início da anestesia) e suplementação (manutenção) de anestesia geral inalatória; • Na sedação e complementação de anestesia regional (bloqueio de plexos, raqui ou peridural); • Como anestesia única em pequenos procedimentos cirúrgicos ou procedimentos pouco dolorosos, como a cardioversão e a eletroconvulsoterapia; • Ou ainda infusão contínua para procedimentos cirúrgicos curtos ou prolongados Grupos farmacológicos • Não opióides: tem objetivo de induzir o sono, principalmente; • Barbitúricos: tiopental (muito utilizado em décadas passadas pois eram poucas as opções e o preço era mais acessível), metoexital, tiamilal; • Benzodiazepínicos: midazolam, diazepam, lorazepam (+ atuais); • Alquilfenol: propofol; • Imidazol: etomidato; • Fenciclidinas: cetamina; • Dexmedetomidina: precedex; • Opióides: fentanil, sufentanil, alfentanil, remifentanil; tem objetivo de retirar a dor, principalmente. Indução Comparação das características de indução dos anestésicos venosos (início da anestesia). Tiopental: quando injetado grandes volumes rapidamente, causa queda da pressão e é contraindicado para indução em pacientes idosos pelo risco de hipotensão acentuada e choque Etomidato: a escolha de um vaso de maior calibre, exclui a possibilidade de dor durante a administração. Recomendado para idosos tendo em vista a ausência de efeitos hemodinâmicos e a estabilidade cardiorrespiratória. Cetamina: inconveniente no despertar já que, na maioria dos casos, pode desencadear sonhos e pesadelos configurando uma situação desagradável para o paciente e para a equipe de anestesia e cirurgia. Indicado quando se deseja realizar uma intervenção curta em paciente com estômago cheio, pois preserva os reflexos que impedem a aspiração de conteúdo gástrico, até que se prossiga com IOT ou aspiração do conteúdo gástrico. Contraindicado em pacientes com HAS e taquicardia devido ao aumento da FC e PA causado. Propofol: Atualmente o mais conhecido e utilizado. Quando injetado rapidamente, pode levar a hipotensão. Diazepam: de forma dose dependente, pode entrar em depressão respiratória na indução. Efeitos hemodinâmicos são mínimos, pouco altera FC e PA. Midazolam: diferente do diazepam, tem efeito mais breve visto que seus metabólitos não causam efeito persistente. Se a dose for elevada, pode haver depressão respiratória. Causa dilatação de sistema periférico das veias. Efeito dos principais anestésicos venosos Na tabela ao lado, o uso de “→” indica que mantém normal; sem alterações O fato do anestésico provocar baixo consumo de O2 (CCO2) é um fator protetor dos tecidos no SNC, visto que se houver queda de O2 durante a anestesia, a célula consome menos oxigênio, pois se encontra em repouso (metabolismo reduzido) Atenção, pois a cetamina é o anestésico que mais se difere dos demais. É a única que aumenta o fluxo sanguíneo cerebral; aumenta ou mantém constante o consumo cerebral de O2 e aumenta a PIC. Esse último efeito faz com que a Cetamina seja contraindicada em neurocirurgia, visto que é um tipo de intervenção cirúrgica que não se beneficia do processo de vasodilatação cerebral. Técnica de administração de anestésico venoso • Em bolus: coloca-se o anestésico diretamente na seringa e vai injetando diretamente no equipo ligado ao soro a dose necessária para fazer indução ou repetição da dose. • Bomba de infusão contínua: geralmente, é feita quando a cirurgia é mais prolongada. Coloca-se uma seringa maior (50 ml) com propofol (leitoso) e a bomba vai empurrando o êmbolo da seringa gradativamente, mantendo uma concentração sérica ideal do agente venoso para anestesia venosa prolongada. É uma das técnicas mais utilizadas atualmente. Infusão alvo controlada (IAC): é uma forma de administrar anestésicos venosos com auxílio de bombas de infusão dotadas do modelo farmacocinético dos fármacos. Essa técnica facilita muito a administração da anestesia. Seu uso possibilita a concentração plasmática e/ou no local efetor onde atuam os fármacos, ou seja, o anestesiologista regula a concentração plasmática (alvo) desejada. Permite administração programada de vários anestésicos em associação: bomba de infusão em série de vários anestésicos, cada um deles com um parâmetro de administração e, inclusive, de outros fármacos como bloqueadores neuromusculares (BNM) e outros agentes. Agentes inalatórios voláteis: Existem agentes venosos que fazem efeito ligando-se a proteínas dos canais iônicos e outros fazem efeitos ao se ligarem na membrana da célula nervosa. A matriz lipídica é o sítio mais importante para o efeito farmacológico dos agentes anestésicos. A inibição da dor é um mecanismo difícil de se explicar, pois não existe um local próprio e específico no qual isso ocorre visto que cada agente atua de uma maneira diferente em locais diferentes. Pelo fato de que a anestesia produzida por ampla variedade de compostos químicos (diferentes entre si) Xe, Ar, NO2, halogenados (flúor, cloro) etc, é improvável que exista um único receptor para drogas anestésicas. Assim, vários agentes venosos tem efeitos em sítios diferentes das proteínas dos canais iônicos A anestesia é encarada como uma modulação de neurotransmissores entre os neurônios. É justamente essa modulação que resulta em anestesia. Monitor da profundidade da consciência A avaliação da consciência, antigamente, era dada pelo conjunto de observação de fatores clínicos, como respiração, FC, PA, reflexo palpebral e dilatação da pupila, diurese, tremores. Com o passar do tempo, foram sendo criados monitores aperfeiçoados que medem a profundidade da consciência na anestesia geral. O monitor de avaliação da consciência é chamado “bis” (índice bispectral): funciona ligado em um módulo intermediário de conexão que se conecta a eletrodos frontotemporais acoplados no paciente; esses fazem a leitura e medem o nível de consciência e inconsciência. Em sua tela, na parte superior da imagem ao lado, é demonstrado a atividade eletroencefalográfica (EEG), juntamente com um número que representa o nível de profundidade da consciência. No gráfico abaixo, tem-se uma variação de 0 a 100: • 0: representa paciente sem estímulo eletroencefalográfico que corresponde a coma e morte; • 100: representa paciente acordado ou em vigília; • 40 a 60: faixa considerada ideal para paciente anestesiado; média de 52. Assim que o paciente acordado recebe, na indução, um agente indutor que provoca sono, hipnose e amnesia, vai aprofundando sua consciência; abaixa-se para 80, entra no valor 60 e mantém-se entre 40 e 60 que é uma faixa considerada ideal para o paciente anestesiado. A variação da consciência pode flutuar durante a anestesia mas é corrigido quando há uma superficialização da consciência com a administração de um agente endovenoso hipnótico que aprofunda a consciência (BDZ; propofol; entre outros). O índice bispectral foi elaborado a partir das ondas do EEG, no qual se traçou padrões de ondas de pessoas acordadas no eletroencefalograma. Sendo assim, em cada situação tem-se um padrão de ondas no eletroencefalógrafo, com frequências diferentes, a depender do nível de consciência. • Ondas tipo “alfa”, acordado, BIS 100 (memória intacta); • Ondas tipo “beta”, sedação moderada, BIS 70 (ativação); • Ondas tipo “delta”, anestesia geral, BIS 60-40 (lentificação); • Ondas tipo “teta”, anestesia profunda, BIS < 10: indesejável com risco de vida, risco de entrar em “silêncio cortical”. Com esse monitor é possível monitorar o paciente para que se tenha indícios concretos do estado de consciência do paciente durante o ato cirúrgico. Pode até mesmo proteger o profissionalde forma legal, visto que há possibilidade do paciente despertar da anestesia (superficialização) e vivenciar alguma situação desagradável. Características clínicas dos agentes anestésicos endovenosos Os agentes venosos produzem perda de consciência de modo rápido, após administração parenteral (o SNC recebe uma porcentagem do DC e, consequentemente, da droga injetada). A recuperação da consciência ocorre após a redistribuição do agente anestésico, a partir do cérebro para os compartimentos corporais: músculos e tecido adiposo. Os músculos e tecido adiposo apresentam elevada afinidade por agentes anestésicos lipossolúveis e atuam como reservatórios. Sendo assim, o paciente obeso vai absorvendo o anestésico, devendo o anestesista manter a administração da droga para que este tenha atuação no SNC. Ao final da anestesia, o tecido adiposo está repleto de anestésico e começa a percorrer o seu caminho inverso: sai do tecido adiposo para o sangue e, posteriormente, para o SNC. Esse é um dos motivos pelos quais o paciente obeso demora mais para se recuperar de uma anestesia; demora mais para acordar. A partir dos músculos e tecido adiposo, as substâncias são depuradas pelo metabolismo (fígado) e excreção (rim). Os agentes venosos causam depressão respiratória e, por essa razão, a administração de agentes EV somente pode ser realizada por especialistas treinados e habilitados a tratamento de depressão ventilatória e consequente parada cardiorrespiratória. Barbitúricos Os barbitúricos promovem indução rápida e suave. Segundo alguns autores, é o sono mais próximo do sono fisiológico. A metabolização no fígado é lenta. Dessa forma, é contraindicado seu uso em pacientes hepatopatas (hepatite, cirrose). Causam vasodilatação periférica, depressão miocárdica direta e depressão respiratória de curta duração. São efeitos proporcionais à velocidade de aplicação e dose administrada. Não apresenta atividade analgésica própria (é apenas hipnótico), deve ser evitado em pacientes asmáticos, pois provoca broncoconstrição. Reações anafiláticas são raras. Benzodiazepínicos (BZD) Os BZD tem como características farmacológicas favoráveis ao seu uso em anestesia: • Indicação de medicação sedativa e tranquilizante no período pré-operatório; • Depressão mínima da circulação; • Local específico de ação como anticonvulsivante; • Os BZD são lipossolúveis; • Possuem rápida penetração no SNC seguida de distribuição para pontos teciduais inativos; • BZD possuem metabolização hepática com metabólitos ativos (desmetildiazepam e oxazepam); • Os metabólitos do diazepam contribuem para efeito prolongado (metabólitos são ativos); • Os metabólitos do midazolam parecem ter pouca ou nenhuma ação farmacológica (tem efeito mais breve quando comparado com diazepam); favorece a rápida recuperação. Usos clínicos • Em medicação pré anestésica (tranquilizante); • Para sedação intravenosa, complementando anestesia local ou raqui e peri; • Para indução da anestesia geral; • Para manutenção da anestesia, diminuindo a possibilidade de superficialização da consciência; • Para supressão da atividade convulsiva. O efeito hipnótico dos BZD está relacionado, provavelmente, ao acúmulo de GABA (neurotransmissor inibitório). Ocupam receptores específicos. Facilitam as ações inibitórias do GABA sobre a condução nervosa através de ação em receptores encontrados nas terminações nervosas pós-sinápticas no SNC (sobretudo o córtex cerebral) Os efeitos dos BZD são antagonizados por um antagonista específico; flumazenil, que é também é um BZD. Muito cuidado e cautela na administração de BZD em extremos de idade, ou seja, em crianças e idosos. As doses por via intramuscular ou oral são imprevisíveis em relação ao efeito depressor, quando repetidas, em pacientes nos extremos de idade (em relação a absorção, metabolismo e eliminação). Há riscos de doses cumulativas e depressão respiratória. Isso ocorre, principalmente, em crianças e em idosos que com a idade apresentam apneia do sono. O idoso dorme, engasga e entra em apneia. Sem medicamento, ele tem reflexos e se recupera, mas, se os reflexos estão abolidos pelos BZD, pode resultar em hipotonia da língua levando a pessoa sedada a insuficiência respiratória, apneia e morte. Opioides Opioides são substâncias exógenas que ligam-se especificamente a receptores de opioides e produzem pelo menos algumas respostas agonistas. Atualmente são utilizados os seguintes opioides: morfina (opioide natural que serve como padrão de comparação entre os opioides), meperidina (semi-sintética; 10x mais potente que a morfina), fentanil (100x mais potente que a morfina), sufentanil, alfentanil e remifentanil. A extração dos opioides é a partir da papoula. No bulbo da papoula tem o látex que é o ópio Os receptores Mi-1 são os mais importantes para a anestesia pois são ele quem retiram a dor. A razão de existir vários opioides é que quando o opioide estimula o receptor de analgesia supra espinhal, ocorre modulação da atividade dos receptores Mi que promove analgesia espinhal, sedação e miose. Esses efeitos são muitos úteis e possuem poucos efeitos colaterais. Porém, os opióides que estimulam o receptor Mi-2 e o sigma causam depressão, dependência, euforia, disforia e hipertonia muscular (promovem efeitos colaterais que são indesejáveis). É por isso que procuramos vários tipos de opioides, para tentar encontrar os que tenham os efeitos mais benéficos Estes mesmos receptores de opioides são também ativados por receptores endógenos, que são denominados endorfinas. Usos clínicos • Analgesia antes ou após a cirurgias: antes significa que ele pode fazer parte de medicação pré anestésica, então ele faz sedação e tira a dor do paciente; • Indução da anestesia: pode ser usado na indução da anestesia, como, por exemplo, fentanil + propofol para a indução, ocorrendo potencialização de ambos e os resultados são melhores; • Manutenção da anestesia: complementa a analgesia ou permitir sedação ou potencialização de benzodiazepínicos; • indicado para manutenção em pacientes com grave disfunção cardíaca: tem grande estabilidade cardiovascular; • Inibição da atividade reflexa do SN simpático. O SN simpático libera corticosteróides. Ocorre uma reação exagerada do simpático durante a anestesia causando efeitos indesejáveis. Por isso a atividade dos opioides é muito útil; • Suplementação de anestésicos inalatórios em anestesia geral, ou seja, o anestésico geral inalatório promove analgesia. Seu uso concomitantemente com o opioide faz mais efeito e a anestesia é potencializada. Os opioides são classificados como agonistas e antagonistas. Há aqueles que tiram a dor através do efeito agonista, mas também os que são antagonistas a depressão respiratória de outros opioides. Assim temos a pentazocina, o butorfanol, a nalbufina e a buprenorfina. Com frequência esses medicamentos são fortes agonistas dos receptores kappa e fracos agonistas dos receptores Mu. As propriedades antagonistas desses fármacos têm sido usadas de forma vantajosa para obter analgesia pós- operatória com expectativa de depressão ventilatória associada mínima. Utilizando só o fentanil pode ocorrer depressão ventilatória. O fentanil pode ser antagonizado pela nalbufina sem se retirar a capacidade analgésica. Antagonista dos opioides: naloxona (Narcan spray ou injetável). Nos EUA existe epidemia de uso de opioide devido ao uso excessivo, podendo levar a depressão respiratória e intoxicação. Lá é tão grave a situação que é liberada a naloxona, sem necessidade de prescrição, em forma de spray e em seringa para atender pacientes dependentes de opioide A origem das fibras eferentes primárias do nervo oculomotor é o núcleo do nervo oculomotor, que existe dentro do colículo superior do trato encefálico, ou o tronco cerebral, como é mais comumente conhecido. As fibras eferentes secundárias do nervo oculomotor também contribuem para o nervo oculomotor, surgindodo núcleo acessório do nervo oculomotor, também conhecido como núcleo de Edinger-Westphal, que está situado adjacente ao núcleo primário mencionado acima. Os opióides causam MIOSE intermediadas pelo núcleo de Edinger-Wesphal. Cetamina Até a década de 70/80 era considerado o anestésico ideal, porém logo foram feitas as contraindicações. Contraindicações: • Absolutas: hipersensibilidade a cetamina e porfiria; • Relativas: HAS, antecedentes de acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca severa; a cetamina eleva a PA agravando a hipertensão que já existe e podendo causar AVC. Interação medicamentosa: pode prolongar o período de recuperação da anestesia dos hidrocarbonetos halogenados; então, quando se fizer anestesia geral inalatória com cetamina, pode-se esperar um tempo maior de recuperação. A cetamina é um derivado fenciclidina que provoca anestesia denominada dissociativa (é tradução de sinais no ECG de dissociação do tálamo do sistema límbico). Essa dissociação causa: estado cataléptico, com olhos abertos e nistagmos lentos. A analgesia é intensa e produz amnésia Pacientes podem apresentar hipertonia muscular variável e movimentos voluntários da musculatura esquelética. Há estimulo simpático cardiovascular a taquicardia e hipertensão Há persistência dos reflexos protetores das vias aéreas; isso tem um efeito benéfico também pois ela permite a persistência dos reflexos que protegem as vias aéreas de náuseas e vômitos, assim, se uma criança com estômago cheio precisar ser anestesiada, se a manobra for rápida, os reflexos mantidos pela cetamina impede que a criança regurgite ou vomite, diferentemente dos outros anestésicos que inibem esses reflexos e induzem vômitos e regurgitação. É potente vasodilatador dos vasos sanguíneos cerebrais elevando a PIC: é muito inconveniente para a neurocirurgia. Observação: a cetamina está auxiliando no tratamento da depressão, foi até lançado no mercado a Esketamina®, derivado da ketamina para o tratamento da depressão através do spray nasal. Ele tem a vantagem de fácil administração em casos de crises. A maneira que ela ativa os circuitos cerebrais é por aumentar as espinhas dendríticas, as quais podem ser de formato fino, de cogumelo ou grossas. Quando há uma diminuição das espinhas dendríticas, tem-se a depressão, e quando há aumento, o paciente tem uma condição de melhora depressiva. Em cerca de 42 dias temos a formação de novas espinhas dendríticas. É um tratamento extremamente caro. Etomidato É muito semelhante a outros anestésicos, como o propofol, porém o etomidato tem uma maior estabilidade cardiocirculatória. É muito bem indicado para pacientes idosos que não podem ter a PA modificada pela anestesia Características • Produz rápida indução anestésica; • Despertar mais rápida que o barbitúrico; • Utilizado em anestesia para pacientes ambulatoriais, devido ao despertar precoce; • Há estabilidade cardiovascular, indicado para pacientes com reserva cardíaca limitada; • As quedas de PA são discretas; • Reduz o fluxo sanguíneo cerebral e a pressão intracraniana; pode ser usado na neurocirurgia; • Há incidência de náuseas e vômitos; • Pode haver dor no local da injeção intravenosa; • O fator mais importante é a supressão da atividade adrenocortical, indicando que a manutenção com etomidato não deve ser realizada no mesmo paciente repetidas vezes. Exemplo: paciente queimado que volta várias vezes ao centro cirúrgico para fazer curativos não é adequado fazer repetidas doses desse anestésico nesse paciente, pois se esse paciente precisar de cortisol no futuro, haverá inibição devido a atividade deste medicamento. Propofol É o mais utilizado atualmente. É diluído em substâncias orgânicas, então se ele tiver contato, por exemplo, por uma agulha contaminada, pode ocorrer crescimento bacteriano (já que é meio orgânico) e levar a infecções sistêmicas no pós operatório. Se sobrar restos de propofol é preciso descartar essa solução já que ele é um meio de cultura. • Promove rápida indução da anestesia; • O despertar da anestesia é acompanhado de mínimos efeitos sedativos residuais; • É útil para intervenções de curta duração; • A metabolização é hepática e com metabólitos inativos; • Há efeitos depressores sobre circulação e respiração (principalmente se injetado rapidamente); • A incidência de náuseas e vômitos é baixa. Dexmedetomidina (Precedex) Cloridrato de dexmedetomidine. Atua no SNC e apresenta uma gama variada de propriedades farmacológicas. • É um agonista adrenérgico de receptores alfa-2 potente e altamente seletivo, que não tem afinidade pelos receptores beta-adrenérgicos, muscarínicos, dopaminérgicos ou serotoninérgicos; • Promove sedação e analgesia sem depressão respiratória, diferentemente da maioria das outras drogas utilizadas na terapia intensiva para este fim; • Durante o estado de sedação os pacientes podem ser despertados e são cooperativos. Acredita-se que as ações sedativas da dexmedetomidina sejam principalmente mediadas pelos adrenoceptores alfa-2 pós sinápticos; • Outras propriedades simpatolíticas adicionais incluem a diminuição da ansiedade, diminuição da resposta hormonal ao estresse e redução da pressão intraocular. • Não apresenta efeito anticonvulsivante. Escala de Ramsay É utilizado para classificar o estado de sedação e profundidade de anestesia, para avaliar o efeito no per e pós operatório, denominada: Permite fazer relatório na recuperação pós anestésica e permite informações entre os médicos sobre o grau de sedação do paciente. • Grau 1: ansioso e agitado; • Grau 2: cooperativo e tranquilo; • Grau 3: sonolento; • Grau 4: dormindo, acorda com estímulos suaves; • Grau 5: dormindo, acorda com estímulos vigorosos; • Grau 6: sedado, não responde a estímulos. Observação: não se afastar do paciente anestesiado ou sedado. Esse paciente pode entrar em depressão respiratória e fazer uma parada cardiorrespiratória. O nível de consciência do SNC sob anestesia geral é como no sono, que vai diminuindo a intensidade das ondas e da atividade cortical. Então, quando administramos o anestésico a consciência se aprofunda e a área cortical diminui sua atividade. A área de ativação neuronal consequentemente diminui o padrão de ondas cerebrais. Na recuperação, vai voltando a atividade cortical com ampliação das ondas e estímulos neuronais Então existem 3 fases da anestesia geral: 1) Indução: que faz o paciente dormir e é quando se faz a intubação e a administração dos agentes inalatórios ou endovenosos; 2) Manutenção: quando ocorre a cirurgia; 3) Despertar. Para a indução é preciso escolher entre os hipnóticos e os analgésicos que são os opioides. Posso utilizar, então, o propofol como hipnótico e o fentanil como opioide (Primeiro aplico o opioide pois ele demora mais para fazer efeito e depois aplico o propofol) Depois de intubado, posso usar um agente inalatório como o halotano. Para administrar o inalatório é preciso da via aérea com tubo traqueal. Para administrar esse tubo traqueal é preciso de um bloqueador para fazer o relaxamento das vias aéreas e facilitar intubação (Posso utilizar, por exemplo, a succinilcolina; a succinilcolina faz efeito em 30 segundos e o paciente pode ficar sem respirar por mais ou menos 3 minutos, então é necessário oxigenar esse paciente antes). Após o relaxamento, é feita intubação para administrar oxigênio e o halotano. Porém, o efeito da succinilcolina acaba e para manter o paciente anestesiado por mais tempo posso usar outro bloqueador neuromuscular, como o atracúrio, por exemplo. Entramos, com o paciente já intubado, na fase de manutenção: é necessário ventilação artificial já que o paciente está com bloqueador neuromuscular. Se necessário aprofundar a analgesia, repete o opioide. Se necessário aprofundar a inconsciência, posso utilizar midazolam ou propofol para a redução dessa consciência. Dessa forma, vai se mantendo a anestesia tanto com medicamentosendovenosos tanto com agentes inalatórios; essa é anestesia é geral balanceada. Seria anestesia geral inalatória se fossem usados os agentes inalatórios. Seria anestesia geral endovenosa se fossem só usados medicamentos endovenosos. Na fase de despertar, é preciso diminuir ou suspender o agente inalatório e os agentes hipnóticos. Somente para o bloqueador neuromuscular pode ser necessário utilizar um antagonista para a reversão (posso utilizar a neostigmine). Como a neostigmine causa muita salivação, antes da sua aplicação é feito atropina e, dessa forma, não ocorre nem bradicardia e nem salivação. Depois disso o paciente entra em um estado de metabolização do agente inalatório e do agente endovenoso. E como foi utilizado o antagonista do bloqueador neuromuscular, o paciente acorda. Observação: a succinilcolina não precisa de antagonista pois ela é metabolizada pelo plasma e depois de 5 minutos o efeito acaba. Os demais bloqueadores neuromusculares, que são chamados de competitivos, precisam do antagonista, na maior parte das vezes, para o paciente voltar a respirar.
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