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Art 883 comentado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA 
DIREITO CIVIL II – PROF. DR. THIAGO VALE PESTANA 
DISCENTE: SARAH BELCHIOR BORGES DO NASCIMENTO 
MATRÍCULA: 2022026796 
 
O Código Civil de 2002 tem como uma de suas principais características a valorização 
da boa-fé, consistindo na crença de que as pessoas procuram fazer o que é certo, buscando 
seus interesses particulares, mas sem a intenção de prejudicar ou se sobressair ao bem 
comum ou à outra parte, este princípio está diretamente ligado a operabilidade, pois visa 
soluções simplificadas e céleres, sem muitas dificuldades, tendo em vista um direito justo e 
viável a todos. 
Nesse contexto, temos a redação do artigo 883 do dispositivo em questão, “Não terá 
direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por 
lei.” A redação deste artigo se refere a efetuação de pagamento indevido, ao qual não caberá 
a repetição, que seria direito a devolução de qualquer valor cobrado de forma superfaturada 
ou indevida, tendo como objetivo evitar que o indivíduo tenha seu patrimônio prejudicado ou 
que seja lesado. Sobre isso, a lei não resguarda quem fere o princípio da boa-fé, não tolera a 
desonestidade e a torpeza, inviabilizando qualquer tipo de proteção ao devedor que efetuou 
um pagamento afim de obter algo ilícito (por exemplo, comprar entorpecentes), imoral (por 
exemplo, comprar pornografia), ou proibido por lei (por exemplo, pagar propina para 
contratação com o Poder Público). 
Esta questão está relacionada, também, ao princípio nemo auditur propriam 
turpitudinem allegans, isto é, ninguém pode ser beneficiado pela sua própria torpeza. 
Entretanto, isso não impede que o pagamento seja devolvido, em ação feita por terceiro 
interessado ou pelo próprio solvens, a quem venha a ser destinado o montante restituído. O 
parágrafo único designa que “No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de 
estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.” Assim, quem efetuou o pagamento 
para fim ilegal, imoral, ou proibido por lei, pode, até como forma de se redimir, propor a ação 
de repetição do pagamento, para que o valor seja destinado a uma instituição filantrópica, 
contudo, a decisão final caberá ao juiz. 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: 
seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. 
SCHREIBER, Anderson et al. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. Rio de 
Janeiro: Editora Forense Ltda., 2019. 3265 p.

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