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PRISÃO TEMPORÁRIA, PRISÃO PREVENTIVA, PRISÃO EM FLAGRANTE E PRISÃO DOMICILIAR g LYSANDRA LEAL DE OLIVEIRA CURSO: UNIEDUCAR 2021.1 Princípios Constitucionais de Direito Penal ● A Constituição Federal ocupa o lugar mais alto da hierarquia legal do nosso ordenamento jurídico. ● Constituição Federal é o documento que traça e fixa a forma do Estado brasileiro – e é a partir dessa forma é que todo o restante do ordenamento se conforma, inclusive e principalmente o ordenamento jurídico penal, apresentando princípios constitucionais que delineiam seus contornos e limites, de modo a lhe conferir racionalidade e estabilidade. (JUNQUEIRA e VANZOLINI, 2019, 5° edição, pág. 17). ● Os princípios representam valores fundamentais que inspiram a criação e aplicação do direito, orientando tanto o legislador quanto o operador. ● Podem ser definidos como o conjunto de padrões e condutas presentes de formas explícitas pelas leis ou implícitas em nosso ordenamento jurídico, desse modo, devem ser seguidas, para otimizar a criação e aplicação do direito como um todo, delimitando o campo de atuação jurídica e também a forma como se deve interpretar o que for estabelecido pelo ordenamento jurídico - especialmente em casos de lacuna ou omissão legal. Princípios presentes que disciplinam e limitam o direito penal 1. Princípio da exclusiva proteção ao bem jurídico penal a. Em estado de direito democrático o direito penal deve visar exclusivamente a proteção de bens jurídicos em especial relevância, indispensáveis ao convívio em sociedade. 2. Princípio da legalidade a. encontra fundamento no art. 5, CF. b. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, se não em virtude de lei e que não a crime sem lei anterior que o defina nem penas em prévia cominação legal. 3. Princípio da reserva legal a. Só será considerada como infração penal a conduta assim prevista pela lei. b. diferença da legalidade, por questão de limitar o poder estatal e processar e punir indiscriminadamente os cidadãos. c. permite aos particulares a liberdade de agir e todas as limitações positivas ou negativas deverão estar expressas em lei. 4. Princípio da adequação social a. Não se pode reputar criminosa uma conduta tolerada pela sociedade, ainda que se enquadre uma descrição típica, isto é, tal comportamento seria materialmente atípico. b. Exemplo: uso de tattoo, piercing. 5. Princípios da anterioridade penal a. Como visto acima, não há crime sem lei anterior que o defina, desse modo, a lei penal deve ser anterior ao fato que se pretende punir. 6. Princípio da vedação da analogia in malam partem a. analogia = instrumento de integração penal e parte do pressuposto que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, o motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada a outra situação similar. b. in malam partem = analogia em prejuízo do réu pela criação de figura criminosa por similitude a uma situação fática que não se encaixa primariamente em nenhum tipo incriminador. i. utilização proibida no campo penal por lesar a legalidade c. Observação! A analogia ≠ interpretação analógica. i. Interpretação analógica ou intra-legem: ocorre sempre que a norma penal é construída por uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica, utilização da forma genérica ocorre, pois é impossível o legislador todas as situações do caso concreto. Princípios Gerais do Direito Penal ● Embora a CF estabeleça diversas diretrizes que visam a orientação do funcionamento da atividade legislativa na área penal, isso não representa a única fonte de valores que o direito penal pode tutelar. 1. Insignificância ou bagatela a. não há crime quando a conduta praticada pelo agente é insignificante, isto é, não é capaz de ofender ou botar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma penal. 2. Função bagatela imprópria a. contempla situações que surgem com relevância para o ordenamento jurídico, mas a punição é considerada desnecessária em razão das circunstâncias do fato. b. perdão judicial: sentença declaratória e extinção da punibilidade, fato se torna atípico por ausência de tipicidade material. c. tipicidade penal: soma da tipicidade formal (conjunto de adequação entre o fato e a norma, analisa se o fato praticado se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal) + tipicidade material (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico). d. Observação! No princípio da insignificância o fato tem tipicidade formal, entretanto, falta a tipicidade material, ou seja, não há o que se falar em crime pela falta da tipicidade material. 3. Proporcionalidade ou proibição do excesso a. inside tanto no plano legislativo quanto ao aspecto judicial b. a sanção penal deve ser vantajosa para o corpo social e trazer mais vantagens do que desvantagens. Pena adequada e necessária à finalidade do direito penal. Crimes Funcionais ● aqueles cometidos por funcionários públicos, classificados pela doutrina como crimes prontos, uma vez que demandam uma qualidade especial do seu sujeito atípico. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Crimes funcionais próprios e impróprios ou mistos 1. Próprios a. só existe quando um sujeito ativo é funcionário público. b. exemplo: artigo 309, CP 2. Impróprios ou Mistos a. conduta tipificadas como crimes funcionais e não funcionais. b. se o agente for funcionário público surge o crime funcional impróprio, mas se a mesma conduta for cometida por um particular ainda haverá delito, mas enquadrado em outro tipo penal. i. Exemplo: furto, isto é, quando um funcionário público subtrai para si da repartição que trabalha determinado objeto é cometido o peculato, mas se um trabalhador subtrair para si algum bem do seu local de trabalho é cometido o furto. Responsabilidade penal ● Surge do cometimento de crimes funcionais comuns, nos quais podem incidir qualquer servidor público, mas também pode ser resultado do crime de responsabilidade dos agentes políticos, ou seja, chefes do executivo federal, estadual, entre outros. Pode o funcionário terceirizado ser responsabilizado pela prática de crimes funcionais? ● o entendimento dos tribunais tendem a considerar, como equiparado a funcionário público quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada para execução de atividade da administração pública, seja no desempenho de atividade típicas ou não típicas, assim, sendo possível a terceirização inclusive das atividades típicas da administração pública, também será viável o enquadramento desses agentes terceirizados no conceito de funcionários públicos, para fins penais por equiparação. ● A doutrina considera tal hipótese, extremamente restrita, pois só poderia se concretizar em empresas públicas e em sociedade de economia mista, desde que, observadas as condições do artigo 4, decreto federal 9.507- 2018. Princípios Aplicáveis ao Direito Penal e Conflitos Aparentes de Normas Penais 1. princípio da presunção de inocência a. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal obrigatória, assim qualquer, qualquer restrição à liberdade do agente, somente será admissível após a condenação definitiva. A prisão provisória é medida excepcional. b. É em cargo da acusação demonstrar a responsabilidade do réu, havendo dúvida se a decisão deve pender em favor desse. 2. princípio da extra-atividade da lei penal a. possibilita sua aplicaçãoexcepcional fora do seu período de vigência. b. a extra-atividade de dividem em: i. retroatividade: aplicação da lei a fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor ii. ultratividade: aplicação de uma lei depois de sua revogação. c. Observação! Em aplicação a lei penal no tempo, em regra geral, é a aplicação da lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso. Teorias relativas ao tempo do crime ● durante a revolução de direito penal, desenvolveram 3 teoria sobre o tempo do crime 1. Teoria ação: considera-se como aumento do crime o da ação ou omissão do agente, ou seja, no instante que ele praticou a conduta proibida ou o instante em que deveria ter agido e não agiu. 2. Teoria Resultado: O momento do crime é aquele que sobrevém o resultado exigido pelo crime. a. Exemplo: homicídio, momento de morte da vítima. 3. Teoria ubiquidade: mistura das duas teorias anteriores, pois se considera como momento do crime tanto o da ação ou omissão quanto a do resultado. a. O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da atividade para delimitar o tempo do crime, no entanto, com relação ao lugar do delito é adotado a teoria da ubiquidade. 3. princípio da continuidade normativa típica a. Refere-se a manutenção do carácter proibido da conduta após a revogação de algum dispositivo legal pela transferência do conteúdo criminoso para outro tipo penal, a ideia é preservar a manutenção da conduta criminosa, para não ocorrer a abolitio criminis. Concurso aparentes de normas e possíveis soluções para os problemas serem enfrentados ● O sistema jurídico penal, em alguns casos tem duas ou mais normas que poderiam ser aplicadas para determinados fatos, para solução de tais conflitos a dogmática penal desenvolveu três princípios. 1. especialidade: existirá prevalência da norma especial, sobre a norma geral, buscando evitar ao bis in idem, assim quando um fato couber tanto em uma norma geral quanto na norma especial, a norma especial será aplicada afastando-se a norma geral. 2. subsidiariedade: somente será atribuição do direito penal a resolução de uma lide quando não for possível a resolução por qualquer outro meio. 3. consunção: ocorre quando um fato previsto por uma norma é compreendido em outra de âmbito maior e, portanto, só está sendo aplicada. a. hipóteses de aplicação da consunção, quando houver a relação de crime meio para crime fim e diante da ocorrência do crime progressivo e da progressão criminosa, casos em que o crime fim absorve o crime meio. 4. princípio da alternatividade a. procura selecionar a norma aplicável quando a mesma ação antijurídica é defendida pelo legislador mais de uma vez. Elementos subjetivos da conduta ● São o dolo e a culpa, traduzem o princípio da responsabilidade subjetiva, isto é, não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente ficando sua responsabilidade condicionada a existência da voluntariedade, é vedada assim a responsabilidade objetiva, ou seja, sem dolo ou culpa.
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