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Resenha crítica do artigo _A racionalidade limitada de Herbert Simon na Microeconomia_, dos autores_ Ronivaldo Steingraber e Ramon Garcia Fernadez

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A RACIONALIDADE LIMITADA
RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO "A RACIONALIDADE LIMITADA DE HERBERT
SIMON NA MICROECONOMIA", DOS AUTORES: RONIVALDO STEINGRABER E
RAMON GARCIA FERNADEZ
A racionalidade limitada criada por Herbert Simon contrapõe as ideias
defendidas pelos economistas neoclássicos, os quais tinham como base a
racionalidade substantiva. Os choques de ideias são referentes à posse de
informações, os custos, os erros, a previsão, a aplicação empírica, as regras de
comportamento, as expectativas, as instituições, o equilíbrio e a relação com as
outras áreas do conhecimento. Em relação a posse de informações, percebe-se que
a racionalidade limitada é mais coerente com a realidade do que a racionalidade
substantiva, pois, segundo, Herbert Simon, o indivíduo não detém todas as
informações, ou seja, a racionalidade dos agentes econômicos é limitada, pois eles
não detém a completude do conjunto de informações, do conhecimentos e dos
hábitos a sua disposição e que formam a base lógica a qual permitirá ao mesmo
tomar decisões, agir e realizar estratégias, enquanto que, para os neoclássicos, o
indivíduo detém todas as informações, com isso eles supõem que as decisões dos
agentes econômicos são perfeitas, sem nenhuma falha. Isso distorce da realidade,
pois os economistas neoclássicos tentam modelar matematicamente o
comportamento maximizador dos agentes econômicos, que engloba os
consumidores, empresas, investidores entre outros, de modo que haja uma
padronização dos comportamentos e decisões do ‘homo economicus’.
Outro ponto que distorce do mundo real, é a crença dos neoclássico de que
os custos são inexistentes, para eles os custos tendem a zero, pois os agentes
econômicos maximizam a sua utilidade todas as regras do contexto social em que
estão e estão informados sobre os custos e benefícios de suas escolhas. Porém em
oposição a isso, o economista Williamson afirmar que “Embora custos de ambos
tipos, costumeiramente, tendem a zero em um mundo estático e perfeito, esta não é
uma condição interessante. Ela não corresponde ao universo que nós procuramos
atingir”. Ele ainda complementa a sua afirmação ao mencionar que os recursos
necessários para se tornar informado já seriam custos de usar o sistema de preços..
Essas ideias acabam influenciando vários economistas, inclusive os próprios
economistas neoclássico. Um deles é Arrow que destaca “em um mundo
competitivo, o agente individual tem conhecimento de todos (ou pelo menos uma
grande parte) os preços e estes desenvolvem uma otimização baseada neste
conhecimento. Todo conhecimento é custoso, mesmo o conhecimento dos preços” .
Isso demonstra que os pensamentos Herbert Simon em sua racionalidade limitada
acaba sendo corroborada por diversos economistas com pontos de vistas diferentes
um do outro, mas ao final de tudo leva a conclusões enfáticas seguindo o bom
senso da realidade.
Além disso, Simon destaca a existência do erro, uma vez que o indivíduo,
mesmo com a intenção de maximizador, está sujeito a cometer erros e omissões,
assim, pode-se naturalmente alcançar resultados satisfatórios, e não ótimos. Isso
contraria o pensamento neoclássico, pois os economistas voltados para essa linha
de pensamento argumentam que a racionalidade substantiva coincide com o
equilíbrio que caracteriza o objetivo ‘ótimo’. Entretanto, nota-se que os resultados
não podem ser considerados ótimos do ponto de vista prático, pois há inúmeras
possibilidades que leva o indivíduo a resultados satisfatórios frente ao um
determinado problema, o que por vezes pode ser confundido com um resultado
ótimo em meio a modelagem matemática que se distancia da realidade. Nesse
sentido, o economista Byron elabora um exemplo em que diz “Se você está
procurando um bom vinho para servir com o jantar, pode-se adotar a regra de parar
a busca quando se encontrar um vinho satisfatório – que é um “tão bom
quanto”.Observa-se que na prática os agentes econômicos podem, em meio a um
problema, buscar alternativas, porém pelo fato de não ter uma completude das
informações, selecionar a alternativa mais satisfatória que ele tem acesso, todavia
essa alternativa mais satisfatória pode simplesmente não ser ótima pelo fato de
haver outras alternativas melhores, mas que não podem ser escolhidas pelo fato do
indivíduo não ter acesso a elas. Herbert Simon vai além e afirma que “quando as
pessoas não sabem otimizar, elas podem muito bem satisfazer, encontrar uma boa
solução”
Nesse contexto, constata-se que a racionalidade limitada é baseada no
comportamento observado, por outro lado a racionalidade substantiva não tem
nenhuma preocupação com a realidade, suas conclusões são de um número bem
restrito de hipóteses e com um reduzido grau de aplicação ou análise empírica.
Segundo Simon essa falta de aplicação empírica por parte da racionalidade
substantiva se deve ao distanciamento da ciência econômica das outras áreas do
conhecimento que ajuda a entender o mundo real, esse isolamento da ciência
econômica ocasionou uma distorção da realidade. Sendo assim, Herbert Simon
buscou incorporar áreas do conhecimento que analisam o comportamento do
indivíduo em meio a sistemática de suas decisões. Entre as áreas do conhecimento
que foram estudadas por Simon podem-se ser citadas a física, a biologia, a ciência
política, a sociologia e a psicologia. Principalmente a psicologia que foi a base para
Simon elaborar a racionalidade limitada, pois foi por meio dos seus estudos no
campo da psicologia que ele chegou a conclusão, que já era discutido nessa área
do conhecimento, de que o ser humano é limitado na esfera cognitiva e há uma
complexidade do processo de tomada de decisão, pois envolve uma série de fatores
que estão relacionados com as emoções humanas. Simon destaca que a
racionalidade limitada "procura mostrar como controles motivacionais e emocionais
sobre a cognição podem ser incorporados no sistema de processamento de
informação". Esses aspectos cognitivos são fundamentais no processamento de
informações que, por sua vez, é de suma importância para o processo decisório.
Nisso os agentes econômicos podem tomar decisões eficientes ou ineficientes de
acordo com conjunto de informações, conhecimentos e hábitos a disposição do
indivíduo e que formam a base lógica a qual permitirá ao mesmo tomar decisões,
agir e realizar estratégias.
O fato é que a crença dos neoclássicos de que as decisões dos agentes
econômicos seriam sempre eficientes e perfeitas não condiz com as análises
empíricas de diversas áreas do conhecimento. Essa crença se deve, em parte, ao
isolamento da ciência econômico das demais áreas e ao grau mínimo de estudos
empíricos, de modo a se restringirem a teorias com conclusões padronizadas, como
se todos os indivíduos, que estão propensos a diferentes emoções e a diversos
contextos, fossem exatamente iguais em todos os aspectos. Retomando o fato de
que a racionalidade substantiva garante que não há erros no processo decisório dos
agentes econômicos e que a posse das informações seria completa, então seria de
se presumir que essa racionalidade substantiva assegura que o responsável pelo
processo decisório (o ser humano) seria insuscetível de emoção, cognição,
formação de expectativas e motivação. E de fato os neoclássicos asseguravam que
inexistiam a formação de expectativas. Contudo, segundo Simon “as regras de
decisão são lineares e, as distribuições de probabilidades de eventos futuros podem
ser substituídas por seus valores esperados, que servem como equivalentes na
certeza”, isso seria o chamado satisfazimento, do inglês satisficing.
Essas ideias das expectativas racionais influenciou o economista Williamson,
porém se limitando apenas ao curto prazo, como se pode entender de uma das
suas suposições “aos agentes serem incapazes de formar expectativas eficientes
sobre o futuro, sem embasamento e sem erros persistentes no curto prazo, pois sua
deficiência computacional advém da realidade complexa a ser entendida. Ao realizar
um contrato, os agentes são incapazes de usar os dados existentes sobre o
mercado paraobter conhecimento de curto prazo confiável envolvendo todas as
variáveis econômicas”, com isso o autor reafirma que no curto prazo os agentes
econômicos não conseguem tomar decisões eficientes, uma vez que a
complexidade da realidade o impediria de abstrair as informações do meio, ou seja,
o indivíduo não teria a posse completa da informação. Nesse sentido, constata-se
mais uma vez a ratificação das conclusões de Herbert Simon em sua racionalidade
limitada. Já os economistas do pensamento keynesiano estão mais dispostos a
procurar elementos de irracionalidade, como, por exemplo, ilusão monetária, animal
spirit e formação de expectativas de longo prazo.
Fazendo um contraponto a suposição de Williamson referente às
expectativas de curto prazo, Sargent acredita firmemente que o futuro é uma
representação fidedigna das expectativas, entretanto faz um adendo ao dizer que “a
representação permanece inalterada quando a autoridade institui uma nova política
fora do período de estimação”. Por outro lado, nota-se uma lacuna nas conclusões
de Sargent, pois como ele afirma que os agentes econômicos conhecem o nível de
preços, mesmo tendo a ciência de que as expectativas referentes ao nível de preços
não correspondem necessariamente ao nível de preço futuro. A de se saber que a
expectativa ou previsão que os economistas realizam sobre os aspectos
econômicos podem ser corretas ou não, pois uma dada expectativa é gerada de
acordo com as informações disponíveis e com os conhecimentos adquiridos,
contudo uma parte dos acontecimentos futuros são imprevisíveis, e são esses
acontecimentos imprevisíveis que podem mudar os rumos do futuro e, assim, não
validar as expectativas do presente. Sabemos também que os agentes econômicos
podem mudar suas atitudes padronizadas e conhecidas pelo mercado com base na
obtenção de uma nova informação ainda não conhecida, até mesmo pelo extração
das expectativas elaboradas por economistas. Pode-se citar um exemplo ocorrido
no estouro da bolha imobiliária, antes dos anos 2000 os juros estavam altos,
entretanto logo depois que o Banco Central dos Estados Unidos da América reduziu
os juros e instigou nos bancos a liberação de crédito em massa, havia uma
expectativa de que o ramo imobiliário iria crescer muito, tendo em mente isso a
população norte americana passou a investir em peso em imóveis até que ocorreu o
estouro da bolha que eclodiu na mudança em massa do comportamento dos
investidores, o que veio a distorce das previsões realizadas no passado sobre
aquela determinada época, esse não é um fato isolado, pois outros acontecimentos
já provocaram essas alterações na dinâmica econômica, pois é a economia é
dinâmica e não estática, e, por isso, as expectativas de curto prazo, como bem
afirma Williamson, dificilmente não ocorram erros persistentes.
Outro fator favorável a racionalidade limitada, em comparação a
racionalidade substantiva, é fato dos economista condizentes com essa teoria
contemplar em seus estudos o papel das instituições, as quais, de acordo com eles,
servem de auxílio à tomada de decisão dos agentes econômicos cercados por
problemas de limitação do conhecimento e falta de acesso às informações, já que
as instituições são fundamentais para que os agentes econômicos adquiram
conhecimentos e o acumulem, de modo que os agentes econômicos se tornem mais
precisos em suas decisões em meio a tantas incertezas que envolvem o mercado
financeiro e demais variantes econômicas. Mesmo com esse auxílio de suma
importância das instituições, não é possível afirmar que as decisões sempre serão
acertadas ou que haverá a obtenção total das informações como é assegurado na
racionalidade substantiva dos economistas neoclássicos. As instituições servem
justamente para amenizar, e não eliminar, as limitações dos agentes econômicos, os
quais tentam sobreviver a um ambiente que envolvem diversas incertezas.Dequech
retrata em seus estudos um outro ponto de vista quando se refere a incerteza e as
instituições, pois, conforme ele, a complexidade é ligada a incerteza, e essa
complexidade provém dos limites cognitivos, de normas e de instituições que podem
levar ao comportamento irracional dos agentes econômicos, sendo assim não teria
a autonomia de agir, já que suas ações seguem os movimentos coletivos da
sociedade, isso seria mais ou menos o chamado efeito manada. Percebe-se que a
incerteza de Dequech seria uma linha extrema em comparação a racionalidade
limitada de Herbert Simon, porque Dequech defende que a incerteza revela a
presença de comportamentos irracionais e ambientes complexos, com regras
sociais e instituições que orientam o comportamento dos agentes econômicos, ou
seja, para ele, em tese, o indivíduo não teria o poder de escolha, e as escolhas que
ele tomasse não seria propriamente dele, mas do movimento social que o
impulsionaria para a tomada daquela decisão, assim, o indivíduo descrito por ele
não teria autonomia nenhuma em suas decisões. Do outro lado, Herbert Simon
defende que os agentes econômicos têm autonomia de efetuar a melhor
escolha que seria satisfatória, mas não ótima, tendo em vista que as
informações na possessão dos indivíduos não é plena e suas limitações
cognitivas o impossibilitaria de tomar uma decisão ótima, porém não o
impediria de tomar uma decisão satisfatória.
É bem verdade que muitos agentes econômicos até podem não ter
autonomia em suas decisões como afirma Dequech, contudo isso não pode ser
generalizado, pois não se pode padronizar o comportamento dos agentes
econômicos como fazem os economistas neoclássicos. O que se pode perceber,
com os avanços da tecnologia de informação e com o aumento do número de
empresas de consultoria, é a terceirização das decisões dos indivíduos, isso de fato
delimita o poder de decisão dos agentes, como, por exemplo, quando os empresas
são iniciantes em um determinado mercado econômico, elas preferem contratar
uma empresa de consultoria que já tem um conjunto de informações, habilidades e
conhecimentos naquele setor para, então, aceitar a melhor decisão tomada pela
empresa de consultoria a fim de realizar adequadamente a aplicação e a
administração do capital da empresa naquele determinado mercado que
proporcionará lucros a empresa. Todavia isso não é sempre que ocorre, pois uma
empresa iniciante no setor pode querer adquirir informações e conhecimentos a fim
de realizar a melhor escolha que poderia ser satisfatória ou não.
Independentemente da existência ou inexistência da autonomia, é consenso entre
os autores que a decisão dos agentes econômicos seria satisfatória, ou satisficing. e
não ótima, bem como que essa decisão é suscetível de erros em decorrência da
complexidade da vida real e, assim, não existiria decisão perfeita, como afirmam os
economistas neoclássicos.
O autor neoclássico Vercelli, influenciado pela racionalidade limitada de
Herbert Simon, flexibilizou os conceitos criados na racionalidade substantiva ao
subdividi-la em forte e fraca. A racionalidade substantiva forte manteria os mesmos
conceitos que seria: a posse de informação pelo indivíduo é completa, custos
inexistentes, erros inexistentes, previsão perfeita, comportamento maximizador,
expectativas inexistentes e, sobretudo, a garantia do equilíbrio. Por outro lado, na
racionalidade substantiva fraca as decisões poderiam ou não ter falhas, pois a
cognição do ser humano o limita a tomar decisões perfeitas. Embora haja essa
flexibilidade, o equilíbrio da economia permanece na racionalidade fraca, porém
reconhecesse que não é permanente, como se bem entende da sua afirmação “ eu
chamarei de racionalidade substantiva fraca, embora, neste caso, a racionalidade
esteja indissociavelmente ligada aos estados de equilíbrio, que são considerados
estados temporários, com os limites cognitivos e operativos da racionalidade
humana reconhecidos”. Já para a racionalidade limitada não existe esse equilíbrio,
os economistas corroboram com isso, como é o caso de Nelson e Winter os quais
destacam que “Nós estamos de acordo com a posição behaviorista que firmasnão
podem tender a estabilidade, de forma excelente em escala ao padrão de
mensuração, para a comparação de alternativas, e na soma de nossos modelos
temos incluído a variante de ‘satisficing’ indicada por Simon”.
.

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