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Psicodinâmica do Trabalho o Estresse no Ambiente Organizacional UNIDADE 5

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Prévia do material em texto

Psicologia do Trabalho
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Gisele L. Fernandes
Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
• Relação Homem-Trabalho
• Psicodinâmica do Trabalho
• Estresse
 · Objetiva-se que o estudante, ao concluir a unidade de estudo, seja 
capaz de reconhecer fatores intrínsecos e extrínsecos ao trabalho e 
como esses interferem na relação do homem com o trabalho.
 · Pretende-se ainda que o estudante possa definir estresse e identificar 
as fontes potenciais relacionadas aos fatores ambientais, individuais 
e organizacionais de estresse e suas consequências físicas, psicológi-
cas e comportamentais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse 
no Ambiente Organizacional
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Relação Homem-Trabalho
O trabalho pode ser visto como um mero ganha-pão, ou como a parte mais 
significativa da vida interior, pode ser encarado como uma expiação ou como uma 
expressão exuberante de si mesmo (MILLS, 1976, p. 233).
A preocupação com a relação homem-trabalho não é recente. Presente desde os 
primórdios dos tempos, tal preocupação se intensifica com o advento da industriali-
zação, produtividade, melhor posicionamento da empresa no mercado competitivo, 
além da qualidade de vida no trabalho que são questões que permeiam essa relação 
do homem com o trabalho.
Dejours, médico francês, com formação em psicossomática e psicanálise, pesqui-
sador da Psicodinâmica do Trabalho, alerta para o que chama de “paradoxo psíquico 
do trabalho”, afirmando que para uns, o trabalho pode ser fonte de prazer, enquanto 
para outros, o trabalho é visto como causa de fadiga e sofrimento (DEJOURS, AB-
DOUCHELI e JAYET, 1994, p. 22).
Em um texto já bastante antigo, Mills ao analisar o significado do Trabalho, revela 
que ao longo da história da humanidade, o termo “trabalho” já esteve mais relacio-
nado à pena, ao sofrimento, do que ao prazer. Para os gregos antigos, o trabalho 
deveria ser realizado apenas pelos escravos, já que embrutecia a alma e o espírito. 
Para os hebreus o trabalho era fruto da condenação de Deus pelos pecados. Os 
primeiros cristãos acreditavam que o trabalho era sim uma punição ao pecado, mas 
servia ao propósito de “afastar os pensamentos maus provocados pelo ócio”. Só com 
Lutero, o trabalho adquire certa importância, considerado “a base e a chave da vida” 
ao ser associado aos dons apresentados pelo apostolo Paulo, nas Escrituras Sagradas 
(MILLS, 1976, p. 234).
A partir da análise da relação Homem-Trabalho, Mills formula a hipótese de que, 
na atualidade, embora estejamos nos referindo a um texto da década de 1970, a 
afirmação ainda se faz atual, a satisfação que o ato de trabalhar pode proporcionar 
ao trabalhador está mais relacionada aos fatores extrínsecos a ele, do que aos 
fatores intrínsecos.
Para Mills, “nas condições modernas” do trabalho atual o homem não tem mais 
a liberdade de organizar seu próprio trabalho, de decidir como fazê-lo. Não há mais 
autonomia, não tem mais domínio sobre o produto de seus esforços.
Embora o trabalhador da atualidade se sinta mais valorizado, mais bem preparado 
e com mais ferramentas que os antigos artesões dos séculos passados, Mills coloca 
que o modelo artesanal do passado permitia ao trabalhador pelo menos seis motivos 
de satisfação.
O primeiro deles é fazer um bom trabalho, um bom produto, algo sobre o qual ele 
sinta orgulho. O segundo, à um vínculo entre o artesão e seu produto, a ponto que 
o artesão consegue visualizar seu produto acabado, ainda que não tenha nem mesmo
começado a fazê-lo. Terceiro, o artesão é livre para realizar seu trabalho de acordo
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com seus planos e pode modificá-los, se necessário. Para o artesão, seu trabalho é 
uma forma de aprimorar suas habilidades e essa é a quarta fonte de satisfação, pois 
não há separação entre trabalho e lazer, a quinta e última fonte, para o artesão seu 
trabalho é a base de sua vida.
Ou seja, a relação do artesão com seu trabalho é muito distante da realidade da 
maioria dos trabalhadores atuais, que, segundo o autor desconhecem o impacto e 
o resultado de seu trabalho, não conseguem vê-lo no todo. E, por isso, não veem
diferença e/ou valor no que fazem.
Por tal motivo, nas condições atuais outras fontes de satisfação têm tomado o 
lugar do trabalho. A renda e as motivações econômicas é uma delas. O salário rece-
bido pelo trabalho realizado pode ser considerado, segundo o autor, um dos motivos 
para se exercer atividades laborais. Além deste, Mills aponta também status e o po-
der como prazeres oriundos do ato de trabalhar.
Para Mills o simples fato de ter um emprego, mesmo que não se goste do trabalho 
executado, pode permitir ao homem algum tipo de prazer. Em nossa sociedade, o 
estar empregado é motivo de status. Um exemplo da importância do emprego em 
nossa sociedade pode ser o da presença, quase que constante, dele quando somos 
apresentados a alguém: “ah! Este é fulano, ele trabalha em tal empresa”. Reparem 
também que muitas vezes o nome da empresa em que trabalhamos muitas vezes ocu-
pa o lugar do nosso sobrenome: - Olá, eu sou o fulano, da empresa tal. As pessoas de 
modo geral, valorizam o estar empregado, o ter uma ocupação. Em contrapartida, 
o desempregado pode se sentir inferiorizado perante o grupo da qual pertence. Por
isso, algumas vezes as pessoas mantêm empregos dos quais não gostam, porque sem
estes, se sentiriam inferiorizadas.
“Nesse meio-tempo, qualquer satisfação que os homens obtenham com o 
seu trabalho ocorre no interior desse quadro de alienação; toda a satisfação 
que a vida lhes proporciona ocorre fora dos limites do trabalho; trabalho e 
vida estão profundamente separados”. (MILLS, 1976, p. 253)
Ainda sobre os prazeres extrínsecos ao trabalho, Mills chama a atenção também 
para o fato de que algumas pessoas acreditam que o trabalho esteja completamente 
separado do entretenimento. Como se, nas palavras de Mills a “cada dia os homens 
vendessem pequenas parcelas de si mesmos para tentar comprá-las de novo a cada 
noite e fim de semanacom a moela do divertimento”, ou seja, trabalham durante a 
semana para viverem às noites e nos finais de semana, separando totalmente traba-
lho e vida. “Toda a satisfação que a vida lhes proporciona ocorre fora dos limites do 
trabalho; trabalho e vida estão profundamente separados” (1976, p. 253).
Vale ressaltar mais uma vez que, embora as análises apresentadas por Mills datem 
de 1976, podemos afirmar que muitas delas são bastantes coerentes com situações 
de muitos trabalhadores na atualidade. Muitos vivem a imagem do trabalho durante 
a semana, mas, aos finais de semana e feriados, vestem a imagem alimentada “pelas 
personalidades e acontecimentos divulgados pelos veículos de comunicação de mas-
sa” (1976, p. 253): situação que deixa o homem à mercê de grande frustração e, 
obviamente, estresse.
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UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
“Será que o seu trabalho, utilizando as palavras de Mills, é ‘um mero ganha-pão’ ou ‘a parte 
da mais significativa da vida’?”
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Por isso mesmo, analisar a relação homem-trabalho torna-se relevante, à 
medida que, a despeito do fato de que “essa atividade traz para os homens e para a 
sociedade retornos favoráveis: pelo efeito de um aumento do consumo doméstico, 
e, além disso, de uma melhoria do conforto material” o trabalho “gera na própria 
empresa problemas sociais e humanos que tem, por sua vez, consequências às 
vezes menos vantajosas sobre a vida comum e a saúde dos homens e mulheres que 
ela emprega” (DEJOURS, 1996, p.150).
A saúde mental no trabalho, aspecto por vezes negligenciado por empresas 
e profissionais, ao contrário do que muitos acreditam, pode resultar em prejuízo 
tanto para o trabalhador quanto para a empresa. E é papel de qualquer gestor a 
promoção de saúde mental no ambiente organizacional.
Psicodinâmica do Trabalho
Muito se tem falado sobre a importância do capital humano nas organizações. 
Sobre a importância do conhecimento, da vantagem competitiva, que o capital 
humano pode trazer às organizações. Utilizando as palavras de Fleury, quando 
se trata de competência, é necessário considerar que o “indivíduo agrega valor 
econômico à organização”, mas que esta tem a função de agregar “valor social 
ao indivíduo”.
Assim ao tratar do capital humano, do indivíduo na organização, faz-se necessário 
abordar aspectos relacionados à Psicodinâmica do Trabalhador Moderno. Qual 
a relação do homem atual com seu trabalho? Como anda a saúde mental do 
trabalhador? Tal trabalhador tem consciência do significado daquilo que realiza?
Os custos com a negligência a tais questões não são pequenos. Os transtornos 
mentais ocasionam desde perda da produtividade, até conflitos interpessoais e 
aumento no custo de vida. Segundo dados do Ministério da Saúde (2001) houve 
um aumento de 15% do número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho 
entre os anos de 1994 e 1998, sendo que os transtornos mentais são a terceira 
maior incidência nos casos de auxílio-doença por incapacidade para o trabalho ou 
aposentadoria por invalidez.
Aspectos relacionados à saúde do trabalhador foram abordados no 14º Congres-
so Latino-Americano de Serviços de Saúde. (SAÚDE MENTAL EM FOCO, 2009).
Na palestra “Saúde do Trabalhador: os adoecimentos causados pelo atual 
modelo social e econômico”, o psiquiatra Rubens Hirsel Bergel, da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Paulo, apresentou dados relevantes sobre a 
saúde mental do trabalhador brasileiro. Segundo Bergel, três a cada 10 brasileiros 
apresentam problemas de saúde devido ao estresse no trabalho.
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Para o palestrante, enquanto nos Estados Unidos o prejuízo gerado por 
funcionários doentes chega a US$ 150 bilhões por ano, no Brasil, esse número 
pode ser de aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Problemas como absenteísmo e presenteísmo, segundo Bergel, tem origem em 
fatores relacionados: à saúde, a problemas pessoais, vícios com álcool ou drogas, es-
tresse, depressão, pessimismo, dentre outros (SAÚDE MENTAL EM FOCO, 2009).
Palavra de origem latina, Absenteísmo se refere ao hábito de estar ausente. No ambiente 
organizacional é utilizado para nomear a ausência do trabalhador, o número de horas 
perdidas, seja por faltas, atrasos ou saídas.
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Presenteísmo denomina a situação na qual o empregado, ainda que presente no local de 
trabalho, mas não apresenta produtividade devida.
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Ainda no 14º Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde, doutor 
Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, ao 
proferir palestra sobre Depressão, Absenteísmo e Qualidade de Vida, apontou a 
depressão como a maior causa de incapacitação, uma vez, que reduz a qualidade 
de vida e piora o desempenho no trabalho.
Silva chamou ainda a atenção para a visão deturpada que a população tem acerca 
das doenças psicossomáticas. Segundo o palestrante 75% das pessoas acreditam 
que depressão trata-se de uma forma de fraqueza emocional e 45% culpam a 
vítima, supondo falta de força de vontade. Todavia, cinco em cada 20 pessoas 
consideradas normais são acometidas de depressão e na população brasileira a 
prevalência de depressão está entre 20% a 25%, geralmente em pessoas na faixa 
etária dos 40 anos (SAÚDE MENTAL EM FOCO, 2009).
Palavra de origem grega, Psicossomática é a junção de psique (alma em grego) e soma 
(corpo, no mesmo idioma). Doenças Psicossomáticas são relativas às manifestações 
orgânicas, manifestações no corpo, cuja origem é psicológica.
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O doutor Antonio Geral da Silva ressalta:
“um funcionário custa muito caro. Invista em um ambiente melhor de 
trabalho. Entendam que se trata de doença, não é falta de caráter ou de 
vontade” (SAÚDE MENTAL EM FOCO, 2009).
Sabe-se que é crescente o número de pessoas que de alguma maneira tem sua 
saúde física e mental afetada pelo ambiente de trabalho. Fatores como exigências, 
pressões, mudanças, sobrecarga de trabalho, estão cada vez mais presentes no 
cotidiano das organizações, contribuindo para o estresse ocupacional.
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UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Bridges, no livro “Um mundo sem empregos” de 1995, já afirmava que a 
diminuição dos empregos resultaria na dissolução dos empregos convencionais, 
forçando as organizações a acrescentarem novas responsabilidades aos profissionais 
que ficassem. “Assim, os funcionários que ficam, tendem a pegar os pedaços 
deixados pelos que saem, tornando as descrições de cargo cada vez menos eficientes 
e sem sentido” (p. 29).
Para Lida (2001), as causas do estresse ocupacional relacionam-se as exigências 
físicas ou mentais exageradas, podendo incidir mais fortemente naqueles 
trabalhadores já afetados por outros fatores, como conflitos com a chefia ou até 
um problema familiar (LIDA, 2001).
As empresas precisam voltar a sua atenção para as questões que envolvem a 
saúde mental dos funcionários. Assim, compreender os transtornos relacionados 
ao estresse, torna-se essencial a qualquer gestor, na medida em que lhe permite 
administrar de forma mais eficaz suas consequências.
As repercussões tanto para o profissional quanto para a organização geradas pelo 
efeito do estresse ocupacional justificam medidas de prevenção e apoios contínuos.
Estresse
Robbins citando Schuler define estresse como “uma condição dinâmica na qual um 
indivíduo é confrontado com uma oportunidade, limitação ou demanda em relação 
a alguma coisa que ele deseja e cujo resultado é percebido, simultaneamente, como 
importante e incerto” (2005, p. 438). A definição é interessante, pois traz pontos 
importantes sobre o estresse. Primeiro, é uma condição dinâmica, ou seja, há um 
movimento de forças. Segundo, esse movimento de forças confronta o indivíduo 
com situações as quais exige dele uma decisão (uma escolha, uma restrição de 
possibilidades; e/ou disputa). Terceiro, a decisão, e respectivamente à ação, que 
foi desencadeada por forças opostas, deve ser adotada diante de uma situaçãoque 
merece consideração, pois é relevante, mas também duvidosa, instável.
Ou seja, esse indivíduo está diante de muita pressão. Considerando a definição 
da ciência física, da qual o termo foi retirado, que estresse refere-se a uma tensão 
ou pressão aplicada sobre determinado material capaz de deformá-lo, fica mais 
fácil imaginar a pressão existente.
O termo estresse foi conhecido no século XIX por engenheiros germânicos para representar 
a tensão resultante da aplicação de uma força sobre um corpo. Foi o biólogo canadense Hans 
Selye, que na década de 1920, levou o termo para a medicina.
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Fatores Potenciais de Estresse
Robbins sintetiza três fontes potenciais do estresse: (1) Fatores Ambientais; 
(2) Fatores Individuais; e (3) Fatores Organizacionais. O Quadro 1 apresenta os
componentes de cada um dessas fontes de estresse.
Quadro 1 – Fontes potenciais de estresse
Fontes de Estresse Componentes
Fatores ambientais Incerteza econômica
Incerteza política
Incerteza tecnológica
Terrorismo
Fatores individuais Problemas familiares
Problemas econômicos
Personalidade
Fatores Organizacionais Demandas das tarefas
Demandas dos papéis
Demandas interpessoais
Estrutura organizacional
Liderança organizacional
Estágio da vida da organização
Fonte: Adaptada de Robbins, 2005, p. 440.
A história recente de nosso país traz situações que resultam em incerteza política 
e consequentemente econômica. Os impeachments dos ex-presidentes Fernando 
Collor de Mello e da Dilma Roussef desencadearam incertezas nas organizações, 
e, também nos cidadãos, sendo exemplos de fatores ambientais potenciais de 
estresse. Vale destacar que, evidentemente, os impeachments não são os únicos 
motivos para a crise do país, mas contribuem para o ambiente de incerteza e por 
isso estão sendo utilizados como exemplo nesse texto.
Avanços tecnológicos também podem ser fontes potenciais de estresse, quer 
por ameaça em ocupar o lugar do ser humano, como por exemplo, o emprego das 
pessoas, quer pela dificuldade que algumas pessoas ainda têm de adaptar-se a eles, 
especialmente os imigrantes digitais.
O conceito “imigrante digital“, assim como o de “nativo digital” foi criado por Marc Prensky 
em 2001. O primeiro, imigrante digital, faz referência aqueles que não nasceram em uma 
atmosfera psicológica e que tiveram que se adaptar às novas tecnologias. O segundo, nativo 
digital, são os nascidos a partir de meados de 1980 e que passaram a vida toda convivendo 
com as novas tecnologias”.
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O último fato ambiental apresentado no Quadro 1, embora não conste no 
quadro de Robbins é descrito por ele, uma vez que esse tem sido mais um dos 
fatores potenciais de estresse. O autor comenta que os estadunidenses, depois do 
evento de 11 de setembro de 2001, desenvolveram uma nova fonte de estresse 
relacionadas as aglomerações e edifícios muito altos.
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UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Como comentado, as incertezas políticas e econômicas desencadeadas pelos 
processos de impeachments dos ex-presidentes mencionados resultaram em crise 
econômica, o que fez com que muitos trabalhadores perdessem seus empregos. 
E o desemprego é mais uma, dentre tantos outras, ocorrência que desencadeia 
problemas econômicos para a população, o que também é um fator potencial de 
estresse, mas nesse caso individual.
Se a crise economia e o desemprego podem ser considerados como possíveis 
ocorrências desencadeadoras de problemas econômicos; podemos afirmar que 
o inverso também pode ocorrer. Ou seja, a estabilidade econômica e a fartura
de recursos também podem contribuir para a geração de problemas econômicos
para o indivíduo. Muitos cidadãos ao se verem com boas condições financeiras
gastam mais do que deveriam, ingressam em uma onda frenética de consumo, que
pode sim desencadear problemas econômicos futuros por se gastar mais do que os
rendimentos recebidos.
A forma como lidamos com situações fonte de estresse também é considerada 
um fator potencial, ou não, de estresse. Por isso a personalidade é descrita como 
fator potencial individual.
Por fim os fatores organizacionais são vários. Dejours afirma que as organizações 
do trabalho são as principais fontes das pressões do trabalho que, por sua vez, 
põem em risco “o equilíbrio psíquico e a saúde mental”. (1996, p. 153).
O tipo de tarefa realizada; a existência ou não de autonomia nas decisões 
relacionadas ao trabalho; os papéis que devem ser desempenhados; a sobrecarga 
de trabalho; o estilo da liderança; os relacionamentos interpessoais, entre outros 
fatores, fazem com que a organização seja uma fonte potencial de estresse.
Os fatores de estresse nem sempre ocorrem de forma isolada, mas são 
cumulativos, intensificando ainda mais a possibilidade de desencadear estresse.
Consequências do Estresse
Além das fontes potenciais de estresse, é importante que estejamos sempre 
atentos às consequências do estresse. Tomando como base a organização proposta 
por Robbins, o Quadro 2 apresenta algumas das principais consequências do 
estresse, conforme os sintomas apresentados.
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Quadro 2 – Consequências do estresse
Consequências do Estresse Sintomas
Físicas Dor de cabeça
Aumento da pressão sanguínea
Doenças e/ou ataques cardíacos
Mudança no metabolismo
Aumento do ritmo respiratório
Psicológicos Ansiedade
Tensão
Depressão
Diminuição da satisfação
Irritabilidade
Procrastinação
Comportamentais Produtividade
Absenteísmo
Presenteísmo
Rotatividade/Turnover
Distúrbio do sono
Alterações nos hábitos alimentares/no 
consumo de drogas legais ou ilegais
Inquietação
Fonte: Adaptada de Robbins, 2005, p. 440.
Turnover, termo em Inglês cujo signifi cado na Língua Portuguesa pode ser rotatividade, 
movimento, volume de negócios, entre outras possíveis traduções, é utilizado na área de 
gestão de pessoas como conceito para a entrada e saída de funcionários em um determinado 
período de tempo. Aumento do turnover em algumas empresas e/ou departamento dessas, 
ou seja, alta rotatividade de funcionários, pode indicar a existência de algum problema na 
gestão de pessoas.
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O Quadro 2 traz apenas alguns exemplos de cada um dos sintomas desencadea-
dos pelo estresse. Muitos outros descobertos ou não são possíveis, uma vez que se 
trata de uma doença psicossomática.
A diversidade de sintomas, a relação de cada um desses sintomas e o estresse, 
além das diferenças entre cada indivíduo e os sintomas, fazem com que essa doen-
ça seja ainda mais difícil de ser compreendida e administrada, tornando-a suscetível 
ainda a muitos erros de diagnóstico e preconceitos.
Por todas consequências que as relações homens-trabalhos podem desencadear, 
inclusive o estresse, é importante que o gestor considere os aspectos relacionados 
à saúde do colaborador como essencialmente parte de sua atuação como líder.
“Não é impossível à emergência, um dia, da noção de responsabilida-
de empresarial em relação à saúde mental das populações que depen-
dem efetivamente e socialmente dos trabalhadores que ela empresa.”
(DEJOURS, 1996, p. 173)
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UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Comportamento Organizacional
ROBBINS, Stephen P. (2005) Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall.
 Leitura
Desafios da Sociedade do Conhecimento e Gestão de Pessoas em Sistemas de Informação
PESTANA, M. C. et. al. Desafios da sociedade do conhecimento e gestão de pessoas 
em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 2, p. 77-84, 
maio/ago. 2003.
https://goo.gl/gWeHkU
Estresse e Fatores Psicossociais
REIS, Ana Lúcia Pellegrini Pessoa dos; FERNANDES, Sônia Regina Pereira; e 
GOMES, Almiralva Ferraz. (2010). Estresse e Fatores Psicossociais. Psicologia, Ciência 
e Profissão, Vol. 30. Nº 4, p. 712-725
https://goo.gl/e2njRN
Sofrimento no trabalho na visão de Dejours
RODRIGUES, Patrícia Ferreira;ALVARO, Alex Leandro Teixeira; e RONDINA, 
Regina. (2006). Sofrimento no trabalho na visão de Dejours. Revista Científica 
Eletrônica de Psicologia. Ano IV. N º 7, Nov. Periódicos semestral.
https://goo.gl/sWMgdY
Uma nova classe média no Brasil da ultima década? O debate a partir da perspectiva sociológica.
SCALON, Celi; e SALATA, André. (2012). Uma nova classe média no Brasil da ultima 
década? O debate a partir da perspectiva sociológica. Sociedade e Estado. Vol. 27. Nº 
2. Brasília, Maio e Ago.,
https://goo.gl/cj2eQx
16
17
Referências
BRIDGES, W. (1995). Job Shift: um Mundo sem Empregos. São Paulo: MB Books.
DEJOURS, Christophe. (1996). Uma visão do Sofrimento Humano nas 
Organizações. Em: CHANLAT, Jean-François (organizador). O indivíduo na 
organização: dimensões esquecidas. Ofélia de Lanna Sette Torres (organizadora); 
tradução e adaptação Arakey Martins Rodrigues; revisão técnica Carlos O. Bertero, 
3º Ed. São Paulo: Atlas.
DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E. & JAYET, C. (1994). Psicodinâmica do 
Trabalho - Contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação Prazer, 
Sofrimento e Trabalho. São Paulo: Editora Atlas S.A.
LIDA, Itiro. (2001) Ergonomia: projeto e produção. 7ed. São Paulo: Edgar Blucher.
MILLS, Wright. (1976) A Nova Classe Média. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2001) Manual de procedimentos para serviço da 
saúde: Doenças Relacionadas ao Trabalho. Brasília.
ROBBINS, Strephen P. (2005). Comportamento Organizacional. 11º ed. São 
Paulo: Pearson Prentice Hall.
SAÚDE MENTAL EM FOCO. (2009) Em busca de novas perspectivas. Módulo 
de saúde mental é sucesso no Congresso Latino-Americano de Serviços de Saúde. 
SINDHOSP. Ano 02, Boletim nº 08, Jul/Ago/Set, 2009..
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Outros materiais