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Tema 1 Pedagogia como Ciência da Educação

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DEFINIÇÃO
Reflexão crítica sobre o conhecimento e a Ciência da Educação,
englobando considerações sobre Filosofia e Ciência, razão e saber, bem
como a problematização do conceito atual de Educação. Reconhecimento
do sujeito como alicerce da Pedagogia do Sujeito e suas implicações para a
Educação.
PROPÓSITO
Abordar a Pedagogia como Ciência da Educação sob a perspectiva
epistemológica, fundamentando a prática pedagógica a fim de superar a
defasagem cultural vivida atualmente pela escola.
OBJETIVOS
Fonte: Shutterstock
MÓDULO 1
Descrever o conceito de Epistemologia como reflexão crítica sobre os
discursos filosófico e científico
Fonte: Shutterstock
MÓDULO 2
Identificar a Pedagogia como a Ciência da Educação
Fonte: Shutterstock
MÓDULO 3
Reconhecer a proposição de uma Educação Integral baseada na filosofia do
sujeito
INTRODUÇÃO
Numa abordagem de cunho epistemológico, pretende-se mostrar a
necessidade de pensar a Pedagogia como Ciência da Educação. Referir-
se ao epistemológico significa aludir a uma reflexão crítica sobre o
conhecimento científico em geral (fundamentado, justificado e validado) e
a como tal conhecimento é produzido nas suas muitas vertentes.
A Epistemologia, ao abordar o conhecimento científico, reconhece o
quanto a Ciência é indispensável. Atualmente, sem dúvida, é a principal
área do conhecimento. Apesar disso, não se pode deixar de considerar as
demais áreas: a Filosofia, a Arte, a Teologia e o senso comum.
Módulo 1
DESCREVER O CONCEITO DE EPISTEMOLOGIA COMO
REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE OS DISCURSOS FILOSÓFICO
E CIENTÍFICO
javascript:void(0)
O CONCEITO DE CIÊNCIA
Para descrever o conceito de Epistemologia, é necessário realizar o trajeto
de construção do pensamento científico a fim de compreender a própria
Epistemologia, assim como perceber que a relação entre Ciência e
Filosofia deve ser indissociável na construção do conhecimento e da
reflexão crítica. Vamos começar entendendo o conceito de Ciência.
O que significa Ciência?
A palavra ciência deriva do latim scientia, scire, isto é, saber, conhecer, e
significa, em sentido amplo, qualquer conhecimento. Com o tempo,
passou a se restringir ao conhecimento do que é produzido pelas ciências
físico-naturais.
Fonte: jennylipets / Shutterstock
Se a Ciência teve início com a observação de certos fenômenos da
natureza, não se pode esquecer, no entanto, que o homem já inventava
instrumentos rudimentares. Havia também ali, no saber prático, o
conhecimento:
Fonte: Andrii_M / Shutterstock
NO PROCESSAMENTO DA PEDRA EM:
MARTELO
INSTRUMENTO DE CORTE
BIGORNA
FACA
CHOUPA
A observação de plantas e animais vem dos primórdios das ciências
biológicas, mas também desembocou no animismo e na magia (chamada
no passado, pelos magos, de Grande Ciência Sagrada). Portanto, o
javascript:void(0)
animismo, a astrologia e a religião estiveram presentes nas origens da
Ciência, ainda que não se possa determinar com precisão a qualidade de
suas relações.
Predominava, entre os gregos, um conceito de razão marcado pela ideia de
um saber especulativo regulado pelo critério da verdade. Contudo, é pela
arquitetura conceitual, na qual ele se exprime, que nos é permitido ver o
mundo adequadamente. Seria, portanto, essa apreensão justa que
constituiria, em si mesma, a última finalidade do saber e, em certo sentido,
da própria vida. Acreditava-se que o conhecimento verdadeiro conduz à
contemplação da realidade, ou seja, permite que a compreendamos em
seus princípios, em sua origem. Ver o mundo na dimensão dos princípios é
vê-lo em sua eclosão, em sua eterna juventude.
CONCLUINDO

A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer
conhecimento.
javascript:void(0)
Qual a relação entre a Ciência e a Filosofia?
Embora a Filosofia grega reservasse um lugar à razão prática, a primazia
era dada à razão especulativa, concebida como finalidade da razão
prática, como se a prática devesse servir à teoria.
Fonte: vangelis aragiannis / Shutterstock
A ferramenta de trabalho do filósofo e do cientista é predominantemente o
pensamento, por meio da pesquisa teórica ou prática. Por isso, muitos
deixam de lado a preocupação com resultados, com o término do trabalho,
dada a importância do processo, o qual, legitimamente, é capaz de encerrar
a pesquisa. Além disso, por ser um processo de conhecimento, há de se
considerar que toda pesquisa colabora com a formação do pesquisador.
Diante do que vimos em relação à finalidade do saber, e, portanto, da
pesquisa, assim como suas possíveis inversões de valores, convém
enfatizar que:
Fonte: Robert Adrian Hillman / Shutterstock
Pesquisas não são voltadas para o objeto, e sim para o sujeito. Dotados de
consciência, os sujeitos têm o poder de agir sobre suas próprias vidas. Eles
conhecem, agem, sentem e querem – características que devem ser
consideradas para distinguir o pesquisar para sujeitos e o pesquisar
sujeitos.
Os conhecimentos filosóficos e científicos exigem sempre um pensamento
rigoroso (voltado a um objeto), possuem um método e são lógicos
javascript:void(0)
(coerentes, não contraditórios).
Fonte: Robert Adrian Hillman / Shutterstock
O conhecimento verdadeiro, seja no contexto filosófico ou científico, diz
respeito ao que é pertinente ao nosso mundo. É assim que, ao fazer
Filosofia e Ciência, o ser humano interpreta suas próprias ações e aquilo
que o cerca, a realidade. Trata-se de um desejo de superar o que lhe causa
admiração, surpresa. É essa interpretação que se transforma em um
enunciado verdadeiro, que pretende dizer exatamente como a realidade é,
mesmo sabendo que o discurso será outro após algum tempo, uma vez que
a realidade se transforma.
CONCLUINDO

A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a
realidade.
FILOSOFIA: USO DO SABER EM
PROL DA HUMANIDADE
O que é Filosofia?
O EUTIDEMO, DE PLATÃO, DEFINE A FILOSOFIA COMO O
USO DO SABER EM PROL DA HUMANIDADE. AFINAL, DE
NADA SERVIRIA SABER TRANSFORMAR PEDRAS EM
OURO A QUEM NÃO SOUBESSE UTILIZÁ-LO; SERIA
INÚTIL UMA CIÊNCIA QUE TORNASSE IMORTAL A QUEM
NÃO SOUBESSE UTILIZAR A IMORTALIDADE E ASSIM
POR DIANTE. É PRECISO QUE COINCIDAM O FAZER E O
SABER UTILIZAR O QUE É FEITO, E ESSA É UMA
CARACTERÍSTICA DA FILOSOFIA.
SEGUNDO NICOLA ABBAGNANO (1999), A FILOSOFIA
IMPLICA:
javascript:void(0)
A POSSE OU AQUISIÇÃO DE UM CONHECIMENTO QUE
SEJA, AO MESMO TEMPO, O MAIS VÁLIDO E O MAIS
AMPLO POSSÍVEL.
O USO DESSE CONHECIMENTO EM BENEFÍCIO DO
HOMEM.
Abbagnano (1999) nota que esses dois elementos são recorrentes nas
definições de Filosofia em diferentes épocas:
PARA DESCARTES A FILOSOFIA SIGNIFICA O ESTUDO DA
SABEDORIA, A QUAL NÃO É SOMENTE A PRUDÊNCIA,
MAS O PERFEITO CONHECIMENTO DE TODAS AS COISAS
POSSÍVEIS AO SER HUMANO, TANTO PARA A CONDUTA
DE SUA VIDA QUANTO PARA A CONSERVAÇÃO DE SUA
SAÚDE E PARA A INVENÇÃO DE TODAS AS ARTES.
PARA HOBBES A FILOSOFIA É O CONHECIMENTO
CAUSAL E A UTILIZAÇÃO DESSE CONHECIMENTO EM
BENEFÍCIO DA HUMANIDADE.
PARA KANT O CONCEITO CÓSMICO DE FILOSOFIA, QUE
INTERESSA NECESSARIAMENTE A TODOS OS HUMANOS,
É O DE “CIÊNCIA DA RELAÇÃO DO CONHECIMENTO À
FINALIDADE ESSENCIAL DA RAZÃO HUMANA”.
PARA DEWEY A FILOSOFIA É UMA “CRÍTICA DE
VALORES”, NO SENTIDO DE CRÍTICA DAS CRENÇAS, DAS
INSTITUIÇÕES, DOS COSTUMES, DAS POLÍTICAS, NO
QUE SE REFERE A SEUS ALCANCES SOBRE OS BENS.
CONCLUINDO

A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o
objetivo de beneficiar o próprio homem.
A CIÊNCIA MODERNA
Não se fará aqui referência à Ciência em geral, mas à disciplina científica,
que se caracteriza como tal quando possui um objeto, um método e um
corpo conceitual. Toda disciplina científica tem obrigatoriamente um
objeto, isto é, aquilo que ela quer conhecer. Logo, a objetividade é uma de
suas peculiaridades. Por isso, a objetividade tornou-se a característica
daquilo que é objetivo, isto é, a postura que o cientista adota ao ver as
coisas como realmente são.
Como surgiu a CiênciaModerna?
Pode-se afirmar que a Ciência Moderna nasceu sob a égide do que se
chamou método experimental. De fato, a Ciência sempre se esforçou para
eliminar tudo o que dizia respeito à subjetividade a fim de poder definir,
reproduzir e comunicar os fatos. E o fez prolongando nossos sentidos por
meio de instrumentos de medição, os quais determinaram o tratamento
meramente quantitativo dado a eles.
Pensou-se que, por meio da repetição dos experimentos, fosse possível
evitar o risco de erro. Sob essa perspectiva, o fato científico nada mais é do
que o fato mensurável. Por isso, a Ciência Moderna ocupou-se de
descrever seus procedimentos de medida, valendo-se da linguagem
matemática para tornar essa descrição fiável.
A reprodução dos fatos é primordial para os cientistas modernos. Daí a
importância adquirida por aquilo que eles chamam de método
experimental. Para aqueles que trabalham com os fenômenos físico-
naturais, não há Ciência sem experiência. A Ciência Moderna deslocou, do
sujeito para o objeto, a questão do método. Com isso, criou um grande
problema, principalmente para as ciências humanas, fazendo com que a
questão do método fosse aprofundada. Por exemplo:
Para os psicólogos, a experiência (ou teste) também passou a ter
importância.
Para o historiador, a fidelidade aos documentos não deixa dúvida sobre a
importância dada aos fatos.
CONCLUINDO

A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por
meio do método experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma,
o foco passava a ser o objeto, que poderia ser descrito e testado.
A EPISTEMOLOGIA COMO
CAMINHO DE CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
Há dois caminhos para o conhecimento do objeto:
CATEGÓRICO-DEDUTIVO
EMPÍRICO-INDUTIVO
CATEGÓRICO-DEDUTIVO
javascript:void(0)
Lalande (1993), ao se referir a categórico-dedutivo, remete-nos ao termo
dedutivo – que constitui uma dedução – e atribui a ele quatro sentidos.
Interessa-nos o segundo: falar de uma conduta geral de pensamento,
aquela que utiliza apenas o raciocínio (como nas matemáticas puras), sem
fazer apelo à experiência no curso de seu desenvolvimento. O método
dedutivo é chamado de:
CATEGÓRICO-DEDUTIVO
Quando se parte de proposições dadas como verdadeiras.
HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Quando essas proposições iniciais são apenas supostas a título provisório
ou consideradas como simples lexis.
EMPÍRICO-INDUTIVO
Para indutivo, Lalande (1993) atribui dois significados:
MÉTODO INDUTIVO
Que procede por indução.
VERDADE INDUTIVA
Que resulta de uma indução.
O autor afirma haver um sentido usual na linguagem filosófica para o termo
indução:
OPERAÇÃO MENTAL QUE CONSISTE EM REMONTAR DE
UM NÚMERO DE PROPOSIÇÕES DADAS, GERALMENTE
SINGULARES OU ESPECIAIS, A QUE CHAMAREMOS
INDUTORAS, A UMA PROPOSIÇÃO OU A UM PEQUENO
NÚMERO DE PROPOSIÇÕES MAIS GERAIS, CHAMADAS
INDUZIDAS, TAIS QUE IMPLICAM TODAS AS
PROPOSIÇÕES INDUTORAS.
LALANDE, 1993
Toda disciplina científica tem uma terminologia própria, o que, na maioria
das vezes, chega mesmo a identificá-la, sem referência explícita a ela. Por
exemplo:
Quando nos referimos a número, cálculo, binômio, congruência, resto,
função, sequer precisamos mencionar a Matemática.
O mesmo acontece com peso, massa, aceleração, movimento, vetor,
gravidade, pois sabemos que fazem alusão à Física.
O corpo conceitual diz respeito aos conceitos que são próprios a uma
disciplina científica. Por isso, a lógica do discurso de uma disciplina
científica depende, também, de seu corpo conceitual. Nesse ponto,
retomamos a Epistemologia a partir da construção do corpo, da
investigação, do método, enfim, das condições necessárias para se
construir um estudo científico. Esse é um movimento intelectual, a formação
de um campo formatado em uma forte base epistemológica.
Quando surgiu o termo Epistemologia?
O termo Epistemologia, para definir as condições necessárias à produção
do saber científico, surgiu com James Frederick Ferrier. Atualmente
adotamos esse termo de modo mais amplo, como teoria do
conhecimento, forma de representar e estruturar o conhecimento
humano, daí constituir-se em campo, em conjunto, e não se fechar em uma
verdade, mas em um valor atrelado ao conhecimento e à sua busca.
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Na Epistemologia, não existe forma certa ou errada, mas desenvolvimento,
busca humana pelo conhecimento. Métodos podem ser refutados;
resultados, discutidos; discursos, negados; mas a Epistemologia é
vivenciada na forma de pesquisa, na sua organicidade e melhora constante.
Epistemologia é considerar o objeto investigado de forma ampla e
complexa, sua história, sua relação com outros desenvolvimentos, e a
certeza de ampliação e revisão constante dos saberes.
Quando nos propomos a compreender a Pedagogia como uma Ciência,
percebemos que ela tem sua Epistemologia. Antes de conhecê-la, vamos
compreender o conceito enquanto campo de conhecimento.
CONCLUINDO

A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento
humano.

Para saber mais sobre a Epistemologia como reflexão crítica sobre os
discursos filosófico e científico, assista ao vídeo a seguir.
RESUMINDO
Nesse módulo, concluímos que:

A Ciência significa saber, conhecer. Em sentido amplo, significa qualquer
conhecimento.

A Ciência e a Filosofia utilizam o pensamento para interpretar a
realidade.

A Filosofia é o estudo de questões fundamentais da vida humana, com o
objetivo de beneficiar o próprio homem.

A Ciência Moderna ressaltou a importância de se reproduzir os fatos, por
meio do método experimental, com o objetivo de validá-los. Dessa forma,
o foco passava a ser o objeto, que poderia ser descrito e testado.

A Epistemologia busca representar e estruturar o conhecimento
humano.
EPISTEMOLOGIA
Disciplina filosófica que estuda a maneira pela qual os saberes
científicos se constituem.
ANIMISMO
Crença de que as coisas naturais sejam dotadas de alma.
ARQUITETURA CONCEITUAL
É uma forma de arquitetura que utiliza o conceitualismo, caracterizado
por uma introdução de ideias ou de conceitos de fora da arquitetura,
muitas vezes como um meio de expandi-la.
Fonte: Hisour
SUJEITO
Aquele a quem se predica algo, que é anunciado como tal e toma suas
ações a partir disso, logo, parte componente da ação.
EUTIDEMO, DE PLATÃO
De acordo com Ribeiro (2014), o Eutidemo é um diálogo que oferece
alguns problemas quando situado nas tradicionais interpretações da
filosofia platônica que tendem a ver os diálogos como uma totalidade
teórica.
JAMES FREDERICK FERRIER
James Frederick Ferrier (1808-1864) é considerado o criador do termo
Epistemologia. Foi professor de Filosofia Moral na Universidade de
Saint Andrews e um dos precursores da filosofia pós-hegeliana na
Inglaterra.
Fonte: ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA.
EMPÍRICO
O empirismo é uma doutrina filosófica e, em particular, gnosiológica que
defende a ideia de que o conhecimento se funda na experiência.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A PERCEPÇÃO DE CIÊNCIA TEM RELAÇÃO DIRETA
COM O FENÔMENO DE CONSTRUÇÃO DO MUNDO
OCIDENTAL. A IDEIA DE OCIDENTE É MODERNA, MAS FOI
USADA PARA LEGITIMAR UM CONJUNTO DE
INFLUÊNCIAS HISTÓRICAS QUE REMETE À
ANTIGUIDADE. QUANDO ESTUDAMOS A DINÂMICA
DESSA FORMAÇÃO, CHEGAMOS ATÉ A EPISTEMOLOGIA,
QUE SE BASEIA EM UM VÍNCULO ENTRE A RAZÃO
PRÁTICA E A ESPECULATIVA. OBSERVANDO ESSA
INFLUÊNCIA HISTÓRICA É CORRETO DIZER QUE:
A) A Filosofia grega não contemplava a razão prática.
B) A Filosofia grega não contemplava a razão especulativa.
C) A Filosofia grega primava pela razão prática, em detrimento da razão
especulativa.
D) A Filosofia grega primava pela razão especulativa, em detrimento da
razão prática.
2. COMO A EPISTEMOLOGIA PODE CONTRIBUIR COM OS
DISCURSOS FILOSÓFICO E CIENTÍFICO?
A) Como reflexão crítica de saberes, seus processos, sua historicidade.
B) Como história descritiva das mentalidades.
C) Como discurso metafísico, resgatando a conexão com uma verdade
suprema.
D) Como limitadora da arrogância humana.GABARITO
1. A percepção de Ciência tem relação direta com o fenômeno de
construção do mundo ocidental. A ideia de Ocidente é moderna, mas
foi usada para legitimar um conjunto de influências históricas que
remete à Antiguidade. Quando estudamos a dinâmica dessa formação,
chegamos até a Epistemologia, que se baseia em um vínculo entre a
razão prática e a especulativa. Observando essa influência histórica é
correto dizer que:
A alternativa "D " está correta.
A realidade, o mundo e o saber prático estavam presentes na Filosofia
grega, berço da Ciência Moderna. Mas a primazia, nesse sistema de
pensamento, era da razão especulativa. E chegava, segundo Ladrière
(1979), a depositar nela a razão de ser e a finalidade da razão prática.
2. Como a Epistemologia pode contribuir com os discursos filosófico e
científico?
A alternativa "A " está correta.
Ao refletir criticamente sobre a percepção humana, a Epistemologia permite
trilhar o caminho do conhecimento, a fundamentação física e social para
constituir um campo de conhecimento.
Módulo 2
IDENTIFICAR A PEDAGOGIA COMO A CIÊNCIA DA
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA
Vamos agora dedicar nosso olhar à relação entre Educação e Pedagogia.
Educar seria um ato epistemologicamente construído ou um ato natural
humano. A Educação é um discurso, é uma prática social recorrente,
independentemente de lhe ser aplicada um estudo técnico.
No século XVIII, a organização de um campo científico, para pensar e
construir a Epistemologia educacional, foi consagrada com o nome de
Pedagogia. Repare, não é uma mera estrutura de palavras, mas a
percepção de que — diante de uma prática vital e poderosa, cercada de
filosofia, de história, de anseios — passa a ser constituído um campo de
saber próprio, múltiplo, vívido, que se encerra na construção de uma
Epistemologia singular, da qual trataremos a seguir.
O DISCURSO NORTEADOR DA
EDUCAÇÃO
Podemos dizer que a Educação nasce de uma construção discursiva,
prática recorrente que vai se consolidando de forma específica. Voltemos à
Filosofia para resgatar um importante conceito que nos será útil daqui em
diante: o de discurso.
O que podemos entender por discurso?
Os conhecimentos filosófico e científico exigem sempre que seus discursos
sejam específicos, porque seus conhecimentos decorrem de pensamentos
rigorosos, que se dirigem a um objeto, possuem um método e são lógicos,
coerentes, não contraditórios. E assim devem ser, pois a Ciência nasceu
sob a égide da razão e da verdade. Não é por outro motivo que o rigor da
Ciência se encontra nos seus próprios discursos, a exemplo do discurso
filosófico.
javascript:void(0)
Há um discurso recorrente em nossa sociedade, apresentado de forma
genérica, perdendo muitas vezes o sentido que aproxima a Educação,
enquanto campo científico, da atuação do pedagogo no movimento desse
campo. A partir deste momento, buscaremos aplicar as bases da
Epistemologia discutida, das contradições exploradas e da busca desse
sentido estrito no campo da Educação.
CONCLUINDO

Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse
modo, a Educação, como Ciência, nasceu de uma construção discursiva
que vem se consolidando de forma específica.
A CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
A Educação é tida como uma prática social e até mesmo histórica. Mas,
originariamente, prática, ou fazer, tem o sentido de arte – a tékhne grega –
e, como tal, exige um conhecimento daquilo que se faz. Portanto, o sentido
de tékhne é o de fazer e o de ensinar (saber) a fazer. Para se fazer bem, é
preciso conhecer o que se vai fazer; e para saber bem, é preciso
competência para fazer.
Muitas obras já têm feito a distinção entre Educação e Pedagogia, o que é
importante para caracterizar a Ciência da Educação, ou seja, a Pedagogia.
Contudo, é preciso considerar a inevitável indissociabilidade entre teoria e
prática. Toda prática traz embutida em si uma ou mais teorias e toda teoria
traz em si mesma uma prática. Nem sempre se tem clareza sobre isso.
Basta ficar atento àqueles que querem sempre “aplicar” teorias.
Ao afirmarmos que a Pedagogia é a Ciência da Educação, consideramos a
Educação seu objeto. A questão fundamental é o que se concebe por
Educação. Seria equivocado pensar que a Pedagogia é uma reflexão
sobre o que se faz nas escolas. Ela é muito mais do que isso.
Se considerarmos que somos adeptos da Ciência grega, podemos afirmar
que sempre houve a preocupação com um ideal de formação humana. Os
gregos absorveram e transmitiram o patrimônio cultural de muitos povos
que os precederam, principalmente o babilônico e o egípcio, e não deixaram
de transmitir os seus próprios conhecimentos.
É preciso tomar cuidado com a expressão “ciências da educação”, embora
ela seja bastante difundida. Muitos atribuem-na àquelas ciências que,
muitas vezes, servem de suporte para algumas argumentações em termos
pedagógicos, como a Sociologia, a Psicologia e a Antropologia. Contudo,
essas ciências não são da Educação. Mesmo que elas possam estudar
determinados aspectos acerca da Educação, elas o fazem sob a ótica de
cada uma. Quanto à Filosofia, não é considerada uma Ciência; pelo menos
no sentido que esta tomou desde os séculos XVI e XVII: estudo dos
fenômenos, os quais são submetidos à prova matemática (ciências formais)
e à verificação (ciências empíricas).
javascript:void(0)
Então, uma vez que consideramos a Pedagogia como a Ciência que estuda
a Educação, como se dá a organização do conhecimento científico?
Fonte: Shutterstock
EM RELAÇÃO AO
MÉTODO
Não há um método específico para a Pedagogia, assim como não há para
qualquer Ciência. É uma opção que cabe a cada pesquisador. Tudo
depende do ponto de partida (geral ou particular).
EM RELAÇÃO AO
CORPO CONCEITUAL
A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido, mas isso não causa
problema algum, uma vez que é possível se valer de conceitos utilizados
por outras disciplinas científicas quando necessário. A esses conceitos
devem ser atribuídos significados absolutamente adequados à própria
Pedagogia.
É preciso dar um tratamento científico à Educação, pois apenas fazemos
ideia do que ela seja. Contudo, a ideia que dela fazemos é unilateral e,
muitas vezes, falsa, porque é calcada no senso comum. É preciso, também,
ter acesso às teorias pedagógicas e que cada professor questione, com
frequência, seu papel social e profissional. As relações sociais, as
influências do meio, das condições de trabalho, da mídia, da política etc.
fazem da Educação uma atividade humana singular.
CONCLUINDO

A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de
outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos
sobre o fazer e o ensinar.
O CAMPO DA EDUCAÇÃO
Associando o entendimento do conceito epistemológico da Pedagogia como
a Ciência da Educação, precisamos nos remeter brevemente aos séculos
XIX e XX.
SÉCULO XIX
Ainda que a Educação, enquanto técnica, tenha sido debatida, disputada e
organizada ao longo do tempo, a construção de um conjunto de pesquisas
complexas, representações sociais e vínculos com outras práticas
científicas só emerge no século XIX.
SÉCULO XX
Estudos que revelam como compreender os debates sobre o ensino, o
aprendizado, a didática e a Psicologia construíram discursos, conceitos e
abordagens que permitiram a Pedagogia ter se tornado, no século XX, uma
das mais importantes e debatidas ciências nas sociedades ocidentais. Foi
considerado que, de alguma forma, ela representaria a marca, a
continuidade e o avanço pretendido. Ao longo do século XX, no entanto,
esse campo se multiplicou, ramificou e se reestruturou muitas vezes.
Entendemos, portanto, que a Pedagogia assumiu características e
estruturas que a transformaram em uma Ciência, constituindo uma
Epistemologia viva para refletir a Educação, a qual passa a ser um campo
de investigação liderado pela Pedagogia. Muitos esperam uma conclusão
definitiva de como operar, como fazer, qual aconcepção vigente correta
para a perfeita Educação e qual a conclusão de séculos de estudo. Esse
processo e essas respostas não existem. Perceber a Educação como um
campo e a Pedagogia como uma Ciência é um convite para que você
constate e estruture a sua Epistemologia. Esteja disposto a se aprofundar,
vivenciar e debater, pois essa é a única forma de compreender a dinâmica
do campo.
CONCLUINDO

No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser
definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre
esse campo de estudos.

Para saber mais sobre a Pedagogia como Ciência da Educação, assista
ao vídeo a seguir.
RESUMINDO
Nesse módulo, concluímos que:

Um discurso específico é capaz de caracterizar um campo cientifico. Desse
modo, a Educação, como Ciência, nasceu da construção discursiva que
vem se consolidando de forma específica.

A Pedagogia, como Ciência da Educação, utiliza o corpo conceitual de
outras disciplinas científicas para desenvolver os conhecimentos científicos
sobre o fazer e o ensinar.

No estudo da Educação pela Pedagogia, a Epistemologia deve ser
definida pelo pesquisador, a partir de análises, vivências e debates sobre
esse campo de estudos.
RIGOR
Linha de ação (démarche) que respeita os acordos e as convenções,
implícita ou explicitamente decididos.
PEDAGOGIA É UMA REFLEXÃO
SOBRE O QUE SE FAZ NAS
ESCOLAS
Uma forma alternativa de compreender essa dinâmica é o estudo da
História da Educação / das Pedagogias, percebendo como o tempo e a
sociedade são marcantes para as características sociais
representadas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERANDO A PEDAGOGIA COMO A CIÊNCIA DA
EDUCAÇÃO, PRECISAMOS ASSOCIÁ-LA
ADEQUADAMENTE. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Atualmente, podemos afirmar que Ciência não é Filosofia e Filosofia não
é Ciência.
B) Atualmente, mais do que nunca, a Filosofia é uma Ciência.
C) A Filosofia é Ciência, porque ela é também experimental.
D) A Ciência é Filosofia, porque cabe a ela discutir problemas que são
próprios da Filosofia.
2. SOBRE O USO DE CONCEITOS PELA PEDAGOGIA
PODEMOS PERCEBER QUE:
A) A Pedagogia não tem um corpo conceitual definido.
B) A Pedagogia não pode emprestar conceitos de outras ciências.
C) A Pedagogia só pode emprestar conceitos da Filosofia.
D) A Pedagogia não empresta conceitos porque é uma prática.
GABARITO
1. Considerando a Pedagogia como a Ciência da Educação,
precisamos associá-la adequadamente. Assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
A utilização do termo ciência no sentido contemporâneo é bastante recente,
consolidando-se somente no século XX. Porém, a Ciência – nesse sentido
do termo – é mais antiga, remontando mais ou menos ao século XVII. No
meio tempo, era usualmente denominada Filosofia natural, o que reflete, é
claro, a origem da Ciência na busca do saber pelo saber, destacada pelos
antigos. Eles não distinguiam Ciência de Filosofia; tudo era Filosofia. A
palavra ciência, que já existia (em latim scientia; em grego episteme), era
usada para diferenciar o tipo especial de conhecimento a que Aristóteles
cantou louvores: o conhecimento universal e certo acerca dos fenômenos
naturais, dos números, das figuras geométricas, buscado sem
preocupações práticas. Essa compreensão é vital para perceber por que a
Pedagogia deve ser entendida como um ramo, um campo científico próprio,
e não como noções desprovidas de sentido em nossa dinâmica social.
2. Sobre o uso de conceitos pela Pedagogia podemos perceber que:
A alternativa "A " está correta.
A Pedagogia emerge do campo da prática e a partir dela é teorizada. Esse
movimento é muitas vezes o inverso do esperado, pois, com base no olhar
da Ciência do século XIX, espera-se que a capacidade humana gere
perguntas e constitua um campo de poder ou social. Quando entramos no
campo da Pedagogia, encontramos um fenômeno recorrente, histórico,
tradicional, diante de um exercício de compreensão do que representava
aqueles séculos de prática. Por isso, o seu corpo conceitual é importado,
fruto de outras interações das ciências humanas que se formularam como
pesquisa, e a Pedagogia baseia-se nessa relação para aplicar seus
conceitos.
Módulo 3
RECONHECER A PROPOSIÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO
INTEGRAL BASEADA NA FILOSOFIA DO SUJEITO
EDUCAÇÃO INTEGRAL
Você sabe o que é Educação Integral?
EDUCAÇÃO INTEGRAL É
EDUCAÇÃO EM TEMPO
INTEGRAL!
ESSA AFIRMAÇÃO ESTÁ CORRETA?
SIM
A afirmação está incorreta. Educação Integral não é educação em tempo
integral. Apesar de poder ser aplicada, não trataremos do tempo do aluno
na escola, mas da formação do sujeito de forma integral.
NÃO
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Educação Integral não é educação em tempo integral. Apesar de poder ser
aplicada, não trataremos do tempo do aluno na escola, mas da formação do
sujeito de forma integral.
A Educação Integral entende a existência do sujeito para além de sua
condição cognitiva, considerando seus afetos e suas dimensões sociais,
psicológicas e físicas em um contexto de relações. O sujeito tem
desejos, anseios e demandas simbólicas, buscando satisfazer-se por
meio das suas diversas formulações de realização.
Gonçalves (2006) afirma que a Educação Integral propõe a visão do sujeito
em diversas dimensões, não apenas cognitiva, mas também como sujeito
que tem afetos e desejos que precisam de satisfação. Há muitos debates no
campo da Educação versando sobre a educação estética, sobre a questão
da Neurociência, e uma série de outras pesquisas, as quais é importante
conhecer. Mas tudo isso parte de uma teoria pedagógica anterior, da
percepção filosófica do sujeito, e é sobre ela que nos atentaremos neste
módulo.
Se o campo da Educação tem sua Epistemologia, se a Pedagogia é sua
Ciência, é o sujeito que lhe fornece sentido. Consolidou-se, assim, um dos
preceitos iniciais, mas fundamentais, para a Educação Integral:
Ela não pode ser meramente instrucional, pautada na repetição, na
exposição unilateral de conteúdo. Para que haja uma Educação Integral, é
necessária a compreensão de que educar é instigar o pensamento, ouvir
opiniões contraditórias, construir argumentos, ou seja, é necessário
conhecer o sujeito.
Fonte: ESB Professional / Shutterstock
CONCLUINDO

A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o
psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional.
CONHECENDO O SUJEITO
Uma Pedagogia do Sujeito busca a construção do sujeito e que ele se
reconheça como tal. Para refletirmos sobre esse sujeito, um pensamento de
Martin Claret:
NO ESPAÇO E NO TEMPO, TODAS AS COISAS MUDAM.
TRANSFORMAM-SE. NADA TEM FORMA PERMANENTE. A
ÚNICA COISA PERMANENTE É A IMPERMANÊNCIA.
MODIFICAR-SE É O INÍCIO DA SABEDORIA.
O sujeito é quem se modifica, logo, é ele quem sabe. Saber tem
conotação mais forte do que conhecer. Saber é ter consciência do
conhecer. E isso porque o ser humano não tem o monopólio da
aprendizagem. Modificar-se é fazer alusão à necessidade que temos, todos,
de nos construir e de nos reconhecer como sujeitos.
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O SUJEITO SE DEFINE POR E COMO UM MOVIMENTO,
MOVIMENTO DE DESENVOLVER-SE A SI MESMO. O QUE
SE DESENVOLVE É SUJEITO. (...) PORÉM, CABE
OBSERVAR QUE É DUPLO O MOVIMENTO DE
DESENVOLVER-SE A SI MESMO OU DE DEVIR OUTRO: O
SUJEITO SE ULTRAPASSA, O SUJEITO SE REFLETE.
DELEUZE, 2001
Observe que o desenvolver a si mesmo, o ultrapassar-se e o refletir alertam
para a importância de se dizer eu. Eu sou e, por ser, construo-me
autônomo, livre e responsável, nos meus comportamentos e nas minhas
realizações. Por isso, é imprescindível que cada um de nós se construa e se
reconheça como sujeito. Construir-se sujeito nada mais é do que edificar-se
nas próprias dimensões. O sujeito emerge no limiar da interioridade e da
exterioridade.
Referir-se à interioridade é fazer referência aos aspectos psíquicos
relativos ao conhecer/saber (o cognitivo), ao fazer (o motor), ao sentir (o
emotivo) e aoquerer (o volitivo).
Referir-se à exterioridade é fazer referência ao corpo, à família, ao social
e ao espiritual (não necessariamente ao religioso).
Importante chamar a atenção para algumas funções do dinamismo
psicológico do saber, que sempre devem ser consideradas quando nos
referimos ao sujeito:
INTROSPECÇÃO
EXTROSPECÇÃO
ATENÇÃO
MEMÓRIA
INTUIÇÃO
PENSAMENTO
LINGUAGEM
IMAGINAÇÃO
PERCEPÇÃO
OUTRAS
Essas funções vêm sendo estudadas pelas ciências, demonstrando que,
devido à noção de sujeito ter surgido na Modernidade, não se pode, ao
estudá-la, deixar de levar em consideração as contribuições atuais da
Antropologia, da Sociologia, da Biologia, da Linguística, das Neurociências,
das Ciências Cognitivas, dentre outras. Os aspectos psíquicos
interpenetram-se entre si, da mesma forma como os aspectos constituintes
da exterioridade. E ambas, a interioridade e a exterioridade, também se
interpenetram.
É preciso, também, fazer referência aos termos autoconsciência e
consciência de si, próprios da linguagem contemporânea. Aquele que tem
consciência de si sabe de suas possibilidades, de seu valor ou da
importância de suas ações. Trata-se de uma determinação que designa ou
caracteriza uma relação entre um eu e um outro (que é um eu). Com isso,
não se pode deixar de considerar o conceito de alteridade.
CONCLUINDO

O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em
constante desenvolvimento.
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A PEDAGOGIA DO SUJEITO
Uma Pedagogia é teoria e método. Método é a interação entre um
procedimento de ensino – os procedimentos de ensino têm a intenção de
fazer com que o aluno aprenda o que tem de aprender – e uma teoria
correspondente. Alguns exemplos, apenas, permitirão ao leitor se enveredar
pelos caminhos do método pedagógico. Antes, convém observar que a
Pedagogia do Sujeito parte dos seguintes princípios:
Cada 
sujeito é
um sujeito
O sujeito
é quem 
aprende
O sujeito 
aprende no 
seu ritmo
O sujeito 
aprende 
com o erro
O sujeito 
aprende 
melhor em 
grupo
Desde a indicação dos materiais que serão utilizados em classe até a
análise e a compreensão das atividades, depara-se o professor com a
obrigação de indicar exatamente como as aulas serão desenvolvidas e
como as atividades devem ser propostas. Tal preparação demanda
pesquisa sobre os conteúdos a serem trabalhados, sobre a formulação das
atividades, sobre a lógica embutida nas suas proposições e sobre os
procedimentos que permitirão desenvolvê-las.
É preciso que o professor saiba que, se não fizer essa preparação, se não
vivenciar a experiência de também se submeter às atividades, prejudicará a
aula. Portanto, trata-se de um momento que não tem o propósito de
instrumentalizar o professor para simplesmente repassar a solução dos
exercícios aos alunos.
Habituados a nos preparar para ensinar, para dar respostas, torna-se
estranho e difícil mantermos uma atitude coerente de deixá-los buscar
suas próprias soluções. E, especialmente, de fazer com que os alunos
percebam os seus próprios erros. O professor precisa entender que, ao se
assumir sujeito, deve encarar o aluno como sujeito. O que não acontece,
por exemplo, quando o auxilia na solução ou soluciona um problema por
ele.
É estranho e complexo para o aluno entender que, quando o professor nega
a ele um dado desnecessário ou uma resposta correta, esteja exatamente
autorizando-o a trabalhar com autonomia, com liberdade, isto é, a ser ele
mesmo. Ao mesmo tempo em que professores e alunos realizam suas
atividades procurando vivenciar experiências particulares e conjuntas,
muitas vezes ainda nos causa estranheza que tal vivência, para ser
coerente com a situação de experiência, não deva ser antecipadamente
preparada a fim de ser bem-sucedida.
Então, qual é o papel do professor em uma Pedagogia do Sujeito?
Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock
Quanto ao papel do professor, o momento de desenvolvimento da aula,
mais do que seria de se esperar e de forma contundente, demanda-lhe ser
sujeito. Porque, mesmo tendo vivenciado de maneira muito intensa a
preparação da aula, depara-se, dentre outras questões, com a exigência da
precisão da linguagem e de que se valha apenas das informações
necessárias à sua realização.
Assim, na Pedagogia do Sujeito, a linguagem utilizada deve:
Mas porque a linguagem precisa e rigorosa é tão importante?
A prolixidade e o descuido com o significado e o valor das palavras
dispersam a atenção dos alunos, bem como os levam a não se
responsabilizar pelo que dizem ou pelo que fazem.
Sem precisão e rigor de linguagem, diz-se por dizer e não há
consequentemente o cumprimento rigoroso da aula.
A repetição dos preceitos induz à desatenção e à negligência, além de
desvalorizar a situação vivenciada e a elaboração mental que ao aluno é
solicitada.
Quando não se respeitam os momentos próprios de cada atividade, os
alunos se confundem e aqueles que não estão atentos certamente vão
entender as orientações de forma truncada ou incompleta.
Explicações adicionais desnecessárias e excesso de orientações para
facilitar a solução dos problemas propostos desmerecem a competência dos
alunos, tolhem-na, relaxam a exigência e o rigor do exercício. Podem até
conduzi-los ao encontro de caminhos que não sejam os por eles mesmos
descobertos e escolhidos e que anulam assim sua função e seu papel de
atores/autores.
Quanto ao princípio de que os exercícios sejam inéditos, cumpre destacar
que muitas pedagogias trabalham num sentido radicalmente oposto ao
apresentado, porque dão ênfase à repetição, à apresentação de modelos de
solução, ao exemplo, ao treinamento, à proposição de situações regulares e
rotineiras, que reduzem as dificuldades tanto de professores quanto de
alunos. Por isso, jamais se deve enfatizar resultados. Não se trata de negá-
los, mas de saber que fazem parte da situação vivenciada.
Na perspectiva da Pedagogia do Sujeito, as atividades não devem ter
caráter utilitário, nem finalístico. O aluno precisa conhecer. Logo, não
interessa a ele visar a uma finalidade prática. O importante é que ele
compreenda que a finalidade não é desenvolver objetos, mas desenvolver a
si próprio.
A prática das atividades fundamenta toda análise. Não há precedência de
teorias. A teoria é subjacente a qualquer atividade. Essa concepção da
teoria, inerente ou imbricada e não dicotomizada da prática, constitui atitude
interdisciplinar, substancialmente perceptível quando professor e alunos
discutem a realização das atividades.
Exige-se do professor que seja consciente, responsável e vigilante ao
considerar objetos banais, porque o mais importante é o sujeito. E é essa
uma das bases sobre as quais a Pedagogia do Sujeito edifica seu corpo
teórico. Não é por outro motivo que a Pedagogia do Sujeito desconstrói os
clichês ou os rótulos de que uns são melhores do que os outros... Não é
melhor aquele que fez um objeto melhor. O que interessa é aquele que se
faz melhor a partir do que vivencia.
Por isso, não cabe ao professor julgar o aluno, mas ao próprio aluno julgar
se fez melhor. Ao professor compete provocar atitudes de avaliação para
que todos e cada um avaliem como está se construindo o sujeito. A
Pedagogia do Sujeito não se preocupa com o sucesso ou com o fracasso,
pois é vivenciando essas experiências que o sujeito é construído. A
Pedagogia do Sujeito jamais destaca que um sujeito tem maior ou menor
habilidade nisto ou naquilo. Jamais admite o raciocínio das compensações.
Um aluno nunca é bom em uma coisa e ruim em outra.
CONCLUINDO

A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno
desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas
próprias experiências individuais ou coletivas.
A PROPOSTA DE UMA EDUCAÇÃO
INTEGRAL DO SUJEITO
A Pedagogia do Sujeito concebe e busca construir o sujeito em sua
totalidade. E é por isso que todas as atividades têm que trabalhar diversas
habilidades. Deve-se alertar o alunode que um mau desempenho em uma
atividade jamais será indicativo da impossibilidade de bem realizá-la. Pelo
contrário, é dessa atividade que ele mais necessita, uma vez que é ela que
apresenta desafios complexos, difíceis de serem enfrentados e a que mais
o desenvolverá.
Há de se alertar o aluno para o fato de que, se ele é bem-sucedido em
determinada atividade, poderá ser bem-sucedido em outras, pois estará
efetivamente se desenvolvendo ao ampliar suas potencialidades.
Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock
Quanto às atitudes consideradas menores, no cotidiano escolar, um
exemplo bastante significativo é o da exploração do erro. Não cabe nem
ao aluno nem ao professor esconder qualquer tipo de erro. Ao contrário, o
professor deve provocar no aluno constante atitude de vigilância para que
este perceba o erro, uma vez que não há por que temê-lo. Não há por que
escondê-lo de quem quer que seja, principalmente de si mesmo. É errando,
e tendo consciência do erro, que se aprende. Além disso, é lastimável que
deixemos escapar as possibilidades de nos questionarmos.
Professores e alunos precisam encontrar o caminho da busca do
conhecimento, seja ele qual for (o filosófico, o científico, o artístico, o
teológico e, até mesmo, não descuidar do senso comum), bem como
precisam assumir o papel que lhes cabe de se formarem, também,
pesquisadores. Um sujeito nada é sem o outro. Por isso, a relação
intersubjetiva deve ser ética, respeitando os valores morais do grupo em
que vivem ou deles próprios. Importante destacar que a escola tem papel
decisivo, que deve ser definido com urgência, pois pela Educação se dará
prioridade e se resguardará a qualidade de vida, a luta pela cidadania, a
superação das desigualdades sociais, a dignidade e a felicidade dos seres
humanos.
CONCLUINDO

A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e,
por isso, é uma proposta de Educação Integral.

Para saber mais sobre a Educação Integral e a Pedagogia do Sujeito,
assista ao vídeo a seguir.
RESUMINDO
Nesse módulo, concluímos que:

A Educação Integral abrange o sujeito em todos os âmbitos: o social, o
psicológico, o cognitivo, o sentimental, o físico e o emocional.

O sujeito constitui-se de aspectos interiores e exteriores e está em
constante desenvolvimento.

A Pedagogia do Sujeito tem como objetivo permitir que o aluno
desenvolva a sua autonomia na busca pelo conhecimento, a partir das suas
próprias experiências individuais ou coletivas.

A Pedagogia do Sujeito busca desenvolver o sujeito em sua totalidade e,
por isso, é uma proposta de Educação Integral.
MARTIN CLARET
Martin Claret é um empresário, editor e jornalista brasileiro, fundador da
Editora Martin Claret, com a qual ajudou a popularizar o conhecimento
e a educação.
ALTERIDADE
Alteridade, do latim alteritas (outro), é a concepção que parte do
pressuposto básico de que todo ser humano social interage e
interdepende do outro.
Fonte: Wikipedia
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A EDUCAÇÃO INTEGRAL DEVEMOS TER COMO
CENTRO DO PROCESSO QUE:
A) A educação tem a ver com aprender a pensar.
B) A questão do método já está suficientemente estudada.
C) Referir-se ao epistemológico integral significa referir-se à leitura dos
textos científicos.
D) A ideia de fundamento da Educação Integral sempre esteve ligada à
ideia de experimentação/tempo.
2. A PEDAGOGIA DO SUJEITO É UMA PROPOSTA QUE,
INDEPENDENTEMENTE DA ADOÇÃO DE MODELOS E
MÉTODOS, DEVE PAUTAR A REFLEXÃO DOCENTE NA
VISÃO DE QUE O ALUNO É UM SUJEITO DE DESEJOS E
QUE A SUA COMPREENSÃO ENQUANTO SUJEITO
PERMITE OBTER RESULTADOS DIVERSOS. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA CARACTERÍSTICA
VITAL DESSA PRÁTICA PEDAGÓGICA:
A) Conhecer a si mesmo é uma exigência humana que tem perpassado o
tempo e isso só pode ser experimentado na prática.
B) Pautados no conhecimento que temos de nós mesmos, não seria
possível conhecer a Filosofia e a Ciência; logo, deve-se pensar e analisar o
autoconhecimento como caminho.
C) Na verdade, há somente uma única maneira capaz de nos conduzir a
nós mesmos: o autoestudo.
D) Atividades que visem a despertar habilidades, para que o aluno possa
pela prática perceber e analisar o que está sendo realizado, assim como na
vida.
GABARITO
1. Sobre a Educação Integral devemos ter como centro do processo
que:
A alternativa "A " está correta.
A Educação Integral possui um conjunto de possibilidades sendo discutido
no campo da Educação. No entanto, um dos seus elementos primordiais
está em um conceito básico: ela só tem sentido se percebe o aluno como
um ser pensante e vivo no ambiente escolar. Suas opiniões devem importar.
2. A Pedagogia do Sujeito é uma proposta que, independentemente da
adoção de modelos e métodos, deve pautar a reflexão docente na
visão de que o aluno é um sujeito de desejos e que a sua compreensão
enquanto sujeito permite obter resultados diversos. Assinale a
alternativa que apresenta uma característica vital dessa prática
pedagógica:
A alternativa "D " está correta.
As respostas erradas trazem algumas raízes importantes. A Pedagogia do
Sujeito parte da experiência do sujeito, das suas concepções, disputas e
necessidades. Sua lógica é respeitar o ser de forma integral e construir um
espaço para seu desenvolvimento. Mas a prática não é a única definidora;
assim como o autoconhecimento é vital, mas não é suficiente em hipótese
nenhuma. Autoestudo é uma demanda contemporânea forte, mas não é o
centro do debate da Educação Integral. A resposta está em mediar a
necessidade do sujeito, mas também analisar e refletir sobre o que está
sendo proposto.

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