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LEGISLAÇÃO - DIREITO PROCESSUAL PENAL

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TJ-RS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Felipe Faoro Bertoni
@felipefaorobertoni
felipe@fbps.adv.br
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
CAPÍTULO III
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou
funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no
processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou
impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo
estabelecido para a exceção de suspeição.
SUJEITOS DO PROCESSO
São as pessoas que atuam no processo, de maneira obrigatória ou facultativa.
Sujeitos essenciais: Juiz, acusador (MP ou querelante), acusado e seu defensor.
Sujeitos acessórios (não essenciais): não necessariamente atuarão no processo (assistente de
acusação, intérprete, perito).
JUIZ
É um órgão jurisdicional que representa o Estado.
Poderes do juiz:
Poder de polícia administrativa: é exercido no deslinde do processo com a finalidade de
garantir a ordem e a disciplina dos trabalhos. Encontra previsão no artigo 251 do CPP:
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos,
podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Poder jurisdicional: refere-se à condução do processo relativamente à jurisdição prestada no
caso (decisões interlocutórias, sentença, execução das decisões).
Poderes-meio: atos ordinatórios e instrutórios (esses atos servem para atingir outra finalidade
que é a prestação jurisdicional).
Poderes-fins: atos decisórios e atos executórios (esses atos dizem respeito a efetiva tutela
jurisdicional).
Impedimento e suspeição: hipóteses em que se coloca em dúvida a imparcialidade do
julgador.
Impedimento: incapacidade absoluta para exercer a jurisdição no processo (presunção
absoluta) quando se configurar alguma das hipóteses do rol taxativo do artigo 252 do CPP:
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que (impedimento):
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade
policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
→São hipóteses de presunção absoluta enumeradas em um rol taxativo
(não admite interpretação extensiva).
→Sobrevindo alguma dessas hipóteses, o juiz deve se declarar impedido.
Caso não se declare, qualquer das partes poderá arguir seu impedimento
(art. 112, CPP).
Art. 112, CPP. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de
justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-
se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.
ATENÇÃO: caso se trate de juízo coletivo, não poderão servir no mesmo
processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, conforme art. 253 do CPP:
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem
entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive
Suspeição: presunção relativa de incapacidade subjetiva do juiz que pode –
ou não – se declarar suspeito em alguma das hipóteses do artigo 254 do
CPPP:
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer
das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das
partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
ATENÇÃO: se a parte, de alguma forma, der causa, de maneira proposital à
situação de suspeição, esta não poderá ser declarada nem reconhecida, nos
termos do art. 256 do CPP:
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar
o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
ATENÇÃO: a suspeição ou impedimento decorrente de parentesco por
afinidade (parentesco que não é de sangue) cessa com a dissolução do
casamento que fez surgir o parentesco. REGRA!
Exceção1: se do casamento resultar filhos, não se extingue o impedimento
ou a suspeição.
Exeção2: havendo ou não filhos, permanece o impedimento ou suspeição
relativo a sogro, genro, cunhado, padrasto e enteado.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela
dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas,
ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o
padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo.
Suspeição de funcionários da justiça: aplicam-se as mesmas disposições dos
juízes, nos termos do art. 274, CPP:
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e
funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável.
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO III
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou
funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no
processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou
impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo
estabelecido para a exceção de suspeição.
TÍTULO VIII
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR,
DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DO JUIZ
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem
no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no
feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os
juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado
por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de
ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquerdas partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por
afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa,
salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem
descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o
genro ou enteado de quem for parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando
a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
VAMOS PRATICAR
Diante do que dispõe o Código de Processo Penal sobre os juízes,
A) seu impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do
casamento que Ihe tiver dado causa, mesmo havendo descendentes.
B) a suspeição do juiz poderá ser declarada e reconhecida, ainda que a parte der motivo para criá-la.
C) nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o quarto grau, inclusive.
D) nos processos em que seu cônjuge tiver funcionado como defensor ou advogado, o juiz se dará por
suspeito.
E) eles se darão por suspeitos, e, se não o fizerem, poderão ser recusados por qualquer das partes, se tiverem
aconselhado qualquer delas.
Respostas:
a) ERRADA. “Art. 255 do CPP. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela
dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o
casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de
quem for parte no processo”.
b) ERRADA. “Art. 256 do CPP. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o
juiz ou de propósito der motivo para criá-la”.
c) ERRADA. “Art. 253 do CPP. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem
entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive”.
d) ERRADA. O Juiz estará IMPEDIDO de atuar, conforme Art. 252, I do CPP: “o juiz não poderá exercer jurisdição
no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade
policial, auxiliar da justiça ou perito”.
e) CORRETA. Trata-se de hipótese de suspeição, conforme Art. 254, IV do CPP: “o juiz dar-se-á por suspeito, e, se
não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: (...) IV - se tiver aconselhado qualquer das partes”.
Letra E
A sentença penal condenatória foi proferida por juiz de direito que,
posteriormente, foi promovido ao Tribunal de Justiça e, como
desembargador, não pode participar do julgamento da apelação
interposta pelo condenado. A razão processual de tal vedação é:
a) Suspeição, em razão de foro íntimo.
b) Suspeição, por haver julgado a causa em outra instância.
c) Impedimento, por haver julgado a causa em outra instância.
d) Incompetência, por haver julgado a causa em outra instância.
e) Perda de imparcialidade por haver julgado a causa em outra instância,
mas não havia vedação processual para participar do julgamento.
Resposta: Trata-se de hipótese de impedimento, nos termos do art. 252, III do CPP.
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
(...)
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;
Letra C.
No processo Z, Márcio, magistrado é curador do autor. No processo Y, João é
acionista de sociedade interessada no referido processo. Nestes casos, no processo Z
e no processo Y haverá a
(A) suspeição de Márcio e impedimento de João.
(B) impedimento de Márcio e suspeição de João.
(C) suspeição de ambos os magistrados.
(D) impedimento de ambos.
(E) somente impedimento de João.
Resposta: Márcio é suspeito no processo Z, nos termos do art. 254, V, do CPP:
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
(...)
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.
José é suspeito no processo Y, nos termos do Art. 254, VI do CPP:
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
(...)
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Letra C.
No que concerne aos sujeitos processuais, é correto afirmar que
A) é suspeito o juiz que for amigo íntimo ou inimigo capital do defensor do acusado.
B) é cabível recurso em sentido estrito da decisão que não admite o assistente do Ministério
Público.
C) ocorre suspeição do juiz, se este for administrador de sociedade interessada no processo.
D) poderá ser perito no processo aquele que tiver opinado anteriormente sobre o objeto da
perícia, desde que tal ressalva conste do preâmbulo do laudo.
E) a defesa técnica, quando realizada por defensor público ou constituído, será sempre exercida
através de manifestação fundamentada.
Resposta:
a) ERRADA. De acordo com o art. 254, I do CPP a suspeição ocorre se o juiz foi amigo íntimo ou
inimigo capital DAS PARTES.
b) ERRADA. A decisão é irrecorrível, conforme Art. 273 do CPP: “do despacho que admitir, ou não, o
assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão”.
c) CORRETA. Nos termos do art. 254, VI do CPP: “se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo”.
d) ERRADA. O perito estará impedido, nos termos do Art. 279, II do CPP: “Não poderão ser peritos:
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da
perícia”.
e) ERRADA. O artigo 261, parágrafo único, do CPP refere expressamente apenas o defensor público e
o ativo e não o constituído: “a defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será
sempre exercida através de manifestação fundamentada”.
Letra C.
NÃO ocorre suspeição nos casos em que o juiz
A) for devedor de qualquer das partes.
B) for amigo íntimo ou inimigo capital do defensor do acusado.
C) estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia.
D) tiver aconselhado qualquer das partes.
E) for administrador de sociedade interessada no processo.
Resposta: A alternativa correta é a letra B, pois a suspeição, nos termos do art. 254, inciso I,
ocorre quando o juiz é amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das PARTES e não do
defensor.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das
partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Letra B.

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