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OBSTETRÍCIA Aula 2 - Diagnóstico de Gravidez As manifestações resultantes da fisiologia da gravidez são bem reconhecidas e importantes indícios para o diagnóstico e avaliação de seu desenvolvimento. As alterações endócrinas, fisiológicas e anatômicas que acompanham a gravidez, causam sinais e sintomas que as evidenciam precocemente. Finalidades do diagnóstico de gravidez precoce são: · Controle eficaz das condições mórbidas e/ou dos riscos da gestante vir a apresentá-las; · Adequada avaliação do desenvolvimento fetal. Diagnóstico clínico Baseia-se em sintomas referidos e sinais identificados durante o exame físico da mulher, Estes tem seu grau de confiabilidade, pois permite classificá-los em sinais de: Presunção, Prováveis e de Certeza. Período de adaptação martena ao BHCG Possibilidade Mãe, mama e dermato Hiperemese – Polaciúria – náusea Movimentos percebidos pela mãe Amenorreia < 14 dias Sinal de Hunter – auréola secundária Rede de Haller – rede venosa Tubérculos de Montgomery – aumento das glândulas mamárias Cloasma gravídico – escurecimento da pele da face Probabilidade Útero, vagina e vulva Amenorreia > 14 dias Sinal de Hegar – amolecimento do istmo Sinal de Piskacek – útero assimétrico Sinal de Nobile- Budin – fundo de saco preenchido Sinal de Goodel – amolecimento do colo Sinal de Hartmann – sangramento na nidação (Nidação: implantação do óvulo no endométrio) Sinal de Osiander – aumento do pulso da artéria vaginal Sinal de Kluge – mudança de cor da vagina Sinal de Jacquemier – mudança de cor da vulva Certeza Batimentos fetais (120 -160 bpm) maior certeza de uma gravidez é o coração do bebê. Palpação do feto Movimentos fetais Sinal de Puzos – rechaço (toque onde se sente a cabeça fetal e há movimentação) Diagnóstico laboratorial A princípio a presença de HCG pode ser determinada a partir de 10 dias após a fecundação, isto é, antes de instalada a amenorréia ou, medindo-se em tempo de gestação, na 4a semana aproximadamente. Embora ocasionalmente tenhamos conseguido tal objetivo, por vezes com números inferiores a 1.000 miliUI/ml, confirmando o diagnóstico em titulações entre 200 a 1000miliUI/ml,antes da ausência da menstruação. Uma tentativa de balizar os valores mais significativos oferece os números abaixo em miliUI/ml: 4ª semana – 1.000 5ª semana – 3.000 6ª semana – 6.000 7ª semana – 20.000 Da 8ª a 10ª semana transcorre o “fenômeno apical” de HCG, quando a taxa eleva-se a 50.000 ou mesmo 100.000 miliUI/ml. Depois de 90 dias de amenorreia estabelece-se uma amplitude entre 5.000 e 15.000 miliUI/ml. Qualquer valor abaixo deste limite é indicativo de anormalidade. Um segundo pico de HCG, menor, é descrito na 36ª semana, de significado desconhecido. A descida do primeiro pico é correlacionada à elevação da progesterona placentária, e tal cruzamento traduz a normalidade neste momento crítico após a 12ª semana. Ultrassonografia É possível a visualização do saco gestacional a partir da 6ª semana a partir do início da última menstruação. Com o Transdutor vaginal – no 2° dia de atraso menstrual. O transvaginal é o que permite a melhor visualização das estruturas ovulares. A fase ideal é a partir da 20ª semana, pois neste período o bebê já possui uma imagem mais próxima do que será ao nascer. No exame por via transvaginal, é possível identificar. A presença de saco gestacional intra uterino na 4ª semanas; Da vesícula vitelínica na 6ª semana; Os batimentos cardíacos na 8ª semana; A cabeça fetal e o espessamento do saco gestacional que corresponde a implantação placentária na 10ª semana. Ela deve ser realizada durante as primeiras 18 semanas de gestação, onde permite uma avaliação precisa da idade gestacional. Estudos demonstram que o comprimento cefalocaudal é que define a realidade gestacional, precisamente entre seis a dez semanas, com uma margem de erro de três a cinco dias. Após 12ª semana, o feto começa a se curvar, e o cumprimento cabeça nádega perde sua real precisão. ANOTAÇÕES Pico de hipotensão – No começo da gestação a tendência da P.A. é cair, aumentando apenas no final da gravidez. Gravidez de alto risco – quando há hipertensão desde o início Pré – eclâmpsia: aparecimento de hipertensão e proteinúria após a 20a semana de gestação Eclampsia: é uma complicação da pré-eclâmpsia, quando a pressão arterial está acima de 140/90 mmHg após a 20ª semana de gravidez, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto Hiperemese gravídica – vômito durante toda a gravidez Ácido fólico x gestação Responsável pela formação do tubo neural Feito nas primeiras 20 semanas ou com acompanhamento do sulfato. Aula 3 - Modificações do Organismo Materno Importante – Reconhecer as anormalidades Orientar como lidar com desconfortos MODIFICAÇÕES CUTÂNEAS · Melasma (que pode variar pela melanina) · Estrias (Temos diminuição da hidratação associado a vasodilatação e aumento de estrogênio.) · Secreções (resultado de um incremento da ação progestegênica.) Sinal de Halban - é um sinal clínico que pode surgir devido à intensificação da nutrição dos folículos pilosos com a gravidez e refere-se ao aparecimento de pelos finos e macios (lanugem) geralmente na face e/ou couro cabeludo. MODIFICAÇÕES GENITAIS Ação do estrogênio que aumenta o tecido conjuntivo e ligamentos de sustentação uterina, vasos sanguíneos e linfáticos. · O colo muda de formato, fica mais maleável e sensível (friável e sangrante) · Leucorreia (secreção vaginal – que pode vir a causar cândida) · Ph se torna mais ácido, partes da vulva se hipertofiam. Obs: evita-se o preventivo MODIFICAÇÕES UTERINAS Cresce por volta de 4 cm por mês De 36 – 40 cm dependendo da estrutura da mulher Sinal de Piskacek / Nobile Budin / Hegar MODIFICAÇÕES OSTEOARTICULARES Lordose lombar – dormência – desconforto Cãimbra - marcha anserina – fadiga Embebição gravídica – elasticidade das articulações ao longo de todo o corpo da gestante, para permitir acomodação pélvica. Cuidados: Correção de postura - yoga – fisio – massagem Aumento da ingestão de líquido e cálcio Sódio e Magnésio para mulheres com deficiência desses minerais MODIFICAÇÕES CARDIOVASCULARES No final da gestação, o DC é maior em duas situações: · Decúbito lateral esquerdo (descompressão da veia cava inferior) · No parto/puerpério devido a redução do volume sanguíneo no secundamento e aumento do retorno venoso. Secundamento – saída da placenta · Em casos de aumento dos níveis pressóricos na gestação, o DC tende a diminuir. · Há a diminuição da PA, da RVP, aumento do volume sanguíneo, aumento do peso materno e do metabolismo. · RVP diminui mais no início da gestação · Resultado da circulação uteroplacentária, prostaglandinas e estrogênios nas paredes dos vasos. Pressão nos MMII – Acontece pelo fenômeno da Síndrome da hipotensão supina, quando pela compressão das veias pélvicas e veia cava, ela dificulta o retorno venoso e aumenta a pressão. A descompressão da veia cava leva a um reflexo que acarreta bradicardia, hipotensão, lipotimia. QUEDA DE PRESSÃO NO INÍCIO – Acontece pelo tônus diminuído, baixa resistência pela circulação placentária. Hipotensão postural pode ocorrer. · A FC – tende aumento no início da gestação cerca de + 15 bpm · A hipertrofia do coração mesmo discretamente aumenta o volume sanguíneo e o débito cardíaco. · Edema fisiológico é diferente de doença hipertensiva. Varizes – dor – peso – dormência – formigamento Cuidados: meia elástica – angiologista – exercícios MODIFICAÇÕES RESPIRATÓRIAS Dispneia – caixa torácica aumentada – elevação do diafragma – diminuição da expansão dos pulmões. Pelo fluxo sanguíneo aumentado – podem ocorrer obstruções nasais, epistaxes, alterações de voz MODIFICAÇÕES HEMATOLÓGICAS Anemia Fisiológica - Há um aumento aproximado de 20-30% no número de hemácias, diminuindo a hemoglobina. leve (10-10,9 g/100mL), moderada (9,9 – 7 g/100mL) e grave (<7 g/100mL). Importante: observar as taxas de anemia, coagulograma, troponina, ocitocina, cortisol. Troponina – enzima de alteração cardíacaOcitocina - é um hormônio produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise posterior, e tem a função de promover as Contrações musculares uterinas durante o parto e a ejeção do leite durante a amamentação Cortisol – hormônio do estresse Tríplice gradiente descendente TGD A atividade uterina durante o trabalho de parto inicia-se no fundo do útero, de onde progride inferiormente em direção ao colo, com aumento progressivo de intensidade e duração na medida em que a propagação ocorre. · Tromboembolismo – alto risco · Leucocitose é frequente – há maior facilidade de desenvolver processos infecciosos como pielonefrite e pneumonia, também de TVP. · A variação da PA, pode está relacionado a aldosterona, e afetar os rins. Aldosterona: controla o sódio e o potássio, regulando o volume de fluidos. Atua para diminuir a excreção de sódio e aumentar a excreção de potássio no rim, glândulas sudoríparas e glândulas salivares. Conserva o sódio no cólon. A superprodução causa a retenção de líquidos e o aumento da pressão arterial, fraqueza. MODIFICAÇÕES METABÓLICAS · Retenção de água pela osmolaridade plasmática. · Comum, edema de mmii · A gestação é um estado potencialmente diabetogênico, havendo leve hiperisulinemia, hipoglicemia de jejum e hiperglicemia pós-prandial. Na segunda metade da gestação, verifica-se o crescimento dos hormônios contrainsulínicos (lactogênicos placentários e cortisol). Estes estimulam a lipólise, o que acarreta o aumento dos ácidos graxos livres. Retenção de sódio no organismo materno em função do aumento de líquido amniótico, da expansão do líquido extracelular e do crescimento fetal. · Cálcio e Magnésio diminuem - Estes são uteis na mecânica uterina. · Iodo diminui - sendo necessária a reposição dietética ou medicamentosa. Aumento do peso do rim em cerca de 30%, aumento do fluxo plasmático renal. Isso permite uma perda de nutrientes · Diminuição da concentração de ureia e creatinina. · Os ureteres sofrem compressão pelo crescimento uterino e pela congestão do plexo venoso ovariano. · A hidronefrose e a dilatação podem persistir até 3-4 meses. O que favorece a estagnação de urina e recorrentes ITU. Somado a polaciúria pela ação do útero na bexiga. Hidronefrose – inchaço do rim por má esvaziamento da urina MODIFICAÇÕES DIGESTÓRIAS · Mudança de localização dos órgãos · Diminuição do tônus, da motilidade, secreção gástrica e tempo de esvaziamento. Picamalácia – desejo de comer coisas estranhas. Cuidados para afastar hiperemese: Dieta – carboidrato – Vitamina B6 (Ela é muito importante para o metabolismo das proteínas, gorduras e glúcidos. Estimular a função hepática, atuar na formação dos glóbulos vermelhos, manter a função normal dos nervos e atuar positivamente nas reações químicas de proteínas. OBS: Também pode estar associada a fatores psicogênicos. · Sialorreia e Sangramento gengival pela sensibilidade aumentada, pela ação do estrogenio sistêmico. · Pirose, pelo aumento da compressão gástrica e do refluxo. Constipação e hemorroias (que normalmente são temporárias) também é comum. MODIFICAÇÕES PSÍQUICAS E NERVOSAS Emocionais ou hormonais – desde afetividade e irritabilidade até fadiga e sonolência. PRÉ NATAL Nuligesta: Mulher que nunca esteve grávida; Nulípara: Mulher que nunca pariu; Primigesta: Mulher que engravida pela 1ª vez; Primípara: Mulher que só teve um filho; Multigesta: Mulher que engravidou várias vezes; Multípara: Mulher que teve vários partos. Propedêutica obstétrica, avaliação da gestante para diagnóstico e prognóstico do ciclo gravídico-puerperal (exame obstétrico) Antecedentes específicos: ginecológico, data da menarca. Coitarca, ciclo menstrual, relação sexual, prática contraceptiva Antecedentes obstétricos: evolução ciclo gravídicas anteriores, peso, IG, altura uterina, paridade, números de G, e quaisquer outros detalhes obstétricos da mulher. DUM: DATA DA ÚLTIMA MENSTRUAÇÃO DPP: DATA PROVÁVEL DE PARTO No exame físico, serão encontrados e avaliados os aspectos e modificações já citadas, fisiológicas ou patológicas. Sinais e sintomas. PALPAÇÃO A altura do fundo uterino aumenta 4cm a cada mês de gestação. Ao final estará com 36-38cm reduzindo 2cm após a queda do ventre. Manobras de Leopold Primeiro tempo: Palpação do fundo uterino. Segundo tempo: Palpação dos flancos com delimitação do dorso e pequenas partes fetais. O feto pode estar em: SITUAÇÃO: Longitudinal, transversal ou obliqua. APRESENTAÇÃO: Cefálica, pélvica ou córmica. Terceiro tempo: Exploração da mobilidade cefálica. Quarto tempo: Exploração da escava. Ver se o bebê tá insinuado, encaixado Usar o sonar de pinard, para fazer a ausculta do coração do bebê por último, o exame especular, podendo colher o preventivo e caso perceba-se alguma anormalidade. OBS: O estrogênio aumenta novamente no final da gestação para as contrações A melhor opção é fazer exames antes de engravidar para saber das necessidades. Não ter passagem: não ter proporção céfalo-pelvica Ocitocina: não utilizar antes dos 7 cm de dilatação A respiração errada da mãe no parto, pode causar a volta e a dificuldade da saída do bebê. Respirar para fora DHEG - Doença Hipertensiva Específica da Gestação SHG – Síndrome hemorrágica gestacional Principal causa de morte materna, pode acontecer por doença, rotura, aborto, descolamento ou placenta prévia. DTG – Doença trofoblástica gestacional Mola hidatiforme – principal tipo de DTG, tumor benigno nas células da placenta, impede o desenvolvimento do embrião. Mola hidatiforme invasora – acontece quando as vesículas se expandem para espaços vasculares, vagina ou pulmões. Tumor trofoblastico placentário – tumor de endométrio e miométrio, decorrente de gravidez, mola, aborto. Precisa de quimioterapia.