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TECNOLOGIA ASSISTIVA EDIÇÃO Nº 1 – 2016 DENISE CORDEIRO GONÇALVES CANAL APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a) Esse livro refere-se à disciplina de Tecnologia Assistiva do Curso de Pós Graduação em __________________________, na modalidade à distância, do Grupo Educa+. O Objetivo dessa disciplina é capacitar você, caro(a) aluno(a), a conhecer os fundamentos da Tecnologia Assistiva (TA), que servem de base para atuação na área de Educação, Saúde e Tecnologia. Com o estudo desse material didático pedagógico, você será levado a conhecer e dominar os conceitos básicos de TA, Classificação e Legislação, recursos e limitações de portadores de mobilidade leve, moderada e alta, bem como, ferramentas capazes de proporcionar independência e qualidade de vida aos que dela necessitam. A Tecnologia Assistiva é um tema de grande importância na área da Inclusão de portadores de deficiência. Vale destacar que a TA tem por objetivo auxiliar, promover e ampliar a habilidade de um indivíduo portador de alguma limitação motora, devido a uma deficiência ou até mesmo decorrente da idade avançada. A seguir, vocês vão conhecer desde conceitos mais básicos até os mais complexos, passando por uma ampla gama de equipamentos e serviços que poderão aplicar no dia a dia, com intuito de minimizar os problemas funcionais encontrados nesses indivíduos. Ao longo desse curso, você conhecerá inúmeros conceitos e em breve estará apto a diferenciá-los no mundo acadêmico e profissional. Então, prepare-se, uma nova história começa agora. Boa leitura e bons estudos. Professora e Educadora em Tecnologia Assistiva- Denise Cordeiro Gonçalves Canal Tecnologia Assistiva 2 2 Sumário UNIDADE 01 ................................................................................................................... 5 APRENDIZAGEM & TECNOLOGIA ASSISTIVA ....................................................... 5 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM .......................................................................... 5 APRENDIZAGEM PIAGETIANA .................................................................................. 6 APRENDIZAGEM E A FETIVIDADE WALLONIANA ............................................... 7 TECNOLOGIA ASSISTIVA ............................................................................................ 8 CONCEITO ....................................................................................................................... 9 CLASSIFICAÇÃO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - TA .......................................... 10 APRESENTAÇÃO DOS RECURSOS DE TA .............................................................. 10 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................... 12 UNIDADE 02 ................................................................................................................. 13 A EDUCAÇAO ESPECIAL NO BRASIL ..................................................................... 13 LEGISLAÇÃO RELACIONADA À PESSOA COM DEFICIÊNCIA .......................... 15 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................... 24 UNIDADE 03 ................................................................................................................. 25 DEFICIÊNCIA, ACESSIBILIDADE E RECURSOS .................................................... 25 DEFICIÊNCIA ................................................................................................................ 25 RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSITIVA EM ATIVIDADES CULTURAIS E ESPORTIVA ................................................................................................................... 27 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE ............................................................................ 28 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE E AO COMPUTADOR ..................................... 29 TELECOMUNICAÇÕES ............................................................................................... 29 LEITURA/ESCRITA ...................................................................................................... 30 MOBILIDADE MANUAL ............................................................................................. 32 MOBILIDADE ELÉTRICA ........................................................................................... 33 ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA ...................................................................... 34 TRANSPORTES PRIVADOS ........................................................................................ 36 ADAPTAÇÕES EM VEÍCULOS ................................................................................... 36 TRANSPORTES PÚBLICOS-COLETIVOS ................................................................. 37 ACESSIBILIDADE EM TRANSPORTES COLETIVOS ............................................. 38 TRANSPORTE COLETIVO METROFERROVIARIO ................................................ 38 DEFICIÊNCIA ................................................................................................................ 40 DEFICIÊNCIA VISUAL - CEGUEIRA ........................................................................ 40 AS PATOLOGIAS OCULARES QUE MAIS ACOMETEM AS CRIANÇAS ............ 40 RECURSOS PARA CEGOS E PORTADORES DE BAIXA VISÃO .......................... 41 SURDEZ E DEFICIÊNCIA AUDITIVA ....................................................................... 44 DEFICIENCIA FÍSICA .................................................................................................. 47 PARALISIA CEREBRAL .............................................................................................. 48 RECURSOS TÉCNICOS ................................................................................................ 49 DEFICIENCIA MENTAL (INTELECTUAL) ............................................................... 53 FATORES QUE PODEM DESENCADEAR A DEFICIÊNCIA MENTAL ................. 54 DEFICIÊNCIA MENTAL E A ESCOLA ...................................................................... 55 RECURSOS PARA DEFICIENTE MENTAL (INTELECTUAL) ................................ 57 PROTÉSE E ÓRTESE .................................................................................................... 60 PRÓTESES ..................................................................................................................... 60 TIPOS DE PRÓTESE ORTOPÉDICAS ........................................................................ 61 Tecnologia Assistiva 3 3 ÓRTESES ....................................................................................................................... 61 CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES .............................................................................. 62 ÓRTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL .............................................................. 62 ÓRTESES PARA MEMBROS INFERIORES ............................................................... 62 ÓRTESES PARA MEMBROS SUPERIORES .............................................................. 63 CALÇADO ORTOPÉDICO ........................................................................................... 64 CARACTERÍSTICAS DO CALÇADO ORTOPÉDICO ............................................... 64 ESTIMULAÇÃO FUNCIONAL .................................................................................... 65 ADEQUAÇÃO POSTURAL .......................................................................................... 68 COMO EVITAR ERROS NA INDICAÇÃO DE UM RECURSO DE TA? ............. 68 SUGESTÕES PARA AS ESCOLAS ..............................................................................70 ESTIMULAÇÃO DE SENTIDOS ................................................................................. 71 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................... 72 UNIDADE 04 ................................................................................................................. 73 NEUROCIÊNCIA – NEUROPLASTICIDADE E O EDUCADOR .............................. 73 NEUROCIÊNCIA ........................................................................................................... 73 NEUROPLASTICIDADE .............................................................................................. 74 O PAPEL DO EDUCADOR ........................................................................................... 76 EXERCÍCIOS PROPOSTOS .......................................................................................... 78 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 79 CALENDARIO INCLUSIVO ...................................................................................... 81 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82 GABARITO ................................................................................................................... 85 Unidade 1 ........................................................................................................................ 85 Unidade 3 ........................................................................................................................ 86 Unidade 4 ........................................................................................................................ 86 Tecnologia Assistiva 4 4 APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a) A Tecnologia Assistiva, também conhecida como Recursos de Ajudas Técnicas, é um tema de grande importância para a inclusão dos portadores de Deficiência. Área do conhecimento ainda pouco explorada, ela pode ser estudada e aplicada por multiprofissionais, por exemplo: Educadores, Psicólogos, Engenheiros, Neurocientistas... O Livro Tecnologia Assistiva tem como objetivo apresentar a importância dos recursos técnicos de ajuda, bem como, inserir, ou reinserir, pessoas com deficiência a espaços públicos, educacionais, mercado de trabalho e ambiente social, proporcionando maior qualidade de vida e autonomia. A TA vem crescendo ainda de forma discreta em nosso país, se comparado à quantidade de portadores de necessidades especiais. O Governo Federal tem feito a sua parte para contribuir com os cidadãos que necessitam de apoio e ajuda gratuita. A necessidade de conhecer os diferentes tipos de deficiência tem chamado a atenção de instituições públicas e privadas. Apresentar recursos de apoio aos necessitados é considerado tão importante quanto qualificar profissionais para atuarem nesse mercado de trabalho. Destaca-se, também, no Livro, a importância de conhecer as inúmeras variáveis que podem levar à deficiência no indivíduo. Com base nos indicadores de saúde, nosso objetivo é capacitar você, aluno(a), a lidar com o dia a dia de um deficiente, seja na escolha de um recurso ou na utilização do mesmo. Boa leitura e bons estudos. Professora Mestre em Saúde Materno Infantil - Denise Cordeiro Gonçalves Canal Tecnologia Assistiva 5 5 UNIDADE 01 APRENDIZAGEM & TECNOLOGIA ASSISTIVA Caro(a) Aluno(a) Seja bem-vindo(a) ! Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assinalando os assuntos, à medida que for estudando. CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM O termo “aprendizagem” deriva do latim “apprehendere”, que significa apropriar-se, adquirir. Segundo o dicionário Houaiss (2010, p.59), aprender é adquirir conhecimento ou habilidade prática. Aprendizado é o processo de aprender e a duração deste processo configura a aprendizagem. A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente, é um processo amplo que envolve vários fatores: intelectual, psicomotor, afetivo, físico e social. O aprender ocorre ao longo da vida do indivíduo, abrangendo: hábitos formados, aspectos da vida afetiva e assimilação de valores culturais. Inicia-se no ambiente familiar, na medida em que a criança vai se desenvolvendo os pais vão ensinando e orientando-a, ao ingressar na escola o aprendizado torna-se mais formal e o professor será o mediador em seu desenvolvimento e aprendizagem. (José e Coelho, 1999, p. 6). O ser humano, ao nascer, dispõe de algumas capacidades, uma delas é o aprender, que vai sendo desenvolvido ao longo de sua vida. O ato de aprender depende de aspectos biológicos, cognitivos e de estímulos ambientais. Há aprendizados que não necessitam de um mediador, estes surgem por meio de reflexos e instintos e são, por exemplo, o ato de mamar, do falar, do andar, e do brincar. Porém, há aprendizados que devem ser passados de maneira estruturada, sendo eles, a leitura, a escrita, o cálculo e os esportes. Estes fazem parte do aprendizado escolar. Os conhecimentos ensinados na escola tornarão este aluno(a) apto para ingressar na sociedade, portanto, o aprendizado escolar é uma etapa fundamental para o desenvolvimento intelectual da criança. (Maia. 2011, p.12). Tecnologia Assistiva 6 6 APRENDIZAGEM PIAGETIANA Jean Piaget (1896-1980) foi um teórico que defendeu a visão interacionista do desenvolvimento. Ele foi um biólogo que se dedicou a investigar como se forma a inteligência e a construção do conhecimento. Ao observar a construção lógica do pensamento das crianças, Piaget concluiu que seria o caminho para entender a gênese (nascimento) do conhecimento. (Davis e Oliveira. 1998, p.37) A teoria de Piaget aborda o desenvolvimento da inteligência e a construção do conhecimento denominada por Epistemologia Genética, é uma teoria centrada no desenvolvimento natural da criança que passa por quatro estágios, que vai do nascimento até a adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Piaget observou que a lógica de desenvolvimento da criança é diferente da lógica do adulto e, portanto, sua pesquisa estava voltada para os mecanismos que levam a lógica do pensamento infantil se tornar em adulta. (SOUZA, 2011, p.23) De acordo com Souza (2011, p.24), a teoria de Piaget sobre a construção do conhecimento baseia-se no estudo das assimilações e acomodações e, por consequência, a aprendizagem. A assimilação significa interpretação, o sujeito cognitivamente capta o ambiente e a cada conhecimento assimilado o individuo usa as estruturas mentais que já possui. A acomodação é a modificação dos sistemas de assimilação, ou seja, é uma alteração na estrutura mental do indivíduo. Nesta teoria, a inteligência está ligada a assimilação e acomodação, o equilíbrio entre ambas é conhecido por adaptação. “O homem aprende assimilando a realidade e acomodando os esquemas e operações em sua mente”. (SILVA, 2011, p.24) Piaget (1970, p.15) apud Munari (2010, p.33). Tecnologia Assistiva 7 7 APRENDIZAGEM E A FETIVIDADE WALLONIANA Henri Wallon (1879-1962) era médico, filósofo e psicólogo. Uma de suas teorias aborda o desenvolvimento intelectual, afetividade, movimento, inteligência e formação do eu. A emoção tem um papel importante no desenvolvimento. Através das emoções os alunos expressam seus sentimentos, desejos e vontades. A emoção precede a linguagem, o bebê se comunica através da emoção. Para Wallon, as informações, as imagens e experiências são construídas e modificadas pelas emoções que acompanham os processos de atenção e memória. As emoções desempenham papel relevante na construção da memória. (SOUZA, 2011, p.30) "O desenvolvimento não se encerra na adolescência,mas permanece ao longo da vida do indivíduo. Afetividade e cognição estarão, dialeticamente, sempre em movimento, alternando-se nas diferentes aprendizagens que o indivíduo incorporará ao longo de sua vida.” (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p.37). Ativar circuitos capazes de fazer com que o deficiente amplie sua bagagem ou seu currículo oculto será determinante nos primeiros anos de vida. Independente do tipo de limitação, o objetivo sempre será criar caminhos para transformar ou ampliar o aprendizado. Aprender ou reaprender, em alguns casos, é uma forma de reconectar os processos neurais, estabelecendo conexão sinápticas funcionais. Quanto mais atividades e exercícios o deficiente praticar, maior será a qualidade das ligações neurais e funcionamento sináptico cerebral. Para haver ganhos positivos na aprendizagem, será necessário envolver uma gama de variáveis ao processo. Pais, professores, responsáveis, médicos, fisioterapeutas e afins são fundamental para que o ensino seja centrado no deficiente. Não só no ambiente escolar, mas em todos os lugares onde ele for inserido. Questione, busque soluções para determinados problemas, limitações. A motivação será fundamental para obtenção dos resultados esperados. Tecnologia Assistiva 8 8 TECNOLOGIA ASSISTIVA A Tecnologia Assistiva (TA) é resultado do avanço das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. A grande preocupação com os portadores de necessidades especiais nos últimos anos impulsionou, ainda mais, o trio da Educação, Saúde e Tecnologia, objetivando a restauração da limitação imposta ao paciente por algum motivo. Em meados de 2006, foi criado o Comitê de Ajudas Técnicas - (CAT), hoje nomeado como Tecnologia Assistiva - (TA). A Tecnologia Assistiva (TA) é uma área do conhecimento que trabalha de forma interdisciplinar. Criada com o intuito de restaurar a qualidade de vida de uma determinada amostra de indivíduos, outras áreas do conhecimento uniram-se em prol de um bem comum; a promoção dos Direitos Humanos dos portadores de determinadas limitações. Infelizmente, por ser uma área relativamente nova, ainda falta mão de obra qualificada para formar profissionais capazes de atuar nas tarefas básicas de autocuidado no âmbito pessoal, doméstico e coletivo. Contudo, caro(a) aluno, lembre-se, ao final desse livro, você estará apto para atuar nessa área do conhecimento, que tende a crescer nos próximos anos. Vamos a um exemplo comum: Por conta de inúmeros tratados e Leis que amparam o portador de Necessidades Especiais (NE), muitos empresários brasileiros têm voltado seus olhos para essa nova fatia do mercado. Já temos feiras e exposições de recursos tecnológicos a venda, capazes de facilitar o dia a dia do NE. Eis a questão, embora a legislação brasileira aponte para o direito dos cidadãos e acesso aos mais diferenciados tipos de recursos em TA, como vimos anteriormente, ainda falta mão de obra profissional especializada. Caro(a) aluno(a), em um mundo onde a informação e o conhecimento cresce a uma velocidade que inviabiliza o controle manual, o saber fazer técnico na formação de vocês, fará toda a diferença. Tecnologia Assistiva 9 9 CONCEITO Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL - SDHPR. – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII) "Em 16 de novembro de 2006 foi instituído, pela Portaria nº 142, o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), estabelecido pelo Decreto nº 5.296/2004 no âmbito da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, na perspectiva de ao mesmo tempo aperfeiçoar, dar transparência e legitimidade ao desenvolvimento da Tecnologia Assistiva no Brasil. Ajudas Técnicas é o termo anteriormente utilizado para o que hoje se convencionou designar Tecnologia Assistiva". (BRASIL – SDHPR, 2012) Atenção: em outras palavras, a Tecnologia Assistiva- (TA) nada mais é que um recurso capaz de auxiliar o portador de Necessidades Especiais- (NE), sendo assim, não confunda sua finalidade. Recurso de usuário é diferente de Recurso Profissional. Vamos a um exemplo simples para assimilar o conteúdo: A Guia de direção é do deficiente visual ou daquele que precisa apenas de se locomover? Tecnologia Assistiva 10 10 O recurso é para quem possui determinada limitação. Ferramenta diária, independente do local onde estiver (Trabalho, casa, escola, etc.). Conheça um pouco mais acessando o Portal Nacional de Tecnologia Assistiva do Governo Federal em: www.assistiva.org.br CLASSIFICAÇÃO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - TA Não basta criar materiais e produtos que favoreçam a autonomia e a independência do paciente. É importante separá-los ou classifica-los de acordo com a necessidade funcional de cada um. Uma das classificações mais conhecidas internacionalmente, é a ISO - International Organization for Standardization (Associação Internacional de Normalização) Saiba mais! Pesquise na internet Classificação ISO 9999 pode ser pesquisada em: http://atiid.incubadora.fapesp.br/portal/taat/normas-relacionadas- ataat/CopiaGlossario-ClassificacaoIntlAT-ISO9999-2002.xls/view http://www.inr.pt/content/1/2/lista-homologada ou http://www.lerparaver.com/node/492 APRESENTAÇÃO DOS RECURSOS DE TA A Criança, ainda quando pequena, depende dos pais para quase tudo, mas com o passar dos anos, busca independência e autonomia. Ninguém conta com uma impossibilidade ou limitação no meio dessa longa estrada chamada vida, não é mesmo? Nessa unidade, você vai conhecer alguns recursos de Tecnologia Assistiva - (TA), capazes de criar autonomia e independência dos portadores de deficiência. Tecnologia Assistiva 11 11 “Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.”. (RADABAUGH, 1993) Imaginemos que você tenha um parente, amigo ou aluno que precise se alimentar sozinho, mas o mesmo é portador de uma limitação motora parcial. E agora, o que fazer? A TA apresenta uma lista de recursos capazes de facilitar o dia-a-dia do deficiente. "Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia- a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência". (MANZINI, 2005, p. 82) Tecnologia Assistiva 12 12 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1) O ser humano, ao nascer, dispõe de algumas capacidades, uma delas é o aprender, que vai sendo desenvolvido ao longo de sua vida. O ato de aprender depende de três aspectos. Quais são eles? 2) O que significa Assimilação na aprendizagem Piagetiana? 3) Qual teórico, em uma de suas teorias a repeito da aprendizagem, aborda o desenvolvimento intelectual, afetividade, movimento, inteligência e formação do eu. ? ( ) F.B Skinner ( ) Henry Wallon ( ) Sigmund Freud ( ) Jean Piaget 4) Em qual ano foi criado o Comitê de Ajudas Técnicas - (CAT), hoje nomeado como Tecnologia Assistiva - (TA)? 5) Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua _____________, ______________ , _______________ e __________________ Tecnologia Assistiva 13 13 UNIDADE 02 A EDUCAÇAO ESPECIAL NO BRASIL A Educação Especial, em nosso país, tem muitas léguas a percorrer para deixar de ser excludente. Dizer que é direito de todo cidadão ser amparado legalmente pelo Estado, não modifica muito o panorama da educação especial brasileira. Infelizmente, dados apontam para uma educação ainda separatista em algumas regiões. É fato que, ao incluir, nota-se uma diversidade de características entre o aluno regular e o inclusivo, mas excluir seria uma forma de limitar o desenvolvimento de suas capacidades. As instituições educacionais tem a obrigação de acolher crianças, adolescentes e adultos, portadores ou não de deficiência e oferecer-lhes, a partir da pedagogia centrada, condições de interagir com o meio onde foram inseridos. Com a direito de amparo por parte do governo, os pais e responsáveis tem procurado escolas que sejam capazes de atender as crianças portadoras de necessidades especiais. Você sabe quais são as características dos portadores de necessidades especiais? Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Especial (1999): "Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessidades especiais aquele que “...por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.” A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a: • portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla; • portadores de condutas típicas (problemas de conduta); •portadores de superdotação/altas habilidades." (Parâmetros Curriculares Nacionais, MEC/SEF/SEESP, 1999, p. 21). ACESSE: WWW.SENADO.GOV.BR/SF/LEGISLACAO Tecnologia Assistiva 14 14 Embora haja uma classificação nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS - para os portadores de Necessidades Especiais, e a previsão de atendimento educacional especializado na rede regular de ensino, descrita na Constituição de 1988, é necessário verificar se o aluno será alocado em uma escola especial ou em uma sala de aula regular com determinados recursos especiais. Casos singulares, em que houver comprometimentos múltiplos, o aluno devera ser encaminhado a escolas específicas que ofereçam um currículo funcional. Pode até aparecer não inclusivo o fato de subentender que determinados alunos não poderão fazer parte do processo regular de ensino, mas é preciso levar em conta que algumas instituições não estão preparadas para receber pacientes com limitações Neurobiopsicológica. Portanto, será feito o encaminhamento desses alunos a escolas especiais e com infraestrutura para acolhê-los de forma a produzir resultados satisfatórios no processo de aprendizagem. Os pais ou responsáveis não só tem o direito como o dever de matricular seus filhos com ou sem deficiência na rede regular de ensino. É fato que muitos pais de alunos portadores de necessidades especiais ainda desconhecem seus direitos, mas deverão ser amparados por Leis, Decretos e Acordos, nacionais e internacionais. A segregação no século XXI não mais existirá por preconceito, mas por falta de conhecimento. Tecnologia Assistiva 15 15 LEGISLAÇÃO RELACIONADA À PESSOA COM DEFICIÊNCIA Deficiência congênita ou adquirida está associada a pessoas que apresentam algum tipo de limitação mental, física, cognitiva ou sensorial. Segundo o DECRETO N• 3298/99 - REGULAMENTA A LEI 7853/89 I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. HTTP://WWW.DESENVOLVIMENTOSOCIAL.SP.GOV.BR/A2SITEBOX/ARQUIVOS/DOCUMENTOS/274.PDF Você sabia que consta na Constituição Brasileira de 1988 - Capítulo II - Art. 23 que - “...é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cuidar da saúde e assistência públicas, da proteção e garantia das Pessoas Portadoras de Deficiências”. Muitos cidadãos desconhecem as normas jurídicas brasileiras e, por consequência, tornam-se frágeis no exercício de prática da cidadania. Dica: Portadores de deficiência tem direito ao benefício BPC - Beneficio de Prestação Continuada -, o que equivale a um salário mínimo. A Constituição garante o recebimento somente para deficientes que não estejam trabalhando formalmente ou que tenham empresa aberta. Tecnologia Assistiva 16 16 Conheça um pouco mais da legislação sobre pessoas portadoras de deficiência, acessando: http://www2.camara.leg.br/responsabilidade- social/acessibilidade/legislacao-pdf/legislacao-brasileira-sobre- pessoas-portadoras-de-deficiencia Que tal aprofundarmos um pouco mais sobre esses direitos? Brasil. Constituição Brasileira de 1988 - Capítulo II - Art. 23 - “...é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cuidar da saúde e assistência públicas, da proteção e garantia das Pessoas Portadoras de Deficiências”. • _______ . Lei nº 7.853 /1989 - dispõe sobre o apoio às PPDs, e à sua integração social, no que se refere à saúde - promoção de ações preventivas - criação de rede de serviços especializados em reabilitação e habilitação - acessibilidade aos serviços - atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave - desenvolvidos com a participação da sociedade. • _______ . Lei nº 8.080, de 16 de setembro de 1990 - chamada Lei Orgânica da Saúde - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral - garante a universalidade de acesso e a integralidade da assistência. • _______ . Decreto nº 99.244, de 10 de maio de 1990, Art. 141 e 143 - inclui no SIH - SUS o tratamento em Reabilitação e seus procedimentos a serem cobrados por Hospitais previamente autorizados. Inclui a Fisiatria e Fisioterapia para atendimento à PPD no SUS. • _______ . Decreto nº 3.298/99 - observância do arcabouço legal específico. 105 • _______ . Lei nº 566 de 21/12/1948 - Data de publicação no D.O.U. 23/12/1948. Concede preferência nas aquisições de material para as repartições públicas e autarquias, aos produtos da marca Trevo, de propriedade da Liga de Proteção aos Cegos. • _______ . Lei nº 909 de 11/8/1949 - Data de publicação no D.O.U. 17/11/1949. Tecnologia Assistiva 17 17 Autoriza a emissão especial de selos em benefício dos filhos sadios dos lázaros. • _______ . Lei nº 1.195 de 9/9/1950 - Data de publicação no D.O.U. 11/9/1950. Dispõe sobre a reforma dos oficiais julgados incapazes para o serviço militar. • _______ . Lei nº 1.390 de 3/1/1951 - Data de publicação no D.O.U. 4/1/1951. Inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor. • _______ . Lei nº1.426 de 7/6/1951 - Data de publicação no D.O.U. 7/7/1951. Denomina sanatórios e sanatórios-colônias os leprocômios do Brasil. • _______ . Lei nº 1.609 de 22/5/1952 - Data de publicação no D.O.U. 23/5/1952. Estende os dispositivos da Lei nº 1.195, de 9 de setembro de 1950, aos reformados por incapacidade física, anteriormente à vigência da citada Lei. • _______ . Lei nº 2.094 de 16/11/1953 - Data de publicação no D.O.U. 17/11/1953 Concede isenção de direitos de importação para materiais importados pela Fundação para o Livro do Cego no Brasil. • _______ . Lei nº 1.744 de 8/12/1985 - Data de publicação no D.O.U. 9/12/1985. Estabelece critérios de concessão, do Benefício de Prestação Continuada e a garantia de um salário mínimo, para portadores de deficiência e idosos. • _______ . Lei nº 2.579 de 23/8/1955 - Data de publicação no D.O.U. 25/8/1955. Concede amparo aos ex-integrantes da Força Expedicionária Brasileira, julgados inválidos ou incapazes definitivamente para o serviço militar. • _______ . Lei nº 3.198 de 6/7/1957 - Data de publicação no D.O.U. 8/7/1957. Denomina Instituto Nacional de Educação de Surdos o atual Instituto Nacional de Surdos-Mudos. • _______ . Lei nº 3.542 de 11/2/1959 - Data de publicação no D.O.U. 12/2/1959. Institui a Campanha Nacional contra a Lepra e dá outras Providências. • _______ . Lei nº 3.738 de 4/4/1960 - Data de publicação no D.O.U. 6/4/1960. Tecnologia Assistiva 18 18 Assegura pensão especial à viúva de militar ou funcionário civil atacada de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia ou cardiopatia grave. • _______ . Lei nº 4.024 de 20/12/1961 - Data de publicação no D.O.U. 27/12/1961. Fixa as Diretrizes e bases da educação nacional. • _______ . Lei nº 4.052 de 9/3/1962 - Data de publicação no D.O.U. 10/3/1962. Estende aos servidores da Superintendência do Serviço de Profilaxia da Lepra, no Estado de Goiás,os benefícios das Leis nºs. 1.765, de 18 de dezembro de 1952 e 2.412, de 1º de fevereiro de 1955, e dá outras providências. • _______ . Lei nº 4.169 de 12/4/1962 - Data de publicação no D.O.U. 12/5/1962. Oficializa as convenções Braille para uso na escrita e leitura dos cegos e o Código de Contrações e Abreviaturas Braille. • _______ . Lei nº 10.845 de 5/8/2004 - Data de publicação no D.O.U. 8/3/2004. Institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, e dá outras providências. • _______ . Lei nº 11.096 de 13/1/2005 - Data de publicação no D.O.U. 14/1/2005. Institui o Programa Universidade para Todos - PROUNI, regula a atuação de entidades beneficentes de assistência social no ensino superior; altera a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004, e dá outras providências. • _______ . Lei nº 11.126 de 27/6/2005 - Data de publicação no D.O.U. 28/6/2005. Dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia. • _______ . Lei nº 11.133 de 14/7/2005 - Data de publicação no D.O.U. 15/7/2005. Institui o Dia Nacional de Luta da Pessoa Portadora de Deficiência. (Brasil,2009) Tecnologia Assistiva 19 19 .Para conhecer mais Leis, Portarias e Decretos de Amparo ao Deficiente, acesse: www.pessoascomdeficiencia.gov.br http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf VERBAS PARA COMPRAS DE RECURSOS EM ESCOLAS PÚBLICAS De acordo com a Carta Magna, a “Saúde é Direito de Todos e Dever do Estado” Você sabia que as escolas públicas possuem verba para comprar recursos de TA por meio de programas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB-? É cada vez mais comum ver uma criança ou adolescente portador de necessidades especiais em sala de aula com currículo comum a todos. Isso é inclusão. No entanto, muitas escolas ainda não possuem recursos materiais próprios para acolher e desenvolver as habilidades necessárias nos discentes. O Ministério de Educação criou e implantou, em algumas escolas públicas, as chamadas "Salas de Recursos Multifuncionais" (SRMF). Nas SRMF´s, trabalham professores especializados na área de inclusão. Lá é feito o atendimento Educacional Especializado no contraturno escolar. O aluno que estuda no turno da manhã, fará todas as atividades com os demais colegas em sala regular. Chamamos essa ação de Inclusão! No período da tarde (contraturno), ele será acompanhado por um(a) professor(a) com especialização em Necessidades Especiais para capacitar o discente no uso dos recursos de TA. Tecnologia Assistiva 20 20 É importante destacar que, para cada necessidade, será oferecido um recurso diferente. Exemplo: recursos para portadores de baixa visão, cegos, surdos, mobilidade reduzida, cadeirantes, etc. Embora muitos ainda não saibam, a Lei de Diretrizes e Bases – LDB - tem como objetivo priorizar o atendimento aos portadores de necessidades educacionais especiais na rede pública de ensino. Claro, faz-se necessário o serviço de apoio especializado para que isso aconteça, mas podemos dizer que houve um avanço e tanto na história da Educação. Não há mais segregação como na década de 70, quando o atendimento era realizado em escolas especiais ou classes destinadas aos deficientes. A Resolução CNE/CEB nº 2 representa um avanço na perspectiva da universalização do ensino e um marco na atenção à diversidade, ratificando a obrigatoriedade da matrícula de todos os alunos, declarando: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (http://portal.mec.gov.br, último acesso 05/05/2016) Mas, será que a LDB consegue determinar com clareza quem são os portadores de Necessidades Especiais - NE´s? Infelizmente, não! Sugere-se então que sejam criados novos decretos capazes de atender a necessidade desses indivíduos, especificando claramente a deficiência e formando mão de obra qualificada para atender a esse público. O Atendimento Educacional Especializado é aquele que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As ações desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (Brasil, 2008). Tecnologia Assistiva 21 21 Embora, a Lei ampare os portadores de necessidades especiais, a realidade brasileira é bem diferente do que está escrito nos documentos do Governo Federal. A mídia tem evidenciado com frequência um número crescente de indivíduos excluídos pelo sistema educacional de ensino. É fato que ainda existe um longo caminho a percorrer, mas devemos lembrar que o objetivo a ser alcançado como uso da Tecnologia Assistiva (TA) é a universalização do ensino de qualidade e o bem-estar dos que dela necessitam. Que tal mudar o paradigma da educação, juntar toda a equipe de forma interdisciplinar e criar projetos pedagógicos com foco na Inclusão? Bom para quem inclui, ótimo para quem é incluído. Atenção: Sugere-se não colocar mais do que 3 alunos com necessidades educacionais por sala. Lembre-se: a professora do ensino regular não é necessariamente formada para lidar com essa situação. O trabalho será realizado em parceria com um profissional especializado no contraturno e nas salas de Recursos Multifuncionais. Sendo assim, adica é: Distribua os alunos em várias classes referentes ao ano em que estão alocados. VERBA DESTINADA A SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS Tecnologia Assistiva 22 22 Ao conceber espaços e recursos capazes de atender simultaneamente as necessidades dos deficientes, podemos dizer que a vida de muitos será atingida de forma positiva, resultando na autonomia e na segurança dos portadores de Necessidades Especiais - NE. Você sabia que o Termo Ajudas Técnicas é sinônimo de Tecnologia Assistiva? O principal objetivo da TA, como já visto anteriormente, é o de facilitar o acesso às pessoas portadoras de limitações, aos recursos de Ajudas Técnicas de qualidade, pois só assim poderão ter uma assistência eficaz. Que tal conhecer um pouco sobre a mobilidade pessoal? Muitas são as variáveis capazes de resultar em um comprometimento sensório- motor. Por exemplo: imaginem um jovem que é vítima de um Acidente Vascular Tecnologia Assistiva 23 23 Cerebral - AVC - e tem como sequela parte de seus movimentos comprometidos. Muito bem, a pergunta é: O que você, caro(a) aluno(a), poderá fazer ou oferecer para melhorar a qualidade de vida desse jovem com base na TA? Primeiro, é importante conhecer o grau de comprometimento para que então, possa ser oferecido um recurso específico para aquela limitação. Saiba: nesses casos, o Reaprender é fundamental. O cérebro terá que trabalhar novamente e desenvolver habilidades antigas, como: escrever, levar o talher com alimento até a boca, fechar o zíper de uma blusa, e etc. Mas será que os resultados a esses estímulos serão sempre iguais para todos que sofreram um AVC, por exemplo? Não necessariamente! Ao estimular o cérebro, visa-se uma resposta. Como diria o grande Behaviorista F. B Skinner, todo estímulo elicia uma resposta. Nesse momento, vemos uma união de Psicologia com a Neurociência. Ora, será necessário estimular o cérebro a gerar uma resposta que tanto se espera, mas muitas vezes essa resposta não virá do jeito que o paciente desejou. Ai entra a neuroplasticidade cerebral, que tem um papel importantíssimo na reabilitação do individuo. Quanto mais atividades ele realizar, mais o cérebro será estimulado a realizar tarefas satisfatórias. “A neuroplasticidade do cérebro refere-se a sua capacidade de estabelecer novas conexões no córtex cerebral e, desta forma, superar efeitos de alguns tipos de lesão”. (SEESP, 2005, p.16) Tecnologia Assistiva 24 24 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1) Defina aluno portador de necessidades especiais, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Especial. 2) Cite a definição de deficiência segundo a LEI 7853/89 I, Decreto 3298/99 3)Segundo a Constituição Brasileira de 1988 - Capítulo II - Art. 23 que - Quem é responsável por cuidar da saúde e assistência públicas, da proteção e garantia das Pessoas Portadoras de Deficiências 4) O que é o FUNDEB e qual sua ligação com as escolas públicas? 5) O Ministério de Educação criou e implantou, em algumas escolas públicas, as chamadas "Salas de Recursos Multifuncionais" (SRMF). Como é feito o atendimento a crianças especiais nessas salas? Tecnologia Assistiva 25 25 UNIDADE 03 DEFICIÊNCIA, ACESSIBILIDADE E RECURSOS DEFICIÊNCIA A deficiência foi inicialmente tratada como possessão demoníaca ou escolha divina de pessoas para purgação de seus pecados. À medida que a medicina foi avançando, a deficiência passou a ser vista como doença. Tais ideias marcam práticas sociais de segregação em instituições visando à proteção e ao cuidado do deficiente. Esse conjunto de ideias denominou-se Paradigma da Institucionalização (SEESP/MEC, 2005, p. 12). Nos dias atuais, podemos dizer que existe uma segregação, ainda que velada no que diz respeito a aceitação de deficientes, na sociedade, família e escola. Toda deficiência, gera uma incapacidade, seja temporária ou efetiva. É importante destacar que há um impacto diferenciado da palavra incapacidade no que tange o modelo médico, social e biopsicossocial. Por exemplo: Na avaliação dos profissionais da área da saúde (principalmente médicos), a incapacidade é fruto de uma patologia, associada a um trauma ou decorrente de herança genética. Sugere-se assistência médica com profissionais bem qualificados, recursos de TA, próprios para cada paciente, e muito empenho por parte da equipe de saúde. No âmbito social, a incapacidade é vista como um problema de inclusão do deficiente na sociedade. Perceba que essa limitação inclusiva é comum em países subdesenvolvidos como o Brasil. Ainda há muita estrada a percorrer para que possamos ser comparados a países de primeiro mundo como EUA, Inglaterra, Portugal, Japão, entre outros. Algumas universidades têm inserido, ao currículo pedagógico, aulas de inclusão teóricas e práticas. O resultado dessas aulas práticas é a confirmação Tecnologia Assistiva 26 26 a hipótese inicial; o fruto do despreparo na infraestrutura compromete o direito de ir e vir de determinada amostra populacional. Vivenciar o dia-a-dia de um deficiente faz com que muitos enxerguem a real necessidade e lutem para que todos tenham uma qualidade de vida cada vez mais igualitária. Mas isso não é tudo!!! O Impacto desse despreparo não esta só na saúde ou no âmbito social. Lembre-se: toda ação gera uma reação. O comprometimento em algumas dessas áreas impedirá que o paciente com determinada deficiência tenha qualidade de vida. Sendo assim, se não bastasse o biológico ter sido afetado por alguma limitação, a sociedade não tem infraestrutura para recebê-lo, e o impacto será certeiro e atingirá na maioria das vezes o psicológico. Não há como desmembrar esse elo. Que tal procurar a definição de Saúde segundo a OMS Vou adiantar pra vocês de forma sucinta, ok !? A saúde é o bem estar biológico, psicológico e social, conhecido também por Biopsicossocial. Portanto, caro(a) aluno(a), não podemos dizer que uma pessoa é feliz ou saudável apenas ao olhar pra ela. Vai muito além! É necessário ter um olhar observador e criar hipóteses diagnósticas para definir se há ou não saúde. CATEGORIAS DE DEFICIÊNCIA Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, quando uma função Psicofisioanatômica é anormal, atribui-se ao indivíduo o substantivo de portador de deficiência. Para classificar ou categorizar essas limitações, é necessário fragmentar a deficiência em grupos. Veja a seguir: Tecnologia Assistiva 27 27 • Deficiência Visual; • Deficiência Auditiva; • Deficiência Motora; • Deficiência Mental. RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSITIVA EM ATIVIDADES CULTURAIS E ESPORTIVA Em um passado pouco distante, deficientes como cegos não iam a eventos culturais por medo de enfrentarem inúmeras situações de dificuldade. Por exemplo: falta de sinalização no piso (piso tátil), falta de acessibilidade para locomoção de cadeirantes (rampas e elevadores). Ora, mas e os surdos, cadeirantes, e muitos outros deficientes? Isso está mudando... Como a meta para o segundo milênio é incluir, o governo federal em parceria com empresas privadas, respeitando a Constituição Brasileira, vem proporcionando ainda que de forma tímida e limitada, uma imersão ao mundo cultural a partir de recursos técnicos de ajuda. Preconizar a acessibilidade aos deficientes é essencial para inseri-los a um mundo com novas oportunidades. Acessibilidade é lei. Recursos obrigatórios: • Elevadores com Braile nos botões com indicação de andares; • Rampas verticais automatizadas; • Piso tátil para conduzir o deficiente visual / cego ao destino; • Banheiro adaptado para cadeirante; • Rota de Fuga com ventilação e fora do fluxo de circulação (Teatro, cinema); • Bilheteria Acessível,sinalizada com símbolo internacional de deficiência. A visão e a aproximação do cadeirante para com o vendedor, deve ser na posição lateral; Tecnologia Assistiva 28 28 • Hotéis com banheiro adaptado para cadeirantes e ao menos um quarto destinado a portadores de NE; • Áreas Esportivas - Percurso acessível, porta com vão livre de no mínimo 1,00 metro; • Arquibancada com espaços reservados para: portador de cadeira de rodas, portador de mobilidade reduzida e pessoa obesa. Desde 2003, o Artigo 30 da Acessibilidade aos Bens Culturais Imóveis, tem trabalhado com o intuito de reduzir e eliminar as barreiras de acesso a cultura para o deficiente. RECURSOS DE ACESSIBILIDADE Com o intuito de auxiliar os portadores de NE a usufruírem de uma qualidade de vida cada vez mais próxima da suposta vida normal, recursos são criados diariamente em larga escala, ou sob medida, para atender as necessidades dessa amostra populacional. Atenção: os recursos visam melhorar a capacidade funcional do deficiente. Tecnologia Assistiva 29 29 RECURSOS DE ACESSIBILIDADE AO COMPUTADOR Com o crescente avanço da tecnologia computacional, os recursos de TA atingem de forma significativa o paciente, proporcionando qualidade de vida a partir da interação homem-máquina. São considerados recursos de acessibilidade ao computador: Meios de entrada de dados: teclado padrão ou alternativo, mouse, Joystick, ponteira de cabeça (comumente usado por tetraplégicos), monitores de toque - Touch Screen. Processamento: cérebro do recurso computacional onde os dados inseridos, por meio dos itens acima, serão processados para gerar respostas ao usuário. Saída: impressora, monitor, caixa de som. TELECOMUNICAÇÕES • Telefones com ampliação numérica de teclado; • Celulares com teclados multifuncionais; • Email - Endereço eletrônico para comunicação; Tecnologia Assistiva 30 30 • Rede Mundial de Computadores – Internet; • Nitrous Voice - Software que controla o computador por voz (sugere-se a utilização desse recurso aos cegos, deficientes com limitação motora) a partir de um Headset (Acessório com fone e microfone). LEITURA/ESCRITA • Livros customizados ou adaptados (áudio visual); • Computadores com leitores de fala sintetizada (aplicativo que busca resposta por meio sonoro). O deficiente fala e o software converte para a escrita o retorno à pesquisa por entrada de voz, pode ser impresso, na tela do computador ou por voz; • Máquina de escrever em Braille; • Impressora em Braille; • Microscopia ótica. O DOSVOX é um leitor de tela gratuito Para baixá-lo acesse: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/ A comunicação alternativa é uma ferramenta poderosa no processo de ensino aprendizagem do portador de necessidades especiais. Enriquecer a educação inclusiva é uma alternativa que o professor tem a partir das novas Tecnologias Assistivas - TA. Deve-se levar em conta que cada criança é uma criança. Embora em alguns casos tenham a mesma faixa etária, as respostas produzidas por cada uma pode ser diferentes, frente a determinados estímulos. Ensinar uma criança sem deficiência pode ser considerado um trabalho bem mais fácil do que uma com NE. Infelizmente, muitas escolas no Brasil não possuem recursos técnicos capazes de fazer com que o professor atinja os objetivos traçados para com seus alunos. E agora, o que fazer? Comecemos pela inclusão. Tecnologia Assistiva 31 31 A inclusão é direito de todos e dever do estado. Mas... Incluir não basta! Precisamos de mão de obra qualificada, professores com especialização na área de inclusão e material didático para diferentes tipos de necessidades especiais. Vamos a alguns exemplos? Qual recurso você utilizaria em sala de aula para facilitar o ensino de um(a) aluno(a) com deficiência visual? Uma dica para facilitar a discriminação visual seria a de oferecer aos alunos imagens em tamanhos de aproximadamente 10cm x 10cm. Dependendo da limitação visual, sugere-se, em alguns casos, trabalhar com imagens texturizadas ou alto relevo. Lembre-se também de respeitar o nível de compreensão de cada aluno. Com a estimulação diária, o(a) aluno(a) vai gerar cada vez mais respostas positivas, dentro do seu tempo. Conforme a resposta gerada, o professor deverá reforçar positivamente o comportamento do estimulado para que o aprendizado aconteça de forma gradativa. Ampliar as imagens e o vocabulário é fundamental em todas as fases do desenvolvimento. Quanto antes o aluno for estimulado a ampliar o seu vocabulário, maior será a chance de enriquecer e garantir sua comunicação com o mundo. A inclusão não deve ser limitada aos muros da escola. A família, amigos, sociedade como um todo, deverá fazer parte desse processo. Juntos, somos mais fortes! MOBILIDADE Tecnologia Assistiva 32 32 MOBILIDADE MANUAL São considerados recursos de apoio ou TA, na mobilidade manual: • Cadeiras de rodas manuais; • Elevadores manuais; • Bengalas; • Andadores com ou sem freio; • Carrinho de transporte infantil. Cadeira de Rodas - Por apresentar graus diferenciados de excepcionalidade, a cadeira de rodas deverá conter recursos que proporcionem ao usuário, conforto, estabilidade, segurança e a correta distribuição do peso corporal, para não lesionar a coluna vertebral. Cadeira de rodas para Paraplégicos Esportistas - A presença de recursos e equipamentos para o esporte vem crescendo nos últimos anos. Antes havia uma limitação, hoje vê se uma esperança. Prova disso são as Paraolimpíadas. Essas cadeiras são construídas em alumínios para dar mais leveza à locomoção. Devem ser fabricadas sob medida para o paciente, levando em conta a altura e peso. Tecnologia Assistiva 33 33 Andador de Rodas com Freio - na maioria das vezes é utilizado por pessoas idosas com limitação de locomoção. Gera estabilidade, segurança e independência. Bengala de Alumínio - a bengala é um recurso que tem por objetivo facilitar o apoio do paciente. A utilização deve ser feita sempre em X, ou seja, apoia-la ao lado oposto do membro inferior afetado. Por exemplo: Se a perna direita está comprometida, você deverá utilizar a bengala na mão esquerda. Talvez você esteja se perguntando: por que bengala é de alumínio e não de madeira? A resposta é simples, por conta da higienização. Higieniza-se diariamente a bengala de alumínio com álcool e a de madeira não. Sendo assim, os riscos de contaminação em caso de pacientes pós-cirúrgico torna-se infinitamente maior na madeira. MOBILIDADE ELÉTRICA • Cadeira de rodas motorizada; • Ajudas elétricas de transferência; • Interfaces de controle para cadeira de rodas; • Braços robotizados para cadeira de rodas; • Rampa/transportadores verticais. Tecnologia Assistiva 34 34 Rampa automatizada ou transportadores verticais - é lei o direito de ir e vir. Essa rampa facilita a locomoção do cadeirante em subidas e descidas. É necessário ter a rampa automatizada em locais onde não há rampa de acesso tradicional ou elevadores. ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA • Ajudas para acessibilidade interior e exterior; • Adaptações de casas. A construção civil é uma das grandes aliadas do deficiente, no que diz respeito à acessibilidade arquitetônica. Profissionais da área de engenharia e arquitetura criam projetos para facilitar a mobilidade das pessoas. Geralmente, são procurados por familiares, escolas e até mesmo por instituições públicas, para adaptar determinados ambientes ao portador de Necessidades Especiais - NE. Por exemplo: adaptar banheiros em shopping centers para cadeirantes. Ele terá um tamanho maior para que o NE entre com a cadeira de rodas. Seránecessário pensar nos itens de segurança, como alça de apoio das mãos, lavabo com encaixe da cadeira de rodas padrão, secador de mãos ou papeleiras mais baixas. Esses profissionais também são contratados para readaptar a estrutura das residências. Ou seja, criarão projetos que vão desde a compra de mobiliários adequados para cada tipo de deficiência, até obras estruturais como ampliação de portas, rampas internas, visando sempre a comodidade e a redução de barreiras na hora da locomoção. Tecnologia Assistiva 35 35 Muito se tem dito a respeito da acessibilidade arquitetônica, no entanto, é importante destacar que em estabelecimentos públicos a Lei se faz presente. É fato que ainda temos muito a melhorar nesse quesito, mas nos últimos anos, os próprios portadores de necessidades especiais tem se conscientizado de seus direitos e cobrado acessibilidade, com o intuito de facilitar o seu direito de ir e vir nos ambientes públicos. Infelizmente, muitos passeios públicos encontram-se em desníveis, dificultando a vida de pessoas sem limitações. Agora, imagine a dificuldade de locomoção dos portadores de NE. Portanto, entenda que a área da arquitetura e engenharia vai muito além do que construir prédios e casas. É necessário adapta-los também! Exemplo de Acessibilidade arquitetônica: • Piso tátil de alerta a cegos e deficientes visuais; • Rebaixamento de calçadas com rampa de acesso; • Sinaleiro (farol) sonoro; • Portas e aberturas adaptadas com o símbolo internacional de acesso ao cadeirante; • Elevadores em Braille; • Plataformas Elevatórias com percurso vertical ou inclinado (muito utilizado por cadeirantes); • Esteira e Escada Rolante; • Estacionamentos para Deficientes Cadeirantes (vagas amplas); • Vagas reservadas para demais deficiências; • Rampas de Acesso; Tecnologia Assistiva 36 36 • Lavatório de cozinha e banheiro ajustável à altura do deficiente; • Bacias de sanitários acessíveis; • Mictório com área de aproximação frontal; • Faixa de acesso desprovida de obstáculos (preferencialmente para cegos); • Corrimão contínuo. TRANSPORTES PRIVADOS • Controles especiais para condução; • Assentos especiais; • Rampas e plataformas. ADAPTAÇÕES EM VEÍCULOS Com base na igualdade dos direitos humanos, a Lei permite ao deficiente a isenção de determinadas taxas na compra de um veículo especial. É fato que a burocracia para alcançar esse benefício é grande, mas tem mudado a qualidade de vida de muitos. Portadores de necessidades especiais - PNE - podem adquirir seu veículo adaptado com isenção do IPI, IPVA, gerando um desconto de aproximadamente 30% do valor total e a desobrigação de participar do rodízio veicular de sua cidade. Não são todas as patologias que permitem acesso a este benefício. Vamos conhecer algumas: • Amputação de membros inferiores ou superiores; • AVC - Acidente Vascular Cerebral com sequelas físicas; • Mastectomia decorrente de um câncer com retirada total das mamas; • Paraplegia; • Tetraplegia. Tecnologia Assistiva 37 37 • Cirurgias que resultem apenas em deformidades estéticas, não garantem o benefício. Alguns veículos tem seu modelo padrão adaptado com rampas para cadeirantes, controle de embreagem, acelerador e freio nas mãos, volante com alça de encaixe para as mãos, alavanca de freio e aceleração, controles alternativos e muito mais. TRANSPORTES PÚBLICOS- COLETIVOS • Adaptação de veículos públicos; • Rampas e plataformas; • Elevadores. Já nos transportes públicos, podemos citar com TA, elevadores para embarque e desembarque dos cadeirantes, espaços demarcados, cintos de segurança, entre outras peculiaridades. Tecnologia Assistiva 38 38 ACESSIBILIDADE EM TRANSPORTES COLETIVOS Como visto anteriormente, a todos é dado o direito de ir e vir, independente de cor, raça, credo religioso ou deficiência. É destinado um percentual de bancos/espaços para alocação de deficientes. Todos os transportes coletivos deverão atender às exigências de acessibilidade. TRANSPORTE COLETIVO METROFERROVIARIO TRANSPORTE COLETIVO FERROVIARIO Tecnologia Assistiva 39 39 TRANPORTE COLETIVO AÉREO Cadeira Aisle é utilizada nos aeroportos e aviões com o objetivo de levar o cadeirante até a aeronave. Por ser menor que a cadeira tradicional, o deslocamento nos corredores dos aviões acontece de maneira tranquila. Esse recurso técnico serve apenas para levar o cadeirante até o assento oficial do avião. Utilizada no embarque e desembarque, apenas. Tecnologia Assistiva 40 40 DEFICIÊNCIA DEFICIÊNCIA VISUAL - CEGUEIRA Decorrente de causas hereditárias ou genéticas, a deficiência visual é sinônima de uma situação irreversível na diminuição da reposta visual, podendo ser apresentada de forma leve, moderada ou severa. O indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após tratamento e correção óptica convencional, e uma acuidade visual menor que 6/18 à percepção de luz, um campo visual menor que 10 graus do seu ponto de fixação. É aquele que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa(Saberes e Práticas da Inclusão – Deficiência Visual, WWW.MEC/SEESP, 2004, p. 11, acesso em 05/05/2016). Algumas crianças nascem com patologias oculares, já outras desenvolvem no decorrer da vida. AS PATOLOGIAS OCULARES QUE MAIS ACOMETEM AS CRIANÇAS SÃO: • Toxoplasmose Ocular Congênita; • Glaucoma Congênito; • Anomalias da Retina; • Albinismo; • Altas Miopias; • Conjuntivite Gonocócica; • Neurite Óptica. Veja, nesses casos, será necessário recorrer a Tecnologia Assistiva (TA), como ferramenta capaz de facilitar o desenvolvimento do indivíduo, independente do lugar onde esteja inserido. No caso da criança chegar à escola com uma dessas patologias, o professor deverá fazer um trabalho diferenciado, utilizando-se dos mais Tecnologia Assistiva 41 41 diversos recursos para que seus objetivos iniciais sejam alcançados com sucesso. É papel do professor, realizar a sondagem ao menos duas vezes ao ano. Essa sondagem tem por objetivo investigar sinais característicos da presença de deficiência visual na criança. Desde os primeiros meses de vida, com a criança ainda no berçário, é possível fazer essa investigação. Eis alguns critérios de avaliação para criar uma hipótese diagnóstica de possível comprometimento ocular; • Desviar os olhos com frequência enquanto você conversa com a criança; • Ao movimentar um objeto com som e outro sem, verifique se há um seguimento visual do objeto apenas quando o som é emitido; • Dificuldades em reconhecer pessoas do convívio diário (pai, mãe, avó, professor (a)); • Falta de atenção durante a aula; • Dores de cabeça constantes. OBS: algumas crianças com baixa visão podem ter movimentos rápidos nos olhos, de um lado para o outro. Esses movimentos são chamados de “nistagmo”, que quase sempre é um problema de ordem neurológica e indica que o seu portador deve ter também desordens no sistema visual. Sugere-se visita semestral ao Oftalmologista com avaliação do educando, pois em caso de confirmação patológica, quanto mais cedo começar o tratamento, maior as chances de preservar a visão. RECURSOS PARA CEGOS E PORTADORES DE BAIXA VISÃO São exemplos de TA na área de cegueira e deficiência visual: a) Programas de computador com ampliadores de tela Tecnologia Assistiva 42 42 O software de ampliação faz a função da lupa de leitura. Visa responder a necessidade do usuário com baixa visão, o que equivale a perda de 20% da visão normal. b) Lentes e Lupasampliadoras de fontes (manual ou eletrônica) As lupas ou lentes de ampliação tem a finalidade de ampliar a fonte da escrita, seja no computador ou em fontes impressas (livros, revistas, jornais...). c) Material Alto Relevo - Textura Táteis - (exemplo de utilização: aula de artes) -Reconhecimento de Obra. O material em alto relevo desenvolve, no cego, a percepção de mundo. Já existem impressoras capazes de reproduzir imagens, rostos, objetos em alto relevo para que o deficiente faça a leitura com a ponta dos dedos. d) Software /aplicativo de reconhecimento de voz e busca de conteúdo com retorno audível . Existem inúmeros aplicativos com reconhecimento de voz na internet. Funciona como recurso de captação de dados. A voz é processada e convertida em informação. Essa informação retorna ao usuário pelos periféricos de saída, que podem ser: voz (caixa de som) ou impressão em Braille. Tecnologia Assistiva 43 43 e) Máquina de escrever em Braille Um dos principais recursos de auxílio ao deficiente visual avança com as novas tecnologias da informação e comunicação. Já é possível encontrar no mercado, máquinas em Braille que permita ao usuário durante a escrita (digitação), ter o retorno impresso e em áudio. É uma ferramenta fantástica para pessoas que querem aprender o Braille de forma mais leve. f) Bola Sonora Adotar o princípio de educação inclusiva é não limitar o deficiente a sua condição física. A bola sonora é um recurso técnico utilizado no esporte por cegos. Como o sentido da visão não existe, é necessário que a bola emita sons para que os jogadores tenham senso de direção na hora da partida. g) Bengala virtual (com sensor para identificar obstáculos) A bengala virtual é um recurso relativamente novo no mercado brasileiro. Tem um sensor na ponta que identifica com alerta sonoro para os perigos dos obstáculos. Tecnologia Assistiva 44 44 h) Acessibilidade na sinalização - piso tátil Desenvolvido para orientar pessoas com deficiência visual, o piso tátil é formado por placas com superfície em alto relevo. É comum ver esse tipo de recurso em locais públicos. Vale lembrar que existem dois tipos de pisos táteis; um que demarca a direção e outro com superfícies redondas, similar a moedas, que indicam a mudança de direção no trajeto. Utilizado na maioria das vezes em ambientes internos como: bancos, shopping centers, escolas, universidades, entre outros. SURDEZ E DEFICIÊNCIA AUDITIVA Oi? Como? Não entendi. O quê? Pode Repetir? Ao aparecer os primeiros sinais de perda da audição, recomenda-se procurar um especialista para ver se é uma lesão reversível ou irreversível. Quando não captamos direito o som, o cérebro não é capaz de processar claramente a informação que lhe foi enviada pelo canal auditivo, resultando assim na falha de comunicação entre o emissor e o receptor. Tecnologia Assistiva 45 45 A audiometria é um teste fonológico que aponta o grau da deficiência. A audiometria pode e dever ser feita em todas as idades, pelo menos uma vez ao ano. Acredite! Muitas crianças são rotuladas na escola como indisciplinadas, bagunceiras, ativas demais, por seu comportamento. Estudos apontam que crianças com deficiência auditiva ainda não diagnosticada chegam à escola com dificuldade no processo de aprendizagem, pelo simples fato de não entenderem bem o que o professor (a) fala. Muitas são as variáveis que levam à perda parcial ou definitiva da audição, que vai desde um simples acúmulo de cera no ouvido até uma perfuração timpânica. No caso mais simples, o médico devera tirar cera com instrumentos de pincelamento no próprio consultório. Casos mais graves, como infecção recorrente com comprometimento na audição, devem ser investigados. Já para a perfuração timpânica, a indicação é cirúrgica. Somente após a análise do médico especialista é que será recomendado o aparelho auditivo ou não. AUXÍLIOS PARA SURDOS E DEFICIENTES AUDITIVOS A sociedade tem demonstrado grande interesse em conhecer os diferentes tipos de recursos de TA disponíveis no mercado nacional e internacional, voltado para deficientes auditivos. O avanço da tecnologia nessa área não para de crescer, e por isso tem despertado o interesse de empresários e governantes. a) Aparelho Auditivo - pequenos, sem fio, auxiliam o deficiente no resgate da audição, proporcionando qualidade de vida e melhor convívio social. Por conta da procura crescente a esse recurso, empresas vêm aprimorando suas Tecnologia Assistiva 46 46 tecnologias. Já existem aparelhos com alta performance, que permitem ouvir músicas com acesso ao seu play-list preferido na internet; b) Implante Coclear Alguns pacientes não demonstram resultados na utilização dos aparelhos auditivos e migram para o implante do dispositivo coclear. c) Closed Caption O closed caption é um recurso usado principalmente por surdos que saibam fazer a leitura de determinado idioma, exceto libras. Durante um programa ou propaganda televisiva, o texto que aparece na parte inferior da tela da televisão quase que juntamente à fala audível. É importante destacar que alguns programas ainda não apresentam esse recurso de legenda. d) Tradutor de Linguagem O Tradutor de linguagem converte a escrita em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e vice versa. Tecnologia Assistiva 47 47 Tecnologia Assistiva 48 48 DEFICIENCIA FÍSICA PARALISIA CEREBRAL Também conhecida como Encefalopatologia, é uma lesão que acomete o cérebro. A condição física requer cuidados especiais principalmente nos primeiros anos de vida da criança. A paralisia cerebral ocorre quando parte do cérebro, ainda em desenvolvimento, sofre um agravo a ponto de fugir dos padrões de normalidade. O impacto a esses danos são vistos claramente no desenvolvimento psico/motor da criança. É muito comum crianças com paralisia cerebral apresentarem alterações no tônus muscular, coordenação motora, resistência cardiorrespiratória... Infelizmente, essa lesão não gera impactos só no corpo, mas no cognitivo, comprometendo assim a determinados sentidos como: fala, audição e visão. A paralisia cerebral, aqui citada, foi apenas um exemplo de agravo à saúde no quesito Biocognitivo. São muitas as patologias capazes de limitar o movimento. Por exemplo: O AVC - Acidente Vascular Cerebral -, na maioria das vezes deixa sequelas. São elas: • Monoplegia: quando apenas um membro do corpo é comprometido. Tecnologia Assistiva 49 49 • Hemiplegia: apenas um lado do corpo é acometido. (direito ou esquerdo). • Diplegia: os membros superiores apresentam melhor função do que os membros inferiores; • Quadriplegia: os quatro membros estão igualmente comprometidos. Estimular o desenvolvimento sensorial é um dos primeiros passos para os que sofrem ou sofreram lesões em determinado lobo cerebral com sequelas parciais. Os cinco sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) deverão ser trabalhados por meio de atividades direcionadas por uma equipe multidisciplinar em parceria com a família. Pacientes que nasceram com sequelas de uma lesão no cérebro vão aprender por meio dos recursos de ajuda, já os que sofreram alguma lesão decorrente de um AVC - Acidente Vascular Cerebral -, por exemplo, vão reaprender dentro de suas possibilidades. Você já ouviu falar em AVD? AVD é uma sigla representada no meio da inclusão de portadores de deficiência, como Atividade de Vida Diária. Geralmente, lesões no cérebro resultam no comprometimento da coordenação motora e pressão manual. A Atividades de Vida Diária visa adaptar os objetos do cotidiano para que seja manuseado por esses pacientes de forma satisfatória. Todos poderãousar esses recursos? Não! No caso do quadriplégico, os quatro membros estão igualmente comprometidos, sendo assim, os recursos serão mais limitados. Agora, vocês irão conhecer alguns Recursos Técnicos que serão de suma importância no estímulo - resposta dos pacientes com mobilidade reduzida. RECURSOS TÉCNICOS Tecnologia Assistiva 50 50 a) Alimentação • Talheres Especiais ou Talheres Modificados - A base serve para fixar a mão daqueles que não tem tanta mobilidade ou força para segurar o talher. • Anteparos ou contentor de Alimentos - Facilita muito na hora de tomar sopa ou mesmo alimentos pastosos. O Anteparo funciona como aste para fazer a contenção do alimento. b) Vestuário • Argola para Zíper - Muito usado para pessoas que tiveram Acidente Vascular Cerebral e automaticamente a força de um dos lados do corpo reduzida. c) Escolar Tecnologia Assistiva 51 51 • Adaptadores de Preensão: muito utilizado no ambiente escolar, facilita o aluno com dificuldade motora a segurar objetivos com espessura fina. Simples, fácil de criar, os adaptadores podem ser engrossados com borracha, manopla de guidão de bicicleta, massa de biscuit e muito mais. • Régua Adaptada - Pode ser customizada. Basta colar um pino cilíndrico de madeira ou acrílico no meio da régua. Isso vai facilitar o pincelamento ou preensão das mãos do aluno na hora de manuseá-la. • Tesoura Mola - É possível encontrar a tesoura de mola em alguns estabelecimentos voltados para a inclusão. Caso opte por adaptá-la, é simples. Você precisará de uma mola pequena e um pedaço de cabo de aço. A mola irá embaixo do parafuso em X, mas, se preferir, cole o pedaço do cabo de aço conforme apresentado na figura abaixo e ele se encarregara de fazer a força propulsora externa. • Aranha mola para fixação de caneta - promove a preensão dos dedos, facilitando na hora da escrita. Tecnologia Assistiva 52 52 • .Engrossadeira de Lápis - facilita a preensão palmar, além de auxiliar na coordenação motora fina. • Virador de páginas por acionadores Tecnologia Assistiva 53 53 DEFICIENCIA MENTAL (INTELECTUAL) Segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento – AAIDD -, deficiência refere-se ao funcionamento intelectual do indivíduo, inferior a média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação; autocuidado; vida no lar; adaptação social; saúde e segurança; uso de recursos da comunidade, que ocorrem antes dos 18 anos de idade). Você pode ver um exemplo de documentação on-line acessando www.apaesp.org.br/SobreADeficienciaIntelectual/Pagina/O-que- e,aspx acessado em: 23/05/2016 Enganam-se aqueles que pensam que a deficiência mental, é resultante apenas de fatores biológicos. A deficiência mental é uma condição sociologicamente determinada, a qual descreve as relações entre as capacidades do indivíduo e as demandas e expectativas de seu ambiente. Não se obterá sucesso na prevenção se nos restringirmos unicamente aos fatores biológicos envolvidos. É preciso, também, abandonar a idéia de que a prevenção só pode ocorrer antes do nascimento: a prevenção deve ser estabelecida durante toda a vida, pois sempre há algo a ser feito. (EMMEL, 2002, p. 146) Com o avanço das pesquisas científicas e dos recursos tecnológicos, evidenciou-se que outros fatores poderiam resultar no comprometimento intelectual do indivíduo. É importante considerar fatores ambientais, por exemplo, a propagação do Zika vírus pelo transmissor Aedes Aegipt. Estudos apontam que o Zika Vírus tem relação com o aumento de casos de bebês com microcefalia. A picada do inseto durante a gestação causa uma lesão neural permanente. Tecnologia Assistiva 54 54 O que a ciência busca como resposta é o motivo de algumas mães terem sido picadas e o recém-nascido não apresentar nenhum comprometimento neurológico. Como dito anteriormente, são muitas as variáveis que podem acarretar na deficiência mental ou intelectual. Um critério de avaliação importante para detectar a deficiência intelectual é verificar se o indivíduo, quando comparado aos demais dentro de uma mesma faixa etária, apresenta uma limitação cognitiva e comprometimento no relacionamento interpessoal. Os indicadores de alteração comportamental manifestam-se antes dos 18 anos de idade. FATORES QUE PODEM DESENCADEAR A DEFICIÊNCIA MENTAL • Causas Pré-natais - alterações cromossômicas; desnutrição materna; má assistência à gestante; doenças infecciosas como: sífilis, rubéola, toxoplasmose; problemas toxicológicos como: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos, poluição ambiental e tabagismo. • Perinatais - Hipóxia (oxigenação cerebral insuficiente), prematuridade e baixo ganho de peso. • Pós-Natais - Meningoencefalites, sarampo, exógenas (envenenamento): remédios, inseticidas, produtos químicos (chumbo, mercúrio, etc.); acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc.; Tecnologia Assistiva 55 55 Você sabia que: existem várias crianças nas quais o diagnóstico não encontra “uma causa” para essa deficiência Com base no Código Internacional de Doença - CID-10, a esses casos, a classificação de orientação internacional é “retardo mental sem causa específica”. DEFICIÊNCIA MENTAL E A ESCOLA As metas traçadas para o século XXI, no ambiente escolar, aos portadores de deficiência mental são: conhecer e aplicar novos recursos de apoio, apresentar oportunidades, desenvolver habilidades psicomotoras, ampliar a interação pessoal, proporcionar qualidade de vida e muito mais. Não importa se o deficiente está em casa ou nos bancos da escola, é preciso entender que há uma limitação e que o paciente não deverá ser cobrado como outro supostamente considerado psiquicamente saudável dentro dos padrões de normalidade. Tecnologia Assistiva 56 56 Estímulos deverão ser aplicados diariamente com o intuito de produzir a resposta desejada, mas lembre-se de respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um. Acreditar no potencial da pessoa com deficiência é aplicar sobre ela o Reforço Positivo. Ao elogiar uma resposta produzida, frente a um estímulo eliciado, o indivíduo que a produziu tende a se sentir compensado. A isso, chamamos Reforço Positivo. Aplicado corretamente, a probabilidade de produção das respostas desejadas cresce. A maioria dos comportamentos motivados levam à aprendizagem. As motivações levam à repetição das ações em que os resultados foram satisfatórios, ela é, portanto, importante para a aprendizagem em geral, a liberação de dopamina em certas regiões cerebrais está relaciona a tipos de recompensa que levam à aprendizagem. (COSENZA E GUERRA, 2011, p.81) Ressaltamos que idade cronológica não andará de mãos dadas com a idade mental, por isso, nada de fazer comparações, ok?! O fato de o deficiente intelectual apresentar limitações cognitivas não significa que você deverá trata-lo como criança ou super protegê-lo. O risco de infantiliza-lo ainda mais crescerá, se o fizer dessa forma. Recomenda-se conversar olhando nos olhos, optar sempre pela linguagem, estimular a comunicação, favorecer processos que o permitam desenvolver relacionamentos interpessoais. Tecnologia Assistiva 57 57 • Acredite nas possibilidades; • Crie Vínculos; • Aplique o Reforço Positivo – RP; • Estabeleça contato Visual; • Crie Projetos Pedagógicos; • Utilize Recursos de Ajudas Técnicas - Tecnologia Assistiva; • Desenvolva a Autonomia;
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