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LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE O DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE A infância é um período de muitas transformações, e a expressão “psicomotricidade” integra mudanças psicológicas, cognitivas e motoras, difíceis de serem concebidas separadamente. Segundo Fonseca (2008), psicomotricidade significa um campo transdisciplinar que investiga as relações entre a motricidade e o psiquismo. A motricidade consiste nos ganhos em habilidades físicas e motoras durante o desenvolvimento, derivadas principalmente da prática no cotidiano e das experiências, alicerçadas pelas condições individuais (HAYWOOD; GETCHELL, 2016). O psiquismo, por sua vez, surge das aquisições afetivas e emocionais que ocorrem durante o desenvolvimento, principalmente associadas ao ambiente, mas também impulsionadas pela constituição do sujeito. A definição em separado dos dois conceitos é didática, pois eles são inerentemente associados, durante toda a vida. Como se daria essa integração entre motricidade e psiquismo? Sabemos que a criança cresce, a partir da conquista de habilidades e capacidades cada vez mais sofisticadas, que lhe permitem ter relações e experiências cada vez mais complexas com o mundo. Em decorrência, ela ganha força e destreza física e, ao mesmo tempo, explora o mundo e suas próprias capacidades para transformá-lo, adquirindo confiança e conhecimento. O desenvolvimento motor é parte inerente da constituição do sujeito, enquanto produto e agente de sua posição e ação no mundo. Entender as conquistas físicas, que são também revestidas de emotividade, faz parte das tarefas dos profissionais que lidam com a psicomotricidade, que podem ser psicólogos, psicopedagogos, psicomotricistas, educadores físicos, neurologistas, entre outros (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; HAYWOOD; GETCHELL, 2016). mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br É possível entender os seres humanos por meio das mudanças nos padrões de movimento ao longo de suas vidas, do nascimento à morte. O desenvolvimento motor, apesar de suas especificidades individuais, tem características universais (HAYWOOD; GETCHELL, 2016; PAPALIA; MARTORELL, 2022): • é um processo contínuo e cumulativo de mudanças que ocorrem ao longo da vida; • relaciona-se com a idade, podendo alternar momentos de grandes aquisições, com outros menos profícuos; • envolve mudanças sequenciais, irreversíveis e ordenadas, que resultam das condições individuais e de interações com o ambiente. Existe universalidade, mas também variabilidade, no desenvolvimento motor, pois ele ocorre de uma forma previsível nos seres humanos, apesar das características individuais. Além das capacidades espontâneas — ou seja, ligadas ao desenvolvimento natural do indivíduo —, podemos também desenvolver outras habilidades, por meio da aprendizagem motora, como esportes, dança, adaptações à perda de funções e membros, etc. (HAYWOOD; GETCHELL, 2016). Mesmo considerando as diferenças individuais, há marcos do desenvolvimento, investigados pelas ciências do desenvolvimento motor, que indicam a idade e a fase para a aquisição de habilidades específicas. Há prazos para o atingimento dos marcos, que podem sofrer variações, mas os limites propostos nas principais teorias são aceitos como válidos e universais. Os marcos de desenvolvimento auxiliam nos diagnósticos e nas intervenções de diferentes situações. As causas para as variações no desenvolvimento podem ser inúmeras, partindo da constituição genética e das influências do ambiente e envolvendo muitos outros fatores intervenientes (MENDONÇA FILHO et al., 2022). Os marcos do desenvolvimento são guias para o estabelecimento da normalidade no crescimento infantil. Atrasos podem ser alertas para o atendimento precoce de possíveis problemas (MENDONÇA FILHO et al., 2022). Seja de forma preventiva ou frente a um problema grave e irreversível, o atendimento às necessidades da criança e de sua família é de extrema relevância para a adaptação e para a redução mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br dos prejuízos na continuidade do desenvolvimento. O sujeito é integral, e as consequências de um problema afetam todas as áreas do desenvolvimento e de relacionamentos. Para o estudo completo do desenvolvimento, ele é subdividido em motor, cognitivo, afetivo e psicossocial. Essas subdivisões são para efeito de aprofundamento em diferentes âmbitos do desenvolvimento, mas precisam ser concebidas como integradas. A criança começa a conquistar a sua independência, a tomar as próprias iniciativas e decisões, alicerçada por um desenvolvimento físico — perceptível no fortalecimento de músculos, ossos, cérebro, etc. —, cognitivo — com a utilização gradual de pensamento lógico e abstração, conscientização e desenvolvimento de suas capacidades mentais —, e afetivo — com a maior consciência de si e do outro, além de ganhos em iniciativa e autonomia (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Sendo a principal atividade e o principal recurso da criança na infância, o brinquedo propicia que ela vá adquirindo conhecimentos e habilidades, por meio de suas tentativas de agir no mundo. Seja espontâneo ou sugerido, o brinquedo tem inúmeras funções no desenvolvimento físico e mental, como: aprendizagem sobre o próprio corpo e suas potencialidades; facilitador do desenvolvimento cognitivo e afetivo; exercício da motricidade ampla e fina; desenvolvimento do pensamento lógico e da abstração; simbolização dos eventos e sentimentos; entre tantas outras. A criança vai adquirindo a capacidade de pensar e interagir com os outros nesse processo, passando gradativamente do egocentrismo e pensamento concreto para uma postura mais sociável e de prontidão para novos relacionamentos (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). No brinquedo, as crianças imitam o que veem, simbolizam e inventam um mundo próprio, para pensar a respeito do que acontece em suas vidas e estabelecer relações e comunicação. Em suma, a psicomotricidade se refere ao desenvolvimento motor da criança, que, por sua vez, impacta outras esferas de desenvolvimento, como cognitiva, psicossocial e afetiva. O desenvolvimento da motricidade, ou capacidade motora, é inerente aos humanos, mas pode ser marcado por situações que o impeçam, retardem ou acelerem. Em atendimentos interdisciplinares a crianças com problemas no desenvolvimento, por inúmeras razões, o trabalho em psicomotricidade será uma das mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br disciplinas em ação. O entendimento sobre a interrelação entre físico, cognitivo e afetivo é fundamental para que a intervenção possa trazer bons resultados. DESENVOLVIMENTO MOTOR NA FASE PRÉ-ESCOLAR COMO PREPARAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM Na chamada segunda infância, entre os três e os seis anos, que é uma fase pré- escolar, a criança domina a linguagem e é capaz de se comunicar e de expressar ideias e pensamentos, pois reflete sobre o mundo e aprende por meio de sua grande curiosidade. Aos três anos,passa pela conhecida fase dos porquês, em que as perguntam se sucedem em uma contínua descoberta do mundo, dos fenômenos e das coisas. Essa intensa curiosidade permite às crianças obterem conhecimento sobre o que acontece dentro e fora delas. O desenvolvimento físico, que é muito acelerado quando a criança é bebê, é marcado por aumentos consideráveis de altura, peso e músculos. Após os três anos, ele vai desacelerando, até um novo pico na puberdade. Alguns marcos desse período de crescimento são descritos a seguir (PAPALIA; MARTORELL, 2022). • Em torno de 4 anos, a criança dobra a altura em relação ao nascimento. • A altura cresce em torno de 5 cm ao ano. • O ganho de peso é de mais ou menos 2,3 kg por ano. • O início da segunda infância marca uma diminuição no tecido adiposo. • O tecido muscular se mantém em torno de 25% do peso corporal. As variações de peso e altura, conforme o gênero, são pequenas, apesar de os meninos terem mais massa muscular e serem ligeiramente mais altos e mais pesados durante a infância. Esse crescimento e robustecimento serve aos movimentos e às habilidades motoras que as crianças vão conquistando, desde engatinhar, levantar e caminhar até correr, andar de bicicleta, jogar bola e praticar um esporte. Aqui também se define a lateralidade — ou seja, as crianças demonstram preferência por usar a mão direita ou esquerda (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; PAPALIA; MARTORELL, mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br 2022). Nessa fase de crescimento, o físico de meninos e de meninas é comparável e, posteriormente, muda muito, e as transformações dependem da constituição, dos hormônios e da construção do físico por meio da prática de esportes. As proporções corporais também mudam significativamente. Os bebês têm a cabeça e o tronco grandes e os membros pequenos; posteriormente, as proporções mudam, o peito fica mais largo e o abdômen diminui. O crescimento ósseo é dinâmico e depende das características de cada criança e das condições de saúde e cuidados que teve. O cérebro, aos três anos, tem mais ou menos 75% do peso que terá definitivamente; aos 6 anos, atinge 90% desse peso. Depois dos quatro anos, o córtex se desenvolve completamente, em função da mielinização — isto é, o desenvolvimento da mielina em torno dos neurônios. A mielina serve para a transmissão de impulsos nervosos pelo sistema nervoso, o que favorece os movimentos complexos. A visão ainda tem limites, pois o globo ocular só atinge o pleno desenvolvimento em torno dos 12 anos, e a retina está em formação até o sexto ano (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013; PAPALIA; MARTORELL, 2022). Nessa fase, a criança tem mais papilas gustativas do que o adulto, sendo especialmente sensível aos sabores (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). O cérebro sofre grandes transformações na segunda infância, com o crescimento das áreas frontais, responsáveis pela capacidade de planejamento e metas, e continua com a sua grande plasticidade. A plasticidade se refere à flexibilidade das áreas cerebrais — ou seja, se uma área está com problemas, ou lesões, e se esta não for muito extensa, outra área pode assumir sua função, se adequadamente estimulada. Há também um maior desenvolvimento do corpo caloso, parte do cérebro que possibilita a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, responsável pela maior coordenação dos sentidos, pela atenção, pela fala e pela audição (PAPALIA; MARTORELL, 2022). A atividade preferida pelas crianças na infância é brincar, o que ocupa muito do seu tempo. O brinquedo tem inúmeras funções, principalmente nessa fase da vida, como: aprendizagem sobre os corpos e as potencialidades, facilitação do desenvolvimento cognitivo e afetivo, exercício da motricidade ampla e fina, desenvolvimento do pensamento lógico e da abstração, entre tantas outras. A criança vai adquirindo a capacidade de pensar a partir dos outros, e não somente sobre os seus mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br próprios pensamentos. No início da infância, na chamada fase pré-conceitual, elas são totalmente egocêntricas, o pensamento é concreto, e as conclusões a que chegam são compreendidas como verdades (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). O desenvolvimento afetivo contribui para as mudanças, assim como se beneficia delas, e seus desafios maiores são a autonomia e a iniciativa. A busca por autonomia faz com que as crianças, nessa fase, tendam a contrariar tudo o que lhes é solicitado, utilizando preferencialmente o não, como um exercício de liberdade e, não necessariamente, de desobediência. A iniciativa, por outro lado, vem muito atrelada ao desenvolvimento motor e à capacidade de correr, subir, pular, pegar e lançar objetos, etc. Se não forem permitidos esse exercício e a conscientização de suas capacidades, a criança tenderá a sentir culpa, incapacidade e frustração. As crianças expandem seus horizontes rapidamente, à medida que também se tornam mais seguras fisicamente. A imaginação e a fantasia as fazem criar um mundo que vai propiciando a formação e a estruturação da personalidade (FONSECA, 2008; GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Os padrões de sono também se modificam na segunda infância, e, por volta dos cinco anos, as crianças dormem em média 11 horas por noite e vão abandonando as sonecas durante o dia. Os distúrbios de sono são frequentes entre 1 e 5 anos de idade e podem ser causados por problemas cerebrais situacionais ou permanentes, como despertar incompleto de sono profundo, problemas respiratórios e agitação das pernas. Esses distúrbios podem ser associados com má-formação do aparelho respiratório, sobrepeso e ansiedade de separação, já que a progressiva autonomia é um dos desafios das crianças no período. Esses problemas tendem a desaparecer com o tempo, e muitos têm origem em problemas comportamentais, como recusa a dormir e contínuos despertares noturnos. As práticas ineficientes dos pais para o controle desses problemas, ou a falta de paciência com a superação, podem agravá-los. Problemas do sono, se persistirem com a idade, precisam ser melhor investigados (PAPALIA; MARTORELL, 2022). Os pesadelos são frequentes e são associados ao temperamento da criança, se mais ansiosa ou rebelde. Podem também decorrer de práticas inadequadas de parentalidade, como brincadeiras agitadas, filmes impróprios, histórias inquietantes, mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br ameaças e sustos de diversos tipos. Outro problema associado aos hábitos de sono é a enurese, que consiste no não controle da urina durante o sono. Ela é frequente até os oito anos, e muitos casos se resolvem naturalmente até essa idade, mas outros persistem e necessitam de auxílio especializado. As crianças não podem ser culpabilizadas ou castigadas, sob pena de se sentirem inferiorizadas e discriminadas, o que é muito prejudicial nessa fase de intensa socialização (PAPALIA; MARTORELL, 2022). Até aqui, focamos o desenvolvimento físico e psicomotor na segunda infância (3 a 6 anos), na fase pré-escolar, pois sua associação possibilita a integração das capacidades motoras, afetivas e cognitivas, em um processo dinâmico e, esperançosamente, harmônico. A criança começa a conquistar a sua independência, a tomar as suaspróprias iniciativas e decisões, alicerçada por um desenvolvimento físico (músculos, ossos, cérebro, etc.), cognitivo (pensamento lógico e abstração, conscientização e desenvolvimento de suas capacidades mentais) e afetivo (maior consciência do outro, iniciativa e autonomia). UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE Dizem que a leitura é parasita da fala, e, como visto, antes mesmo da entrada na escola, a criança já domina a linguagem. Porém a transição entre uma e outra não é a tarefa mais fácil, pois envolve decodificações e domínios de habilidades, que precisarão ser desenvolvidas até a fluência da língua, que depende não somente de capacidades individuais, mas de fatores externos ao sujeito. O desenvolvimento da habilidade de leitura depende tanto do aprendiz quanto de seu ambiente (SNOWLING; HULME, 2013). Para melhor compreender as aquisições das crianças nesse período, para a aprendizagem da escrita e da leitura, normalmente as habilidades motoras são divididas em amplas e finas. As amplas envolvem os grandes músculos e são atividades como saltar e correr; as finas são habilidades de manipulação, que envolvem músculos pequenos e exigem a coordenação dos olhos, com os movimentos das mãos. Nas habilidades finas, está fortemente envolvida a lateralidade, que significa a preferência pelo uso da mão direita ou esquerda. Ainda existe discussão sobre a definição dessa mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br preferência, mas sabemos que os meninos são mais propensos a utilizar a mão esquerda do que as meninas (PAPALIA; MARTORELL, 2022). As habilidades finas, como amarrar sapatos e utilizar tesouras, exigem tanto destreza como cuidados e responsabilidade no uso. Essas habilidades se complementam e, uma vez atingidas pela criança, favorecem o desenvolvimento de outras. Aos 3 anos, uma criança pode servir um líquido em uma tigela, utilizar talheres e ir ao banheiro sozinha. Desenha uma pessoa por meio de uma forma mais ou menos circular, sem braços. Com 4 anos, pode se vestir sozinha, com auxílio, recortar seguindo uma linha, desenhar uma pessoa mais completa, bem como algumas formas e letras, e fazer pequenas dobraduras. Com 5 anos, já se veste mais autonomamente, copia figuras e acrescenta detalhes no desenho de uma pessoa (MARTORELL, 2014; PAPALIA; MARTORELL, 2022). À medida que adquirem novas habilidades motoras, as crianças as mesclam com as que já têm, e essa combinação lhes possibilita desenvolver outras ainda mais complexas, fenômeno conhecido como sistemas de ação. Esses sistemas permitem a aquisição de movimentos mais amplos e precisos e, portanto, um controle maior do ambiente. A lateralidade mais definitiva ocorre por volta dos 3 anos, e isso depende do hemisfério cerebral dominante. Este, em 90% dos casos, é o esquerdo, que controla o lado direito do corpo; dessa forma, a lateralidade se define como destra (PAPALIA; MARTORELL, 2022). O modelo bidimensional propõe marcos do desenvolvimento motor que podem ajudar a entender as funções dos diferentes movimentos em cada fase. Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) propõem quatro fases, e as duas intermediárias têm relação com a segunda infância. A primeira delas, a fase do movimento rudimentar, inicia-se por volta dos 2 anos, e a segunda, a fase do movimento fundamental, ocorre até os 6 anos. O modelo parte dos movimentos reflexos, ou involuntários, que nascem na vida intrauterina e propiciam a coleta de informações sobre o ambiente: toques, luzes, sons, mudanças de pressão e temperatura, etc. Posteriormente, após o nascimento, esses movimentos involuntários desempenham importante papel no conhecimento do próprio corpo, além do ambiente circundante. Os movimentos reflexos envolvem também os reflexos primitivos e posturais. Os primitivos são filogenéticos, ou seja, mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br associados à alimentação e à sobrevivência, à nutrição e à proteção. Sem eles, o bebê não conseguiria mamar. Os posturais se relacionam com as condições a serem adquiridas na locomoção e na manipulação, como engatinhar e pegar objetos (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Figura 1 – Modelo bidimensional para a classificação de movimentos. Fonte: Gallahue, Ozmun e Goodway (2013, p. 38). Na fase dos movimentos rudimentares, relacionados com a segunda infância, surgem os movimentos voluntários, como o movimento da cabeça, do pescoço e dos músculos do tronco, o alcance de objetos e as primeiras iniciativas de locomoção, como se arrastar, engatinhar e, posteriormente, caminhar. Essas aquisições exigem o gradativo controle e equilíbrio do corpo. A fase dos movimentos fundamentais significa um período de muitas novas experimentações com o corpo e de descobertas de como executar movimentos de estabilidade, locomoção e manipulação, isolados e em combinações com outros. As habilidades desenvolvidas nesse período têm utilidade ao longo da vida, como caminhar, subir escadas, equilibrar-se em diferentes posições (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Como dito ao longo deste Sumário Teórico, a psicomotricidade permite que a criança desenvolva as habilidades necessárias em cada fase. Para a escrita e a leitura, assim como para os raciocínios requeridos na aprendizagem, além da habilidade motora em si, são necessárias capacidades associadas à autoconfiança, à socialização, à disciplina, ao respeito, entre tantas outras requeridas pela escola e pela sociedade. mailto:contato@algetec.com.br LABORATÓRIO DE PSICOPEDAGOGIA RELAÇÃO DA ESCRITA E LEITURA COM A PSICOMOTRICIDADE ALGETEC — SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. GALLAHUE, D.; OZMUN, J.; GOODWAY, J. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças e adultos. Porto Alegre: AMGH, 2013. HAYWOOD, K.; GETCHELL, N. O desenvolvimento motor ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2016. MARTORELL, G. O desenvolvimento da criança: do nascimento à adolescência. Porto Alegre: AMGH, 2014. MENDONÇA FILHO, E. et al. Identificação de atrasos do desenvolvimento nos primeiros anos escolares. In: HUTZ, C. et al. Avaliação psicológica no contexto escolar e educacional. Porto Alegre: Artmed, 2022. PAPALIA, D.; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: AMGH, 2022. SNOWLING, M.; HULME, C. (org.). A ciência da leitura. Porto Alegre: Penso, 2013. mailto:contato@algetec.com.br