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AULA 18 - TENDINOPATIA PATELAR Professora Nayra Rabelo 1. Características da Condição As tendinopatias patelares são o pão de cada dia para os fisioterapeutas, especialmente aqueles que tratam indivíduos envolvidos em atividades físicas. Em geral, o diagnóstico de tendinopatia patelar é predominantemente clínico, dispensando a necessidade de exames de imagem para identificar as alterações no tendão patelar. Essencialmente, é um diagnóstico fundamentado na avaliação clínica em vez de radiológica. Os exames de imagem, quando utilizados, apenas complementam o diagnóstico. Tendinopatia patelar é caracterizada pela presença de dor na região do tendão patelar, seja no polo inferior da patela ou na junção com a tuberosidade da tíbia (entesopatia). Geralmente, os sintomas estão relacionados à carga, ou seja, manifestam-se ou se intensificam durante atividades que exigem mais do mecanismo extensor do joelho, como agachamentos profundos, saltos e cargas excessivas no tendão patelar. Essa condição é notavelmente comum entre atletas de salto, afetando de 11% a 14% dos atle- tas recreacionais e até 32% a 45% dos atletas de elite. No entanto, é importante destacar que as tendinopatias patelares têm uma alta taxa de recorrência, em torno de 49%, o que torna o tratamento e a prevenção fundamentais para a recuperação e a manutenção da saúde dos pacientes. 2. Fatores de Risco Os fatores de risco associados às tendinopatias patelares podem aumentar as chances de um indivíduo desenvolver essa condição, mas não garantem que isso ocorrerá necessariamente. São indicativos que merecem atenção, pois ao lidar com essas variáveis, é possível propor programas de prevenção. Alguns dos fatores de risco incluem: Alto volume de treino e excessivo número de jogos, principalmente em atividades que envolvem saltos; Amplitude de Movimento (ADM) reduzida de dorsiflexão de tornozelo; Flexibilidade reduzida de isquiotibiais e quadríceps; Elevado IMC (Índice de Massa Corporal). WPS_1660134844 Ink Outros fatores associados que merecem atenção incluem: Aterrissagem rígida, com pouca absorção de carga; Excesso de rotação interna passiva de quadril; Deficiências de força do complexo posterolateral do quadril; Período de desuso dos membros inferiores; Histórico de entorse de tornozelo. 3. Avaliação Lunge Test: Este teste avalia a ADM de dorsiflexão do tornozelo em Cadeia Cinética Fechada (CCF). O paciente é solicitado a realizar um afundo, e a ADM do tornozelo é medida. Uma ADM abaixo de 36 graus sugere redução da dorsiflexão do tornozelo, o que pode ser um fator de risco para a tendinopatia patelar. Figura 1: Lunge Test. ADM Passiva de Rotação Interna de Quadril: Neste teste, o paciente fica em decúbito ventral com o joelho flexionado a 90 graus. O examinador mede a rotação interna passiva do quadril. Uma rotação interna acima de 43 graus pode sugerir uma excessiva rotação interna de quadril, o que pode aumentar o risco de tendinopatia patelar. Avaliação da Força dos Músculos do Quadril: Utilizando um dinamômetro, é possível avaliar a força dos músculos rotadores laterais, extensores e abdutores do quadril de forma isométrica. Essa avaliação ajuda a identificar deficiências de força que podem afetar o alinhamento e a estabilidade do joelho. Figura 2: avaliação da ADM de rotação interna de quadril. Figura 3: avaliação de força dos músculos que compõem o complexo posterolateral do quadril. 4. Tendinopatia Patelar vs Carga no Tendão Embora a tendência inicial possa ser a de poupar o tendão afetado, isso pode não ser a estra- tégia mais eficaz para a recuperação. O conceito de "carga adequada" é fundamental no trata- mento de tendinopatias. O tendão é um tecido adaptável que responde ao estresse progressivo. Portanto, para promover a regeneração do tendão e melhorar sua capacidade de absorver e liberar carga, é necessário introduzir uma carga progressiva, respeitando os princípios do trei- namento de resistência. Exemplo de progressão de atividades: Agachamento Bipodal: Começar com agachamentos de ambos os pés é uma maneira segura de introduzir carga ao tendão patelar. Agachamento Unipodal: Conforme o paciente melhora sua resistência e tolerância, a transição para o agachamento com um único pé pode ser introduzida. Saltos Bipodais: Saltos com ambos os pés podem ser a próxima etapa, gradualmente aumentando a demanda sobre o tendão. Saltos Unipodais: Por fim, introduzir saltos com um único pé pode ajudar a melhorar a capacidade do tendão de lidar com a carga de forma mais funcional. É importante respeitar a dor e a resposta do paciente durante esse processo. 5. Tratamento Fisioterapêutico O tratamento fisioterapêutico para tendinopatia patelar envolve uma abordagem abrangente e individualizada, com foco na redução da dor, melhora da função do joelho e capacidade do tendão de tolerar carga. Aqui estão algumas estratégias-chave: Exercícios Isométricos: Os exercícios isométricos têm evidências sólidas no tratamento de tendinopatias patelares. Proporcionar exercícios isométricos com cerca de 85% da carga de contração isométrica voluntária máxima dos quadríceps, a aproximadamente 30 graus de flexão do joelho por cerca de 10 segundos, pode aliviar imediatamente a dor do paciente. Figura 4: exercícios isométricos. Exercícios Excêntricos e Heavy Slow Resistance (HSR): Os exercícios excêntricos, incluindo o programa HSR, são uma abordagem confiável no tratamento da maioria das tendinopatias patelares. O HSR envolve exercícios resistidos com alta carga e velocidade de repetições lentas. Os exercícios excêntricos ou HSR são mais apropriados para reduzir a dor a longo prazo e melhorar a função do joelho. Terapia por Ondas de Choque: Com base em evidências, a aplicação de ondas de choque no tendão patelar não se mostrou superior ao placebo. Portanto, seu uso deve ser interpretado com cautela. Repouso: O repouso não é uma estratégia eficaz no tratamento de tendinopatias patelares. Pelo contrário, a ênfase deve ser na aplicação de carga progressiva ao tendão. Objetivos do Tratamento: Reduzir a dor, utilizando exercícios isométricos e técnicas como o enfaixamento infra- patelar. Melhorar a capacidade do tendão de tolerar carga, facilitando seu armazenamento e liberação eficaz de carga. Foco do Tratamento: Treino de força para fortalecer os músculos do quadríceps e melhorar a estabilidade do joelho. Treino de velocidade para melhorar a capacidade do tendão de responder rapidamente a demandas. Treinos pliométricos (especificidade) para desenvolver a capacidade do tendão de lidar com movimentos de alta demanda e saltos.
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