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Parasitas e as Infecções Digestivas e 
Geniturinárias
Parasitologia 
Clínica
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
EDINÉIA BONIN
AUTORIA
Edinéia Bonin
Olá! Sou analista de Alimentos, mestre em Ciência de Alimentos 
e doutoranda em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de 
Maringá (UEM), com experiência técnico-profissional de mais de cinco 
anos na área de Microbiologia. Passei por empresas multinacionais nas 
quais desenvolvi experiência em análise de laboratório físico-química 
e microbiológica. Sou apaixonada pela leitura e pelo que faço, e adoro 
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso, fui convidada pela Editora TeleSapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Leishmania e Leishmaniases: Os Parasitos ...................................... 10
Leishmania Braziliensis ou as Leishmaníase Tegumentares 
Americanas .......................................................................................................................................... 10
Leishmania Mexicana e as Leishmaníase Cutânea das 
Américas ........................................................................................................................... 17
Leishmania Donovani ou Leishmaníase Visceral ................................ 19
Flagelados das Vias Digestivas e Geniturinárias: Tricomoníase e 
Giardíase .........................................................................................................23
Trichomonas Urogenital .............................................................................................................23
Trichomonas Tenax e Trichomonas Hominis ........................................ 30
Giardíase .............................................................................................................................34
Platyhelminthes: Parasitos do Homem ............................................ 37
Introdução aos Platyhelminthes...........................................................................................37
Schistosoma Mansoni e Esquistossomose: o Parasita e a 
Doença ................................................................................................................................ 40
Schistosoma e Esquistossomose: Epidemiologia e Controle ....44
Infecção pela Fascíola e Ciclo de Vida .............................................49
Classe Trematoda........................................................................................................................... 49
Fascíola Hepática e Fasciolíase ....................................................................... 50
Teníase e Cisticercose ..............................................................................................53
Echinococcus Granulosus e Hidatidose ................................................... 58
Hymenolepis Nana e Himenolepíase .............................................................................60
7
UNIDADE
03
Parasitologia Clínica
8
INTRODUÇÃO
O aprendizado faz com que você conheça e forme um pensamento 
crítico de novas descobertas, busque um material que auxilie e ajude 
a compreender com mais facilidade os desafios do estudo. Conheça 
o gênero da Leishmania, parasita protozoário que causa 2 milhões 
de novos casos de leishmaniose a cada ano, infectando 12 milhões de 
pessoas, é a segunda principal causa de morte por infecção parasitária 
e a 12° no mundo, perdendo posto, apenas, para malária, sua forma de 
manifestação clínica pode ser cutânea, mucocutânea e visceral. Outro 
conhecimento abordado nesta unidade será o grupo dos Trichomonas, 
que são protozoários flagelados com três a cinco flagelos anteriores, outras 
organelas e uma membrana ondular, que habitam vários ambientes, entre 
os quais parasitas e comensais. As quatro espécies de Trichomonas que 
colonizam o ser humano são: T. vaginalis encontrados no trato geniturinário 
de ambos os sexos, T. tenax na cavidade bucal, T. hominis no intestino, e 
a Giardia lamblia que causa a infecção denominada de giardíase. O grupo 
dos Platyhelminthes consistindo de trematódeos e cestoides, entre os 
Trematodas temos o Schistosoma manso, que causa a esquistossomose, 
e as infecções causadas por Fascíola hepática (fasciolose), Taenia Solium 
(cisticercose) e Saginata (teníase), Echinococcus granulosus (hidatidose) 
e Hymenolepis nana (himenolepíase). Aos futuros profissionais e 
estudantes, sejam bem-vindos a conhecer e entender a Leishmania e os 
Platyhelminthes, que infectam o homem, e seus graves problemas de 
saúde pública. Seja multiplicador de boas ações do conhecimento.
Parasitologia Clínica
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Parasitas e as 
infecções digestivas e geniturinárias. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término 
desta etapa de estudos:
1. Identificar a doença leishmaníase e gênero da Leishmania.
2. Apontar os problemas relacionados ao gênero das Trichomonas e 
Giardia lamblia. 
3. Identificar os Platyhelminthes que parasitam o homem.
4. Explicar o ciclo de vida das Tênias.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Parasitologia Clínica
10
Leishmania e Leishmaniases: Os 
Parasitos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
que o protozoário do gênero Leishmania, de localização 
intracelular, caracterizada por lesões cutâneas, mucosas 
e viscerais, transmitida pela picada do inseto díptero da 
família Phlebotomus e Lutzomyia, são encontrados em 
reservatório domésticos e silvestres, podemos considerar 
como zoonose. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então, vamos lá. Avante!
Leishmania Braziliensis ou as 
Leishmaníase Tegumentares Americanas
O parasita protozoário  Leishmania  causa 2 milhões de novos 
casos de leishmaniose por ano, atinge 12 milhões de pessoas a qualquer 
momento e é um grande problema de saúde em todo o mundo. O gênero 
Leishmania, por Ross (1903), envolve agentes que causam, no homem e 
nos animais, doenças com amplo espectro (BRASIL, 2019). 
VOCÊ SABIA?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a leishmaniose é 
a segunda principal causa de morte por infecção parasitária 
e a 12ª principal causa de morte por doenças infecciosas 
em todo o mundo.
Além disso, a incidência de leishmaniose está aumentando devido 
ao desenvolvimento em áreas de floresta e a mudanças na população por 
conflitos. 
Parasitologia Clínica
11
As leishmanioses são um grupo de doenças causadas porprotozoários flagelados do gênero Leishmania transmitidas pela picada 
de flebotomíneos, nas quais podem variar de úlceras localizadas a 
doença sistêmica. O gênero Leishmania é composto por várias espécies e 
subespécies de protozoários flagelados, que são agrupados por mais de 
20 espécies de protozoários unicelulares, digenéticos, encontradas nas 
formas promastigotas e amastigotas.
As espécies de Leishmania que infectam seres humanos podem 
manifestar-se em três formas clínicas diferentes: cutânea, mucocutânea e 
visceral, as duas formas principais: visceral (a forma mais séria da doença) 
e tegumentar (na forma cutânea ou mucocutânea). A doença afeta com 
mais frequência, as pessoas mais pobres e está associada à desnutrição, 
à moradia, ao sistema imunológico do indivíduo e às condições sociais 
e econômicas. A leishmaniose também está associada a mudanças 
ambientais como o desmatamento, construção de barragens, sistemas 
de irrigação e a urbanização. 
A principal forma de transmissão do parasita para o homem e outros 
hospedeiros mamíferos é por meio da picada de fêmeas de dípteros da 
família Psychodidae, gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente como 
mosquito palha. Os cães são os principais reservatórios domésticos de 
Leishmania, sendo o principal responsável pela manutenção desse agente 
na área urbana. Os cães infectados, especialmente os assintomáticos, são 
potenciais fontes de infecções para o vetor.
A morfologia entre as diferentes espécies do gênero Leishmania 
é muito semelhante. Portanto, a taxonomia é baseada em múltiplas 
características, temos algumas mais relevantes que são por meio de: 
bioquímicos, estudo de isoenzimas (zimodemas); imunobiológicos, uso 
de anticorpos monoclonais específicos (serodemas) para subespécie e 
hibridação do DNA dos quinetoplastos (esquizodemas); comportamento 
biológico de Leishmania, em animais experimentais, o vetor ou nos meios 
de cultura in vitro.
Parasitologia Clínica
12
O entendimento da epidemiologia dos cães é essencial para 
o planejamento do controle de infecção humana e canina. Para isso, é 
importante saber a intensidade de transmissão entre os cães, a proporção 
deles em áreas de risco e a diferenciação entre os cães infectados e 
sadios para permitir o controle dos animais infectados.
O ciclo biológico pode ser descrito a partir da ingestão da forma 
amastigota pelas fêmeas do mosquito durante o repasto sanguíneo. Esses 
insetos possuem o aparelho bucal curto e rígido, que é capaz de dilacerar 
tecidos e vasos sanguíneos do hospedeiro, proporcionando um misto de 
sangue, linfa e restos celulares durante a telmatofagia, importantes para 
a ingestão das formas infectantes. No hospedeiro invertebrado, o parasita 
se prolifera por fissão binária no intestino do inseto e se transforma em 
flagelado promastígota metacíclica e que será introduzido por meio da 
picada. Ao ser introduzido no hospedeiro vertebrado, a forma promastígota 
é englobada por histiócitos, dentro deles, os protozoários perdem o 
flagelo e sofrem fissão binária, originando formas amastigotas nos 
fagolisossomos da célula hospedeira, alguns são liberados para infectar 
outras células, e outros, juntamente com os histiócitos, são ingeridos por 
insetos por meio da picada.
A leishmaniose constitui-se um grave problema de saúde pública 
no mundo e também um importante problema veterinário. De acordo 
com a Organização Mundial de Saúde, mais de um bilhão de pessoas 
estão vivendo em áreas endêmicas de risco de infecção. Estima-se que 
ocorra de 700.000 a 1.000.000 de novos casos por ano e que 20.000 a 
30.000 casos irão ao óbito anualmente. A leishmaniose é frequentemente 
encontrada em pacientes em estados imunossuprimidos por HIV, 
transplantes de órgãos, tumores e pacientes que fazem quimioterapia.
Parasitologia Clínica
13
Quadro 1 – Espécie e subespécie de Leishmania de importância para o homem
Subgênero Viannia Subgênero Leishmania
Espécies do complexo 
braziliensis:
Espécies do complexo donovani:
Leishmania braziliensis Leishmania chagasi
Leishmania guayanensis Leishmania chagasi
Leishmania paramensis Espécie mexicana:
Leishmania peruviana Leishmania mexicana
Leishmania lainsonai Leishmania amazonenses
Leishmania pifanoi
Leishmania venezuelense
Fonte: Atias (1998).
A L. braziliensis provoca no homem lesões denominadas de úlcera-
de-Bauru, caracterizada por feridas, aparecem lesões únicas e em 
pequeno número, porém o número aumenta com formação de graves 
lesões, com infecções crônicas, como mostra a Figura 1. Esse tipo de 
Leishmania é responsável pelas lesões mais destrutivas.
No Pará, o vetor da L. braziliensis é a Lu. Wellcomei (flebotomíneos 
que compõem uma subfamília de insetos), o homem adquire a infecção 
durante todo período estacional das chuvas, durante o dia. O vetor não 
possui hábitos domiciliares, assim o homem o adquire na mata. Em outros 
estados, a doença é causada pelo desmatamento e mudança no meio 
ambiente. Na região de Minas Gerais e Espírito Santo, a transmissão da 
doença ocorre em áreas de mata secundária, e a maior incidência é 
moradores jovens e adultos das áreas rurais. As regiões do corpo mais 
afetadas são as expostas (braços, membros inferiores, cabeça e face), 
porém, em plantação de banana, próximo das residências já foram 
registrado casos, e com isso é considerado que, no Brasil, os vetores da 
Leishmania estão tanto no ambiente silvestre quanto no peridomicílio. 
Animais domésticos como cavalos, burros e cães são infectados, acredita-
Parasitologia Clínica
14
se que esses animais são reservatórios domésticos da Leishmania, os 
dados não são claros sobre esses estudos (NASCIMENTO, 2013).
Figura 1 – L. braziliensis isolada de leishmaniose cutânea
Fonte: Wikimedia Commons.
A Leishmaniose tegumentar americana é uma enfermidade 
infecciosa, não contagiosa, que acomete pele e mucosas, apresenta 
uma cadeia complexa de transmissão, estando sujeita, em uma mesma 
região, a diversos determinantes, tais como: desequilíbrio ecológico 
produzido pela invasão do homem aos nichos naturais da doença, 
variações sazonais e a susceptibilidade da população. Na América, são 
reconhecidas onze espécies dermotrópicas de Leishmania causadoras de 
doença humana e oito espécies somente em animais. No Brasil, já foram 
identificadas 7 espécies, sendo seis do subgênero Viannia e uma do 
subgênero Leishmania. As três principais são L. braziliensis, L. guyanensis, 
L. amazonensis, e mais recentemente as espécies L. lainsoni, L. naiffi, L. 
lindenberg, L. shawi foram identificadas em estados da região Norte e 
Nordeste.
A L. tegumentar americana no Brasil, até a 1940, estava intimamente 
relacionada com a penetração do homem em zonas de florestas em 
desbravamento, pois a derrubada de mata para o plantio, a construção de 
Parasitologia Clínica
15
estradas, ferrovias, hidrelétricas e a implantação de povoados favoreciam 
o contato do homem com os reservatórios e vetores. Na região amazônica, 
ainda hoje observa-se o padrão epidemiológico de transmissão no 
ciclo silvestre. É uma doença endêmica em vários estados brasileiros, 
somando 134.571 de casos confirmados entre 2010 e 2015, preocupa 
os órgãos responsáveis pela saúde, principalmente pela possibilidade 
do desenvolvimento de lesões mutilantes envolvendo a mucosa nasal, 
bucal e faríngea. Foi adotado um programa de controle da leishmaniose 
centrado nas seguintes medidas: diminuir a densidade populacional do 
vetor, identificação e o sacrifício dos cães infectados, e o tratamento das 
pessoas doentes. A literatura relata associação de leishmaniose e câncer 
em humanos (MANO-SOUSA et al., 2019).
O ciclo de transmissão é geralmente complexo e, geralmente, 
há especificidade entre reservatórios e vetores de cada subespécie de 
Leishmania. Os vetores parasitas são espécies do gênero Lutzomyia, 
demonstrados na Figura 2, que geralmente têm habitat em áreas rurais,com fêmeas hematófagas transmitindo a infecção. Os mosquitos vivem 
em locais escuros e úmidos, como cavidades de árvores, cavernas, 
rachaduras entre pedras. É importante conhecer os hábitos dos vetores 
para a implementação de medidas de controle e prevenção desse 
parasitismo. 
Figura 2 – Mosquito da espécie do gênero Lutzomyia
Fonte: Wikimedia Commons. 
Parasitologia Clínica
16
A transmissão depende do contato humano. O padrão de 
transmissão depende de onde a picada ocorre e pode ser: intradomicílio, 
quando o vetor entra no domicílio das pessoas, peridomiciliar, quando 
o contato homem-vizinho ocorre em torno do endereço rural, onde 
as pessoas são expostas à picada do vetor quando entram na floresta 
ou realizam atividades (geralmente agrícolas) em lugares questão 
localizados os reservatórios dos parasitas (foco de transmissão). Tanto 
na transmissão intra quanto na peridomiciliar, ambos os sexos são 
afetados em proporções semelhantes (no entanto, quando a transmissão 
é basicamente intradomiciliar, crianças menores de quatro anos são as 
mais afetadas, na transmissão rural, adultos e, especialmente, homens 
são afetados). 
Os reservatórios naturais do parasita são os vertebrados selvagens 
(principalmente, roedores), e os animais domésticos têm um papel 
menor (reservatórios secundários). Os animais naturalmente infectados, 
geralmente, não apresentam lesões óbvias na pele, sendo necessárias 
biópsias e culturas para testes parasitológicos. Todas as Leshmanias de 
importância médica produzem lesões na pele e algumas delas têm a 
capacidade de produzir lesões mucosas. 
O diagnóstico definitivo requer demonstração do parasita. 
O diagnóstico clínico baseia-se nas características mencionadas 
anteriormente, sendo as mais importantes: lesão com duração superior 
a quatro semanas, não dolorosa, com fundo granulomatoso espesso e 
bordas violetas endurecidas, o contexto epidemiológico. Obviamente, de 
acordo com as características climáticas e ecológicas da área, é importante 
diferenciar de outras lesões cutâneas, como lesões pirogênicas, feridas 
contaminadas, ulcerações varicosas, micoses cutâneas. O diagnóstico de 
lesões mucosas deve ser diferenciado de micose, neoplasias da cavidade 
orais, linfomas, sífilis. O diagnóstico parasitológico requer a demonstração 
de amastigotas no esfregaço da lesão, de promastigotas por meio dos 
meios de cultura in vitro. A coleta de amostras para investigação da doença 
ocorre com esfregaço da lesão, biopsia, cultivos e testes sorológicos.
Diagnóstico, tratamento precoce, gestão ambiental, educação, 
participação da comunidade e proteção pessoal combatem vetores e 
Parasitologia Clínica
17
reservatórios.. A proteção individual é baseada no uso de repelentes ou 
impregnação de vestidos com permetrina, que estabelece uma barreira 
entre o sujeito e o vetor, impedindo a mordida. É recomendável para 
turistas ou pessoas que entram em áreas endêmicas por curtos períodos 
de tempo. O controle vetorial geralmente é feito com o uso de inseticidas 
residuais, seu efeito é temporário e só será eficiente se a transmissão for 
intra-residencial.
Leishmania Mexicana e as Leishmaníase Cutânea 
das Américas 
Leishmania mexicana é o agente causal da leishmaniose cutânea no 
México e na América Central, parasita protozoário intracelular obrigatório 
que causa a forma cutânea da leishmaniose. Essa espécie de Leishmania 
é encontrada na América. A infecção por L. mexicana ocorre quando um 
indivíduo é picado por um flebotomíneo infectado que injeta promastigotas 
infecciosas, elas são transportadas nas glândulas salivares e expulsas 
pela probóscide, diretamente para a pele.
O ciclo de vida dela e de outras espécies de Leishmania, apresentado 
na Figura 3, começa quando um flebotomíneo infectado infecta as 
promastigotas na pele do hospedeiro mamífero.  Esses promastigotas 
são englobadas por células fagocíticas, como macrófagos e células 
dendríticas. Os parasitas são mantidos dentro de um vacúolo parasitóforo, 
então eles se transformam em amastigotas e se dividem até chegar a 
membrana celular. A partir disso, são liberados para infectar novas células 
como estágio amastigotas.  Quando uma mosca da areia não infectada 
morde um reservatório de mamífero infectado, a mosca da areia ingere 
os amastigotas, portanto eles se transformam em promastigotas e se 
dividem no intestino médio da mosca, essas promastigotas migram para 
a probóscide e são capazes de produzir a doença de Leishmaniose. Não 
ocorre estágio sanguíneo no ciclo biológico da L. mexicana.
Parasitologia Clínica
https://en.wikipedia.org/wiki/Leishmaniasis
18
Figura 3 – Ciclo de vida da Leishmania
Fonte: Wikimedia Commons.
A L. mexicana  pode induzir manifestações clínicas cutâneas 
e difusas em humanos.  O tipo cutâneo desenvolve uma úlcera no 
local da picada, em que os amastigotas não se espalham e as úlceras 
tornam-se visíveis alguns dias ou vários meses após a picada inicial.  O 
tipo cutâneo difuso começa quando o amastigota se difunde pela pele 
e se transforma em metástase para outro tecido.  Esse tipo não produz 
úlceras e não há tratamento. O tratamento da leishmaniose causada por L. 
mexicana consiste em antimoniais pentavalentes, injetado diretamente na 
úlcera ou intramuscular.
A leishmaniose cutânea é a forma mais comum de leishmaniose e 
provoca lesões na pele, formação de úlceras únicas ou múltiplas, em locais 
exposto do corpo, nas quais deixam cicatrizes permanentes e deficiências 
graves. Cerca de 95% dos casos ocorrem na América, no mediterrâneo, 
Oriente Médio e na Ásia, sendo a maior parte nos países Afeganistão, 
Argélia, Brasil, Colômbia, Irã e Síria, como ilustrado na Figura 4.
Parasitologia Clínica
19
Figura 4 – Característica de leishmaniose cutânea
Fonte: Wikimedia Commons. 
Estima-se que um milhão de novos casos ocorram mundialmente 
por ano. A leishmaniose mucocutânea é compreendida como a destruição 
parcial ou total da membrana da mucosa do nariz, boca e garganta. Cerca 
de 90% dos casos ocorrem no Brasil, Bolívia, Etiópia e Peru.
Leishmania Donovani ou Leishmaníase Visceral 
A Leishmaniose visceral, forma mais grave da doença, é letal se 
não tratada, e é causada por espécies do complexo Leishmania donovani.
A Leishmaniose visceral é popularmente conhecida de calazar 
(significa “doença negra”) é uma zoonose que acomete os humanos, 
canídeos domésticos (Figura 5) e animais silvestres, cuja apresentação 
clínica varia de formas assintomáticas até o quadro clássico da parasitose. 
Se deixada sem tratamento, a doença é fatal em 95% dos casos dentro 
de 2 anos após o início da doença. O quadro clássico da parasitose é 
evidenciado pela presença de febre, anemia, hepatoesplenomegalia, 
tosse seca, leucopenia e hipergamaglobulinemia. Com a progressão da 
doença, outras manifestações clinicas se desenvolvem, em especial a 
diarreia, icterícia, vômito e o edema periférico. Esses sintomas dificultam 
o diagnóstico diferencial com outras patologias, retardando sua 
Parasitologia Clínica
20
identificação. As espécies causadoras são pertencentes ao complexo 
Leishmania donovani. No Brasil, o agente etiológico encontrado é a 
Leishmania chagasi, espécie semelhante a L. infantum encontrada no 
Mediterrâneo e na Ásia.
Figura 5 – Leishmaniose visceral lesões em cães
Fonte: Wikimedia Commons.
Os flebotomíneos fêmeas precisam de sangue para a reprodução, 
por isso infectam homens ou animais. As fêmeas infectadas são as 
responsáveis por transmitir a doença quando os promastigotas inoculam 
os hospedeiros suscetíveis. Nos mamíferos, os promastigotos entram 
em monócitos ou macrófagos por meio de receptores específicos, onde 
tornam-se amastigotas, e multiplicam-se apenas dentro dessas células 
do sistema retículo-endotelial. No intestino do mosquito, os amastigotos 
se tornam promastigotas e são divididos por fissão binária.
Na lesão de porta de entradado parasita, existem histiócitos com 
amastigotas em seu interior. Os órgãos mais afetados são reticuloendotelial, 
como baço, fígado, medula óssea e gânglios linfáticos. O baço aumenta 
consideravelmente de tamanho, é nodular e em casos crônicos, há fibrose. 
A hepatomegalia é causada por hiperplasia reticuloendotelial e infiltrado 
linfomonocitário dos espaços portais. Na medula óssea, há presença de 
amastigotas intracelulares e depressão das séries vermelha e branca. Os 
Parasitologia Clínica
21
nós mesentéricos são os mais comprometidos. Outros órgãos, como rins 
e pulmões, também podem ser alterados. A pele geralmente apresenta 
nódulos, ulcerações por hiperpigmentação ou despigmentação.
Nas áreas endêmicas, a maioria das pessoas infectadas não 
apresenta sintomas (varia entre 30-100%). O período médio de 
incubação é de 2 a 4 meses. Caracterizada por febre crônica, perda de 
peso, hepatoesplenomegalia (predominantemente esplenomegalia), 
pancitopenia (anemia, hemorragia, infecções intercorrentes). Alguns 
indivíduos podem desenvolver doença oligo sintomática, caracterizada 
por tosse, diarreia, febre baixa ou leve, ausência de visceromegalia e perda 
de peso. Alguns sinais podem aparecer mais tarde, como hemorragias 
nasais, gengivais intestinal, bem como hepatoesplenomegalia, 
micropoliadenopatia e edema em membros inferiores, em alguns casos, 
existem desconfortos digestivos: vômitos, dores epigástricas, perda de 
apetite, o que leva à perda de peso, nas crianças pode comprometer 
o crescimento. Nos casos graves, pode levar ao comprometimento 
das defesas do organismo e infecções como tuberculose, pneumonia, 
disenteria, sarampo, podendo levar à morte. Os sinais cutâneos mais 
frequentes são aparecimento de nódulos subcutâneos, ulcerações 
cutâneas e mudanças de cor.
L. visceral é uma doença de preocupação mundial, pois é crônica e 
grave que afeta mais de 300.000 pessoas anualmente, sendo responsável 
por 20 mil mortes anualmente. Estima-se que sejam diagnosticados 50 a 
90 mil casos por ano em todo o mundo. A OMS afirma que 90% dos novos 
casos reportados em 2015 estão localizados em 7 países: Brasil, Etiópia, 
Índia, Quênia, Somália, Sudão e no Sudão do Sul. No Brasil, a LV apresenta 
ampla distribuição geográfica, além de possuir alta letalidade, quando 
não iniciado o tratamento adequado em tempo hábil. O período de 2010 
a 2015 houve 22.044 casos novos confirmados no país, sendo 3.770 de 
casos apenas em 2015. A pouca iniciativa de campanhas de combate 
ao vetor, medidas de profilaxia, a escassez de recursos e a atual falta de 
infraestrutura dos serviços de saúde, em especial no que concerne ao 
diagnóstico da infecção por Leishmania, na população canina e humana, 
tornam as atuais medidas de controle pouco efetivas.
Parasitologia Clínica
22
As medidas de controle são múltiplas e devem ser integradas. 
Inclui ações de diagnóstico e eliminação de cães infectados, combate a 
vetores, por meio da aplicação de inseticidas de ação residual, diagnóstico 
e tratamento precoce de pessoas infectadas (África e Índia, tratamento de 
pacientes que foram infectados leishmaniose dérmica). As ações de controle 
também envolvem atividades educacionais e participação da comunidade.
IMPORTANTE:
As terapias medicamentosas para a leishmaniose, como 
drogas antimoniais pentavalente e anfotericina B, são 
tóxicas e a resistência a medicamentos está aumentando 
para muitas espécies de Leishmania. Para aumentar esse 
problema, não existem vacinas altamente eficazes para 
a infecção ou, sem dúvida, para qualquer outro parasita 
protozoário.
RESUMINDO:
O parasita protozoário Leishmania causa 2 milhões de no-
vos casos de leishmaniose por ano, atinge 12 milhões de 
pessoas a qualquer momento e é um grande problema de 
saúde em todo o mundo. A principal forma de transmissão 
do parasita para o homem e outros hospedeiros mamíferos é 
a picada de fêmeas de dípteros da família Psychodidae, gê-
nero Lutzomyia, conhecidos popularmente como mosquito 
palha. O ciclo biológico pode ser descrito a partir da inges-
tão da forma amastigota pelas fêmeas do mosquito durante 
o repasto sanguíneo. O ciclo de transmissão é geralmente 
complexo e geralmente há especificidade entre reservató-
rios e vetores de cada subespécie de Leishmania. Os vetores 
parasitas são espécies do gênero Lutzomyia, que geralmen-
te têm habitat em áreas rurais, com fêmeas hematófagas 
transmitindo a infecção. A L. visceral é uma doença de preo-
cupação mundial, pois é crônica e grave que afeta mais de 
300.000 pessoas anualmente, sendo responsável por 20 mil 
mortes anualmente. Estima-se que sejam diagnosticados 50 
a 90 mil casos por ano em todo o mundo.
Parasitologia Clínica
23
Flagelados das Vias Digestivas e 
Geniturinárias: Tricomoníase e Giardíase
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você terá entendido um pouco 
mais sobre as espécies do gênero Trichomonas que são 
parasitas do homem, são encontrados no trato geniturinário, 
cavidade bucal e no intestino, e nenhum deles produz 
cistos. São conhecidos apenas em seu estado de trofozoíto, 
e também sobre os flagelados intestinais Giardia lamblia. 
Entenderemos as formas de contágio, ciclo de biológico e 
meios de transmissão. .
Os Trichomonas apresentam as seguintes características 
morfológicas: um citosoma, grupo de flagelos anteriores gratuitos, um 
flagelo adicional sobre a margem externa de uma membrana ondulada 
e um axostyle proeminente, que geralmente emerge da extremidade 
traseira do corpo. Todas as espécies do gênero Trichomonas são parasitas 
e nenhum deles produz cistos, portanto, são conhecidos apenas em 
seu estado de trofozoíto, multiplicam-se de maneira assexuada por 
fissão binária longitudinal, iniciada pela divisão do núcleo seguida pela 
separação do citoplasma em dois organismos. O ser humano é colonizado 
por bactérias, fungos e protozoários específicos. Entre os microrganismos, 
encontra-se os Trichomonas que são protozoários flagelados com três a 
cinco flagelos anteriores, outras organelas e uma membrana ondular, 
que habitam vários ambientes, entre os quais parasitas e comensais. As 
quatro espécies de Trichomonas que colonizam o ser humano são: T. 
vaginalis, encontrados no trato geniturinário de ambos os sexos, T. tenax, 
na cavidade bucal, e T. hominis, no intestino.
Trichomonas Urogenital
O Trichomonas vaginalis, protozoário flagelado unicelular e 
cosmopolita, é encontrado no trato geniturinário de homens e mulheres, 
Parasitologia Clínica
24
em todo o mundo. Possui forma de pêra, com membrana ondulante curta 
revestida de flagelos, mede 7 a 23 µm de comprimento por 5 a 12 µm de 
largura, é maior que um leucócito polimorfonuclear, mas menor que as 
células epiteliais maduras. Movimenta-se por rotação e oscilação. Os T. 
hominis, T. tenax e T. vaginalis não são caracteristicamente distinguíveis 
(MACIEL et al., 2004).
Possui um axostyle espesso com mais grânulos siderofílicos ao seu 
redor e um citosoma muito pouco evidente. O complexo blefaroplástico 
é único, está localizado no polo anterior do corpo e é composto por 
um núcleo cinetônico e um corpúsculo basal de onde emergem os 
flagelos. A membrana indutora é uma extensão protoplásmica que 
ocupa os dois terços anteriores do corpo; em sua borda livre é o flagelo 
posterior e, em sua base, lacosta ou filamento fibrilar. O corpo parabasal 
(aparelho de Golgi) é uma formação de piriforme, vizinha ao núcleo. O 
núcleo encavalado, cariosoma com cromatina granular e subcentral 
uniformemente distribuído. O citoplasma possui uma estrutura granular 
fina, com grande quantidade de grânulos e vacúolos siderofílicos 
digestivo, contrátil e excretora. É dividido por fissão binária longitudinal e 
não forma cistos. O parasita viaja facilmente em todas as direções, com 
movimentos de rotação e balanço pelos flagelos ou pseudópodes.
Embora a infecção durante o banho seja altamente improvável, 
ocasionalmente, podeser contratado entre adultos, por meio de piscinas, 
águas termais e pelo uso compartilhado de roupas íntimas, toalhas. Habita 
a vagina e a uretra da mulher e na próstata, vesículas e uretra do homem. A 
infecção por T. vaginalis, necessariamente transmitida pelo trofozoíto, tem 
como principal mecanismo de transmissão o contato sexual. Essa fonte de 
transmissão intravenosa foi invocada em meninas e mulheres virgens. Não 
é incomum observar a propagação da infecção de mães infectadas para 
suas filhas. O trofozoíto é muito lábil e é facilmente destruído no ambiente, 
principalmente na ausência de umidade, temperatura e condições de pH 
adequadas. Os Trichomonas sucumbem rapidamente a temperaturas 
acima de 40°C ou contra a ação da luz solar direta e 35 a 40 minutos em 
água. No entanto, eles podem sobreviver em esponjas molhadas por 
várias horas, sendo capazes de obter culturas positivas em amostras de 
coletadas a partir de roupas molhadas até 24 horas após a inoculação, 
Parasitologia Clínica
25
indicando a possibilidade de transmissão por esse mecanismo. Na urina, 
o Trichomonas é capaz de sobreviver por mais de 24 horas, sendo comum 
encontrá-lo na urina sedimentada ou centrifugada de homens e mulheres, 
em que pode permanecer ativo por horas, com ondulações progressivas 
e movimentos pseudópodes. Pode sobreviver até cinco horas em águas 
entre 18 e 29°C e com um pH de 4,9 a 7,5.
Os Trichomonas alimentam-se de bactérias, leucócitos e exsudatos 
celulares. Na mulher, os parasitas alimentam-se da superfície mucosa da 
vagina, ingerindo bactérias e leucócitos e, às vezes, por fagocitose ou por 
monócitos de macrófagos, característica da T. vaginalis ilustrado na Figura 6.
Figura 6 - Trichomonas vaginalis
Fonte: Wikimedia Commons. 
Sua epidemiologia é a prevalência atual de tricomoníase, na 
população em geral é desconhecida, porque a doença não é notificada 
e devido à baixa sensibilidade relativa dos métodos de diagnóstico 
comumente usados. Entretanto, sua prevalência em grupos específicos 
de pacientes, varia dependendo do nível de atividade sexual, composição 
racial de população estudada e métodos de diagnóstico utilizados. A 
tricomoníase é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais 
Parasitologia Clínica
26
comuns, com uma incidência anual estimada em 108 milhões de mulheres 
em todo o mundo e 2,5 a 3 milhões de casos por ano nos Estados Unidos. 
Mulheres sexualmente ativas têm alto risco de ter tricomoníases. 
A incidência mais alta ocorre entre os 20 e os 49 anos, período de maior 
atividade sexual.
A infecção é de maior prevalência em pacientes com múltiplos 
parceiros sexuais, e entre as prostitutas, T. vaginalis estão presentes entre 
50 a 75% destas mulheres. Cerca de 13 a 25% das mulheres atendidas 
em consultas ginecológicas apresentam tricomoníase. Nas mulheres 
assintomáticas, a prevalência de culturas positivas é de 3 a 15% (MACIEL 
et al., 2004). 
Figura 7 – Ciclo de vida da T. vaginalis que ocasiona a infecção tricomoníases
Fonte: Wikimedia Commons. 
Parasitologia Clínica
27
A ocorrência simultânea de mais de uma doença sexualmente 
transmissível é frequente e encontrada em altas taxas de incidência em 
populações de alto risco para outras doenças sexualmente transmissíveis. 
A infecção concomitante por Neisseria gonorrhoeae está entre 20 e 50%. 
No entanto, as infecções fúngicas são detectadas com menos frequência 
entre mulheres com tricomoníase. Os mecanismos de antagonismo entre 
as duas infecções não são conhecidos, mas o T. vaginalis é encontrado 
em um meio relativamente alcalino, enquanto os fungos requerem um 
pH vaginal mais ácido. Nas mulheres grávidas, o T. vaginalis, pode ser 
encontrado em 20 a 30%, embora apenas 5 a 10% seja acompanhado por 
sintomas.
A incidência de infecção nos homens é menor que nas mulheres 
e, geralmente, é assintomática. 100% dos parceiros sexuais de homens 
com tricomoníase têm a infecção, confirmando sua importância 
na disseminação. A prevalência de T. vaginalis está entre homens 
assintomáticos, entre 3% e 10%, enquanto em pacientes com uretrite e 
prostatite inespecífica é de 1% a 20%. A tricomoníase é mais frequente entre 
as mulheres negras. O motivo dessa diferença racial é desconhecido, mas 
pode estar relacionado a fatores socioeconômicos, como educação e 
renda, condições de vida e unidades de saúde. 
Patologia: a T. vaginalis não pode viver naturalmente sem uma 
estreita associação com o tecido vaginal, uretra ou próstata. Alguns dias 
após a chegada à vagina, a proliferação de colônias flageladas causa 
degeneração e descamação do epitélio vaginal, com infiltração de 
leucócitos, aumentou as secreções vaginal que tornaram-se abundante 
e com características especiais (NEVES, 2005), (líquidas, verdes ou 
amarelas), com grande número de tricomoníases e leucócitos.
O orifício uretral, glândulas vestibulares e clitóris ficam intensamente 
inflamados. Quando a infecção aguda muda para o estado crônico, que, 
geralmente, ocorre uma atenuação dos sintomas, a secreção perde sua 
aparência purulenta devido à diminuição do número de tricomoníases e 
leucócitos, e o aumento das células epiteliais e ao estabelecimento de 
uma flora bacteriana mista.
Parasitologia Clínica
28
Nos homens, a infecção é geralmente assintomática, embora possa 
causar uretrite ou prostatite irritativa. É necessário um grande número de 
parasitas para causar sintomas. Ocasionalmente, um pequeno número de 
tricomoníases pode ser encontrado em uma paciente sem sintomas, com 
pH vaginal normal e flora vaginal, que pode ser interpretada como um 
estado portador. Nas mulheres, o estabelecimento ou desenvolvimento 
de T. vaginalis é influenciado por fatores gerais, como o nível de estrogênio 
circulante, uma vez que a produção depende deles de glicogênio pelas 
células vaginais.
Nos estágios pré-púbere, lactação e pós-menopausa, a estimulação 
vaginal da produção de estrogênio é perdida, o pH é anormalmente alto e 
a flora normal pode ser substituída por flora mista. Nessas circunstâncias, 
a vagina não favorece a infecção, apesar do efeito da diminuição da 
acidez; no entanto, a administração tópica ou sistêmica de estrogênio 
pode causar uma infecção subclínica que se tornará sintomática. Altos 
níveis de esteroides sexuais, como ocorre durante a gravidez, parecem 
promover o desenvolvimento de sintomas refratários. Na paciente grávida, 
o corrimento vaginal aumenta devido à secreção de muco devido a um 
colo uterino hiperativo e hiperativo. 
A baixa acidez vaginal causada por sangue menstrual, mucorréia 
cervical, sêmen e infecções concomitantes como Gardnerella vaginalis, 
favorece o estabelecimento de Trichomonas.
Os sintomas são mais frequentes e importantes no sexo feminino, 
no homem, causa pouco ou nenhum sintoma, uma vez que, no trato 
urogenital masculino, o parasita não encontra condições favoráveis ao seu 
desenvolvimento. As variadas formas clínicas da doença provavelmente 
dependem do número e virulência do parasita e da resistência do 
hospedeiro. A presença ou a ausência de sintomas está aparentemente 
associada à quantidade de Trichomonas e ao valor do pH no trato vaginal, 
pois quando há sintomas e mais valores de pH alcalino, há um número 
maior de parasitas.
A infecção assintomática não tem uma prevalência definida. 
No entanto, vários estudos mostraram que 10% a 50% das mulheres 
infectadas com T. vaginalis não apresentam sintomas. Aproximadamente 
Parasitologia Clínica
29
apenas 25% deles são detectados por exame direto, uma vez que, em 
geral, apresentam menor número de parasitas. A importância de conhecer 
o grupo de indivíduos assintomáticos é que servem como portadores 
“saudáveis”, não suspeitos, e podem transmitir o parasita sexualmente 
a outro indivíduo e desenvolver infecção sintomática, por outro lado, os 
sintomas podem aparecer em alguns casos no hospedeiro previamente 
assintomático.Nas mulheres, existem três formas de apresentação clínica: 
assintomática, subclínica e vulvovaginite.
A manifestação clínica mais frequente é a vulvovaginite de evolução 
aguda ou crônica. T. vaginalis é a causa de 20 a 25% de vulvovaginite. O 
período de incubação varia de 4 a 28 dias e os sintomas e sinais comuns 
são leucorreia, vulvite, prurido vulvar e disúria. O quadro clínico clássico 
descrito na tricomoníase com presença de leucorreia purulenta e 
espumosa e irritação vaginal como características estão presentes em 
uma minoria de mulheres e tem sido questionado em sua sensibilidade e 
especificidade.
O corrimento vaginal é o sintoma mais frequente e é descrito apenas 
em metade dos pacientes com tricomoníase, na maioria deles (70%), é de 
apresentação aguda, com duração inferior a trinta anos dias. No entanto, 
pelo exame físico, a leucorreia é encontrada em aproximadamente 80% 
das mulheres infectadas.
A qualidade da leucorreia ocasionalmente sugere o possível 
diagnóstico de tricomoníase, embora T. vaginalis possa ser encontrado 
com qualquer tipo de descarga. A leucorreia pode ser variável em 
quantidade, amarelada, esverdeada ou cinza, manchada de sangue, 
com espuma, odor inodoro ou forte. Outros sintomas são pruridos vulvar, 
queimação e irritação genital, doloroso, que pode causar dispareunia 
intensa. 
No exame ginecológico, a presença de um colo uterino alterado 
com aparência edemacia, eritematosa e friável, com áreas pontuais de 
exsudato, é patognomônica, mas sua prevalência de 2% a 3% não ajuda 
no diagnóstico frequente. O exsudato inflamatório também pode cobrir 
a mucosa vaginal e a vulvite é marcada pela presença de eritema, dor e 
Parasitologia Clínica
30
edema. As manifestações clínicas são inespecíficas e qualquer causa de 
cervicite e vulvovaginite pode simular a causada por T. vaginalis.
Em relação aos sinais e sintomas subjetivos, entre as mulheres com 
e sem tricomoníase, existem apenas diferenças significativas em relação à 
presença de leucorreia espumosa, mas não em relação a outros sintomas 
como disúria, secreção total (aguda ou crônica), qualidade e quantidade de 
corrimento, leucorreia e prurido vulvar. Além disso, nenhuma das seguintes 
variáveis clínicas ou epidemiológicas foi associada significativamente ao 
diagnóstico de tricomoníase: idade, frequência da relação sexual, data 
da última relação sexual, dia do ciclo menstrual em que a paciente foi 
examinada e utilizada de antibióticos recentes. 
No homem, a tricomoníase pode ser responsável pela morbidade, 
mas geralmente é assintomática. Pode causar uretrite, prostatite, cistite, 
epidemite, raramente, esterilidade reversível. A infecção pode ser latente 
e, portanto, essencialmente pouco sintomática ou pode ser responsável 
por irritação persistente ou uretrite recorrente. Na uretrite específica, T. 
vaginalis foi detectada em 10% a 20% dos indivíduos. O envolvimento da 
próstata é frequente no estágio crônico da infecção.
SAIBA MAIS:
 Saiba mais sobre o agente etiológico tricomoníase e quais 
os principais diagnósticos, o artigo de revisão de Maciel et 
al. (2004), aspectos clínicos, patogênese e diagnóstico de 
Trichomonas vaginalis. Acesse clicando aqui. 
Trichomonas Tenax e Trichomonas Hominis 
Trichomonas tenax é conhecido como um parasita anaeróbico 
comum da cavidade oral e encontrado nas glândulas submaxilares. 
Causa a infecção tricomoníase, é comumente encontrado na cavidade 
oral e em pacientes com falta de higiene bucal e doença periodontal 
envolvida (MACIEL et al., 2004). A ocorrência de T. tenax depende da idade 
do hospedeiro. Diferentes fatores são responsáveis pela transmissão do 
Parasitologia Clínica
31
parasita, que inclui incidência pela saliva por meio do beijo ou aplicação 
de pratos poluídos e água potável.  Dependendo do estado de saúde 
bucal, o nível de contaminação é relatado entre 0 e 25%. 
Figura 8 – Característica da Trichomonas tenax
Fonte: Wikimedia Commons. 
Conforme a Figura 8, sua aparência é piriforme flagelada, com 5-16 
µm de comprimento e 2-15 µm de largura, com quatro flagelos livres de 
comprimento aproximadamente igual e um quinto na membrana ondulada, 
que não atinge a extremidade posterior do corpo. Possui um citossoma 
próximo à extremidade anterior e, no lado oposto da membrana ondulante, 
um axostil espesso que se estende por uma distância considerável atrás 
do corpo, possui núcleo ovoide com poucos grânulos de cromatina e 
cariossoma excêntrico, e seu citoplasma é finamente granular. T. tenax só 
pode viver na cavidade bucal e aparentemente não sobrevive à passagem 
pelo trato digestivo. Eles são protozoários comensais inofensivos, que se 
alimentam de microrganismos e detrito celular, sendo mais abundante em 
Parasitologia Clínica
32
indivíduos com falta de higiene bucal, estando entre dentes e gengivas, 
em cavidades de cárie dentária e criptas tonsilares (PESSOA, 1942).
A transmissão do T. tenax de um indivíduo para outro é direta, por 
meio do beijo e do uso comum de alimentos e bebidas contaminados. 
Esse organismo é muito resistente às mudanças de temperatura e 
sobrevive várias horas na água, sendo a infecção amplamente distribuída 
no mundo, com uma prevalência que varia entre 0 e 25%. O diagnóstico 
é feito pela descoberta de Trichomonas, a partir de amostras obtidas do 
tártaro entre os dentes, das margens gengivais das gengivas ou das criptas 
das amígdalas, por exame direto ou por cultura em meios especiais. Não 
é necessário tratamento específico, é indicado apenas melhorar a higiene 
bucal do paciente, para reduzir ou eliminar a infecção. Ultimamente, T. 
tenax tem sido identificado como um agente causador de infecção 
pulmonar e é considerado uma infecção oportunista em pacientes com 
câncer, abscesso. Embora a questão de sua possível patogenicidade seja 
resolvida, as infecções devem ser tratadas com metronidazol. A prevenção 
é alcançada por meio da higiene adequada da cavidade oral e evitando a 
exposição a infecção.
Trichomonas hominis ou Pentatrichomonas hominis foi designado 
como uma espécie do gênero Pentatrichomonas, por possuir cinco 
flagelos anteriores, diferentemente do gênero Trichomonas que têm 
quatro flagelos, organismo comensal do trato intestinal do homem, outros 
primatas e vários animais domésticos. Em sua morfologia, difere em alguns 
aspectos da Trichomonas: seu tamanho é de 8 a 20 µm de comprimento 
e 3 a 14 µm de largura (Figura 9), um dos flagelos acima se origina e se 
move independentemente dos outros e apresenta um sexto, ao longo da 
membrana ondulante, que continua como um longo flagelo livre.
Parasitologia Clínica
33
Figura 9 – Trichomonas hominis ou Pentatrichomonas hominis
Fonte: Wikimedia Commons. 
O habitat é exclusivamente no lúmen do intestino grosso e na região 
do apêndice cecal, sobrevivendo às condições ácidas do estômago. 
A transmissão de trofozoítos ocorre pelo consumo de alimentos ou 
água potável contaminada por depoimentos ou por vetores mecânicos. 
Sua prevalência está relacionada às más condições sanitárias do meio 
ambiente, com números até 14%. A infecção é encontrada com mais 
frequência em climas quentes e em crianças menores de dez anos. O 
diagnóstico depende da identificação do parasita móvel em amostras 
de fezes frescas. Nas fezes formadas, o organismo é difícil de identificar, 
porque arredonda e não exibe os movimentos característicos do estado 
ativo. A prevenção depende do saneamento comunitário e da higiene 
pessoal.
Parasitologia Clínica
34
Giardíase
Este flagelado intestinal possui vários nomes, porém o nome correto 
é Giardia lamblia, um protozoário patogênico que se encontra no duodeno e 
no jejuno, responsável pela giardíase em seres humanos, conforme a Figura 
10. Foi descoberta por Leeuwenhoek (1681), que analisou suas próprias fezes. 
Esse protozoário tem como característica a forma de coração, de 10 a 20 
µm de comprimento, apresentaquatro pares de flagelos, dois núcleos com 
cariossomos centrais e dois axóstilos, a formação de trofozoíto geralmente 
aderido na mucosa do duodeno, com simetria bilateral e também formam 
cistos que são encontrados nas fezes. Possuem movimentos de oscilação 
ou dança inconfundível (MEIRELES, 2007).
Figura 10 – Giardia lamblia responsável pela giardíase em seres humanos
Fonte: Wikimedia Commons. 
A G. lamblia é anaeróbica e vive em pH 6,0 a 7,0, com este pH os 
trofozoítos reproduzem-se e multiplicam-se assexuadamente por divisão 
binária longitudinal. Durante a fase aguda da doença, ocorre a diarreia 
crônica, em alguns casos graves, acompanhada de dor abdominal difusa, 
meteorismo e náusea. 
O ciclo biológico é do tipo monoxênico, quando ocorre a 
contaminação humana por meio da água ou alimentos contaminados, 
acontece a ingestão de cistos maduros e, o desencistamento com o 
Parasitologia Clínica
35
ácido do estômago, é completado no duodeno. Depois desse processo, 
os trofozoítos (giárdia) começam a colonização por divisão, com poucos 
dias há a formação de milhares de trofozoítos que formam um tapete no 
duodeno. Continuando o ciclo, depreende-se do duodeno e segue junto 
com o bolo alimentar, chegando no jejuno e depois no ceco.
Os trofozoítos iniciam o processo de encistamento, ficando em 
formato arredondado, ocorre divisão dos núcleos e perda do flagelo, 
em torno de si forma uma membrana cística resistente, como se fosse 
uma casca dura, dando ao parasita a forma oval, como mostra a Figura 
11. A liberação dos cistos pelas fezes dos pacientes depende muito do 
paciente. O cisto em contato com a água pode permanecer viável até dois 
meses. Os cistos podem ser estudados em laboratório passando por meio 
ácido similar ao do estômago, em temperatura de 37°C (COURA, 2013).
Figura 11 – Ciclo vida Giardia lamblia
Fonte: Wikimedia Commons. 
Parasitologia Clínica
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A giardíase é formada a partir da colonização de 100 cistos em uma 
pessoa, levando 10 dias para incubação e de 10 a 30 dias para manifestar 
a infecção. Todo ano, 58 milhões de casos de diarreia que ocorrem em 
crianças são devido a protozoários, e a Giárdia é responsável pela metade 
desses casos e foi incluída na Iniciativa de Doenças Negligenciadas por 
prejudicar o potencial para o desenvolvimento e melhoria socioeconômica 
de seres humanos. Porém, alguns pacientes são assintomáticos e está 
evoluindo para cura, pelo sistema imunológico protetor.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir: entre os microrganismos, encontra-se 
os Trichomonas que são protozoários flagelados com 
três a cinco flagelos anteriores. As quatro espécies de 
Trichomonas que colonizam o ser humano são: T. vaginalis 
encontrados no trato geniturinário de ambos os sexos, 
T. tenax, na cavidade bucal, e T. hominis, no intestino. 
T. vaginalis: habita a vagina e a uretra da mulher e na 
próstata, vesículas e uretra do homem. A infecção por T. 
vaginalis, necessariamente transmitida pelo trofozoíto, 
tem como principal mecanismo de transmissão o contato 
sexual. A infecção é de maior prevalência em pacientes 
com múltiplos parceiros sexuais. O T. tenax é comumente 
encontrado na cavidade oral e em pacientes com falta de 
higiene bucal e doença periodontal envolvida. A transmissão 
de trofozoítos ocorre pelo consumo de alimentos ou água 
potável contaminada por depoimentos ou por vetores 
mecânicos. Giardia lamblia, um protozoário patogênico que 
se encontra no duodeno e no jejuno, é responsável pela 
giardíase em seres humanos. Porém, alguns pacientes são 
assintomáticos e está evoluindo para cura, pelo sistema 
imunológico protetor.
Parasitologia Clínica
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Platyhelminthes: Parasitos do Homem 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
que a classe dos helmintos constitui um grupo muito 
numeroso, com três filos: Platyhelminthes, Aschelminthes 
e Acanthocephala, incluindo espécies de vida livre e 
parasitárias. Principalmente, os Platyhelminthes, com 
características achatadas, nematódea, são vermes 
como corpo cilíndrico e, como os Acanthocephalas são 
distinguidos. Vamos aprender sobre esses grupos de 
parasitas..
Introdução aos Platyhelminthes
Consistindo de trematódeos e cestódeos, os Platyhelminthes são 
caracterizados por sua aparência achatada ou cilíndrica, com simetria 
bilateral, sem cavidade celomática. Com exceção de alguns plenários, 
todos são parasitas. A superfície do corpo é coberta pelo tegumento, 
consistindo de uma camada citoplasmática sincicial contínua, com núcleos 
celulares localizados profundamente abaixo da camada muscular. Sua 
principal função é a absorção metabólica das trocas eletrônicas. O sistema 
muscular é organizado em uma camada superficial colocada abaixo do 
tegumento, que cobre o corpo em toda a sua extensão, nos trematódeos 
essa camada muscular é única e nos cestoides pode haver outra camada 
muscular profunda. As ventosas e a faringe têm uma musculatura muito 
poderosa. O sistema digestivo, ausente nos cestódeos, nos trematódeos, 
é constituído por uma boca, uma faringe e um intestino que termina no 
fundo do saco. O sistema nervoso é do tipo ganglionar cefálico, com 
troncos nervosos longitudinais e comissuras transversais com funções 
molares. O sistema excretor, além de sua função excretora, atua como um 
sistema osmorregulador e termorregulador. 
Parasitologia Clínica
38
O sistema reprodutivo é extremamente complexo, mas segue um 
esquema comum: todos os cestoides, e quase todos os trematódeos 
(com exceção dos esquistossomos), são hermafroditas. O sistema 
reprodutivo macho, é constituído pelos testículos, um sistema de túbulos 
no qual algumas glândulas fluem e órgão copulador retrátil. O sistema 
reprodutivo das fêmeas consiste em um ovário, está conectado ao oótipo, 
onde os ovos são produzidos. Além disso, existem algumas glândulas, 
como as glândulas vitelinas, de aparência ramificada, que secretam seus 
produtos no oviduto. Os vermes planos são caracterizados por apresentar 
ciclos evolutivos complexos, com estágios larvais morfologicamente e 
funcionalmente muito diferentes dos estágios adultos.
Figura 12 – Grupo dos Platyhelminthes
Fonte: Wikimedia Commons. 
Na classe Trematoda, os vermes adultos não possuem epiderme 
e cílios externos, o corpo é recoberto por uma cutícula, com ventosas, 
presença de tubo digestivo, não possui anus, hermafrodita ou não, 
geralmente tem o corpo achatado, não possuem sistema circulatório, 
conforme Figura 13. O ovo tem coloração clara ou marrom escura, oval, 
em algumas espécies como Schistosoma, o ovo ao ser eliminado já 
contém uma larva (miracídio), nas espécies de Fascíola, Eurytrema, o ovo 
é liberado sem estar embrionado, a larva é formada com o ovo no meio 
Parasitologia Clínica
39
externo. Para dar continuidade no ciclo de vida, as larvas necessitam de 
molusco, quando a larva for liberada na água (Schistosoma e Fascíola) 
ocorre a penetração no molusco aquático e quando a larva permanecer 
no ovo, tem que ser ingerido por um molusco para dar continuidade ao 
ciclo (HORNINK et al., 2013).
Figura 13 – Classe dos Trematoda
Fonte: Wikimedia Commons. 
A classe dos Cestoda são endoparasitas que não contém epiderme, 
cavidade geral e sistema digestivo, os órgãos de localização estão na 
extremidade anterior, corpo alongado e formado de segmento, recobertos 
por uma cutícula. O cestódeo possui três regiões característica: escólice, 
localiza-se nos órgãos de fixação, pescoço, que sustenta o escólice e, por 
último, estróbilo. É nos Cyclophyllidea que são encontradas as espécies 
de parasitas de maior importância para a parasitologia humana, os 
Cysticercus e a Taenia (COURA, 2013).
A classe Nematoda tem o corpo cilíndrico e alongado, desprovido 
de células, sem revestimento epitelial, tamanho de mm oucm, sexos 
em geral separados (dioicos), sendo o macho menor que a fêmea, nos 
machos o alongamento da cauda pode formar a bolsa copuladora. Nas 
Ascaris e Ancylostomas, o embrião se desenvolve dentro do ovo no meio 
externo (COURA, 2013).
Parasitologia Clínica
40
Schistosoma Mansoni e Esquistossomose: o 
Parasita e a Doença
Na classe Trematoda, encontra-se a família Schistomatidae, 
apresenta sexo separado, são parasitas de vasos sanguíneos de 
mamíferos e aves. A denominação de Schistosoma mansoni por 
Sambon em 1907. Das cinco espécies que causam doença ao homem 
(Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum, Schistosoma 
mekongi e Schistosoma intercalatum), apenas o Schistosoma mansoni é 
nativo das Américas.
No ciclo da esquistossomose, estão envolvidos dois hospedeiros:
 • Hospedeiro definitivo: o homem é o principal hospedeiro 
definitivo. Nele, o parasita desenvolve a forma adulta e reproduz-
se sexuadamente. Os ovos são eliminados por meio das fezes no 
ambiente, ocasionando a contaminação das coleções hídricas 
naturais (córregos, riachos, lagoas) ou artificiais (valetas de 
irrigação, açudes e outros).
 • Hospedeiro intermediário: o ciclo biológico do S. mansoni depen-
de da presença do hospedeiro intermediário no ambiente. Os ca-
ramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbi-
dae e gênero Biomphalaria, são os organismos que possibilitam a 
reprodução assexuada do parasita (SOUSA et al., 2011). 
No Brasil, a doença é popularmente conhecida de barriga d´água 
ou mal-do-caramujo, atinge um milhão de pessoas, sendo considerado 
uma região endêmica, dividida em duas fases: inicial e tardia. 
Na fase inicial assintomática, o hospedeiro tem contato na infância 
com o parasita, a doença pode ser confundida com outras, pois o 
hospedeiro é assintomático, já sintomático, o hospedeiro apresenta 
dermatite cercariana e outros sintomas característicos da doença.
A fase tardia é caracterizada pela forma crônica: inicia com seis 
meses após a infecção e pode durar anos. Suas formas clínicas podem 
ser hepatointestinal, a descoberta da doença ocorre acidentalmente, pois 
a pessoa não apresenta sintomas, com exame das fezes e descoberta 
Parasitologia Clínica
41
de ovos; hepática, alteração no tamanho do fígado e endurecimento; 
hepatoesplênica compensada, aparecimento de varizes no esôfago, 
aumento do baço, sintomas como aumento de pressão no sistema de 
veias que leva o sangue dos órgãos abdominais para o fígado, hemorragia 
digestiva, sintomas que acometem mais jovens e adolescentes; e 
hepatoesplênica descompensada, estado mais grave da doença 
responsável pela morte, perda de funcionalidade do fígado, surte de 
hemorragia digestiva, o diagnóstico precoce previne este quadro.
Em contato com a água e sob condições favoráveis de temperatura, 
luminosidade e salinidade, os ovos são rompidos, deixando livre as larvas 
ou miracídeos. Essa larva ciliada, que possui aproximadamente 24 horas 
de vida livre, nada ativamente em busca de seu hospedeiro intermediário, 
um caracol, que penetra por meio de suas partes nuas, preferencialmente 
nas bases das antenas ou do pé. Após a penetração, o miracídeo é 
transformado em um esporocisto primário. A partir do décimo quarto dia, 
formam-se esporocistos secundários, que posteriormente migram para 
alojar-se no hepatopâncreas do molusco.
Na glândula digestiva, sofrem modificações acentuadas e formam-
se as cercárias de colabifurcados, por meio da estimulação da luz e do 
calor, são eliminadas na água. As cercárias podem sobreviver entre 24 e 
48 horas e encontrar o hospedeiro definitivo, homem ou outros animais 
vertebrados, penetram ativamente por meio da pele ou membranas 
mucosas. Durante a penetração, elas perdem a cauda e se tornam 
esquistossomose. Por meio da circulação sanguínea, essas larvas 
atingem o coração, pulmões e fígado, para finalmente alojar, a partir do 
trigésimo dia, nas veias mesentéricas do sistema portal, lá amadurecem 
sexualmente e começam a postura de ovos. A fêmea vive no canal 
ginecóforo do macho, Schistosoma significa fenda do corpo, ambos 
possuem duas ventosas oral e ventral, ilustrado na Figura 14.
Parasitologia Clínica
42
Figura 14 – Schistosoma mansoni a fêmea vive no canal ginecóforo do macho
Fonte: Wikimedia Commons. 
O macho apresenta o tegumento com tubérculos, que variam em 
aparência nas diferentes espécies. A fêmea, depois de fertilizada, vai para 
os capilares e vênulas da parede intestinal, onde libera seus ovos. Cada 
fêmea produz entre 300 e 1000 ovos diariamente, imaturos e precisam de 
6 a 7 dias para se tornarem ovos viáveis e maduros, que constituem 95% 
dos ovos, eliminados pelas fezes do homem.
A doença ocasionada pelo Schistosoma tem a patogenicidade 
dependente da carga parasitaria adquirida, idade, nutrição e resposta 
imunológica da pessoa. A chamada dermatite do nadador ocorre quando 
o Schistosoma penetra na pele do homem, ocorre erupção, comichão, 
edema e dor. Após a penetração das cercárias na pele, os esquistossomos 
se instalam no pulmão, após alguns dias são encontrados nos vasos do 
fígado.
Parasitologia Clínica
43
VOCÊ SABIA?
A patogenicidade da esquistossomose depende dos 
ovos. Um pequeno número de ovos, quando conseguem 
chegar na luz intestinal, causa pequenas lesões, que são 
reparadas pelo sistema imunológico, porém uma grande 
quantidade de ovos pode provocar hemorragias, formação 
de pequenas úlceras, edema na submucosa, já os ovos 
que chegam até o fígado causam alterações graves.
Os ovos produzem e liberam pelos poros um antígeno que forma 
inflamações granulomatosa, responsáveis por variações clínicas e 
complicações digestivas e circulatórias.
Na fase aguda, ocorre infecção com duração de 50 a 120 dias, 
acompanhada de calafrios, sudorese, perda de peso, febre, cólicas, 
disenteria, dor de cabeça, tosse, no pulmão, ocorre simulação de 
tuberculose. Já na fase crônica, o paciente apresenta quadro de diarreia 
mucosanguinolenta, fibrose da alça retossigmoide, tonturas, sensação 
de plenitude gástrica, prurido (coceira) anal, palpitações, impotência, 
emagrecimento, fezes sanguinolentas são ocasionadas pela passagem 
de muitos ovos para a luz intestinal, ocasionando hemorragia e edema, o 
fígado apresenta aumento de volume e endurecimento com numerosos 
granulomas, desenvolvimento de varizes nas regiões do umbigo, inguinal 
e esôfago. Nos casos mais crônicos, ocorre o aumento do fígado e baço 
ou forma hepatoesplênica, hemorragia digestiva, hipertensão pulmonar 
e morte desenvolvida pela doença esquistossomose, ocasiona a ascite 
(barriga d´agua), como na Figura 15.
Parasitologia Clínica
44
Figura 15 – Ascite ou barriga d’água ocasionada pelo Schistosoma mansoni
Fonte: Wikimedia Commons. 
Schistosoma e Esquistossomose: Epidemiologia e 
Controle 
A esquistossomose mansoni é uma doença de ocorrência tropical, 
registrada em 54 países, principalmente na África e Leste do Mediterrâneo, 
atinge as regiões do Delta do Nilo e países como Egito e Sudão. Atinge 
também a América do Sul, destacando-se a região do Caribe, Venezuela 
e Brasil (BRASIL, 2019).
Estima-se que haja um total de duzentos milhões de pessoas 
parasitadas e, destas, 60 milhões estão infectadas por S. mansoni, entre 
500 e 600 milhões de pessoas estão expostas à infecção devido a 
condições de pobreza, ignorância, moradia precária, práticas higiênicas 
precárias e disponibilidade limitada ou inexistente de serviços de saúde. 
A explicação mais aceita para o início da esquistossomose na América é 
que ela foi trazida por escravos africanos. 
As populações africanas imigrantes teriam sido infectadas por S. 
mansoni e S. haematobium. Para a manutenção desse último, é necessária 
a presença de caracóis do gênero Bulinus, para o primeiro, os caracóis do 
Parasitologia Clínica
45
gênero Biomphalaria são muito extensos. Esse gênero é representado por 
mais de vinte espéciesna América, mas existem três espécies principais 
que servem como hospedeiros intermediários: B. glabra, B. lenagophila e 
B. straminea.
A expansão da esquistossomose ameaça especialmente para 
as ilhas do Caribe, Argentina, Paraguai e Uruguai. Por esse motivo, a 
implementação de medidas de controle para impedir a introdução dessa 
doença é muito importante. Estima-se que cerca de 1,5 milhões de 
pessoas vivem em áreas sob o risco de contrair a doença. Os estados das 
regiões Nordeste e Sudeste são os mais afetados, sendo que a ocorrência 
está diretamente ligada à presença dos moluscos transmissores.
Atualmente, a doença é detectada em todas as regiões do país. 
As áreas endêmicas e focais abrangem os Estados de Alagoas, Bahia, 
Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba, Sergipe, 
Espírito Santo e Minas Gerais (predominantemente no Norte e Nordeste 
do Estado). No Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal, 
a transmissão é focal. No Brasil, as espécies  Biomphalaria glabrata, 
Biomphalaria straminea  e  Biomphalaria tenagophila de caracóis  estão 
envolvidas na disseminação da esquistossomose. Há registros da 
distribuição geográfica das principais espécies em 24 estados, localizados, 
principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Figura 14 – Distribuição da esquistossomose na área endêmica, por município no Brasil 
dados de 2009 – 2017
Fonte: SISPCE/SVS/MS (2019). 
Parasitologia Clínica
46
Os fatores que favorecem a instalação ou disseminação da 
parasitose são migrações (internas e externas), construção de sistemas 
de irrigação e grandes reservas de água, falta de condições básicas de 
saneamento, ausência de água potável e esgoto, operações agrícolas 
e assim por diante. A esquistossomose é uma doença cuja transmissão 
ocorre em área rural e nas periferias das cidades relacionadas ao déficit 
no saneamento e defecação em locais inadequados. Há evidências de 
que as crianças não têm imunidade concomitante, pois estão adquirindo 
novas cargas parasitárias em cada contato com o parasita, em vez disso, 
os adultos têm esse tipo de imunidade. 
A forma intestinal é a mais frequente e seus sinais e sintomas mais 
comuns são diarreia mucosa ou mucossanguinolento, alternando ou não 
com constipação, cólicas abdominais. Durante o exame físico, a dor é 
sentida na palpação do caminho das cólicas, especialmente no sigmoide. 
O fígado, quando aumentado, é palpado sob a flange costal, que 
caracteriza a forma hepatointestinal (que se assemelha à forma intestinal 
em todo o reto). Na maioria dos casos, é indolor, de consistência normal 
ou ligeiramente aumentada.
Os exames laboratoriais revelam uma contagem global normal de 
glóbulos brancos, com eosinofilia discreta e testes normais da função 
hepática. O diagnóstico, é obtido pelo achado dos ovos S. mansoni nas 
fezes, uma vez que a sintomatologia é difícil de diferenciar de outras 
parasitoses intestinais, embora a presença de fezes com sangue seja mais 
comum na esquistossomose. A biópsia hepática ou exame patológico 
demonstra granulomas nas fases produtivas e, nos casos mais antigos, na 
fase de cicatrização por fibrose. 
A forma hepatoesplênica é considerada sinônimo de gravidade e é 
caracterizada pelo crescimento do fígado e do baço. Pode ser apresentado 
de três formas: compensado, descompensado ou complicado. A forma 
hepatoesplênica compensada assemelha-se em sua sintomatologia à 
forma intestinal ou hepatointestinal. O exame físico revela um aumento 
especialmente no lobo esquerdo do fígado, palpável sob a crista 
costal, e é duro e com nódulo. O baço também cresce, mas não muito, 
o que o diferencia da malária ou da leishmaniose visceral. Na forma 
Parasitologia Clínica
47
hepatoesplênica descompensada, o paciente apresenta juba, ascite, e, 
no exame físico, a condição geral é muito comprometida, com palidez, 
afinamento, abdome globular, bases torácicas alongadas e presença de 
circulação colateral.
O estudo patológico revela uma formação reativa hiperplásica ao 
redor dos ovos de S. mansoni. Os ovos de S. mansoni são encontrados em 
praticamente todos os tecidos e órgãos do corpo humano. Associações 
mórbidas comuns com esquistossomose, apresentando concomitância 
com Salmonellose e outras enterobactérias do vírus da hepatite B, 
mascarando e confundindo o quadro clínico e patológico. 
Controle da esquistossomose deve ser abordado sob dois pontos 
de vista: controle da transmissão e controle da doença. O controle da 
transmissão envolve a redução da infecção humana e do caracol a esses 
níveis, o que permite interromper o ciclo evolutivo e, assim, impedir 
a transmissão da parasitose. O controle de doenças significa reduzir 
a morbidade, principalmente, tentando interromper o aparecimento 
de formas hepatoesplênica. Para resolver isso, a quimioterapia parece 
ser a primeira opção. Após os tratamentos com esquistossomicidas, 
a prevalência da doença diminui significativamente e o quadro clínico 
melhora rapidamente, mesmo com involução dos casos da forma 
hepatoesplênica inicial. Também foi demonstrado que, apesar da 
persistência de reinfecções, o aparecimento de novos casos de forma 
hepatoesplênica diminui consideravelmente.
Parasitologia Clínica
48
RESUMINDO:
Trematódeos e cestódeos, os Platyhelminthes são 
caracterizados por sua aparência achatada ou cilíndrica, 
com simetria bilateral, sem cavidade celomática. O 
sistema reprodutivo é extremamente complexo, mas 
segue um esquema comum: todos os cestoides e quase 
todos os trematódeos são hermafroditas. Trematoda 
encontra-se seis espécies que causam doença ao homem: 
Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum, 
Schistosoma mekongi e Schistosoma intercalatum, apenas 
o Schistosoma mansoni é nativo das Américas, homem é o 
principal hospedeiro definitivo e o hospedeiro intermediário 
é o caramujo, infecção ascite ou barriga d’água ocasionada 
pelo Schistosoma mansoni, desenvolvendo a doença 
esquistossomose.
Parasitologia Clínica
49
Infecção pela Fascíola e Ciclo de Vida 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você terá aprendido as doenças 
parasitárias produzidas por Trematoda, Fascíola hepática, 
cujo ciclo participam, como hospedeiros, os animais 
herbívoros definitivos e os humanos e, como hospedeiro 
intermediário, um pequeno caracol de água doce. Também 
aprenderá sobre a migração de parasitas no homem, e sua 
localização superior nas vias biliares determina um quadro 
clínico caracterizado por um estado de hipersensibilidade e 
sintomas hepatobiliares..
Classe Trematoda
A classe Trematoda possui diferentes famílias e espécies que 
parasitam humanos, em diferentes regiões do mundo, dependendo 
exclusivamente do hábito alimentar das populações. A Fasciola hepática 
foi descrita por Lineu em 1758, é um parasita de canais biliares de caprinos, 
ovinos, bovinos e suínos e outros mamíferos silvestres. É encontrada 
em áreas alagadas, úmidas, locais que ocorre inundação. No Brasil, a 
incidência da Fasciola hepática foi registrada pela primeira vez em 1918, 
em ovinos e bovinos no estado do Rio Grande do Sul, um ano depois já foi 
encontrado em outros estados. Quando a ocorrência em animais é alta, 
os parasitas podem infectar o homem. Esse parasita é conhecido como 
baratinha do fígado entre os criadores de animais, conforme a Figura 16, 
fígado infectado por parasita hepático. 
Parasitologia Clínica
50
Figura 16 – Fígado de ovelha com vesícula biliar inflamada e ducto biliar infectado por 
parasita hepático adultos, Fasciola hepática
Fonte: Wikimedia Commons. 
O verme adulto tem formato de folha (foliáceo), cor pardo-
acinzentada, ventosa oral com faringe curta, é hermafrodita, as fêmeas 
possuem ovário ramificado e os machos possuem dois testículos 
ramificados.
Fascíola Hepática e Fasciolíase 
Fasciola hepática é um Trematoda digenético,com aparência de 
folha lanceolada, com cone cefálico fino diferenciada, como mostra a Figura 
17. Mede de 2 a 3 cm de comprimento e de 1 a 1,5 cm de largura, é marrom 
esbranquiçado; seu tegumento é constituído por camada citoplasmática 
contínua, sem limites celulares, cujos núcleos estão abaixo da camada 
músculo superficial. É coberto por inúmeros espinhos. Possui duas 
ventosas musculares, uma peribucal anterior e outra ventral ou acetábulo. 
É hermafrodita e seus órgãos sexuais estão na porção central do parasita. 
Tem um intestino muito ramificado. O parasita adulto está localizado nos 
ductos biliares de ovelhas, gado ou porcos e, acidentalmente, no homem. 
Ele se move por meio de movimentos de replantação e coloca apenas 
algumas centenas de ovos marrons amarelados, aos quais possuem 
Parasitologia Clínica
51
pigmentos biliares, e com um opérculo visível em um de seus polos. Os 
ovos chegam por meio da bile para o intestino, e de lá para fora com as 
fezes do hospedeiro.
Figura 17 – Característica da Fasciola hepática
Fonte: Wikimedia Commons. 
Eles apenas continuam a desenvolver os ovos que caem na água 
de bacias hidrográficas ou valas com poucas substâncias orgânicas em 
decomposição. Dependendo da temperatura (1°C e 30°C), dentro de duas 
a três semanas, os ovos dão origem a um primeiro estado miracídio, oval 
e coberto de cílios, que medem cerca de 130 a 180 µm, escapando do 
ovo por meio do opérculo. O miracídio nada livremente sendo estimulado 
pela luz, para encontrar seu hospedeiro caracol de água doce do gênero 
Lymnaea columela e L. viatrix, a larva é atraída pela substância expelida 
pelo caracol, formando um esporocisto, no interior dele.
Parasitologia Clínica
52
VOCÊ SABIA?
As cercas são arredondadas com uma cauda longa e fina 
não bifurcada. Essas larvas ativamente deixam o caracol 
e nadam em direção às plantas que crescem na água, 
para aderir em suas folhas, ocorre a perda do rabo. Possui 
uma grande vitalidade e constitui a forma infecciosa para 
os hospedeiros definitivos, as metacercárias contidas na 
grama ou em alguns vegetais, especialmente o agrião, 
são ingeridas pelos animais e homem, continuam seu 
desenvolvimento no trato digestivo, onde seu envelope se 
dissolve e forma a larva jovem, que desloca-se até a parede 
intestinal, depois de 3 a 15 dias forma a capsula de Glisson, 
migrando para penetrar no fígado, posteriormente atinge a 
forma adulta, após dois meses da infecção.
A fascíolose é um processo inflamatório crônico do fígado e 
dutos biliares, ocorre de duas formas: lesões provocadas pela migração 
de formas imaturas no parênquima hepático e lesões nas vias biliares 
causada pelo verme adulto. É uma zoonose na qual a forma de infecção 
para o homem, são através de larvas derivadas de caramujos, infectados 
por ovos expelidos com as fezes de ovinos e bovinos, contaminados. 
Transmissão ocorre através da água e verduras contaminadas com a 
metacercária (TESSELE et al., 2013).
Parasitologia Clínica
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Figura 18 – Ciclo de vida da Fascíola hepática
Fonte: Wikimedia Commons. 
Teníase e Cisticercose
Na família da Taeniidae, temos duas espécies de cestódeo, que 
tem o homem com hospedeiro definitivo e obrigatório, são denominadas 
popularmente com solitárias, são a Taenia solium e a Taenia saginata, e 
tem os bovinos e suínos como hospedeiros intermediários, causando a 
cisticercose. Os casos clínicos são ocasionados pelo número e tamanho, 
das larvas ou cisticerco (BRASIL, 2010).
A teníase e a cisticercose são causadas pela mesma espécie, porém 
em diferente fase. A teníase é causada pela forma adulta da Taenia solium 
ou da Taenia saginata, elas habitam o intestino delgado do homem. Já a 
cisticercose é causada pela presença de larva nos tecidos ou carne dos 
hospedeiros intermediários como suíno e bovino. De 1786 a 1789, Werner 
e Goeze verificaram que a forma do suíno e homem são iguais, e em 1758, 
Linnaeus identifica a Taenia, e o gênero Cysticercus, foi descrito por Zeder 
em 1800.
Parasitologia Clínica
54
Figura 19 – Ilustração da Taenia solium (A, C) – Taenia saginata (B, D)
Fonte: Wikimedia Commons. 
As Taenia são divididas em cabeça ou escólex, colo ou pescoço 
e corpo. A cabeça é responsável pela fixação do parasita na mucosa do 
intestino delgado, possui quatro ventosas arredondadas, a Taenia solium 
tem um rostro armado contendo 25 a 50 acúleos. O colo é a zona de 
crescimento de proglotes jovens, suas células estão em constante 
reprodução. 
O corpo é formado por vários proglotes ou anéis interligados, 
podendo atingir três metros na Taenia solium e oito metros na Taenia 
saginata, as proglotes são divididas em jovens, velhas e grávidas. Cada 
proglotes tem sua forma de nutrição e reprodução individual. O tegumento 
é responsável pela nutrição, as proglotes jovens exibem o início da 
genitária masculina e são mais curtas, isso permite a fecundação com a 
mesma proglotes, pois o órgão feminino aparece mais tarde. As proglotes 
mais velhas possuem os dois órgãos, masculino e feminino, apto para 
fecundação, já as proglotes grávidas, contêm, em seu corpo, um útero 
cheio de ovos, maduros e férteis, imaturos e inférteis, característica de 
uma Taenia grávida, conforme a Figura 20 (COURA, 2013).
Parasitologia Clínica
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Figura 20 – Característica morfológica da proglote de uma Taenia grávida
Fonte: Wikimedia Commons.
A proglote da T. solium é quadrangular, com útero ramificado por 12 
pares de dendrítica, podem armazenar 80 mil ovos, e a T. saginata tem o 
formato retangular, 26 ramificações e 160 mil ovos. Taênias possuem ovos 
esféricos e medem 30 µm, não tem diferença entre as duas espécies, 
embrióforo é a casca de proteção.
Cysticercus cellulosae é a larva da T. solium, constituído de cabeça, 
quatro ventosas, rostro, colo e vesícula contendo líquido em seu corpo. 
Cysticercus bovis é a larva da T. saginata, diferencia-se apenas na ausência 
de rostro. 
O ciclo biológico ocorre da seguinte forma: o homem libera no meio 
ambiente as proglotes grávidas, ou com o rompimento da proglote no 
intestino pode liberar os ovos para o meio externo. Com os ovos inseridos 
no solo, o hospedeiro intermediário, suíno para T. solium e bovino para 
T. saginata, se alimenta e ingere os ovos, que, no estômago, a casca 
sofre ação da pepsina, e no intestino os sais biliares, atuam para ativação, 
penetram no intestino, posteriormente chegam a corrente circulatória e 
por vias sanguíneas chegam a todos os tecidos e órgãos.
Parasitologia Clínica
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Os cisticercos se desenvolvem nos tecidos da pele, musculo 
esquelético e do coração, olhos e cérebro e também músculos com 
maior movimento como língua, coração e cérebro. A transmissão para o 
homem ocorre devido a ingestão de carne crua ou malcozida de suínos 
ou bois infectados. 
Quando o cisticerco é ingerido, sofre ação do suco gástrico, e 
fixa-se com o auxílio da cabeça na mucosa do intestino delgado, onde 
obtém nutrição até forma em uma tênia adulta, após três meses ocorre a 
liberação das proglotes grávidas, para iniciar um novo ciclo.
Figura 21 – Ilustração do ciclo biológico da T. solium e T. saginata
Fonte: Wikimedia Commons. 
A infecção ocasionada pela tênia pode provocar alergia por 
meio de substâncias excretadas, hemorragia, destruição do epitélio e 
inflamações, a competição entre o parasita e o hospedeiro por alimento, 
gera consequências para a saúde do hospedeiro, como tontura, astenia, 
aumento do apetite, náuseas, dores abdominais, vômitos e perda de 
peso, devido à infecção. Porém, a cisticercose que causa lesões graves, 
depende da localização e do número de parasitas, o cisticerco pode se 
Parasitologia Clínica
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instalar na medula espinhal e no cérebro, após a infecção e o mesmo 
estiver maduro, este morre e desenvolve inflamação e calcificação do 
mesmo, o paciente que tiver o cisticerco na cabeça, pode ter dor de 
cabeça, vômitos, confusões metais, alucinações,

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