Buscar

PROC ELETRONICO - AULA 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/14
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO ELETRÔNICO
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/14
Prof.ª Karla Knihs
CONVERSA INICIAL
Seja bem-vindo(a) a esta aula. Nela, começaremos a estudar o sistema legislativo que embasa a
utilização do processo eletrônico a partir de seu histórico, compreendendo a maneira como o tema
se desenvolveu antes mesmo da edição da atual Lei do Processo Eletrônico (Lei n. 11.419/2016). Além
disso, vamos estudar as diferenças entre os conceitos sensíveis para a utilização da Lei n.
11.419/2016, tais como meio eletrônico, documento eletrônico e prova eletrônica. Ainda,
estudaremos os princípios aplicáveis ao processo eletrônico. Por fim, vamos refletir sobre as
vantagens da utilização do processo eletrônico.
Apesar da grande adesão à tecnologia em nosso dia a dia – os smartphones se tornaram quase
que uma extensão da pessoa – nos dias atuais ainda encontramos resistência na utilização dos meios
eletrônicos, o que é compreensível, tendo em vista que apenas as gerações mais novas nasceram no
mundo digital. A chamada “geração glass”, ou seja, dos nascidos a partir de 2010, crescerá em um
mundo digital, mas antes deles nós temos a geração dos baby boomers (1945-1964), a geração X
(1965-1978), a geração Y (1979-1992) e a geração Z (1993-2009). Obviamente, quanto menos contato
há com as novidades, maior é a desconfiança e mais difícil é a adaptação.
Com a adoção do processo eletrônico não foi diferente. Houve um tempo em que nós
precisávamos nos deslocar até os fóruns, diariamente, para protocolar petições; debruçarmos-nos
nos balcões com o número dos autos em mãos, para poder olhar as últimas movimentações; e, se
quiséssemos tirar uma cópia de algum despacho ou documento, era necessário realizar a carga do
processo. Havia uma empresa de xerox em cada andar do prédio. Chique era quem possuía “canetas
digitalizadoras”, uma espécie de scanner portátil. Isso hoje é quase impensável, mas era realidade há
15 anos.
Contudo, será que podemos dizer que o processo eletrônico contribuiu com a melhoria do
acesso à justiça? Será que o processo eletrônico segue a mesma principiologia que era aplicável
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/14
anteriormente? Como se deu essa evolução?
Vamos refletir sobre essas e outras questões e, ao final da aula, poderemos traçar algumas
conclusões.
Boa aula!
TEMA 1 – HISTÓRICO LEGISLATIVO DO PROCESSO ELETRÔNICO
Apenas em 2006 foi publicada a Lei n. 11.419/06, chamada Lei do Processo Eletrônico. Antes
disso, porém, em 1991, a Lei do Inquilinato trouxe o art. 58, inc. IV, que mostrou a possibilidade da
utilização de outras formas de citação, intimação ou notificação, verbis:
IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far-se-á mediante
correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
também mediante telex ou fac-símile, ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas
no Código de Processo Civil. (Brasil, 1991, on-line)
Conforme nos informam Bertoncini e Corrêa (2013, p. 459 e ss.), a Lei n. 9.800 de 1991 foi a
primeira a sinalizar a possibilidade de utilização de meios tecnológicos no âmbito do Poder
Judiciário. A redação dispôs que era possível a “utilização de sistema de transmissão de dados e
imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição
escrita”.
No ano de 2001 tivemos a edição da Medida Provisória n. 2.002-2 10, de 24 de agosto de 2001,
que instituiu a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira — ICP-Brasil, visando “garantir a
autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações
de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de
transações eletrônicas seguras”.
Ainda no ano de 2001 tivemos a publicação da Lei n. 10.259/2001, que disciplinou a criação dos
Juizados Especiais Federais e impulsionou, de certa forma, a informatização no âmbito da Justiça
Federal. Segundo Teixeira (2020, p. 238), “o referido diploma legal permitiu a utilização de sistemas
informáticos para a recepção de peças processuais, sem a exigência de envio dos originais, como na
Lei do Fax”.
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/14
Conforme nos informam Bertoncini e Corrêa (2013, p. 460), o processo eletrônico apenas
começou a ser utilizado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região no ano de 2004.
Com a edição de Emenda Constitucional 45/2004, que previu de forma objetiva a necessidade da
celeridade processual, utilizou-se a rapidez como um dos grandes argumentos para o
desenvolvimento e a implantação do processo eletrônico, o que não significa dizer que esse processo
foi rápido e fácil. Elton Baiocco (2012, p. 71) traz uma espantosa estatística na diminuição da
morosidade processual no TRF da 4ª Região já no ano de 2005:
Em termos de tempo médio de tramitação dos processos, consideradas as datas de distribuição e
de prolação da sentença, o Setor de Estatísticas do TRF da 4ª Região apurou substancial redução no
primeiro semestre de 2005: a duração média de 789,51 dias dos processos autuados em meio físico
(papel) passou para apenas 37,83 dias nos Juizados exclusivamente virtuais. Se é razoável supor que
não se alcançaria igual desempenho com a migração integral para o processo eletrônico – em
razão de condicionantes estruturais, culturais e outras –, tamanho avanço não pode ser desprezado.
Ao contrário.
Considera-se o ano de 2006 como o marco do processo eletrônico no Brasil, quando houve a
alteração do artigo 154 do Código de Processo Civil, trazendo a possibilidade da prática e
comunicação de atos processuais por meios eletrônicos.
Por fim, a Lei n. 11.419, de dezembro de 2006, dispôs sobre a informatização do processo
judicial, alterando a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil e deu outras
providências. Assim, a nova redação do art. 154, § 2º do CPC trouxe que “Todos os atos e termos do
processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na
forma da lei”.
Apesar de que quando da publicação da Lei n. 11.419/2006 já houvesse alguns sistemas de
processo eletrônico sendo utilizados no país, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 21 de junho
de 2011, lançou o chamado Processo Judicial Eletrônico, ou PJe.
Esse sistema começou a ser desenvolvido pelo CNJ em parceria com diversos tribunais do país,
sendo cada vez mais utilizado, tendo em vista que foi adotado como padrão para a tramitação de
processos judiciais eletrônicos no Brasil. Ainda no ano de 2017 temos notícia da utilização do PJE nos
Cartórios Extrajudiciais:
A Secretaria Especial do Processo Judicial Eletrônico — SEPJE comunica que, desde o dia 16/10, o
Sistema PJe está todo configurado para o envio dos ofícios aos cartórios extrajudiciais do Distrito
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/14
Federal.
A proposta, apresentada pela Associação dos Notários e Registradores do Distrito Federal –
ANOREG/DF, no Ofício 579, de 3 de outubro de 2017, foi prontamente acolhida pelo TJDFT, dando
assim início ao uso do Sistema PJe por todas as serventias extrajudiciais do DF. (TJDFT, 2017)
Por todo o exposto, podemos conceituar o processo eletrônico como o mesmo processo
anterior a essa legislação, mas sem a utilização de papel e com a automação de algumas fases.
TEMA 2 – PANORAMA DA LEI N. 11.419/2006 E DO NOVO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL
O marco do processo eletrônico no Brasil é a Lei n. 11.419/2006, que dispõe sobre a
informatização do procedimento judicial, dispondo amplamente sobre o processo de informatização,
bem como sobre os meios necessários para a implantação do processo eletrônicoem todo o sistema
de Justiça.
A Lei é dividida em quatro capítulos. No Capítulo I, a lei trata da informatização do processo
judicial (artigos 1º a 4º). O Capítulo II refere-se à comunicação eletrônica dos atos processuais
(artigos 5º a 7º). O Capítulo III disciplina o processo eletrônico (artigos 8º a 13º) e o Capítulo IV traz
as disposições gerais e finais (artigos 14º a 22º).
Vejamos os principais aspectos da Lei:
1. A lei não só autoriza o processo eletrônico, mas também permite sua aplicação,
indistintamente, em todos os tipos de processo e em qualquer grau de jurisdição.
2. A necessidade da utilização de assinatura eletrônica e credenciamento dos usuários perante o
Poder Judiciário;
3. Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia e na hora do seu
envio ao sistema do Poder Judiciário, do qual deverá ser fornecido protocolo eletrônico.
Quando a petição eletrônica for enviada para atender ao prazo processual, serão consideradas
tempestivas as transmitidas até às 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.
4. No art. 4º, a lei permitiu a utilização, por parte dos Tribunais, de Diário da Justiça eletrônico, o
que possibilita a eliminação de papel. O Diário da Justiça é o modo oficial de tornar públicos
todos os atos do Poder Judiciário.
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/14
5. Quanto à contagem de prazo, a regra geral, quando o Diário da Justiça é impresso em papel, é
a do Código de Processo Civil, ou seja, a contagem inicia-se no primeiro dia útil seguinte ao da
publicação. Com a utilização do Diário da Justiça eletrônico, há alteração na contagem, a qual é
realizada no primeiro dia útil seguinte à data em que é considerado publicado o Diário da
Justiça eletrônico, sendo que esta data é o primeiro dia útil seguinte à data da disponibilização
da informação, o que, na prática, acaba por elevar o tempo para a prática de atos processuais.
6. As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem.
7. As citações, inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e
Infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja acessível
ao citando.
8. As cartas precatórias, rogatórias, de ordem 86 e, de um modo geral, todas as comunicações
oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e os dos
demais Poderes, serão feitas preferencialmente por meio eletrônico.
9. Os órgãos do Poder Judiciário poderão desenvolver sistemas eletrônicos de processamento de
ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a
rede mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas. Todos os atos
processuais do processo eletrônico serão assinados eletronicamente.
10. No processo eletrônico, todas as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda
Pública, serão feitas por meio eletrônico.
11. A partir da vigência da Lei n. 11.419/2006, os atos de distribuição e protocolo de petições em
formato digital não necessitam mais ser realizados necessariamente por servidores do Poder
Judiciário.
12. A Lei n. 11.419/2006 confere aos documentos juntados em processo eletrônico o efeito de
original, desde que haja garantia da origem e de seu signatário.
13. A conservação dos autos do processo poderá ser efetuada total ou parcialmente por meio
eletrônico.
14. O acesso a banco de dados público passou a ser reconhecido.
15. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do Poder Judiciário deverão usar,
preferencialmente, programas com código aberto, acessíveis ininterruptamente por meio da
rede mundial de computadores, priorizando-se a sua padronização.
16. Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir
a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas,
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/14
conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal.
17. Os livros cartorários e demais repositórios dos órgãos do Poder Judiciário poderão ser gerados
e armazenados em meio totalmente eletrônico.
Já o novo CPC, ainda que reitere procedimentos (Lei n. 11.419/2006), perdeu uma grande
oportunidade, que era a de promover a necessária unificação das regras e dos procedimentos
relativos à tramitação processual. Segundo Barreto (2015):
Em sentido oposto, a insegurança jurídica restou pavimentada, tendo em vista a delegação de
poderes ao CNJ e ainda, supletivamente, aos tribunais, para ‘regulamentar a prática e a
comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos
sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para
esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas fundamentais do Código (art. 196).
Existem em funcionamento cerca de 40 sistemas informatizados diferentes adotados pelos vinte e
sete TJs, por cinco TRFs, pelo STJ e pelo STF. Apenas a Justiça Trabalhista cuidou de adotar um
sistema único. Acresce-se a essa realidade o fato de que cada um dos Tribunais instituíra deveres
processuais através de atos infralegais, que adentram matéria de ordem processual e
absolutamente díspares entre si.
Dentre as inovações trazidas pelo novo CPC, destacam-se os artigos a seguir:
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à disposição dos
interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao
sistema e aos documentos dele constantes. Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por
meio não eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no
caput.
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos
seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica. [...]
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional,
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder
Judiciário administre no exercício de suas funções.
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e,
nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de
chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei. [...]
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/14
Art. 334, § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos
termos da lei. [...]
Art. 367, § 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode ser realizada diretamente por
qualquer das partes, independentemente de autorização judicial. [...]
Art. 937, § 4º É permitido ao advogado com domicílio profissional em cidade diversa daquela onde
está sediado o tribunal realizar sustentação oral por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que o requeira até o dia
anterior ao da sessão.
Os arts. 236, parágrafo 6º, art. 453, parágrafo 1º e art. 461, parágrafo 2º regem a
admissão da prática de atos processuais por videoconferência, ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, no depoimento pessoal da parte, na oitiva de
testemunhas e na acareação, nos casos em que esses residam em comarca, seção ou subseção
judiciária diversa daquela onde tramita o processo”. (Barreto, 2015)
Um dos efeitos da pandemiafoi justamente o crescimento da utilização das ferramentas de
videoconferência para a realização de audiências e demais atos que, anteriormente, só seriam
possíveis presencialmente.
TEMA 3 – DISTINÇÃO ENTRE MEIO ELETRÔNICO, DOCUMENTO
ELETRÔNICO E PROVA ELETRÔNICA
Para o disposto na Lei n. 11.419/2006, considera-se meio eletrônico qualquer forma de
armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais. Por transmissão eletrônica, a lei
entende toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação,
preferencialmente a rede mundial de computadores. Há a utilização da assinatura eletrônica, com as
seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em
certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b)
mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos.
É importante elucidar, também, a diferença entre documento eletrônico e prova eletrônica:
enquanto documento eletrônico é todo registro que tem como meio físico um suporte eletrônico,
apenas se considera prova eletrônica o documento que possua efetivamente a capacidade de
armazenar informações de forma que se impeça ou se permita detectar eliminação ou adulteração de
conteúdo.
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/14
A Lei n. 11.419/2006 tornou o documento eletrônico expressamente admissível como meio de
prova. Assim, conforme a redação da lei, a força probante deste tipo de documento (eletrônico)
passa a equivaler à de outros documentos tradicionais como o documento cartular (em papel)
quando este apresentar determinados requisitos. Conforme dispõe o caput do art. 11, os
documentos produzidos eletronicamente e juntados aos autos do processo eletrônico com garantia
da origem e de seu signatário serão considerados originais para todos os efeitos legais.
Além disso, o § 1º do art. 11 prevê que os documentos escaneados juntados ao processo têm a
mesma força probante dos originais. Assim, equivalerão aos documentos originais os documentos
escaneados e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e
seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas repartições públicas em geral e
por advogados públicos e privados.
Por fim, frise-se que o § 3º do art. 11 da Lei n. 11.419/2006 preconiza que os originais dos
documentos digitalizados (escaneados) ou reproduzidos mecanicamente deverão ser preservados
pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do prazo
para interposição de ação rescisória.
TEMA 4 – PRINCÍPIOS PROCESSUAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO
ELETRÔNICO
Com o desenvolvimento do processo eletrônico, algumas das maiores discussões dizem respeito
aos princípios processuais. Isso porque, com a incorporação das novas tecnologias à nossa realidade
e ao Processo Judicial, a principiologia continua devendo ser aplicada, ainda que de uma nova
maneira. Assim, é importante ressaltar que alguns princípios deverão ser relativizados diante do
processo eletrônico, o que não quer dizer que não devam ser observados.
Tanto é assim que alguns autores defendem a ideia de uma nova teoria geral para o processo
eletrônico, com novos pressupostos e condição da ação, visando a garantia dos direitos
fundamentais.
Os princípios que visam garantir integridade e segurança no processo eletrônico são:
Princípio do devido processo legal
Previsto pelo artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, garante que o indivíduo só será
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/14
privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um processo legal,
exercido pelo Poder Judiciário, por meio de um juiz natural, assegurados o contraditório e a
ampla defesa.
Princípio da imparcialidade do juiz
Decorre da Constituição Federal de 1988, que veda o juízo ou tribunal de exceção, na forma do
artigo 5º, XXXVII, garantindo que o processo e a sentença sejam conduzidos pela autoridade
competente que sempre será determinada por regras estabelecidas anteriormente ao fato.
Princípio da igualdade
Consiste em dar tratamento isonômico às partes.
Princípio do contraditório e da ampla defesa
Decorre do art. 5º, LV, da Constituição Federal, que determina que “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Princípio da ação
Afirma que aquele que busca o direito deve provocar o sistema judiciário, e, assim, a partir
desse estímulo inicial, o poder público poderá agir na busca da realização da justiça.
Princípios da disponibilidade e indisponibilidade
Diz respeito à possibilidade ou não de alguém apresentar em juízo a sua pretensão, do modo
como bem entenda.
Princípios do dispositivo e da livre investidura das provas
A iniciativa das alegações e das provas compete às partes, já que o juiz é um sujeito imparcial e,
portanto, não pode agir de ofício. As partes podem, livremente, produzir as suas provas, desde
que as provas sejam lícitas.
Princípio da oralidade
Recomenda a prevalência da palavra falada sobre a escrita nos processos, em determinados
atos processuais.
Princípio da motivação das decisões judiciais
Nas decisões e sentenças, o juiz deve expor as razões de seu convencimento pautado em
aspectos racionais.
Princípio da publicidade
Todos os atos processuais são públicos, estando disponíveis para acesso e consulta, tanto para
as partes, quanto por qualquer pessoa interessada, salvo casos expressos em Lei.
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/14
Princípio da lealdade processual
Consiste no dever de todos os sujeitos da relação processual atuar no feito de modo
condizente com a moralidade, a fim de que este atinja seu objetivo: a solução da lide.
Princípio da instrumentalidade e da economia processual
Pelo princípio da instrumentalidade das formas, ainda que com vício, se o ato atinge sua
finalidade sem causar prejuízo às partes, não se declara sua nulidade. Segundo o princípio da
economia processual, a atividade jurisdicional deve ser prestada sempre com vistas a produzir o
máximo de resultados com o mínimo de esforços, evitando-se, assim, gasto de tempo e
dinheiro inutilmente.
Princípio do duplo grau de jurisdição
Tem a finalidade de garantir a realização de um novo julgamento, por parte dos órgãos
superiores, daquelas decisões proferidas em primeira instância.
Nota-se, assim, que o processo eletrônico é utilizado com vistas, também, a garantir às partes,
com mais eficácia, o seu Direito, de forma mais célere, mais transparente e de maneira mais rápida.
TEMA 5 – VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO PROCESSO ELETRÔNICO
Segundo Teixeira (2020, p. 256 e ss.), o processo eletrônico trouxe consigo muitas vantagens às
partes, aos patronos, ao Judiciário e à sociedade em geral. Para o autor, entre as principais vantagens
do processo eletrônico podemos citar que os prazos poderão ser todos comuns, já que as partes
podem ter vista dos autos simultaneamente, a qualquer tempo. Além disso, não é mais necessária a
carga física do processo. Isso, com certeza, traz também celeridade processual “com a economia de
aproximadamente 70% do tempo de duração do processo, quanto à sua parte burocrático -
administrativa”. (Teixeira, 2020, p. 256)
Teixeira (2020, p. 257) também ressalta que o meio ambiente é preservado com a implantação
do processo eletrônico:
Antes do advento do processo eletrônico, por ano, eram consumidas aproximadamente 46 mil
toneladas de papel pelos processos judiciais impressos no Brasil, o que equivale a 690 mil árvores.
Cada processo físico custava em média R$ 20,00, entre papel, grampos etc. Considerando que à
época eram cerca de 70 milhões de processos em andamento, o custo anual ficava em R$
1.400.000.000,00. Essenúmero seria ainda maior ao se considerar que o ano de 2012 foi encerrado
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/14
com 92 milhões de processos em andamento, conforme levantamento do Conselho Nacional de
Justiça.
Além disso, temos: diminuição do trabalho braçal dos serventuários; direcionamento de
funcionários de atendimento e trâmites burocráticos para setores mais técnicos e intelectuais, como
de conciliação; diminuição dos custos com afastamento por acidentes ou doenças. Igualmente, o
processo eletrônico traz a possibilidade de avaliar melhor o desempenho dos servidores, já que o
sistema registra a atuação de cada um nos processos.
Ainda, temos a vantagem da diminuição de grandes instalações físicas para fóruns e arquivos.
Isso se reflete, também, em um custo menor na implantação de varas, principalmente quanto ao
espaço físico e número de serventuários, e quanto ao transporte de processos. (Teixeira, 2020).
No âmbito processual, há maior facilidade em identificar casos de prevenção, litispendência e
coisa julgada. Além disso, o controle automático dos prazos processuais e da numeração sequencial
de documentos traz mais segurança jurídica. A correção de erros também é facilitada, bem como, se
evitam alegações repetitivas, tais como “concluso” e “ao MP”.
Sem dúvida, uma das maiores vantagens é a diminuição do deslocamento físico, com o acesso
imediato e remoto, independentemente de local e horário, a decisões, expedientes, mandados etc.
(Teixeira, 2020).
Por fim, uma das maiores vantagens diz respeito à otimização no cumprimento de cartas
precatórias e rogatórias, o que contribui, sobremaneira, para a celeridade processual.
NA PRÁTICA
Imagine que em uma audiência, o juiz resolva realizar o interrogatório dos réus de maneira
eletrônica. Contudo, uma das partes não consegue acesso à gravação da audiência, por falha no
sistema da Justiça.
Nesse caso, podemos dizer que o processo eletrônico é prejudicial?
Não, pois os princípios que orientam o processo garantem às partes a tutela em casos assim.
FINALIZANDO
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/14
Muito se discutiu e se discute sobre a segurança dos meios eletrônicos, e com o processo
eletrônico não é diferente. Esse fenômeno é comum ao ser humano, conforme nos informa Teixeira
(2020, p. 258):
Quando veio a máquina de escrever, muitos também não confiavam nela. No passado, houve um
tempo em que acórdãos anulavam decisões proferidas por máquina de escrever. Estamos em um
tempo de transição, do papel para o digital, não apenas no processo judicial, mas na vida cotidiana
como um todo. Isso inclui o setor privado, os entes públicos e as pessoas no geral. Se pensarmos
friamente, a segurança que muitos ainda veem no papel (em detrimento do digital) não é tão
segura assim, sobretudo se tomarmos o fato de que o papel é suscetível a perecimento em caso de
incêndio, alagamento, perda, subtração etc. O digital, por sua vez, pode ser objeto de
armazenamento em mais de um terminal, além dos sistemas de segurança para manter a
integridade do documento e a realização de backups.
É inegável a necessidade de informatizar efetivamente o Poder Judiciário, não só o processo
judicial, mas também os processos administrativos e as serventias extrajudiciais.
REFERÊNCIAS
BAIOCCO, E. A introdução de novas tecnologias como forma de racionalizar a prestação
jurisdicional: perspectivas e desafios. Dissertação (Pós-graduação em Direito) — Universidade
Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Curitiba, 2012. Disponível em: https://acervodigital.ufp
r.br/handle/1884/27134?show=full. Acesso em: 20 mar. 2021.
BERTONCINI, M. E. S. N.; CORRÊA, F. A. Processo eletrônico como instrumento da cidadania.
Revista Jurídica Unicuritiba, Curitiba, v. 2, n. 31 (2013). Disponível em:
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/608/469. Acesso em: 20 mar. 2021.
TEIXEIRA, T. Direito digital e processo eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva: 2020. (Minha
Biblioteca).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. Processo Judicial
eletrônico chega aos cartórios extrajudiciais do DF, 2017. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/in
stitucional/imprensa/noticias/2017/novembro/processo-judicial-eletronico-chega-aos-cartorios-extra
judiciais-do-df. Acesso em: 20 mar. 2021.
https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/27134?show=full
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2017/novembro/processo-judicial-eletronico-chega-aos-cartorios-extrajudiciais-do-df
14/04/2023, 20:30 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/14

Continue navegando