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ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
2 
 
 
ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
3 
 
 
 
 
REVISTA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO 
CLEO ASSESSORIA E EDITORA EM EDUCAÇÃO 
 
ISSN 2764-7838 
DOI http://doi.org/10.29327/7168886 
CNPJ 29.288.827/0001-24 
 
 
 
DIRETOR 
CLEONILDO DE LIMA CAMPOS 
 
EDITOR (ES) 
JEFFERSON FERNANDO DE PINHO E SILVA 
JENNYFER DE PINHO E SILVA 
 
DESIGNER GRÁFICO 
WENDER TALLIS LARA 
 
 
 
PERIÓDICO – MENSAL 
VEICULAÇÃO – IMPRESSO 
DIGITAL 
30/01/2023 
PÚBLICO GERAL 
VOLUME 1 
CLEO ASSESSORIA E EDITORA EM EDUCAÇÃO 
FONE (65) 99325 – 8356 
CLEO.ASSESSORIAACADEMICA@HOTMAIL.COM 
CUIABÁ – MT 
mailto:CLEO.ASSESSORIAACADEMICA@HOTMAIL.COM
ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
4 
 
 
AUTORES 
 VOLUME 1 – CUIABÁ – 2023 
REVISTA CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO 
FACULDADE IGUAÇU – CLEO EDITORA 
PERIÓDICO MENSAL 
 
SUMÁRIO 
1. ADAPTAÇÃO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................... 7 
2. ERA UMA VEZ A QUESTÃO RACIAL: OS LIVROS DE LITERATURA NO PROCESSO DE 
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES ............................................................................................ 18 
3. A CANTIGA DE RODA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL ................................................................................................................................... 27 
PSICOMOTRICIDADE E O BRINCAR PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................................... 35 
4. A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................ 49 
5. A INCLUSÃO DA INTERNET NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................... 67 
6. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NAS SÉRIES INICIAIS: ESTUDO DE CASO ............... 74 
7. O AUXÍLIO DO LIVRO DIDÁTICO COMO INSTRUMENTO AUXILIADOR NO 
SEGMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.................................................. 82 
8. A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS DE MIDÍA COMO FERRAMENTA 
TECNOLÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................... 90 
 
 
ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
5 
 
 
 
AUTORES VOLUME 1 -2023 
 
ADAPTAÇÃO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
MARLI RODRIGUES DOS SANTOS 
JANAINA VIEIRA DE ARAÚJO 
CLEONICE RIBEIRO DO NASCIMENTO 
 
ERA UMA VEZ A QUESTÃO RACIAL: OS LIVROS DE LITERATURA NO PROCESSO 
DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
JANAINA VIEIRA DE ARAÚJO 
CLEONICE RIBEIRO DO NASCIMENTO 
GILSON CARDOSO SANTIAGO 
 
A CANTIGA DE RODA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
OZALHA TRINDADE DE SOUZA 
JUVELINA BATISTA SE SOUZA CRUZ 
 
PSICOMOTRICIDADE E O BRINCAR PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
VIVIANA BENEDETT MALHEIROS 
 
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
ROSELENE SOARES DOS SANTOS 
ALESSANDRA CARLA RINSCHEDE BENEVIDES 
STEFANNI DAYANE DE OLIVEIRA LIMA 
 
A INCLUSÃO DA INTERNET NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
ADÉLIA NONATA DA SILVA 
 ROSELENE SOARES DOS SANTOS 
JUVELINA BATISTA SE SOUZA CRUZ 
 
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NAS SÉRIES INICIAIS: ESTUDO DE CASO 
STEFANNI DAYANE DE OLIVEIRA LIMA 
AZUIL MÁRCIO BASTOS 
ADÉLIA NONATA DA SILVA 
 
O AUXÍLIO DO LIVRO DIDÁTICO COMO INSTRUMENTO AUXILIADOR NO 
SEGMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
STEFANNI DAYANE DE OLIVEIRA LIMA 
ADÉLIA NONATA DA SILVA 
 
A IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS DE MIDÍA COMO FERRAMENTA 
 TECNOLÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
6 
 
 
STEFANNI DAYANE DE OLIVEIRA LIMA 
ADÉLIA NONATA DA SILVA 
 
 
 
ISSN 2764-7838 
DOI - http://doi.org/10.29327/7168886 
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ADAPTAÇÃO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
MARLI RODRIGUES DOS SANTOS 
JANAINA VIEIRA DE ARAÚJO 
CLEONICE RIBEIRO DO NASCIMENTO 
 
 
Resumo: O presente estudo aborda o tema da adaptação das crianças na Educação Infantil. O 
assunto é de total importância para o início da vida escolar, a experiência e as peculiaridades 
do processo. O objetivo e investigação da problemática foram “Estratégias de inserção da 
criança na escola em um processo menos doloroso para o desenvolvimento infantil”. A 
abordagem da pesquisa foi qualitativa com a técnica de cunho bibliográfico. Verificaram-se 
entre os estudos categorias comuns, em uma análise conceitual concluiu-se que os envolvidos 
no processo: criança, pais, professores e instituição precisam ser interagentes. A afetividade e 
a formação dos educadores, o ambiente escolar e o adequado planejamento para a inserção 
escolar infantil, são algumas estratégias para a adaptação menos dolorosa e bem sucedida. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Todas as fases da vida do ser humano são essenciais, em especial quando criança, 
as descobertas do viver, aprender. A inserção no ambiente escolar e sua adaptação são 
extremamente importantes pela representatividade vital e social que isso implica no futuro. 
Dependendo da rotina e necessidade familiar, as crianças começam a frequentar cada vez 
mais cedo uma creche ou escola, por esse motivo a adaptação da criança requer muitos 
cuidados. 
Torna-se inicialmente um processo doloroso para todos os envolvidos, pois a 
criança se desprende dos cuidados, rotina e cultura aprendida e vivenciada em seu lar, para o 
convívio e interação social. Também, para a família, que precisa trabalhar e precisa deixar a 
criança na creche desde cedo. Por outro lado, as educadoras com um olhar afetivo e 
individualizado, em cada situação com a necessidade do bom senso, experiência e atitudes. 
Por fim, a escola com a excelência no planejamento, propiciando um bom ambientefavorável 
e com o devido acompanhamento nesse processo. 
O devido acolhimento da criança no ambiente escolar modifica sua percepção 
social no decorrer do avanço nas séries escolares. A adaptação da criança na Educação 
Infantil é um momento muito difícil, sendo esse acontecimento considerado uma transição do 
ambiente familiar para outro totalmente desconhecido, que precisa ser explorado, conhecido, 
identificado. Conforme Santos (2012), a criança pode ter certa dificuldade de se adaptar a um 
ambiente e a uma pessoa que não faça parte do seu convívio familiar, sendo na escola ou em 
qualquer outro lugar. 
Corroborando com Oliveira (2018), o processo de adaptação escolar precisa do 
total envolvimento das famílias, pois a criança necessita do apoio familiar para conseguir se 
tornar um membro pertencente à instituição. Sendo os familiares mediadores na apresentação 
do novo espaço, pessoas e rotina, a forma em que reagem as famílias que ressignifica a 
experiência para a criança. 
Justifica-se a escolha e relevância do tema, em virtude da atuação profissional, 
fazer parte do processo, experiências e vivências, instigaram a escolha do assunto e pesquisa 
para aprofundar os conhecimentos sobre a adaptação das crianças na creche. Para isso, 
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elencou-se a problemática do estudo: Quais estratégias de inserção da criança na Educação 
Infantil poderão auxiliar tornando o processo menos doloroso para o desenvolvimento 
infantil? 
Ao investigar o problema, na tentativa de respostas, ideias, soluções, 
amenização, foram definidas a metodologia para que isso fosse possível. O estudo teve a 
pesquisa teórica, pois esse tipo de pesquisa é aquele cujo questionamento incide sobre um 
determinado arcabouço teórico-conceitual. A abordagem da pesquisa foi qualitativa, pois 
segundo Lakatos e Marconi (2012) possui a facilidade de poder descrever a complexidade de 
um determinado problema, analisar a interação, compreender e classificar processos 
dinâmicos experimentados por grupossociais, apresentar essascontribuições no processo de 
mudança com a criação ou formação de opiniões,em maior grau de profundidade. A técnica e 
instrumentos de coleta de dados foram bibliográficos, que elucidaram a compreensão do 
estudo e problema coma pesquisa em uma parte da bibliografia que já se tornou exposta em 
relação ao tema de estudo. 
O objetivo geral do estudo foi: Estratégias de inserção da criança na escola em um 
processo menos doloroso para o desenvolvimento infantil. Para agregar conhecimento e obter 
maior compreensão do estudo, elencaram-se objetivos específicos, sendo: identificar os 
envolvidos no processo de adaptação; destacar a importância da afetividade no processo; 
sugerir estratégias para a melhor inserção da criança na creche. 
Em busca das respostas para a inquietação do problema elencado, foi possível 
encontrar em dezessete trabalhos acadêmicos, com pesquisas qualitativas e quantitativas que 
contribuíram para nortear o assunto. Desses estudos, foram selecionados seis autores que 
escreveram sobre a temática abordada. Percebeu-se entre as pesquisas, que houve pontos 
comuns, determinando-se categorias. Em concordância com esses estudos, obteve-se oalcance 
e as contribuições para os objetivos específicos e respostas ao problema da pesquisa. 
O presente estudo foi estruturado em duas partes, a fundamentação teórica e a 
discussão de resultados. Na primeira desenvolveu-se umembasamento teórico, de acordo com 
a temática, contemplaram-se os trabalhos científicos já publicados. A partir desses estudos, 
obtiveram-se mais informações, ampliando o conhecimento sobre o assunto. Norteou-se por 
palavras-chave e foi buscado em livros mais informações, com isso ampliou-se a visão sobre 
o tema. 
Entre os autores pesquisados, reiterou-se Craidy e Kaercher (2007), que 
abordaram sobre a importância do processo de adaptação, a acolhida ao novo ambiente, um 
olhar inicial nas rotinas diferenciadas, as exigências da capacidade da criança, bem como dos 
participantes que compõem todo o processo sistêmico, família e escola. Logo, no decorrer da 
pesquisa, corroborou-se com Silva e Bezerra (2019), que contemplaram a receptividade das 
professoras, pois faz toda a diferença nesse acolhimento. Também, os estudos de Oliveira 
(2018) reverenciaram a afetividade como algo importante na educação, na acolhida às 
crianças, memorou que a educadora deve ser afetiva, contribuindo para que o processo tenha 
êxito, cumprindo aos objetivos. 
Na segunda parte do estudo, foi aprofundada a leitura, realizando comparativos, 
analisando as categorias comuns, construindo um alinhamento para amenizar e encontrar 
respostas ao problema do estudo, bem como sequenciar os objetivos específicos. Abordou-se 
sobre os envolvidos no processo de adaptação da criança na Educação Infantil, também, a 
importânciada afetividade com as crianças, bem como, estratégias para a melhor inserção das 
crianças, finalizando a discussão de resultados com a apresentação dos fatores ou categorias 
que mais se destacaram sobre os estudos da temática. 
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• FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
A inserção da criança na Educação Infantil é muito importante para avida. Desde 
o nascimento, até o momento de começar a frequentar uma creche, a criança vive em um 
mundo que ela construiu, com aqueles mais próximos, ou seja, seus familiares. A adaptação 
com pessoas diferentes, novos espaços, convívio com outras crianças, transforma a rotina 
iniciando uma nova fase, essa, deve transcorrer da melhor forma possível. 
De acordo com Craidy e Kaercher, (2007): 
 
Adaptação: ao entrar na creche ou pré-escola a criança se depara 
com um novo ambiente, composto de adultos e crianças com 
os quais ela nunca interagiu. O distanciamento da família por 
longas horas do dia e a inserção em um novo ambiente, com 
rotinas específicas, exigirão da criança uma grande capacidade 
de adaptação. No entanto, este aspecto não diz respeito 
apenas à criança, mas exige de sua família e também dos/as 
profissionais que atuam na escola infantil um processo de 
adaptação. (p.33) 
 
 
Ainda, de acordo com Craidy e Kaercher (2007), verifica-se a importância do 
processo de adaptação, esse novo ambiente, rotinas diferenciadas, exigem muito da 
capacidade da criança, bem como dos participantes que compõem esse processo sistêmico, 
família e escola. Noentanto, corroborando com as autoras, elas definem que cabe à creche ou 
pré- escola estabelecer, se possível, um sistema gradativo de adaptação para cada criança, em 
que nos primeiros dias ela possa ficar apenas algumas horas e aospoucos vá se acostumando 
àquele novo ambiente, até que permaneça em tempo integral, se for o caso. Silva (2016) 
sustenta que 
 
A vida de qualquer criança, geralmente, tem início no ambiente 
familiar, sendo os próprios familiares, as pessoas mais 
importantes nas suas vidas. Portanto, ao sair de sua zona de 
conforto, a criança experimenta um sentimento de ansiedade. 
Esse sentimento pode gerar agressividade ou sofrimento na 
criança, despertando atitudes incompatíveis com o interesse 
coletivo. Para mediar esse conflito, o educador deve acolher a 
criança, ajudando-a a superar esse momento e contribuindo para 
o seu desenvolvimento. Assim, as atitudes dos próprios 
professores são exemplos para os alunos, gerando regras de 
convivência em sociedade que são de vital importância para o 
aprendizado e equilíbrio deles. (p.19) 
 
 
Pode-se dizer que a comunidade, tem um papel especial e fundamental, com 
responsabilidades, segundo Zini (2013, p.29), “entende-se que a comunidade é o papel central 
dos três protagonistas do sistema social escolar: crianças, professores e pais como os 
geradores do projeto educacional”. A escola como um ambiente coletivo, baseado na 
participação e na gestão social, no trabalho coletivo, na sociabilidade e nos objetivos e 
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valores compartilhados. Silva e Bezerra (2019) salientam que a adaptação é um processo de 
mudanças, sejam elas às novas professoras, aos colegas de sala ou ao ambiente escolar. É um 
período difícil, onde os pais e as crianças seseparam, muitas vezes pela primeira vez, o que 
faz gerar sentimentos de tensões, medo e insegurança por parte da criança, dos familiares 
e também dos profissionais que compõem a escola, todos saem da sua zona de conforto, para 
vivenciar novas experiências em um ambiente coletivo. 
Esse processo compreende a inserção da criança na fase educacional, também 
sanar uma necessidade da família, que precisa deixar a criança na escola ou creche para 
trabalhar. 
 
 
Já os sentimentos das famílias variam entre alívio porconseguir 
uma vaga para suas crianças e poderem, principalmente, 
participar do mercado de trabalho, e culpa, sensação de 
abandono das crianças, insegurança com relação aos cuidados 
oferecidos à criança, na instituição, que deixam de ser 
individualizados em casa, para o cuidado o coletivo das 
instituições (OLIVEIRA apud MARANHÃO e SARTI, 2008). 
 
 
Quando chega o momento, a necessidade da família deixar a criança na escola 
e/ou às mesmas, estar com a idade necessária para frequentar a creche, compete à educadora 
perceber quais são as características daquela criança, seu jeito de ser e de se relacionar com o 
novo ambiente que agora passará a frequentar, bem como a maneira como interage com os/as 
colegas e com as pessoas que dela cuidam/educam. Craidy e Kaercher (2007) salientam que é 
preciso respeitar o ritmo de cada criança, bemcomo suas manifestações de medo e ansiedade. 
Também, os pais e as mães, ou seja, a família da criança deve ter o direito de circular nas 
dependências da escola, recebendo todas as informações necessárias sobre a rotina 
desenvolvida naquela instituição. 
As educadoras têm um papel fundamental na acolhida das crianças, por serem 
profissionaispreparadas, consideradas, os principais elos nessa adaptação das crianças no 
âmbito escolar. Silva e Bezerra (2019) afirmam que a receptividade das professoras também 
faz toda a diferença nesse acolhimento, sendo interessante que nesse período as crianças se 
deparem com professoras que se permitam participar de todas as atividades de forma 
conjunta, visto que o contato afetivo nesse momento é fundamental. 
 
 
As principais estratégias promotoras da adaptação infantil à 
creche, defendidas pelas educadoras e as professoras, são a 
afetividade e a ludicidade, sendo o objetivo dessas profissionais 
a conquista da confiança das crianças, assim como levá-las a se 
sentirem seguras, no espaço creche; entretanto, constatou-se a 
inexistência de uma propostapedagógica, coletiva ou individual, 
de um trabalho sistematizado visando à adaptação infantil. 
(OLIVEIRA, 2018, p.85) 
 
 
Corroborando com Oliveira (2018), a afetividade é algo importante na 
educação, nessa acolhida às crianças, a educadora sendo afetiva, pode contribuir para que o 
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processo tenha êxito, cumprindo aos objetivos. A afetividade pode ser considerada como uma 
capacidade pode ser a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e interno, 
é o que acontece com as crianças, por meio de sensações ligadas á tonalidades agradáveis ou 
desagradáveis. 
Barreto (1998) define afetividade como: 
 
 
[...] o conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob 
as formas de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados 
sempre de impressão de dor ou de prazer, de satisfação ou 
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza (p. 
71). 
 
 
La Taille et al (1992) ressaltam a teoria de Henri Wallon, sobre a afetividade, em 
que diz: 
 
 
A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das 
dimensões da pessoa: ela é também uma fase do 
desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que 
saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade 
diferenciou-se lentamente, a vida racional. Portanto, no início 
da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente 
misturados, com o predomínio da primeira. (p.90) 
 
 
As educadoras precisam de formação suficiente, vivências e reciprocidade, para 
tornar-se um ser afetivo, bem como de conduzir esseprocesso com firmeza e neutralidade. De 
acordo com Oliveira (2018), é preciso investimento na formação docente, tanto inicial como 
continuada, para que esses profissionais tenham a oportunidade de auxiliar ou promover um 
desenvolvimento infantil saudável. 
 
 
“O desenvolvimento da criança está diretamente relacionadoao 
papel que a família/responsáveis e os educadores desempenham 
na primeira infância, uma vez que estão muito próximos. Pode- 
se dizer que a família é o primeiro transmissor de conhecimento 
à criança, pois são os pais ou responsáveis que transmitem os 
valores com os quais desejam formar o filho para a vida. Já a 
escola amplia esses ensinamentos iniciados pela família”. (Silva 
et al, 2016, p.43) 
 
 
Cada criança tem um desenvolvimento diferenciado, em relação ao tempo de 
aprendizagem, nesse contexto pode-se dizer que cada criança se adapta também de uma forma 
diferente. De acordo com Lillard (2017, p. 25) “...as filosofias educacionais do passado não 
enfatizavam a existência da infância como uma entidade por si mesma, essencial à 
completude da vida humana, nem discutiam a autoconstrução incomum da criança...” que 
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Montessori tinha observado em suas salas de aula. O papel da família e dos educadores, nesse 
processo torna-se fundamental. O ensino/aprendizagem começa pela família e continua sua 
moldagem na escola. Lillard (2017) acreditava que a infância não é meramente um estágio a 
ser completado a caminho da idade adulta, mas é “o outro polo da humanidade”. 
 
 
“O aumento do número de creches e a intensa disputa por vagas, 
no Brasil, são fatores que refletem mudanças na família, a qual 
hoje precisa compartilhar a educação de suas crianças com 
instituições de qualidade, para que geralmente os responsáveis 
pelas crianças possam trabalhar fora (do lar) e auxiliar no 
sustento familiar”. (Oliveira, 2018, p.62) 
 
 
No momento em que a criança, deve iniciar sua rotina escolar, começa uma fase 
diferenciada em sua vida. A rotina, hábitos e costumes, vivências e muito mais, irão agregar 
ou modificar o que já havia aprendido em casa com os pais, sendo esse fator positivo ou 
até inicialmente negativo em relação como a criança irá compreender, absorver aquilo 
que não eracostumeiro em seu cotidiano. 
 
 
“As rotinas podem tornar-se uma tecnologia de alienação 
quando não consideram o ritmo, a participação, a relação como 
mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a 
imaginação e as diversas formas de sociabilidade dos sujeitos 
nela envolvidos; quando se tornam apenas uma sucessão de 
eventos, de pequenas ações, prescritas de maneira precisa, 
levando as pessoas a agir e a repetir gestos e atos em uma 
sequencia de procedimentos que não lhes pertence nem está 
sob seu domínio”. (Barbosa, 2008, p.39) 
 
 
Essa rotina poderá ser facilmente adaptada se o ambiente físico for atrativo, 
interessante, em acordo com Barbosa (2008) o espaço físico é o lugardo desenvolvimento de 
múltiplas habilidades e sensações e, a partir da sua riqueza e diversidade, ele desafia 
permanentemente aqueles que o ocupam. Esse desafio constrói-se pelos símbolos e pelas 
linguagens que o transformam e o recriam continuamente. 
 
 
 
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
• Educação Infantil 
 
Existem muitos estudos, que relacionam a evolução da sociedadeem virtude da 
industrialização. Com essa evolução, as mulheres começaram a trabalhar “fora” de casa e com 
isso, as crianças ficavam com cuidadoras. De acordo com Haddad (1993), citado por Oliveira 
(2018), os movimentos feministas ressignificaram o atendimento às crianças, nas instituições 
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de Educação Infantil, defendendo que tais instituições deveriam atender todas as mulheres, 
independentemente de sua classe social ou necessidade de trabalhar fora do lar, o que 
contribuiu no aumento de instituições de Educação Infantil mantidas pelo poder público. 
A “educação” que a família desenvolve, desde o nascimento da criança, com a 
inserção da mesma na escola terá o complemento por parte da escola, além da interação social 
entre outros, que de acordo com a Base Nacional Comum Curricular reitera que “Como 
primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento do processo 
educacional.A entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira 
separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se incorporarem a uma 
situação de socialização estruturada” BNCC (2016). 
Com a evolução dos tempos, as creches foram acompanhando todo o cenário 
evolutivo, mesmo que ainda há a necessidade de melhorias em muitas das realidades em 
nosso País, podemos compreender um grande avanço. Desde os ambientes, como o 
pedagógico, com as oportunidades de qualificação das educadoras e maiores investimentos 
em virtude das políticas públicas, transformam a Educação Infantil. 
 
 
• Envolvidos no Processo de adaptação 
 
A base estrutural para o ser humano encontra-se na família, essapor sua vez, 
é a primeira que entra no processo, onde está a criança. Logo, 
podemos destacar a creche como um todo, com suas educadoras. A mãe (ou parente mais 
próximo) e a educadora são as pessoas que estão em maior proximidade com a criança dentro 
do processo de adaptação dela, podendo ser as principais mediadoras desse início, 
desenvolvimento e total adaptabilidade acreche. 
Oliveira (2018) em seus estudos corrobora que o processo de adaptaçãodas 
crianças na Educação Infantil pode ser muito doloroso, não só para a criança, como para seus 
familiares, principalmente para a mãe, que tem um vínculo muito forte com a criança, pois 
inicia a primeira separação da criança de sua família, por um período do dia. 
Com a evolução dos tempos, a necessidade da família trabalhar, principalmente a 
mulher como figura de mãe, indo para o mercado de trabalho, é preciso da segurança na 
escolha da creche, confiar nas educadoras e contribuir para que a criança tenha confiança no 
decorrer desse processo, ficar na escola, gostar da professora, do ambiente e do pedagógico. 
Reiterando Rodrigues (2017, p. 53) “[...] a família e a escola têm uma 
participação íntima, pois é um meio favorável à aprendizagem de sentimentos que marcam a 
vida da criança. Por isso, já nos primeiros anos escolares, o professor deve ser competente em 
preparar a criança para viver em coletividade”. 
A tríade, família, criança e escola, seu equilíbrio, são as peçasfundamentais para 
que o processo tenha sucesso. 
 
Afetividade na inserção das crianças 
 
A receptividade, sentimentos, atitudes são importantes dentro do processo de 
adaptação das crianças na Educação Infantil. A forma em que a criança é recebida na 
Educação Infantil, adaptada e os cuidados das educadoras poderão refletir no seu 
desenvolvimento pessoal, em questões de interação com as pessoas, aprendizagem, 
confiança, até mesmo o “espelho”sobre o respeito e carinho com os demais. Lisboa 
(1998) diz que para umdesenvolvimento pessoal adequado: 
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As creches e escolas são de grande importância para 
desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças [...]. 
Nesses locais, elas têm de aprender a brincar com as outras, 
respeitar limites, controlar a agressividade, relacionar-se com o 
adulto e aprender sobre si mesma e seus amigos, tarefa estas de 
natureza emocional [...] fundamental para as crianças menores 
de seis anos é que elas se sintam importantes livres e queridas. 
(p. 63) 
 
 
A afetividade entra nesse processo quando as escolhas da criança podem ser 
moldadas ou melhoradas de acordo com os valores estabelecidos no papel das educadoras, 
interferindo diretamente na confiança e formação educacional. 
 
 
• Estratégias para a melhor inserção da criança na creche 
 
 
Os envolvidos no processo de adaptação das crianças (escola/educadoras e os 
pais) precisam ter estratégias para a melhor e mais rápida inserção, estas, porém, devem ser 
equilibradas e de acordo com cada criança. A “separação” das crianças dos pais, em virtude 
de ir para uma creche inicia cada vez mais cedo, cada criança tem perspectivas, sentimentos 
diferenciados. Klaus (2000) apud Tourinho (2005) salienta que hoje em nossa cultura as 
crianças ingressam cada vez mais cedo em creches ou pré-escolas e, nesta fase, a criança 
ainda não se percebe como um ser independente da mãe, logo, segundo Klaus (2000) apud 
Tourinho (2005 p. 42) “é comum o sentimento de medo da criança frente à separação 
materna”. Para o autor, ensinar a dar tchau ou brincar de esconder, são algumas das formas de 
trabalhar o sentimento de ausência e permanência para minimizar os efeitos da separação 
precoce e favorecer o período de adaptação. 
De acordo com a BNCC (2016, p.36) as creches e pré-escolas, ao acolher as 
vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto 
de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o 
universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e 
consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar. 
A adaptação da criança na Educação Infantil é um momento muito difícil, 
doloroso, pois a transição do ambiente familiar, com seus hábitos e costumes para um 
ambiente totalmente desconhecido. O correto acolhimento, afetividade, experiência 
profissional das educadoras e suas competências, poderão ser estratégias para tornar a 
adaptação na Educação Infantil, menos dolorosa e amena. 
 
 
• Formação das educadoras e competências 
 
 
As educadoras precisam de uma formação inicial, pode-se iniciar com magistério, 
logo a graduação em pedagogia e/ou as formações pedagógicas existentes. Essa formação de 
acordo com Chalot (2007, p.90) a ideia de formação implica ao indivíduo que se deve dotar 
de certas habilidades para conseguir desenvolver as competências, que irão se desenvolver no 
decorrer de suas vivências práticas, com a realidade das crianças nesse processo de adaptação. 
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Reiterando Garcia (1999), a formação inicial do professor cumpretrês funções: 
a primeira é uma formação e treinamento do professor ligado com a função que irá 
desempenhar. A segunda, voltada ao controle de certificação, que permite ao indivíduo 
exercer a profissão. A terceira é o diálogo entre duas incumbências, a de ser um agente 
transformador do sistema educativo e a de “contribuir para a socialização e reprodução da 
cultura dominante. 
Os professores (educadores) devem ser capazes de cumprir as exigências das 
novas tarefas educacionais, terem a competência de saber trabalhar em conjunto com as 
famílias. Michels (2006) afirma que: 
 
 
“[..] dizem respeito ao que o professor deve saber: trabalhar em 
parceria com a comunidade escolar, resolver problemas da 
escola, achar soluções criativas a problemas concernentes ao 
processo ensino-aprendizagem de seus alunos, até mesmo às 
situações da comunidade em que a escola está inserida”. 
(MICHELS, 2006 apud OLIVEIRA, 2018,p.98). 
 
 
Sobre as contribuições de Chalot (2007), não basta definir as competências 
docentes, interessa a capacidade de se relacionar com as famílias, como também é digno de 
preocupação o fato de esses profissionais possuírem ou não as competências que devem 
formar nas crianças, como valores éticos, morais, respeito ao próximo, aceitação das 
diferenças entre as pessoas. 
 
 
• Acolhimento afetivo 
 
 
O adequado acolhimento poderá ser o primeiro passo que deixará a criança mais 
calma, o primeiro início do entrelaçamento das relações, que vão se intensificando na jornada 
diária, vão revelando as diferentes formas de compreensão que as crianças constroem acerca 
de tempos e espaços até então desconhecidos e intensificados com a ampliação dos laços 
sociais e as trocas relacionais entre pares, revelando hipóteses e modos diversos de ir 
compreendendo o processo vivido na inserção. 
Conforme Oliveira (2018) 
 
 
“Este período de transição do ambiente familiar, que se 
caracteriza por ser intimista, exclusivo e acolhedor, para um 
ambiente novo, coletivo, disciplinar e social, que é o ambiente 
institucionalizado, gera um desequilíbrio cognitivo e emocional, 
propício ao desenvolvimento individual, com a elaboração de 
 
 
estruturas necessárias a resolução das novas demandas do meio. 
Na Educação Infantil este processo pode ser atraente para a 
criança se amparada por um adulto de referência, no entanto, 
altamente aterrorizante se a criança se sentir sozinha e 
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desamparada, já que os sentimentos de confiança, autonomia e 
iniciativa estão em formação, e a criança em intensa relação de 
dependência com o adulto”. (p. 11) 
 
 
As contribuições do autor condizem com a realidade dessa fase de adaptação, 
especialmente quando ele aborda sobre a questão do adulto de referência, com o acolhimento 
sentindo-se amparada, segura em uma nova realidade. 
As relações familiares e o carinho dos pais têm uma enorme influência sobre a 
evolução dos filhos, essa afetividade inicial é muito importante. Essa ideia vem dos estudos 
de Chalita (2004, p. 23), que a reforça, quando diz que “[..] a família tem como função 
primordial a de proteção, tendo,sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a 
resolução de problemas e conflitos[..]”. 
A referência inicial será a mãe ou aquela pessoa que cuidou desde onascimento da 
criança, na escola, o acolhimento da educadora, os cuidados, o afeto começam a fazer parte 
desse mundo diferenciado da criança, que por sua vez será a nova realidade, a frequência em 
uma creche que surtirá efeito na inserção escolar, de forma psíquica e social. 
Reiterando alguns autores, como Rossetti-Ferreira & Vitória (1993) apud Oliveira 
(2011 p.68), o período de adaptação deveria ocorrer nos primeiros contatos dos pais com a 
creche, pois através de um primeiro contato bem estruturado pela 
 
instituição, onde os pais possam esclarecer dúvidas e conhecer o ambiente que irá 
abrigar seus filhos, e a escola possa obter informações preliminares sobre a criança, 
minimizam-se angústias que possam influenciar no ingresso da criança na instituição. Para 
outros, o período de adaptação ocorreria a partir do momento de ingresso da criança na 
instituição até o final do primeiro mês. 
Nas creches ou instituições de Educação Infantil, no período de adaptação, e 
muito além dele, precisa de boa proposta pedagógica aberta também às famílias, 
compreender que elas têm sua cultura diferenciada, hábitos e costumes, que de imediato os 
bebês e/ou crianças maiores acostumaram-se com eles. 
 
 
Nesta perspectiva, fica evidente que as crianças pequenas e suas 
famílias devem encontrar nos centros de Educação Infantil, um 
ambiente físico e humano, através de estruturas e funcionamento 
adequados que propiciem experiências e situações planejadas 
intencionalmente, de modo a democratizar o acesso de todos, 
aos bens culturais e educacionais que proporcionam uma 
qualidade de vida mais justa e feliz. (COSTA; LIMA, 2017, p.2 
apud OLIVEIRA, 2018, p.232). 
 
 
A família, precisa estar inserida nesse processo para compreender também que a 
partir daquele momento a criança receberá, melhorará e/ou agregará hábitos, costumes e uma 
nova vivência. 
Em uma visão geral, a conclusão equilibrada entre os estudos analisados, através 
das pesquisas realizadas pelos mesmos, reitera que a adaptação das crianças que iniciam sua 
vida escolar na creche/EducaçãoInfantil pode ser um processo muito doloroso, para a criança 
e complexo para todos os outros envolvidos: pais e professores. Contribuem que a maneira 
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como é realizada o acolhimento, deve ser interagente, com um bom planejamento por parte da 
instituição educadora e professores, priorizarem um ambiente organizado para recepcionar e 
acolher as crianças. Os envoltos categóricos dos estudos, em suas perspectivas constituem-se 
como os fatores responsáveis para planejar, sua ação detalhada poderá amenizar o processo 
doloroso vivido pelas crianças, durante sua adaptação escolar, tornando o mais natural 
possível. 
 
 
CONCLUSÕES 
 
A inserção das crianças na Educação Infantil, com a devida adaptação, é um 
assunto comprovado em termos de importância para o desenvolvimento social. Considera-se 
todo o conjunto envolvido nesse primeiro acolhimento infantil, englobando o processo de 
adaptar como interagente, pois todos envolvidos buscam a participação e um entendimento 
integral do que se vivência. 
O objetivo é que a inserção na educação formal tenha êxito e seja correto, com 
foco na criança, ela gostar, se adaptar, socializar com o novo ambiente e pessoas que ali 
compartilham e seguem as novas rotinas, aprendendo ou agregando uma nova cultura. 
Corroborando com os autores estudados, os trabalhos acadêmicos já 
desenvolvidos trouxeram uma visão contingente sobre o assunto, pois em 
cada situação de adaptação, as crianças carregam os preceitos familiares, umarotina e valores 
que são a sua essência. 
Considera-se a afetividade uma grande aliada nesse processo, bem como a 
experiência e formação contínua das educadoras. Também, o correto planejamento da 
instituição escolar, a organização para a recepção da família,e o apoio em sua participação na 
adaptação dos seus filhos. A responsabilidade de todos os envolvidos, principalmente da 
equipe escolar, com a competência de mediar possíveis conflitos, sendo um momento muito 
delicado por se tratar de crianças, que em seu elo familiar, nunca saíram de perto de pessoas 
conhecidas, tornando-se um momento de construção social. 
Foram evidenciados os objetivos específicos do estudo, em que se alinharam com 
o problema elencado. Reitera-se que a afetividade entre as educadoras e as crianças é 
fundamental para uma adaptação bem-sucedida, todos os envolvidos no processo precisam de 
estratégias para que a inserção da criança seja a mais acolhedora possível. A família deve 
preparar a criança para essa socialização, a escola precisa ter um planejamento adequado e as 
professoras uma formação suficiente com habilidades técnicas e humanas paraa acolhida. 
Estudar esse tema foi de extrema relevância, pois profissionalmente houve 
aprendizagem significativa, um novo olhar em virtude do processo de inserção de uma 
criança na escola. Também, a amplitude de pesquisar no meio acadêmico, possibilitou 
contribuir um pouco com a temática escolhida, que ainda é pouco abordada pelos 
profissionais, estudantes e demais interessados no assunto. 
Sugere-se a continuidade do estudo, desenvolver pesquisas quantitativas 
adequando o qualitativo, criar categorias com estudos de caso, avaliando a cultura do local, 
ambiente escolar e a maneira que as famílias preparam seus filhos para iniciar sua vida 
escolar. Também, complementariam estudos psicossociais com o acompanhamento das 
famílias, em conjunto com os demais envolvidos no processo. 
. 
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ERA UMA VEZ A QUESTÃO RACIAL: OS LIVROS DE LITERATURA NO PROCESSO 
DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
JANAINA VIEIRA DE ARAÚJO 
CLEONICE RIBEIRO DO NASCIMENTO 
GILSON CARDOSO SANTIAGO 
 
Resumo 
 
Este estudo faz uma breve reflexão sobre a importância da Literatura Infanto-juvenil para a 
construção da identidade étnico-racial na Educação Infantil. O objetivo é fazer uma discussão 
acerca dos caminhos possíveis para uma construção identitária, que valorize e reconheça a 
beleza da criança negra. Para tal reconhecimento contamos com Lei 10.639/03 que torna 
obrigatório o ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas públicas e 
privadas do Brasil afirmando os direitos da população negra nos diferentes âmbitos. Para nos 
ajudar a compreender este processo e as práticas dos docentes, utilizamos os conceitos de 
Racismo, Identidade, Empoderamento, Literatura entre outros. São muitos os desafios 
encontrados em nosso cotidiano, a partir dessas explanações pretendemos ampliar as discussões 
sobre práticas educativas e pedagógicas reflexões sobre o processo de inclusão e os caminhos 
necessários para promover a igualdade racial na educação e na sociedade como um todo. 
 
Introdução 
 
O presente trabalho é um recorte da minha monografia de conclusão do curso de 
Pedagogia. Optei por fazer um trabalho bibliográfico, que me possibilitou maiorconhecimento 
em torno do tema relações Étnico-Racial na Educação Infantil, com o propósito de 
compreender como se dá essas relações dentro da escola evidenciando osegmento da Educação 
Infantil. Acreditando que é nessa etapa que os conflitos sociais surgem e influenciam 
diretamente na identidade da criança negra. Sendo através dos livros e autores que puder 
fortalecer a minha caminhada teórica. 
A literatura surge então com a minha experiência enquanto bolsista do PROALE2, que 
viu na literatura um caminho possível para a promoção e construção identitária e a valorização 
dos fenótipos negros. O PROALE reforçou a minha ideia de falar sobre as relações étnico- 
raciais, permitindo um maior contato comcontos, mitos, lendas e biografias que reforçaram a 
minha identidade, enquanto professora negra e, ampliação de literaturas e conhecimento sobre 
autores que nem mesmo sabia que existiam. Ampliando esses horizontes em busca da 
diversidade, percebi melhora no trabalho com as crianças, pois tínhamos opções de leitura e 
uma abordagem maior sobre as questões raciais. 
A construção identitária da criança deve contar com estímulos, suportes e conteúdos 
capazes de valorizar e reconhecer a beleza de cada criança, por isso a importância do livrona 
educação infantil, e o papel central do professor nesse segmento que seleciona esses livros e 
produz atividades que pode ou não ajudar nessa construção identitária. 
Vejo que o trabalho do professor, nesse sentindo, é apresentar uma literatura que visa 
uma construção de identidade positiva, já que a educação infantil ainda precisa do lúdico e o 
livro traz essa perspectiva mais descontraída para que as crianças entendam de forma mais 
“leve” o que é: O preconceito? O que é o racismo? O que é ser negro? E nesse sentindo o que 
vemos são professores que buscam no livro um caminho para construir projetos e possibilitar 
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construção de identidades diversas. Assim, indago se o livro poderia ser um suporte para 
construção da autoestima e valorização da beleza negra? 
Essa pergunta surgiu a partir do meu trabalho como bolsista no PROALE, ao presenciar 
tantos professores a procura de livro e que abordem a temática racial e outras questões como 
forma de introduzir o trabalho em sala de aula. Entretanto, o que me chamou a atenção é como 
muitos desses livros têm sido usados. Desde que comecei a trabalhar no PROALE percebi que 
não existem livros específicos para determinada faixa etária ou temática, pois um livro 
transborda essas definições, a forma como é tratada a leitura e como ela é recebida pelos alunos 
é que definem as inúmeras facetas que um livro pode apresentar. 
 
O Programa de Alfabetização e Leitura – PROALE – foi instituído em 
1991, na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, e 
realiza desde então um conjunto de ações orientadas principalmente para 
o incentivo à leitura e a formação continuada de professores e outros 
profissionais da Educação que se ocupam de questões relacionadas a 
alfabetização, letramento, leitura, escrita, literatura. Eles nos mostram 
que para além das páginas existe um mundo de imaginações e de 
adaptações possíveis para qualquer público. 
 
Realizo uma análise sobre alguns livros do PROALE que os professores mais trabalham 
com esse segmento. Procurei apresentar os pontos positivos e negativos, com o objetivo de 
valorizar e reconhecer nesses livros caminhos possíveis de construir a diversidade e fortalecer o 
processo identitário da criança. 
O contato com os livros deve começar desde cedo, pois os livros propiciarão ao universo 
infantil um mundo de fantasias, imaginação e uma compreensão maior de si e do outro. Para 
além das princesas e príncipes do padrão estético que nos é apresentado, o livro quando bem 
escolhido e quando integra o segmento étnico, leva a criança a reinventar parte da história, em 
que ela se vê como personagem sem perder o encantamento da tradição dos contos de fadas. 
Perceber o livro como um dos vários instrumentos de suporte metodológico necessários 
nessa construção positiva da identidade negra faz entender que existe um caminho possível a ser 
iniciado na Educação infantil, ou seja, uma construção lúdica a respeito de quem somos. 
É o leitor quem cria, constrói o sentido a partir de seus conhecimentos, 
em sua expectativa e em sua intenção de leitura. No caso do aluno, 
porém, a intensão é do professor. Quem deseja que a leitura seja feita 
porque é importante, necessária para aexplicitação de um assunto, para a 
ampliação de um conhecimento, ou por qualquer outro motivo, é o 
professor. Só ele pode transformar o que precisa ser lido em algo 
significativo e prazeroso. (BRAGA; SILVESTRE, 2009, p. 22). 
 
Daí a importância do professor selecionar os livros que estarão nas salas de aula, nos 
cantinhos de leitura. Uma vez que, o acesso e seleção dos mesmos, demonstra preocupação com 
a qualidade e com o conteúdo que está sendo passado para essas crianças. Visto que, 
majoritariamente as crianças das escolas públicas são negras e por isso, devem se sentir 
representadas no espaço escolar, através dos brinquedos, livros, dentre outros objetos, já que 
passaram a maior parte do tempo dentro da escola. 
Na busca de uma construção identitária da criança negra, analisarei 4 livros que nos 
ajudam a entender como os livros infanto-juvenis podem ser grandes suportes para a 
valorização e negação da identidade. Adotaremos o livro e a literatura infantil como um dos 
pontos de partida plausíveis de se trabalhar na Educação Infantil, segmento em que se busca 
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dentre outras coisas o conhecimento e o respeito de si e do outro tornando o livro um suporte 
metodológico que é muito manuseado pelas crianças e usado em atividades pelos professores. 
Sem o objetivo de esgotar a literatura afrodescendente infantil voltada para as questõesraciais, 
buscaremos apresentar resumidamente as histórias, discutir e analisar o conteúdo de cada livro, 
visando olhar pontos positivos e negativos, que nos ajudem a discorrer a importância dessas 
literaturas na construção identitária da criança negra, mas também levar um conteúdo que 
possibilite que seu imaginário seja amplo, incentivando a formação do pensamento, 
estimulando-a a criticidade. 
 
• Era uma vez... 
 
 
Os livros selecionados abaixo foram experimentados por diversas etapas da Educação 
Básica. Todas as experiências que me foram relatadas usavam o livro como instrumento para 
ajudar os alunos a construírem sua identidade histórica, estética e cultural, tendo o livro como 
base para uma leitura seguida de atividades, projetos e trabalhos contínuos de valorização racial 
ou somente para uma leitura sem compromisso político e cultural com o tema. Os exemplos 
abaixo são para nos inspirar a pensar sobre as questões que podemos levar aos nossos alunos 
para além da história que vão ouvir. 
• Menina bonita do laço de fita 
 
 
Era uma vez uma menina linda, linda, os olhos dela pareciam duas azeitonas pretas, 
daquelas bem brilhantes. Os cabelos eram enroladinhos e bem negro feito fiapos da noite. A 
pele era escura e lustrosa que nem o pelo da pantera negra. Sua mãe gostava de fazer 
trancinhas em seus cabelos. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da África, ou uma 
fada do Reino do luar. Do lado da casa dela morava um coelho branco, que achava a menina a 
pessoa mais linda e por isso queria descobrir o segredo pra ser tão pretinha. A menina não sabia 
e por isso inventava sempre uma história. O coelho muito insistente perguntou pela penúltima 
vez: menina bonita do laço de fita qual o seu segredo para ser tão pretinha? A menina não sabia, 
mas inventou... “Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba, quando era pequenina”. 
“O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair 
do lugar” Por isso, daí alguns dias ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez: A 
menina não sabia e já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada quando a mãe 
respondeu: - Artes de uma avó preta que ela tinha... O coelho viu que a mãe da menina devia 
estar mesmo dizendo a verdade porque a gente se parece mesmo é com os pais, os tios, os avós 
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e até com parentes tortos. E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a meninatinha 
que procurar uma coelha preta para casar. O coelho não perdeu tempo e foi logo casando com 
uma coelha preta, que tiveram muitos filhotes de todas as cores. E quandoa coelha sai narua e 
alguém pergunta o seu segredo para ser tão pretinha ela responde: - Conselhos da minha 
madrinha. 
Menina bonita do laço de fita um livro que nos traz muitos questionamentos. Os 
professores gostam de trabalhar com esse livro por trazer uma linguagem clara e ilustrações 
bastante ricas tanto para Educação Infantil quanto para as primeiras séries iniciais. Esse livroé 
usado como forma de apresentar às crianças a valorização da cor da pele. A afirmação surge 
com o meu trabalho no PROALE e os vários relatos sobre o livro tão requisitado, que emgeral 
as crianças gostam muito da história, mas, precisamos ponderar que algumas crianças poderão 
sentir-se desconfortáveis ao falar sobre si e suas origens e haverá crianças que não se 
reconhecerão nessa história por uma negação histórica sobre os negros. 
Percebemos que essa história se assemelha a de muitas crianças que não passaram por 
um processo de construção de identidade, pois as respostas dadas pela menina sobre a sua cor, 
lembram o racismo que muitas crianças sofrem para justificar a sua cor negando cada vez mais 
a suas origens. Ainda que a menina não seja discriminada pelo coelho, que por sinal a admirava 
muito esta não conhecia sua origem e dava desculpas para ser tão pretinha. 
 
Acredito que o livro traz muitos pontos de partida a serem levados em conta e um deles 
é a importância de se trabalhar desde cedo aquela famosa atividade da árvore genealógica, 
traçando uma grande linha do tempo sobre o nossas origens, mostrando fotos às crianças de seus 
antepassados como forma de resgatar uma memória coletiva, carregada de significado sobre 
quem somos, ou seja, tal atividade vai além do livro, estimulando as crianças a tornarem-se 
pesquisadoras de si mesmas. Assim como no livro em que a mãe traz o sentindo da 
ancestralidade trazendo o exemplo da avó. De acordo com Martins (2011, p. 17) “Nós nos 
reconhecemos e nos reconstruímos na relação com o outro. O caráter relacional da identidade é 
o eixo que conduz nossos sentimentos, pensamentos e ações”. 
Valorizar a negritude a partir da literatura infantil é levar possibilidades das crianças se 
reconhecerem em outros referenciais. Tantos pontos de partida e tantas chegadas, a literatura 
nos permitetrabalhar os muitos caminhos que o livro traz e, Menina bonita do laço de fita é um 
exemplo disso. 
 
• As tranças de Bintou 
 
 
Fonte: Diouf (2010) 
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Bintou é uma menina negra que tinha cabelo curto e crespo. “Meu cabelo é bobo e 
sem graça tudo o que eu tenho são quatro birotes na cabeça”. Bintou queria tranças nos cabelos, 
mas a tradição de seu povo era que apenas mulheres adultas poderiam ter tranças. Bintou então 
aproveita a visita de sua avó e pergunta por que as meninas não podem usar tranças? Sua avó 
conta a história de uma menina que só pensava o quanto era bonita, e de tanto que os outros a 
admiravam ela se tornou vaidosa e egoísta... A avó que sabia de tudo explica que a menina irá 
crescer e terá muito tempo para usar tranças. 
Então um dia quando Bintou resolveu caminhar pela praia, ela vê dois homens prestes a 
se afogar, mas Bintou foi rápida e esperta pegando o caminho mais curto e mais perigoso para 
buscar ajuda até a vila, e assim fez. Bintou ajudou a salvar os dois homens e foi reconhecida 
pelo seu feito na vila. Perguntaram – “Diga-nos o que você mais deseja?” Antes que ela pudesse 
responder sua irmã falou: TRANÇAS. 
Bintou mal podia esperar pelas tranças e quando sentou no chão e sua avó passou um 
óleo perfumado, mas ela sentia que sua avó estava fazendo os birotes e quando terminou não 
tinha coragem de olhar para o espelho. Sua avó a encorajou abrir os olhos e quando Bintou abriu 
os olhos viu pássaros amarelos e azuis em seu cabelo. E ela falou –“Foi-se a menina sem graça 
com quatro birotes na cabeça. Eu sou Bintou. Meu cabelo é negro e brilhante. Meu cabelo é 
macio e bonito. Eu sou a menina dos pássaros no cabelo. O sol me segue e estou muito feliz”. 
Mais uma História que nos faz pensar a questão étnico-racial das crianças negra, e mais 
do que focalizar na cor da pele ou no cabelo da menina o livro traz como ponto central o brincar 
como forma de trazer o real motivo da infância. Sabemos que o cabelo é muito 
 
importante para a autoestima das mulheres, mas não tem que ser o alvo de nossas crianças. 
Estimular nos pequenos o interesse para o que vestir e como se pentear, por exemplo, os ajudaa 
desenvolver a autoestima e a vontade de parecerem bem e bonitos, contribuindo para a 
autoconfiança em várias situações sociais. O problema começa quando a vaidade torna-se 
excessiva, não dando espaço para serem crianças. Muitas meninas iniciam a vaidade cedo e 
acabam chegando ao extremo dela, com consentimento muitas vezes dos pais. 
A insatisfação da menina com seus birotes no começo do livro podem ser associados à 
insatisfação das crianças que rejeitam seu cabelo e sua beleza para serem aceitos pelos outros, 
impondo a si mesmo outros padrões estéticos (branco, loiro, alisado) considerados como 
padrões de beleza, no mundo ocidental. 
O livro tem ilustrações riquíssimas trazendo a beleza negra, a beleza de uma vila, de 
seu povo e de seus costumes com detalhes e cores vibrantes demonstrando que alegria impera 
nesse povo, e não vemos como de costume os estereótipos da África com fome, pobreza e 
outros aspectos que faz a criança repudiar e se afastar da cultura e dos saberes que a constitui. 
Percebemos que a ancestralidade é uma questão muito forte principalmente para ensinar 
aos mais novos os ritos de passagem os mitos e lendas que irão perpetuar de geração ageração. 
A diversidade cultural está presente no povo afrodescendente, através dosconhecimentos e 
valores que permeiam a vida familiar, deste modo, é importante mostrar às crianças como 
esses costumes surgem e a importância desses conhecimentos para a 
construção da nossa cultura. 
Entendemos nessa história como Bintou precisava da aprovação, do olhar e do cuidado 
do outro para sentir valorizada com os seus birotes, a diversidade pode ocorrer naturalmente 
quando as crianças têm bons exemplos em casa e na sala de aula. Elogios fazem parte dessa 
construção identitária e esse livro traz um importante ponto a ser destacado que cada criança 
tem sua beleza e quando essa valorização está exposta em livro infantil, por exemplo, traz como 
possibilidade um referencial possível de alcançar, ou seja, a criança se reconhece na literatura. 
Mesmo aquelas que negam ou ignoram a identidade negra, vê de forma positiva a beleza negra 
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sendo exaltada num livro, na atitude e nas ilustrações que despertam a belezaque por tanto 
tempo foi invisibilizada pela mídia, pelas indústrias de brinquedos por exemplo. É importante 
perceber que o ideal de beleza de Bintou são as tranças e tem sua irmã como referencial a ser 
seguido, apresentar o encanto e a diversidade dos cabelos negros faz com que esses indivíduos 
amem a si mesmo. 
Deste modo o problema de Bintou não era os birotes e sim os birotes sem graça. E 
quando todos esperavam que avó fizesse tranças Bintou apareceu com birotes enfeitados cheios 
de flores e pássaros, ressaltando que a beleza está em nós, basta um toque, um elogio, um 
cuidado especial, um incentivo e ela desabrocha como flor. 
Além dessa estética negra carregada de sentindo e valorização, o livro de Bintou ressalta 
que os ritos de passagem fazem parte da tradição presente na diversidade cultural africana e 
brasileira. A nossa cultura também traz diversos rituais como batizados, aniversários, ritos de 
passagem de aprendizado e crescimento, dentre outros que merecem ser revistos até 
problematizados com as crianças. 
As tranças de Bintou é um exemplo de literatura que nos desafia a pensar a diversidade 
a ser trabalhada desde a Educação Infantilcomo forma de conhecer e respeitar o outro pelo o 
que ele é. 
 
Bia na África 
 
 
Fonte: Dreguer (2007) 
 
Bia é uma menina de 8 anos com descendência africana que acompanha a sua mãe 
diplomata quando está prestes a morar 1 ano em Angola. Bia fica um pouco receosa com a 
proposta, com medo de como seria começar novas amizades, conhecer novos lugares, nova 
escola, mas a sua mãe consegue convencê-la. Nessa viagem Bia conhece a verdadeira África, 
aquela livre de estereótipos e claro se encantam por um continente cheio de belezas. Antes de 
chegar ao seu destino, as duas visitam o Egito, onde constatam a influência árabe na religião, 
na arquitetura, na língua, além de conhecerem vários monumentos. Passando pelo Quênia, 
observam o contraste entre a grande capital, Nairóbi e uma reserva de animais selvagens. Enfim 
ao chegar à Angola depois de uma viagem muito longa Bia acaba gostando de aprender mais 
sobre onde iria morar. 
Em Angola Bia frequenta a escola, faz novas amizades e vai descobrindo outra cultura, 
com palavras, sotaques, gostos, e sabores diferentes, mas também reconhecendo nossas 
raízes africanas na religião, na dança, música, alimentação, e a desigualdade social presente em 
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grandes cidades e países. Ao retornar para o Brasil, Bia sente-se enriquecida, sobretudo pela 
descoberta da imensa diversidade do continente africano e pela valorização da cultura de seus 
antepassados, o que desperta nela o orgulho de ser negra. 
Bia na África é um livro que faz parte da série Viagens da Bia que inclui os volumes 
“Bia na Europa” “Bia na Ásia”. Nessas viagens ela conhece as influências que os outros países 
trouxeram para o Brasil. Bia convida o leitor a embarcar numa viagem de descobertas e de 
conhecimentos sobre nossas raízes africanas vista pela lente curiosa de uma criança, que cada 
vez tem perguntas e descobertas a fazer. 
Embora o livro seja um pouco grande, ele pode ser adaptado a qualquer faixa etária ou 
segmento. O livro é riquíssimo em detalhes, podendo desdobrar-se em projetos, pesquisas, e até 
semanas culturais sobre a diversidade de jogos, palavras, músicas, danças, nomes que estão 
presentes na cultura brasileira e que desconhecemos o significado e sua origem. 
A capa do livro traz de forma bastante colorida uma imagem de uma menina negra 
viajando e descobrindo a África, mostrando que as crianças que lerem esse livro farão grandes 
descobertas. O livro é um estimulador para fazermos perguntas e ir de encontro de possíveis 
respostas. É legal perceber que mesmo que saibamos que exista pobreza na África, essa não 
ganha destaque nesse livro, pelo contrário os pontos positivos desse continente e seus países são 
vistos de forma rica, desconstruindo nas crianças a falsa ideia de ser “país de negros pobres que 
passam fome”. 
A ilustração do livro traz elementos culturais importantes que mostram um continentee 
seus países globalizados e desenvolvidos muito além dos safaris. “De onde será que vem essa 
visão da África que a gente tem?” Uma pergunta importante para pensarmos os pré- conceitos 
que acabamos por reproduzir muitas vezes no ambiente escolar. 
O livro é escrito a partir do olhar da Bia, que traz consigo seus medos, suas 
inseguranças, sonhos, e molecagens. No começo da história vemos como é composta a sua 
família, Bia tem os pais separados que vivem felizes suas vidas. Apesar da tendência das 
histórias inferiorizarem os negros e retratar o sofrimento e o trabalho escravo, nessa história os 
pais de Bia são muito bem sucedidos, mostrando que os negros têm êxito e sucesso no trabalho. 
Apresentar esses indivíduos como exemplo faz com que as crianças vejam que elas também, 
enquanto negras, podem alcançar cargos de alto escalão. 
As páginas do livro descortinam um mundo de descobertas, aulas de História e 
Geografia vão se configurando pela curiosidade de uma criança. Aborda a escravidão, a fome e 
a miséria, não como foco principal da história, afinal essas questões também fazem parte do 
nosso presente, das lutas por direitos que hoje temos e por isso não pode ser esquecido. 
Ao término da viagem Bia, ficamos com gosto de quero mais, um verdadeiro convite os 
professores e alunos a conhecerem mais sobre nossa cultura e mesmo que nós e nossos alunos 
ainda que não consigam de fato viajar até a África o livro nos mostra um dos caminhospara o 
conhecimento. Articulamos a partir dessa viagem tecnologia, conhecimento de mundo, 
curiosidade e vontade de aprender mais sobre nossa cultura, que tem como fonte a África. O 
livro se transborda e consegue nos levar para muitos horizontes possíveis de valorização cultural 
para as crianças. 
Apresentar uma literatura que consiga fazer a criança imaginar-se dentro dessa incrível 
aventura é afirmar que elas terão oportunidades de viajar o mundo. É possível ser feliz mesmo 
que num país racista cheio de preconceitos, que esmagam sonhos e qualquer chance de negros 
chegarem mais longe que o ensino médio. 
Ter referenciais que nos mostram meios que isso possa acontecer, ainda que em 
número pequeno, é fortalecer a luta pela diversidade num país que deveria ser para todos, com 
chances reais de crescimento, sem extinção de raça, cor e gênero. 
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Peppa 
 
Fonte: Rando (2009) 
 
 
História de uma menina que tinha cabelo no qual podemos chamar de crespo ou 
cacheado, um cabelo resistente e forte, tão forte que era capaz de coisas incríveis. Até a 
página 10, Peppa se mostrava muito feliz com o seu cabelo, mas um belo dia andava pela rua 
quando avistou um salão de beleza, na frente do salão havia um cartaz que deixou muito 
intrigada, mal podia dormir pensando como ficaria seu cabelo. 
Então resolveu pegar suas economias e ficar com o seu cabelo macio e lisinho, foram 
dezesseis horas quarenta e oito minutos até que ela pudesse ter o seu cabelo incrível! Mas ao 
sair do salão tinha uma lista de proibições que deveria ser seguida a risca. Peppa parecia tão 
triste, tudo era tão chato até que chegou o verão, o que a deixou muito irritada, pois o calor que 
começava lá no dedão dos pés subia até as orelhas. Ela foi ficando cada vez mais vermelha 
mais nervosa e insuportável e então não aguentando tanto calor, que se jogou na piscina e 
TCHIBUMMMM!!! E lá se foi o cabelão liso e sedoso de Peppa. 
Apesar da história não definir a cor da personagem, Peppa tem o cabelo do qual 
podemos caracterizar como cacheado ou crespo. O livro traz uma perspectiva pejorativa sobreo 
cabelo da personagem no qual a leva fazer coisas que uma criança na verdade não conseguiria 
fazer. Quem conseguiria puxar uma geladeira com o cabelo? 
Aparentemente com as ilustrações Peppa se mostra muito feliz com o seu cabelo forte. 
Mas percebemos o tom pejorativo sobre o cabelo da personagem, que faz simulações de que o 
cabelo de Peppa é tão duro que não consegue ser cortado com uma tesoura normal e precisa de 
um alicate para fazer o trabalho. As alusões que são apresentadas neste livro podem causar nas 
crianças um sentimento negativo sobre si mesmas, dizendo que seu cabelo é duro, que seucabelo 
é difícil de tratar, que seu cabelo é ruim. 
Quando Peppa se depara no salão de beleza com a foto de uma mulher, deseja sercomo 
ela. Percebemos que o processo identitário ainda é muito confuso para muitas crianças, pois esse 
se dá nos conflitos entre o eu e outro. Vemos que a propaganda de uma mulher de pele clara, 
com cabelos lisos, representa um ideal de beleza, como se nossas crianças devessem negar suas 
características e procurar um salão de beleza capaz de fazer esse trabalho árduo. 
Percorremos o livro e encontramos um salão que não está acostumado com a sua beleza 
e seu cabelo afro, tratando o cabelo da personagem com objetos de marcenaria, a ilustração 
deixa claro como a cabelereira fica exausta com dedos machucados, por tercuidadodos cabelos 
de Peppa. A desvalorização é tão real que o pente, a escova quebram e precisa de um alicate, 
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uma furadeira com lixa, materiais que de fato não encontramos nos salões de beleza, reforçando 
a ideia do cabelo “duro” “difícil”, não é o que o que dita à moda. 
O olhar espantado de todos “como se dissesse que cabelo é esse” revela o racismo 
velado, que crianças passam no seu dia a dia. Segundo os olhos dos outros agora sim o cabelode 
Peppa estava Incrível. A questão do cabelo e da estética são pontos importantes para qualquer 
pessoa e não seria diferente para as crianças que acabam por ficarem reféns de estereótipos e 
padrões estéticos a serem conquistados artificialmente. Esse livro me fazlembrar às vezes em 
que neguei o meu cabelo, por achar que se eu alisasse o cabelo ficaria mais bonito e seria aceita. 
Entender que a beleza está em cada um, do jeito que somos, faz parte de um processo longo de 
aceitação e qualquer alteração estética que queira mudar a nossa essência de forma violenta 
deve ser revista. 
Segundo a ilustração Peppa sai com um sorriso, que não dura muito tempo, pois, 
Peppa sai com uma lista de proibições que a restringe a ser criança. Qual o preço que nossas 
crianças precisam pagar para ter a beleza considerada legítima? O que elas estão deixando de 
fazer, quando impomos o preço da beleza? 
 
Considerações Finais 
 
 
Os livros nos trazem reflexões importantes para ser trabalhado com as crianças e paraa 
nossa própria formação, a começar por um debate sobre a nossa própria beleza de forma a 
valorizá-la com livros que realmente tragam elementos de respeito e valorização da diversidade. 
Levar um livro com segmento étnico não garante que o reconhecimento e a diversidade sejam 
trabalhados. É importante explorar cada livro ou história contada, levando os alunos a criarem 
seus próprios roteiros, é interessante que toda a comunidade escolar esteja envolvida para 
potencializar as atividades que serão previstas, para que não se torne só mais uma atividade que 
usou o livro como suporte metodológico. 
Diante das explanações em torno dos livros infantis feito acima, percebemos que o livro 
quando bem escolhido pode ser um aliado para aproximar as crianças dos problemas e conflitos 
existentes da vida, lidar com essas situações exigem um nível de amadurecimento que começa 
desde pequeno e perpassam os anos. Uma ajuda importante para as crianças na hora de adquirir 
essa compreensão pode ser vista na literatura, pois a fantasia facilita a compreensão das 
crianças. Conforme Silva (2010, p. 47) 
O papel da escola na escolha dos livros utilizados nas séries iniciais é fundamental. É 
responsabilidade da escola estar atenta para a escolha do acervo de sua biblioteca, devendo 
optar por livros que contribuam para a formação de uma identidade positiva do negro e, 
simultaneamente, proporcionar aos alunos não negros o contato com a diversidade e as 
especificidades da cultura africana, deixando, assim, para trás, uma visão estereotipada e 
preconceituosa das idiossincrasias dos referenciais afrodescendentes. 
Assim conclui-se que pensar em propostas pedagógicas com uso do livro é pensar em 
um trabalho literário que contemple a diversidade, que ofereça oportunidades para os pequenos 
leitores, no sentido de ampliar o conhecimento sobre si e sobre o outro, numa perspectiva que 
conhecer seja aprender a respeitar a diversidade que nos constitui. Cada livro em si, já traz 
diversas formas de como se abordar a questão racial, mas a forma como o trabalho será 
conduzido dependerá de uma consciência política dos professores e da consciência sobre o 
processo histórico e cultural de como o negro tem sido entendido e tratado. 
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A CANTIGA DE RODA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
GONÇALINA LAURA DE MAGALHÃES 
OZALHA TRINDADE DE SOUZA 
JUVELINA BATISTA SE SOUZA CRUZ 
 
 
RESUMO 
 
O estudo da música nas salas de aula traz benefícios ao desenvolvimento global de 
crianças de todas as idades, entre eles, podemos citar: a melhora da coordenação motora, a 
concentração e disciplina, a melhora no trabalho em equipe, o aumento da capacidade auditiva e 
o estímulo do raciocínio matemático. 
O ensino da música na educação é defendido, inclusive, em documentos oficiais, como 
o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), o qual compreende a 
música como linguagem e área de conhecimento, possuindo conteúdos e metodologias próprias. 
Existem várias formas de se trabalhar com a música na educação básica. 
O presente artigo tratará, especialmente, sobre o gênero cantiga de roda. Esse tipo de 
canção é um instrumento pedagógico auxiliar no âmbito da educação infantil por juntar sons, 
movimentos, brincadeira e interação coletiva. Diante disso, temos como questão norteadora: 
A cantiga de roda é um instrumento interessante e eficiente no trabalho com a 
musicalização na educação infantil? Para respondê-la, foi realizada uma pesquisa bibliográfica 
em livros, artigos científicos, teses acadêmicas e documentos oficiais, que tratem da importância 
da música e da cantiga de roda na educação infantil. Além disso, foi realizado uma análise dos 
elementos musicais – letra, melodia, harmonia e ritmo – de algumas cantigas de roda. 
Concluímos que o trabalho com cantigas é eficiente na educação infantil por ser um convite ao 
movimento e à brincadeira, atividades essenciais ao desenvolvimento integral da criança. 
Já a análise dos elementos musicais, possibilitou observar que as cantigas de roda 
possuem letras curtas e repetitivas, melodias e ritmos simples que são facilmente entendidos e 
apropriados pelas crianças. Portanto, a cantiga de roda é uma interessante ferramenta 
pedagógica, ajudando no desenvolvimento das crianças de maneira lúdica, agradável e divertida. 
 
 
Palavras-chave: Musicalização Infantil, Educação Infantil, Cantiga de Roda. 
INTRODUÇÃO 
 
 
A presente pesquisa pretende averiguar se o gênero cantiga de roda é uma ferramenta 
pedagógica interessante para trabalhar a musicalização na educação infantil, através de uma 
pesquisa bibliográfica e da análise musical de algumas canções. 
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), 
dá ênfase para o trabalho com a música na educação infantil, trazendo orientações, objetivos e 
conteúdos a serem trabalhados pelos educadores. A concepção adotada pelo documento 
compreende a música como linguagem e área de conhecimento, possuindo conteúdos e 
metodologias próprias. 
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Nesse intuito, o gênero cantiga de roda é interessante, pois com letras, melodias, 
itmos, gestos simples, repetitivos e de fácil compreensão, elas são facilmente assimiladas e 
apropriadas pelas crianças pequenas. As cantigas são ricas em referências culturais de 
determinados povos, como ressalta a pesquisadora Benita Michahelles “… na simplicidade das 
suas melodias, ritmos e palavras, guardam séculos de sabedoria e a riqueza condensada do 
imaginário popular”. (MICHAHELLES, 2011, p.4). 
Do ponto de vista pedagógico, estes jogos infantis são considerados completos, como 
explica a Pesquisadora Melita Bona: 
Brincando de roda, a criança exercita o raciocínio e a memória, estimula o gosto pelo 
canto, desenvolve naturalmente os músculos aos ritmos das danças ingênuas. As artes da Poesia, 
da Música e da Dança uniram-se nos brinquedos de rodas infantis, realizando a síntese 
magnífica de elementos imprescindíveis à educação escolar. (BONA, 2006, p. 42). 
Porém, essa prática muito utilizada no passado, vem perdendo espaço ao longo dos 
anos e, hoje, raramente, observamos as crianças brincando de roda. Ademais, as cantigas vêm 
sendo trabalhadas de maneira descontextualizada, com a repetiçãodas mesmas canções e gestos 
de maneira mecânica, subaproveitando o potencial pedagógico da musicalização. 
Diante disso, o que se propõe nessa pesquisa é avaliar se a cantiga de roda é uma 
modalidade de canção pedagogicamente interessante para a educação infantil, pensando nos 
objetivos, justificativas e contextualizações. 
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
 
A criança entra em contato com os sons que estão ao seu redor desde antes do seu 
nascimento. Os primeiros estímulos recebidos pelos pequeninos são a voz materna, conversando 
e cantando, a voz das pessoas que os cercam, os sons do ambiente em que vivem, da natureza, 
como o vento a chuva e dos animais, as músicas da televisão, rádio, e os sons gerados pelo 
grupo social em que estão inseridos. 
As crianças permeiam suas atividades com sons e músicas, cantando enquanto 
brincam, emitindo sons para ilustrarem suas atividades, imitando animais, carrinhos e aviões, 
como uma trilha sonora para a brincadeira. Portanto, esse início do processo de musicalização 
nos bebês e crianças se dá de forma natural. 
A música estimula o desenvolvimento em vários aspectos, entre eles: o 
aperfeiçoamento auditivo, pelo contato com os diversos estímulos sonoros, diferentes ritmos e 
gêneros musicais; a organização dos pensamentos, à medida que as crianças comparam as ações 
musicais com os sentimentos causados por elas; o aprimoramento das habilidades motoras, 
enquanto se movimentam, dançam e cantam para acompanhar os sons e músicas; o 
desenvolvimento da socialização e do trabalho em equipe, nas rodas de música, jogos musicais, 
uso de instrumentos de pequena percussão e cantigas de roda. 
O ensino da música nas escolas é defendido por estudos e documentos oficiais, entre 
eles as RCNEI: 
A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a 
promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem 
musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua 
presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente. 
(RCNEI 1998, p. 45). 
É muito importante que a criança tenha contato com a música desde pequena, para que 
ela crie um vocabulário auditivo de sons e estilos musicais diversos, construindo um capital 
cultural importante para a formação de um indivíduo mais completo. Porém, esse trabalho deve 
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ser planejado, para que a criança tenha os benefícios inerentes ao estudo da música de maneira 
organizada, progressiva e natural, através de atividades prazerosas e estimulantes. 
A pesquisadora Karen Ildete Stahl Soler destaca em sua pesquisa: 
O código musical é apreendido pela vivência, pela familiarização, pelo contato 
cotidiano. Assim, ser sensível à música não é somente uma questão de gosto ou empatia, e sim 
ter uma sensibilidade adquirida (muitas vezes de modo pré-consciente), em que as 
possibilidades de cada indivíduo são trabalhadas e preparadas de modo que ele compartilhe da 
experiência musical, consciente ou não consciente disso. 
Para entender música, não basta escutar, é preciso dispor de instrumentos de percepção 
que permitam ao indivíduo decodificar a obra, entendê-la e aprendê-la. Quando esses 
instrumentos específicos não existem, o indivíduo se orienta por referenciais vindos do 
cotidiano que não permitem que a música, em geral, seja interpretada de acordo com sua 
especificidade. (SOLER, 2008, p. 17). 
É importante também destacar que para cada idade ou grupo de crianças, existe uma 
metodologia, objetos e atividades diferentes, adequadas às suas características e necessidades e 
que possam contribuir para o seu desenvolvimento de maneira contínua e progressiva. 
Para a educação infantil, a música está intimamente ligada ao gesto e ao movimento 
corporal. O corpo traduz a audição em movimentos. Nesse sentido, atividades que unem música 
e movimento, como a cantiga de roda, são importantes para essa etapa da educação. 
 
 
AS BRINCADEIRAS MUSICAIS 
 
Existem vários tipos de canções e brinquedos musicais, que fazem parte do universo 
infantil. Os documentos do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), 
afirmam o seguinte: 
Os jogos e brinquedos musicais da cultura infantil incluem os acalantos (cantigas de 
ninar); as parlendas (os brincos, as mnemônicas e as parlendas propriamente ditas); as rondas 
(canções de roda); as adivinhas; os contos; os romances etc. (RCNEI, 1998, p. 71). 
Os acalantos, também conhecidos como cantigas de ninar ou cantigas de berço, são 
canções suaves, que acalmam, trazem aconchego e fazem as crianças adormecerem. São 
exemplos de acalantos: “Nana, nenê”; “Boi da Cara Preta”; “Dorme – Dorme”; “Embala José”; 
entre outros. 
Os Brincos são brincadeiras musicais rítmicas, geralmente com melodias de poucas 
notas (às vezes só duas, como “Serra”), que se repetem o tempo todo. Os brincos são 
acompanhados por movimentos corporais. São exemplos de brincos: “Serra, Serra, Serrador”; 
“Bambalalão” e “Palminhas de Guiné”. 
As Parlendas são brincadeiras rítmicas recitativas, não apresentam uma melodia, sendo 
que as palavras são recitadas em uma mesma nota. São exemplos de parlendas: “Hoje é 
Domingo”; “Barra Manteiga”; “Lá em cima do Piano”; “Adoletá”; entre outros. 
Cantigas de roda ou canções de roda são brincadeiras musicais, onde geralmente os 
participantes formam uma roda de mãos dadas e cantam canções conhecidas por todos, 
executando movimentos circulares com ou sem coreografias. Essas canções geralmente têm 
melodias, ritmos e letras simples e repetitivas, podendo ser assimiladas e reproduzidas com 
facilidade pelos integrantes do grupo, sejam crianças ou adultos. 
Nessa modalidade, as crianças usam o movimento e a brincadeira, gestos naturais e 
espontâneos dentro do processo de aprendizagem do universo infantil. 
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A CANTIGA DE RODA 
 
A cantiga de roda, como a música brasileira, é uma construção de misturas entre 
influências de vários povos, desde os povos originários do Brasil (indígenas), passando pelos 
colonizadores de diversas nacionalidades, até as influências atuais. Essa mistura é destacada 
pelo pesquisador Veríssimo de Melo: 
Influências de várias culturas, principalmente lusitana, africana, ameríndia espanhola e 
francesa plasmaram de tal sorte a contextura dessa cantiga infantil, que hoje não é fácil precisar, 
cientificamente, onde começa a influência lusitana ou termina a africana ou indígena. (MELO, 
1981, p. 190). 
Esse gênero de canção é uma manifestação popular, na maioria de autoria anônima, 
passado oralmente de geração a geração. Nessa transmissão oral, as cantigas são transformadas, 
adaptando-se às características das crianças que brincam, como região, origem, questões sociais, 
habilidades das crianças envolvidas, entre outras. 
Apesar disso, essas canções mantém uma conexão com o tradicional, como aponta a 
pesquisadora Rose Marie Garcia: “A dinâmica cultural atua sobre as brincadeiras infantis, 
fazendo-se evoluir e adaptar-se a cada época, mantendo, contudo, os elos tradicionais”. 
(GARCIA 1989, p. 13). 
As cantigas de roda são praticadas em todas as regiões do Brasil, incorporando 
elementos próprios de cada local. 
Essas cantigas, muito executadas em outros tempos, vêm perdendo espaço na 
sociedade atual, de modo que quase não vemos crianças brincando com elas. Muitos são os 
fatores que contribuíram para a diminuição do interesse pelas mesmas, entre eles, podemos citar 
o uso cada vez maior das tecnologias. Televisões, computadores, tablets e celulares são objetos 
de uso diário de adultos e crianças, mudando comportamentos, valores e atitudes, contribuindo 
para o afastamento das pessoas de atividades tradicionais, como aponta a pesquisadora Monique

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