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Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 59 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 H O R T I C U L T U R A A importância dos polinizadores na cultura de Cucumis melo L. em cultivo com e sem cobertura plástica Siqueira, K.M.M. 1* ; Kiill, L.H.P. 2 ; Silva, E.M.S. 3 ; Ribeiro, M.F. 2 ; Calvet, A.S.F. 4 ; Bezerra, M.A 5 ; Pereira Neto, J. 1 1 Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Juazeiro-BA, Brasil, *katiauneb@yahoo.com.br; 2 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA Semiárido, Petrolina-PE Brasil; 3 Universidade Federal do Vale do São Francisco, UNIVASF, Petrolina-PE, Brasil, 4Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, Brasil; 5 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA Agroindústria Tropica, Fortaleza- CE, Brasil. Recibido: 07/03/2017 Aceptado: 13/06/2017 RESUMO Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 2017. A importância dos polinizadores na cultura de Cucumis melo L. em cultivo com e sem cobertura plástica. Horticultura Argentina 36 (90): 59 - 66. A cobertura plástica é frequentemente utilizada nos plantios de Cucumis melo L. por reduzir a perda de água, controlar plantas invasoras e minimizar a ocorrência de pragas. Porém, seu uso promove a elevação de temperatura próxima ao solo. Neste estudo, buscou-se avaliar os efeitos da cobertura plástica na frequência dos visitantes florais do meloeiro. O trabalho foi desenvolvido nos municípios de Juazeiro, Bahia (I) e Pacajús, Ceará (II), no nordeste do Brasil, em áreas com o mesmo manejo cultural, diferindo somente em relação à presença ou ausência da cobertura plástica. Nos dois locais, a análise de variância mostrou diferença significativa na comparação das áreas com e sem cobertura plástica (FI= 6,24; p= 0,0126; FII= 6,49; p= 0,0110), sendo esta diferença mais acentuada no período de 12 h às 14 h. Analisando as visitas de A. mellifera por tipo floral (masculina e hermafrodita) e recurso forrageado (néctar e pólen), verificou-se maior frequência de suas visitas nas áreas sem cobertura. O uso de cobertura plástica preta no cultivo do meloeiro ocasionou a redução de visitas dos polinizadores, indicando que a produção dessas áreas pode ser sido afetada, não expressando o real potencial de produtividade. Palavras-chave: meloeiro, Apis mellifera, mulching, néctar, pólen, visitação. Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 60 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 ABSTRACT Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 2017. The importance of pollinators in crops of Cucumis melo L. in cultivation with and without plastic cover. Horticulture Argentina 36 (90): 59 – 66. Plastic mulch is often used in melon crops to reduce water loss, control weeds and minimize occurrence of pests. However, its use promotes the elevation of the temperature near the soil. This study was carried out to evaluate the effects of plastic mulch on the frequency of the floral melon visitors. The study was conducted in Juazeiro, Bahia state (I) and Pacajús, Ceará state (II), northeast of Brazil, in areas that had the same cultural tract, differing only in the presence or absence of the plastic mulch. In both sites, the analysis of variance showed a significant difference of the areas with and without plastic mulch (FI= 6.24; p= 0.0126; FII= 6.49; p= 0.0110), and this difference was more pronounced in the period from 12 h to 14 h. Analyzing the visits of A. mellifera by floral type (male and hermaphrodite) and foraged resource (nectar and pollen) there was a higher frequency of these bees in areas without coverage. The use of black plastic cover in melon cultivation caused the reduction of pollinator visits, indicating that the production of these areas could be affected, not expressing the real productivity potential. Additional Keywords: melon, Apis mellifera, mulching, nectar, pollen, visitation. 1. Introdução Nos últimos anos, o Nordeste do Brasil tem se destacado na produção de frutas para exportação, entre elas a uva, a manga e o melão. O avanço nos sistemas de irrigação (irrigação localizada) e a fertirrigação tem contribuído para o sucesso no cultivo dessas frutíferas no Semiárido brasileiro, viabilizando a produção em grande escala e melhoria da qualidade dos frutos produzidos (Braga et al., 2009). Nos cultivos de meloeiro (Cucumis melo L.), outra tecnologia amplamente difundida é o uso da cobertura plástica, que se destaca pela redução da perda de água por evaporação, aspecto relevante em se tratando de região onde as condições climáticas se caracterizam pelas altas temperaturas e insolação. Entretanto, apesar dos benefícios, o uso desse tipo de cobertura eleva a temperatura do solo e do ar próximo ao filme quando comparado aos solos sem cobertura (Kumar & Lal, 2012). Em estudo na cultura do melão, observou-se que a cobertura com plástico preto determinou a produção de frutos mais pesados, porém afetou a sua composição química reduzindo a taxa de glicose (Stagnari & Pisante, 2010). Além disso, o plástico não é decomposto pelos microrganismos do solo, gerando mais um fator de poluição ambiental nos agroecossistemas. No meloeiro, a exemplo da maioria das cucurbitáceas, a estratégia reprodutiva é a polinização cruzada e, portanto, essa espécie necessita da ação de vetores bióticos para ter garantida sua polinização (Kiill et al., 2015). Essa cultura apresenta hábito rasteiro, suas flores ficam posicionadas próximas à cobertura plástica, onde a temperatura pode ser intensificada, o que pode interferir tanto na durabilidade das flores como no comportamento dos visitantes florais. Diante do exposto, procurou-se neste trabalho responder a seguinte indagação: a utilização da cobertura plástica pode interferir na frequência de visitação dos polinizadores do meloeiro? Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 61 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 2. Materiais e métodos O estudo foi realizado no Nordeste do Brasil, em duas regiões de agricultura irrigada, sendo uma no município de Juazeiro, no estado da Bahia (09º24'S, 40º26'W), e a outra no município de Pacajús, no Ceará (04º10’S, 38º27 W). Na primeira região, o estudo foi realizado no Perímetro Irrigado de Mandacaru (área I), em área de 2 ha, sendo 1,5 com cobertura plástica na cor preta e 0,5 sem cobertura. Na segunda região, o estudo foi realizado no Campo Experimental da Embrapa Agroindústria Tropical (área II), com área cultivada de 704 m², dividida em sete fileiras com cobertura plástica preta e sete fileiras sem cobertura. Em ambas as áreas, foi utilizado meloeiro do tipo amarelo, híbrido 10/00, com irrigação por gotejamento, sem adição de colmeias de Apis mellifera. As observações dos visitantes florais foram realizadas em março e junho de 2011, respectivamente para as áreas I e II e foram feitas concomitantemente, nos locais com e sem cobertura plástica, entre 30 a 40 dias após o transplantio, quando teve início a emissão de flores hermafroditas. Para cada área, foram feitas observações diárias e simultâneas por dois observadores, sendo um na área com e um na área sem mulching. Cada observador acompanhou um par de flores por dia (uma masculina e uma hermafrodita), escolhidas aleatoriamente nas linhas de cultivodo meloeiro. A frequência e o comportamento dos visitantes, bem como o recurso floral forrageado foram registrados, no período das 5 h às 18 h, em cinco dias, totalizando cinco repetições por intervalo de observação em 20 flores por área (n= 10 ♂; n= 10 ♂♀). As visitas observadas por intervalo foram somadas e, posteriormente divididas pelo número de repetições, para calcular o número médio de visitas de cada intervalo. A análise dos dados foi feita em relação ao horário de visita, tipo de flor visitada e recurso floral forrageado pelos visitantes. Para a análise de variância, os dados de visitação foram transformados utilizando-se a fórmula (nº. de visitas + 0,5). A normalidade dos dados e a homogeneidade de variâncias foram verificadas por meio dos testes Shapiro-Wilk & Bartlett, respectivamente. As médias foram comparadas pela ANOVA. As análises foram feitas empregando-se o software estatístico SAS® v.9.3 (SAS Institute, 2003). 3. Resultados e discussões Analisando o total de visitas, independente da presença ou ausência de cobertura plástica, verificou-se que na área I foram registradas 781 visitas exclusivamente de Apis mellifera nas flores do meleiro coletando néctar e pólen. Na área II, observou-se 784 visitas, sendo 694 de A. mellifera e 90 de Trigona spinipes, que correspondeu a 88,5 % e 11,5 % do total de visitas, respectivamente. Nos dois locais, as visitas da abelha melífera foram expressivas, confirmando a importância desse inseto na polinização do meloeiro (Kiill et al., 2011; Siqueira et al., 2011). Em cultivos intensivos dessa cucurbitácea, como encontrados nos polos de produção dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, esta abelha é manejada para a polinização com a introdução de colmeia no entorno do cultivo, o que não ocorreu nas áreas avaliadas neste estudo. Desta forma, as abelhas observadas em visita às flores provavelmente eram de ninhos naturais, localizados no entorno dos cultivos, mostrando que nesses locais a preservação dos fragmentos de Caatinga é fundamental para garantir os serviços de polinização. A presença de T. spinipes, registradas na área II, pode também ser atribuída à presença de ninhos localizados no entorno do cultivo. Durante as visitas, essas abelhas realizaram a coleta Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 62 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 de pólen e néctar, com comportamento semelhante ao de A. mellifera, podendo assim, serem consideradas também como polinizadoras potenciais do cultivo. Em estudo realizado na Costa do Marfim, sete espécies de abelhas foram consideradas potenciais polinizadores do meloeiro, dentre elas A. mellifera, Hipotrigona para e T. carbonaria (Kouonon et al., 2009). Porém, para o Semiárido brasileiro, visitas de abelha do gênero Trigona não tinham sido relatadas nos estudos com meloeiro (Kiill et al., 2011; Siqueira et al., 2011). Geralmente, essas abelhas são consideradas como pilhadoras de recursos florais, em algumas culturas podem danificar as flores, reduzindo as taxas de visitas dos polinizadores efetivos e assim, interferindo negativamente na polinização (Kiill, et al., 2010); Siqueira et al., 2009), comportamento que não foi observado na área II do presente estudo. Na Tabela 1 é apresentada a análise de variância para as áreas I e II, mostrando que há interação entre o plantio com e sem cobertura e na comparação destes por dia de observação. Analisando o total de visitas por dia de observação na área I, verificou-se diferença significativa entre os cultivos com e sem cobertura ( 2 = 102,04; Gl= 3; p<0001). Tabela 1: Resultados da ANOVA (F) e nível de significância (P) para o efeito do tipo de cobertura com o dia e horário de observação no meloeiro (Cucumis melo L.) Variáveis Áreas Juazeiro (I) Pacajús (II) F P F P Cobertura 6,24 0,0126 6,49 0,0110 Cobertura x dia 4,97 0,002 8,41 < 0,0001 Cobertura x horário 0,7 0,7561 1,79 0,0452 Em relação ao numero total de visitas por intervalo de tempo, registrou-se os maiores valores, em todos os horários, para o cultivo sem cobertura, com exceção das 7 h (Figura 1a). Observou-se também que nos horários de temperatura mais elevada, das 12 h às 14 h, a diferença entre os dois tipos de cultivo foi maior. Para a área II, o padrão se repetiu em relação às visitas por dia de observação ( 2 = 75,88; Gl= 4; p<0001), porém este número foi similar nas primeiras horas da manhã, sendo que posteriormente a área sem cobertura passou a receber mais visitas do que a área com cobertura (Figura 1b). De modo geral, verificou-se que o número de visitas às flores do meloeiro, ao longo do dia, podem estar diretamente relacionada com a temperatura ambiente, como já relatado por Kiill et al. 2011. Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 63 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 Figura 1: Comparação do número total de visitas das abelhas ás flores do meloeiro, por horário e tipo de cultivo, em Juazeiro-BA (a) e em Pacajús-CE (b). A literatura relata que a cobertura plástica pode elevar a temperatura do solo. No cultivo do melão com mulching de cor preta, Stagnari & Pisante (2010) registraram uma elevação de até 2 o C, com a máxima de 35,4 o C e mínima de 27,2 o C. Quando esta temperatura é medida na superfície do solo, a diferença pode chegar a mais de 9 o C; se for a cerca de 5cm a diferença chega a mais de 7 o C (Kumar & Lal, 2012). Como as plantas do meloeiro apresentam hábito rasteiro, ficando as flores próximas ao solo, a influência da cobertura produz um microclima diferente, elevando assim a temperatura localmente, o que pode ter um impacto negativo na frequência de visitas, conforme descrito para o cultivo da canola (Brassica napus L.) por Blazyte-Cereskiene et al. (2010). Diante do fato de que as visitas de T. spinipes serem observadas somente na área II e com percentual bem inferior aos de A. mellifera, as demais análises foram feitas comparando somente as visitas dessa última abelha, considerada como polinizador da cultura. Assim, analisando a frequência de visitas de A. mellifera por tipo floral, observou-se que nos cultivos Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 64 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 sem cobertura plástica, tanto as flores masculinas como as hermafroditas foram mais visitadas do que as flores nos cultivos com cobertura, sendo que as maiores diferenças foram registradas na área I (Figura 2). Figura 2: Número total de visitas de Apis mellifera, por tipo floral e recurso forrageado, nas áreas com e sem cobertura plástica em meloeiro (Cucumis melo) do tipo Amarelo, em Juazeiro-BA (área I) e em Pacajús-CE ( área II) Estudos indicaram que as abelhas A. mellifera apresentam maior atividade no horário das 9 h - 11 h com temperatura entre 24 o C a 30 o C, e que acima de 35 o C ocorre uma redução na visitação mesmo estas tendo a capacidade de termorregulação, podendo tolerar temperaturas acima de 40 o C (Rader et al., 2013). No presente estudo, as observações foram feitas em março e junho para as áreas I e II, respectivamente. Na primeira área, a temperatura média registrada nesse período foi de 26,2 ºC, com variação de 20,2 ºC a 33,7 ºC. Na segunda área, a temperatura média registrada em junho é de 25,5º C, podendo variar de 17 a 32º C (Aguiar et al., 2004). Nesse estudo, os registros das visitas foram feitos concomitantemente, com manejo similar nos cultivos. Dessa forma, a diferença encontrada no padrão de visitação pode então ser atribuídaà presença ou ausência da cobertura, que na primeira situação pode ter proporcionado uma elevação de temperatura em nível do solo, o que refletiu na taxa de visitação registrada nessa área. Vale ressaltar ainda que essa época do ano é considerada como a que apresenta temperaturas mais amenas tanto para a região de Juazeiro (Teixeira, 2010) como para Pacajús (Aguiar, et al., 2004), e que essas diferenças poderiam ser ainda maiores no período que em as temperaturas mais elevadas são registradas. Além disso, pode haver diferenças nas condições climáticas na comparação entre os dias, com a ocorrência de nebulosidade, que levaria a uma menor variação da temperatura ao longo das observações. Porém, nos dias ensolarados, esta variação foi maior, o que pode justificar as diferenças significativas registradas na comparação cobertura x dia. Por outro lado, as diferenças registradas no número de visitas às flores podem estar relacionadas tanto com as condições climáticas locais (Siqueira et al., 2011), como também com a oferta de recursos florais (Ribeiro et al., 2017) Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 65 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 Em observações feitas em Petrolina, no estado de Pernambuco, em cultivo do meloeiro com diferentes coberturas do solo, Braga et al. (2009) registraram maior produtividade (74,62 t.ha - 1 ) e desempenho em termos de eficiência do uso da água em áreas com a cobertura orgânica de palha de capim buffel. Normalmente, o bom desempenho do cultivo é atribuído a fatores genéticos, nutricionais e fitossanitários, porém apesar do conhecimento da necessidade dos agentes polinizadores, este fator geralmente não é levado em consideração. Bussmann et al. (2003) comentam que os grãos de pólen fornecem um suprimento temporário de auxinas e giberelinas para o crescimento inicial do fruto, mesmo em frutos partenocárpicos. Quanto maior a proporção de óvulos fertilizados, maior o crescimento do fruto, o que reforça a importância do número de visitas para a transferência e deposição de quantidades adequadas desses grãos no estigma da flor. Assim, a produtividade e ou qualidade dos frutos de meloeiro podem ser comprometidas quando, no período de floração do cultivo, ocorrer um déficit de polinizadores. Kiill (2013), em estudos realizados no polo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, verificou-se que houve um incremento de cerca de 30% na produtividade de áreas em que foi feita a introdução de colmeias de Apis mellifera. Os autores mencionam, ainda, que houve ganhos na qualidade dos frutos, com redução dos frutos deformados. 4. Conclusões O uso de cobertura plástica preta no cultivo do meloeiro ocasionou a redução de visitas dos polinizadores, indicando que a produção dessas áreas pode ser sido afetada, não expressando o real potencial de produtividade. No meloeiro, os serviços de polinização não podem ser considerados independentes do manejo do cultivo, uma vez que são responsáveis pela frutificação na cultura. Os resultados aqui obtidos indicam que há uma necessidade urgente de atentar para as práticas e técnicas de manejo que interfiram negativamente na prestação destes serviços. 5. Referências bibliografia Aguiar M. J. N., Barreto Júnior J. H. C., Lima M.W. 2004. 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Avaliação da eficiência dos serviços de polinização no incremento da produtividade do melão (Cucumis melo L. - Cucurbitaceae) no Semiárido Siqueira, K.M.M.; Kiill, L.H.P.; Silva, E.M.S.; Ribeiro, M.F.; Calvet, A.S.F.; Bezerra, M.A; Pereira Neto, J. 66 Horticultura Argentina 36 (90): May.-Ago. 2017. ISSN de la edición on line 1851-9342 brasileiro: relatório final. Petrolina: Embrapa Semiárido. il. Kiill, L. H. P., Coelho, M. S., Siqueira, K. M. M., & Costa, N. D. 2011. Avaliação do padrão de visitação de Apis mellifera em três cultivares de meloeiro em Petrolina-PE, Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura, 33: 455-460. Kiill, L. H. P., Siqueira, K. M. M., Araújo, F. P., Trigo, S. B. M., Feitoza, E. A., & Lemos, I. B. 2010. Biologia reprodutiva de Passiflora cincinnata Mast. (Passifloraceae) na região de Petrolina (Pernambuco, Brasil). Oecologia Australis, 14:115-127. Kiill, L. H. P., Riberio, M. F., Siqueira, K. M. M., Silva, E.M.S. 2015. 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