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29/09/2023 1 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL Aspectos gerais sobre escorpiões Os escorpiões são os aracnídeos mais antigos que se conhece. Fósseis (Carbonífero): mais de 400 milhões de anos. Espécies atuais - não diferem muito dos antigos na aparência geral (modelo para estudos de evolução e zoogeografia). Escorpião - amedrontado o homem desde a Antigüidade. Povos antigos - para aplacar a sua ira, os veneravam sob a forma de deuses, que simbolizavam a morte, a maldade e a traição. Astrônomos da Babilônia - há mais de 4000 anos os o relacionaram a uma das doze constelações do Universo. A maldade do animal - é mostrada no Livro dos Mortos, no Talmud e em várias passagens da Bíblia. Serket-hetit Figura mística do animal - é freqüente em murais religiosos e bélicos, amuletos, vasos e utensílios domésticos, comuns nas sociedades antigas e da Idade Média. http://4.bp.blogspot.com/_JpbZjqaoBEA/SqSHbR8MznI/AAAAAAAALxs/h9Q9a1uYAHg/s1600-h/selkhet.gif 29/09/2023 2 Ocasionalmente são associados ao bem - os deuses colocam o escorpião como representante do oitavo signo do zodíaco, pois um desses animais matou Orion, filho de Zeus, depois deste gabar-se de que mataria todos os animais da terra. Lendas e crendices - baseadas quase sempre em fatos mal interpretados, salientam a malignidade desses animais, contribuindo para que eles permaneçam malquistos até os dias de hoje. • 1500 espécies de escorpiões conhecidas atualmente no mundo. • 25 podem causar acidentes mortais (03 ocorrem no Brasil). Obs: atitude mais sensata - aprendermos a reconhecê-las e nos precavermos contra elas, preservando as demais. Importante papel - representado por esses animais no equilíbrio ecológico como predadores de insetos, inclusive pragas e vetores de diversas doenças. NÚMERO DE ESPÉCIES 29/09/2023 3 Em certas regiões brasileiras os escorpiões são chamados de “lacraus”, fazendo confusão como o nome lacraia, que se refere às centopéias. As pessoas confundem os escorpiões com as tesourinhas ou lacrainhas que são insetos inofensivos, cujo corpo termina em uma pinça. Curiosidade Muitas pessoas creditam que, ao serem colocados em um círculo de fogo, os escorpiões matam-se com a própria peçonha para não morrer em agonia prolongada. Na verdade - irritado com o calor, ele assume a posição característica de defesa e alerta: ergue a cauda sobre o corpo e desfere ferroadas em várias direções para atingir um inimigo que não consegue identificar. OBS: morre por desidratação e não por auto-envenenamento. Alimento Alimento Classificação e distribuição geográfica Uma idéia muito difundida é que os escorpiões são insetos. Verdade - como as aranhas eles são artrópodes pertencentes à classe Arachnida, ordem Scorpiones. Aracnídeos - possuem duas divisões do corpo e quatro pernas enquanto os insetos têm três divisões no corpo e três pares de pernas. 29/09/2023 4 • 1500 espécies e subespécies. • 9 famílias. • A mais importante é a família Buthidae (os escorpiões perigosos para o homem estão nela reunidos). Habitam todos os continentes, exceto os extremos gelados do globo. Encontram-se em todas as latitudes, temperadas e tropicais. Buthidae - 48 gêneros e mais de 500 espécies, é a maior e mais amplamente distribuída. A maioria dos gêneros - Velho Mundo, principalmente na África e sul da Região Paleártica. Epidemiologia (Buthidae) - cerca de 25 espécies cujas peçonhas podem provocar a morte em seres humanos. Estima-se que mais de 5000 pessoas, especialmente crianças, morrem por ano em acidentes causados por escorpiões pertencentes à esta família. No Brasil, ocorrem 5 gêneros de Buthidae: Isometrus, Ananteris, Microtityus, Rhopalurus e Tityus (sendo que este último pertencem as espécies responsáveis pela grande maioria de acidentes humanos). As espécies são: • Tityus serrulatus Lutz e Mello, 1992 – MG, SP, RJ, ES, BA, GO, RO, PR e DF. • T. bahiensis (Perty, 1834) – MG, MT, GO, SP, PR, SC, RS e Paraguai e norte da Argentina. 29/09/2023 5 • T. stigmurus (Thorell, 1876) – MG e em todos os Estados do nordeste (-Maranhão). • T. cambridgei Pocock, 1897 – PA, AM e Guiana Francesa. • T. trivittatus Kraepelin, 1898 – MT, SP e Paraguai e norte da Argentina. Morfologia Superfície dorsal: O corpo do escorpião é formado por tronco (prossoma e mesossoma) e cauda (metassoma). Parte anterior - é coberta por uma carapaça na parte dorsal, onde estão localizados dois olhos na linha mediana e até cinco olhos de cada lado. Seis pares de apêndices: um par de quelíceras em forma de pinça, um par de palpos (“braços”) terminando em “mão”, com dois dedos e quatro pares de pernas (2 garras na extremidade). Parte posterior - formada por sete segmentos e a cauda por cinco. Extremidade da cauda - há um artículo chamado télson ou vesícula. Télson - um par de glândulas de peçonha (2 orifícios situados de cada lado da ponta do ferrão). 29/09/2023 6 Superfície ventral: par de órgãos sensoriais característico dos escorpiões: os pentes, formados por placas, lâminas e dentes em série. Habitat e hábitos Ocorrem em quase todos os ecossistemas terrestres, como desertos, savanas, cerrados, florestas temperadas e tropicais. Algumas espécies possuem a capacidade impressionante de suportar temperaturas vários graus abaixo de zero. Temperatura da hemolinfa - pode ser diminuída abaixo do ponto de congelamento sem que ocorra sua cristalização e conseqüente dano aos tecidos do corpo. 29/09/2023 7 Alguns têm seu habitat em matas e florestas inundáveis, alojados no solo e em copas de árvores de mais de 40 metros de altura, como o T. cambridgei da floresta amazônica. Há os que vivem em rochas junto ao mar e os que entram em buracos na neve a mais de 5000 metros de altitude. Existem espécies adaptadas à vida em grutas e cavernas: são cegos e têm o corpo esbranquiçados. Resistentes aos raios gama - sobrevivem em ambientes com índice radioativo 100 vezes superior ao suportado pelo homem. Vivem em lugares muito secos conseguem ficar meses sem água (maioria das espécies é mais ativas durante os meses mais quentes do ano). Quando não há alimento disponível - baixam o metabolismo e ficam de jejum absoluto. OBS: há registros de escorpiões que ficaram até um ano e meio sem se alimentar. São animais de hábitos noturnos (passam o dia escondidos sob pedras, tijolos velhos, troncos caídos, cercas feitas de troncos de árvores e cupinzeiros). Encontram ainda esconderijos junto as habitações humanas, ocorrendo em velhas construções e sob os dormentes dos trens. Alimentação Carnívoros - alimentando-se exclusivamente de animais vivos. Não são capazes de ver imagens definidas: localizam a presa orientando-se por vibrações do ar e do solo, que captam através de cerdas sensoriais localizados nos palpos (tricobótrias) e de mecanorreceptores existentes nas pernas. Nem sempre a peçonha é utilizada para captura de presa; escorpiões com pinças grandes e fortes, esmagam a presa com elas e a devoram em seguida. Quando o télson é mutilado, eles sobrevivem alimentando-se de pequenos animais que aprisionam com as pinças. Quelíceras - faz uma ferida no corpo da presa e suga o conteúdo, liquefeito por substâncias digestivas (regurgitada). 29/09/2023 8 Presas - cupins, baratas, grilos, aranhas de pequeno e médio porte (alimentos preferidos), os escorpiões chegam mesmo a recusar larvas de insetos, tatuzinhos e piolhos-de-cobra. Em cativeiro ou situações de estressantes, os escorpiões chegam a praticar o canibalismo. Inimigos O homem figura como um dosmaiores adversários desses arcanídeos. Dentre os invertebrados, muitos artrópodes são seus predadores incluindo os próprios escorpiões (aranhas, louva-a-deus, coleópteros e formigas são também seus predadores). Vertebrados - anfíbios, serpentes, lagartos, aves, especialmente as corujas, estão entre os inimigos naturais mais citados dos escorpiões. Menção especial é feita as galinhas, recomendada no combate efetivo aos escorpiões. Ratos e camundongos, quatis, macacos entre outros mamíferos também se alimentam de escorpiões. 29/09/2023 9 Reprodução e desenvolvimento As populações de escorpiões possuem machos e fêmeas (exceção de 5 ou 6 espécies). Para reproduzir, eles não copulam. O macho, após ser reconhecido e aceito pela fêmea, segura-a pelos palpos e desloca-se para todos os lados, aparentemente à procura de um local propício onde o macho deposita o espermatóforo. Em seguida ele auxilia a fêmea a posicionar sua abertura genital sobre a parte do espermatóforo voltada para cima. Nesse contato a massa do espermatozóide é transferida para a abertura genital da fêmea, fertilizando-a. Escorpiões podem brilhar quando expostos à luz ultravioleta (UV) (cor verde-fluorescente) - exoesqueleto fotossensível. 29/09/2023 10 No Rio Grande do Sul, encontramos principalmente o escorpião preto (Bothriurus bonariensis). Veneno - pouco tóxico e, quando pica, pode causar dor local ou reação alérgica. Observação: Urophonius ESCORPIÕES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Brasil 3 espécies de escorpião do gênero Tityus tem sido responsabilizados por acidentes humanos graves, inclusive com casos fatais. Tityus serrulatus Lutz e Mello, 1992 Conhecido como escorpião amarelo. O tronco, os “dedos” e último segmento da cauda são escuros. Medem cerca de 6 a 7 cm de comprimento. O nome da espécie refere-se a uma serrilha de 3 a 5 dentes que apresentam no quarto anel da cauda. É o escorpião que provoca os acidentes mais graves e casos de mortes. São encontrados nos estados da BA, ES, MG, GO, SP, PR E RJ (também norte do RS). Adaptam-se muito bem ao ambiente urbano. Em uma campanha realizada em 1984, na cidade de Ipiranga (MG) foram coletados 25000 escorpiões dessa espécie em uma semana. 29/09/2023 11 Tityus bahiensis (Perty, 1834) Denominado de escorpião marrom ou preto. É a espécie que mais provoca acidentes na região da grande São Paulo. Apresenta manchas contrastantes nos palpos e nas pernas. O acasalamento ocorre durante todo o ano e a gestação dura cerca de 3 meses. O macho é facilmente reconhecido pelas mãos volumosas e um vão arredondado entre os dedos. São encontrados desde a BA até SC e MS. Conseguem sobreviver em áreas urbanizadas. 29/09/2023 12 Tityus stigmurus (Thorell, 1876) Apresenta semelhança com o T. serrulatus, colorido e hábitos. Distingui-se dele por apresentar um triângulo negro na cabeça seguido de uma faixa de manchas escuras sobre o tronco. Existem machos e fêmeas, cuja distinção é difícil. São predominantes na PB e PE. Tityus costatus (Karsch, 1879) Ocorre na região da Mata Atlântica, de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. Apresenta o corpo castanho escuro, os pedipalpos e as pernas são amarelados ou amarelo-avermelhados fortemente manchados. Apresentam tamanho entre 5 e 7 cm. 29/09/2023 13 ESCORPIONISMO Introdução: O acidente escorpiônico no Brasil constitui um problema atual de saúde pública, não só pela sua grande incidência em determinadas regiões, como pela sua potencialidade em ocasionar quadros graves, ás vezes fatais, principalmente em crianças. Dados existentes sobre os acidentes escorpiônicos no Brasil, nas décadas passadas, restringem-se principalmente às cidades de Belo Horizonte, Ribeirão Preto e São Paulo. De 1982 a 2000 foram atendidos no Centro de Controle de Intoxicações (CCI) em Ribeirão Preto, 9.228 pacientes, à custa da espécie T. serrulatus, com uma média de 700-800 casos/ano, aproximadamente 2 a 3 casos /dia. Epidemiologia: 29/09/2023 14 Dados epidemiológicos dos pacientes com escorpionismo atendidos na Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas FMRP-USP, no período de 1982-2000. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS PACIENTES (%) SEXO Masculino 4.822 (52,3) Feminino 4.406 (47,3) FAIXA ETÁRIA (ANOS) Até 7 822 (8,9) 8-15 1.255 (13,6) 16-20 913 (9,9) 21-50 4.546 (49,2) 51-70 1.379 (14,9) Mais de 70 313 (3,4) Dados epidemiológicos dos pacientes com escorpionismo atendidos na Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas FMRP-USP, no período de 1982-2000. ESPÉCIE DE ESCORPIÃO Tityus serrulatus Lutz e Mello, 1992 6.941 (75,2) Tityus bahiensis (Perty, 1834) 883 (9,5) Não identificado 1.404 (15,2) Dados epidemiológicos dos pacientes com escorpionismo atendidos na Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas FMRP-USP, no período de 1982-2000. LOCAL DA PICADA Mãos 4.144 (44,8) Outros locais do membro superior 655 (7,0) Pés 2.683 (10,4) Outros locais do membro inferior 963 (10,4) Outros locais do corpo 819 (8,8) Dados epidemiológicos dos pacientes com escorpionismo atendidos na Unidade de Emergência do Hospital de Clínicas FMRP-USP, no período de 1982-2000. HORÁRIO DA PICADA 6-12h 3.336 (36,1) 12-18h 2.722 (29,5) 18-24h 2.273 (24,6) 24-6h 721 (8,3) Sem dados 126 (1,4) Mecanismo de ação da peçonha: A peçonha pode ser obtida por estimulação elétrica do animal. Substância mucosa com aspecto leitoso e solúvel em água. Composição varia dependendo da área habitada pelo escorpião e o tipo de dieta utilizada. Por centrifugação pode-se obter uma fração insolúvel, não tóxica. 29/09/2023 15 Estudos iniciais em animais de experimentação, utilizando a peçonha total ou extratos do aparelho glandular, levaram logo a conclusão de que a peçonha escorpiônica possui substâncias ou efeitos neurotóxicos. Os efeitos das picadas são imediatamente produzidos através da liberação de neurotransmissores por nervos colinérgicos, bem como por descargas de catecolaminas pelas supra-renais. Quadro clínico: Dado que os mediadores químicos liberados pela toxina escorpiônica atuam na maioria dos sistemas do organismo, os sinais e sintomas são variados e o quadro clínico estabelecido vai depender da predominância dos efeitos ora da acetilcolina, ora da adrenalina e noradrenalina. As manifestações podem ser divididas didaticamente em locais e sistêmicas, que vão definir o escorpionismo como leve, moderado ou grave. Classificação dos acidentes escorpiônicos segundo faixa etária UE –HCFMRP-USP, 1982-2000 Faixa etária Casos leves Casos mod. Casos graves Óbitos Total Até 7 652 65 (7,9) 105 (12,8) 5 (71,4) 822 8-15 1.170 (93,2) 42 (3,3) 43 (3,4) 2 (28,6) 1.255 16-20 897 (98,2) 8 (0,8) 8 (0,9) - 913 21-50 4.529 (99,6) 16 (0,4) 1 (0,02) - 4.546 51-70 1.376 (99,8) 3 (0,2) - - 1.379 Mais de 70 311 (99,3) 1 (0,6) - - 313 TOTAL 8.935 (96,8) 136 (1,5) 157 (1,7) 7 (0,07) 9.228 Sinais e sintomas locais: A dor pode ser discreta imperceptível nos casos leves, restrita ao ponto de inoculação da peçonha. Nos casos mais sérios, pode ser insuportável, manifestando-se sob a forma de queimação, ferroada ou agulhada, irritando-se para todo o membro atingido. Edema discreto e hipertermia, acompanhados ou não de sudorese e piloereçãolocal ou em todo o membro atingido. Sinais e sintomas sistêmicos: Agitação psicomotora, inquietação, com tremores por vezes generalizados e tão intensos que dificultam o exame físico. Sudorese abundante, frio e pele arrepiada. Pode ocorrer cefaléia, lacrimejamento e alterações visuais. Eritrema e nos pacientes do sexo masculino, priapismo. Outras vezes o paciente apresenta-se sonolento, torporoso ou já em coma. 29/09/2023 16 Manifestações gastrointestinais: Sialorréia, náuseas, vômitos e fezes diarréicas, que podem levar a um quadro de desidratação. A dor abdominal, em cólica, associada ou não à distensão e defesa da parede. Manifestações respiratórias: Rinorréia, tosse e espirros. A taquipnéia é de instalação rápida, evoluindo com dispnéia. Na fase final do envenenamento pode ocorrer bradipnéia e outras alterações do ritmo respiratório. Manifestações cardiocirculatórias: Taquicardia e/ou bradicardia alternadas ou não. Hipertensão ou hipotensão, arritmias cardíacas, sensações de opressão torácica, insuficiência cardíaca. Edema agudo e choque podem ocorrer. Manifestações neurológicas: Tremores, contrações musculares, coma, agitação psicomotora, convulsões e hemiplegias relacionadas com problemas no cérebro podem ser observados nos casos mais sérios. http://2.bp.blogspot.com/_ROcuxW_jl9k/SrzR2Ldbh2I/AAAAAAAACV0/TwgY9JxwroU/s1600-h/Linguagem-das-Maos-3de3---Um-abraco---Drauzio-Milagres---O-Mundo-no-Seu-Dia-a-Dia-772678.jpg http://2.bp.blogspot.com/_ROcuxW_jl9k/SrzR2Ldbh2I/AAAAAAAACV0/TwgY9JxwroU/s1600-h/Linguagem-das-Maos-3de3---Um-abraco---Drauzio-Milagres---O-Mundo-no-Seu-Dia-a-Dia-772678.jpg 29/09/2023 17 TRATAMENTO Todos os pacientes devem ficar em observação em ambiente hospitalar nas primeiras 4 a 6 horas após a picada, principalmente crianças. Quadros mais sérios que apresentam instabilidade dos sistemas cardíaco e respiratório, devem ser monitorados com cuidados de UTI. TRATAMENTO Dependendo da intensidade da dor deve-se utilizar analgésico oral ou parenteral. Anestésicos sem vasoconstritor, tipo lidocaína 2%, (injetado no local da picada). Soroterapia - indicada em todos os casos graves e nos acidentes moderados em crianças abaixo de 07 anos por constituir grupo de risco. O soro antiescorpiônico ou antiaracnídeo deve ser administrado por via endovenosa, mais rápido possível para neutralizar a toxina circulante. A dose preconizada é de 2 a 4 ampolas nos pacientes moderados e 5 a 10 ampolas nos casos graves. A dose deve ser a mesma para adultos e crianças. CONTROLE DO ESCORPIONISMO Importante papel no equilíbrio de ecossistemas naturais ou agroecossistemas (insetos e outros artrópodos). Proliferação em áreas habitadas pelo homem deve ser rigorosamente controlada. A fim de evitar acidentes com estes animais, são aconselhadas as seguintes medidas preventivas: • Manter jardins e quintais limpos. • Vedar soleiras de portas, frestas de paredes, assoalhos e tetos. • Examinar roupas e sapatos. • Guardar o lixo em locais apropriados que devem ser mantidos fechados. • Não é aconselhável o uso de inseticidas devido aos inconvenientes que estes podem causar e a ineficácia frente aos escorpiões. 29/09/2023 18 Existem aproximadamente 30.000 espécies conhecidas. São os ácaros e carrapatos. É o grupo mais diversificado dos quelicerados, não apenas em comportamento e ambientes de vida como também na forma do corpo. Ocorrem em todas as latitudes. Podem ser de vida livre, terrestres ou aquáticos. Os terrestres vivem no solo, em folhiço ou em material em decomposição. Os parasitas podem ter como hospedeiros tanto animais como vegetais. 29/09/2023 19 Alguns são vetores de doenças. O sucesso do grupo está relacionado com o tamanho reduzido (poucos mm, mas alguns carrapatos podem atingir 3 cm de comprimento). Apomorfias – perda da segmentação e a fusão dos dois tagmas principais do corpo (prossoma e opistossoma). Terminologia – gnatossoma (tagma anterior que contém as quelíceras e pedipalpos) e idiossoma (tagma posterior que contém os apêndices locomotores). Prossoma indiviso,coberto por um escudo em forma de carapaça e conectado ao opistossoma através de um pedicelo estreito. Opistossoma segmentado, mas indiviso. Dois pares de pulmões foliáceos. Quelíceras modificadas (como as garras das quelíceras das aranhas). Pedipalpos raptoriais. Primeiro par de pernas extremamente alongado (apêndices anteniformes sensoriais). Amplamente distribuídos em áreas quente- úmidas (casca de árvores ou no folhiço). Sem fiandeiras e glândulas de veneno. Tamanho 5 a 25 cm de comprimento. 29/09/2023 20 É um grupo relativamente pequeno (5.000 espécies conhecidas). Habitam regiões de clima tropical e temperado (preferência por lugares úmidos). Em geral, são encontrados sob o folhiço, troncos, rochas e em cavernas. Tamanho variado – diminutas até 20 cm de comprimento (considerando as pernas). Pernas longas e delgadas. Presença de glândula de cheiro ou repugnatória. 29/09/2023 21 Existem cerca de 2.000 espécies descritas para todas as regiões geográficas. Os pseudo-escorpiões são aracnídeos pequenos, que não atingem mais do que 10 mm de comprimento. Morfologicamente semelhantes aos escorpiões, porém este grupo não apresenta cauda e, conseqüentemente, o aguilhão também está ausente. Além, disso nenhum escorpião é tão pequeno quanto os pseudoescorpiões. Vivem no solo, em folhiço, sob rochas ou troncos, nas frestas de cascas de árvores e podem ser encontrados em ninhos de mamíferos e aves. 29/09/2023 22 Um bom número de pseudo-escorpiões utiliza grandes artrópodes como “hospedeiros” temporários para o propósito de dispersão. Esse fenômeno de “pegar carona” é conhecido como forésia. A maior parte das aproximadamente 900 espécies de solífugos vive em ambientes tropicais e subtropicais nas Américas, Ásia e África. Ao contrário do que ocorre com a maioria dos aracnídeos, eles são freqüentemente caçadores diurnos, de onde deriva o nome “aranhas-do-sol”. Também são conhecidos como “aranhas-do- vento” porque os machos correm em altas velocidades “como o vento”. Quelíceras enormes e voltadas para a frente. 29/09/2023 23 Pedipalpos longos e em forma de perna. Tamanho – alguns milímetros até 7 cm. Não apresentam peçonha e estraçalham suas presas ainda vivas com suas fortes quelíceras. Uropígios ou escorpiões-vinagre são aracnídeos moderadamente grandes (até 8 cm). Existem menos de 100 espécies conhecidas de escorpiões-vinagre viventes (maioria ocorre no sudeste da Ásia; uns poucos são conhecidos do sul dos EUA e parte da América do Sul). A maioria é fototáctil-negativa e ativa somente durante a noite. O primeiro par de pernas locomotoras alongadas é mantido para frente como “antenas”. Possuem um par de glândulas repugnatórias que se abrem perto do ânus. Quando um uropígio é ameaçado por um potencial predador, ele eleva o opistossoma e emite um borrifo líquido ácido proveniente dessas glândulas. Algumas formas (Mastigoproctus) produzem uma secreção com alto teor de ácido acético (escorpião-vinagre). 29/09/2023 24 O subfilo Myriapoda de artrópodes inclui quatro grupos ou classes: Chilopoda (centopéias), Diplopoda (milípedes), Symphyla (sínfilos) e Pauropoda (paurópodes). Todos os miriápodes modernos são terrestres. Corpo com dois tagmas: cabeça e tronco multissegmentado. Todos os apêndices multiarticulados. Centopéias – os primeiros apêndices do tronco formam grandes garras, chamadas forcípulas (glândulas de “veneno” na base). Os apêndices cefálicos, da parte anterior paraa posterior, são antenas, mandíbulas, primeiras maxilas e segundas maxilas. Sem carapaça. 29/09/2023 25 Trocas gasosas traquéias e espiráculos. Com um ou dois pares de tubos de Malpighi. Dióicos. 29/09/2023 26 RELAÇÃO DOS PIOLHOS-DE-COBRA COM A AGRICULTURA Muitos diplópodes são saprófagos e se alimentam de plantas em decomposição, mas outros atacam plantas vivas e, algumas vezes, causam sérios problemas em estufas e jardins. Alguns são predadores e outros são onívoros. Os piolhos-de-cobra podem danificar sementes em germinação de plantas florestais, como a acácia-negra, causando falhas no plantio, obrigando o replante em grande número de covas. Atacam ainda batata, pepino, couve-flor, trigo e milho entre outras.São citadas nove espécies de piolhos-de-cobra pertencentes a três famílias como passíveis de causar danos a plantas cultivadas na Espanha. Métodos de controle Iscas tóxicas com farelo de trigo ou arroz em mistura com inseticidas são o melhor método de controle desses animais. O tratamento de sementes com inseticidas, ou a aplicação no sulco de semeadura, são práticas eficientes de proteção de plantas de milho contra os danos de diplópodes. 29/09/2023 27 ACIDENTES COM CHILOPODA E DIPLOPODA Chilopoda: O gênero Scolopendra, comum no Brasil, atinge até 25 cm de comprimento podendo provocar acidentes dolorosos. Diplopoda: são estruturalmente semelhantes aos Chilopoda, contudo desprovidos de presas inoculadoras de peçonha. Apresentam orifícios nas regiões laterais de cada segmento corpóreo, por onde eliminam substâncias capazes de repelir predadores. ** Ocasionalmente podem provocar acidentes em seres humanos. 29/09/2023 28 QUADRO CLÍNICO: Chilopoda: Os acidentes causados por Chilopoda (lacraias) são obesrvados esporadicamente e a dor é principal sintoma, ocorrendo eritema e edema local. - Em um pequeno número de casos, há cefaléia, mal-estar, ansiedade e vertigens. - O local da picada permite a visualização de dois pontos onde ocorre a penetração das presas. - Apesar de relatos de óbitos humanos provocados por picada de lacraias, parece que quadros graves são bastante duvidosos. - A infestação secundária, raramente observada entre nós, tem sido referida como o principal fator de complicação do acidente. QUADRO CLÍNICO: Diplopoda: Não apresentam presas inoculadoras, mas seus fluidos corporais tóxicos podem ser ejetados a distância, provocando eritrema, edema, vesiculação e pigmentação marrom ou negra na pele atingida. - Pode evoluir para lesões hipercrônicas que podem evoluir por meses. - O acidente ocorre quando o animal é comprimido contra a pele, o que pode acontecer, por exemplo, no ato de calçar. TRATAMENTO: Chilopoda: Quando o acidente for provocado por uma lacraia, deve-se esperar uma resolução espontânea sem complicações. - O local deve ser lavado com água e sabão neutro e o uso de compressas frias deve ser tentado. - A aplicação de analgésicos sistêmicos é fundamental para o controle da dor. 29/09/2023 29 TRATAMENTO: Diplopoda: Causam lesões inflamatórias agudas sem grandes repercussões. - O uso de álcool e éter no local é encorajado, pois funcionam como solventes dos venenos. - Lesões oculares devem ser lavadas com energia e o paciente deve ser encaminhado a um oftalmologista, uma vez que o quadro pode evoluir para cegueira, dependendo da gravidade.
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