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A_Historia_como_oficio_a_constituicao_de_um_campo_ (1)

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/275678335
A História como ofício: a constituição de um campo disciplinar
Article  in  Revista Brasileira de História · December 2013
DOI: 10.1590/S0102-01882013000200019
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1 author:
Lidiane Soares Rodrigues
Universidade Federal do ABC (UFABC)
29 PUBLICATIONS   57 CITATIONS   
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All content following this page was uploaded by Lidiane Soares Rodrigues on 18 June 2016.
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https://www.researchgate.net/publication/275678335_A_Historia_como_oficio_a_constituicao_de_um_campo_disciplinar?enrichId=rgreq-6c789f1416cc266f795c609b8fb90066-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3NTY3ODMzNTtBUzozNzQzOTc2MzU0NDg4MzZAMTQ2NjI3NDc2MDgyMQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Lidiane-Soares-Rodrigues?enrichId=rgreq-6c789f1416cc266f795c609b8fb90066-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3NTY3ODMzNTtBUzozNzQzOTc2MzU0NDg4MzZAMTQ2NjI3NDc2MDgyMQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Lidiane-Soares-Rodrigues?enrichId=rgreq-6c789f1416cc266f795c609b8fb90066-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3NTY3ODMzNTtBUzozNzQzOTc2MzU0NDg4MzZAMTQ2NjI3NDc2MDgyMQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2013. 464p.
É na ponta de lança da pesquisa atual em história da historiografia que se 
localiza o livro de Marieta de Moraes Ferreira, recém-lançado pela editora da 
Fundação Getulio Vargas. Não o afirmo com favor, tampouco por protocolo 
do gênero resenha.
Qualquer observador sagaz da área nota que o crescimento de pesquisas 
em seu interior deu-se priorizando ‘grandes homens’ ou ‘grandes obras’, espe-
cialmente no que diga respeito aos tempos mais recentes e ao Brasil. Desde os 
estudos de Manoel Salgado Guimarães, o século XIX ganhou análises que se 
debruçaram sobre os nexos entre as instituições, sua sociabilidade e as concep-
ções de história nelas correntes e delas decorrentes (Guimarães, 2011). Aos 
autores do século XX ficou reservado certo enlevo, como se fossem ‘intelectuais 
flutuantes’ – especialmente aos ensaístas anteriores à virada que deu origem 
às instituições universitárias que a partir dos anos 1930-1940 concentraram o 
ensino, e gradativamente a pesquisa, em história.1
Ultrapassamos lentamente tal fase, e A História como ofício: a constituição 
de um campo disciplinar parece, a um só tempo, colaborar nessa direção e ser 
sinal dela. O livro está dividido em três partes – a saber: “A História da História 
no Rio de Janeiro: da UDF à UFRJ”; “Perfis e trajetórias”; “Entrevistas com 
alunos e professores da UDF, da FNFI e do IFCS”.
Na primeira parte, encontra-se uma minuciosa reconstituição das vicis-
situdes que atravessaram o estabelecimento do primeiro curso de história no 
Rio de Janeiro, por meio de um conjunto de fontes diversificado e de uma 
quantidade considerável de informações: perfil social e intelectual dos profes-
sores, grade curricular, programas de curso, decretos federais, textos 
programáticos.
Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 33, nº 66, p. 349-351 - 2013
*Centro Universitário Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado). lidiane.rodrigues@
fecap.br
Ferreira, Marieta de Moraes 
A História como ofício: a constituição 
de um campo disciplinar
Lidiane S. Rodrigues*
Lidiane S. Rodrigues
350 Revista Brasileira de História, vol. 33, no 66
Na segunda parte, a escala muda, indo do quadro mais amplo de referên-
cia apresentado na primeira ao foco mais concentrado nas trajetórias de Henri 
Hauser, Delgado de Carvalho e Luiz Camillo, assim como da primeira geração 
propriamente ‘profissional’ do Rio de Janeiro. Vale assinalar a atenção cuida-
dosa da autora para a figura de Hauser, ligada à preocupação em esquadrinhar 
os caminhos da memória institucional que foi sobrevalorizando a presença das 
missões francesas em São Paulo, em detrimento da presença delas na capital 
(p.86 e 217). São cabíveis, de passagem, duas observações a respeito disso, aliás: 
Marieta de Moraes Ferreira foi aos arquivos do Ministério dos Assuntos Es-
trangeiro (MAE), em Nantes, auscultar redes envolvidas no recrutamento de 
quadros e no interesse da França pelo ensino no Brasil. Para os que não se 
satisfazem com uma história da historiografia que esconde os bastidores por 
que passaram os praticantes do ofício antes de brilharem em cena ou durante 
o espetáculo, a atitude é entusiasmante e abre um leque considerável para 
novas pesquisas.
Esta observação leva à segunda. Na qualidade de pesquisadora das missões 
francesas no curso de História e Geografia da Universidade de São Paulo (USP) 
em seus anos iniciais, encontrei na advertência de que as análises têm “super-
valorizado o papel de Fernand Braudel e a influência dos Annales como ele-
mentos centrais na formação dos cursos de História” (p.92) a perspectiva alia-
da, que eu buscava há tempos. Pude, em outra oportunidade, assinalar, como 
o ‘historiador missionário’ manteve-se sob as rédeas dos laços de amizade 
mantidos e serviços prestados à sua clientela – a elite mentora da antiga Facul-
dade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, por sua vez em peleja constante 
com o governo federal. Eram limitadas as possibilidades que tinha de não re-
produzir uma ‘historia historicizante’, contra a qual sua obra já vinha sendo 
elaborada. Padecerá minguando de lastro empírico aquele que ligar imediata-
mente a recepção dos Annales à presença de Braudel entre 1935 e 1937, e mes-
mo posteriormente em passagens breves, na USP (Rodrigues, 2012, 
p.256-276).
A terceira parte, em que são transcritas entrevistas, parece se revestir de 
especial interesse, lidas à luz da composição do livro. É como se nelas fosse 
possível encontrar versões alternativas aos conflitos que animam a narrativa 
da autora e vislumbrar quais foram as saídas que construiu para, simultanea-
mente, considerar o que escutava enquanto ia colocando, tête-à-tête, versões 
orais e documentação escrita.
Seria o caso de se assinalar, por fim, um traço peculiar do livro. É sem 
grandes alardes teórico-metodológicos que ele se apresenta, na contramão da 
351Dezembro de 2013
A História como ofício: a constituição de um campo disciplinar
tendência que se dedica a longos introitos e citações de autores momentosos, 
cujo nexo com a pesquisa desenvolvida, por vezes, fica a desejar. Lidando todo 
o tempo com noções de institucionalização e autonomização das práticas cien-
tíficas, que remetem no limite ao conceito de campo, de Pierre Bourdieu, estas 
são reconstituídas em seu processo de constituição. Dito de outro modo, ga-
nham destaque tanto avanços quanto recuos no percurso de separação entre 
poderespolítico e eclesiástico e instituições de saber – daí, para além da óbvia 
atenção dirigida às intervenções do governo federal no estabelecimento/fecha-
mento das instituições, a atenção ao perfil dos docentes católicos e sua orien-
tação de ensino (notavelmente, p.38-40). Concomitantemente, são objeto de 
atenção os processos de divisão do trabalho internos a esse mesmo espaço – 
não exatamente autônomo, mas em constante conflito por autonomia, a certa 
altura da rotação dos perfis docente e discente (notavelmente, a divisão em 
dois cursos separados, Geografia e História, e o estabelecimento da disciplina 
“Introdução aos Estudos Históricos”).
Livro com o qual se aprende, livro para se devorar.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, Maria Lucia Paschoal. Debaixo da imediata proteção imperial: Instituto 
Geográfico Brasileiro (1838-1889). [1995]. São Paulo: Annablume, 2011.
MICELI, Sergio. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
RODRIGUES, Lidiane S. A produção social do marxismo universitário em São Paulo 
(1958-1978). Tese (Doutorado) – FFLCH, Universidade de São Paulo. São Paulo, 
2012.
NOTA
1 Talvez por isso cause algum furor ainda o esquema analítico nem de longe incorporado 
para o entendimento desses “intelectuais/historiadores desvinculados de instituições” que 
oferece Miceli, 2001.
Resenha recebida em 25 de junho de 2013. Aprovada em 15 de outubro de 2013.
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https://www.researchgate.net/publication/275678335

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