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CINESIOTERAPIA AULA 2 ABERTURA Olá! A avaliação cinesioterapêutica visa a obter informações para identificar e medir quaisquer desvios de situações normais e que possam estar relacionadas com as queixas do paciente. Essa avaliação deve ser contínua, durante toda a reabilitação física, para mensurar a efetividade da intervenção e o alcance dos objetivos terapêuticos. As informações, fornecidas pelo paciente e baseadas em testes clínicos e funcionais, determinam o sucesso da intervenção e a conduta cinesioterapêutica. Nesta aula, você entenderá as etapas da avaliação da conduta cinesioterapêutica, como estabelecer os objetivos e as metas da prescrição cinesioterapêutica e elaborar um modelo de conduta cinesioterapêutica aplicada aos distúrbios cinético-funcionais. Bons estudos. Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica REFERENCIAL TEÓRICO O sucesso na intervenção cinesioterapêutica e, consequentemente, a alta do tratamento fisioterapêutico dependem da qualidade e da precisão dos dados obtidos durante a avaliação cinesioterapêutica. Esses dados permitirão identificar déficits que estejam diretamente relacionados com a disfunção cinético-funcional e, a partir disso, planejar o programa de reabilitação física. No capítulo "Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica", da obra Cinesioterapia, base teórica desta aula, você entenderá as etapas da avaliação da conduta cinesioterapêutica, como estabelecer os objetivos e as metas da prescrição cinesioterapêutica e elaborar um modelo de conduta cinesioterapêutica aplicada aos distúrbios cinético-funcionais. Ao final deste estudo, você terá aprendido a: • Identificar as etapas da avaliação da conduta cinesioterapêutica. • Estabelecer os objetivos e as metas da prescrição cinesioterapêutica. • Elaborar um modelo de conduta cinesioterapêutica aplicada aos distúrbios cinético- funcionais. Boa leitura. Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as etapas da avaliação da conduta cinesioterapêutica. Estabelecer os objetivos e metas da prescrição cinesioterapêutica. Elaborar um modelo de conduta cinesioterapêutica aplicada aos distúrbios cinético-funcionais. Introdução A intervenção cinesioterapêutica inclui desde a etapa de avaliação até o momento da alta do tratamento fisioterapêutico. Embora pareça simples e fácil, esse processo é complexo e exige muito empenho do fisiotera- peuta para obter o máximo de informações sobre o quadro clínico e o quadro cinético-funcional do paciente, além de distúrbios e alterações, que nortearão a identificação de objetivos fisioterapêuticos e a escolha dos recursos fisioterapêuticos mais indicados para cada caso. Neste capítulo, você vai conhecer as etapas da avaliação da conduta cinesioterapêutica, os objetivos e metas da prescrição cinesioterapêutica e um modelo de conduta cinesioterapêutica aplicada aos distúrbios cinético-funcionais. 1 Avaliação cinesioterapêutica A avaliação cinesioterapêutica é, em muitos casos, o primeiro contato do fi sioterapeuta com o paciente e serve como uma forma efetiva de entender suas necessidades e determinar as ações e recursos escolhidos para cumprir os objetivos fi sioterapêuticos (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010). Nesse momento de troca de informações, será possível determinar o diag- nóstico cinético-funcional do paciente, que norteará o planejamento e os objetivos fisioterapêuticos. Durante a avaliação, muitos exames e avaliações podem ser realizados para complementar o que foi relatado pelo paciente, como escalas, questionários, exames de imagens, entre outros. Para chegar ao diagnóstico cinético-funcional, algumas etapas guiam a avaliação cinesio- terapêutica e facilitam a abordagem do fisioterapeuta: histórico do paciente, observação ou inspeção, palpação, exames e testes específicos (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). A etapa de histórico do paciente pode ser dividida em duas partes: his- tórico da doença atual e histórico de doenças pregressas. No histórico da doença atual, é fundamental coletar o máximo de informações possíveis que possam estar relacionadas com as queixas que trouxeram o paciente para a fisioterapia. O fisioterapeuta deve questionar como (trauma, pancada, contusão, acidente, etc.), quando e onde a lesão ocorreu; qual foi a estratégia adotada em seguida; que tipos de tratamentos e intervenções foram utilizadas (imobilização, injeções, medicamentos, procedimentos cirúrgicos, etc.); se o paciente ouviu ou sentiu algo no momento da lesão; e demais questões que possam surgir para elucidar o quadro clínico do paciente (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). Nesse momento também é importante entender o comportamento dos sintomas do paciente: qual a intensidade da dor, se ela é diurna ou noturna, se é constante, em fisgadas, em queimação, etc. Nos casos de lesões articulares, é preciso perguntar se o paciente sente instabilidade, insegurança, falseio, movimentos anormais, etc. Após a completa abordagem da doença/disfunção atual, o fisioterapeuta deve questionar sobre doenças, lesões, traumas e/ou cirurgias pregressas, que possam ou não estar relacionadas com a lesão atual. Assim como antes, o fisioterapeuta deve obter o máximo de informações sobre episódios anteriores da disfunção atual; caso não existam, deve obter informações sobre outras lesões e disfunções que o paciente apresenta. Exemplos disso são doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, valvopatias, etc.), respiratórias (rinite alérgica, asma alérgica, bronquite, en- fisema, doença pulmonar obstrutiva crônica, etc.), uroginecológicas (incon- tinência urinária, prolapso de bexiga ou uterino, etc.), endócrino-metabólicas (diabetes, menopausa, distúrbios da tireoide, etc.) e demais condições que possam interferir no andamento da intervenção fisioterapêutica (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica2 Quanto mais informações o fisioterapeuta obtiver nessa etapa de avaliação do histórico do paciente, mais chances ele terá de alcançar sucesso com a inter- venção determinada e proposta. Nesse momento, é a chance do fisioterapeuta conhecer e atender as necessidades do paciente. Já a etapa de observação ou inspeção deve complementar tudo aquilo que foi questionado e falado na etapa anterior. A bem da verdade, em muitos casos o fisioterapeuta consegue questionar sobre o histórico e observar os segmentos em disfunção ao mesmo tempo. Mediante a observação, ficarão nítidas situações como: deformidades, cicatrizes, hiperemia (vermelhidão), hemorragias, áreas edemaciadas, características dos movimentos (muito lentos, muito rápidos, instabilidade), sinais de claudicação, posturas antálgicas ou de proteção, expressões faciais relacionadas com os sintomas, evidente hipotrofia muscular, assimetrias, mau alinhamento postural, protusão ou protuberâncias articulares (luxações ou fraturas), entre muitos outros exemplos. Associado com o relato do paciente, será possível direcionar o olhar para a região e para os movimentos que mais o incomodem e perceber anormalidades ou alterações (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). A palpação, que pode ser feita tanto nos tecidos moles quanto nos ossos, é realizada depois que o fisioterapeuta já identificou os locais da queixa do paciente. Ela deve iniciar num ponto distante do foco da lesão ou no membro contralateral (como o joelho ou ombro oposto) e com pressão leve. Somente então deve-se aumentar gradativamente a pressão e a profundidade do toque. Nos tecidos moles, a palpação pode ser muito importante para auxiliar na identificação de alterações em tecidos, como edema, cistos ou proeminências, tensão muscular anormal e variações de temperatura, locais onde ligamentos ou tendõesse romperam, variações na forma das estruturas, diferenças na rigidez e textura dos tecidos, distinção de tecidos flexíveis de outros mais tensos, contrações musculares ou tremores involuntários, secura ou umidade excessiva da pele e sensações anormais na pele, como diminuição da sensação (disestesia), dormência (anestesia) ou aumento da sensação (hiperestesia). Nos ossos, a palpação permite perceber espaço anormal na articulação, edema ósseos, articulações desalinhadas ou protuberâncias anormais associadas a uma articulação ou a algum osso (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PREN- TICE, 2012). A etapa de testes clínicos e específicos compreende a avaliação dos mo- vimentos e a confirmação ou exclusão de algum diagnóstico que não ficou evidente durante as etapas anteriores. A avaliação da amplitude de movi- mento (passiva, ativo-assistida e ativa, por meio de goniômetro, flexímetro e inclinômetro digital), assim como testes musculares (escalas, dinamômetro 3Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica isocinético, dinamômetro manual, eletromiografia de superfície), testes neu- rológicos, testes de movimentos acessórios, testes de estabilidade articular, testes de desempenho funcional, exame postural e medidas antropométricas são realizados nesse momento da avaliação cinesioterapêutica (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). A essa altura, o fisioterapeuta já tem dimensão das necessidades do paciente, o que precisa ser otimizado e corrigido e como os recursos da fisioterapia podem auxiliar na resolução de tal quadro clínico e funcional. Após essa avaliação detalhada e minuciosa, os exames de imagem e laboratoriais, assim como testes clínicos específicos, escalas e questionários, podem ser analisados e aplicados para complementar e confirmar todas as informações obtidas até o momento (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). Munido de todas essas informações, o fisioterapeuta poderá determinar o que precisa ser otimizado com a intervenção fisioterapêutica, o que recebe o nome de objetivos fisioterapêuticos. A partir desses objetivos (melhorar a flexibilidade dos músculos isquiotibiais, por exemplo), será determinada a conduta fisioterapêutica (exercícios de alongamento muscular para os isquiotibiais, por exemplo) (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012). Os fatores de alívio dos sintomas referidos pelos pacientes geralmente fornecem dados suficientes para auxiliar o fisioterapeuta a elaborar o plano de intervenção. Digamos, por exemplo, que uma dor no joelho diminui ou desaparece completamente com a mobilização patelar e o consequente posicionamento adequado da patela. A partir dessa informação, o fisioterapeuta poderá dirigir a intervenção fisioterapêutica para promover essa correção (DUTTON, 2010). 2 Objetivos cinesioterapêuticos A partir da avaliação cinesioterapêutica, que fornece informações sobre pos- síveis alterações ou ajustes fi siológicos, como ocorreram, quais estruturas anatômicas afetadas, o grau do trauma e a fase de cicatrização e consolida- ção, o fi sioterapeuta terá condições de determinar os objetivos terapêuticos Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica4 e a intervenção fi sioterapêutica (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010). Uma maneira de pensar nesse planejamento da intervenção é por meio do prognóstico, que é o nível previsto de uma função que o paciente poderá atingir dentro de um certo período. Esse período pode ser tratado como a curto, médio ou longo prazo ou como em dias, semanas ou meses, conforme a percepção do fisioterapeuta sobre a necessidade de cada paciente. Por meio do prognóstico, o fisioterapeuta terá uma síntese baseada na avaliação cine- sioterapêutica e nos seus conhecimentos e experiências prévios e baseada no estado social, emocional e motivacional do paciente em relação à intervenção (DUTTON, 2010). Um programa de intervenção cinesioterapêutico completo pode, conforme a necessidade de cada paciente, contemplar inúmeros objetivos fisioterapêu- ticos, tais como (KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012;): minimizar o edema; controlar a dor; restabelecer o controle neuromuscular; desenvolver ou melhorar a estabilidade central; recuperar ou melhorar a amplitude de movimento; restaurar ou aumentar a força e a resistência muscular; recuperar o controle postural e o equilíbrio; manter a resistência cardiorrespiratória; incorporar as progressões funcionais. Esses objetivos são generalizados e nem sempre se aplicam a todos os pacientes, mas é importante que o fisioterapeuta tenha uma visão geral de todas as variáveis que podem ser mensuradas e melhoradas na intervenção (KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012). Na intervenção fisioterapêutica, é importante determinar objetivos a curto, médio e longo prazos que sejam realistas e atingíveis. O objetivo a longo prazo, que normalmente é o retorno às atividades cotidianas e esportivas sem sintomas, norteará os demais objetivos. Assim, os objetivos a curto e médio prazos são formas de alcançar o objetivo a longo prazo (KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012). 5Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica O grau de importância dos objetivos e metas traçados no programa de rea- bilitação física dependerá do acordo e confiança estabelecidos entre o paciente e o fisioterapeuta. É fundamental que o paciente esteja ciente desse plano de tratamento e que compreenda bem as etapas que antecedem o objetivo final, até mesmo para que ele assuma alguma responsabilidade em relação ao programa de reabilitação e confie no fisioterapeuta. Como esses objetivos são mensuráveis, o fisioterapeuta deve estabelecer prazos (a cada a sessão, a cada semana e/ou a cada mês) de reavaliação e mostrar ao paciente como a intervenção está evoluindo. Essa demonstração patente de resultados do tratamento ao paciente faz com que ele se sinta motivado a continuar e progredir o tratamento (KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012). Com a identificação dos objetivos fisioterapêuticos e, consequentemente, a escolha das condutas mais adequadas, é importante ter em mente a reavaliação contínua das respostas do paciente aos procedimentos escolhidos. O momento dessa reavaliação será definido pelo fisioterapeuta, mas é interessante reavaliar o paciente brevemente a cada sessão. Os dados obtidos na reavaliação devem ser comparados com os dados da avaliação cinesioterapêutica inicial. Esse tipo de comparação permite fazer as seguintes inferências (DUTTON, 2010; PRENTICE, 2012). Se a função do paciente melhorou, é possível aumentar a intensidade da intervenção. Imaginemos uma pós-fratura de úmero e 8 semanas com imo- bilização. O objetivo final é que o paciente consiga realizar todos os movimentos com a extremidade superior sem dor. Para isso, o objetivo a curto prazo será diminuir a dor e melhorar a mobilidade do ombro e do cotovelo. Ao reavaliar e perceber que o paciente já tem amplitude de movimento completa e sem dor, terá início a segunda fase (objetivos a médio prazo): melhorar o desempenho muscular do ombro e do cotovelo (treino de resistência, hipertrofia, potência). Se a função do paciente piorou, a intensidade e o foco da intervenção devem ser alterados. Seguindo com o exemplo anterior, é possível imaginar que o paciente não evoluiu como esperado e a fase inicial teve que durar mais tempo. Recursos eletrotermofototerapêuticos podem ser aplicados para conter o processo inflamatório, auxiliar na redução da dor e favorecer a cicatrização dos tecidos até que ele alcance a amplitude completa e o alívio dos sintomas para iniciar a segunda fase. Se não houve mudança alguma na função do paciente, esse achado indica a necessidade de alterar a intensidade da intervenção.Na fase aguda de ci- catrização, por exemplo, deve haver redução na intensidade da intervenção para que os tecidos consigam se recuperar e cicatrizar. Já numa fase de cronicidade da lesão, deve haver aumento na intensidade, para promover mais estresse aos tecidos e desencadear o processo de cicatrização e consolidação necessário. Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica6 Essas reavaliações são fundamentais para a determinação do momento de alta da fisioterapia ou recuperação completa da lesão/disfunção cinético- -funcional que trouxe o paciente para a reabilitação física. Isso significa que o paciente alcançou todos os objetivos fisioterapêuticos propostos no momento da avaliação, como: controle da dor e do edema, melhora da amplitude de movimento, da força, do controle neuromuscular, da resistência cardiovascular, das habilidades funcionais específicas da atividade, além de bem-estar físico e confiança total para voltar à sua atividade (KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; PRENTICE, 2012). Para conhecer alguns questionários utilizados em pacientes com dor lombar, além de entender mais sobre o tratamento dessa disfunção cinético-funcional, consulte o artigo “Programa de tratamento fisioterapêutico para dor lombar crônica: influência sobre a dor, qualidade de vida e capacidade funcional” (ARINS et al., 2016), cujo objetivo foi avaliar os efeitos de um programa de tratamento para dor lombar crônica. 3 Distúrbios cinético-funcionais A intervenção cinesioterapêutica compreende a avaliação, a determinação dos objetivos, a execução das condutas fi sioterapêuticas e a reavaliação do paciente, pensando na alta do tratamento fi sioterapêutico. De modo geral, todos os pacientes seguirão essas etapas (DUTTON, 2010; KIS- NER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012;). As disfunções cinético-funcionais que podem acometer o sistema mus- culoesquelético são diversas e podem provocar consequências como dor, edema, restrições de movimento e diminuição do desempenho muscular, do controle neuromuscular e da propriocepção e equilíbrio (KISNER; COLBY, 2017; PRENTICE, 2012). Uma dessas disfunções cinético-funcionais é a entorse de tornozelo, comum em atletas e indivíduos fisicamente ativos. Vejamos a seguir um exemplo genérico de planejamento da intervenção cinesioterapêutica para entorse de tornozelo. (DUTTON, 2010; KISNER; COLBY, 2017; MAGEE, 2010; O´SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; PRENTICE, 2012). 7Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica Avaliação cinesioterapêutica Nesse tipo de caso, é muito comum o paciente ter dor, presença de edema, hematoma e hemorragia, restrição da amplitude de movimento (o que vai gerar diminuição da fl exibilidade muscular), diminuição do desempenho muscular e da propriocepção. Aqui, apresentamos esses dados de forma bem resumida, para favorecer o entendimento de um exemplo de intervenção cinesioterapêu- tica. No entanto, cada paciente apresentará um quadro clínico diferente e a avaliação cinesioterapêutica deve ser detalhada e minuciosa. Identificação dos objetivos fisioterapêuticos A partir dessa hipótese de avaliação cinesioterapêutica, os objetivos serão: diminuir a dor; controlar o processo inflamatório (edema, hematoma e hemorragia); melhorar a mobilidade articular e a flexibilidade muscular; melhorar o desempenho muscular (resistência, força e potência); melhorar a propriocepção e o equilíbrio; retornar às atividades cotidianas e esportivas. Após identificar todos os objetivos, é possível separá-los em curto, médio e longo prazo. Curto prazo: ■ diminuir a dor; ■ controlar o processo inflamatório (edema, hematoma e hemorragia); ■ melhorar a mobilidade articular e a flexibilidade muscular. Médio prazo: ■ melhorar o desempenho muscular (resistência, força e potência); ■ melhorar a propriocepção e o equilíbrio. Longo prazo: ■ retornar às atividades cotidianas e esportivas. Lembre-se que um objetivo deve levar ao outro. As condutas a curto prazo devem gerar as melhorias necessárias para que se iniciem as condutas a médio prazo, e assim sucessivamente até o momento da alta. Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica8 Execução das condutas terapêuticas Nesse momento, o fi sioterapeuta contará com suas habilidades e experiência para determinar quais condutas devem ser aplicadas no paciente. Muitas condutas são aplicadas para vários objetivos e diminuem o tempo de aplicação. A crioterapia, por exemplo, alivia a dor e controla o processo infl amatório. Além da crioterapia, esse paciente se beneficiaria de técnicas de terapia manual para mobilização articular e ganho de amplitude de movimento (como Mulligan ou Maitland, por exemplo); exercícios de alongamento para ganho de flexibilidade; treino de resistência, força e potência para melhorar o desem- penho muscular; treino de propriocepção e equilíbrio; e treino de atividades que simulem a rotina do paciente ou as atividades esportivas que ele pratica. Algumas condutas, como crioterapia e exercícios simples que vêm sendo bem executados pelos pacientes, devem ser recomendados como tarefas de casa. Reavaliação e alta da fisioterapia A reavaliação deveria ser realizada a cada sessão para acompanhar a evolução do paciente, mas pode ser feita com intervalos maiores se o fi sioterapeuta entender que não trará prejuízos ao tratamento. Dessa forma, a reavaliação traz informações importantes sobre a evolução do caso clínico e defi ne se a intervenção pode progredir. No nosso exemplo, se na reavaliação o paciente não apresentar mais indí- cios de processo inflamatório agudo (dor, edema, hematoma ou hemorragia) e a amplitude de movimento já estiver reestabelecida, será possível iniciar as condutas dos objetivos de médio prazo. Esse mesmo raciocínio será aplicado para decidir a alta da fisioterapia, em que todos os objetivos traçados deverão ter sido alcançados e o paciente deverá estar completamente recuperado da entorse de tornozelo. No momento da alta, o paciente deve apresentar ampli- tude de movimento completa (igual ao lado contralateral), força muscular, propriocepção e equilíbrio reestabelecidos, conseguindo caminhar, correr, saltar e desempenhar todas as atividades funcionais sem dor e sem sintomas associados. No exemplo que apresentamos, tudo se encaixou e transcorreu de modo organizado. Porém, nem sempre acontece assim na prática clínica e fisiotera- pêutica; alguns objetivos se sobrepõem, o paciente melhora em um item e não melhora tanto em outro, entre outras alterações. O importante é que, a partir 9Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica desse esquema, o fisioterapeuta compreenda mais facilmente a intervenção fisioterapêutica e consiga aplicá-la no seu dia-a-dia, principalmente enquanto o profissional ainda não possui tanta experiência em relação a avaliação, identificação de objetivos, aplicação de condutas e reavaliação (DUTTON, 2010; MAGEE, 2010). ARINS, M. R. et al. Programa de tratamento fisioterapêutico para dor lombar crônica: influência sobre a dor, qualidade de vida e capacidade funcional. Revista Dor, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 192–196, jul./set. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?pid=S1806-00132016000300192&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 15 maio 2020. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. Barueri: Manole, 2017. MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010. O´SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5. ed. Barueri: Manole, 2010. PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em compe- tências. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material.No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Avaliação e elaboração da conduta cinesioterapêutica10 PORTFÓLIO A avaliação cinesioterapêutica é a chave para o sucesso da intervenção fisioterapêutica, pois, a partir dela, será possível coletar informações e determinar os objetivos e condutas terapêuticas. Os testes clínicos e funcionais podem e devem ser utilizados para confirmar algumas hipóteses e determinar o grau do déficit apresentado pelo paciente em relação à dor, ao desempenho muscular, aos reflexos, à sensação final de movimento, à mobilidade articular e à flexibilidade, entre tantos outros. Cite ao menos três testes clínicos que podem ser utilizados em avaliações cinesioterapêuticas. PESQUISA ARTIGO Efeito da intervenção cinesioterapêutica sobre amplitude de movimento e a dor no paciente portador da síndrome do impacto no ombro: estudo de caso. Este artigo traz informações sobre os efeitos de uma intervenção cinesioterapêutica sobre a dor e a amplitude de movimento do ombro. ACESSE ARTIGO 01 - 2077 - AULA 02 N