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ÉTICA-NOS-SERVIÇOS-DA-SAÚDE (1)

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SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
1 NOÇÕES BÁSICAS E CONCEITOS .................................................................. 4 
1.1 Ética na Antiguidade ......................................................................................... 6 
1.2 Ética na Idade Média ........................................................................................ 7 
1.3 A Idade Moderna e a Ética ............................................................................... 8 
1.4 O período contemporâneo .............................................................................. 10 
2 PRINCÍPIOS DE ÉTICA ................................................................................... 11 
3 ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................................... 13 
3.1 Serviços .......................................................................................................... 15 
3.2 Qualidade no setor do serviço ........................................................................ 16 
3.3 Ética nos serviços de saúde ........................................................................... 18 
4 RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM EQUIPE, QUALIDADE NO 
ATENDIMENTO PÚBLICO. ...................................................................................... 23 
4.1 A ética na saúde como Política Pública .......................................................... 28 
4.2 Princípios da Política Nacional de Humanização ............................................ 30 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
4 
 
1 NOÇÕES BÁSICAS E CONCEITOS 
Fonte: https://bit.ly/3S6ePzW 
Ao longo dos anos a ética foi conceituada por vários filósofos e esse conceito 
evoluiu até os dias de hoje. Vários princípios filosóficos têm sido postulados como 
aspectos norteadores da ética do indivíduo, e compreendê-los nos ajudará a 
compreender melhor o que significa ser ético. Um dos aspectos mais importantes da 
ética, é a ética profissional, que está relacionada ao comportamento individual no 
ambiente de trabalho. 
Antigamente, os filósofos gregos e romanos eram adeptos a ideia de que a vida 
ética era uma luta constante entre os desejos e vontades do homem e a sua razão. 
Eles decifravam os indivíduos como seres originalmente passionais, de modo que a 
ética teria objetivo de acompanhá-los e educá-los na busca e prática da razão. Sendo 
assim, uma pessoa passional pode ser compreendida como aquela que é escravizada 
por seus próprios desejos. 
Para os filósofos antigos, a ética poderia ser compreendida sob três aspectos: 
o racionalismo, que está vinculado à necessidade de agir conforme a razão; o 
naturalismo, o qual enfatiza a importância de agir conforme a natureza; e a 
inseparabilidade da ética e da política, de forma que a conduta individual deve 
concordar com os valores da sociedade (CHAUÍ, 2000). 
 
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Dessa maneira, a ética era vista nessa época como a educação da natureza 
do indivíduo, deforma a dominar seus impulsos e desejos, harmonizando o caráter 
individual com os valores coletivos. 
A ética também pode ser definida como “a ciência que estuda a conduta 
humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando se julga do ponto de vista do 
Bem e do Mal” (WALKER, 2015, p. 3). Além disso, para Marilena Chauí, a ética surge 
de questões relacionadas ao costume e à busca de compreender o caráter individual 
e o senso moral. Para ela, o senso moral é uma forma de avaliar situações para justiça 
- boas ou ruins (CHAUÍ, 2000). 
A Ética é a ciência da verdade; não existe uma ética da mentira, nem a meia 
ética e ambas, ética e verdade são a essência da consciência humana. Ninguém lhes 
pode ser indiferente. A omissão da consciência é tão dolorosa que o homem, quando 
não consegue seguir seus ditamos, inventa simulacros de ética e de verdade. Cria 
caricaturas da ética, sacrificando a verdade por meio de retóricas ideológicas, assim, 
prevalecem as exteriorizações que nada mais são do que a relativização da ética, que 
corresponde à elasticidade da consciência. A ética e a verdade, por habitarem a 
consciência, vêm de dentro, têm a ver com o ser: ou é, ou não se é! (MATOS, 2008). 
O filósofo e professor da USP Sérgio Cardoso expõe um sentido mais amplo 
sobre a definição de ética, nos dizendo que: 
[...] remete às ações livres e responsáveis de um agente humano, um 
sujeito moral, autônomo, que orienta seus atos por valores, hoje, ao 
usarmos o vocábulo, tendemos prontamente a associar tal gênero de 
ações a uma vontade racional determinada por leis ou princípios 
normativos (universais ou gravados em práticas sociais de caráter 
histórico) (CARDOSO, 2010, p. 2). 
 
Quando falamos em ética, é importante lembrar dos princípios, pois eles estão 
intimamente ligados ao conceito de ética. Eles são pensamentos reflexivos sobre 
normas e valores que regem o comportamento humano, e não devem ser vistos de 
uma forma absoluta ou como já finalizados. A ética, como ciência da moral, será 
sempre pensada eternamente, refletindo e construindo o bem para a humanidade. 
Contudo, nada dura para sempre. Tudo depende de como a sociedade se comporta 
e determina seu modo de vida. As escolhas sempre estão presentes nas diversas 
situações que a vida traz. 
 
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Deve-se sempre ter em mente que ao organizar ações éticas, valores como 
respeito às diferenças, solidariedade, cooperação, rejeição à injustiça e discriminação, 
essa organização pode trazer diferenças significantes diante do que o ser humano 
pensa e faz em relação à ética, embora a realidade não demonstra isso. A justiça 
entre as pessoas ainda é um valor ético para a sociedade em que vivemos, embora 
vejamos na mídia fatos que parecem o oposto. 
1.1 Ética na Antiguidade 
Viver bem em comunidade, teoria e sabedoria, eram os pilares da filosofia dos 
antigos pensadores gregos e foram mantidos até os dias atuais pelos autores daquela 
época. Para eles, os pensamentos sobre a ética sempre estiveram associados ao 
conceito de felicidade, pois o bem supremo é a busca e manutenção da existência 
humana. 
Um dos principais pioneiros na busca de conhecimento em relação à existência 
humana foi Sócrates. Para ele, a felicidade é o objetivo central do ser humano, e por 
isso a alma seria objeto de estudo. Na questão da impossibilidade individual do ser 
humano de encontrar a verdade (felicidade infinita) que está no fundo de sua alma, 
ele acreditava e incentivava as comunidades a encontrarem o lado nobre do mundo, 
sempre priorizando bondade, alegria e devoção (COTRIM; FERNANDES, 2013). 
Ele preconizava um "cidadão perfeito", que suprimisse seus desejos em 
benefício da comunidade. Todavia, devemos lembrar de todas as camadas sociais 
que existiam
na época. Mulheres, escravos e estrangeiros não eram considerados 
“cidadãos". Ou seja, não faziam parte do processo virtuoso de liberdade, virtude e boa 
vontade. 
Para ele, a prática da ética seria possibilitar a equalização dos indivíduos e 
diluir as diferenças em prol da coletividade. Ele acreditava que viver em uma 
sociedade com valores éticos centrados no bem comum era fundamental para a 
felicidade plena, e que existem quatro formas de governo na política, todas formadas 
por cidadãos antiéticos. 
 
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Platão propôs então a construção de um estado ideal, conhecido como 
República Platônica, no qual as virtudes da sabedoria, coragem e moderação seriam 
cultivadas por filósofos, soldados e especialistas. Escravos e mulheres não faziam 
parte dessa felicidade, e o poeta, por mais sentimental que fosse, não tirava a 
sanidade das pessoas (COTRIM; FERNANDES, 2013). 
Aristóteles foi o primeiro filósofo a nominar o termo ética em suas publicações: 
Ética a Nicómaco (seu filho) e Ética a Eudemo (seu aluno). Ele também via a ética 
como uma forma de conciliar a vida com os grupos e resolver as desigualdades, mas 
contradizia Platão ao lidar com liberdades individuais e não com grupos de cidadãos. 
O filósofo acrescentou ainda conceitos como prudência, sabedoria e justiça à sua lista 
de virtudes essenciais para os cidadãos gregos. Ele acreditava que a repetição e a 
racionalização dessas boas ações fariam da polis um lugar ordenado, alcançando 
assim a felicidade. 
Esta forma de vida comunitária começa a partir de alguns conceitos, como, por 
exemplo, daquilo que é bom, belo e honesto, e estende-se do indivíduo aos membros 
da comunidade. As observações humanas formam normas de comportamento 
individual e coletivo, sendo tratadas como ciência normativa. 
A chamada ética aristotélica diferia do pensamento de Platão. Para este 
segundo, assim como ele idealmente imaginou grupos de liderança, a ética seria 
padronizada e dividida por grupo. Esse tipo de treinamento foi utilizado na ética 
profissional, e cada profissão possui princípios éticos de conduta. 
1.2 Ética na Idade Média 
O historiador e filósofo Fábio Pestana Ramos, no artigo “A evolução conceitual 
da Ética”, expôs que o período medieval foi dominado pelo catolicismo na Europa 
Ocidental e vinculou a ética à religião e a dogmas cristãos. Os séculos VI a XV foram 
quase completamente influenciados por esta nova ordem, e ela trouxe a ideia de que 
uma vida virtuosa só poderia ser alcançada por meios divinos, separando a felicidade 
da racionalização do mundo terreno. O martírio (jejum e cortes) foi decretado para 
 
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alcançar boas virtudes, e a felicidade hedônica (devido aos prazeres terrenos) foi 
excluída da possibilidade de uma vida boa. 
Em outras palavras, se uma pessoa puder fazer o que a igreja achar adequado, 
teria uma conquista celestial. As ideias de Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino 
e Santo Anselmo foram muito influentes naquela época, e suas visões filosóficas eram 
basicamente a lei. 
Santo Agostinho introduziu a ideia de que a Igreja é a autoridade suprema, à 
qual o Estado e a política estão subordinados. Tudo era uma questão de fé revelada 
por Deus, e a razão foi vencida. Naquela época, a moralidade era mais importante 
que a ética, em contraste com o que pensava Aristóteles e Platão. 
O pensamento de São Tomás de Aquino, por outro lado, foi uma tentativa de 
conciliar fé e razão, mas não teve sucesso porque colidiu com a natureza divina do 
comportamento humano. Ele introduziu a ideia de uma “grande ética” que ordenaria a 
sociedade de acordo com um justo equilíbrio divino. Também trazia uma 
fragmentação da ética que seria aplicada conforme o grupo social, pois segundo ele 
os princípios comuns não poderiam ser aplicados a todos os homens 
indiscriminadamente por serem variadas as raças, costumes e assuntos humanos e, 
como já trazia na concepção do Santo Agostino, a moral seria referencial de conduta 
e harmonização da sociedade ao invés de uma ética universal. 
Isso também aconteceu com a Escolástica, a escola filosófica criada por Santo 
Anselmo. Esta é uma teoria que confirma que a educação é o meio de doutrinação da 
fé cristã e que os princípios morais são superiores à razão. Outra tendência de 
subordinar as ações terrenas à vontade de Deus como princípio de justiça. Essa visão 
cristã dos três principais pensadores da Idade Média parte do conceito inicialmente 
elaborado pelos filósofos antigos, adaptando-se à ética da época, superando a moral 
e dividindo-a quando necessário. 
1.3 A Idade Moderna e a Ética 
A partir do século XV, a separação entre igreja e estado tornou-se mais 
arraigada à medida que os estados-nação da Europa se consolidaram gradualmente. 
 
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A ciência avançou e voltou ao pensamento humano, ao antropocentrismo, como 
centro da ação e das decisões. A religião continuou muito importante, mas deixou de 
ter o mesmo papel de antes, a política se restabeleceu levando à realização da 
cidadania, a sociedade começou a pensar nos problemas, a se aprimorar por meios 
legítimos, e o Estado atuou como facilitador e garantidor das condições que levam os 
indivíduos ao direito à justiça e aos meios de subsistência. 
Em outras palavras, a sociedade feudal medieval mudou seu sistema político, 
e em alguns países, como, por exemplo, na Holanda, Inglaterra e França, ocorreram 
grandes revoluções, introduzindo novos sistemas políticos com Estados modernos, 
individualizados e centralizados. Alguns países não tiveram o mesmo crescimento 
político e econômico, a Alemanha e a Itália, por exemplo, só experimentaram a 
unificação nacional e um maior crescimento no século XIX. 
Essas mudanças foram confirmadas na ordem social, especialmente pelo 
surgimento e ascensão de uma nova classe social, a burguesia. Novas formas de 
relações produtivas e forças produtivas estavam surgindo na ordem econômica. 
Galileu e Newton revelaram novas construções científicas, estabeleceram novos 
modelos éticos, e a Igreja Católica, fundamental na Idade Média, perdeu sua função 
de líder espiritual após a Reforma predominantemente protestante. 
Essa visão absolutista de um novo modo de vida na Europa Ocidental aliou-se 
a outras ciências, como Descartes, o filósofo e matemático que, por meio de suas 
suspeitas, descobriu como os cidadãos deveriam seguir as leis e os costumes de seu 
país, que seria com aderência à religião e à crença em Deus, evitando o excesso e 
cultivando o bom senso. Baruch Spinoza publicou sua obra Ethica em 1677, definindo-
a como parâmetro para definir o bem e o mal, e a razão como meio de limitar a paixão. 
Neste livro, ele observa a submissão a Deus como uma razão intelectual e uma 
maneira de alcançar alegria e felicidade. Por sua vez, Thomas Hobbes trouxe uma 
base de sustentação para um estado absolutista, no qual estabeleceu um vínculo 
direto entre a vontade de Deus e o monarca. Isso também foi defendido por John 
Locke, que previa o contrato social como limitando o poder absoluto da autoridade e 
promovendo a felicidade por meio da liberdade pessoal ilimitada. Todos esses 
fundamentos teóricos serviram como pilares e suportes do absolutismo. Foi um 
 
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período em que a ética era vista como forma de manutenção do poder nacional diante 
da vida coletiva e pessoal (LAISSONE; AUGUSTO; MATIMBIRI, 2017). 
1.4 O período contemporâneo 
Com o advento do século XVIII, o iluminismo trouxe uma nova interpretação da 
ética, centrada na razão, na autonomia do ser e uma crença confiante no progresso. 
A Revolução Francesa é um exemplo de como as sociedades iniciaram um processo 
de diálogo e a implementação de diversos direitos. Alguns valores, como liberdade, 
igualdade e fraternidade, foram as virtudes que surgiram com objetivo de uma melhor 
regência na vida dos cidadãos. Immanuel Kant propôs que as ordens deveriam servir 
como padrões de comportamento e que as regras
essenciais são essenciais para 
levar uma vida racional. 
No artigo "O pensamento ético filosófico: da Grécia antiga à idade 
contemporânea", escrito por Silva, o autor expõe que todas as modificações que 
ocorreram nos séculos XIX e XX em meio à sociedade contemporânea, teriam três 
características importantes. Em suas palavras, a “[...] reflexão ética toma um novo 
direcionamento: desenvolvido em um pathos da economia para Marx; na cultura para 
Nietzsche; e no psiquismo para Freud. Novas influências marcam a ética do século 
XX [...]” (SILVA, 2011). 
Em outras palavras, a ética se fundamenta em três paradigmas éticos. Um 
primeiro que estaria voltado para a observação do psiquismo humano individualizado, 
sob uma perspectiva de Freud; um segundo que estava vinculado a uma continuidade 
do racionalismo, proposto por Descartes e continuado através de Nietzsche, e, 
finalmente, segundo Marx, uma visão econômica trazida da Alemanha, onde o 
indivíduo é a força de trabalho, o modo coletivo de produção na posse capitalista. 
Kant foi um representante muito importante do pensamento iluminista alemão, 
construindo uma teoria baseada na consciência moral que existe no ser humano. Para 
ele, a consciência moral não requer nenhuma lei externa além da lei interna para 
cumprir puramente o dever. Os humanos tornam-se agentes livres, autônomos, 
criativos, formando suas próprias leis independentemente das circunstâncias sociais. 
 
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Outro importante pensador, Friedrich Hegel, contraria a obra de Kant ao 
considerar a posição do filósofo muito abstrata, revisitando a ideia de que, para se 
realizar, o ser humano deve respeitar suas próprias tradições e valores. 
Na metade do século XIX, surge Friedrich Nietzsche, desvinculando 
integralmente a ética da religião, tornando-a uma ciência. Para ele, a ética seria o 
centro, justificativa e fundamentação das ações humanas; constituindo o elemento 
que possibilita a convivência, estabelecendo padrões de comportamento que reprime 
a natureza (NIETZSCHE, 1974). A partir dessa concepção, a ética tornou-se uma 
ciência normativa baseada na estrutura interna do indivíduo, mas exteriorizada à 
ciência dos outros. Isso pode ser classificado, por exemplo, como ética profissional. 
2 PRINCÍPIOS DE ÉTICA 
 Fonte: https://bit.ly/3drITqR 
O comportamento ético requer tanto um senso moral quanto uma consciência 
moral. O senso moral está preocupado com a forma como julgamos uma determinada 
situação de acordo com princípios como justiça e admiração. A consciência moral, por 
outro lado, preocupa-se não apenas com os sentimentos morais, mas também com 
as avaliações comportamentais na tomada de decisões, de modo que somos 
responsáveis pelas consequências de nossas ações (WALKER, 2015). 
 
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Dessa forma, a ética é formada tanto pelo sujeito moral como por valores 
morais e virtudes éticas. Para que um indivíduo seja ético ou moral, de acordo com 
Marilena Chauí, ele deve agir de acordo com as seguintes condições: 
 Ter uma consciência de si e dos outros que reconheça os outros como 
sujeitos éticos iguais a si; 
 Ter vontade e capacidade de controlar seus desejos e impulsos, sempre 
os voltando para um comportamento ético, com capacidade de ponderar 
possíveis alternativas diante das situações que surgirem; 
 Reconheça-se como o iniciador de suas ações, conheça as 
consequências para si e para os outros, aceite e assuma a 
responsabilidade pelas consequências de suas ações; 
 Se libertar, reconhecer-se a si mesmo como a causa interna dos seus 
comportamentos, evitar se expor a forças externas que o compelem a 
agir. Essa liberdade significa dar a si mesmo regras de conduta (CHAUÍ, 
2000). 
Outro aspecto do campo da ética é o meio pelo qual os indivíduos atingem seus 
objetivos. Para alguns autores os fins justificam os meios. No entanto, em ética, essa 
afirmação nem sempre é verdadeira. 
No campo da ética, nem todos os meios disponíveis para atingir determinado 
objetivo são válidos ou justificáveis. Para Chauí, “fins éticos exigem meios éticos." 
(CHAUÍ, 2000, p. 435). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 ÉTICA PROFISSIONAL 
 Fonte: https://bit.ly/3SkMeqb 
Um campo fundamental da ética é a sua aplicação à vida profissional das 
pessoas. A ética profissional preocupa-se, portanto, com um conjunto de normas e 
valores que dizem respeito ao comportamento e às relações no ambiente de trabalho, 
e o comportamento ético contribui para as relações de qualidade com os colegas, o 
bom funcionamento das rotinas de trabalho, e ainda na formação da imagem que 
determinada instituição transmite. 
Nesse sentido, foram desenvolvidos códigos de ética para cada profissão 
visando padronizar o comportamento dos profissionais de cada área. Os Códigos de 
Ética estabelecem as condutas que sustentam toda a ética profissional, incluindo a 
aplicação de medidas disciplinares para quem não as cumprir. Os conselhos 
profissionais individuais são responsáveis por monitorar o cumprimento de seus 
respectivos códigos de ética. A importância desses códigos também é manter a 
integridade profissional, manter a confiança do cliente e incentivar o público a 
continuar usando os determinados serviços, proporcionando tranquilidade aos 
profissionais de ética, garantindo que nenhum dano possa ser causado por aqueles 
que deturpam os princípios éticos. Algumas organizações profissionais, impõem uma 
abordagem ética e aquilo que se espera de seus empregados profissionais. Dentro 
dessa abordagem, geralmente se encontra honestidade, integridade, transparência, 
confidencialidade, respeito, etc. 
 
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Nessa perspectiva, surge o conceito de profissionalismo, que pode ser definido 
como a conduta de um indivíduo no ambiente de trabalho (MCKAY,2017). É 
importante ressaltar que essa característica nada tem a ver com o nível de qualificação 
exigido para o exercício da profissão. Ela afeta apenas os indivíduos e seu 
comportamento em seu trabalho diário. 
Ademais, o profissionalismo também deve ser observado sob duas visões 
técnicas, e não apenas uma. Deve ser observado como o trabalho está sendo 
realizado, se bom ou ruim, e também se o profissional demonstra na prática o 
comportamento ético de acordo com os valores socialmente acordados. 
De acordo com Machado, existem três aspectos importantes que contribuem 
na estrutura do profissionalismo: competência técnica, compromisso público e 
autorregulação. A competência técnica pode ser compreendida como um saber fazer. 
A falta desse traço indica falta de profissionalismo. No entanto, a competência por si 
só não é suficiente para caracterizar o perfil de um indivíduo em termos de 
profissionalismo. Na maior parte das vezes, quem é considerado profissional usa sua 
competência para o bem público e tem uma responsabilidade que vai além da sua 
remuneração. Grandes profissionais se dedicam aos seus projetos, 
independentemente de seus interesses pessoais. Por fim, o profissionalismo também 
inclui a autorregulação da prática profissional, que se refere a adesão do cumprimento 
do código de ética da profissão. Essa adesão ao cumprimento, é extremamente 
necessária para o verdadeiro compromisso público de determinada profissão 
(MACHADO, 2003). 
Portanto, a atuação ética dos profissionais deve estar alicerçada em valores 
pré-acordados, cujos princípios vão além da busca do lucro ou ganho pessoal. No 
entanto, os princípios que norteiam a ética de qualquer profissão devem ser 
considerados pelos futuros profissionais tanto antes da escolha da profissão a seguir 
quanto durante a formação profissional. É importante lembrar que, ao se formar em 
um curso superior, os alunos fazem um juramento, por meio do qual se comprometem 
e aderem a um conjunto de regras estabelecidas para o exercício de sua profissão. 
Esses aspectos devem ser sempre lembrados para uma
conduta ética e profissional 
durante o exercício de uma profissão. 
 
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3.1 Serviços 
 Um serviço pode ser compreendido como uma, ou um conjunto de atividades 
de natureza mais ou menos intangível, geralmente na interação que ocorre entre o 
cliente e os recursos físicos ou bens e sistemas dos prestadores de serviços. Esses 
recursos são fornecidos com o objetivo de solucionar problemas do cliente 
(GRÖNROOS, 2003). 
A afirmação de que o serviço é mais ou menos intangível, parte do pressuposto 
de que ele se constituí por meio de atuações e experiências, impedindo o 
estabelecimento de especificações precisas para alcançar uma qualidade consistente 
no processo de produção. Lado posto, são heterogêneos: a sua performance varia de 
pessoa para pessoa, de consumidor para consumidor e de dia para dia (ZEITHMAL 
et al. 1990). 
Kotler e Bloom definem serviço como sendo “qualquer atividade ou benefício 
que uma parte possa oferecer à outra, que seja essencialmente intangível e não 
resulte na propriedade de qualquer coisa. Sua produção pode ou não estar vinculada 
a um produto físico” (KOTLER E BLOOM, 1984 e KOTLER, 1988). Já Bowen e 
Schneider, considera o serviço “uma ação, um desempenho, um evento social, ou 
uma atividade, ou produção consumida onde é produzida” (BOWEN e SCHNEIDER, 
1988). 
Os autores supracitados afirmam ainda que, em alguns casos, se torna um 
pouco difícil entender a extensão de tais serviços, pois são intangíveis, não apenas 
fisicamente, mas também mentalmente. Para os consultores Juran (1990), Teboul 
(1991) Berry Parasuraman (1992) serviço é o trabalho desempenhado por alguém; 
caracteriza-se essencialmente pela sua interface, ou seja, o local onde o cliente e o 
prestador de serviços interagem; um processo que reúne os desejos dos clientes. Já 
na visão de Albrecht (1992) o serviço pode ser um produto básico que requer controle 
e pesquisa sistemática ou trabalho realizado por uma pessoa em benefício de outra. 
 Os serviços geralmente são o resultado de interações entre fornecedores e 
clientes, nas quais há desejo, sentimento e até expectativa de receber benefícios. 
Cabe aos fornecedores atender às expectativas dos clientes, transformando serviços 
 
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intangíveis em tangíveis. Essa é a parte mais difícil, pois exige profundo conhecimento 
do provedor (especialista) e reconhecimento do cliente. 
Medir a qualidade do serviço é uma tarefa mais difícil do que medir a qualidade 
do produto. Os produtos têm muitas propriedades físicas que também podem ser 
registradas com alta precisão usando equipamentos de medição. Já os serviços 
incluem características psicológicas e aspectos qualitativos que são difíceis de 
capturar com algum grau de certeza. A qualidade do serviço geralmente vai além da 
prestação do serviço em si. Por exemplo, em um hospital, o serviço impacta a 
qualidade de vida futura de seus clientes. 
A qualidade do serviço geralmente vai além da prestação do serviço em si. Por 
exemplo, em um hospital, o serviço impacta a qualidade de vida futura de seus 
clientes. 
A qualidade do serviço geralmente vai além da prestação do serviço em si. Por 
exemplo, em um hospital, o serviço impacta a qualidade de vida futura de seus clientes 
(GRÖNROOS, 2003). A qualidade técnica no tratamento de saúde é definida 
principalmente baseada na exatidão técnica do diagnóstico e procedimentos e a 
qualidade funcional está relacionada à maneira da prestação dos serviços de 
tratamento de saúde. 
Qualquer serviço oferecido deve estar centrado nas necessidades do cliente. 
Na área de saúde, os serviços prestados devem ir ao encontro das necessidades do 
cidadão, levando em consideração suas expectativas sobre os cuidados à saúde, 
devendo assegurar sua participação por meio do compartilhamento de 
responsabilidade pelo seu bem-estar. 
3.2 Qualidade no setor do serviço 
A qualidade de serviço tem se tornado um importante tema de pesquisa, em 
virtude de seu envolvimento significativo quanto à satisfação do consumidor (Bolton e 
Drew, 1991; Boulding et al., 1993), retenção do consumidor (Reicheld e Sasser, 1990) 
e garantia de serviço (Kandampully e Butler, 2001). 
 
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Por ter sido tendência dominante durante a última década, os teóricos 
desenvolveram vários modelos para explicar como percepções de qualidade de 
serviços são formadas, o que provocou amplos debates na comunidade acadêmica 
(Parasuraman et al.1985). Assim, a qualidade de serviço tem sido reconhecida como 
um condutor de marketing corporativo e desempenho financeiro (GRÕONROOS, 
1993; BUTLER et al, 1996; SOHAIL, 2003). 
Para se implantar e manter excelente qualidade percebida do serviço é 
necessário, compreender que a qualidade é definida pelo cliente; é uma jornada e um 
trabalho de todos; é liderança e comunicação, qualidade e integridade são 
inseparáveis. Nessa perspectiva, um Programa de Gestão da Qualidade de Serviço 
envolve subprogramas como: o desenvolvimento de um conceito de serviço; programa 
de gerenciamento das expectativas dos clientes; programa de gerenciamento do 
resultado do serviço; programa de endomarketing; programa de gerenciamento do 
ambiente físico e programa de gerenciamento da participação do consumidor. 
Para estudar os determinantes da qualidade de serviço e como os clientes 
avaliam a qualidade se toma por base os dez determinantes que caracterizam a 
percepção que os clientes têm do serviço, entre estes: competência está relacionada 
com a qualidade técnica do resultado, e o outro, credibilidade, tem uma ligação muito 
próxima com o aspecto imagem da qualidade percebida (Grönroos, 2003). Entretanto, 
as demais determinantes estão relacionadas, em maior ou menor grau, com a 
dimensão do processo da qualidade percebida. 
A qualidade de um serviço, conforme percebida pelos clientes, tem as 
seguintes dimensões: o que o cliente recebe e como o cliente recebe. O resultado 
técnico do processo-qualidade técnica - e a dimensão funcional do processo qualidade 
funcional (GRÖNROOS, 2003). 
Quanto à qualidade percebida, Parasuraman et al (1991) enfatiza a dificuldade 
de identificar a percepção da qualidade por parte do cliente para o setor de serviços, 
uma vez que, características como intangibilidade e inseparabilidade convidam o 
cliente a participar e a interagir, tornando-se parte atuante em sua elaboração. Nessa 
perspectiva, propuseram uma escala denominada SERVQUAL, que serve para 
mensurar a percepção de qualidade em serviços. O referido modelo fornece um 
 
18 
 
delineamento por meio do formato de comparação entre expectativas e percepções, 
estruturando em cinco dimensões, que pode ser adaptado ou suplementado para 
atender às características ou necessidades específicas do pesquisador. 
De acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), ao contrário de um produto 
que possui características físicas que podem ser medidas objetivamente, a qualidade 
de serviço contém muitas características psicológicas e comportamentais muito 
difíceis de mensurar. Nesse sentido, pode-se afirmar que a prestação de um serviço 
frequentemente se confunde, no mesmo momento, com o seu consumo. Portanto, os 
serviços são processos consistindo em uma série de atividades em vez de coisas, por 
isso, não é possível manter serviços em estoque, como acontece com os bens físicos, 
mas admite-se, que, mesmo não sendo possível manter serviços em estoque, pode-
se tentar manter clientes em estoque. 
3.3 Ética nos serviços de saúde 
 Fonte: https://bit.ly/3f9e1LT 
 
Ética profissional exige a deontologia, palavra que deriva do grego, significando 
deontos, obrigatório, logia e estudos. Portanto, é o mesmo que: “o estudo dos deveres 
específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional; de outro lado, 
exige a diceologia, isto é, o estudo dos direitos que a pessoa tem ao exercer suas 
atividades” (CAMARGO, 1999).
19 
 
Nesse sentido, a ética profissional torna-se inerente à natureza humana, pois 
se baseia em um rol de direitos e deveres relacionados às responsabilidades que todo 
ser humano deve exercer em seu ambiente de trabalho. 
No âmbito da saúde, a relação entre ética e prática profissional é fundamental, 
uma vez que influencia positivamente nas pessoas, alinhando engajamento e 
habilidade na formação das estruturas necessárias para que o sistema funcione, e 
também bons comportamentos na própria comunidade, de uns com os outros (BUSS, 
1990). 
Dessa forma, a ética não pode ser separada da prática profissional, uma vez 
que o bem-estar pessoal e social depende dessa união no local de trabalho. Afinal, “a 
qualidade de vida é influenciada pelo bem ou mal-estar físico, mas não depende 
apenas disso”. Já que “as metanecessidades são uma realidade evidente, para quem 
quer que analise o ser humano em profundidade” (MEZZOMO 2003). 
Por tudo isso, podemos dizer que a ética profissional é um conjunto de regras 
de conduta que devem ser praticadas por todo o exercício profissional, principalmente 
na área da saúde. 
É importante ressaltar que as considerações éticas para os profissionais de 
saúde nesse sentido incluem, entre outras coisas, a adesão dos “deveres e 
responsabilidades no exercício das atividades assistenciais” (GRACIANO; BADIM, 
2009, p. 37-38). 
Para os profissionais de saúde, a reflexão ética ocupa, assim, um papel 
altamente relevante na qualidade do comportamento humano e nas diversas relações 
profissionais, funcionando de fato como um conjunto de princípios éticos prescritivos, 
que busca a integridade de todos. Esses princípios são escritos na forma de um código 
chamado código de ética. Sua finalidade é orientar o comportamento humano 
individual dos profissionais coletivamente de acordo com os princípios de convivência 
da sociedade em geral, mas especificando as diferentes áreas profissionais (LISBOA, 
1997). 
Os códigos de ética profissional permitem um desenvolvimento harmonioso e 
regulam procedimentos e proibições que regulam o comportamento, os interesses da 
 
20 
 
sociedade, a formação de consciências coletivas e os padrões de conduta aceitáveis 
numa determinada profissão. Dessa forma é possível assegurar a sinceridade dos 
participantes dentro e fora da classe profissional a qual pertencem (CAMARGO, 1999; 
LISBOA, 1997; SÁ, 2000). 
Cada corpo profissional é normalmente composto por um número ímpar de 
especialistas da área, que se reúnem em comitês de ética por meio de conselhos de 
classe designados para a função de para proteger os interesses dos profissionais por 
meio dos Códigos de Ética. Um código de ética profissional, portanto, visa garantir o 
cumprimento por todos os membros envolvidos no grupo profissional no exercício de 
suas funções ou cargos (LISBOA, 1997). 
Uma violação da ética profissional significa, portanto, a violação de uma lei de 
consciência. Atitudes como o descumprimento de obrigações associadas a um 
emprego ou cargo, utilizando-o apenas em benefício próprio, prejudicando os seus 
dependentes, enfim, qualquer tendência a ofender as pessoas ou prejudicar a 
comunidade em geral que a profissão se destina a servir, é considerada conduta 
inadequada que viola as diretrizes da ética profissional. 
Um código de ética destina-se a regular e mitigar disputas no campo 
profissional, e muito embora não possa resolver todos os problemas que surgem, se 
trata de um documento normativo e moral que contribui para estabelecer a ordem e 
os princípios éticos das profissões. 
Qualquer falta de ética deve ser relatada ao conselho de classe ou autoridade 
de saúde relevante quando se trata de saúde pública. De modo geral, as pessoas que 
são usuárias dos serviços de saúde devem estar atentas as condutas que não 
condizem com os princípios éticos dos servidores dessa área, uma vez que eles estão 
mais próximos, e poderão detectar mais facilmente esses atos. Contudo, se sabe que 
não é fácil efetivar as denúncias, principalmente na ausência de provas concretas. 
Segundo os ensinamentos de Camon et al, existe a falta de ética até mesmo 
entre os próprios profissionais: 
Pacientes em condição de discernir sobre a conduta profissional dos 
especialistas, em condições de avaliar criticamente o atendimento 
recebido e de optar sobre o tratamento a que se submetem dificilmente 
são incluídos nas pesquisas de saúde[...] o trabalho sobre tudo na área 
 
21 
 
da saúde prefere não contar com interferências críticas, e não há nada 
de ético nestas ações (CAMON et al., 2002, p.37). 
 
De acordo com Mezzomo, “os profissionais da saúde [...] encontram pessoas 
com emoções, valores e crenças mais diversas. Nem sempre se dá a devida atenção 
a essas realidades pessoais objetivas e subjetivas”. Ao contrário, os profissionais 
médicos devem entender que todo e qualquer estado de doença revela que os 
humanos são mais do que uma realidade biofísica. Portanto, é preciso um cuidado 
que vai além do tratamento médico, abrangendo também os direitos e obrigações que 
o profissional deve ter com a sociedade. 
Qualquer programa de humanização terá forte apoio e será mais sólido 
se for efetuado pela aceitação de uma nova imagem da pessoa 
enferma e um novo conceito de responsabilidade perante a mesma 
saúde. Na verdade, mais que a pessoa em si, guarda a relação com a 
vida, ou melhor, com a qualidade de vida (MEZZOMO et al., 2003, p. 
37-38). 
Dessa forma, pode-se dizer que a vida não pode ser vista e entendida como 
uma coisa sem valor; a vida deve ser instaurada, como afirma Mezzomo et al. (2003, 
p. 38), com qualidade real, que, por sua vez, “só existe quando procede ou resulta de 
valores profundos e transcendentais”. Portanto, a promoção desses valores e respeito 
ao paciente na área da saúde torna-se “condição indispensável para se fazer 
humanização” (MEZZOMO et al, 2003). 
Nesse sentido, a ética do cuidado humanizado tem papel fundamental para o 
sucesso profissional, e é um pré-requisito para a coexistência humana em todas as 
áreas da vida. Afinal, a ética nos remete a compreender que “somente o ser humano 
é constituído como ser ético por causa do uso da razão, capacidade, liberdade e 
consciência dos seus próprios atos, pois envolve a si mesmo, o outro e a sociedade” 
(OQUISSO, 2006, p. 45). 
Schuh e Albuquerque afirmam que a ética na saúde é essencial para que os 
profissionais promovam a prestação de serviço responsável e qualificada aos 
brasileiros (SCHUH E ALBUQUERQUE 2012). Além disso, como afirmam Brandt e 
Monzillo, ela ainda possibilita algumas soluções aos novos desafios que surgem 
devido aos avanços tecnológicos da Medicina (BRANDT, MONZILLO, 2009). 
 
22 
 
Há também uma crescente investigação profissional sobre a aplicação da 
bioética, o que acabou resultando em um aumento do pensamento crítico, uma vez 
que leva a uma descrição do comportamento em determinada situação, quando ocorre 
a prática de uma atividade profissional ou pesquisa em saúde (SANTANNA; ENNES, 
2006). 
Repensar a formação dos profissionais da saúde, principalmente na 
dimensão ética do fazer cotidiano, é ponto fundamental na atualidade, 
visto que as transformações ocorrem numa escala incontrolável e as 
questões humanas estão fortemente condicionadas ao avanço técnico-
científico revolucionário, levando o homem a mudanças no seu modo 
de pensar, de agir, de ser ético (FURLAN, 2008, p. 1). 
 
Sendo assim, o reflexo da ética na atenção à saúde é tão notório quanto sua 
necessidade em outros espaços, uma vez que independente do resultado final estar 
voltado para a prática humanitária em si, ou na observância de princípios éticos, 
ambos pressupõem os valores morais e culturais, contribuindo para a construção de 
uma sociedade mais justa (SCHUH; ALBUQUERQUE, 2012). 
Outro importante ponto que caracteriza uma prática da ética, é quando o 
profissional se encontra más condições de trabalho,
e ainda assim buscar melhoria 
da qualidade da assistência médica e das capacidades de decisão, quer sejam elas 
por parte dos profissionais ou dos usuários dos serviços (BRANDT; MONZILLO, 
2009). 
De acordo com Buss, esta ação, no sentido de reconhecer a necessidade de 
formação continuada, deve envolver profissionais com experiência e habilitações 
técnico-científicas nas mais diversas áreas do sistema de saúde (BUSS, 1990). 
De modo geral, podemos concluir que os desafios relacionados a ética 
profissional têm aumentado ao passo que a contemporaneidade traz novas profissões 
e comportamentos. Nas palavras de Huhne, “agora ao alcance de todos, renasce” e o 
“desafio é encontrar um ponto de partida novo, abrangente e capaz de interpretar o 
homem, a terra e o universo nas suas novas circunstâncias” (HÜHNE, 1997, p. 27). 
Diante dessa afirmação, é notório a necessidade e importância do resgate ético 
como mediação e diálogo não só para a aplicação da ética na prática dos profissionais 
médicos, mas também para sobreviver a um século marcado pela desigualdade e por 
 
23 
 
um intenso individualismo que se impõe em meio aos grandes paradoxos e 
contradições do mundo de hoje (COSTA, 2003; RUSS,1999). 
4 RELAÇÕES HUMANAS, TRABALHO EM EQUIPE, QUALIDADE NO 
ATENDIMENTO PÚBLICO. 
De acordo com Pepe, cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de 
pensar a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há pessoas 
mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há àquelas que se interessam em aprender 
constantemente, outras não, enfim, muitas têm objetivos diferenciados e nesta 
situação, por vezes priorizam o que melhor lhes convém e às vezes estará em conflito 
com a própria empresa (PEPE, 2008). 
Como observado por Bom Sucesso, o autoconhecimento e o conhecimento do 
outro, são componentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no 
trabalho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades mais 
observadas, destacam-se: a falta de objetivos pessoais, dificuldade em priorizar e 
dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 2002). 
É bom lembrar também que o ser humano é individual, é único e que, portanto, 
também reage de forma única e individual a situações semelhantes. 
Para Bom Sucesso (1997, p. 176) no cenário idealizado de pleno emprego, 
mesmo de ótimas condições financeiras, conforto e segurança, alguns trabalhadores 
ainda estarão tomados pelo sofrimento emocional. Outros, necessitados, cavando o 
alimento diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes, 
esperançosos. 
Nesse contexto e de acordo com os processos dinâmicos e interativos de gerir 
pessoas (agregar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar) estabelecidos por 
Chiavenato (2005), a promoção da socialização do funcionário ou colaborador 
também agrega valor às inter-relações no ambiente de trabalho, ou seja, as empresas 
precisam promover a socialização dos novos funcionários, o que pode acontecer 
através de vários programas de integração, quer sejam do tipo formal ou informal; 
individual ou coletivo; uniforme ou variável, dentre outros. 
 
24 
 
Um ambiente saudável, rico, tranquilo e, ao mesmo tempo desafiador, que leve 
o indivíduo a buscar novas conquistas, a satisfazer novas necessidades, favorece não 
só as relações pessoais, mas o bom desenvolvimento, a fruição dos trabalhos e o 
atendimento dos objetivos da administração, quer seja ela pública ou privada. 
Em 1956, Armand V. Feigenbaun lançou o livro Total Quality Control: 
Engineering and management, através do qual surgiu o conceito de Controle de 
Qualidade Total (CQT), tendo o mesmo defendido a ideia de que a qualidade só 
poderá resultar de um trabalho feito em conjunto de todos os que estão envolvidos no 
desempenho da organização, não apenas de um grupo de pessoas (FEIGENBAUM, 
1956). Para o autor, o conceito de Qualidade Total, significa qualidade em todos os 
aspectos das operações da empresa, é responsabilidade de todos e de cada um dos 
membros da organização que intervêm em cada etapa do processo. 
No que diz respeito ao desenvolvimento da qualidade total, na literatura alguns 
autores afirmam que é sinônimo de qualidade absoluta ou qualidade acabada. 
Entretanto, Mezzomo (2001) afirma que essas expressões não têm sentido, porque 
qualidade não é algo estático, mas dinâmico; qualidade não é um estado, mas, 
processo (busca continuada). Pode-se definir a qualidade total como um esforço 
corporativo (compromisso de todos e em todos os níveis) para adquirir a estrutura e 
os processos à produção dos resultados previstos/satisfação dos clientes: internos e 
externos, e a sua melhoria continuada. 
A busca da qualidade pelos consumidores ocorre como reflexo de suas 
necessidades e expectativas em relação ao serviço a ser recebido. São componentes 
inseparáveis para a prática do gerenciamento da qualidade total, o planejamento da 
qualidade, a manutenção da qualidade, a melhoria da qualidade. 
Nesse sentido, Varo (1994 p.10) afirma que na atualidade, “a extensão do 
conceito de qualidade a todas as áreas da empresa conduz ao conceito de qualidade 
total”. Para ele, qualidade total é o conjunto de princípios e métodos organizados e de 
estratégia global que intentam mobilizar toda a empresa, com o fim de obter uma 
melhor satisfação do cliente ao menor custo. Portanto, é um sistema integrador dos 
esforços de melhoria contínua da qualidade de todas as pessoas de uma organização, 
para prover produtos e serviços que satisfaçam às necessidades dos consumidores. 
 
25 
 
Os autores José de Domingo e Alberto Arranz, explicitam os princípios básicos 
de comportamento que se encontram implícitos na própria definição de qualidade 
total: 
a) Conseguir satisfazer os clientes: 
Estabelecer e melhorar as relações cliente-provedor; 
Satisfazer a (os) clientes internos; 
Conhecer os requisitos dos clientes; 
Medir o grau de satisfação do cliente; 
Responder a todas as expectativas do cliente. 
b) Implicação e apoio incondicional da direção: 
Deve fazer patente de seu compromisso pela qualidade e dispor os meios; 
Deve liderar a implantação da Qualidade Total; 
Deve planejá-lo de um modo permanente; 
Deve estabelecer canal de comunicação. 
c) Participação e Cooperação do Pessoal: 
Coordenação e participação de todos os departamentos; 
Atribuição de responsabilidades, e motivar; 
Fomentar e obter a adesão e participação do pessoal; 
Possibilitar o desenvolvimento pessoal e profissional. 
d) A melhora contínua e a inovação: 
Inovação em tecnologia, e em novos produtos; 
Prevenção e avaliação; 
Inovação em novos sistemas; 
Para a melhora, contar com o potencial humano. 
e) A formação permanente: 
Para envolver o pessoal é necessário formá-lo; 
 
26 
 
Estabelecer planos de formação; 
Facilitar e fomentar sua educação; 
Informação e reconhecimento. (ACINAS; MOLINERO, 1997). 
Essa visão traduz um enfoque que tem em vista melhorar a eficácia e a 
flexibilidade global da empresa, uma via para envolver toda a organização, todos os 
departamentos, grupos, pessoas e atividades. É, portanto, uma filosofia empresarial 
que conforma uma estratégia de mudança na organização e um modelo de gestão. 
Esse modelo se apoia em três pilares: orientação ao cliente; liderança em custo de 
produção; orientação ao cliente interno. 
A qualidade total é “um método sistemático de aperfeiçoamento do 
conhecimento dos processos e sistemas que permitem colocar cada pessoa no 
comando do seu próprio processo, para modificá-lo, melhorando-o, simplificando-o ou 
revendo-o” (TEBOUL, 1991 p.282). Em outras palavras, é uma filosofia de gestão que 
pressupõe um envolvimento de todos os membros de uma organização em uma 
constante busca de autossuperação e contínuo aperfeiçoamento. Essa filosofia traz 
resultados concretos, como comprovam as empresas bem-sucedidas no mundo atual 
(CHIAVENATO, 1999). 
De acordo com Chiavenato, as
características básicas da qualidade total são 
formadas por sete aspectos distintos: 
 Organizacionalmente extenso e se transmite por meio das áreas funcionais; 
 Evidencia a qualidade dos processos que levam ao produto ou serviço; 
 É um processo de melhoria contínua; 
 Necessita de total apoio da alta administração e o envolvimento de todos no 
esforço pela qualidade; 
 A pessoa central é o consumidor; 
 Baseia-se na solução de problemas e no empowerment da força de trabalho; 
 Envolve uma abordagem de equipes (CHIAVENATO, 2000). 
Dessa forma, o sucesso dos programas de qualidade total, depende, 
essencialmente, da atuação dos gerentes em todos os níveis hierárquicos da 
organização (CARVALHO, 1995:168). Todas as características descritas acima, 
 
27 
 
formam o TQM, que é a gestão de qualidade total. Trata-se de uma autêntica 
revolução administrativa, onde os gerentes devem observar algumas tarefas, como, 
por exemplo: analisar o desenvolvimento individual e coletivo da sua equipe de 
trabalho, em função dos resultados esperados; controlar a prática do processo de 
qualidade, inovando as oportunidades para que seus colaboradores possam avaliar e 
acompanhar sua viabilidade, custos, expectativas etc.; desenvolver programas de 
treinamento e reciclagem de seus auxiliares, em face dos desafios impostos pelo 
processo de qualidade; divulgar a política da qualidade adotada pela empresa a cada 
membro do grupo, monitorando e aperfeiçoando os índices de erros, defeitos e 
desperdícios (CARVALHO, 1995). O desempenho geral da liderança deve, portanto, 
estar imbuído do desejo de realmente melhorar a qualidade dos produtos e serviços. 
Para Varo, a qualidade total, que consiste no controle total da qualidade (TQC) 
e no total quality managemment (TQM), levam a um processo de análise de cada 
sistema crítico de uma organização e estabelecimento de ações básicas que sempre 
funcionam, com o objetivo de alcançar o funcionamento ideal do sistema (VARO, 
1994). 
Deve-se considerar, que a qualidade total afeta todas as áreas da empresa, 
portanto: 
“a organização deve ser conduzida como um sistema aberto que 
integra elementos externos, tais como os clientes e os provedores, e 
toda a sua cadeia produtiva, inclusive seu desenho, normalização, 
tecnologia, provedores e compras, pessoal, produção, controle final, 
promoção da saúde, assistência continuada, clientes e usuários, 
marketing e investigação e desenvolvimento” (VARO, 1994, p. 344). 
 
Do ponto de vista empresarial, para funcionar plenamente, a qualidade total 
deve ser aplicada a todas as áreas, iniciando-se pelo topo da empresa. Os problemas 
para a implantação da qualidade total podem ser solucionados com diversas atuações 
dirigidas a toda a empresa: a formação, a comunicação e a informação, a participação 
e colaboração de todo o pessoal, o apoio e facilidades às pessoas, a orientação dos 
objetivos, a prioridade de ação sobre as pessoas, a promoção e seleção do pessoal e 
a avaliação contínua da qualidade (VARO, 1994). 
 
28 
 
A implementação do processo da qualidade total requer uma visão de futuro, 
o envolvimento de todos, em todos os níveis, através de um consistente plano de 
educação e treinamento. Exige ainda a criação de uma estrutura de apoio, de 
monitoria e de realimentação do processo, a celebração dos sucessos e a permanente 
avaliação do nível de satisfação dos clientes, de modo a poder antecipar, atender e 
exceder sua expectativa. 
O movimento da qualidade total no Brasil foi iniciado na década de 1970 pelos 
pioneiros professores Vicente Falconi e José Martins de Godoy. O caminho percorrido 
foi mais ou menos semelhante ao de outros países: começou pela área industrial, com 
rápida expansão para os setores de serviços, estendendo-se para a educação, a 
saúde, a administração pública, alcançando, por fim, todos os setores de atividades, 
em empresas e organizações públicas e privadas, nas diversas regiões brasileiras 
(NOGUEIRA, 1999). 
4.1 A ética na saúde como Política Pública 
O final da década de 1990 foi marcado por uma ampliação das propostas de 
políticas governamentais para humanizar a atenção à saúde. No ano de 2001, o 
Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Humanização da Assistência 
Hospitalar (PNHAH). O programa propõe uma série de ações integradas que visam à 
mudança dos padrões de atendimento ao usuário no ambiente hospitalar público. 
Esse programa teve como foco a necessidade de mudança cultural no ambiente 
hospitalar, pautado pelo atendimento humanizado aos usuários, pois levaria à maior 
qualidade e efetividade das medidas desenvolvidas. 
Ele demonstrou ainda como é necessário e importante que as relações 
humanas vinculadas à saúde exigem "agregar à eficiência técnica e científica uma 
ética que considere e respeite a singularidade das necessidades do usuário e do 
profissional, que acolha o desconhecido e imprevisível, que aceite os limites de cada 
situação" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 
Uma diferença notável em relação à proposta dos Direitos do Usuário é que 
este programa incorpora o interesse em atualizar, capacitar e desenvolver 
 
29 
 
profissionais de saúde para desempenhar as tarefas de cuidado com seus pacientes. 
As políticas de saúde devem sempre observar e garantir a eficácia dos direitos dos 
usuários, garantindo que eles se mantenham satisfeitos e amparados. 
O principal objetivo desse programa foi capacitar os profissionais de saúde para 
abordar os aspectos psicossociais dos usuários e seus familiares. Com a crescente 
especialização e mecanização das condutas desempenhadas pelos profissionais de 
saúde e a consequente emergência de progressivas novas formas de organização do 
trabalho, esta é uma das condições essenciais para a eficácia da prática humanizada, 
que inspirou o trabalho em equipe multidisciplinar. 
O PNHN mostrou que a qualidade da assistência à saúde deve consistir não 
apenas em aspectos técnicos ou organizacionais, mas também em competências e 
interações técnicas, incorporando valores e atitudes que respeitem a vida humana. 
O documento base do programa também enfatiza a necessidade de melhorar 
a imagem dos serviços públicos de saúde, não apenas entre os usuários, mas entre 
os próprios profissionais de saúde. Quando o profissional se sente respeitado pela 
instituição a qual ele está inserido, ele irá atender com mais eficiência. 
O Programa mostra ainda o papel do gestor para dar eficácia ao processo de 
humanização dos serviços de saúde, pois ele é um dos principais responsáveis por 
prover condições apropriadas para que os funcionários e servidores sejam valorizados 
em seu trabalho e os usuários tenham seus direitos garantidos. 
No ano de 2003, o Ministério da Saúde iniciou uma proposta que ampliasse a 
humanização para além do ambiente hospitalar e determinou a Política Nacional de 
Humanização da Atenção e Gestão em Saúde no SUS. Essa política visa atingir todos 
os níveis de atenção à saúde, entendendo a humanização como uma transformação 
cultural do cuidado aos usuários e a gestão dos processos de trabalho que devem 
permear todas as ações e serviços de saúde, com caráter transversal. 
A proposta do Humaniza SUS apresenta algumas diferenças de seus 
antecessores ao incluir nos conceitos de humanização, além dos direitos do usuário 
e do "cuidado do cuidador", o sistema de saúde e os serviços de saúde prezam por 
melhorar os aspectos organizacionais, fundamental para criar as condições 
 
30 
 
adequadas para o desenvolvimento do comportamento humanizado. Todas essas 
propostas preservam os princípios e diretrizes contidos nas leis e regulamentos 
relativos à estrutura do SUS, como atenção integral, universalidade, hierarquização e 
localização dos serviços e controle social. 
A prática humanizadora, consiste no tratamento e solução de problemas, como, 
por exemplo, as filas de espera e outras diversas dificuldades
enfrentadas por grande 
parte dos usuários dos serviços de saúde. Existe uma intensa necessidade de ampliar 
os mecanismos de comunicação e informações nesses setores. Nos serviços de 
atenção básica, devem ser desenvolvidos projetos de tratamento individual e coletivo 
para os usuários, formas de aceitação e engajamento do cliente, práticas que 
promovam a redução do uso de drogas e fortaleçam as relações entre a saúde. 
4.2 Princípios da Política Nacional de Humanização 
Como já enfatizado no tópico anterior, de forma simplificada podemos dizer que 
a Política Nacional de Humanização, que também é chamada de Humaniza SUS, 
preconiza o envolvimento de trabalhadores, usuários e gestores na produção e gestão 
do cuidado no âmbito da saúde. A humanização se manifesta como a aceitação de 
diferenças nos processos de gestão e cuidado por meio de mudanças, que são 
moldadas coletiva e cooperativamente e não por indivíduos ou grupos isolados. Isso 
significa que precisamos envolver todos os envolvidos direta ou indiretamente no 
processo para desenvolver novas formas de cuidado e novas formas de organização 
do trabalho. 
A PNH foi construída a partir de princípios, métodos, diretrizes e dispositivos 
baseados no conceito de humanização centrado em três pilares: ética, estética e 
política. Essa associação visa, portanto, segregar, ao invés de generalizar, a 
experiência humana por meio do engajamento social e político somado à realidade, a 
partir da escuta das diferenças entre os sujeitos. 
 Ética: compromisso de reconhecimento do outro, acolhendo-o em suas 
diferenças, dores, alegrias, modos de ver, sentir e estar na vida. 
 
31 
 
 Estética: invenção de estratégias, nas relações e no cotidiano, 
significando a vida e o viver na construção da própria humanidade. 
 Política: compromisso coletivo em envolver-se no contexto de saúde. 
(BRASIL, 2013). 
A dimensão ética caracteriza-se, assim, pela escuta e pela mudança que traz 
a todos os seres humanos, aceitação de outros modos de ser, afirmação da vida como 
diversidade, abertura ao diálogo e mudança de atitude. Já a dimensão estética, em 
seu compromisso com o movimento contínuo e o fluxo criativo, é empregada na 
invenção de várias técnicas e determina novas formas de subjetividade. Por fim, a 
dimensão política problematiza e critica a realidade e emerge nas relações de poder 
e na democratização institucional, a partir do princípio de protagonistas dos diversos 
sujeitos da própria PNH. 
O paradigma científico representa os desafios enfrentados pela PNH, desde a 
produção de conhecimento e educação em saúde, desde a compreensão das 
propostas até sua implementação no SUS. Essa área inclui esforços para formar 
apoiadores institucionais. 
A PNH é constituída por três princípios, por meio do qual ela se manifesta como 
política pública de saúde. 
O primeiro princípio se trata da transversalidade, onde diferentes disciplinas e 
práticas de saúde podem influenciar a experiência dos atendidos, e juntos esses 
saberes criam saúde de forma mais corresponsável. Esse princípio possibilita a 
transformação das relações de trabalho ao aumentar o grau de contato e comunicação 
entre pessoas e grupos, minimizando o isolamento e as relações de poder 
hierárquicas (BRASIL, 2013). 
O segundo princípio é a indissociabilidade entre atenção e gestão. Por meio 
dele é estabelecido que os trabalhadores sejam participantes ativos nos processos 
decisórios dos órgãos de saúde e nas atividades de saúde coletiva. A assistência e o 
apoio à saúde não devem se limitar às responsabilidades da equipe de saúde. Os 
usuários e suas redes sociais familiares devem cuidar de si no tratamento e ter um 
papel preponderante na sua saúde e na dos outros. 
 
32 
 
Isso nos permite determinar que as mudanças nos métodos de cuidado não 
podem ser separadas das mudanças na forma como o trabalho é gerenciado e 
atribuído. Ou seja, indissociabilidade entre clínica e política, entre saúde e produção 
de sujeito (BRASIL, 2013). 
O terceiro princípio é o Protagonismo, que está vinculado a responsabilidade 
conjunta e a autonomia de sujeitos e grupos, com objetivo de um maior controle e 
atenção construídos pela ampliação da própria autonomia e vontade das partes que 
compartilham a responsabilidade. Portanto, os usuários não são apenas pacientes, e 
os trabalhadores não estão apenas cumprindo ordens, possibilitando mudanças de 
acordo com o reconhecimento do papel de cada um, reforçando o trabalho na 
autoprodução e na produção mundial, diferentes realidades sociais, econômicas, 
políticas, institucionais e culturais (BRASIL, 2013). 
Assim, por meio dessas diretrizes, um SUS humanizado reconhece que todos 
são cidadãos legítimos, com direitos, valores e incentiva sua atuação na produção 
saudável. 
Como diretrizes, é determinado: 
 acolhimento; 
 gestão participativa e cogestão; 
 ambiência; 
 clínica ampliada e compartilhada; 
 valorização do trabalhador; 
 defesa dos direitos dos usuários (BRASIL, 2013). 
Os métodos da PNH, por sua vez, buscam a inclusão nos processos de 
produção de saúde e de seus diferentes agentes, caracterizando um “método de 
tríplice inclusão” (HECKERT; NEVES, p. 145-160, 2010): 
 Envolvimento de diferentes atores (gestores, trabalhadores, usuários) 
— produção de autonomia, e responsabilidade compartilhada. 
 O envolvimento de analistas sociais ou fenômenos que desestabilizam, 
acolhem e facilitam processos de mudança nos modelos tradicionais de 
atenção e gestão. 
 
33 
 
 envolvimento de grupos, seja por movimentos sociais organizados ou 
como experiências pessoais sensíveis (mudanças de percepção e 
impacto) de trabalhadores de saúde trabalhando em grupo. 
De modo geral, pode-se concluir que, as diretrizes da PNH, com métodos de 
inclusão, devem: ampliar clínicas, promover o acolhimento, concretizar avaliações do 
trabalho e do trabalhador, defender os direitos dos usuários e incentivar grupos, 
coletivos e redes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da 
Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Documento base para gestores 
e trabalhadores do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 
Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 4. ed. 4. reimp. – Brasília: 
Editora do Ministério da Saúde, 2010. 
 
BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações Interpessoais e Qualidade de Vida no 
Trabalho. São Paulo: Qualitymark, 2002. 
 
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