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introdução ao direito constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Introdução ao direito 
constitucional
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A L F A C O N
Sumário
Introdução ao direito constitucional �����������������������������������������������������������������������������3
1� Observações iniciais ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3
2� Conceito de direito constitucional e constitucionalismo �������������������������������������������������������������������������������������� 3
2.1 O constitucionalismo na história ....................................................................................................................................... 4
3� Neoconstitucionalismo – idade contemporânea ���������������������������������������������������������������������������������������������������� 7
4� Estrutura da constituição ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 7
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Introdução ao direito constitucional
1. Observações iniciais
• Fala minha aluna e meu aluno! Sou o professor Diogo Medeiros, Delegado de Polícia do Estado de Santa Catarina. 
Tenho bastante experiência em concursos públicos policiais, já fui aprovado em 06 concursos de polícia, sendo 
03 deles de delegado. Então, a partir de agora, vem comigo nessa jornada de direito constitucional que cai em 
qualquer prova de concurso público.
• A primeira preocupação é estudar a Lei Seca. A maioria das questões da sua prova vai cobrar os artigos consti-
tucionais neste ponto.
• Lembre-se que normalmente cai NOÇÕES de direito constitucional. Cuidado para não aprofundar com doutrinas 
desnecessárias. Apesar que no último edital PRF 2021, o examinador suprimiu a expressão NOÇÕES no bloco de 
direito.
• Constituição Federal em áudio. Site do Senado Federal.
2. Conceito de direito constitucional e constitucionalismo
O professor José Afonso da Silva observa que o direito constitucional “configura-se como Direito Público fundamental 
por referir-se diretamente à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo 
e ao estabelecimento das bases da estrutura política”.
Constituição é o conjunto de normas fundamentais e supremas, que podem ser escritas ou não, responsáveis pela 
criação, estruturação e organização político-jurídica de um Estado.
Canotilho define o constitucionalismo como uma “... teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indis-
pensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Neste 
sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.
A Constituição decorre da ideia de constituir, organizar, ou seja, trata dos elementos constitutivos do Estado, de modo 
que não existe um País sem uma Constituição, isto é, sem uma estrutura mínima de organização.
O constitucionalismo é um movimento político, cultural e jurídico de limitação do poder do Estado. Em sentido amplo, é a 
existência de uma Constituição em cada País. Em sentido estrito, trata da garantia de direitos e separação de poderes. 
O art. 16 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, na época da Revolução Francesa, preceituou:
Art. 16º. A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos 
poderes não tem Constituição.
O conceito ideal de Constituição, na visão de Canotilho, possui os seguintes elementos:
• Documento escrito;
• Garantia de liberdades e participação política do povo;
• Separação de poderes.
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É relevante destacar que toda Constituição tem supremacia material, no sentido de tratar dos assuntos mais importan-
tes de um País – separação dos poderes, direitos fundamentais, princípios estruturantes, forma de governo, sistema de 
governo, forma de Estado.
A nossa Constituição, além de supremacia material, também tem uma supremacia formal, de modo que o processo para 
alteração das normas constitucionais é mais rígido, dificultoso do que a elaboração ou alteração das leis abaixo das 
normas constitucionais, denominadas de leis infraconstitucionais.
2.1 O constitucionalismo na história
A evolução histórica do constitucionalismo divide-se em quatro grandes eras: idade antiga, idade média, idade moderna 
e idade contemporânea.
Fase da Antiguidade
• Na antiguidade destacam-se códigos de comportamento baseado no amor e respeito ao outro.
• Na Suméria antiga, o Rei Hammurabi da Babilônia editou o Código de Hammurabi, que é considerado o primeiro 
código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos dos indivíduos (1792-1750 a.C.), em especial o 
direito à vida, propriedade, honra, consolidando os costumes e estendendo a lei a todos os súditos do Império. 
Chama a atenção nesse Código a Lei do Talião, que impunha a reciprocidade no trato de ofensas (o ofensor deveria 
receber a mesma ofensa proferida) – o famoso olho por olho, dente por dente.
• Grécia: herança grega na participação política de cidadãos na vida política da “Polis” (democracia direta). Ideário 
de liberdade. Glorificavam o homem como a mais importante criatura do universo. Democracia ateniense. Já se 
falava em direitos naturais – Lei escrita era fundamento da sociedade política. A lei não escrita era fruto da vontade 
divina. De maneira que a lei escrita não poderia contrariar a lei divina.
• Roma: consagração de direito como propriedade, direitos privados. Surge em Roma, a Lei das 12 tábuas; (séc. V a.C.). 
Cícero entendeu que cabia ao homem bom e justo desrespeitar leis postas que contrariassem a justiça universal.
Fase da Idade média
• Poder dos governantes ilimitado, fundado na vontade divina. Primeiros documentos de reivindicação da liberdade.
• Cristianismo contribuiu para os direitos humanos: vários trechos bíblicos que pregam igualdade e solidariedade 
com o semelhante
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Obs.: A principal inovação na Magna Carta se deu no fato de reconhecer que direitos próprios de dois estamentos 
livres – nobreza e clero – existiam, independente do consentimento do monarca, e não podiam ser por ele modificado 
de forma unilateral.
Declaração das Cortes de Leão, 1188
Península Ibérica. Consistiu em manifestação que consagrou a luta dos senhores feudais contra a centralização e o 
nascimento futuro do Estado Nacional.
Fase da idade moderna (constitucionalismo clássico/liberal e social)
Constitucionalismo Liberal: a terminologia decorre da positivação daqueles primeiros direitos – tidos como naturais - e 
que passam a serem positivados em documentos em alguns países europeus. É fruto das revoluções liberais - inglesa, 
americana e francesa, marcam a primeira afirmação dos direitos humanos – Direitos Civis e políticos. A revolução inglesa 
foi a primeira delas.
Surgem os primeiros documentos de pedido de liberdade na Inglaterra, mais precisamente no que se refere a limitação 
dos poderes absolutos do Rei e a expansão dos poderes do Parlamento.
Obs.: A revolução Gloriosa foi um movimento pacífico inglês, de conteúdo religioso, ocorrido em 1688, substituiu o Rei 
Jaime II Stuart por Guilherme III de Orange, resultando no triunfo do Parlamento.
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O “Bill of Rights” foi o documento imposto pelo parlamento como condição do príncipe Guilherme III de Orange assumir 
o trono inglês.
- Act of Settlement, de 1701 – Reafirma a vontade da lei, resguardando os súditos da tirania.
- Portanto, conforme visto, na Revolução Inglesa, tivemos os seguintes documentos:
• Petition of Rights;
• HC Act;
• Bill of Rights;
• Act of Setlement.
O Pacto de Mayflower de 1620 foi escrito pelos peregrinos que cruzaram o Atlântico a bordo do navio Mayflower. É uma 
espécie de contrato social,um acordo de vontades entre as pessoas que iriam para o EUA para começar a colonização.
A independência das antigas 13 colônias britânicas da América do Norte em 1776, reunidas primeiro sob a forma de 
confederação e constituída, em seguida, em Estado Federal, em 1787, representou o ato inaugural da democracia 
moderna, combinando sob o regime constitucional a representação popular com a limitação de poder governamentais 
e respeito a alguns direitos.
Os governos são instituídos entre os homens para garantir seus direitos naturais, de tal forma que “toda vez que alguma 
forma de governo torna-se destrutiva (dos fins naturais de vida em sociedade) é direito do povo alterá-la ou aboli-la e 
instituir nova forma de governo”.
“Consideramos as seguintes verdades como auto evidentes, a saber: que todos os homens são criaturas iguais, dotadas 
pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”
As 10 emendas protegem liberdades fundamentais como a de expressão, a de religião, a de guardar e usar armas, a de 
assembleia e de petição. Assegura a igualdade de todos, de maneira livre e independente como um direito nato. Proíbe 
busca e apreensão sem razão alguma, o castigo cruel e a confissão forçada, entre outros direitos.
Na França
- Declaração Francesa dos direitos do homem e do cidadão de 1789:
Consagra liberdade, igualdade e fraternidade. Levou a abolição de privilégios de várias castas e a emancipação de poder 
pelo povo em substituição ao monarca.
Liberdade e igualdade entre os homens, necessidade de conservação de seus direitos naturais, ou seja, liberdade, 
propriedade, segurança e resistência a opressão, autonomia da nação, legalidade, participação popular, entre outros.
A Declaração Francesa foi referência para diversas Constituições no mundo.
A declaração francesa e direitos e deveres do homem e do cidadão e a declaração americana resultam na emancipação 
do indivíduo perante grupos sociais, os quais sempre se submeteu: família, estamento e religião.
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A sociedade liberal, a partir de então, oferece o princípio da legalidade como norteador da sociedade política.
Fase do Constitucionalismo Social
A fase do denominado constitucionalismo social marca o surgimento dos direitos de 2ª geração: direitos sociais, eco-
nômicos e culturais.
O liberalismo político e econômico à época resultou em desigualdade. Dessa maneira, a sociedade começou a demandar 
do Estado uma intervenção – direitos prestacionais - para diminuir tais desigualdades.
Constituição Mexicana, 1917
Primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais – positivados na Constituição.
Ex.: Limitação da jornada de trabalho, desemprego, proteção da maternidade, idade mínima de admissão de empregados 
nas fábricas e o trabalho noturno de menores.
Constituição de Weimar (alemã), 1919
Previsão de direitos civis e políticos e direitos sociais.
Estabeleceu pela primeira vez na história, a regra da igualdade jurídica entre marido e mulher, equiparou os filhos ilegíti-
mos aos legítimos (havidos no matrimônio). Família e juventude postas sob a proteção do Estado. Previsão de educação 
pública e direitos trabalhistas. Função social da propriedade: “a propriedade obriga”.
Organização Internacional do Trabalho, 1919 (OIT)
A OIT foi instituída como uma agência da Liga das Nações após a assinatura do Tratado de Versalhes (1919), que deu 
fim à Primeira Guerra Mundial. Trata, portanto, de Direitos trabalhistas de cunho universal. Direitos sociais e econômicos.
3. Neoconstitucionalismo – idade contemporânea
No início do século XXI, a doutrina começa a falar do denominado neoconstitucionalismo, visando, não somente, conferir 
a ideia de limitação de poder do Estado, mas, acima de tudo, buscando conferir eficácia as normas constitucionais. O 
fenômeno influenciou a nossa CF e promoveu o fortalecimento dos direitos fundamentais, notadamente os direitos sociais.
Com o neoconstitucionalismo, temos uma constituição com as seguintes características:
• Existência de normas jurídicas: regras e princípios;
• Dignidade da pessoa humana como núcleo axiológico de todo o sistema jurídico;
• Existência de um estado democrático de direito;
• Fortalecimento do poder judiciário;
• Força normativa da Constituição.
4. Estrutura da constituição
No interior da Constituição Federal, temos duas espécies de normas constitucionais:
 ͫ Normas constitucionais originárias: São aquelas decorrentes da edição da própria Constituição. Manifestação 
do poder constituinte originário.
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 ͫ Normas constitucionais derivadas: São aquelas que surgem pelo processo de alteração formal da Constituição, 
pelas Emendas Constitucionais (art. 60 da CF). São manifestações do poder constituinte derivado reformador.
Obs.: Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias e derivadas. A única diferença é que as normas 
constitucionais originárias não podem passar pelo controle de constitucionalidade.
A Constituição é estruturada em três partes:
• Preâmbulo: é um protocolo de intenções, viés político e não jurídico. O STF entendeu que não tem relevância jurídica.
• Parte permanente (250 artigos, divididos em nove títulos).
Título I - Dos Princípios Fundamentais (arts. 1º a 4).
Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais (arts. 5º a 17).
Título III - Da Organização do Estado (arts. 18 a 43).
Título IV - Da Organização dos Poderes (arts. 44 a 135).
Título V - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (arts. 136 a 144).
Título VI - Da Tributação e do Orçamento (arts. 145 a 169).
Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira (arts. 170 a 192).
Título VIII - Da Ordem Social (arts. 193 a 232).
Título IX - Das Disposições Constitucionais Gerais (arts. 233 a 250).
• Ato das disposições constitucionais transitórias.
Título X - Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias (arts. 1º a 114).
	Introdução ao direito constitucional
	1. Observações iniciais
	2. Conceito de direito constitucional e constitucionalismo
	2.1 O constitucionalismo na história
	3. Neoconstitucionalismo – idade contemporânea
	4. Estrutura da constituição

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