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PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL AULA 7 ABERTURA Olá! A gestão de pessoas, desde o nascimento do movimento das relações humanas até os dias de hoje, busca compreender o comportamento humano nas organizações e atualmente evoluiu para uma concepção das pessoas como parceiros estratégicos e sua inserção na missão e visão da empresa. É na visão que se encontra a imagem que a empresa tem de si e do seu futuro, ou seja, onde a empresa está e o que deverá fazer para chegar aos seus objetivos, na sua imagem ideal. Analisando o ambiente interno das organizações, você vai estudar a cultura com suas crenças, práticas, símbolos, valores, costumes, regras, comportamentos, princípios éticos e morais, políticas internas e externas e clima organizacional, que guiarão os comportamentos de todos os seus integrantes, que serão influenciados pelas diretrizes e premissas. Num esforço para se destacar com uma imagem corporativa que sensibiliza os clientes no seu processo de compra e os investidores na garantia de um resultado sustentável, você vai ver uma análise das ações sociais praticadas por algumas empresas. Nesta aula, dentro dos temas gestão de pessoas, imagem da empresa, cultura organizacional e responsabilidade social, você vai ter a oportunidade de conhecer sobre a ocorrência ou não de mudanças significativas nas políticas e práticas de gestão de pessoas das empresas que incorporam a sustentabilidade em sua estratégia de negócios. Bons estudos. Imagem da empresa na sociedade REFERENCIAL TEÓRICO No ambiente interno das organizações, cultura com suas crenças, práticas, símbolos, valores, costumes, regras, comportamentos, princípios éticos e morais, políticas internas e externas e clima organizacional conduzirão os comportamentos de todos os seus integrantes, que serão influenciados pelas diretrizes e premissas. Com as ações de responsabilidade social, as empresas fazem um esforço para se destacar com uma imagem corporativa que sensibiliza os clientes no seu processo de compra e aos investidores na garantia de um resultado sustentável. No capítulo "Imagem da empresa na sociedade", da obra Imagem pessoal, você vai estudar como a gestão de pessoas pode interferir na imagem da empresa a partir do seu desenvolvimento histórico e os princípios que nortearam os postulados básicos, desde o nascimento do movimento das relações humanas até os dias de hoje, com a sua concepção das pessoas como parceiros estratégicos, e sua inserção na missão e visão das empresa. Faça esta leitura e você reunirá os seguintes aprendizados: • Identificar de que modo a política vigente de gestão de pessoas pode interferir na imagem da empresa na ambiência social. • Relacionar cultura organizacional com a imagem da empresa na sociedade. • Explicar as relações entre responsabilidade social e imagem das empresas. Boa leitura. Imagem da empresa na sociedade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar de que modo a política de gestão de pessoas pode interferir na imagem da empresa na ambiência social. � Relacionar cultura organizacional com a imagem da empresa na sociedade. � Explicar as relações entre responsabilidade social e a imagem da empresa. Introdução Neste capítulo, você irá estudar como a gestão de pessoas pode in- terferir na imagem da empresa a partir da sua prática que, de modo geral, se organiza em torno do contexto social e econômico em que as organizações se inserem. Desde a sua emergência até os dias atuais, podemos identificar marcos importantes na história de desenvolvimento dos recursos humanos nas organizações, como a valorização do ser humano e o surgimento da escola das relações humanas para fazer oposição ao modelo taylorista-fordista. Ao longo da história, as funções práticas de recursos humanos advêm do desenvolvimento do humanismo nas organizações, considerando as seguintes contingências: desenvolvimento econômico e tecnológico, experiências e doutrinas humanistas do final do século XIX, acirramento das relações de trabalho e reformismo que surge para apaziguá-las, evo- lução das ciências comportamentais. Nos dias de hoje, a partir da gestão estratégica, as pessoas são percebidas como parceiras dos negócios, as quais trabalham em consonância com os objetivos, a missão e a visão da empresa. A partir da perspectiva da visão, pode-se depreender a imagem que a empresa tem de si e do seu futuro, ou seja, onde a empresa está e o que deverá fazer para chegar aos seus objetivos — sua imagem ideal. Para atingir seu público externo, necessitará construir uma imagem que transmita grande potencial, confiança e visibilidade. No ambiente interno das organizações, a cultura — com suas crenças, práticas, símbolos, valores, costumes, regras, comportamentos, princípios éticos e morais, políticas internas e externas e clima organizacional — guiará os comportamentos de todos os seus integrantes, os quais serão influenciados pelas diretrizes e premissas da empresa. É também por meio das ações de responsabilidade social que as empresas podem investir esforços para se destacar com uma imagem corporativa que sensibilize os clientes no seu processo de compra, e os investidores na garantia de um resultado sustentável. Política de gestão de pessoas e a relação com a imagem da empresa Gestão de pessoas é um termo utilizado em função de uma grande mudança de estratégias adotadas pelas empresas frente aos novos desafios deste sé- culo. Antigamente os termos eram: departamento pessoal, departamento de relações industriais, recursos humanos. No século XIX, com o advento da Revolução Industrial houva a necessidade de um maior aprofundamento nos estudos da organização do trabalho, que passou a ser em fábricas, surgindo a gestão científica que iniciou os estudos sobre os métodos de trabalho, dos tempos e movimentos e o treinamento voltado ao operacional. Frederick Taylor (1856-1915), considerado o pai da administração científica, era um técnico em mecânica e operário, formou-se em engenharia mecânica e publicou em 1911 o livro Os princípios da administração científica (CHIAVENATO, 1999). Seus postulados básicos eram baseados no desenvolvimento de pessoas através de instruções sistemáticas (treinamento operacional), com o objetivo de que produzissem mais e com uma qualidade maior, através do planejamento dos processos com métodos científicos, introduzindo a supervisão funcional, sistema de pagamento por quantidade produzida (ou por peça). Entre 1923–1926, Elton Mayo (1880-1949) realizou uma pesquisa que se tonou famosa no mundo inteiro, surgindo o movimento de relações humanas. Foi desenvolvida numa fábrica da Western Electric Company, localizada em Hawthorn, distrito de Chicago, nos Estados Unidos. A experiência é conhecida até hoje como Hawthorn Studies. O objetivo inicial da pesquisa era o estudo da influência dos níveis de iluminação no desempenho dos operários. Estruturaram dois grupos de trabalho (grupo experimental e grupo Imagem da empresa na sociedade2 de controle), que trabalhavam sob condições que variavam a intensidade de iluminação. Os pesquisadores não conseguiram estabelecer uma relação entre intensidade de iluminação e o ritmo de produção, pois ambos os grupos aumentaram a produtividade, mesmo com várias tentativas e variações. Nesse momento, houve a comprovação da hegemonia dos aspectos psicológicos sobre o aspecto fisiológico, pois o fato de participarem da pesquisa elevou o nível de satisfação, por receberem uma maior atenção por parte da liderança e dos pesquisadores. Na primeira metade do século XX, a industrialização se intensificou em nível mundial e surgiram as grandes potências (países desenvolvidos ou in- dustrializados). A estrutura organizacional adotada pelas empresas era buro- crática, em forma de pirâmide, e as decisões eram centralizadas no topo (alta administração). Havia muita ênfase na instituição de normas, regulamentose políticas internas com o objetivo de doutrinar e uniformizar comportamentos, num clima conservador para manter o status quo. Nessa época, a administração de recursos humanos recebia o nome de relações industriais. Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou a se modificar mais aceleradamente, tornando-se mais imprevisível, levando as empresas a ten- tarem novos modelos de administração para estimular a inovação, dar maior dinamismo e melhorar a competitividade. As grandes organizações se seg- mentaram e adotaram um sistema de unidades de negócios na tentativa de se aproximar do mercado e do cliente. A administração de pessoas passou de relações industriais para administração de recursos humanos. Aos poucos foram sendo realizados estudos e pesquisas, a psicologia do trabalho (como era chamada no início) passou a ser chamada de psicologia organizacional e as relações entre as lideranças (inicialmente denominadas de chefes) e empregados foram evoluindo e se abrandando, onde passou-se a dar uma maior importância e reconhecimento aos empregado. Com o objetivo de melhorar a produtividade, foi agregada a busca por melhoria da satisfação dos trabalhadores quanto ao ambiente de trabalho e seu desenvolvimento. Segundo Marras (2016), a partir de 1945 surgiram os primeiros estudos sobre liderança, motivação humana no trabalho, com as teorias de Mcgre- gor, Argyris e Likert entre outros, surgindo a ênfase na preocupação com o empregado. O chefe de pessoal passa a ter o status de gerente, tendo a sua inclusão nas discussões e decisões da organização, deixando de ser opera- cional na hierarquia da empresa. Porém, esse gestor de “pessoal” continuava responsável pelas mesmas atividades com muito tecnicismo ainda ligado aos registros burocráticos, fiscalização de aspectos legais e cumprimento de regras e normas (MARRAS, 2016). 3Imagem da empresa na sociedade Com o avanço do desenvolvimento tecnológico, as mudanças começaram a se intensificar. Surge então nos anos 1990 (globalização da economia) o advento da internet. A competitividade ficou intensa e complexa. A partir de então, todos passaram a ter informações em tempo real, alcançando sucesso as empresas que mais rapidamente acessam a informação e as transformam em novas oportunidades de um novo produto ou serviço. Entramos na era da informação, onde o conhecimento tornou-se capital humano e capital intelec- tual. O emprego deslocou-se do setor industrial para o setor de serviços, onde o trabalho manual cedeu lugar ao trabalho mental, ou seja, caminhou-se para uma era pós-industrialização alicerçada pelo conhecimento, no setor terciário e na terceirização. As funções operacionais e burocráticas se transferiram para terceiros. As organizações entraram num período de permanente instabilidade e turbulência sem precedente, em função do impacto de megatendências globais que quebraram e ainda estão quebrando paradigmas constantemente. A administração de recursos humanos cede lugar para a gestão de pessoas (ver Quadro 1). As pessoas passaram a ser consideradas por sua competência: o famoso CHA (C, conhecimento; H, habilidade e A, atitude); e consideradas como parceiros da organização, tendo liberdade de tomar decisões referentes às suas atividades e atribuições, com negociação de metas e responsáveis pela busca de resultados conforme os objetivos estratégicos da organização. As atividades táticas foram delegadas aos gerentes, que se tornaram gestores das pessoas, e as equipes de recursos humanos passaram para consultores internos, assumindo uma posição mais estratégica na organização (CHIA- VENATO, 1999). Imagem da empresa na sociedade4 Fo nt e: A da pt ad o de C hi av en at o (1 99 9, p . 3 3) . Er as Er a da in du st ri al iz aç ão c lá ss ic a Er a da in du st ri al iz aç ão n eo cl ás si ca Er a da in fo rm aç ão Pe rí od os 19 00 -1 95 0 19 50 -1 99 0 A p ós 1 99 0 Es tr ut ur a or ga ni za ci on al pr ed om in an te Bu ro cr át ic a, fu nc io na l, pi ra m id al , ce nt ra liz ad or a, rí gi da e in fle xí ve l. Ên fa se n os d ep ar ta m en to s. M is ta , m at ric ia l, co m ê nf as e na d ep ar ta m en ta liz aç ão p or pr od ut os o u se rv iç os o u un id ad es es tr at ég ic as d e ne gó ci os . Fl ui da , á gi l e fl ex iv a, to ta lm en te de sc en tr al iz ad a. Ê nf as e na s re de s de e qu ip es m ul tif un ci on ai s. Cu lt ur a or ga ni za ci on al pr ed om in an te Fo co n o pa ss ad o, n as tr ad iç õe s e no s va lo re s co ns er va do re s. Ên fa se n a m an ut en çã o do st at us q uo . V al or iz aç ão da tr ad iç ão e d a ex p er iê nc ia . Tr an si çã o. F oc o no p re se nt e e no a tu al . Ê nf as e na a da pt aç ão ao a m bi en te . V al or iz aç ão d a re no va çã o e da re vi ta liz aç ão . Fo co n o fu tu ro . Ê nf as e na m ud an ça e na in ov aç ão . V al or iz aç ão d o co nh ec im en to e d a cr ia tiv id ad e. A m bi en te O rg an iz ac io na l Es tá tic o, p re vi sí ve l, p ou ca s e gr ad at iv as m ud an ça s. Po uc os de sa fio s am bi en ta is . In te ns ifi ca çã o e ac el er aç ão da s m ud an ça s am bi en ta is . M ut áv el , i m pr ev is ív el , t ur bu le nt o, co m g ra nd es e in te ns as m ud an ça s. M od o de li da r co m a s pe ss oa s Pe ss oa s co m o fa to re s de p ro du to s in er te s e es tá tic os . Ê nf as e na s re gr as e n os c on tr ol es rí gi do s pa ra re gu la r a s p es so as . Pe ss oa s co m o re cu rs os o rg an iz ac io na is qu e de ve m s er a dm in is tr ad os . Ên fa se n os o bj et iv os o rg an iz ac io na is pa ra d iri gi r a s pe ss oa s. Pe ss oa s co m o se re s hu m an os pr oa tiv os e in te lig en te s qu e de ve m se r i m pu ls io na do s. Ên fa se n a lib er da de e n o co m pr om et im en to pa ra m ot iv ar a s p es so as . A dm in is tr aç ão de p es so as Re la çõ es h um an as . A dm in is tr aç ão d e re cu rs os h um an os . G es tã o de p es so as . Q ua dr o 1. A s tr ês e ta pa s da s or ga ni za çõ es n o de co rr er d o sé cu lo X X 5Imagem da empresa na sociedade O Quadro 2 mostra as principais mudanças que ocorrem quando as pessoas, antes consideradas como recursos, passam a ser parceiros. Fonte: Adaptado de Chiavenato (1999, p. 7). Pessoas como recursos Pessoas como parceiros Empregados isolados nos cargos Colaboradores agrupados em equipes Horário rigidamente estabelecido Metas negociadas e compartilhadas Preocupação com normas e regras Preocupação com resultados Subordinação ao chefe Atendimento e satisfação do cliente Fidelidade à organização Vinculação à missão e à visão Dependência da chefia Interdependência entre colegas e equipes Alienação em relação à organização Participação e comprometimento Ênfase na especialização Ênfase na ética e na responsabilidade Executoras de tarefas Fornecedoras de atividade Ênfase nas destrezas manuais Ênfase no conhecimento e na competência Mão de obra Inteligência e talento Quadro 2. Pessoas como recurso vs. pessoas como parceiros Nessa concepção e ênfase nas pessoas como parceiras, muitas estratégias e ações foram desenvolvidas pelas organizações. Entre algumas podemos nomear o marketing interno (também chamado de marketing institucional), especifica- mente o endomarketing, participação nos resultados, equipes autogerenciáveis (como parte da descentralização das decisões) e com a participação da área de gestão de pessoasno planejamento estratégico, que passou a ser compartilhado com os empregados com o objetivo de envolvê-los na missão, visão, nas estra- tégias e objetivos organizacionais. O planejamento estratégico passou a ter a participação e a preocupação com a contribuição das pessoas no negócio. Na missão de toda a empresa está o pressuposto ou a premissa de sua existência. Dizendo “quem somos nós”, “o que fazemos” e “porque fazemos “, podemos Imagem da empresa na sociedade6 ver o pronome “nós”, que significa o envolvimento de todos. E para que isso seja possível, todas as pessoas devem conhecer a empresa, entendê-la, saber como faz parte e qual a sua contribuição, pois ela só se realiza e se materializa através das pessoas. Na visão, a empresa expressa a “imagem” que tem de si mesma e do seu futuro e isto requer estabelecer o tipo de relacionamento que almeja ter com seus clientes e com o mercado, e o que quer fazer para conquistar confiança e fidelidade quanto aos seus produtos e/ou serviços, demonstrando os desafios e as oportunidades que deverá compreender e que forças a impulsiona e em que condições irá atuar. A visão reflete aonde a empresa quer chegar e a “[...] imagem daquilo que as pessoas que trabalham na organização gostariam que ela realmente fosse” (CHIAVENATO, 1999, p. 51). No entanto, quais serão os atributos indispensáveis para a implementação de uma estratégia competitiva da empresa? Atuar como parceiro estratégico é um dos grandes desafios para a gestão de pessoas, pois deverá alinhar o empenho de todos os empregados com a visão geral da empresa e a torná-la visível aos clientes. Como referem, Becker, Huselid e Ulrich (2001, p. 18): Vivemos numa época em que um novo paradigma econômico — caracterizado pela velocidade, pela inovação, pela curta duração do tempo dos ciclos, pela qualidade e pela satisfação dos clientes - acentua a importância dos ativos intangíveis, tais como identificação da marca, conhecimento, inovação e, sobretudo, capital humano. Os desafios e obstáculos são superados através da obtenção de uma visão comum, onde todos farão esforços para atingir os padrões de qualidade e satisfação do cliente, gerando uma consistência interna, que quando clara e objetiva, envolve todos os públicos: empregados, clientes, acionistas e comu- nidades onde atua. Significa atingir o público externo da organização, e para isso necessitará possuir uma imagem que transmita todo o seu potencial, tendo uma visibilidade que seja atraente e admirada, que seja sincera e se fixe na mente do cliente, pois indica a sua reputação. Para uma empresa é importante cultivar uma imagem que atenda a todos os seus públicos, pois está ligada às suas características, à sua missão, e influirá diretamente no valor que os clientes darão ao negócio. Junto aos empregados, a busca de satisfação no trabalho passou a ser um dos objetivos prioritários para a melhoria da ima- gem da empresa. Na sequência, é preciso implementar ações que melhorem o ambiente do trabalho e o torne mais desafiador, possibilitando realização pessoal e profissional. Assim, dará credibilidade à imagem externa, sendo uma comprovação da seriedade da empresa com todos os públicos. 7Imagem da empresa na sociedade Cultura organizacional e a imagem da empresa na sociedade A cultura de uma empresa está expressa em seus valores e pressuposições compartilhados entre os membros da alta administração com os empregados ao longo do seu desenvolvimento. Podemos entender como sendo as crenças, práticas, símbolos, valores, costumes, regras, comportamentos, princípios éticos e morais, políticas internas e externas e clima organizacional que in- terferem nos comportamentos e mentalidades de todos os membros de uma organização, pois são guiados por essas diretrizes e premissas. A cultura pode ter se estruturada conscientemente ou não pela alta direção ou desenvolver- -se no decorrer de sua história. Trata-se de um conjunto de valores e práticas que são intangíveis, podemos conhecer, mas não tocar. No entanto existe em todas as organizações e influencia em todas as decisões estratégicas e no comportamento dos empregados. Segundo Newstrom (2011, p. 86): [...] elas atraem a atenção, transmitem uma visão e, normalmente, valorizam indivíduos criativos e com alta produtividade como heróis. Ao reconhece- rem e recompensarem tais indivíduos, as culturas organizacionais os estão identificando como modelos ideais a serem copiados. Atualmente, é comum vermos nas empresas quadros expostos para todos com a missão, visão e valores. Os valores representam o que a empresa decide compartilhar e nem sempre refletem a realidade. Uma coisa é dizer o que quer ser e outra é o que é realmente, e isto é possível de ser constatado com a observação das lideranças e empregados em suas atividades, na tomada de decisão, no tratamento dispensado com relação às partes envolvidas no negócio ou quando histórias são contadas. Outro aspecto que deve ser analisado são os valores pessoais que os empregados trazem quando são admitidos, estes valores pessoais poderão conflitar ou não com a cultura organizacional. Por isso, há um cuidado especial na seleção de pessoal no levantamento do perfil do candidato e a estimativa de sua adaptação com a cultura vigente. A cultura pode ser representada como um iceberg (Figura 1). Segundo McShane e Von Glinow (2015, p. 370), “[...] o valor declarado (defendido) de responsabilidade de uma empresa pode ser radicalmente contrário às decisões, prioridades e comportamentos de seus líderes e muitos de seus empregados”. Imagem da empresa na sociedade8 Figura 1. Artefatos da cultura organizacional. Fonte: McShane e Von Glinow (2015, p. 370). Podemos encontrar diversas culturas, pois são características e peculiares a cada organização, sendo algumas nitidamente empreendedoras, como o Facebook e o Google, onde os empregados são encorajados a inovar constante- mente com o objetivo de se diferenciarem no mercado. Outras podem ter uma cultura orientada para equipe e outra focando na competitividade, ou seja, cada uma é única e de difícil apreensão e diagnóstico, em função de ser complexa. Somente conseguimos acessar e conhecer a “ponta do iceberg” através das suas estruturas físicas, linguagem, rituais e cerimônias e nas suas histórias e lendas que simbolizam e são passíveis de observação. Esses indícios são verificáveis no comportamento diário, através da escuta da conversa entre os empregados e com os clientes e nos seus documentos e e-mails, como também em entrevistas com empregados (MCSHANE; VON GLINOW, 2015). 9Imagem da empresa na sociedade Através das histórias e lendas é possível perceber o ambiente que contribuirá para reforçar ou não comportamentos ou exemplificando como as coisas devem ser feitas, o que deve ser evitado e o que deve ser estimulado, servindo como padrões de desempenho. Com a observação dos rituais e cerimônias, onde os rituais podem ser entendidos como a forma de comunicação que a empresa adota, entre as lideranças e os empregados, procedimento nas demissões, promoções, transferências, recrutamento interno, que são caracterizados pela repetitividade e previsibilidade. As cerimônias são planejadas, eventos comemorados, como cerimônias de final de ano, premiação de empregados que se destacam, entre outros. Pela linguagem, o uso de metáforas, slogans, jargões, abreviações que somente são utilizadas pela organização e podem ser entendidas somente no contexto interno. Esses são os elementos princi- pais para compreendermos uma cultura organizacional (MCSHANE; VON GLINOW, 2015). Segundo Newstrom (2011), é possível mudar uma cultura, porém é um processo de longo prazo, variando de cinco a dez anos, necessitando partir do comprometimento alta administração com desenvolvimento e apoio aos novos valores e crenças que devem ser concensados e posteriormente disse- minados por meio de alguns passos básicos como: treinamento intensivo dos empregados, valoresdeclarados em todas as oportunidades, elaboração um plano de recompensa dos novos comportamentos que a organização deseja implementar, reconhecimento público dos novos heróis e heroínas, novos slogans e escolha de um responsável pelo processo de mudança. Assim como a organização necessita alinhar os empregados à sua missão e à sua visão, é imprescindível alinhar também aos valores da sua cultura, dessa forma os resultados são obtidos e consequentemente melhoram a imagem diante dos clientes, empregados e partes interessadas. Os clientes obterão produtos e serviços com melhor qualidade, os acionistas terão o retorno sobre seus investimentos e os empregados terão maior satisfação em trabalhar na organização. O trabalho realizado por todas as pessoas de uma organização que esteja baseada no atendimento de valores, colabora com crescimento, fazendo com que a organização se diferencie e se torne uma referência no mercado, tendo o destaque que irá favorecer a sua perpetuação. Nos últimos anos a cultura organizacional tem estado em evidência pelas transformações nas relações do trabalho, chamando a atenção dos empreen- dedores, pois quando a cultura se destaca atrai melhores profissionais e mais clientes. Portanto, a gestão da imagem se faz necessária, pois é uma possibili- dade para uma evolução e uma reputação inabalável frente a todos os públicos. E deverá ter sempre a capacidade de se adaptar aos tempos modernos, já que Imagem da empresa na sociedade10 a cultura traz a característica de ser mais estável, não devendo se alienar da conjuntura do momento. Relação entre a responsabilidade social e a imagem da empresa Desde a década de 1950, é possível identificar movimentos e preocupações de natureza social. A obra Social responsibilities of the businessman, de Howard Bowen, publicada em 1953 nos EUA, faz alusão a esse tema (MARQUES; TEIXEIRA, 2008). Posteriormente, na década de 1960, houve muitos protestos referentes à guerra do Vietnã com relação às questões éticas e também quanto à responsabilidade social. Nesse momento, os fenômenos sociais, como a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres e entre raças, contestações em nível mundial sobre novos valores e atitudes, oportunizaram o início de novas práticas no relacionamento das empresas com a sociedade e o meio ambiente. Na década de 1970 surgiram os primeiros relatórios das empresas sobre os impactos sociais de suas ações, que foram denominados de Balanço social, obrigatórios para empresas com mais de 750 empregados. O evento da globalização impul- sionou as gigantes multinacionais na busca por se diferenciarem no mercado e o tema da responsabilidade social voltou em debate. No período, iniciaram-se estudos e investigações sobre os impactos das ações praticadas pelas empresas, mas ainda no nível acadêmico (MARQUES; TEIXEIRA, 2008). Com o surgimento das questões de sustentabilidade, nos últimos anos a temática da responsabilidade social está sendo novamente objeto de estu- dos, pois a sustentabilidade trouxe preocupações quanto ao uso renovável e responsável dos recursos. Independente das abordagens epistemológicas e metodológicas, podemos entender a responsabilidade social como sendo uma forma de gestão pautada na relação ética e transparente da organização com todos os públicos, tendo objetivos e metas instituídas, harmonizáveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade. Essas ações de responsabilidade social consagram-se na percepção positiva e favorável dos acionistas sobre a imagem da empresa, que a organização irá fortificar junto aos seus públicos. Até por esse motivo as empresas têm reforçado seus discursos nesse tema em diversas publicações de relatórios e documentos. Somente ações em nível econômico, social e ambiental possibilitarão o alcance da sustentabilidade. A preservação dos recursos ambientais, a atenção e respeito com a comunidade e a transparência nas suas ações possibilitará à empresa gerar resultados que sustentem o seu compromisso social. Porém, existe a necessidade de se 11Imagem da empresa na sociedade verificar o discurso e a prática efetiva com as ações de responsabilidade social (OLIVEIRA; SOUZA, 2013). As ações e investimentos sociais e ambientais oferecem aos investidores um indicador importante, demonstrando que as empresas possuem uma ges- tão qualificada interna e externamente. Principalmente, com o diagnóstico antecipado de graves crises que poderão afetar os resultados das empresas, há a possibilidade de resguardar-se, sem causar quedas abruptas no valor das ações, afetando a sua reputação e imagem. São as políticas de responsabilidade social que irão favorecer a minimização dos riscos. A prática de uma gestão comprometida com o social favorece o valor de mercado das empresas e dá segurança aos investidores, que consideram esta questão muito importante (MARQUES; TEIXEIRA, 2008). Para as organizações, as ações de responsabilidade social podem ter diversas razões, entre as quais podemos destacar: imagem corporativa ligada ao social, influenciando o processo de compra. Os resultados de estudos demonstram uma correlação positiva entre as práticas de responsabilidade social e a construção da imagem corporativa. Segundo Oliveira e Souza (2013), a abordagem nos estudos sobre imagem apresenta três concepções: crítico-social, orientação analítica e processo de formação de imagem. Na concepção crítico-social, a imagem é estudada com base numa visão macro da sociedade, onde ela representaria a sua realidade. A orientação analítica entende a imagem como produto de estímulos internos e externos, abrangendo a motivação da pessoa a partir de dados da sua memória (como exemplo, temos alguns prêmios na área de marketing denominados Top of mind para qualificar as marcas mais populares), também o quanto está envolvida com a empresa e seu próprio perfil. Importante é constatar como essa informação foi processada. No processo de formação da imagem, presume-se que ela é formada a partir de sensações pessoais, através da relação interpessoal, das ações de marketing e das políticas organizacionais que possibilitam a concepção das imagens, o que favorece a implementação de ação por parte da empresa no sentido de fomentá-las (OLIVEIRA; SOUZA, 2013). No Brasil, esse tema ainda é um grande desafio, em função das ações de responsabilidade social não terem contribuído efetivamente com uma mudança na realidade social que possibilite a melhoria das condições de vida da sociedade brasileira. Segundo Reis (2007, documento on-line), deve-se considerar que: [...] as empresas consomem recursos da sociedade, renováveis ou não, mas que são patrimônio gratuito e coletivo da humanidade, logo contrai uma dívida Imagem da empresa na sociedade12 social, sendo seu compromisso restituir a sociedade o que dela é absorvido, por meio de investimentos na área social e no meio ambiente. O desafio ainda é grande para as empresas brasileiras, onde encontramos poucos exemplos. A responsabilidade social no Brasil não é compulsória, caracterizando-se mais como uma ajuda ou filantropia do setor privado. Por isso temos pouco investimento nessa área. O balanço social é utilizado por muitas empresas brasileiras, sendo obrigatório no estado de São Paulo para empresas privadas com mais de cem empregados regulamentados pelo projeto de Lei nº 3.116/1997 (BRASIL, 1997). No entanto, o fundamento da responsabilidade social requer a implantação de uma atitude ética, transparente e socialmente responsável com os acionistas, com base em convicções e valores que con- duzem as decisões, ações e relações envolvendo todas as partes interessadas: empregados, clientes, fornecedores, governo, comunidade, acionistas, meio ambiente, concorrentes, introduzindo na gestão do negócio uma orientação para o fomento do desenvolvimento social. No Quadro 3, Reis (2007, documento on-line) ratifica que a “[...] doação de recursos é a mais utilizada em aproximadamente metadedas empresas de todas as regiões, e, nas regiões Sul e Sudeste, tal doação direciona-se a organizações que executam projetos sociais”. Fonte: Adaptado de Reis (2007, documento on-line). Ação social Atividades de assistência social, desde pequenas doações eventuais até grandes projetos estruturados. Investimento social privado O uso planejado, monitorado e voluntário de recursos privados em projetos sociais de interesse público. Filantropia empresarial Doação de recursos privados utilizados para atendimento de fins públicos. Governança corporativa Aperfeiçoamento da gestão organizacional para padrões socialmente responsáveis, a fim de que sejam sustentáveis no longo prazo. Responsabilidade social das empresas Responsabilidade direta e condições de abordar os vários problemas que afetam a sociedade. Preocupação em aliar o desenvolvimento econômico ao desenvolvimento de qualidade de vida. Quadro 3. Sistematização das diferentes concepções de responsabilidade social nas em- presas do Brasil 13Imagem da empresa na sociedade Segundo Reis (2007), na região Nordeste, 82% das doações são feitas diretamente às pessoas carentes e às comunidades. Inicialmente, a filantropia pode ser um início para ações de responsabilidade social, o que também é essencial. Porém, a sua utilização em demasia pelas empresas demonstra o quanto ainda temos que evoluir na questão da responsabilidade social, como também isso pode ser prejudicial no sentido de ser paternalista, contribuindo para a reprodução das mesmas condições sociais. A responsabilidade social revela a cultura da empresa e expressa a sua imagem para todos os públicos, porém requer uma maior tomada de consciência dos empresários no Brasil. Para sua implementação, necessita de planejamento e de ser incluída nas estratégias organizacionais do seu planejamento estratégico, inserida na missão e na visão, evitando a filantropia, evoluindo do discurso para a prática efetiva. Como alavanca uma melhoria da imagem, melhora a satisfação dos empregados (passam a ver a empresa mais humana), como tam- bém a qualidade e produtividade, que agrada e interessa muitos investidores. BECKER, B. E.; HUSELID, M. A.; ULRICH, D. Gestão estratégica de pessoas com “Scorecard”: interligando pessoas, estratégia e performance. Rio de janeiro: Campus, 2001. BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 3116/1997. Cria o balanço social para as em- presas que menciona e dá outras providências. Brasília, DF, 1997. Disponível em: <http:// www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=209785>. Acesso em: 22 nov. 2018. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel de recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. MARQUES, M.; TEIXEIRA, C. A responsabilidade social das empresas e o desempenho organizacional. Revista de Estudos Politécnicos, v. 6, n. 10, p. 149-164, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/tek/n10/n10a09.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 15. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2016. MCSHANE, S. L.; VON GLINOW, M. A. Comportamento organizacional: conhecimento emergente, realidade global. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. Imagem da empresa na sociedade14 NEWSTROM, J. W. Comportamento organizacional: o comportamento humano no trabalho. São Paulo: McGraw Hill, 2011. OLIVEIRA, J. L.; SOUZA, E. R. Espelho, espelho meu: o que faço é igual ao que vês que faço? O impacto de ações de responsabilidade social na imagem corporativa de uma empresa do setor elétrico. Pretexto, v. 14, n. 2, abr./jun. 2013. Disponível em: <http:// www.fumec.br/revistas/pretexto/article/view/1275/pdf>. Acesso em: 22 nov. 2018. REIS, C. N. A responsabilidade social das empresas: o contexto brasileiro em face da ação consciente ou do modernismo do mercado? Revista de Economia Contemporânea, v. 11, n. 2, maio/ago. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-98482007000200004&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 22 nov. 2018. Leitura recomendada IVANCEVICH, J. M. Gestão de recursos humanos. Porto Alegre: Artmed, 2011. 15Imagem da empresa na sociedade PORTFÓLIO A visão reflete onde a empresa quer chegar e a “imagem daquilo que as pessoas que trabalham na organização gostariam que ela realmente fosse” (CHIAVENATO, 1999, p. 51). No entanto, quais serão os atributos indispensáveis para a implementação de uma estratégia competitiva da empresa? A maneira de atuar como parceiro estratégico é um dos grandes desafios para a gestão de pessoas, pois deverá alinhar o empenho de todos os empregados com a visão geral da empresa e a torná-la visível aos clientes. Você é diretor de recursos humanos e está enfrentando a seguinte situação: a) O que você faria para que a área de RH se torne parceira do negócio? b) Desenvolva um objetivo e uma meta para a área de RH. c) Que novas estratégias poderia estabelecer para a área? PESQUISA ARTIGO A influência dos valores organizacionais na percepção de políticas e práticas de gestão de pessoas Este é um estudo que objetivou a análise da relação existente entre valores organizacionais e políticas e práticas de gestão de pessoas. ACESSE ARTIGO 01 - 3040 - AULA 07 N
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