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Revisão de Literatura Caracterização da diversidade genética, da estrutura populacional e do parentesco de Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) por meio da análise de regiões dos genomas nuclear e mitocondrial Santuariodaararaazul.blogspot.com Revisão Por Náthaly Marcon Souza Trabalho Original Por:Flavia Torres Presti São Paulo 2024 Náthaly Marcon Souza Revisão de Literatura Caracterização da diversidade genética, da estrutura populacional e do parentesco de Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) por meio da análise de regiões dos genomas nuclear e mitocondrial Tese originalmente apresentada por Flavia Torres Prestiao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, para a obtenção do Título de Doutora em Ciências, na área Biologia/Genética. São Paulo 2024 1 Sumário Resumo…………………………………………………………………………………………………… ………………………………3 Capítulo 1: Introdução Geral……………………………………………………………………………………………..4 Capítulo 2. Caracterização da diversidade genética e da estrutura populacional da arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) por meio da análise de regiões dos genomas nuclear e mitocondrial……………………………………………………………………….10 Capítulo 3. Análise do parentesco de pares de filhotes de arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus): investigando monogamia e fidelidade ao ninho……………………………………………………………………….28 Capítulo 4. Teste de sexagem com amostras de penas em Anodorhynchus hyacinthius……………………………………………………………………….31 2 Resumo O Brasil lidera globalmente em diversidade de psitacídeos, com 77 espécies, incluindo a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), em risco de extinção devido ao tráfico ilegal e perda de habitat. Este estudo avaliou a variabilidade genética, destacando baixa diversidade em comparação com outras espécies. Análises revelaram estruturação genética moderada entre quatro regiões, indicando possível origem de aves apreendidas. O tempo de divergência estimado foi de 16 a 42 mil anos atrás. Apesar da estabilidade demográfica, a rede de haplótipos sugere expansão recente, especialmente no nordeste. Além disso, observou-se comportamento monogâmico predominante, mas com casos de paternidade extra-par e parasitismo de ninho. A sexagem molecular de penas foi padronizada. Esses resultados contribuem para compreender a evolução e comportamento reprodutivo das araras-azuis, informando programas de conservação. Abstract Brazil leads globally in parrot diversity, with 77 species, including the blue macaw (Anodorhynchus hyacinthinus), at risk of extinction due to illegal trafficking and habitat loss. This study evaluated genetic variability, highlighting low diversity compared to other species. Analysis revealed moderate genetic structuring between four regions, indicating possible origin of seized birds. The estimated divergence time was 16 to 42 thousand years ago. Despite demographic stability, the haplotype network suggests recent expansion, especially in the northeast. Furthermore, predominant monogamous behavior was observed, but with cases of extra-pair paternity and nest parasitism. Molecular sexing of feathers has been standardized. These results contribute to understanding the evolution and reproductive behavior of blue macaws, informing conservation programs. 3 Capítulo 1: Introdução Geral 1.1 Genética e Conservação da Biodiversidade Desde 1600, a extinção acelerada de organismos na natureza, superando a taxa natural, é atribuída principalmente à destruição de habitats pela ação humana (Primack e Rodrigues, 2002). A preocupação atual com a preservação da biodiversidade visa evitar mais extinções. A genética da conservação, surgida há cerca de 20 anos, utiliza teoria e técnicas genéticas para reduzir os riscos de extinção, especialmente em espécies ameaçadas (Frankham et al., 2002). Dados genéticos, incluindo marcadores moleculares, desempenham papel crucial. A genética molecular oferece informações sobre diversidade genética, parentesco, sexo, e até a origem geográfica de organismos, sendo valiosa para combater o tráfico ilegal de animais e plantas (Miyaki, 2001; Sole-Cava, 2001). Em conjunto com estudos ecológicos, comportamentais e demográficos, dados genéticos aprimoram o conhecimento sobre espécies ameaçadas, enfatizando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para estratégias de conservação (Sherwin et al., 2000). Na década de 80, surgiram conceitos como a Unidade Evolutivamente Significativa (ESU) e Unidade de Manejo (UM), fundamentais para propostas de conservação, destacando a importância de considerar as características únicas de cada população ou espécie (Ryder, 1986; Moritz, 1994). 1.2 Marcadores Moleculares 4 Marcadores moleculares, como microssatélites e DNA mitocondrial, são essenciais para estudos populacionais. Microssatélites, unidades de sequências repetidas, são amplamente utilizados pela sua alta variabilidade, facilidade de amplificação e herança codominante (Tautz, 1989). Apesar da limitação de tempo e recursos para desenvolver primers, primers heterólogos têm sido eficazes, reduzindo custos (Parker et al., 1998). 1.2.1 Microssatélites Microssatélites, como marcadores, apresentam alta variabilidade devido ao modelo de mutação passo-a-passo (SMM). Embora a amplificação de microssatélites demande tempo e recursos, primers desenvolvidos para espécies filogeneticamente próximas têm reduzido custos e tempo em pesquisas (Russello et al., 2001; Caparroz et al., 2003). 1.2.2 DNA Mitocondrial O DNA mitocondrial (DNAmt) é utilizado em análises populacionais de aves, sendo a região controladora e o citocromo b comumente empregados (Browne et al., 2008; Poulakakis et al., 2008). Apesar da menor variabilidade genética em aves comparadas a outros organismos, o DNAmt fornece informações valiosas em estudos populacionais (Friesen et al., 2006; Kearns et al., 2008). 1.3 Psitacídeos Os psitacídeos, compreendendo araras, papagaios e periquitos, enfrentam ameaças como perda de habitat, introdução de espécies predadoras e competidoras, endogamia e exploração comercial. No Brasil, o país mais rico em espécies de psitacídeos, 16 das 77 espécies estão ameaçadas (BirdLife International, 2010). As araras, inseridas nos gêneros Ara e Anodorhynchus, enfrentam desafios de conservação, com espécies como A. hyacinthinus em perigo. A diversidade genética e a estrutura populacional dessas espécies são fundamentais para orientar medidas eficazes de conservação. 5 Figura 1.1: Descreve a reconstrução filogenética de psitacídeos por análise Bayesiana de 6416 pares de base de DNA mitocondrial e nuclear. Os valores dos nós representam bootstrap de máxima verossimilhança acima de 50% e os valores de probabilidade posterior da análise Bayesiana. A barra indica os táxons neotropicais, conforme modificado por Tavares et al., 2006. A seção 1.3.1 menciona "Ara". 6 1.3.1. Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) Figura 1.2. Casal de arara-azul. Foto: Luciano Candisani A arara-azul-grande, Anodorhynchus hyacinthinus, destaca-se como o maior psitacídeo, medindo até um metro da ponta do bico à ponta da cauda. Reconhecida por sua plumagem azul-cobalto e bico desmesurado, é classificada como ameaçada pela CITES, IUCN e Birdlife International (2010). Com uma população estimada de 6.500 indivíduos no Brasil, distribuídos em três regiões distintas (Pará, nordeste do país e Pantanal Matogrossense), essa espécie apresenta adaptações alimentares específicas para cada região. O Pantanal destaca-se como a área com programa de monitoramento permanente, revelando detalhes importantes sobre a biologia da espécie (Guedes, 2004). Observações indicam a reutilização anual de cavidades como locais de reprodução, com suspeitas de casais ocupando os mesmos ninhos em anos consecutivos ou alternados. A 7 dependência dos filhotes dos pais, o longo período no ninho (em média 107 dias) e a permanência dos jovens dependentes após a saída do ninho evidenciam os desafios enfrentadospela espécie (Guedes, 1993). A maturidade do casal parece influenciar a frequência reprodutiva, com casais mais experientes reproduzindo anualmente, enquanto casais mais jovens o fazem em anos alternados. A socialização é notável, com voos em pares ou grupos e reunião em "dormitórios" ao entardecer. A monogamia e a cooperação na criação dos filhotes destacam aspectos interessantes da biologia reprodutiva da arara-azul-grande (Guedes e Harper, 1995). Justificativa A conservação da diversidade genética é reconhecida como uma das prioridades globais pela IUCN. Para preservar a diversidade genética de uma espécie, é crucial compreendê-la. A arara-azul-grande, classificada como em perigo, destaca-se como alvo de estudo devido ao provável declínio da variabilidade genética associada ao pequeno tamanho populacional (Frankham et al., 2002). O conhecimento da variabilidade genética é fundamental para entender os processos evolutivos e direcionar estratégias de conservação. A composição genética das populações é crucial, especialmente se a variabilidade genética estiver geograficamente estruturada. Nesse caso, a conservação deve considerar a diversidade local para preservar adaptações específicas. Esse enfoque direciona eficientemente os esforços de conservação e contribui para a compreensão das forças evolutivas que moldam a história da espécie (Haig, 1998). Determinar a origem de indivíduos sem procedência conhecida é vital para ações preventivas e programas de reprodução em cativeiro. Evitar o pareamento de casais de localidades com composições genéticas diferentes é crucial para evitar efeitos de depressão por exocruzamento na população cativa. A caracterização da estrutura genética populacional é apenas uma parte do conjunto de estudos necessários para a conservação efetiva. No entanto, esse conhecimento contribui para entender a dinâmica populacional, relações interespécies e contribuições para a 8 conservação do habitat como um todo. O conhecimento aprofundado da espécie, incluindo informações sobre a estrutura genética populacional, é essencial para estabelecer metas de conservação e fazer previsões de longo prazo. Além da estrutura genética, o entendimento da biologia reprodutiva da espécie desempenha papel significativo. Os dados genéticos gerados neste estudo possibilitaram testar hipóteses sobre a monogamia e filopatria da arara-azul-grande, derivadas de observações de campo. Objetivos Os objetivos do presente projeto foram: 1) Caracterizar a estrutura populacional de Anodorhynchus hyacinthinus, para auxiliar o plano de conservação da espécie e verificar a origem de indivíduos sem procedência conhecida; 2) Entender a história demográfica da espécie; 3) Estimar a similaridade genética entre filhotes encontrados no mesmo ninho, visando auxiliar na melhor compreensão do comportamento reprodutivo desta espécie, o que pode contribuir na elaboração de estratégias de conservação. Para alcançá-los: 1) Foi Testado mais primers para locos de microssatélites desenvolvidos para espécies proximamente relacionadas (em relação ao nosso trabalho anterior [Presti, 2006]); 2) Foi Avaliado a variabilidade genética de A. hyacinthinus de diversas localidades geográficas utilizando marcadores nucleares (microssatélites) e mitocondriais; 9 3)Foi Comparado os níveis de estruturação genética encontrados pela análise de seqüências de genes do DNA mitocondrial e de locos de microssatélites; 4) Foi testado e padronizamos a sexagem de penas de muda de A. hyacinthinus. Os resultados aqui obtidos foram organizados por tema em capítulos que se seguem. No final da Tese foi anexada uma cópia de um artigo de divulgação publicado sobre dados biológicos de A. Hyacinthinus coletados no Pará. Capítulo 2. Caracterização da diversidade genética e da estrutura populacional da arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) por meio da análise de regiões dos genomas nuclear e mitocondrial 2.1.1 Introdução A estrutura genética das populações naturais é influenciada por fatores biológicos, ambientais e evolutivos. Processos como deriva genética, seleção natural, mutação e fluxo gênico desempenham papéis cruciais na diversidade genética e distribuição de alelos entre as populações. 2.1.2 Influência de Processos Evolutivos: O isolamento geográfico causado por barreiras naturais ou fragmentação do habitat pode acentuar diferenças genéticas entre populações, enquanto o fluxo gênico tende a homogeneizar a composição genética. Espécies altamente móveis, como aves, podem apresentar altas taxas de fluxo gênico, contrastando com aquelas de baixa capacidade de dispersão ou alta filopatria, que exibem menor intercâmbio genético. 2.1.3 Impacto da Fragmentação no Contexto Neotropical: 10 As florestas neotropicais, devido à sua alta diversidade e complexidade ecológica, têm recebido atenção, especialmente em relação à fragmentação. No entanto, estudos sobre o impacto da fragmentação antrópica na estrutura populacional genética de aves altamente móveis, como Anodorhynchus hyacinthinus, são escassos. 2.1.4 Relação entre Fragmentação e Composição Genética: Espécies com alta mobilidade podem não apresentar estruturação genética significativa devido à fragmentação antrópica, mesmo em condições de alopatria. Contudo, há evidências de que fragmentos pequenos e isolados podem afetar a abundância e dispersão de algumas espécies, levando a consequências genéticas, como depressão por endocruzamento. 2.1.5 Estudos de Caso: Estudos examinaram o efeito da fragmentação na floresta amazônica ocorrida há milênios e observaram sinais de estruturação genética em algumas espécies. A filopatria, associada à territorialidade, também foi identificada como um comportamento que pode gerar estruturação genética em diversas espécies de aves. 2.1.6 Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus): A espécie em foco, Anodorhynchus hyacinthinus, apresenta características ecológicas e biológicas que podem influenciar sua composição genética, como uma distribuição geográfica alopátrica e a possível presença de filopatria. O estudo visa analisar 98 indivíduos de três regiões distintas para avaliar a variabilidade e estrutura genética, além de genotipar amostras de filhotes apreendidos para determinar suas origens. 2.1.7 Perguntas-Chave do Estudo: 1. É possível detectar diferenças genéticas entre os grupos amostrados em diferentes localidades? 11 2. Em caso de diferenciação genética, é viável identificar a potencial origem geográfica dos indivíduos apreendidos? 2.2. Materiais e métodos Figura 2.1 Distribuição geográfica de Anodorhynchus hyacinthinus (em cinza escuro) e localidades amostradas. ● amostras com origem conhecida; ■ Amostras com origem exata desconhecida. 2.2.1 Amostragem: 12 As amostras de Anodorhynchus hyacinthinus foram obtidas de diversas localidades, incluindo regiões no Pará, Pantanal Matogrossense e nordeste do Brasil. O método de alpinismo, empregando estilingue, chumbada, linhas de nylon, corda fina, cordas de alpinismo, fitas de ancoragem, cadeirinhas, colete, mosquetões, oito e ascensores, foi utilizado para coletar sangue de filhotes em potenciais ninhos, sendo os filhotes devolvidos após a coleta. 2.2.2 Coleta de Dados e Armazenamento: A coleta de sangue, aproximadamente 0,1 ml da veia braquial, foi seguida pela anilhação dos filhotes. As amostras foram armazenadas no Laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves (LGEMA) da Universidade de São Paulo, em etanol absoluto a -20ºC. Cada ninho foi representado por apenas um indivíduo nas análises populacionais. 2.2.3 Extração e Isolamento de DNA O DNA foi isolado seguindo o protocolo de extração utilizando proteinase k e fenol-clorofórmio. O material extraído foi incubado, a fase superior foi transferida para um novo tubo, e o DNA foi precipitado com fenol:clorofórmio:álcool isoamílico. Após lavagens com etanol, o DNA foi ressuspenso em TE (Tris 10mM, EDTA 1mM). 2.2.4 AnálisesGenéticas: Foram consideradas quatro regiões para as análises: Pantanal sul, Pantanal norte, nordeste e norte. A amostragem no Pantanal sul abrangeu sub-regiões como Miranda, Abobral, Nhecolândia e Rio Negro. As análises envolveram blocos de microssatélites e DNA mitocondrial, contribuindo para a compreensão da variabilidade e estrutura genética da arara-azul-grande. 2.2.5 Contribuições do Estudo: Este método abrangente de amostragem e análise genética fornece insights valiosos 13 sobre a diversidade e estrutura genética de Anodorhynchus hyacinthinus em diferentes regiões do Brasil. Essas informações são cruciais para orientar estratégias de conservação adaptadas às necessidades específicas da espécie, visando preservar sua variabilidade genética e promover a sustentabilidade das populações. Tabela 2.1 Origem (localidade e estado), número de amostras de Anodorhynchus hyacinthinus utilizadas nas análises com microssatélites (Nmic) e número de indivíduos sequenciados para DNA mitocondrial (Nmit), ano de coleta e coletor/coleção 14 em parênteses: número da localidade mostrada na figura 2.1; 2 amostras a analisadas no mestrado para seis blocos de microssatélites; 3 localidade exata não conhecida. 2.2.2 Análise de Microssatélites Foram avaliados 19 pares de primers de microssatélites, previamente desenvolvidos para espécies filogeneticamente próximas. Destes, 13 foram testados anteriormente no mestrado (Presti, 2006). Oito pares foram projetados para Ara ararauna, cinco para Amazona guildingii, dois para Anodorhynchus hyacinthinus e quatro para Psittacus 15 erithacus. Os métodos de Caparroz et al. (2003), Russello et al. (2001), Gebhardt e Waits (2008), Taylor e Parkin (2007a), e dados não publicados de S. Davis foram referenciados. 2.2.3 Condições da PCR: Cada reação de PCR continha Taq polimerase, primers, MgCl2, dNTPs, tampão, DNA e água. As condições da PCR foram: desnaturação inicial a 95ºC por 10 min, seguida por 35 ciclos de desnaturação a 95ºC por 1 min, anelamento a 52-58ºC por 40 seg, extensão a 72ºC por 40 seg, e extensão final a 72ºC por 7 min. Os produtos amplificados foram avaliados em gel de agarose 1,5%. 2.2.4 Avaliação do Polimorfismo: Pares de primers que produziram uma banda única e nítida foram testados em 10 indivíduos para avaliar o polimorfismo. Para locos polimórficos, novas PCRs foram conduzidas com a adição de primers M13 marcados com fluorescência e analisados em sequenciador automático MegaBACE 1000. O polimorfismo foi inicialmente testado em 10 indivíduos, e os locos polimórficos foram posteriormente utilizados na genotipagem de mais indivíduos. 16 Tabela 2.2 Sequências dos primers de microssatélites, suas referências e temperatura de hibridação. P – polimórfico; M- monomórfico; - sem amplificação. *Primers testados no mestrado (Presti, 2006); **Touch down (decrescendo 0,5oC) 17 2.2.5 Contribuições para o Estudo: A utilização de microssatélites provenientes de espécies filogeneticamente próximas proporciona uma base robusta para a análise genética de Anodorhynchus hyacinthinus. O método detalhado de desenvolvimento e avaliação dos primers permite a identificação de locos polimórficos, contribuindo significativamente para a compreensão da variabilidade genética dessa espécie. A abordagem sistemática fortalece a validade e confiabilidade dos dados genéticos obtidos, essenciais para estudos de conservação e manejo da arara-azul-grande. 2.2.6 Sequenciamento de DNAmitocondrial Tabela 2.3 Sequências dos primers utilizados para amplificação e sequenciamento de regiões mitocondriais e suas referências A amplificação do DNA mitocondrial de Anodorhynchus hyacinthinus foi realizada em um volume final de 10 µl, contendo água Milli Q, tampão, dNTPs, primers, Taq polimerase e DNA. Foram utilizados cinco conjuntos de primers para diferentes regiões mitocondriais: ND5 e citocromo b, Região controladora, ND2, ND3 e ATPase 6 e 8, e COI. 18 As condições de amplificação variaram de acordo com as regiões, incluindo diferentes temperaturas de desnaturação, ciclos de amplificação e extensões finais.Os produtos de PCR foram purificados utilizando uma solução de polietilenoglicol, seguida por lavagens com etanol 80%. O precipitado foi seco e ressuspenso em água. A reação de sequenciamento foi realizada com o kit Big Dye Terminator Cycle Sequencing Kit da Applied Biosystems. A mistura contendo solução Big Dye, primer e produto amplificado foi submetida a ciclos de desnaturação, anelamento e extensão. Após a reação de sequenciamento, o excesso de reagentes foi removido por precipitação em etanol 95%. A amostra foi centrifugada, o sobrenadante retirado e o precipitado lavado com etanol 70%. A amostra foi seca a 90 ºC e armazenada a -20 ºC. O sequenciamento foi realizado utilizando o sequenciador ABI 3100 da Applied Biosystems. A metodologia detalhada de sequenciamento de DNA mitocondrial em Anodorhynchus hyacinthinus fornece uma base robusta para a análise genética dessa espécie. A utilização de diferentes regiões mitocondriais permite a obtenção de informações abrangentes sobre a variabilidade genética. A purificação eficiente e a análise subsequente garantem resultados confiáveis, essenciais para estudos de filogeografia e evolução molecular da arara-azul-grande. Este método é crucial para compreender a diversidade genética e contribui significativamente para os esforços de conservação e manejo dessa espécie ameaçada. 2.2.7 Análises dos dados A análise dos microssatélites envolveu a identificação do tamanho dos alelos usando o MegaBACE™ Genetic Profiler Software Suite v2.2. O equilíbrio de Hardy-Weinberg e a associação alélica foram testados usando o Genepop 3.3, enquanto o Micro-checker foi empregado para detectar alelos nulos, erros de genotipagem e allele dropout. A diversidade genética foi avaliada com base no número de alelos, heterozigosidades observada e esperada.No sequenciamento do DNA mitocondrial, o CodonCode Aligner v.1.6.3 editou e alinhou as sequências. Parâmetros como números de haplótipos, diversidades haplotípicas e nucleotídicas, além dos índices de neutralidade DT, Fs e R2, foram estimados pelo DnaSP 4.10.9. A estrutura filogenética foi visualizada através de redes de haplótipos e árvores filogenéticas. A população foi investigada utilizando o STRUCTURE 2.2 para identificar o número de populações. A diferenciação entre grupos foi avaliada pelos índices FST e RST. A análise 19 de variância molecular (AMOVA) e os testes de atribuição foram conduzidos usando o Arlequin 2.0. A distribuição de mismatch e testes de neutralidade foram executados, incluindo métodos baseados em microssatélites para inferências demográficas. O Bottleneck 1.2.02 foi aplicado para testar gargalos populacionais. A distribuição de mismatch foi usada para estimar o tempo desde a expansão demográfica. O programa Mdiv forneceu estimativas coalescentes, enquanto simulações no SIMCOAL 2.1.2 foram empregadas para testar hipóteses sobre a história demográfica, incluindo fragmentação populacional e gargalos em diferentes períodos. Essas análises detalhadas contribuem significativamente para a compreensão da estrutura genética, diversidade e história demográfica das populações de Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus). A combinação de microssatélites e sequenciamento mitocondrial oferece uma visão abrangente, com implicações importantes para estratégias de conservação e manejo dessas aves, fornecendo insights sobre eventos históricos e adaptações populacionais ao longo do tempo. Baseado nos índices de FST e RST e no teste de atribuição tentou-se determinar a origem de filhotes apreendidos (Tabela 2.1). Os índices de similaridade entre esses filhotes também foram estimados baseados na fórmula X= 2 NAB/ NA + NB, onde X é o índice de similaridade, NAB é o número de alelos compartilhados por A e B e NA e NB são o total de números de alelos dos indivíduos A e B, respectivamente. 2.3 ResultadosForam testados 19 pares de primers de microssatélites, resultando em 13 produtos de amplificação, sendo 11 polimórficos. A confirmação por sequenciamento revelou desequilíbrio de Hardy-Weinberg em um loco, não utilizado nas análises. Variações de dois a nove alelos por loco e heterozigosidades observadas e esperadas foram documentadas. Os microssatélites mostraram independência, não apresentando desequilíbrio de ligação. Marcadores mitocondriais foram testados, com foco na região controladora. A variabilidade genética da região controladora levou à exclusão devido a sequências dúbias. Regiões polimórficas de ND5, citocromo b e ND2 foram selecionadas para sequenciamento, exibindo sítios variantes. Alelos exclusivos em regiões específicas foram identificados, indicando diferenciação genética. A análise Bayesiana dos microssatélites sugeriu quatro grupos correspondentes a Pantanal norte, Pantanal sul, norte e nordeste, com uma tendência de mistura entre 20 norte e nordeste. Análises de fixação e FST revelaram estruturação genética significativa, especialmente entre regiões norte e nordeste. As subpopulações no Pantanal sul mostraram baixa diferenciação genética, enquanto as sequências mitocondriais destacaram forte estruturação entre Pantanal norte, Pantanal sul e norte/nordeste.A análise detalhada dos microssatélites e sequências mitocondriais oferece insights valiosos sobre a estrutura genética e diferenciação populacional em Arara-azul-grande. A detecção de alelos exclusivos em regiões específicas destaca a importância da conservação localizada. Essas informações são cruciais para estratégias de manejo e conservação, fornecendo uma base genética para futuras ações visando a preservação dessa espécie emblemática. A AMOVA inicial considerou sete localidades, agrupadas em Pantanal norte, Pantanal sul, norte e nordeste. A falta de diferenciação entre sub-regiões do Pantanal sul justificou agrupá-las. Uma segunda AMOVA, considerando três grupos (Pantanal norte, Pantanal sul e norte+nordeste), apontou maior variação entre grupos para microssatélites e sequências mitocondriais.O teste de atribuição revelou que 86,7% dos indivíduos foram corretamente atribuídos aos grupos originais, apesar da falta de separação genética entre as regiões norte e nordeste. A rede de haplótipos mostrou exclusividade em diferentes regiões, indicando possível expansão populacional recente. Dois grupos independentes de haplótipos do Pantanal sul foram identificados, sem correlação geográfica. A árvore filogenética destacou grupos de baixa resolução, com 15 dos 17 indivíduos do Pantanal norte em um grupo e 34 dos 35 do Pantanal sul em dois grupos não relacionados. O FST entre indivíduos com haplótipos específicos foi baixo e não significativo, sugerindo certa mistura genética. Os resultados indicam uma notável falta de estruturação genética entre as sub-regiões do Pantanal sul e entre as regiões norte e nordeste. A alta taxa de atribuição correta no teste e a presença de haplótipos exclusivos em diferentes regiões destacam a complexidade da dinâmica populacional. A possível expansão recente, evidenciada pelos haplótipos de baixa frequência, contribui para a compreensão da história demográfica da espécie. A falta de correlação geográfica nos grupos de haplótipos ressalta a necessidade de considerar fatores adicionais na interpretação dos padrões de diversidade genética, como movimentos migratórios e características ambientais. Essas descobertas têm implicações importantes para estratégias de conservação e manejo da Arara-azul-grande, destacando a necessidade de abordagens abrangentes que considerem a variabilidade 21 genética em diferentes escalas geográficas. 2.3.1 Inferências demográficas A ausência de significativo excesso de heterozigotos para os locos de microssatélites sugere equilíbrio mutação-deriva na população, indicando a falta de sinais de gargalo populacional. Testes de neutralidade para sequências mitocondriais corroboram essa estabilidade, não evidenciando expansão populacional. A análise de mismatch distribution revela padrões distintos entre populações. Curvas unimodais para N e NE sugerem expansão populacional, enquanto curvas bimodais para as populações do Pantanal Norte e Pantanal Sul indicam uma população estável, corroborando com o modelo proposto por Rogers e Harpending (1992). As estimativas de tempo desde o evento de expansão demográfica (τ) apontam para 8.842 anos no Pantanal Norte, 92.767,5 anos no Pantanal Sul e 24.390 anos nas regiões Norte e Nordeste. No entanto, a diferença significativa entre os valores mínimo e máximo de τ para o Pantanal Sul sugere incerteza quanto à detecção de expansão. Os valores baixos de M concordam com Nm por geração estimados do FST mitocondrial. As estimativas de tempo de divergência (t) sugerem eventos entre 2700-3400 anos entre PN e PS, 3600-4600 anos entre PN e N+NE, e 1900-2300 anos entre PS e N+NE. Os valores observados nos testes de neutralidade assemelham-se aos cenários simulados para populações com tamanho estável após a fragmentação (cenários 1 e 2). Essas assinaturas demográficas reforçam a estabilidade populacional e a falta de evidência para uma expansão significativa nas regiões do Pantanal. As inferências demográficas sugerem uma história populacional complexa para Anodorhynchus hyacinthinus. A presença de expansão em algumas regiões e estabilidade em outras destaca a importância de considerar padrões demográficos variados na conservação e manejo dessa espécie. O estudo contribui para uma compreensão mais abrangente da dinâmica populacional da Arara-azul-grande e fornece informações valiosas para estratégias de conservação. 22 2.3.2 Origem de filhotes apreendidos A análise de FST e RST entre as sub-regiões do Pantanal Sul e regiões Norte e Nordeste revelou não significativa diferenciação genética, servindo como base para investigar a origem de aves apreendidas.Incialmente, sete grupos foram considerados: Pantanal Norte (PN), Pantanal Sul (PS), Norte + Nordeste (N+NE), e quatro grupos de filhotes apreendidos (AP1 a AP4). Valores de FST e RST foram cruciais na definição desses grupos para as análises posteriores. O teste de atribuição, considerando oito potenciais grupos, destacou que a maioria dos filhotes apreendidos foi atribuída corretamente a seus grupos geográficos de origem. No entanto, análises mais detalhadas revelaram probabilidades específicas para cada grupo, indicando uma alta precisão nas atribuições. 2.3.3 Ìndices de Similaridade e Comparação com Filhotes Não-Relacionados: Os índices de similaridade simples entre os filhotes apreendidos variaram, indicando diversidade genética dentro dos grupos. Notavelmente, esses índices foram significantemente maiores dentro dos grupos de apreensão em comparação com filhotes não-relacionados, sugerindo padrões genéticos distintos.As análises genéticas forneceram uma abordagem robusta na determinação da origem de filhotes apreendidos de Anodorhynchus hyacinthinus. Os resultados indicam uma eficaz atribuição dos filhotes aos seus grupos geográficos de origem, enfatizando a utilidade da genética na gestão e conservação dessa espécie ameaçada. 2.4 Discussão A análise de microssatélites em 98 indivíduos de Anodorhynchus hyacinthinus revelou dois a nove alelos, com média de heterozigosidade observada de 0,438. Em contraste, as sequências mitocondriais de 80 indivíduos exibiram baixa variabilidade, indicando apenas oito sítios polimórficos em 2123 pb e 11 haplótipos, com diversidade nucleotídica 23 de 0,00071. Comparativamente, a espécie Ara ararauna demonstrou maior variabilidade genética para os mesmos marcadores. A menor variabilidade nos microssatélites de A. hyacinthinus é discutida, sugerindo que essa característica pode ser intrínseca à espécie. A utilização de primers heterólogos, a distância filogenética em relação às espécies originais dos primers, e a categoria de ameaça da espécie (estimadaem 2.500 a 10.000 indivíduos) podem contribuir para essa menor variabilidade genética. Contudo, a associação entre ameaça de extinção e baixa variabilidade genética não é sempre linear, como evidenciado em outros estudos. Análises Bayesiana e índices de RST com base em microssatélites indicaram uma moderada diferenciação genética entre os principais grupos: Pantanal Norte (PN), Pantanal Sul (PS), norte (N) e nordeste (NE). Testes de atribuição e AMOVA também sustentam a diferenciação entre três grupos geneticamente distintos. Não surpreendentemente, a diferenciação entre Pantanal e as regiões norte e nordeste foi observada, dada a considerável distância geográfica. Embora a região Norte e Nordeste tenha apresentado baixa diferenciação genética em análises de RST e Bayesianas, os resultados baseados em FST e análises mitocondriais não indicaram tal diferenciação. Essa aparente contradição é discutida à luz da distribuição contínua da espécie entre essas regiões, conforme observado em mapas propostos por Antas et al. Ao analisar microssatélites e sequências mitocondriais, foram encontrados padrões distintos. Microssatélites revelaram baixa variabilidade genética comparada a outras espécies, possivelmente devido à filogenia distante dos primers utilizados. A diferenciação genética entre Pantanal e regiões norte e nordeste foi esperada, dada a considerável distância geográfica. A análise Bayesiana e índices FST e RST indicaram moderada diferenciação entre Pantanal norte (PN), Pantanal sul (PS), norte (N) e nordeste (NE). No entanto, a baixa diferenciação entre N e NE sugere possível fluxo gênico ou isolamento recente. Essa complexidade é destacada pela análise de apreensões, sugerindo tráfico ilegal e a necessidade de medidas mais eficazes de combate. A análise da estrutura genética entre Pantanal norte e sul foi inesperada, indicando possível barreira entre essas áreas. Contrariamente, a ausência de diferenciação entre sub-regiões do Pantanal sul sugere movimentação e reprodução sem barreiras. Esses 24 resultados desafiam observações de campo e destacam a necessidade de integrar dados genéticos com outros contextos. A análise de atribuição revelou alta probabilidade de origem para indivíduos apreendidos nas regiões norte e nordeste, questionando informações fornecidas por traficantes. A filopatria de fêmeas e diferenças na dispersão entre marcadores nucleares e mitocondriais contribuem para a interpretação desses resultados. Os achados enfatizam a complexidade das dinâmicas genéticas em A. hyacinthinus. Limitações, como baixo número amostral e origem desconhecida, influenciam os resultados. O estudo destaca a importância de mais amostras, integração de dados e aprimoramento das estratégias de conservação, considerando as particularidades genéticas dessas aves ameaçadas. 2.4.1 Inferências demográficas O gênero Anodorhynchus, composto por três espécies, incluindo a possivelmente extinta A. glaucus, enfrenta desafios demográficos. A população de A. hyacinthinus é estimada em até 10.000 indivíduos, enquanto A. leari possui uma estimativa de 1.200 aves, considerada historicamente rara. Mudanças ambientais ao longo dos séculos, como incursões marinhas e eventos geológicos, impactaram a evolução dessas aves sensíveis.A linhagem do gênero Anodorhynchus surgiu entre 15 e 23 milhões de anos atrás, durante incursões marinhas na América do Sul. Eventos como o soerguimento dos Andes e mudanças no curso do rio Amazonas contribuíram para divergências genéticas. A separação entre A. hyacinthinus e A. leari ocorreu há aproximadamente 3,8 milhões de anos, durante um período de esfriamento global e expansão de campos. A análise genética sugere que grupos geneticamente diferenciados de A. hyacinthinus se separaram entre 16 mil e 42 mil anos atrás, correspondendo ao final do Pleistoceno. Mudanças climáticas e expansão/contração de habitats podem ter desempenhado um papel crucial nesse processo. A filopatria das fêmeas e a dependência de árvores para nidificação contribuíram para a diferenciação genética observada. Embora a variabilidade genética de A. hyacinthinus seja baixa, indicando possível redução populacional, testes de neutralidade não revelaram modificações significativas no tamanho populacional. A análise da mismatch distribution e da rede de haplótipos indicou sinais de expansão recente, contradizendo os resultados dos testes de neutralidade. A interação complexa entre eventos históricos, características biológicas e 25 pressões ambientais destaca a importância da conservação, especialmente diante da destruição do habitat natural e do tráfico ilegal. O Projeto Arara-Azul sugere um aumento populacional recente, mas as escalas de tempo entre dados genéticos e observações conservacionistas diferem. Compreender a história demográfica auxilia na previsão de respostas a pressões futuras e na implementação eficaz de estratégias de conservação. 26 Capítulo 3. Análise do parentesco de pares de filhotes de arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus): investigando monogamia e fidelidade ao ninho 3.1 Introdução A análise de similaridade genética e parentesco desempenha um papel crucial em diversos estudos, destacando-se sua aplicação em programas de reprodução em cativeiro. Esses dados são essenciais para evitar pareamentos consanguíneos, especialmente em populações sem um registro genealógico adequado. Além disso, aspectos da biologia das espécies, como a fidelidade de casais, podem ser explorados por meio dessas análises.Embora a monogamia seja a estratégia reprodutiva predominante em aves, estudos genéticos revelam altas taxas de paternidade extra-par em espécies antes consideradas estritamente monogâmicas. No contexto dos psitacídeos, que são geralmente considerados estritamente monogâmicos com base em observações de campo, poucos estudos genéticos foram conduzidos para confirmar essa monogamia genética.Pesquisas em grandes psitacídeos, como as araras Ara ararauna e Ara chloropterus, revelaram maior similaridade genética entre filhotes do mesmo ninho em comparação com filhotes de ninhos diferentes, sugerindo suporte à hipótese de monogamia genética. No entanto, casos de disputa por ninhos entre dois casais de A. chloropterus resultaram em menor similaridade genética entre filhotes do que o esperado entre irmãos, indicando a possível presença de filhotes de casais diferentes no mesmo ninho. Em um estudo envolvendo Cyanoliseus patagonus, os dados genéticos indicaram que a espécie é social e geneticamente monogâmica.Outro ponto explorado é a fidelidade dos casais a determinados ninhos, podendo ser analisada indiretamente através da similaridade genética entre filhotes do mesmo ninho em diferentes estações reprodutivas. Se esses filhotes forem mais semelhantes do que filhotes de ninhos diferentes, a hipótese de casais reutilizando o mesmo ninho em diferentes estações reprodutivas não pode ser descartada. Esses aspectos ressaltam a importância das análises genéticas na compreensão da biologia reprodutiva dos psitacídeos. 3.2 Materiais e métodos O estudo investigou duas populações de Ara hyacinthinus coletadas no Pantanal: Pantanal norte (PN) na RPPN SESC Pantanal (Barão do Melgaço, Mato Grosso) e Pantanal sul (PS) nas regiões de Miranda e Nhecolândia (Mato Grosso do Sul). Amostras de 34 filhotes do PN foram coletadas em três estações reprodutivas consecutivas de 2001 a 2003, enquanto amostras de 65 filhotes do PS foram coletadas em 10 estações 27 reprodutivas consecutivas de 1998 a 2007.A dificuldade na captura de adultos devido ao seu tamanho, força e alta mobilidade levou à coleta de amostras exclusivamente de filhotes. As amostras foram mantidas no Laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves (LGEMA), Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. O DNA foi isolado usando proteinase K e fenol-clorofórmio seguindo o protocolo de Bruford et al. (1992). Seis locos de microssatélites foram analisadosno mestrado, e no presente estudo, mais dois locos foram incluídos.A reação de PCR foi conduzida para amplificação, e os produtos foram analisados em gel de agarose e no sequenciador MegaBACE 1000. A variabilidade genética em cada região foi avaliada em termos de número de alelos e heterozigosidade usando o programa GENEPOP 3.3. Coeficientes de parentesco entre pares de indivíduos foram obtidos pelos programas Relatedness 4.2 e ML-Relate, levando em consideração a frequência alélica das populações.A análise estatística comparou médias de coeficientes de parentesco entre indivíduos do mesmo ninho e de ninhos diferentes usando o teste T-student e o de Mann-Whitney. Os índices foram categorizados como baixo, intermediário e alto. O estudo visa entender a fidelidade de araras aos seus ninhos ao longo das estações reprodutivas, considerando dados genéticos para avaliar o parentesco entre filhotes. 3.3 Resultados O estudo utilizou oito microssatélites para analisar duas populações de Ara hyacinthinus no Pantanal: Pantanal norte (PN) e Pantanal sul (PS). Sete desses locos foram usados para análises subsequentes devido à monografia de dois microssatélites, um em cada população. A variabilidade genética foi avaliada em termos de número de alelos a heterozigosidade observada e esperada.Os resultados mostraram diferenças significativas entre as populações. No PS, as médias de similaridade genética entre filhotes do mesmo ninho, na mesma estação reprodutiva, foram significativamente maiores do que entre filhotes de ninhos diferentes. No entanto, essa diferença não foi encontrada no PN. Análises de verossimilhança indicaram que, em algumas situações, não se pode descartar a possibilidade de os filhotes não serem aparentados ou meio-irmãos, enquanto a maioria dos pares indicou alta probabilidade de serem irmãos.A análise dos genótipos dos ninhegos revelou combinações de alelos compatíveis com irmãos na maioria dos ninhos. No entanto, em alguns casos, foram identificadas combinações que sugerem não serem irmãos, indicando possíveis casos de paternidade extra-par ou parasitismo de ninho. A maioria dos índices de parentesco observados para pares de indivíduos do mesmo ninho foi considerada alta.Os resultados indicam variação 28 na fidelidade reprodutiva das araras entre as populações do PN e PS, com implicações importantes para a compreensão da estrutura genética e comportamental dessas aves no Pantanal. 3.4 Discussão O estudo investigou a estrutura genética e os padrões de parentesco em populações de araras-azuis (Ara hyacinthinus) no Pantanal sul (PS) e no Pantanal norte (PN). Foi observada uma diferença significativa nas médias dos índices de parentesco entre filhotes do mesmo ninho na mesma estação reprodutiva no PS, sendo mais elevada do que entre filhotes de ninhos diferentes. No entanto, essa diferença não foi evidenciada no PN, possivelmente devido à baixa amostragem de ninhos naquela população.A análise de cada ninho indicou que a maioria dos filhotes encontrados no mesmo ninho (81,25%) provavelmente são irmãos de pai e mãe (full siblings), enquanto filhotes de ninhos diferentes não apresentaram relações de parentesco próximo. Esses resultados são congruentes com estudos anteriores em Ara ararauna, sugerindo uma monogamia genética estrita, uma característica incomum em aves.A discussão sobre as possíveis explicações para os padrões genéticos observados incluiu considerações sobre monogamia genética, fidelidade dos casais, competição por cavidades de nidificação e possíveis cenários de paternidade extra-par e parasitismo de ninho. A análise de DNA revelou que alguns pares de filhotes (12,5%) apresentaram baixas probabilidades de serem irmãos de pai e mãe, indicando a possibilidade de paternidade extra-par ou parasitismo de ninho.O estudo destacou a importância da competição por cavidades de nidificação na ecologia reprodutiva dessas araras, especialmente considerando a escassez de locais apropriados para reprodução. A comparação entre filhotes de diferentes estações reprodutivas sugeriu que alguns casais podem se reproduzir anualmente, enquanto outros podem fazê-lo a cada dois anos. A discussão concluiu destacando a necessidade de um maior número de locos de microssatélites para aumentar a robustez dos resultados e enfatizou a importância de integrar dados genéticos e observações de campo para uma compreensão mais abrangente dos padrões reprodutivos dessas aves.Em suma, o estudo forneceu insights valiosos sobre a estrutura genética e os comportamentos reprodutivos das araras-azuis, ressaltando a complexidade e diversidade desses padrões no contexto do Pantanal. 29 Capítulo 4. Teste de sexagem com amostras de penas em Anodorhynchus hyacinthius 4.1 Introdução Este estudo aborda a importância da identificação do sexo de aves em diversas pesquisas, especialmente em contextos como o manejo de populações ameaçadas e em cativeiro. A informação sobre o sexo é crucial para a implementação de programas de reprodução em cativeiro, detecção de viés na razão sexual e condução de estudos comportamentais. A técnica de sexagem molecular de aves, que utiliza a diferença de comprimento de um íntron do gene CHD-1, tem sido amplamente aplicada, especialmente em grupos como os psitacídeos que não apresentam dimorfismo sexual externo.No entanto, a eficiência dessa técnica é prejudicada ao trabalhar com amostras de DNA de baixa qualidade, como peles de museu e penas de muda. Estudos anteriores indicaram que a amplificação de fragmentos de DNA mitocondrial e de microssatélites é mais eficaz nessas circunstâncias. Para superar essa limitação, o presente estudo buscou padronizar a metodologia de sexagem para amostras de penas de Anodorhynchus hyacinthinus, visando melhorar a eficiência da técnica quando aplicada a amostras de DNA de qualidade inferior. Uma estratégia utilizada para otimizar a técnica foi o desenvolvimento de um primer interno (M5) para amplificar o CHD-1, resultando em fragmentos mais curtos (200-250 pb em comparação com os 300-400 pb iniciais). Essa redução de tamanho facilita a amplificação de amostras de DNA de penas de aves, que historicamente apresentavam baixa eficiência na sexagem molecular. O estudo contribui, assim, para aprimorar a aplicabilidade da técnica de sexagem molecular em contextos onde amostras de DNA de baixa qualidade são comuns. 4.2 Materiais e métodos O estudo investigou a sexagem molecular de penas de cobertura de aves, especificamente Anodorhynchus hyacinthinus, usando duas abordagens de extração de DNA. Foram analisadas penas recém-arrancadas de 14 indivíduos e penas coletadas no solo próximo a 11 ninhos monitorados em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural no Pantanal, Brasil.A extração de DNA das penas de cobertura foi realizada individualmente, seguindo protocolos distintos para penas arrancadas e penas encontradas no solo. Para penas arrancadas, foi utilizado o protocolo de digestão com proteinase K seguido de purificação 30 com fenol: clorofórmio: álcool isoamílico. Já para penas encontradas no solo, foi utilizado o kit DNeasy Tissue Kit com modificações, incluindo o corte longitudinal do cálamo das penas para facilitar a digestão.As reações de amplificação foram realizadas usando primers específicos (P2 e P8) em condições padronizadas, e amostras com sexagem não identificada foram submetidas a uma segunda reação utilizando o primer M5. A separação dos produtos foi feita em gel de agarose 3%, acompanhada por controle positivo (amostra de fêmea previamente sexada).A metodologia aplicada neste estudo busca melhorar a eficiência da técnica de sexagem molecular, especialmente em amostras de penas de qualidade inferior. O desenvolvimento de estratégias adaptadas à natureza das amostras é essencial para obter resultados confiáveis na identificação do sexo de aves em estudos de conservação e comportamentais. 4.3 Resultados e Discussão Figura 4.1 Gel de agarose 3% com produtosobtidos com os primers M5 e P8. L: ladder 1 kb Plus;1 e 2: penas da coberteira; 3-13: penas caídas no chão; N: controle negativo; P: controle positivo. A determinação do sexo em aves é fundamental para estudos de genética da conservação e manejo de populações. Este estudo avaliou a eficácia de diferentes metodologias de sexagem utilizando penas coletadas em coberteiras e no solo. Inicialmente, 86% das penas de coberteiras foram sexadas com sucesso usando os primers P2 e P8, enquanto nenhuma das penas coletadas no solo resultou em produto utilizando a mesma abordagem (Griffiths et al., 1998). Diante dessa limitação, foram empregados os primers 31 M5 e P8, conforme proposto por Bantock et al. (2007). Na primeira tentativa, foi possível sexar as duas penas de coberteiras restantes (100%) e três das 11 penas coletadas no chão, evidenciando uma melhoria na eficiência da sexagem. Na segunda tentativa, amplificaram-se três das oito amostras restantes, totalizando seis das 11 amostras com sexo identificado (56%). Os fragmentos resultantes variaram entre 250 e 300 pb.Os resultados sugerem que a metodologia de Bantock et al. (2007) é mais eficiente em estudos com DNA de baixa qualidade devido à produção de fragmentos menores na amplificação com os primers M5 e P8. Essa eficácia destaca a utilidade dessa abordagem em estudos genéticos aplicados à conservação e manejo de populações de aves, corroborando com trabalhos anteriores que enfatizam a importância dessas técnicas em contextos similares (Bunce et al., 2003; Huynen et al., 2003). Essa adaptação metodológica revela-se promissora para superar desafios relacionados à qualidade do DNA em amostras de penas. CONCLUSÕES GERAIS A análise de microssatélites e DNA mitocondrial em Anodorhynchus hyacinthinus proporcionou informações valiosas sobre diversos aspectos genéticos e evolutivos dessa espécie de psitacídeo. Dentre as principais conclusões, destaca-se a constatação de uma baixa variabilidade genética nos microssatélites e no DNA mitocondrial, especialmente quando comparada a outras espécies de psitacídeos. Essa característica pode ser uma peculiaridade intrínseca à espécie ou indicar uma expansão populacional recente.Os microssatélites utilizados demonstraram ser informativos na análise da estrutura genética populacional, fornecendo um panorama detalhado da distribuição genética. No entanto, a região controladora do DNA mitocondrial revelou-se mais variável, com a identificação de picos duplos. A subsequente sequenciação de partes específicas dos genes ND5, citocromo b e ND2, que apresentavam polimorfismo, ofereceu uma compreensão mais aprofundada dessa variabilidade.A análise indicou uma moderada diferenciação genética populacional em A. hyacinthinus, com a identificação de quatro grupos principais nas regiões do Pantanal Norte, Pantanal Sul, Norte e Nordeste. Entretanto, análises alternativas, como índices de FST e a rede de haplótipos, sugeriram diferenciação entre apenas três regiões, com Norte e Nordeste apresentando similaridades genéticas. O isolamento recente das araras nas regiões Norte e Nordeste foi apontado como um fenômeno, e a sensibilidade de métodos como a análise Bayesiana foi destacada para detectar tal estruturação.A diferenciação genética mais acentuada evidenciada pelo DNA mitocondrial em comparação com os microssatélites foi 32 interpretada à luz da dispersão diferencial dos sexos e da herança matrilinear e haploide do DNAmt. Essas características resultam em um tamanho populacional efetivo menor, influenciando a taxa de deriva genética. Além disso, a possibilidade de homoplasias nos microssatélites foi considerada, podendo subestimar a diferenciação populacional.A atribuição bem-sucedida da maioria dos indivíduos à sua população de origem destaca a utilidade prática dessa análise na identificação da proveniência de aves apreendidas, respaldando esforços de conservação. A estimativa da data de divergência entre os grupos genéticos, ocorrida entre 16 mil e 42 mil anos atrás, alinhada ao final do Pleistoceno, sugere uma influência significativa das mudanças climáticas desse período na distribuição atual da espécie.Outro ponto relevante é a análise de simulação, indicando uma possível estabilidade populacional ao longo do tempo, o que poderia explicar a baixa variabilidade genética observada. O gênero Anodorhynchus, compreendendo duas espécies ameaçadas e uma extinta, revela-se sensível às variações ambientais ao longo de sua história evolutiva.A similaridade genética entre filhotes de A. hyacinthinus corrobora dados de campo, apontando para um comportamento predominantemente monogâmico, embora surpreendentemente evidencie uma alta frequência de paternidade extra-par e parasitismo de ninho. Esses resultados destacam a complexidade das interações reprodutivas na espécie.A metodologia proposta por Bantock et al. (2007) para a sexagem, mostrou-se mais eficiente em estudos com DNA de baixa qualidade, como o extraído de penas, fornecendo uma ferramenta valiosa para pesquisas genéticas em condições desafiadoras. Essa abordagem é crucial para estudos de conservação e manejo de populações, bem como para compreender aspectos comportamentais e reprodutivos da espécie. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alderson G.W., Gibbs H.L., Sealy S.G. 1999. 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