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Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 1 Complexo Educacional Campos Salles PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO HUMANO Módulo 3 Análise e intervenção nas alterações do movimento Objetivos específicos O terceiro módulo da disciplina de psicomotricidade e Desenvolvimento Humano têm como objeti- vos específicos fornecer uma introdução aos conteúdos referentes a analise e intervenção na apli- cação de métodos em Psicomotricidade, proporcionando os seguintes conhecimentos: • Fornecer conhecimento sobre as fases do desenvolvimento Psicomotor segundo as verten- tes de autores renomados na área como: Piaget, Wallon e Gallahue; • Fornecer conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem relacionada a Psicomotri- cidade; • Fornecer conhecimento sobre como a Psicomotricidade pode se manifestar em condições excepcionais como a Deficiência mental; • Fornecer conhecimento sobre áreas de atuação da Psicomotricidade e suas corresponden- tes aplicações nos diferentes públicos; • Fornecer conhecimentos sobre mecanismos de organização para adequação de condições materiais e atividades para a inserção de métodos em Psicomotricidade; • Reflexão crítica sobre os aspectos e métodos que podem ser utilizados para inserção segura e plena da Psicomotricidade em ambiente escolar ; Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva Complexo Educacional Campos Salles Temas abordados nesse módulo INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 3 1. ANÁLISE E INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ...................................................... 4 1. 1 Fases do Desenvolvimento Psicomotor .................................................................................................... 4 1. 1. 1 Contribuições de Gallahue (2013) ............................................................................................................ 4 1. 1. 2 CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (1977) .......................................................................................................... 6 1. 1. 3 CONTRIBUIÇÕES DE WALLON (1995) ....................................................................................................... 9 1. 2 A Psicomotricidade e dificuldades de aprendizagem .......................................................................10 1. 3 Psicomotricidade e a Deficiência mental ...............................................................................................11 1. 4 Áreas de atuação da Psicomotricidade ..................................................................................................12 1. 5 Organizando condições materiais e atividades para Psicomotricidade ....................................13 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................15 MAPA MENTAL DESSE MÓDULO ...............................................................................................................................16 REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................16 Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 3 Complexo Educacional Campos Salles INTRODUÇÃO A psicomotricidade tem sua origem a partir da necessidade de respostas vindas de questões liga- das ao desenvolvimento humano e também trazer indagações que propiciem posições mais apro- priadas na área, já que sua principal concepção propõe que o corpo e a mente caminhem unidos, rejeitando a dualidade das concepções iniciais relacionadas a este campo, pois o corpo é uma fer- ramenta de interação com os demais e de articulação e exposição do pensamento. Os movimentos , praxias e gestos proporcionam aprendizagem a respeito do mundo, fazendo com que entendendo- -o, o indivíduo possa desenvolver-se de forma integra no mesmo (ORTIZ, 2015). Sabendo da dimen- são estrutural da Psicomotricidade e da gama de métodos e ambientes de aplicação é necessário compreender os mecanismos de analise do desenvolvimento motor do indivíduo para estabelecer uma conduta adequada de intervenção que contribua com as experiências de vida do mesmo, já que um sistema vivo necessita de equilíbrio para existir, o qual só é possível por meio da relação entre o mesmo e o ambiente que o envolve, desta forma qualquer organismo vivo deve produzir modificações tanto em sua conduta como em sua estrutura interna para permanecer estável e não desaparecer, proporcionando um fenômeno que ocorre tanto a nível biológico como no equilíbrio entre o sujeito e o meio (PIAGET, 1977). Desta forma todos os aspectos que permeiam o sujeito vão influenciar em suas respostas e promover motivos que prejudiquem ou beneficiem sua progressão em todas as áreas vitais. A emoção, por exemplo, que não se dissocia em nenhum momento deste ser vivo, tem a capacidade além de contaminar o outro, também desencadear uma cascata de sen- sações que promovem o sentido para busca e nos torna essencialmente humanos, no entanto no momento do perigo, por exemplo, verificamos que o automatismo antecipa a emoção, o indivíduo reage e ao passar a reação deixa-se levar pelos sintomas da emoção ou a emoção supera o au- tomatismo e não deixa o indivíduo reagir (WALLON, 1995), são questionamentos dos mais diversos implicados na cognição, emoção e movimento e que a Psicomotricidade tenta investigar pelas suas várias vertentes. Sabendo disso, a Psicomotricidade que contém essas amplas e diversificadas áreas de conheci- mento é constituída por um conjunto de diversos elementos que funcionam em conformidade com determinadas propriedades sistêmicas, estando entre elas: a totalidade, caracterizada pela unidade que implica a noção de integração psicomotora, a interdependência que envolve uma inter-relação dos fatores psicomotores, a hierarquia que contém níveis de organização e de desenvolvimento gradativo, o intercâmbio que compreende um sistema aberto de funções de captação e de expres- são com o mundo exterior, a auto regulação que subentende um sistema teológico que realiza fins por meio de feedbacks múltiplos, a adaptabilidade que permite o ajustamento as exigências ecológicas, a equifinalidade o qual o pensamento se transforma em ação e o equilíbrio que ocorre a medida que todos os componentes tem condições de se desenvolverem e se manifestarem de forma harmoniosa para o todo. Sendo assim, promover uma analise coerente da Psicomotricidade para cada indivíduo, afim de promover uma intervenção adequada requer uma ampliação do olhar para garantir que todos esses aspectos estejam em vista em diferentes ângulos, para trazer a tona a sintonia entre os mesmos, de maneira a propiciar ajustes possíveis para que cada sujeito tenha condições de se desenvolver mediante suas potencialidades e dificuldades. Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 4 Complexo Educacional Campos Salles 1. ANÁLISE E INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR O desenvolvimento da Psicomotricidade é possível quando promovido de forma organizada e es- truturada, possibilitando que a criança explore suas potencialidades e capacidades de acordo com a fase de desenvolvimento psicomotor que se encontra, a qual só é possível por meio da maturação da mesma. Desta forma existem padrões que foram implementados por alguns pensadores e au- tores que norteiam uma base referencial para cada nível de maturação que deve ser desenvolvida. Quando o indivíduo apresenta um comportamento motor muito diferenciado das concepções incor- poradas é necessário identificar o motivo dessas variações e se comprometem ou não o desenvolvi- mento vital do sujeito. Desta forma é necessário conhecer as fases de desenvolvimento psicomotor paraelaborar uma análise coerente da etapa que cada criança se encontra assim como a interven- ção mais apropriada que corresponda as necessidades da mesma. Pense comigo Sabendo que a Psicomotricidade se encontra constituída por três eixos tão importantes e indissociáveis para a manutenção da vida humana (cognição, movimento e afetividade), como esta poderia ser promovida como meio de facilitação para contribuir como desenvolvimento integral de cada indivíduo? O conhecimento das vertentes da Psicomotricidade proporcionam elementos para execução de uma analise qualificada sobre o desenvolvimento motor e a partir dos resultados obtidos a intervenção mais apropriada para cada indivíduo. 1. 1 Fases do Desenvolvimento Psicomotor Seguem abaixo algumas contribuições de importantes autores a respeito do assunto. 1. 1. 1 Contribuições de Gallahue (2013) Gallahue (2013) formulou estudos importantes sobre o desenvolvimento motor e as fases que o compõe, defendendo que todo ser humano tem em sua constituição a participação da tríade com- posta pelo ambiente, pela tarefa e pelo próprio indivíduo para construção integra do seu ser. Estes estão interligados, desta forma influenciam na resposta um do outro em todas as fases da vida. Estágios do desenvolvimento segundo Gallahue (2013) • 1ª Fase: Motora Reflexiva Esta fase é caracterizada pelo predomínio de movimentos reflexos que formam a base para a cons- trução das fases posteriores, sendo constituída pelos estágios de codificação e de decodificação de informações. No estágio de codificação a atividade motora involuntária do período fetal se realiza Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 5 Complexo Educacional Campos Salles até aproximadamente o 4º mês, pois os centros cerebrais inferiores estão mais desenvolvidos do que o córtex motor, fornecendo meios primários em que é possível para o bebê reunir informações, ir em buscar alimento e encontrar proteção na realização do movimento. No estágio de decodifica- ção de informações que inicia em torno do 4º mês de vida, o desenvolvimento dos centros cere- brais inferiores passam a inibir diversos reflexos que são substituídos pouco a pouco pela atividade sensório-motora. Atenção Atividade sensório-motora é aquela que envolve o processamento de estímulos sensoriais com informações armazenadas e não apenas rea- ções aos estímulos e as mesmas desencadeiam respostas motoras afim de satisfazer as necessidades do indivíduo segundo sua percepção. Existem vários tipos de reflexos que se apresentam para as mais diversas finalidades, dentre eles se encontram: os reflexos primitivos, que são agrupadores de informações ou mecanismos de sobre- vivência e os reflexos posturais que são os equipamentos de testes neuromotores para promover mecanismos estabilizadores, manipulativos e locomotores. • 2ª Fase: Movimentos Rudimentares Esta fase é caracterizada pela presença de movimentos voluntários, que são observados a partir do nascimento e que se desenvolvem em torno dos 2 anos de idade. A maturação varia em cada sujeito, dependente de vários aspectos, tais como: ambientais, tarefas e biológicos e constituem as formas básicas e fundamentais do movimento voluntário, compostos por movimentos estabilizadores ( como possuir o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco), movimentos manipulativos ( como agarrar, alcançar e soltar) e movimentos locomotores (como caminhar, arrastar e enga- tinhar). O primeiro estágio se refere ao de inibição de reflexos que tem inicio no nascimento e de acordo com o desenvolvimento do córtex, vão sendo gradativamente cada vez mais inibidos o que dá lugar aos movimentos voluntários. Os movimentos rudimentares mesmo sendo objetivos, ainda se encontram grosseiros e descontrolados e com a característica de falta de controle e regulação. No estágio seguinte chamado de pré-controle que ocorre aproximadamente por volta de 1 ano de idade, o indivíduo passa a ter uma maior precisão e controle na execução de seus movimentos, pois já começa a desenvolver o processo de diferenciação entre os sistemas motor e sensorial associado a integração significativa e coerente de informações perceptivas e motoras obtidas por meio da aprendizagem e manutenção do equilíbrio, locomoção no espaço e manipulação de objetos com maior eficiência e controle. Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 6 Complexo Educacional Campos Salles • 3ª Fase: Movimentos Fundamentais Esta fase dá sequência à fase de movimentos rudimentares, onde a criança se envolve com a expe- rimentação e exploração das capacidades e habilidades corporais por meio da experiência motora na ampliação de seu repertório, proporcionado pela melhora dos movimentos manipulativos, loco- motores e estabilizadores que ocorrem primeiramente de forma isolada e seguem para movimentos de modo mais combinado. Vários tipos de habilidades motoras são exploradas nesse período afim de promover futuramente maior aperfeiçoamento, desta forma devem ser estimulados movimentos fundamentais, tais como: pular, correr, andar com firmeza, arremessar e apanhar e o equilíbrio num pé só, por exemplo. No primeiro estágio dos movimentos fundamentais as primeiras tentativas de desempenhar determinada habilidade fundamental ocorre de maneira restrita, por mais que acon- teçam de forma sequencial e ordenada, mas o uso exagerado das estruturas corporais, que exigem ritmo e coordenação ainda estão com desenvolvimento reduzido. No entanto no estágio elementar dos movimentos fundamentais é possível perceber um controle maior e melhor dessas habilidades onde o aprimoramento das estruturas espaciais e temporais já passa a ser mais evidente, sendov- visto isso por volta dos 3 a 4 anos de idade. No estágio maduro dos movimentos fundamentais, os desempenhos mecanicamente construídos, ocorrem de maneira coordenada, eficiente e controlada, incidindo aproximadamente aos 5 e 6 anos de idade. • 4ª Fase: Movimentos Especializados Nesta fase as habilidades locomotoras, estabilizadoras e manipulativas fundamentais são grada- tivamente refinadas, combinadas e executadas para o uso constante em situações cada vez mais exigentes e com maior rigidez, onde a velocidade, o tempo de reação, a coordenação, o biotipo corporal, como a altura e o peso, a pressão do grupo social, os hábitos e a estrutura emocional são aspectos que determinam o desenvolvimento dessa fase. No estágio inicial, o transitório, ca- racterizado por movimentos especializados, constituído de crianças com aproximadamente 7 e 8 anos, associam-se habilidades motoras básicas ao desempenho de habilidades especializadas em todas as atividades, tendo os mesmos elementos da fase anterior, no entanto com maior controle e precisão em que a criança demostra-se como agente ativo na descoberta de combinações de inú- meros movimentos, tornando-se de total importância para a elevação da regulação e competência motora. No estágio de aplicação de movimentos especializados que ocorre entre os 11 e 13 anos, a criança passa a tomar decisões sobre a sofisticação e refinamento crescente das suas habilidades motoras e capacidades físicas, empregando-as em atividades de caráter competitivo, possibilitando a mesma a capacidade de decidir qual das atividades lhe proporciona maior sucesso e satisfação, configurando uma fase para usar e refinar habilidades com maior grau de complexidade como jogos, atividades que exigem liderança, assim como esportes selecionados. No último estágio cha- mado de utilização permanente dos movimentos especializados que inicia aproximadamente em torno dos 14 anos de idade e que perpetua pela vida adulta, caracteriza-se pela utilização de um repertório de movimentos obtidos pelo indivíduo durante todas as demais fases anteriores, onde fatores como, dinheiro, tempo disponível , instalações, equipamentos, limitações físicas e mentais e outras influenciam diretamente em manutenção e desenvolvimento.Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 7 Complexo Educacional Campos Salles 1. 1. 2 CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (1977) Jean Piaget desenvolveu muitas teorias que compõe o desenvolvimento humano por meio de estu- dos e observações que trazem uma reflexão aprofundada desde o nascimento da criança e defende que todo conhecimento tem sua origem a partir de uma ação. Gênese do conhecimento segundo Piaget Piaget defendia que a ação executada sobre o meio forma a realidade, onde o real está centrado no mundo dos acontecimentos e objetos, que são estruturados pelo sujeito em função da realização de seus esquemas de ação permitidos por meio da regularidade da natureza e a conquista e os limites de seus atos referentes ao seu mundo, sendo assim a própria ação não é a continuidade e nem o fim do conhecimento e sim a primeira etapa para iniciação da fase da abstração reflexiva. O conhecimento como forma de compreensão do modo de construção ou transformação de acontecimentos e objetos possibilita a estruturação da ação, onde a cognição que é uma reequilibração com novas combina- ções em que os elementos são retirados do sistema anterior, caracterizado por uma abstração refle- xiva a respeito do meio que a criança conhece, aprende e atribui significado ao real. Já a estrutura da ação é generalizante e antecipadora, pois por meio do aprendizado de qualquer ação esta passa a ser sempre reproduzida, onde a repetição faz com que a criança passe a antecipar o movimento sabendo o que deve ser feito para atingir seu objetivo. O espaço também faz parte da manifestação desse con- texto, logo a construção deste, por meio daquilo que se vê e se toca serve de referência a respeito da existência do objeto no espaço. O indivíduo constrói um modelo mental de suas ações, onde se per- mite quebrar e recriar os objetos que vão de encontro com a sua realidade, possibilitando que ocorra a generalização, que acontece logo em seguida após a construção de suas estruturas mentais para realizar várias possibilidades de orientação e atuação, que serão estas que permitirão a antecipação, permeada da capacidade de modelar o resultado de uma ação antes do seu acontecimento. A asso- ciação da generalização e da antecipação define o que é conhecimento, visto por meio da construção de um modelo que possa ser aplicado e desenvolvido por meio de uma estrutura mental. Considerando o aspecto cognitivo na obtenção de um processo psicomotor amplo, a inteligência para Piaget é o modo como o indivíduo constrói seu conhecimento e se adapta à diferentes situa- ções, onde seja capaz de realizar abstrações sendo necessário que a criança obtenha experiências concretas sobre os diversos conhecimentos, logo se justifica a importância do movimento para a cognição, tendo em vista dois mecanismos básicos para adaptação do sujeito para modificações de comportamento, que são a assimilação, caracterizada pela organização dos atos, possibilitando a assimilação dos componentes motores em diversas situações proporcionadas pelo meio e a aco- modação que refere-se a tentativa de ajustamento a uma nova experiência que tem como resultado a modificação dos esquemas existentes anteriormente. Estágios do desenvolvimento segundo Piaget • Sensório-motor Ocorre do 0 aos 2 anos, aproximadamente, por meio de reflexos neurológicos básicos do bebê, que inicia a construção de esquemas de ação que possibilitam assimilar o meio, sendo a inteligência Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 8 Complexo Educacional Campos Salles dada de forma prática, assim como as noções de tempo e espaço. O contato com o meio ocorre de forma imediata e direta em que a representação ou pensamento ainda não se manifestam de forma evidente, pois o pensamento e a ação estão ligados de maneira indissociável e os objetos apenas serão reconhecidos a medida em que a criança consegue obter estrutura para lidar com os mesmos. • Pré-operatório Ocorre em torno dos 2 aos 7 anos, sendo caracterizado pela capacidade da criança em representar mentalmente situações e pessoas, conseguindo agir por simulação, possuindo uma percepção pre- dominantemente global, sem discriminar detalhes. A criança é centrada em si mesma, pois ainda não é capaz de se colocar de forma abstrata, no lugar do outro, já que é um período destacado pela interiorização dos esquemas de ações que foram construídos e aperfeiçoados no estágio anterior e transformados em manipulações internas das realidades, o que eleva gradativamente à inteligência representativa. A criança atinge o domínio do simbolismo, sendo capaz de associa-lo sempre a um objeto ou alguém, em função do desenvolvimento dessas capacidades consegue desenvolver a lin- guagem verbal e a linguagem matemática, mesmo estando muito voltada para si mesma. • Operatório Ocorre aproximadamente entre os 7 e 12 anos, caracteriza-se pela capacidade da criança conseguir relacionar diferentes fatores, abstraindo dados da realidade, não se limitando apenas a uma sim- ples representação imediata, mas dependente do mundo concreto que a influencia para conquistar a abstração , possibilitando novas aquisições como a capacidade de refazer um trajeto mental e usar a lógica para chegar as situações da maior parte dos problemas concretos. No entanto sua dificuldade se eleva ao se tratar de lidar com problemas que não são concretos, mas a continuidade da maturação aliada à influência do ambiente social e físico fornecem a criança uma importante acomodação: a operação, a qual possibilita que mesmo que as ações externas sejam de extrema importância, a mesma enriquece de forma profunda a capacidade de agir internamente, já que a reversibilidade é uma ação que se encontra presente, acompanhando a ação por meio de um tra- balho mental que a capacita de tirar suas próprias conclusões. Esta já raciocina por meio de vários ângulos, assim como está dentro do quadro geral de flexibilidade, caracterizado pela inteligência operacional, que permite colocar objetos em série e classificá-los, por exemplo. • Formal Ocorre aproximadamente acima dos 12 anos, o qual permite a abstração total, onde a criança não se limita exclusivamente a representação imediata e nem somente as relações previamente existen- tes e sim é capaz de pensar em torno de todas as relações possíveis de forma lógica. Esse estágio ocorre por meio da linguagem, sem que seja necessária a relação com o dado concreto e sim ape- nas por meio do raciocínio, sendo aplicado a todos os problemas surgidos. Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 9 Complexo Educacional Campos Salles Saiba mais Jean Piaget forneceu muitas contribuições para diversas áreas de estu- do. Saiba mais a respeito deste importante autor. Assista o vídeo: “Jean Piaget (PIAGET)” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l51yF_CNEKs 1. 1. 3 CONTRIBUIÇÕES DE WALLON (1995) Wallon (1995) organizou vários estudos sobre a importância da tonicidade no desenvolvimento do ser humano e sempre defendeu o desenvolvimento integral do ser humano para a formação de um ser pleno. O mesmo também defendeu que o desenvolvimento do pensamento não ocorre de forma organizada, pois este é conflituoso e regressivo e considerava o movimento como elemento funda- mental para contribuir com a elaboração do pensamento do indivíduo, sendo de natureza social, já que é por meio dele que se provoca, processa e detona a maturação do sistema nervoso. Estágios do desenvolvimento segundo Wallon • Estágio impulsivo Ocorre aproximadamente entre 0 à 3 meses, onde há a dependência total em relação a família e o bebê apresenta descargas de energia muscular ineficientes, por meio de espasmos e movimentos desorganizados. • Estágio emocional Ocorre aproximadamente por volta dos 3 à 9 meses, sendo caracterizado pelo desencargo da emo- ção como meio de comunicação do bebê, onde a relação afetiva é a mais evidente, desempenhando um papelimportante para a comunicação. • Estágio sensitivo-motor Ocorre aproximadamente entre 1 a 3 anos de idade, sendo caracterizado pela descoberta do mundo dos objetos e com a presença do simbolismo, transforma o mesmo em imaginação. • Estágio projetivo Apesar da faixa etária não ser discriminada pelo autor, esta fase ocorre a partir dos três anos e a criança age sobre o objeto, projetando-se nas coisas para se perceber. https://www.youtube.com/watch?v=l51yF_CNEKs Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 10 Complexo Educacional Campos Salles • Estágio do personalismo Ocorre aproximadamente a partir dos 3 anos e continua até a adolescência, sendo caracterizado pela necessidade da criança obter reconhecimento do outro e o meio é obtido pela tomada de consciência de sua personalidade, logo, mediante a participação em grupos diferentes, assume di- versos papeis que facilitam sua entrada no meio social. • Estágio da adolescência Ocorre desde o início da adolescência, tendo como característica principal a evidente afetividade que será o centro de interesse e a maturidade com acesso aos valores sociais e morais, que até então eram abstratos numa preparação para a vida social do adulto. 1. 2 A Psicomotricidade e dificuldades de aprendizagem Sabendo que dentre os fatores principais que compõe a Psicomotricidade estão a afetividade, a função cognitiva e a motricidade, um aspecto que caminha incorporado a esses fatores o qual é impossível dissocia-lo da Psicomotricidade é a aprendizagem, que se refere ao processamento e armazenamento de informações que geram mudanças no comportamento. Desta forma é possível considerar que uma falha em pelo menos em um dos sistemas ou a associação destes irá prejudicar também no desenvolvimento dos outros. Este é um tema de grande preocupação, pois as dificul- dades na aprendizagem geram danos imensuráveis que podem corromper por uma vida inteira do indivíduo e trazer consequências de elevado impacto negativo, sendo assim não é raro a ocorrência de pessoas que abandonam a escola, levando consigo a sensação de perda, fracasso e incapaci- dade e muitas vezes sendo encaminhados para uma extensa equipe de profissionais afim de unica- mente reintegrá-lo a escola. Desta forma é inevitável compreender os motivos que desencadeiam essas dificuldades, para que estratégias possam ser concebidas e aplicadas para contribuir para a superação desses desafios por essas pessoas que sofrem dessa circunstância. Segundo Oliveira (2003) vários autores tem investigado esses processos e dentre os motivos elencados relacionados com a dificuldade de aprendizagem, estão: • Fatores intraescolares (Referem-se à inadequação de sistemas de avaliação e método de ensino adotado, programas, currículos e relacionamento entre professor e aluno); • Deficiência física ou/e sensorial ( déficits auditivos e visuais); • Aspectos carenciais da população (saúde, nutrição); • Problemas emocionais; • Deficiência mental ; • Dislexia; • Deficiências não verbais; • Linguagem deficiente; • Ausência ou falta de estimulação adequada para aquisição de pré-requisitos necessários para a concretização da alfabetização; Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 11 Complexo Educacional Campos Salles • Falta de maturidade para iniciar o desenvolvimento de alfabetização; • Diferenças culturais e/ou sociais. Os motivos da incidência de dificuldades de aprendizagem são extremamente variados e multide- terminados, já que os mesmos também associam-se entre si, criando respostas imprevisíveis para cada individuo, justificando o por que das estratégias para criar mecanismos de superação destas situações são individualizados. Quando nos referimos a aprendizagem da leitura, por exemplo, nos deleitamos a uma habilidade que envolve várias capacidades, tais como perceptivas, linguísticas, motoras e cognitivas, sendo assim não é possível atribuir a dificuldade na leitura isolando apenas a um prejuízo em uma dessas habilidades, no entanto de qualquer forma, é necessário descobrir aquelas que mais influenciam e comprometem para que seu processo ocorra da melhor forma possível (MORAIS, 1986). Pois o sistema nervoso obtém uma maturação adequada quando possui ao seu alcance condições adequadas que sejam repletas de sensações táteis, visuais, auditivas, olfati- vas e palativas estimuladas por um diálogo tônico, provomovidos por aqueles que proporcionam os devidos cuidados e se importam com a criança (SOUSA, 2004). Quando pretendido potencializar as aprendizagens das crianças é oportuno lidar com indivíduos que possuam uma progressão bioló- gica que paute em fatores motores e afetivos, afim de redistribuir suas energias em outras áreas, a medida que constroem conhecimentos importantes e sólidos para estruturar bases para projeções futuras (ORTIZ, 2015). 1. 3 Psicomotricidade e a Deficiência mental Podemos definir Deficiência Mental, segundo a Associação Americana de Deficiência Mental (1992), como: A Deficiência Mental é uma limitação substancial no processo adaptativo psicossocial presente no indivíduo, sendo caracterizada por um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e coexistindo simultaneamente com limitações em duas ou mais das seguintes áreas adaptativas: comunicação, autossuficiência, sociabilização, independência em casa e na comunidade, saúde, segurança, aprendizagem, escolar, lazer e trabalho, tendo ela de se manifestar antes dos 18 anos. A Psicomotricidade por caracterizar-se por possuir várias dimensões devido sua ampla gama de áreas de estudo, tem a cognição como componente de sua constituição, sendo assim a partir da definição acima podemos entender que as respostas psicomotoras para este grupo serão diferen- ciadas, já que é possível estabelecer uma analogia entre inteligência e psicomotricidade ( FONSECA, 2008), sendo assim foi desenvolvida a teoria triárquica da Deficiência Mental de Stenberg (1985)que é uma teoria mais global sobre a inteligência, sendo composta por três dimensões: a componencial, experiencial e contextual. Essa teoria contribuiu para a exploração das implicações relevantes da inteligência para caracterizar a ação psicomotora, destacando que a Deficiência Mental sugere que os componentes de processamento de informação e fatores psicomotores se encontram menos disponíveis, logo a disfunção em habilidades psicomotoras como tonicidade, equilíbrio, lateralidade, somatognosia e outros podem sofrer prejuízos, os componentes de execução neste público estão Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 12 Complexo Educacional Campos Salles com precisão reduzida e mais lentos que gera dismetrias, dissincronias e dispraxias comprome- tendo os elementos psicomotores, componentes da inteligência como seleção, identificação e or- ganização de dados do problema, estratégia unificada e sistemática de resolução, a representação mental de informação, a focagem na atenção, o processamento de recursos da memória e outros são ativados inadequadamente o que gera a degradação da interconexão entre os elementos do ato mental e evoca também feedbacks inadequados o que sugere disfunções entre os processamentos inferiores e superiores de informação. O simples prejuízo em uma das áreas ou a associação entre elas já produz efeitos suficientes para alterar a resposta psicomotora. Desta forma se faz útil co- nhecer as particularidades e necessidades primordiais de cada indivíduo para realizar uma analise e avaliação coerente para aplicação de uma intervenção o mais adequada possível. 1. 4 Áreas de atuação da Psicomotricidade Devido a extensa gama de possibilidades de aplicação da psicomotricidade, várias áreas foram de- senvolvidas para proporcionar que seus benefícios fossem obtidos. Estas possuem o homem e as fer- ramentas da psicomotricidade como instrumentos de atuação, no entanto possuem especificações de atuação própriasque a tornam úteis para os diferentes públicos e situações. Dentre elas se encontram: • Estimulação Psicomotora O processo de estimulação psicomotora envolve o desenvolvimento da criança no começo da vida possibilitando que este ocorra de forma harmoniosa, caracterizando-se pela incorporação de ta- refas que buscam o encontro dos recursos que o indivíduo já apresenta, tendo como base sua capacidade maturacional, que desperta o corpo e a atividade por meio de movimentos e jogos que proporcionem uma harmonia constante. Esta área destina-se prioritariamente a recém-natos e pré-escolares (BUENO, 1996). • Educação Psicomotora A educação psicomotora direciona-se a todas aprendizagens possíveis da criança, onde seu pro- cessamento ocorre por meio de etapas específicas e gradativas de acordo com as particularidades de cada indivíduo. O desenvolvimento psicomotor ocorre em todos os momentos da vida, por meio experiências vivenciadas constantemente e que são obtidas a partir de intervenções diretas a nível motor, cognitivo e emocional, proporcionando a estruturação do sujeito de forma integral (CABRAL, 2000). A educação psicomotora ocorre por meio da execução de situações naturais e que previnem distúrbios e transtornos naturais relacionados prioritariamente a crianças que se encontram em condições de frequentar regularmente o ambiente escolar. A mesma pode ser encontrada em vários ambientes, tais como: na família, na escola e no meio social em geral, podendo ser mediada por educadores, pais e professores (BOULCH, Le, 1983). • Reeducação Psicomotora A reeducação psicomotora é uma ação desenvolvida em sujeitos que sofrem com perturbações ou distúrbios psicomotores, tendo como principal objetivo retomar as fases de educação psicomotora que foram ultrapassadas de forma inadequada (STAES e MEUR, 1984). Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 13 Complexo Educacional Campos Salles • Terapia Psicomotora A terapia psicomotora é direcionada a indivíduos que possuem conflitos mais profundos em sua estruturação, associados a aspectos funcionais e/ou desorganização total de sua harmonia cor- poral e pessoal, tendo como públicos crianças que demonstram pulsões motoras incontroladas, dificuldade de relacionamento corporal, casos de excepcionalidade, associação de transtornos da personalidade e agressividade acentuada e a mesma utiliza de vários recursos realizados por meio de jogos de movimentos corporais e atividades afins, que desenvolvam as necessidades específicas de cada individuo (BUENO, 1997). 1. 5 Organizando condições materiais e atividades para Psicomotricidade Há inúmeras maneiras de proporcionar o desenvolvimento da Psicomotricidade, já que esta ocorre por meio do encontro entre o meio interno e externo do indivíduo durante toda sua vida. Desta for- ma, mecanismos de facilitação são essenciais para aquisição das habilidades psicomotoras, pois es- tas dependem dos estímulos proporcionados ao indivíduo para que possam acontecer, devendo ser levado em consideração a fase de desenvolvimento motor que o sujeito se encontra, o seu histórico prévio de experiências vividas, o nível de maturação do mesmo e as particularidades de cada um. A única atividade lúdica a qual a criança realiza sem utilização de regras rígidas, justamente por este motivo só é possível executa-la individualmente, é a brincadeira, a qual proporciona um grau elevado de criação, construção e desconstrução entre ela e o mundo, pois viabiliza que esta monte e desmonte sua própria história conforme seus anseios, suas vontades e seu entendimento sobre o mundo. Por meio da brincadeira a criança expõe o que tem aprendido sobre o universo, descartan- do e mantendo as experiências vivenciadas, mesmo ainda não tendo total compreensão sobre suas escolhas, mas reproduz conforme seu entendimento sobre o ambiente que a cerca e suas possibili- dades de interação ao mesmo. O jogo diferencia-se da brincadeira, pois sempre possuirá regras por mais simples que sejam, o que permite que a criança partilhe essa experiência com outras crian- ças, pois a presença do outro além de possibilitar a exposição dos potenciais individuais também expõe as dificuldades, permitindo a conscientização dos limites, que referem-se ao que também é coerente não só para o “eu” mas também para o “outro”. Assim tanto a utilização do jogo como da brincadeira são importantes para o desenvolvimento integro da criança, onde o “brincar” deve ter presença destacada principalmente na infância, porque é o meio mais saudável de aprendizagem, já que segundo Piaget (1977), toda inteligência humana, é fruto de uma gama de experimentações sensoriais, onde a base motora que sintetiza as aprendizagens iniciais da criança, as quais a mesma necessitará fazer uso constante afim de evoluir e adquirir novos conhecimentos, promove a coorde- nação do sistema sensório-motor, sendo a primeira e última representação de inteligência humana. Desta forma, os estímulos adaptados à criança de forma adequada facilitam o seu processo de desenvolvimento global e diversos mecanismos podem ser utilizados para facilitar a evolução da mesma, proporcionados pelo domínio de diversas habilidades que promovam a superação de con- flitos e desafios internos e externos, além da capacidade de solucionar problemas que não se re- metem exclusivamente a uma opinião única e universal, colocando-a sobre a consciência de sua existência no mundo e também da existência do outro. Desta forma é necessário possibilitar recur- Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 14 Complexo Educacional Campos Salles sos materiais, atividades, estratégias e ambiente adequado que permita a aquisição de todos os benefícios oriundos da Psicomotricidade e suas vertentes. Segundo Ferreira (2007), quando a criança brinca sozinha ou com outras demais, permitindo ser tanto de maneira espontânea quanto organizada é preciso criar os mais diversos espaços e am- bientes que viabilizem a exploração da criança de forma plena e segura. Tomando como exemplo o ambiente escolar, é possível organizar nesse espaço independente das dimensões do mesmo, cantos de tarefas, onde é possível manter um número diversificado de material móvel organizados de maneira que permita uma atividade livre e espontânea que pode inclusive, ser administrada por meio de vários agrupamentos contituídos por quantidades reduzidas de crianças para que todas te- nham a oportunidade de realizar a atividade com espaço suficiente para se mover e conhecer a si e ao outro de maneira mais profunda, cenário que já não se torna tão facilitado quando a quantidade de crianças é muito elevada ou espaço para a atividade é muito reduzido. A preparação do espaço também deve corresponder ao tipo de atividade proposta e ao objetivo que se pretende atingir, sendo assim deve-se dedicar um cuidado especial com a programação das atividades que deve levar em consideração as especificidades de cada turma, assim como das individualidades de cada aluno, já que as necessidades, capacidades, habilidades, potencialidades e dificuldades de cada uma das crianças são diferenciadas. Os jogos aplicados em sala de aula, por exemplo, também podem vir como instrumento para adi- cionar conhecimentos e experiências sobre situações vivenciadas em sala de aula e que precisam ser reforçadas e o jogo pode trazer essa aprendizagem de forma totalmente cinestésica com um olhar sensorial voltado para a temática que o professor pretende evidenciar. As atividades propostas na programação sugerida devem sempre respeitar o nível de maturação dos realizadores para que o grau de interesse possa ser sempre preservado e os realizadores possam desfrutar o máximo pos- sível da atividade proposta, por exemplo, levando em consideração as diferentes idades e objetivos a serem adquiridos, crianças entre os 4 e 6 anos brincam em grupos reduzidos de duas a quatro pessoas e na maioria das vezes a estabilidadedo grupo é pouco duradoura, sabendo disto deve-se considerar essa característica da idade e permitir que a liberdade de pesquisar possa ser conciliada com a organização do que se está sendo proposto. Toda a organização para administração de tarefas para o público em geral deve estar sempre pau- tada fundamentalmente na promoção de um clima de confiança e segurança no desenvolvimento das atividades, procurando que a vivência dos mesmos nas diversas experiências ocorra de forma positiva emtodas as áreas e inclusive na afetiva, objetivando criar circunstâncias as quais promovam confiança corporal e em seu desempenho motor. Sendo assim se faz imprescindível considerar as possibilidades da mesma para enfrentamento das condições que lhe são apresentadas, avalian- do as aquisições anteriores e o progresso da mesma, sempre ajustando e adaptando conforme o desenvolvimento desta. Isso propõe que as atividades devem possuir grau de complexibilidade apropriado para o praticante, onde não se façam nem de forma excessivamente complexas e nem extremamente fáceis, já que ambas podem causar o desinteresse total da criança, perdendo assim uma rica oportunidade de aprendizagem em função de uma tarefa inadequada. Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 15 Complexo Educacional Campos Salles A elaboração dessas atividades requer profunda reflexão do aplicador, pois existem muitos aspec- tos a serem considerados, podendo ser materiais ou não. O próprio professor como fundamental instrumento desse processo tem consigo o poder da comunicação que é mecanismo indispensável para o desenvolvimento do individuo deve utilizar de todos os recursos disponíveis para chegar ao nível de compreensão da criança, como por exemplo, em uma situação de apresentação de uma atividade, estabelece-se a situação e a definição do desfecho a ser conquistado, podendo trazer algum grau de desafio, em especial quando tratado de crianças de menor faixa etária, pois exige do aplicador uma incorporação do mundo o qual o indivíduo entende, sendo assim com frequência se faz necessário a utilização da imitação para fazer com que a compreensão da natureza do pro- blema que a mesma está vivendo possa ser apresentado pelos mais diversos recursos sensoriais, para sua compreensão que pode ser feita inclusive por meio de interpretação de forma gestual, que não deve reprimir a fala, mas sim a ela devem ser adicionados elementos que promovam ainda maior sentido para entendimento da criança, pois permitirá o treinamento da função simbólica e a medida em que se utiliza da ligação entre aquilo que se ouve e o objeto que se utiliza a palavra e a designação da ação irão se cumprir. Demonstrar o desfecho a ser adquirido e não somente os meios, promove a visualização da meta a ser atingida pela criança. Estas estratégias são desenvol- vidas de acordo com as habilidades e competências que pretendem ser obtidas respeitando a fase em que o indivíduo se encontra e adaptações devem ser feitas em conformidade a analise obtida para a melhor intervenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ser humano vive a realidade de partilhar o mundo como outro e este assim como a si próprio se mantém em constante mudança, seguindo a ótica dos ecossistemas que se permitem adaptar as condições do ambiente para promover a manutenção da vida. Existem meios que facilitam para que este movimento de adaptação ocorra de forma natural coexistindo as necessidades dos organismos vivos e dando ao processo um traço evolutivo em que não se é possível mensurar exatamente todos os avanços e retrocessos e inclusive muitas vezes discriminá-los, mas nos é possível reconhecer sempre que o tempo e as experiências trouxeram mudanças. A mudança não é escolha é necessi- dade, as condições, os recursos e as oportunidades nos permitem trazer a tona o desenvolvimento. A Psicomotricidade se baseada em entender esse movimento de mudança nas diferentes fases da vida e trazer recursos para que cada individuo possa desfrutar da etapa em que está forma mais rica eampla possível e inclusive proporcionando pré-requisitos para que o indivíduo seja capaz de ingressar para a próxima etapa com um repertório de conhecimento suficiente para explorar o mun- do a partir da consciência de suas limitações e capacidades. Por dela se reconhece onde está, quan- to tempo tenho então o que posso fazer aqui e são questionamentos que são feitos durante toda vida e muitas vezes ainda assim seguimos sem as precisas respostas. Ter um sujeito que direcione de forma qualificada e coerente, criando mecanismos de facilitação para que essas possibilidades sejam obtidas é de extrema importância para garantir que outras pessoas também possam ter sua vida marcada por experiências saudáveis e ricas. Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva 16 Complexo Educacional Campos Salles MAPA MENTAL DESSE MÓDULO REFERÊNCIAS AAMR Ad Hoc committee on termilogy and classification. 9ed. Washington, 1992. BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade: teoria e prática: da escola à aquática. Cortez Editora, 2016. BOULCH, Le et al. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar. 1983. FERREIRA, Fernanda de Almeida. A importância da Psicomotricidade no desenvolvimento da criança na Educação Infantil. 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