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Unidade 3 - Análise e intervenção nas alterações do movimento

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Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
1
Complexo Educacional Campos Salles
PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Módulo 3
Análise e intervenção nas alterações do movimento
Objetivos específicos
O terceiro módulo da disciplina de psicomotricidade e Desenvolvimento Humano têm como objeti-
vos específicos fornecer uma introdução aos conteúdos referentes a analise e intervenção na apli-
cação de métodos em Psicomotricidade, proporcionando os seguintes conhecimentos:
 • Fornecer conhecimento sobre as fases do desenvolvimento Psicomotor segundo as verten-
tes de autores renomados na área como: Piaget, Wallon e Gallahue;
 • Fornecer conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem relacionada a Psicomotri-
cidade; 
 • Fornecer conhecimento sobre como a Psicomotricidade pode se manifestar em condições 
excepcionais como a Deficiência mental;
 • Fornecer conhecimento sobre áreas de atuação da Psicomotricidade e suas corresponden-
tes aplicações nos diferentes públicos;
 • Fornecer conhecimentos sobre mecanismos de organização para adequação de condições 
materiais e atividades para a inserção de métodos em Psicomotricidade;
 • Reflexão crítica sobre os aspectos e métodos que podem ser utilizados para inserção segura 
e plena da Psicomotricidade em ambiente escolar ;
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
Complexo Educacional Campos Salles
Temas abordados nesse módulo
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 3
1. ANÁLISE E INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ...................................................... 4
1. 1 Fases do Desenvolvimento Psicomotor .................................................................................................... 4
1. 1. 1 Contribuições de Gallahue (2013) ............................................................................................................ 4
1. 1. 2 CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (1977) .......................................................................................................... 6
1. 1. 3 CONTRIBUIÇÕES DE WALLON (1995) ....................................................................................................... 9
1. 2 A Psicomotricidade e dificuldades de aprendizagem .......................................................................10
1. 3 Psicomotricidade e a Deficiência mental ...............................................................................................11
1. 4 Áreas de atuação da Psicomotricidade ..................................................................................................12
1. 5 Organizando condições materiais e atividades para Psicomotricidade ....................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................15
MAPA MENTAL DESSE MÓDULO ...............................................................................................................................16
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................16
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
3
Complexo Educacional Campos Salles
INTRODUÇÃO
A psicomotricidade tem sua origem a partir da necessidade de respostas vindas de questões liga-
das ao desenvolvimento humano e também trazer indagações que propiciem posições mais apro-
priadas na área, já que sua principal concepção propõe que o corpo e a mente caminhem unidos, 
rejeitando a dualidade das concepções iniciais relacionadas a este campo, pois o corpo é uma fer-
ramenta de interação com os demais e de articulação e exposição do pensamento. Os movimentos , 
praxias e gestos proporcionam aprendizagem a respeito do mundo, fazendo com que entendendo-
-o, o indivíduo possa desenvolver-se de forma integra no mesmo (ORTIZ, 2015). Sabendo da dimen-
são estrutural da Psicomotricidade e da gama de métodos e ambientes de aplicação é necessário 
compreender os mecanismos de analise do desenvolvimento motor do indivíduo para estabelecer 
uma conduta adequada de intervenção que contribua com as experiências de vida do mesmo, já 
que um sistema vivo necessita de equilíbrio para existir, o qual só é possível por meio da relação 
entre o mesmo e o ambiente que o envolve, desta forma qualquer organismo vivo deve produzir 
modificações tanto em sua conduta como em sua estrutura interna para permanecer estável e não 
desaparecer, proporcionando um fenômeno que ocorre tanto a nível biológico como no equilíbrio 
entre o sujeito e o meio (PIAGET, 1977). Desta forma todos os aspectos que permeiam o sujeito vão 
influenciar em suas respostas e promover motivos que prejudiquem ou beneficiem sua progressão 
em todas as áreas vitais. A emoção, por exemplo, que não se dissocia em nenhum momento deste 
ser vivo, tem a capacidade além de contaminar o outro, também desencadear uma cascata de sen-
sações que promovem o sentido para busca e nos torna essencialmente humanos, no entanto no 
momento do perigo, por exemplo, verificamos que o automatismo antecipa a emoção, o indivíduo 
reage e ao passar a reação deixa-se levar pelos sintomas da emoção ou a emoção supera o au-
tomatismo e não deixa o indivíduo reagir (WALLON, 1995), são questionamentos dos mais diversos 
implicados na cognição, emoção e movimento e que a Psicomotricidade tenta investigar pelas suas 
várias vertentes.
Sabendo disso, a Psicomotricidade que contém essas amplas e diversificadas áreas de conheci-
mento é constituída por um conjunto de diversos elementos que funcionam em conformidade com 
determinadas propriedades sistêmicas, estando entre elas: a totalidade, caracterizada pela unidade 
que implica a noção de integração psicomotora, a interdependência que envolve uma inter-relação 
dos fatores psicomotores, a hierarquia que contém níveis de organização e de desenvolvimento 
gradativo, o intercâmbio que compreende um sistema aberto de funções de captação e de expres-
são com o mundo exterior, a auto regulação que subentende um sistema teológico que realiza 
fins por meio de feedbacks múltiplos, a adaptabilidade que permite o ajustamento as exigências 
ecológicas, a equifinalidade o qual o pensamento se transforma em ação e o equilíbrio que ocorre 
a medida que todos os componentes tem condições de se desenvolverem e se manifestarem de 
forma harmoniosa para o todo. Sendo assim, promover uma analise coerente da Psicomotricidade 
para cada indivíduo, afim de promover uma intervenção adequada requer uma ampliação do olhar 
para garantir que todos esses aspectos estejam em vista em diferentes ângulos, para trazer a tona 
a sintonia entre os mesmos, de maneira a propiciar ajustes possíveis para que cada sujeito tenha 
condições de se desenvolver mediante suas potencialidades e dificuldades. 
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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Complexo Educacional Campos Salles
1. ANÁLISE E INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
O desenvolvimento da Psicomotricidade é possível quando promovido de forma organizada e es-
truturada, possibilitando que a criança explore suas potencialidades e capacidades de acordo com 
a fase de desenvolvimento psicomotor que se encontra, a qual só é possível por meio da maturação 
da mesma. Desta forma existem padrões que foram implementados por alguns pensadores e au-
tores que norteiam uma base referencial para cada nível de maturação que deve ser desenvolvida. 
Quando o indivíduo apresenta um comportamento motor muito diferenciado das concepções incor-
poradas é necessário identificar o motivo dessas variações e se comprometem ou não o desenvolvi-
mento vital do sujeito. Desta forma é necessário conhecer as fases de desenvolvimento psicomotor 
paraelaborar uma análise coerente da etapa que cada criança se encontra assim como a interven-
ção mais apropriada que corresponda as necessidades da mesma.
Pense comigo
Sabendo que a Psicomotricidade se encontra constituída por três eixos 
tão importantes e indissociáveis para a manutenção da vida humana 
(cognição, movimento e afetividade), como esta poderia ser promovida 
como meio de facilitação para contribuir como desenvolvimento integral de cada indivíduo? 
O conhecimento das vertentes da Psicomotricidade proporcionam elementos para execução 
de uma analise qualificada sobre o desenvolvimento motor e a partir dos resultados obtidos a 
intervenção mais apropriada para cada indivíduo. 
1. 1 Fases do Desenvolvimento Psicomotor
Seguem abaixo algumas contribuições de importantes autores a respeito do assunto.
1. 1. 1 Contribuições de Gallahue (2013)
Gallahue (2013) formulou estudos importantes sobre o desenvolvimento motor e as fases que o 
compõe, defendendo que todo ser humano tem em sua constituição a participação da tríade com-
posta pelo ambiente, pela tarefa e pelo próprio indivíduo para construção integra do seu ser. Estes 
estão interligados, desta forma influenciam na resposta um do outro em todas as fases da vida. 
Estágios do desenvolvimento segundo Gallahue (2013)
 • 1ª Fase: Motora Reflexiva 
Esta fase é caracterizada pelo predomínio de movimentos reflexos que formam a base para a cons-
trução das fases posteriores, sendo constituída pelos estágios de codificação e de decodificação de 
informações. No estágio de codificação a atividade motora involuntária do período fetal se realiza 
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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até aproximadamente o 4º mês, pois os centros cerebrais inferiores estão mais desenvolvidos do 
que o córtex motor, fornecendo meios primários em que é possível para o bebê reunir informações, 
ir em buscar alimento e encontrar proteção na realização do movimento. No estágio de decodifica-
ção de informações que inicia em torno do 4º mês de vida, o desenvolvimento dos centros cere-
brais inferiores passam a inibir diversos reflexos que são substituídos pouco a pouco pela atividade 
sensório-motora.
Atenção
Atividade sensório-motora é aquela que envolve o processamento de 
estímulos sensoriais com informações armazenadas e não apenas rea-
ções aos estímulos e as mesmas desencadeiam respostas motoras afim 
de satisfazer as necessidades do indivíduo segundo sua percepção. 
Existem vários tipos de reflexos que se apresentam para as mais diversas finalidades, dentre eles se 
encontram: os reflexos primitivos, que são agrupadores de informações ou mecanismos de sobre-
vivência e os reflexos posturais que são os equipamentos de testes neuromotores para promover 
mecanismos estabilizadores, manipulativos e locomotores.
 • 2ª Fase: Movimentos Rudimentares 
Esta fase é caracterizada pela presença de movimentos voluntários, que são observados a partir do 
nascimento e que se desenvolvem em torno dos 2 anos de idade. A maturação varia em cada sujeito, 
dependente de vários aspectos, tais como: ambientais, tarefas e biológicos e constituem as formas 
básicas e fundamentais do movimento voluntário, compostos por movimentos estabilizadores ( 
como possuir o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco), movimentos manipulativos 
( como agarrar, alcançar e soltar) e movimentos locomotores (como caminhar, arrastar e enga-
tinhar). O primeiro estágio se refere ao de inibição de reflexos que tem inicio no nascimento e de 
acordo com o desenvolvimento do córtex, vão sendo gradativamente cada vez mais inibidos o que 
dá lugar aos movimentos voluntários. Os movimentos rudimentares mesmo sendo objetivos, ainda 
se encontram grosseiros e descontrolados e com a característica de falta de controle e regulação. 
No estágio seguinte chamado de pré-controle que ocorre aproximadamente por volta de 1 ano de 
idade, o indivíduo passa a ter uma maior precisão e controle na execução de seus movimentos, pois 
já começa a desenvolver o processo de diferenciação entre os sistemas motor e sensorial associado 
a integração significativa e coerente de informações perceptivas e motoras obtidas por meio da 
aprendizagem e manutenção do equilíbrio, locomoção no espaço e manipulação de objetos com 
maior eficiência e controle. 
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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Complexo Educacional Campos Salles
 • 3ª Fase: Movimentos Fundamentais 
Esta fase dá sequência à fase de movimentos rudimentares, onde a criança se envolve com a expe-
rimentação e exploração das capacidades e habilidades corporais por meio da experiência motora 
na ampliação de seu repertório, proporcionado pela melhora dos movimentos manipulativos, loco-
motores e estabilizadores que ocorrem primeiramente de forma isolada e seguem para movimentos 
de modo mais combinado. Vários tipos de habilidades motoras são exploradas nesse período afim 
de promover futuramente maior aperfeiçoamento, desta forma devem ser estimulados movimentos 
fundamentais, tais como: pular, correr, andar com firmeza, arremessar e apanhar e o equilíbrio num 
pé só, por exemplo. No primeiro estágio dos movimentos fundamentais as primeiras tentativas de 
desempenhar determinada habilidade fundamental ocorre de maneira restrita, por mais que acon-
teçam de forma sequencial e ordenada, mas o uso exagerado das estruturas corporais, que exigem 
ritmo e coordenação ainda estão com desenvolvimento reduzido. No entanto no estágio elementar 
dos movimentos fundamentais é possível perceber um controle maior e melhor dessas habilidades 
onde o aprimoramento das estruturas espaciais e temporais já passa a ser mais evidente, sendov-
visto isso por volta dos 3 a 4 anos de idade. No estágio maduro dos movimentos fundamentais, os 
desempenhos mecanicamente construídos, ocorrem de maneira coordenada, eficiente e controlada, 
incidindo aproximadamente aos 5 e 6 anos de idade.
 • 4ª Fase: Movimentos Especializados
Nesta fase as habilidades locomotoras, estabilizadoras e manipulativas fundamentais são grada-
tivamente refinadas, combinadas e executadas para o uso constante em situações cada vez mais 
exigentes e com maior rigidez, onde a velocidade, o tempo de reação, a coordenação, o biotipo 
corporal, como a altura e o peso, a pressão do grupo social, os hábitos e a estrutura emocional 
são aspectos que determinam o desenvolvimento dessa fase. No estágio inicial, o transitório, ca-
racterizado por movimentos especializados, constituído de crianças com aproximadamente 7 e 8 
anos, associam-se habilidades motoras básicas ao desempenho de habilidades especializadas em 
todas as atividades, tendo os mesmos elementos da fase anterior, no entanto com maior controle e 
precisão em que a criança demostra-se como agente ativo na descoberta de combinações de inú-
meros movimentos, tornando-se de total importância para a elevação da regulação e competência 
motora. No estágio de aplicação de movimentos especializados que ocorre entre os 11 e 13 anos, a 
criança passa a tomar decisões sobre a sofisticação e refinamento crescente das suas habilidades 
motoras e capacidades físicas, empregando-as em atividades de caráter competitivo, possibilitando 
a mesma a capacidade de decidir qual das atividades lhe proporciona maior sucesso e satisfação, 
configurando uma fase para usar e refinar habilidades com maior grau de complexidade como 
jogos, atividades que exigem liderança, assim como esportes selecionados. No último estágio cha-
mado de utilização permanente dos movimentos especializados que inicia aproximadamente em 
torno dos 14 anos de idade e que perpetua pela vida adulta, caracteriza-se pela utilização de um 
repertório de movimentos obtidos pelo indivíduo durante todas as demais fases anteriores, onde 
fatores como, dinheiro, tempo disponível , instalações, equipamentos, limitações físicas e mentais e 
outras influenciam diretamente em manutenção e desenvolvimento.Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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Complexo Educacional Campos Salles
1. 1. 2 CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (1977)
Jean Piaget desenvolveu muitas teorias que compõe o desenvolvimento humano por meio de estu-
dos e observações que trazem uma reflexão aprofundada desde o nascimento da criança e defende 
que todo conhecimento tem sua origem a partir de uma ação.
Gênese do conhecimento segundo Piaget
Piaget defendia que a ação executada sobre o meio forma a realidade, onde o real está centrado no 
mundo dos acontecimentos e objetos, que são estruturados pelo sujeito em função da realização de 
seus esquemas de ação permitidos por meio da regularidade da natureza e a conquista e os limites de 
seus atos referentes ao seu mundo, sendo assim a própria ação não é a continuidade e nem o fim do 
conhecimento e sim a primeira etapa para iniciação da fase da abstração reflexiva. O conhecimento 
como forma de compreensão do modo de construção ou transformação de acontecimentos e objetos 
possibilita a estruturação da ação, onde a cognição que é uma reequilibração com novas combina-
ções em que os elementos são retirados do sistema anterior, caracterizado por uma abstração refle-
xiva a respeito do meio que a criança conhece, aprende e atribui significado ao real. Já a estrutura da 
ação é generalizante e antecipadora, pois por meio do aprendizado de qualquer ação esta passa a ser 
sempre reproduzida, onde a repetição faz com que a criança passe a antecipar o movimento sabendo 
o que deve ser feito para atingir seu objetivo. O espaço também faz parte da manifestação desse con-
texto, logo a construção deste, por meio daquilo que se vê e se toca serve de referência a respeito da 
existência do objeto no espaço. O indivíduo constrói um modelo mental de suas ações, onde se per-
mite quebrar e recriar os objetos que vão de encontro com a sua realidade, possibilitando que ocorra 
a generalização, que acontece logo em seguida após a construção de suas estruturas mentais para 
realizar várias possibilidades de orientação e atuação, que serão estas que permitirão a antecipação, 
permeada da capacidade de modelar o resultado de uma ação antes do seu acontecimento. A asso-
ciação da generalização e da antecipação define o que é conhecimento, visto por meio da construção 
de um modelo que possa ser aplicado e desenvolvido por meio de uma estrutura mental. 
Considerando o aspecto cognitivo na obtenção de um processo psicomotor amplo, a inteligência 
para Piaget é o modo como o indivíduo constrói seu conhecimento e se adapta à diferentes situa-
ções, onde seja capaz de realizar abstrações sendo necessário que a criança obtenha experiências 
concretas sobre os diversos conhecimentos, logo se justifica a importância do movimento para a 
cognição, tendo em vista dois mecanismos básicos para adaptação do sujeito para modificações 
de comportamento, que são a assimilação, caracterizada pela organização dos atos, possibilitando 
a assimilação dos componentes motores em diversas situações proporcionadas pelo meio e a aco-
modação que refere-se a tentativa de ajustamento a uma nova experiência que tem como resultado 
a modificação dos esquemas existentes anteriormente. 
Estágios do desenvolvimento segundo Piaget 
 • Sensório-motor
Ocorre do 0 aos 2 anos, aproximadamente, por meio de reflexos neurológicos básicos do bebê, que 
inicia a construção de esquemas de ação que possibilitam assimilar o meio, sendo a inteligência 
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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dada de forma prática, assim como as noções de tempo e espaço. O contato com o meio ocorre 
de forma imediata e direta em que a representação ou pensamento ainda não se manifestam de 
forma evidente, pois o pensamento e a ação estão ligados de maneira indissociável e os objetos 
apenas serão reconhecidos a medida em que a criança consegue obter estrutura para lidar com os 
mesmos. 
 • Pré-operatório
Ocorre em torno dos 2 aos 7 anos, sendo caracterizado pela capacidade da criança em representar 
mentalmente situações e pessoas, conseguindo agir por simulação, possuindo uma percepção pre-
dominantemente global, sem discriminar detalhes. A criança é centrada em si mesma, pois ainda 
não é capaz de se colocar de forma abstrata, no lugar do outro, já que é um período destacado pela 
interiorização dos esquemas de ações que foram construídos e aperfeiçoados no estágio anterior e 
transformados em manipulações internas das realidades, o que eleva gradativamente à inteligência 
representativa. A criança atinge o domínio do simbolismo, sendo capaz de associa-lo sempre a um 
objeto ou alguém, em função do desenvolvimento dessas capacidades consegue desenvolver a lin-
guagem verbal e a linguagem matemática, mesmo estando muito voltada para si mesma. 
 • Operatório 
Ocorre aproximadamente entre os 7 e 12 anos, caracteriza-se pela capacidade da criança conseguir 
relacionar diferentes fatores, abstraindo dados da realidade, não se limitando apenas a uma sim-
ples representação imediata, mas dependente do mundo concreto que a influencia para conquistar 
a abstração , possibilitando novas aquisições como a capacidade de refazer um trajeto mental e 
usar a lógica para chegar as situações da maior parte dos problemas concretos. No entanto sua 
dificuldade se eleva ao se tratar de lidar com problemas que não são concretos, mas a continuidade 
da maturação aliada à influência do ambiente social e físico fornecem a criança uma importante 
acomodação: a operação, a qual possibilita que mesmo que as ações externas sejam de extrema 
importância, a mesma enriquece de forma profunda a capacidade de agir internamente, já que a 
reversibilidade é uma ação que se encontra presente, acompanhando a ação por meio de um tra-
balho mental que a capacita de tirar suas próprias conclusões. Esta já raciocina por meio de vários 
ângulos, assim como está dentro do quadro geral de flexibilidade, caracterizado pela inteligência 
operacional, que permite colocar objetos em série e classificá-los, por exemplo. 
 • Formal 
Ocorre aproximadamente acima dos 12 anos, o qual permite a abstração total, onde a criança não 
se limita exclusivamente a representação imediata e nem somente as relações previamente existen-
tes e sim é capaz de pensar em torno de todas as relações possíveis de forma lógica. Esse estágio 
ocorre por meio da linguagem, sem que seja necessária a relação com o dado concreto e sim ape-
nas por meio do raciocínio, sendo aplicado a todos os problemas surgidos. 
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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Complexo Educacional Campos Salles
Saiba mais
Jean Piaget forneceu muitas contribuições para diversas áreas de estu-
do. Saiba mais a respeito deste importante autor. Assista o vídeo: “Jean 
Piaget (PIAGET)”
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l51yF_CNEKs
1. 1. 3 CONTRIBUIÇÕES DE WALLON (1995)
Wallon (1995) organizou vários estudos sobre a importância da tonicidade no desenvolvimento do 
ser humano e sempre defendeu o desenvolvimento integral do ser humano para a formação de um 
ser pleno. O mesmo também defendeu que o desenvolvimento do pensamento não ocorre de forma 
organizada, pois este é conflituoso e regressivo e considerava o movimento como elemento funda-
mental para contribuir com a elaboração do pensamento do indivíduo, sendo de natureza social, já 
que é por meio dele que se provoca, processa e detona a maturação do sistema nervoso. 
Estágios do desenvolvimento segundo Wallon
 • Estágio impulsivo 
 Ocorre aproximadamente entre 0 à 3 meses, onde há a dependência total em relação a família e o 
bebê apresenta descargas de energia muscular ineficientes, por meio de espasmos e movimentos 
desorganizados. 
 • Estágio emocional 
Ocorre aproximadamente por volta dos 3 à 9 meses, sendo caracterizado pelo desencargo da emo-
ção como meio de comunicação do bebê, onde a relação afetiva é a mais evidente, desempenhando 
um papelimportante para a comunicação.
 • Estágio sensitivo-motor 
Ocorre aproximadamente entre 1 a 3 anos de idade, sendo caracterizado pela descoberta do mundo 
dos objetos e com a presença do simbolismo, transforma o mesmo em imaginação. 
 • Estágio projetivo 
Apesar da faixa etária não ser discriminada pelo autor, esta fase ocorre a partir dos três anos e a 
criança age sobre o objeto, projetando-se nas coisas para se perceber. 
https://www.youtube.com/watch?v=l51yF_CNEKs
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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 • Estágio do personalismo
Ocorre aproximadamente a partir dos 3 anos e continua até a adolescência, sendo caracterizado 
pela necessidade da criança obter reconhecimento do outro e o meio é obtido pela tomada de 
consciência de sua personalidade, logo, mediante a participação em grupos diferentes, assume di-
versos papeis que facilitam sua entrada no meio social.
 • Estágio da adolescência 
Ocorre desde o início da adolescência, tendo como característica principal a evidente afetividade 
que será o centro de interesse e a maturidade com acesso aos valores sociais e morais, que até 
então eram abstratos numa preparação para a vida social do adulto. 
1. 2 A Psicomotricidade e dificuldades de aprendizagem
Sabendo que dentre os fatores principais que compõe a Psicomotricidade estão a afetividade, a 
função cognitiva e a motricidade, um aspecto que caminha incorporado a esses fatores o qual é 
impossível dissocia-lo da Psicomotricidade é a aprendizagem, que se refere ao processamento e 
armazenamento de informações que geram mudanças no comportamento. Desta forma é possível 
considerar que uma falha em pelo menos em um dos sistemas ou a associação destes irá prejudicar 
também no desenvolvimento dos outros. Este é um tema de grande preocupação, pois as dificul-
dades na aprendizagem geram danos imensuráveis que podem corromper por uma vida inteira do 
indivíduo e trazer consequências de elevado impacto negativo, sendo assim não é raro a ocorrência 
de pessoas que abandonam a escola, levando consigo a sensação de perda, fracasso e incapaci-
dade e muitas vezes sendo encaminhados para uma extensa equipe de profissionais afim de unica-
mente reintegrá-lo a escola. Desta forma é inevitável compreender os motivos que desencadeiam 
essas dificuldades, para que estratégias possam ser concebidas e aplicadas para contribuir para 
a superação desses desafios por essas pessoas que sofrem dessa circunstância. Segundo Oliveira 
(2003) vários autores tem investigado esses processos e dentre os motivos elencados relacionados 
com a dificuldade de aprendizagem, estão:
 • Fatores intraescolares (Referem-se à inadequação de sistemas de avaliação e método de 
ensino adotado, programas, currículos e relacionamento entre professor e aluno);
 • Deficiência física ou/e sensorial ( déficits auditivos e visuais);
 • Aspectos carenciais da população (saúde, nutrição);
 • Problemas emocionais; 
 • Deficiência mental ; 
 • Dislexia;
 • Deficiências não verbais;
 • Linguagem deficiente;
 • Ausência ou falta de estimulação adequada para aquisição de pré-requisitos necessários 
para a concretização da alfabetização;
Psicomotricidade e o Desenvolvimento Humano - Regiane Dias Amorim Silva
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 • Falta de maturidade para iniciar o desenvolvimento de alfabetização; 
 • Diferenças culturais e/ou sociais.
Os motivos da incidência de dificuldades de aprendizagem são extremamente variados e multide-
terminados, já que os mesmos também associam-se entre si, criando respostas imprevisíveis para 
cada individuo, justificando o por que das estratégias para criar mecanismos de superação destas 
situações são individualizados. Quando nos referimos a aprendizagem da leitura, por exemplo, nos 
deleitamos a uma habilidade que envolve várias capacidades, tais como perceptivas, linguísticas, 
motoras e cognitivas, sendo assim não é possível atribuir a dificuldade na leitura isolando apenas 
a um prejuízo em uma dessas habilidades, no entanto de qualquer forma, é necessário descobrir 
aquelas que mais influenciam e comprometem para que seu processo ocorra da melhor forma 
possível (MORAIS, 1986). Pois o sistema nervoso obtém uma maturação adequada quando possui ao 
seu alcance condições adequadas que sejam repletas de sensações táteis, visuais, auditivas, olfati-
vas e palativas estimuladas por um diálogo tônico, provomovidos por aqueles que proporcionam os 
devidos cuidados e se importam com a criança (SOUSA, 2004). Quando pretendido potencializar as 
aprendizagens das crianças é oportuno lidar com indivíduos que possuam uma progressão bioló-
gica que paute em fatores motores e afetivos, afim de redistribuir suas energias em outras áreas, a 
medida que constroem conhecimentos importantes e sólidos para estruturar bases para projeções 
futuras (ORTIZ, 2015).
1. 3 Psicomotricidade e a Deficiência mental
Podemos definir Deficiência Mental, segundo a Associação Americana de Deficiência Mental (1992), 
como: 
A Deficiência Mental é uma limitação substancial no processo adaptativo 
psicossocial presente no indivíduo, sendo caracterizada por um funcionamento 
intelectual significativamente abaixo da média e coexistindo simultaneamente 
com limitações em duas ou mais das seguintes áreas adaptativas: comunicação, 
autossuficiência, sociabilização, independência em casa e na comunidade, saúde, 
segurança, aprendizagem, escolar, lazer e trabalho, tendo ela de se manifestar 
antes dos 18 anos.
A Psicomotricidade por caracterizar-se por possuir várias dimensões devido sua ampla gama de 
áreas de estudo, tem a cognição como componente de sua constituição, sendo assim a partir da 
definição acima podemos entender que as respostas psicomotoras para este grupo serão diferen-
ciadas, já que é possível estabelecer uma analogia entre inteligência e psicomotricidade ( FONSECA, 
2008), sendo assim foi desenvolvida a teoria triárquica da Deficiência Mental de Stenberg (1985)que 
é uma teoria mais global sobre a inteligência, sendo composta por três dimensões: a componencial, 
experiencial e contextual. Essa teoria contribuiu para a exploração das implicações relevantes da 
inteligência para caracterizar a ação psicomotora, destacando que a Deficiência Mental sugere que 
os componentes de processamento de informação e fatores psicomotores se encontram menos 
disponíveis, logo a disfunção em habilidades psicomotoras como tonicidade, equilíbrio, lateralidade, 
somatognosia e outros podem sofrer prejuízos, os componentes de execução neste público estão 
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com precisão reduzida e mais lentos que gera dismetrias, dissincronias e dispraxias comprome-
tendo os elementos psicomotores, componentes da inteligência como seleção, identificação e or-
ganização de dados do problema, estratégia unificada e sistemática de resolução, a representação 
mental de informação, a focagem na atenção, o processamento de recursos da memória e outros 
são ativados inadequadamente o que gera a degradação da interconexão entre os elementos do ato 
mental e evoca também feedbacks inadequados o que sugere disfunções entre os processamentos 
inferiores e superiores de informação. O simples prejuízo em uma das áreas ou a associação entre 
elas já produz efeitos suficientes para alterar a resposta psicomotora. Desta forma se faz útil co-
nhecer as particularidades e necessidades primordiais de cada indivíduo para realizar uma analise e 
avaliação coerente para aplicação de uma intervenção o mais adequada possível.
1. 4 Áreas de atuação da Psicomotricidade
Devido a extensa gama de possibilidades de aplicação da psicomotricidade, várias áreas foram de-
senvolvidas para proporcionar que seus benefícios fossem obtidos. Estas possuem o homem e as fer-
ramentas da psicomotricidade como instrumentos de atuação, no entanto possuem especificações de 
atuação própriasque a tornam úteis para os diferentes públicos e situações. Dentre elas se encontram: 
 • Estimulação Psicomotora 
O processo de estimulação psicomotora envolve o desenvolvimento da criança no começo da vida 
possibilitando que este ocorra de forma harmoniosa, caracterizando-se pela incorporação de ta-
refas que buscam o encontro dos recursos que o indivíduo já apresenta, tendo como base sua 
capacidade maturacional, que desperta o corpo e a atividade por meio de movimentos e jogos 
que proporcionem uma harmonia constante. Esta área destina-se prioritariamente a recém-natos e 
pré-escolares (BUENO, 1996).
 • Educação Psicomotora 
A educação psicomotora direciona-se a todas aprendizagens possíveis da criança, onde seu pro-
cessamento ocorre por meio de etapas específicas e gradativas de acordo com as particularidades 
de cada indivíduo. O desenvolvimento psicomotor ocorre em todos os momentos da vida, por meio 
experiências vivenciadas constantemente e que são obtidas a partir de intervenções diretas a nível 
motor, cognitivo e emocional, proporcionando a estruturação do sujeito de forma integral (CABRAL, 
2000). A educação psicomotora ocorre por meio da execução de situações naturais e que previnem 
distúrbios e transtornos naturais relacionados prioritariamente a crianças que se encontram em 
condições de frequentar regularmente o ambiente escolar. A mesma pode ser encontrada em vários 
ambientes, tais como: na família, na escola e no meio social em geral, podendo ser mediada por 
educadores, pais e professores (BOULCH, Le, 1983).
 • Reeducação Psicomotora 
A reeducação psicomotora é uma ação desenvolvida em sujeitos que sofrem com perturbações ou 
distúrbios psicomotores, tendo como principal objetivo retomar as fases de educação psicomotora 
que foram ultrapassadas de forma inadequada (STAES e MEUR, 1984).
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 • Terapia Psicomotora 
A terapia psicomotora é direcionada a indivíduos que possuem conflitos mais profundos em sua 
estruturação, associados a aspectos funcionais e/ou desorganização total de sua harmonia cor-
poral e pessoal, tendo como públicos crianças que demonstram pulsões motoras incontroladas, 
dificuldade de relacionamento corporal, casos de excepcionalidade, associação de transtornos da 
personalidade e agressividade acentuada e a mesma utiliza de vários recursos realizados por meio 
de jogos de movimentos corporais e atividades afins, que desenvolvam as necessidades específicas 
de cada individuo (BUENO, 1997).
1. 5 Organizando condições materiais e atividades para Psicomotricidade
Há inúmeras maneiras de proporcionar o desenvolvimento da Psicomotricidade, já que esta ocorre 
por meio do encontro entre o meio interno e externo do indivíduo durante toda sua vida. Desta for-
ma, mecanismos de facilitação são essenciais para aquisição das habilidades psicomotoras, pois es-
tas dependem dos estímulos proporcionados ao indivíduo para que possam acontecer, devendo ser 
levado em consideração a fase de desenvolvimento motor que o sujeito se encontra, o seu histórico 
prévio de experiências vividas, o nível de maturação do mesmo e as particularidades de cada um. 
A única atividade lúdica a qual a criança realiza sem utilização de regras rígidas, justamente por 
este motivo só é possível executa-la individualmente, é a brincadeira, a qual proporciona um grau 
elevado de criação, construção e desconstrução entre ela e o mundo, pois viabiliza que esta monte 
e desmonte sua própria história conforme seus anseios, suas vontades e seu entendimento sobre o 
mundo. Por meio da brincadeira a criança expõe o que tem aprendido sobre o universo, descartan-
do e mantendo as experiências vivenciadas, mesmo ainda não tendo total compreensão sobre suas 
escolhas, mas reproduz conforme seu entendimento sobre o ambiente que a cerca e suas possibili-
dades de interação ao mesmo. O jogo diferencia-se da brincadeira, pois sempre possuirá regras por 
mais simples que sejam, o que permite que a criança partilhe essa experiência com outras crian-
ças, pois a presença do outro além de possibilitar a exposição dos potenciais individuais também 
expõe as dificuldades, permitindo a conscientização dos limites, que referem-se ao que também é 
coerente não só para o “eu” mas também para o “outro”. Assim tanto a utilização do jogo como da 
brincadeira são importantes para o desenvolvimento integro da criança, onde o “brincar” deve ter 
presença destacada principalmente na infância, porque é o meio mais saudável de aprendizagem, 
já que segundo Piaget (1977), toda inteligência humana, é fruto de uma gama de experimentações 
sensoriais, onde a base motora que sintetiza as aprendizagens iniciais da criança, as quais a mesma 
necessitará fazer uso constante afim de evoluir e adquirir novos conhecimentos, promove a coorde-
nação do sistema sensório-motor, sendo a primeira e última representação de inteligência humana. 
Desta forma, os estímulos adaptados à criança de forma adequada facilitam o seu processo de 
desenvolvimento global e diversos mecanismos podem ser utilizados para facilitar a evolução da 
mesma, proporcionados pelo domínio de diversas habilidades que promovam a superação de con-
flitos e desafios internos e externos, além da capacidade de solucionar problemas que não se re-
metem exclusivamente a uma opinião única e universal, colocando-a sobre a consciência de sua 
existência no mundo e também da existência do outro. Desta forma é necessário possibilitar recur-
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sos materiais, atividades, estratégias e ambiente adequado que permita a aquisição de todos os 
benefícios oriundos da Psicomotricidade e suas vertentes. 
Segundo Ferreira (2007), quando a criança brinca sozinha ou com outras demais, permitindo ser 
tanto de maneira espontânea quanto organizada é preciso criar os mais diversos espaços e am-
bientes que viabilizem a exploração da criança de forma plena e segura. Tomando como exemplo 
o ambiente escolar, é possível organizar nesse espaço independente das dimensões do mesmo, 
cantos de tarefas, onde é possível manter um número diversificado de material móvel organizados 
de maneira que permita uma atividade livre e espontânea que pode inclusive, ser administrada por 
meio de vários agrupamentos contituídos por quantidades reduzidas de crianças para que todas te-
nham a oportunidade de realizar a atividade com espaço suficiente para se mover e conhecer a si e 
ao outro de maneira mais profunda, cenário que já não se torna tão facilitado quando a quantidade 
de crianças é muito elevada ou espaço para a atividade é muito reduzido.
A preparação do espaço também deve corresponder ao tipo de atividade proposta e ao objetivo 
que se pretende atingir, sendo assim deve-se dedicar um cuidado especial com a programação 
das atividades que deve levar em consideração as especificidades de cada turma, assim como das 
individualidades de cada aluno, já que as necessidades, capacidades, habilidades, potencialidades e 
dificuldades de cada uma das crianças são diferenciadas.
Os jogos aplicados em sala de aula, por exemplo, também podem vir como instrumento para adi-
cionar conhecimentos e experiências sobre situações vivenciadas em sala de aula e que precisam 
ser reforçadas e o jogo pode trazer essa aprendizagem de forma totalmente cinestésica com um 
olhar sensorial voltado para a temática que o professor pretende evidenciar. As atividades propostas 
na programação sugerida devem sempre respeitar o nível de maturação dos realizadores para que 
o grau de interesse possa ser sempre preservado e os realizadores possam desfrutar o máximo pos-
sível da atividade proposta, por exemplo, levando em consideração as diferentes idades e objetivos 
a serem adquiridos, crianças entre os 4 e 6 anos brincam em grupos reduzidos de duas a quatro 
pessoas e na maioria das vezes a estabilidadedo grupo é pouco duradoura, sabendo disto deve-se 
considerar essa característica da idade e permitir que a liberdade de pesquisar possa ser conciliada 
com a organização do que se está sendo proposto.
Toda a organização para administração de tarefas para o público em geral deve estar sempre pau-
tada fundamentalmente na promoção de um clima de confiança e segurança no desenvolvimento 
das atividades, procurando que a vivência dos mesmos nas diversas experiências ocorra de forma 
positiva emtodas as áreas e inclusive na afetiva, objetivando criar circunstâncias as quais promovam 
confiança corporal e em seu desempenho motor. Sendo assim se faz imprescindível considerar as 
possibilidades da mesma para enfrentamento das condições que lhe são apresentadas, avalian-
do as aquisições anteriores e o progresso da mesma, sempre ajustando e adaptando conforme 
o desenvolvimento desta. Isso propõe que as atividades devem possuir grau de complexibilidade 
apropriado para o praticante, onde não se façam nem de forma excessivamente complexas e nem 
extremamente fáceis, já que ambas podem causar o desinteresse total da criança, perdendo assim 
uma rica oportunidade de aprendizagem em função de uma tarefa inadequada. 
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A elaboração dessas atividades requer profunda reflexão do aplicador, pois existem muitos aspec-
tos a serem considerados, podendo ser materiais ou não. O próprio professor como fundamental 
instrumento desse processo tem consigo o poder da comunicação que é mecanismo indispensável 
para o desenvolvimento do individuo deve utilizar de todos os recursos disponíveis para chegar ao 
nível de compreensão da criança, como por exemplo, em uma situação de apresentação de uma 
atividade, estabelece-se a situação e a definição do desfecho a ser conquistado, podendo trazer 
algum grau de desafio, em especial quando tratado de crianças de menor faixa etária, pois exige 
do aplicador uma incorporação do mundo o qual o indivíduo entende, sendo assim com frequência 
se faz necessário a utilização da imitação para fazer com que a compreensão da natureza do pro-
blema que a mesma está vivendo possa ser apresentado pelos mais diversos recursos sensoriais, 
para sua compreensão que pode ser feita inclusive por meio de interpretação de forma gestual, que 
não deve reprimir a fala, mas sim a ela devem ser adicionados elementos que promovam ainda 
maior sentido para entendimento da criança, pois permitirá o treinamento da função simbólica e 
a medida em que se utiliza da ligação entre aquilo que se ouve e o objeto que se utiliza a palavra 
e a designação da ação irão se cumprir. Demonstrar o desfecho a ser adquirido e não somente os 
meios, promove a visualização da meta a ser atingida pela criança. Estas estratégias são desenvol-
vidas de acordo com as habilidades e competências que pretendem ser obtidas respeitando a fase 
em que o indivíduo se encontra e adaptações devem ser feitas em conformidade a analise obtida 
para a melhor intervenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ser humano vive a realidade de partilhar o mundo como outro e este assim como a si próprio se 
mantém em constante mudança, seguindo a ótica dos ecossistemas que se permitem adaptar as 
condições do ambiente para promover a manutenção da vida. Existem meios que facilitam para que 
este movimento de adaptação ocorra de forma natural coexistindo as necessidades dos organismos 
vivos e dando ao processo um traço evolutivo em que não se é possível mensurar exatamente todos 
os avanços e retrocessos e inclusive muitas vezes discriminá-los, mas nos é possível reconhecer 
sempre que o tempo e as experiências trouxeram mudanças. A mudança não é escolha é necessi-
dade, as condições, os recursos e as oportunidades nos permitem trazer a tona o desenvolvimento. 
A Psicomotricidade se baseada em entender esse movimento de mudança nas diferentes fases da 
vida e trazer recursos para que cada individuo possa desfrutar da etapa em que está forma mais 
rica eampla possível e inclusive proporcionando pré-requisitos para que o indivíduo seja capaz de 
ingressar para a próxima etapa com um repertório de conhecimento suficiente para explorar o mun-
do a partir da consciência de suas limitações e capacidades. Por dela se reconhece onde está, quan-
to tempo tenho então o que posso fazer aqui e são questionamentos que são feitos durante toda 
vida e muitas vezes ainda assim seguimos sem as precisas respostas. Ter um sujeito que direcione 
de forma qualificada e coerente, criando mecanismos de facilitação para que essas possibilidades 
sejam obtidas é de extrema importância para garantir que outras pessoas também possam ter sua 
vida marcada por experiências saudáveis e ricas.
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MAPA MENTAL DESSE MÓDULO
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