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DIREITO CIVIL I PRIMEIRO SEM�TRE DE 2023 INSTRUTOR: �tevan Lo Ré Pousada no_reply@example.com Aula 1- Conceitos fundamentais: O fato jurídico (livro- Teoria do fato jurídico) ➢ O homem, a adaptação social e o direito - Homem como ser gregário (tendência a vida em sociedade) - Direito tem a função de harmonizar as relações em comunidade (adaptação do homem aos padrões sociais) - Processos de adaptação social, são meios da comunidade de agir sobre o homem, aplicando sobre ele os seus valores, concepções, sentimentos, etc. e assim moldando sua personalidade de acordo com um padrão social e criando um padrão comportamental. Ex: Religião, moral, política, educação, arte, moda, a etiqueta e o Direito. - O homem é o resultado do convívio com outros homens, porém sem abandonar seus instintos egoístas, muitas vezes se rebelando contra os padrões sociais, por isso faz-se necessário o Direito como órgão regulador das relações sociais de forma impositiva e coercitiva. - Apesar do inconformismo e das rebeliões, nunca na história foi possível a extinção da adaptação social, pelo contrário - Movimentos que requerem a extinção do direito (opressão do estado): Anarquismo, marxismo, movimento hippie, etc. - Não seria possível a extinção dos dogmas e sim a sua substituição por outros vistos como mais justos - É impossível a extinção do Direito Dogmático, visto que este estabiliza e é ferramenta de manutenção da própria convivência social - Apenas o direito, como processo de adaptação social, possui o aspecto impositivo e incondicional sobre a sociedade 1 mailto:estevan.pousada@direitosbc.br - Variabilidade dos pressupostos de validade que fundam a obrigatoriedade da regra jurídica: axiológicos (concepções e valores fundamentais), dogmáticos (norma fundamental e lógica), jusnaturalistas (derivada de padrões de comportamento eternos), sociológicos (acatamento social); - Obrigatoriedade do Direito, por meio da coação externa de ordem social, aplicando uma sanção direta contra o delito cometido. Diferentemente das normas morais, por exemplo. - Pontes miranda: a obrigatoriedade advém da inserção do Direito na sociedade, visto que cria fatos jurídicos específicos vinculantes das condutas a que dizem respeito ➢ O conceito de Direito - Direito indispensável ao homem social, entretanto ao homem em seu estado natural não é necessário, visto que não está inserido num meio social, não precisando de normas de conduta. - Direito não está na natureza do ser humano - homem+homem= surgimento de conflitos de interesses→mediação do direito - Até mesmo em sociedades onde não existe Estado, há presença de normas reguladoras de convívio social - Obter a paz social é a pretensão do direito. ➢ Mundo Fáctico e mundo jurídico - Tudo oq nos cerca, física ou psiquicamente, são fatos - Alguns fatos são juridicamente irrelevantes, outros dependem do contexto (ex. chuva que pode gerar a perda de um bem) - classificação a) Eventos: Fatos que advém da natureza e independem da vontade ou conduta humana b) Conduta: ato humano - Efeito jurídico=normatização dos fatos 2 - Mundo fático e mundo jurídico – exemplos de distinção: o ato de cumprimentar alguém é um ato jurídico? Distinção entre o cumprimento ao vizinho e a continência do militar ao superior hierárquico ➢ Logicidade do mundo jurídico - As modificações por que passam as situações jurídicas jamais implicam alterações na natureza mesma dos fatos, mas ao contrário, as transformações havidas nas situações de fato podem determinar mutações nas situações jurídicas (se o bem móvel é consumido pelo fogo, extingue-se o direito de propriedade) ➢ Direito e Realidade - a norma jurídica (abstrata se dá por uma hipótese), se refere aos fatos (concreto)→ efeito jurídico - a norma jurídica se realiza no mundo social pela concreção do seu suporte fáctico (= ocorrência dos fatos previstos) e pelo comportamento social de acordo com os seus ditames (= realização das consequências) - Direito como fato social na medida em que repercute na realidade concreta – “efetividade” das regras jurídicas (situação em que a comunidade se comporta de acordo com o teor das regras jurídicas); ➢ A dimensão do fenômeno jurídico - Dimensão Política: a comunidade jurídica revela a norma jurídica, que, em rigor, já existe no meio social como integrante dos valores sociais e de outros processos de adaptação social - Dimensão Normativa: o direito passa a ser tratado, apenas, em razão de seus comandos consubstanciados nas normas jurídicas - Dimensão sociológica: relaciona a norma jurídica à efetiva atuação no mundo social, portanto uma visão sociológica do direito 3 - Discordância evidenciada por uma hostilidade comunitária à norma caracteriza sua falta de vigência para parte da doutrina (crítica). ➢ § 7º Uma visão integrada do fenômeno jurídico. - “Normativismos”, “positivismos” e “relativismos” como percepções parciais do fenômeno jurídico, centradas exclusivamente na dimensão normativa do direito; - crescimento dos valores fundamentais de juridicidade (paz social, bem comum, justiça, ordem, segurança) após os excessos do regime nazista; - Análise simplesmente sociológica é parcial, não entrevendo a dimensão normativa de inibir condutas indesejáveis (adaptação social) – v. g. cinto de segurança, rodízio veicular, faixas exclusivas, fumo (locais fechados), etc.; - valor→ fato→ norma ➢ Aula 2: Conceito e divisão do Direito - Mecanismo de adaptação social - O diferencial das normas jurídicas é a sua generalidade (aplicada a todos os indivíduos) e a coercitividade garantida pelo Estado - As normas estão dentro do mundo do dever ser ● Parágrafo 2: Direito e moral - De acordo com J. Bentham o Direito é parte da moral - De acordo com Du Pasquier Direito e Moral são círculos secantes, ou seja, possuem pontos em comum porém são corpos distintos - Norma jurídica: evitar um mal maior e proporciona um bem menor ao agente - Norma Moral: evita um mal menor e proporciona um bem maior - Muitas vezes as normas jurídicas legitimam as normas até então morais ● Parágrafo 3: 4 Direito Positivo X Direito Natural Leis e normas são fontes primárias Princípios morais e éticos superiores aplicados de forma universal Dependem da vontade humana Independem da vontade humana, determina o direito positivo Dotadas de sanção Direito a vida, Liberdade, etc. ● Parágrafo 4: Direito objetivo X Direito subjetivo Norma agendi faculta agendi Conjunto de normas garantidas pelo Estado Liberdade do sujeito ativo de Exigir de outrem (sujeito passivo) Um determinado direito ● parágrafo 5: ● DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO interesse: GERAL INDIVIDUAL sujeito: Presença do Estado ausência do Estado finalidade: bem comum bem individual ius imperium: relações de coordenação relações de subordinação D. constitucional, administrativo, tributário, penal, etc. D. Civil, comercial, agrário, trabalho, consumidor, etc. - constante publicização do do Direito Privado 5 - Normas Cogentes: São aquelas que por atender mais diretamente ao interesse geral (interesse público) não podem ser alteradas pela vontade das partes. Ex: o Direito de Família, o Direito das Coisas e o Direito das Sucessões; - Normas dispositivas: São aquelas que por estarem ligadas diretamente a interesses privados podem ser derrogadas por convenção das partes. Ex: direito das obrigações regras (interpretativas e supletivas). EX: contratos por adesão ● Parágrafo 6: A unificação do direito privado - Acabou por prevalecer, no âmbito do Código Civil de 2002, apenas a “unificação parcial” do Direito Privado – circunscrita ao Direito das Obrigações (e “derrogando-se”, pois, o Código Comercial vigente); ➢ LINDB: - art. 1º: promulgação da lei e sua entrada em vigor (“vacatio legis”); - art. 2º: vigência da lei (temporariedade e revogação); - art. 3º: princípio da obrigatoriedade das leis; - art. 4º: colmatação das lacunas do sistema jurídico; - art. 5º: interpretação das normasjurídicas; - art. 6º: efeito imediato e exceções à retroatividade da lei civil; § 1º Conteúdo e função. - Conjunto de normas de abrangência universal, dentro do sistema jurídico brasileiro (com exceção nos âmbitos criminal e tributário) - Consideradas normas de sobredireito, é um conjunto de normas sobre normas (metajuricidade) 6 § 2º Fontes do Direito. - DICOTOMIAS: - fontes de “produção” (órgãos responsáveis pela produção de normas jurídicas) vs. fontes de “cognição” (meio pelo qual a norma jurídica é revelada); - fontes “históricas” (de caráter meramente informativo e investigativo para os estudiosos) vs. fontes “atuais” (de caráter prescritivo e voltadas à aplicação corrente); - fontes “formais” – dotadas de autoridade intrínseca (v. g. a lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais) – vs. fontes “informais” – desprovidas de autoridade própria, mas acreditadas pela reputação de quem as produz (v. g. doutrina e jurisprudência); - fontes “diretas” (geradoras de regra jurídica) vs. fontes “indiretas” (ferramentas no processo de produção de normas jurídicas); - Jurisprudência tem ganhado cada vez mais espaço e importância no nosso sistema jurídico § 3º A lei. - Principal fonte do Direito (Civil law) - Norma escrita e elaborada, imposta coercitivamente e de forma obrigatória pelo Estado a todos - protege interesses e normatiza ações - Art. 5 II da CF: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” ● Características da lei: - Generalidade: Não se dirige a um caso particular, mas a um número indeterminado de indivíduos (universal) - Imperatividade: Impõe um dever de conduta aos indivíduos - Abstração: não é destinada a um determinado caso concreto, mas sim, define normas de "dever- ser", "dever-fazer", ou "dever-deixar-de-fazer" para o futuro, para várias situações possíveis 7 - Autorizamento: Autoriza que o prejudicado pela violação exija o cumprimento dela ou a reparação pelo mal causado - Permanência: A lei não se exaure em uma só aplicação, perdura até que seja revogada por outra - Competência: Deve emanar de autoridade competente ● Classificação: Quanto à obrigatoriedade - Cogentes: normas de ordem pública, impositivas. Princípios de aplicação obrigatória que não podem ser ignorados ou modificados pelas partes. Ex: Normas que estabelecem crimes. - Dispositivas: normas de ordem particular. Não proibem ou determinam uma conduta de modo absoluto, ou seja, possuem imperatividade relativa, elas estabelecem uma forma básica para a relação jurídica, mas esta forma básica pode ser alterada pelos sujeitos. Ex: IPTU de imóvel alugado Quanto à natureza: - Substantivas (primárias): que disciplinam a atribuição de direitos e deveres. Ex: CC, CP - Adjetivas (secundárias): voltadas à implementação dos direitos e deveres, são meios para a realização do direito primário Quanto à sanção - Mais que perfeitas: nulidade e penalidade - Perfeitas: nulidade - imperfeitas: não estatuem qualquer sanção Hierarquia - Constitucionais – com o “status” de norma constitucional (art. 60 CF); - Leis complementares – com “quorum” qualificado de aprovação, por maioria absoluta, em casos previstos na própria Constituição (art. 59 CF); - Leis ordinárias – com “quorum” ordinário de aprovação (arts. 64 a 67 CF); 8 - Leis delegadas – com “status” de lei ordinária, são normas produzidas pelo Executivo mediante delegação expressa do Legislativo (art. 68 CF); e - Medidas provisórias – com requisitos estreitos de aplicação (“urgência” e “relevância”), a serem apreciadas em seguida pelo Congresso Nacional (art. 62 CF); - OBS: Oficialmente não há hierarquia entre lei ordinária e complementar Competência Territorial - Federais - Estaduais - Municipais Alcance - gerais. Ex: CC - especiais. Ex: Código de defesa do consumidor Vigência da Lei - Ciclo vital: nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas - A vigência é uma qualidade temporal da norma: O prazo com que se delimita o seu período de validade - Vacatio legis= Intervalo entre a data de sua publicação e sua entrada em vigor (Art 1 LINDB) - Prazo único = a lei entra em vigor a mesma hora e data em todo o país - Só começa a vigorar com sua publicação no Diário Oficial (início da vigência) Art 2: a lei tem efeito imediato e permanente, desde que não contenha uma “causa intrínseca” de caducidade: ○ Leis temporárias ○ Leis circunstanciais (usadas apenas para determinado fim) ○ Leis de efeito concreto (trazem em si mesmos o resultado específico pretendido) - Revogação é a subtração de uma norma do sistema jurídico: “A lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue” 9 ○ Total (ab-rogação): A norma anterior perde a eficácia na totalidade, visto que a nova a regula totalmente sua matéria ou é incompatível com esta ○ Parcial (derrogação): Quando torna sem vigor apenas parte da lei ○ Expressa: Quando a lei nova declara, de forma taxativa, exatamente o que está revogando. ○ Tácita: Quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando revogação - Com a frequente incompatibilidade entre normas jurídicas (antinomias); Deve-se adotar o seguinte critério de “escolha”: ○ hierarquia ○ especialidade ○ cronologia Obrigatoriedade das Leis - Art 3: Ninguém se escusa a cumprir a lei, alegando que não a conhece - A respeito da natureza da regra,a doutrina se divide em três correntes fundamentais, concebendo-a como: - “teoria da presunção” : A lei uma vez publicada torna-se conhecida por todos - “teoria da ficção”: impõe a obrigatoriedade em razão da mera existência da norma - “teoria da necessidade social”: visa dar garantia de eficácia para o ordenamento jurídico - Uma vez em vigor, a lei se torna obrigatória para todos - Serve para garantir a eficácia do sistema jurídico, visto que qualquer um poderia alegar o desconhecimento da lei, ficando isenta de seu cumprimento - Só é admitido em raríssimas ocasiões Integração das Normas Jurídicas - Art 4: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios do direito. - Subsunção= quando um fato de enquadra no conceito abstrato da norma - O legislador não consegue prever todas as situações para o presente e futuro, formando lacunas - O juiz tem o dever de suprir estas lacunas, de acordo com uma ordem preferencial: 10 ○ Analogia: processo de raciocínio, em que o juíz estende uma norma a outros casos não diretamente compreendidos, mas semelhantes. a) ausência de norma reguladora do caso concreto; b) da semelhança entre as situações apresentadas c)elemento de semelhança essencial, merecendo a aplicação em ambas situações; ○ Costumes: Conduta usada reiterada e uniformemente pela sociedade, sendo acatado com um consenso social. Secundum legem: a própria lei reconhece a obrigatoriedade do costume. Praeter legem: aplicado na falta da lei. Contra legem: quando se opõe a lei ○ Princípios gerais do direito: regras implícitas no ordenamento jurídico. Ex: honestidade, justiça, respeito, etc. Aplicação e interpretação das normas jurídicas - A aplicação da norma jurídica depende da sua interpretação - Art 5: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum - Herumenêutica é a ciência de interpretar - métodos complementares: ○ Quanto às FONTES- autêntica: feita pelo próprio legislador - Doutrinária:feita pelos estudiosos da matéria Jurisprudencial: feita pelo poder judiciário ○ Quanto aos MEIOS- Gramatical: regras da linguística Lógica: raciocínio lógico Ontológica: busca a essência da lei Histórica: circunstâncias que provocaram a edição da lei sistemática: lei como parte integrante de todo o sistema jurídico Teleológica: Finalidade da norma ○ Quanto aos RESULTADOS- Declarativa: corresponde ao pensamento do legislador não necessitando de interpretação Extensiva: o legislador disse menos do que o preciso(complementar) Restritiva: o legislador disse mais do que pretendia (limitadora) Conflito das normas no Tempo: 11 - Art. 6: A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada - Conflitos quanto a revogação de uma norma no período de sua vigência, leis são elaboradas para valer no futuro. Qual a norma a ser aplicada às situações anteriormente constituídas? - Direito intertemporal - Dois critérios: ○ disposições transitórias: são previstas por lei, regras temporárias para a solucionar ou evitar conflitos a respeito do confronto da nova lei com a antiga ○ Irretroatividade das leis: a lei nova tem efeito imediato e direto, não se aplicando a fatos anteriores, visa estabilidade e segurança do ordenamento jurídico Eficácia da Lei no Espaço - Art. 7 ao 19, tratam de regras a respeito do Direito internacional (público e privado) 29/03/2023 TEORIA GERAL DA RELAÇÃO JURÍDICA EX. USUCAPIÃO (Art. 1238) suporte fático abstrato (designa algo que existe enquanto previsão por uma norma jurídica) consequência jurídica abstrata A+B+C ex. +15 anos+sem interrupção+nem oposição D Direito ao usucapião ● Suporte Fático Concreto —--------> Fato Jurídico Sujeito ativo Sujeito passivo D. subjetivo D. comportamental 12 OBJETO Personalidade jurídica aptidão genérica (ordinária) à posição de sujeito (ativo/passivo) de relações jurídicas Capacidade jurídica (de Direito/de gozo) aptidão à titularidade de direito e deveres na ordem civil Capacidade de fato (de agir) aptidão à movimentação por si só da respectiva espécie jurídica Legitimação aptidão específica para a prática de certos e determinados atos Aula 5- Das pessoas naturais: Da personalidade e da capacidade §1. Nota Introdutória - O código civil disciplina as relações jurídicas de caráter privado que nascem no meio social e se formam na relação entre pessoa e pessoa. - O Título I do Código Civil, tem como tema As pessoas Naturais (aquela de existência concreta), subdividindo-se em: ○ cap. 1- Da personalidade e da capacidade (arts.1 ao 10 CC) ○ cap. 2- Dos direitos da personalidade (arts. 11 ao 21 CC) ○ cap.3- Da ausência (Arts. 22 ao 39 CC) §4. Personalidade Jurídica - A personalidade é o pressuposto (condição) para que quaisquer direitos ou deveres sejam atribuídos a alguém, por isso é essencial para identificar algum indivíduo como sujeito e não objeto em determinada relação jurídica - Ex: A relação entre Cidadão (sujeito) e Escravo (objeto), no direito romano Das Pessoas: 13 Conceito de pessoa natural A pessoa natural, sinônimo de pessoa física, é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. Para ser uma pessoa, basta existir, basta nascer com vida, adquirindo personalidade jurídica. O Código Civil, nos arts. 1º e 2º. A pessoa natural se opõe à pessoa jurídica em senso estrito, todavia, isso não obscurece o fato de que a pessoa natural não deixa de ser, também, uma pessoa jurídica - na acepção genérica do termo. ● Assim, no quadro das pessoas, temos: ○ Pessoa natural. ○ Pessoa jurídica (existência ideal ou coletiva). ○ Pessoa despersonalizada Art. 2 do CC/02 - O Nascituro: É aquele que foi concebido mas ainda não nasceu. ○ A personalidade jurídica se inicia com o nascimento. ○ Docimasia hidrostática de Galeno ○ A respeito do nascituro - diferente do concepturo (ainda não concebido): - A teoria natalista - a personalidade tem início somente com o nascimento; - a teoria “concepcionista” – a personalidade se inicia com a concepção (art. 7º do Código Civil argentino); - a teoria da “personalidade condicional” – a personalidade se inicia com o nascimento, sendo o nascituro uma pessoa sujeita a condição suspensiva (apenas se vier a nascer); A doutrina vigente no Brasil é a Natalista; Entretanto, o nascituro é objeto de proteção, na medida em que são assegurados os direitos: - A vida - A Filiação (reconhecimento de paternidade) - Ao atendimento pré-natal - A integridade física - Alimentação: 14 - O recebimento de herança e doação, etc. Capacidade e Incapacidade Jurídica ● Capacidade: é a faculdade da pessoa natural à aquisição de direitos e exercício de determinados atos e negócios de ordem civil. ● Incapacidade: Consiste na restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. ➢ Conceitos e Espécies: ○ Incapacidade Absoluta (menores de 16 anos): Proibição integral do exercício civil; tendo acesso ao chamado representante legal; ○ Incapacidade Relativa: Diz respeito aqueles que devem ser assistidos por outrem (assistêncial) para a prática de determinados atos da vida civil; São eles: ○ - Maiores de 16 e menores de 18 anos ○ - Ébrios habituais (vício por bebida) e viciados em tóxico ○ - Aqueles que por causa permanente ou provisória não podem expressar sua vontade (enfermidade ou doença mental) ○ - Pródigos Obs: A incapacidade do Índio será regulada pelo Estatuto do Índio e se estende até a prova de que este se encontra integrado na sociedade ● A Maioridade pode ser alcançada por: ○ 18 anos completos ○ Emancipação: ○ - Voluntária: concedida pelo responsável legal do menor com 16 anos completos, por meio de escritura pública; ○ - Judicial: Por meio de sentença, em duas hipóteses: Quando um dos pais não concorda com a emancipação; Quando o jovem estiver sob assistência de um tutor ○ - Tácita ou legal: Por meio de casamento do menor com 16 anos; Emprego público, colação de grau em ensino superior, autonomia financeira ○ Sistema de proteção aos incapazes: - institutos da representação e assistência - a suspensão/impedimento da prescrição contra o absolutamente incapaz 15 - a inexigibilidade do mútuo efetuado a menor (art. 588 CC) – ressalvadas as hipóteses previstas em lei - a repetibilidade da dívida de jogo paga pelo menor - etc. - Entretanto, o sistema protetivo brasileiro, contudo: - não comporta a “restitutio in integrum” (desfazimento da operação válida mas prejudicial ao incapaz); - não isenta o incapaz de responsabilidade por ato ilícito (art. 928 CC); - não resguarda o maior de 16 anos em caso de atuação maliciosa (art. 180 CC); ● Extinção da capacidade: ○ A extinção da personalidade Natural (Art. 6 CC) se dá com amorte; que pode ser classificada em: ○ - Real: morte comprovada por meio de um atestado de óbito ○ - Presumida com declaração judicial de ausência: Pode ser requerida pelo MP, nos casos em que pode não haver certeza da morte, porém com indícios: desaparecimento, perigo de vida e ausência prolongada ○ - Presumida sem declaração: Deve ser declarada após esgotadas as buscas e recursos ○ - Simultânea: Falecimento de duas pessoas (com relação sucessória) na mesma ocasião, sem que seja possível concluir quem morreu primeiro, para efeitos de sucessão, não havendo assim, transmissão de direitos entre os falecidos ○ Morte civil: fictícia, perda de seus direitos juridicos ● Individualização da pessoa natural: - Nome= primeiro nome ou prenome + sobrenome ou patronímico; Estende-se ao pseudônimos e Heterônimos - → O nome é a designação pela qual a pessoa é identificada no seio social; é dotado de dois aspectos distintos: Público (individualização da pessoa) e Individual (personalidade) 16 - Estado (conjunto de predicados da personalidade): Individual (personalidade): Individual- características físicas ou Familiar: status de relacionamento ou parentesco; Político (cidadania) - Domicílio: sede jurídica da pessoa ● Dos direitos da Personalidade: - Compreende os Direitos próprios da pessoa, tanto físicos como morais; São eles: → A vida → O nome → A imagem → A higidez física → A intimidade → A honra → A intelectualidade, etc. - Características: - São irrenunciáveis; intransmissíveis; absolutos; inatos; vitalícios; imprescritíveis (o não exercício de certo direito de personalidade não implica em sua perda); impenhoráveis e ilimitados. SEGUNDO BIM�TRE ● Aula 07- Da Ausência ○ Introdução: ■ Art. 22 do CC: Será constatada ausência-desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio (sem dela haver qualquer notícia); inexistência de representante apto a gerir os interesses do 17 desaparecido (por não haver incumbência, aceitação, ato de outorga de poderes ou outorga suficiente); ■ Durante a ausência, os múltiplos interesses se conjugam: de um lado a tutela dos bens do desaparecido e de outro a preservação dos interesses de seus respectivos sucessores ■ procedimentos relacionados à arrecadação, custódia e distribuição dos bens pertencentes ao desaparecido: ● Curadoria dos bens do ausente. Desaparecimento mais presente (desaparecimento por tempo razoável para inspirar preocupação)- Cuidar dos bens do ausente; ● sucessão provisória ● sucessão definitiva 2- Da curadoria dos bens do ausente ■ Constatado o desaparecimento, o juiz a requerimento de interessado ou ministério público, declarará ausência e nomeará curador (Art. 22) ■ Corresponde à primeira etapa da ausência (Art 22 do CC): preservar os bens do desaparecido ■ Também será nomeado curador quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer o mandato (Art 23 ) ■ Art 25- o cônjugue do ausente, que não esteja separado judicialmente ou de fato por mais de 2 anos, será o seu legítimo curador. Em falta de cônjuge será nomeado preferencialmente, os pais ou descendentes (25 §1). Dentre estes, os mais próximos precedem os mais remotos (§2). Na falta das pessoas mencionadas, o juiz nomeará curador dativo (§3)→ estende-se ao companheirismo ○ Primeira fase da ausência: ■ Curadoria do ausente (preservar os bens por ele deixado, no caso do retorno): o curador cuida de seu patrimônio ● A curadoria do ausente fica restrita aos bens, não produzindo efeitos de ordem pessoal ■ Duas declarações de ausência: durante a entrada da curadoria dos bens do ausente e com a abertura da sucessão provisória 18 ■ Equipara-se a morte presumida, apenas para o fim de permitir a abertura da sucessão, mas a esposa não é considerada viúva (para casar novamente terá que promover divórcio, citando o ausente por edital) ■ A curadoria dos bens do ausente prolonga-se pelo período de 1 ano, durante o qual, serão publicados editais, de 2 em 2 meses, convocando o ausente a reaparecer ■ Passados 3 anos sem a volta ou notícia da morte do ausente, e sem que tenha nomeado procurador ou representante, poderão os interessados abrir a sucessão provisória (CC, Art. 26) ■ Cessa a curadoria: ● Comparecimento do ausente, procurador ou representante ● morte do ausente ● sucessão provisória Da sucessão Provisória: ● Pressupostos (Art.26 CC), para abertura da sucessão provisória; ○ O cônjuge (ou companheira) não separado judicialmente; ○ herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; ○ os que tiverem sobre o bem do ausente direito dependente de sua morte, independente do grau de parentesco; ○ os credores de obrigações vencidas ou não pagas (Art. 27 CC) ■ ART. 28 CC: A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.→ Esse prazo suplementar é dado para que o ausente, ao ter conhecimento das consequências de seu desaparecimento, possa talvez retornar. ■ Os bens serão entregues aos herdeiros, em caráter provisório e condicional, ou seja, desde que apresentem garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos, em razão da incerteza da morte do ausente (dar em garantia determinados bens, para proteger os do ausente e restituir 19 no caso de extravio qualquer dano ao ausente. Ex de garantias: imóveis)→ Porém, os descendentes, ascendentes e o cônjuge, uma vez provada sua condição de herdeiros, poderão ter posse dos bens mesmo sem garantias (Art 30 CC) ● O excluído da posse provisória poderá, contudo, justificando falta de meios, requerer que lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria→ pode exigir metade do aluguel do imóvel que lhe seria de direito→ ( O juiz poderá escolher um administrador ou outro herdeiro) ● Os ascendentes, descendentes ou cônjuges do ausente, poderão, entretanto, entrar na sucessão independente de garantias (Art 30) ● Os imóveis do ausente só poderão se alienar (transferir a propriedade de um determinado bem), não sendo por desapropriação, ou hipotecar (colocar um imóvel como garantia para conseguir um empréstimo), quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína (Art. 31) ■ Os ascendentes, descendentes ou cônjuges do ausente, que for sucessor provisório deste, poderá fazer uso de todos os frutos e rendimentos; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses lucros , com a fiscalização do MP e prestação de contas anual ao juiz ● Se o ausente aparecer, ficando provado a ausência injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. (art. 33) ● Se o ausente aparecer, cessarão as vantagens da sucessão (usufruto), entretanto, os sucessores ainda devem tomar as medidas necessárias para o cuidado e preservação para com o patrimônio ■ Cessará a sucessão provisória com o comparecimento do ausente ■ converter-se-á em definitiva: ● certeza da morte do ausente; ● dez anos depois de julgado a sentença de abertura da sucessão provisória; 20 ● quando o ausente tiver 85 anos de idade e houverem decorrido 5 anos das últimas notícias suas. Da sucessão definitiva: ■ levando em consideração as condições acima ■ O legislador deixa de preocupar-se com os interesses do ausente, para atender aos interesses de seus sucessores. ■ Sob a perspectiva “pessoal”, com a abertura da sucessão definitiva firma-se a presunção de morte do ausente (art. 6º CC, “in fine”) – considerando-se dissolvido, então, o casamento validamente contraído (art.1571, § 1º CC); ○ Do retorno do Ausente ■ Logo, esta sucessão seria quase definitiva, visto que a lei ainda admite a hipótese, mesmo remota, de retorno do ausente ■ Se reaparecer nos dez anos seguintes à a abertura da sucessão provisória, haverá só os bens existentes e no estado em que se encontrarem ■ Se o ausente reaparecer no período da sucessão provisória, injustificada e voluntária, este perderá, em favor dos sucessores, sua parte nos frutos e rendimentos. Por outro lado, cessarão imediatamente as vantagens da sucessão e terão de restituí-los ao que se encontrava desaparecido ■ Retornando o ausente no período da curadoria de seus bens, esta cessará automaticamente, recuperando ele todos os seus bens ○ Ausência como causa de dissolução da sociedade conjugal ■ na hipótese de sucessão definitiva, constitui causa de dissolução conjugal (Art. 1571) ■ A morte presumida do ausentes configura nos casos em que a lei autoriza a abertura de definição definitiva, antes disso limita-se a efeitos patrimoniais ■ o ausente não precisa necessariamente aguardar o 10 anos, podendo pedir o divórcio direto do ausente ■ Estando legalmente dissolvido o primeiro casamento, contraído com o ausente, prevalecerá o último, diferentemente do que ocorre no 21 direito italiano, por exemplo, que declara nulo o segundo casamento se o ausente retorna. Desta forma, a volta do ausente não interfere em nada na validade do novo casamento. ● Aula 08- Das pessoas jurídicas: disposições gerais ○ Conceito: ■ O homem é um ser gregário , tendo propensão a se reunir em grupos para atingir uma finalidade ■ O direito não podia ignorar essas unidades coletivas, passando a discipliná-las, para que possam participar da vida jurídica (como a pessoa natural), tendo personalidade própria (se diferindo de seus membros e sócios) ■ Pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações ■ A pessoa jurídica surge como instrumento voltado à construção de uma realidadeprópria, sendo apartados o grupo (vontade coletiva resultante) e os diversos membros que o integram (vontade individual) ■ A pessoa jurídica pode ser definida como um conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. “pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direito e obrigações” ● Principal característica: A pessoas jurídicas atuam na vida jurídica com a personalidade diversa da dos indivíduos que as compõe ● Art 49 CC ■ Dsignações: ● Pessoas civis: existência meramente forjada pelo direito ● Pessoas místicas: ● Pessoas abstratas: oposição ao perfil concreto da personalidade natural ● Pessoas compostas: composição de sua vontade 22 ● universalidade de pessoas: priorizando-se o aspecto objetivo subjacente ■ Natureza jurídica (da pessoa jurídica) ● Afirmativas: admitem a sua existência, proporcionando vantagens que não podem ser adquiridas de outros meios ● Negativistas: consideram as pessoas jurídicas desnecessárias ○ aos sujeitos que os integram (sendo desnecessária por se confundir com os membros que dela fazem parte) ○ ao patrimônio que lhes serve para a consecução de certas finalidades (se confundiriam com o patrimônio) ○ ao condomínio havido entre os sujeitos reunidos, quanto a certos bens (compropriedade, poderia substituir a pessoa jurídica) ● As teorias neg. não se sustentam: para a pessoa jurídica existir é preciso ter um escopo (propósito maior) ● Teorias afirmativas ○ Teorias da ficção ■ Teoria da ficção legal: pessoa jurídica como mera criação legislativa ■ ficção doutrinária: toma a pessoa jurídica como criação meramente doutrinária ou científica ● (são uma realidade, pois fazem parte tanto no plano do ser como no dever ser) ○ Teorias da realidade: ■ Realidade objetiva: enfatiza o aspecto sociológico (dado preexistente), tendo personalidade→ peneira efetuada pelo nosso sistema jurídico. EX: PCC E CV ■ Institucionalista: enaltecedora da organização, toma a pessoa jurídica como um elemento voltado à realização de uma ideia socialmente útil, por isso personificadas→mesmo os elementos egoístas são levados em 23 consideração, por vivermos em um sistema capitalista ■ Realidade técnica: personificação é um expediente de ordem técnica→ teoria aceita ○ Art 45 cc: teoria da realidade técnica objetiva ao discriminar à pessoa jurídica um âmbito de atuação próprio, acercado, pois, de maior segurança ● Forma integrante do suporte fático normativo; “ad substantiam"; “Ad probationem”; “Ad regularitatem” 3- Requisitos para a constituição da pessoa jurídica ● A formação de uma pessoa jurídica exige elementos de ordem material (pessoas, bens e finalidade específica) e ordem formal (ato constitutivo, registro). Requisitos para constituição da pessoa jurídica: ○ Vontade humana criadora - intenção de criar uma entidade distinta de seus membros, sendo materializada no ato constitutivo ○ Observância das condições legais (Elaboração do ato constitutivo): fundamento negocial desencadeador da personalidade jurídica autônoma (materializado em um estatuto, contrato social, escritura pública ou testamento); ■ Contrato social (sociedades): é a convenção por meio da qual duas ou mais pessoas se obrigam reciprocamente a juntar esforços, contribuindo, com bens ou serviços, para a consecução de fim comum. ■ Registro do ato constitutivo no órgão competente: reputada indispensável, por lei, para o surgimento da personalidade jurídica própria do ente criado (art. 45 CC);→ artes do registro, não passa de mera sociedade de fato ■ a existência jurídica das pessoas de Direito Público depende de fatores próprios, no caso, lei e ato administrativo (arts. 41 e 42 CC); ■ Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou aprovação do poder executivo. Ex: seguradoras, instituições financeiras, administradoras de consórcio, etc. 24 ○ Liceidade de seu objetivo: deve ser lícito,determinado e possível. Nas sociedades o objetivo em geral é o lucro, enquanto nas fundações os fins só podem ser sociais ○ Três são os sistemas relacionados à atribuição de personalidade jurídica: ■ livre formação: a emissão da vontade pelos membros é suficiente para o surgimento da personalidade jurídica; ■ reconhecimento: a chancela pelo Estado é elemento decisivo para a atribuição de personalidade ao ente criando; ■ disposições normativas: a criação da personalidade independe da chancela estatal, desde que observadas condições legais predeterminadas; ○ Especificamente a respeito do condomínio, deve-se observar que ao condomínio edilício a lei reconhece uma específica hipótese de “consideração da personalidade jurídica” (art. 63, § 3º da Lei Fed. nº 4591/64) – em sentido inverso à medida prevista no art. 50 CC (ainda que revestida de semelhante excepcionalidade); ● Começo da existência legal: ○ a existência jurídica das pessoas de Direito Público depende de fatores próprios, da vontade humana (lei e ato administrativo) ○ A constituição da pessoa jurídica no Brasil e em muitos outros sistemas legais decorre da vontade humana expressa em um ato constitutivo registrado, sem a necessidade d e uma autorização estatal prévia. ○ Algumas pessoas jurídicas de direito privado, à vista da ligação de suas atividades a interesses de ordem coletiva (EX. empresas estrangeiras, agências e estabelecimentos de seguros, caixas econômicas, cooperativas, instituições financeiras, sociedades de exploração de energia elétrica, empresas jornalísticas, etc.), carecem de autorização/aprovação do Estado para o exercício de suas atividades; ○ A existência legal, no entanto, das pessoas jurídicas de direito privado só começa efetivamente com o registro de seu ato constitutivo no órgão competente (Art. 45 do CC) ○ Os direitos e deveres da pessoa jurídica estão de acordo com os poderes que lhe são atribuídos no ato constitutivo (Art. 47 CC) ○ 25 ○ Excetuadas as sociedades empresárias (Junta Comercial) e as sociedades simples de advogados (OAB), as pessoas jurídicas de direito privado terão os seus atos constitutivos registrados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas – ainda que depois submetidos, nalguns casos, a “registros cadastrais” outros (Ex: Tribunal Superior Eleitoral, Ministério do Trabalho); ● Sociedades irregulares ou de fato ○ Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada irregular, mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica; ○ Efetivado o registro de seu ato constitutivo , a pessoa jurídica começa a existir legalmente, passando a ser aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações , com vida própria e patrimônio que não se confunde com o de seus membros; ○ A regularização da sociedade de fato, não produz efeitos pretéritos , não retroagindo estes ao período anterior, em que permaneceu como sociedade de fato; ● Três são os sistemas relacionados à atribuição de personalidade jurídica: ○ livre formação: a emissão da vontade pelos membros é suficiente para o surgimento da personalidade jurídica; ○ reconhecimento: a chancela pelo Estado é elemento decisivo para a atribuição de personalidade ao ente criando; ○ disposições normativas: a criação da personalidade independe da chancela estatal, desde que observadas condições legais predeterminadas; ● Grupos despersonalizados: ○ a massa falida (subjetiva), a herança jacente (e a vacante), o espólio e o condomínio são entes despersonalizados, ainda que dotados, por lei, da aptidão de estarem em juízo (art. 75 NCPC) – aos quais a jurisprudência acrescentou os consórcios e os fundos do mercado de capitais (fundos de ações, de pensão, de imóveis); ○ Especificamente a respeito do condomínio, deve-se observar que ao condomínio edilício a lei reconhece uma específica hipótese de “consideração da personalidade jurídica” (art. 63, § 3º da Lei Fed. nº 4591/64) – em sentido inverso à medidaprevista no art. 50 CC (ainda que revestida de semelhante excepcionalidade); 4- Classificação da pessoa jurídica 26 ● Nacionalidade: ○ Nacional: sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de administração ○ Estrangeira: Não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País ● Estrutura interna: ○ Corporação:aspecto eminentemente pessoal, constitui um conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de seus objetivos (interesse e bem estar dos seus membros) ■ associações: sem fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos (obs: exclusão de associado → só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto) ■ sociedades: ● Simples:fim econômico e visam lucro ● empresárias: tem como objetivo o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no Art. 967 do CC ○ Fundação: o aspecto dominante é o material, compõe-se de um patrimônio personalizado, destinado a um determinado fim ● Função: ○ Pessoas jurídicas de direito público ■ Externo: Estados estrangeiros e Organizações Internacionais (art. 42 CC) ■ Interno: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias (inclusive “associações públicas”) e demais entidades de caráter público criadas por lei (tais como “fundações públicas” e “agências reguladoras”); ○ Pessoas jurídicas de direito privado ■ Corporações, fundações, sociedades, organizações religiosas e empresas individuais de responsabilidade limitada Extinção da Pessoa Jurídica 27 ● Origem: ○ Negocial: sempre que prevista em seu ato constitutivo ou objeto de consenso superveniente entre seus membros ■ Dissolução-ato: refere-se ao momento em que ocorre a decisão ou deliberação dos sócios ou membros da pessoa jurídica de encerrar suas atividades; por diferentes motivos, como término do prazo de duração estabelecido no contrato social, realização do objetivo para o qual a pessoa jurídica foi constituída, decisão dos sócios em encerrar a empresa, entre outros ■ Dissolução- procedimento: Durante a liquidação, todas as atividades necessárias são realizadas para encerrar as obrigações da pessoa jurídica, como pagamento de dívidas, realização de ativos, prestação de contas, entre outros procedimentos. ○ Legal: quando estabelecida por lei ○ Administrativa: se cassada, por exemplo, a autorização do Poder Público quanto ao seu funcionamento ○ Judicial: quando determinada pela autoridade judicial, por exemplo, ao fim de uma ação voltada à anulação de sua constituição 6- desconsideração da pessoa jurídica (5 do livro) ● Pessoa jurídica, personalidade distinta de seus membros, possibilita que sociedades empresariais sejam utilizadas como instrumento de fraudes e abusos de direito contra credores. Usando como um véu ou capa para seus negócios obscuros ● Teoria da desconsideração da personalidade jurídica: permite que o juiz em caso de má fé ou fraude, desconsidere o princípio de que a pessoa jurídica tem existência distinta da de seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade ● Art 28 do CDC ● A “teoria maior” da desconsideração da personalidade jurídica foi a vertente encampada pelo Código Civil de 2002 (art. 50); contudo, há que se observar que tal vertente se subdivide em duas variantes, dotadas de pressupostos específicos ○ Art 50 do CC: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade (objetivos socioeconômicos) para a prática de atos ilícitos ou abusivos, confusão patrimonial. (subjetiva) 28 ○ A desconsideração da personalidade jurídica não decorre somente do desvio dos fins estabelecidos no contrato social ou nos atos constitutivos, podendo o abuso consistir na confusão entre o patrimônio social e o dos sócios ou administradores (objetiva) ● A pessoa jurídica não entra em processo de liquidação Responsabilidade das pessoas jurídicas ● Quanto à responsabilidade civil das pessoas jurídicas, devem ser segregados os regimes afetos às pessoas jurídicas de direito privado (art. 44 CC) e de direito público – externo e interno (arts. 41 e 42 CC); A responsabilidade civil das pessoas jurídicas é regida pelos mesmos princípios aplicáveis à responsabilidade das pessoas físicas. ○ Direito privado: se refere à obrigação que uma pessoa jurídica tem de reparar danos causados a terceiros em decorrência de suas atividades, condutas ou omissões. ○ Direito público: A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público se orienta pela variante “objetiva” (art. 43 CC), graças a uma evolução histórica bastante significativa: partindo-se da “irresponsabilidade” civil do Estado; ○ Princípios para responsabilidade civil: ■ Conduta ■ dano ■ nexo de causalidade ○ Isso significa que, para que a pessoa jurídica seja considerada responsável, é necessário demonstrar que houve uma conduta inadequada ou ilícita, que essa conduta causou um dano a terceiros e que existe uma relação de causalidade direta entre a conduta e o dano. ● Aula 9- Das pessoas jurídicas: Das associações ○ 1- Das associações ■ coletividade de pessoas desprovidas de fins lucrativos (ainda que possam desenvolver atividade econômica voltada à sua subsistência) EX. Autarquia 29 ■ alteração da regulamentação das associações promovidas pela Lei fed. 11127/05. Art. 53. ● Finalidade não econômica e ausência de reciprocidade Ex: o fato de um condômino ficar inadimplente não autoriza os outros a fazerem o mesmo (contrato social plurilateral) ■ Art. 54 CC: o estatuto das associações conterá, sob pena de nulidade: fins (escopo), sede (domicílio), requisitos para admissão (ingresso), demissão (exclusão espontânea), exclusão (involuntária ou compulsória), direitos, deveres, fontes de recursos (dotações iniciais ou provisões periódicas), constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos (sobretudo a assembleia geral), alterações estatutárias (quando admitidas), dissolução (“ato” e “procedimento”), gestão ■ administrativa e sistema de aprovação de contas ■ Art 55 CC: igualdade de direitos e categorias privilegiadas ■ Art 56 CC: Intransmissibilidade de associado ○ Contrato por adesão, eficácia ornamental do direito civil ■ Art 57 CC: exclusão de associado - “justa ■ causa” ■ Art 58 CC: exercício de direitos e funções ■ Art 59 CC: competência privativa da assembléia geral ■ Art 60 CC: convocação dos órgãos deliberativos ■ Art 61 CC: Dissolução de associação e destino de seu patrimônio→ se não houver nada dizendo sobre o destino irá para o estado Aula 11- Dos bens: Dos bens considerados em si mesmos Objeto de relações jurídicas Fato jurídico→ Eficácia jurídica→ relação jurídica→ Sativo (D.subjetivo) e Spassivo (Comportamental)→ Fim/objeto→ coisas, condutas e direitos subjetivos ● Os bens são objeto das relações jurídicas que se formam entre os referidos sujeitos ○ coisas – objeto dos “direitos reais”; 30 ○ ações humanas (condutas) – objeto dos “direitos obrigacionais”; ○ atributos da personalidade – objeto dos “direitos da personalidade”; e ○ direitos – objeto de “meta;direitos” (v. g. o usufruto de crédito); ● Categorias dos Bens: ente, necessidade, característica, complementaridade, utilidade, escassez e interesse ● somente integrarão a categoria dos “bens” aqueles objetos simultaneamente “úteis” e “escassos” – e suscetíveis, ainda, de “apropriação” (sejam “corpóreos” ou “incorpóreos”); 1 ● Classificação das coisas: ○ Coisa comum: bens insuscetíveis de apropriação pelo homem, razão pela qual não podem ser objeto de relações jurídicas, salvo se for possível sua apropriação em porções limitadas (aquele bem que pertence a sociedade num geral, Ex. A natureza) ○ Coisa sem dono: podem ser apropriadas livremente pelas pessoas ○ coisas abandonadas: que foram objeto de abandonoou negligência por parte do proprietário anterior (podendo ser objeto de apropriação posterior) ● Dicotomias: ○ Corpóreos: dotados de existência física ○ Incorpóreos: de existência idealista (inclusive jurídica, Ex. propriedasde intelectual,crédito, estabelecimento intelectual) ○ Alguns institutos são de aplicação exclusiva aos bens corpóreos ( Ex.domínio” e compra e venda); ○ aos bens incorpóreos (Ex. “cessão”) – sendo que alguns são objeto, ainda, de viva disputa quanto à sua aplicação (v. g. “propriedade” e “posse”) ● Patrimônio ○ complexo de posições jurídicas ativas e passivas de uma pessoa, dotadas de valor econômico SEGUNDO SEMESTRE - Terceiro Bimestre Aula 12- Dos fatos jurídicos (Do negócio jurídico)→ Disposições gerais (arts. 104 a 114, CC) 31 ● Validade do negócio jurídico: ● Para que um fato jurídico seja reconhecido, é necessário que haja uma conexão precisa entre a descrição abstrata de uma situação na lei (o "suporte fático abstrato") e o evento real que corresponde a essa descrição na vida real (o "suporte fático concreto"). Quando essa conexão ocorre, dizemos que houve incidência da lei " sobre o evento real, e a lei se torna eficaz e aplicável a essa situação específica. ● o "negócio jurídico" é uma modalidade de "fatos jurídicos em sentido amplo," isso significa que ele é uma categoria dentro do campo mais amplo dos eventos que têm implicações legais. ○ Fato jurídico de sentido amplo: toda e qualquer ocorrência a qual o ordenamento jurídico coliga efeitos que lhe são próprios (Todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito) → Existe diferença entre contrato e negócio jurídico? ● Todo contrato é negócio jurídico, mas nem todo negócio jurídico é contrato. Por exemplo, o testamento, e as declarações unilaterais de vontade (doações), são negócios jurídicos, mas não são contratos. ■ Fato jurídico de sentido estrito: são os que acontecem independentemente da atuação ou vontade humana, porém suas consequências possuem consequências juridicamente relevantes. Ex: Morte, nascimento, etc. ○ Atos fatos: comportamentos humanos recebidos pelo direito como ocorridos pela natureza (ocorre quando há uma ação humana que não é realizada com a intenção de criar efeitos jurídicos, mas ainda assim gera consequências legais devido às circunstâncias específicas 32 em que ocorre) Ex. imagine um indivíduo que, sem intenção, deixa um objeto perigoso em um local público, resultando em danos a outra pessoa. Nesse caso, o ato de deixar o objeto foi uma ação não intencional (ato), mas ainda levou a consequências legais (fato) devido aos danos causados. ○ Ato Jurídico estrito: Emissão de uma vontade humana que tem efeitos que já são previstos em Lei. EX: o ato de reconhecimento de um filho gera imediatamente diversos efeitos que são garantidos em lei, como alimentos (não precisa ter contrato entre pai e filho para saber o dever do pai, só o fato de ser pai já tem esse dever) ○ Amplo: acontecimentos que pressupõem intervenção humana ou “condutas”→ se dividem em ato-fato, atos jurídicos em sentido estrito e negócio jurídico ○ Negócio jurídico: eu decido se vou praticar o ato e quais serão suas consequências (contrato) → Implica declaração expressa de vontade → autonomia privada→ Os efeitos não decorrem apenas da lei e sim também das partes envolvidas Ex. contrato de compra e venda de um imóvel, uma parte quer vender e outra quer comprar (convergência de vontade, assim determinam alguns efeitos que podem resultar)→ para ser válido precisa ter efeito capaz, sendo o objeto lícito, possível e determinado ou determinável ● Lícito: são aqueles em que a conduta do agente não é pressuposto da aplicação de uma sanção;os atos jurídicos “ilícitos” (em sentido amplo), por sua vez, são o pressuposto da atuação sancionadora prevista pelo ordenamento;→ (slide 8 nn precisa) ● Sob o prisma funcional, os negócios jurídicos podem se voltar: ○ Aquisição de Direitos Subjetivos: Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao patrimônio e à personalidade do titular→ através desses negócios uma pessoa pode adquirir direitos de forma: 33 ■ originária: direitos que surgem pela primeira vez, sem qualquer interferência do anterior titular. Ex: ocupação de coisa sem dono ■ derivada: direitos que são transferidos de outra pessoa para esta (adquirido com todas as qualidades e defeitos do título anterior, visto que ninguém pode transferir mais direitos do que tem) ■ onerosa (envolve pagamento→ exige contraprestação ao adquirente, garantindo benefícios a ambas as partes Ex: compra e venda, locação, etc.) ■ gratuita (não envolve pagamento→ quando só o adquirente aufere vantagem Ex. sucessão hereditária) ■ Quanto a sua extensão: ● Título singular (envolve bens determinados, em relação ao comprador ou ao legatário ) ou Título universal (quando o adquirente (de direitos) sucede o seu antecessor em sua totalidade (ganha direito a todos os bens) como se dá com o herdeiro). ○ Resguardo de Direitos: Os negócios jurídicos também podem ter como objetivo o resguardo de direitos. Isso pode ser feito de forma ■ preventiva: para evitar que um direito seja violado ● Extrajudicial: para assegurar o cumprimento de obrigação creditícia (dívida). Ex. garantias reais (hipoteca, penhor, etc.) e pessoais (fiança, aval, etc.) ● Judicial: medidas cautelares previstas no CPC (busca e apreensão) ● Repressiva: Para recuperar o bem violado ○ Modificação Objetiva de Direitos: Os negócios jurídicos podem ser usados para modificar os direitos quanto ao seu Objeto. ■ Qualitativa: quando o conteúdo do direito se converte em outra espécie, sem que aumente ou diminua suas faculdades. Ex: 34 quando o contrato é modificado para permitir que o imóvel seja usado para fins comerciais, em vez de residenciais. Isso significa que o conteúdo do direito de uso do imóvel se converte de residencial para comercial, mas não há um aumento ou diminuição nas faculdades do direito em si, mantendo a mesma duração do contrato e as demais condições ■ Quantitativa: quando o objeto aumenta ou diminui no volume ou extensão, sem alterar a qualidade do direito. Ex. aumento ou diminuição da área de terras ao longo das margens de rios, por causa do fenômeno do aluvião ○ Modificação Subjetiva de Direitos: Quando diz respeito diretamente a pessoa do titular ○ inter vivos (entre pessoas vivas) ○ causa mortis (por meio de herança após a morte). No entanto, vale ressaltar que existem restrições quando se trata de direitos personalíssimos, que não podem ser transferidos a terceiros. ● Extinção de Direitos: Refere-se a extinção de direitos, que podem ser pelas seguintes razões: alienação, renúncia, abandono, etc. Algumas causas também podem ser: ○ subjetivas: quando o direito é personalíssimo e morre o seu titular ○ objetivas: perecimento do objeto sobre o qual recaem (Ex: se alguém possui o direito de propriedade sobre um carro e o carro é completamente destruído em um acidente, o direito de propriedade sobre o carro é extinto.) ● Classificação do negócio jurídico: ○ Unilaterais, bilaterais (uando demanda a manifestação de vontade de duas partes) e plurilaterais (quanto ao número de declarantes) ○ Receptícios e não-receptícios (quanto à necessidade de ciência do destinatário para o desencadeamento de seus respectivos efeitos) 35 ○ gratuitos, onerosos, neutro (não tem conteúdo patrimonial imediato) e bifrontes (pode ser gratuito como oneroso, a depender da intenção das partes)→ (quanto à circulação patrimonial) ○ inter vivos e causa mortis (quanto à dependência da morte do agente) ○ principais (tem existência própria. Ex. compra e venda, locação, etc.) e acessórios (possuem existência subordinada ao contrato principal)→ o acessório segue o destino do principal ○ autônomos e derivados (quanto a referência a outro negócio jurídico) ○ solenes (devem obedecer a norma prevista em lei para se consolidar)e não solenes (livres) (quanto à formalidade) ○ Simples (se constituem por ato único) e complexos (fusão de vários atos sem eficácia permanente) (quanto a quantidade de declarações) ○ Dispositivos (regras e regulamentos incorporados em documentos legais)e obrigacionais (se relacionam com as obrigações e deveres que as partes assumem no âmbito desses documentos ou contratos)→ quanto à amplitude de seus efeitos ○ fiduciários (há transferência de titularidade sobre bem ou direito e cujo adquirente deve satisfazer às finalidades negociadas e, ao fim, restituir a titularidade ou transferi-la a terceiro designado ) ○ simulados (quando a intenção do sujeito destoa de sua declaração) ● Da Tricotomia: Existência-Validade-Eficácia ○ Existência: refere-se aos elementos essenciais que são necessários para que um negócio jurídico seja considerado como tal, se algum desses estiver faltando, o negócio pode ser considerado inexistente. (se o suporte fático concreto é suficiente para a formação do negócio jurídico)→ declaração de vontade, finalidade negocial e idoneidade do objeto ○ Validade: Diz respeito aos requisitos formais e substanciais que devem ser cumpridos para que um negócio jurídico seja válido. A validade está relacionada à conformidade do negócio jurídico com as normas legais aplicáveis. Se algum requisito de validade não for atendido, o 36 negócio pode ser considerado inválido, podendo resultar em nulidade ou anulabilidade, dependendo da gravidade do requisito não cumprido. ○ Eficácia: Refere-se aos efeitos que um negócio jurídico produz após ter sido devidamente formado (existência) e validado (validade). Os fatores de eficácia não afetam a validade do negócio, mas dizem respeito a como os direitos e deveres decorrentes desse negócio serão exercidos e cumpridos ao longo do tempo. ● Elementos (os “elementos” (de existência) condicionam a própria superveniência do negócio jurídico como tal – sendo de se falar, portanto, em inexistência do negócio quando faltante um daqueles (caso o “suporte fáctico concreto” se revele, assim, “insuficiente”); ○ Elementos-cerne: declaração, objeto (idôneo), forma, tempo, lugar, finalidade negocial e circunstâncias negociais; ○ Elementos-completantes: são exigidos em hipóteses específicas (como a “entrega” no âmbito dos “contratos reais”); ● Os "requisitos" de validade dos atos jurídicos implicam a aplicação das normas legais e a transformação do evento real em um fato jurídico reconhecido: ○ Genéricos: Art. 104 CC (estabelecendo critérios gerais para a validade, como capacidade das partes, objeto lícito e forma prescrita em lei.)→ ■ agente capaz; ■ objeto lícito, possível e determinado (ou ao menos determinável); ■ forma prescrita em lei (ou ao menos não defesa); ○ Específicos: assentimento dos descendentes e do cônjuge é um requisito legal em muitas jurisdições para a venda de bens de um ascendente para um descendente, ou seja, validos para casos em específico 37 ● OBS: enquanto os "elementos" são essenciais para a existência do negócio, os "requisitos" e "fatores" afetam sua validade e eficácia, respectivamente, sendo considerados "elementos complementares". ● Declaração de vontade: ○ Vontades: ■ Explícita: falada, escrita, etc. ■ Tácita: se deduz a partir da conduta do agente (Quando alguém entra em um restaurante, senta-se em uma mesa e examina o cardápio, isso pode ser interpretado como a vontade de fazer um pedido) ■ Presumida: a vontade presumida é deduzida de acordo com regras legais ou padrões preestabelecidos, independentemente do comportamento específico da pessoa. ● Incapacidade Relativa: ○ São relativamente incapazes aqueles que carecem do concurso de assistentes para prática de declarações negociais ○ é causa da simples anulabilidade da declaração de vontade prestada sem o concurso regular do assistente ○ impossibilidade coletiva→ atinge todos ○ impossibilidade originária→ compromete a validade do negócio jurídico ○ certas pessoas não podem invocar a incapacidade "relativa" de um agente em relação a um negócio jurídico. Essas pessoas incluem: ■ A "contraparte" do negócio jurídico: Se uma das partes é relativamente incapaz, a outra parte não pode alegar essa incapacidade como motivo para invalidar o negócio, a menos que o objeto do negócio seja indivisível (por exemplo, a atualização de uma obra intelectual). ■ Aquele que é "co-interessado" na celebração do negócio jurídico: Isso se refere a alguém que tem um interesse comum ou compartilhado na celebração do negócio jurídico. 38 ● Impossibilidade “relativa” do objeto (art. 106, CC): ○ Impossibilidade "Absoluta" vs. "Relativa": O texto chama a atenção para a diferença entre impossibilidade "absoluta" (que afeta toda a comunidade) e impossibilidade "relativa" (que afeta apenas parte da coletividade, incluindo o declarante). ○ Momento da Impossibilidade: A impossibilidade pode ocorrer em dois momentos: "inicial" (congênita ou originária) ou "superveniente" (após a celebração do negócio jurídico). ■ Impossibilidade "Superveniente": Quando a impossibilidade ocorre após a celebração do negócio jurídico, ela não invalida o negócio, mas pode afetar sua eficácia. ■ Impossibilidade "Originária": A impossibilidade "originária" compromete a validade do negócio jurídico, a menos que seja uma impossibilidade "relativa" (que afeta apenas o declarante) ou uma impossibilidade "momentânea" que cessa antes do cumprimento da condição à qual o negócio jurídico está subordinado. ● Forma ad substantiam: ○ A forma constitui o meio para garantir a vontade, assim, não há negócio jurídico sem forma ○ Forma que integra o suporte fático normativo: Essa forma é essencial para a própria existência do suporte normativo dos fatos. Sua não observância resulta na inexistência do negócio jurídico. Exemplo: artigo 579 do Código Civil.→ existência ○ Forma "ad substantiam" (para a substância): a forma pode ser da substância do ato quando este não apresentar validade sem revestir aquela forma→ validade ○ Forma "ad probationem" (para a prova): Os meios pelos quais pode comprovar a existência de um negócio jurídico ○ Forma "ad regularitatem" (para a regularidade): Essa forma desencadeia certos efeitos previstos pelo ordenamento jurídico.→ 39 está relacionada à observância de procedimentos ou requisitos específicos exigidos pela lei para acionar determinados efeitos legais, embora não seja fundamental para a validade do negócio em si. (a necessidade de registro de um contrato de compra e venda de imóvel em um cartório de registro de imóveis. Embora o contrato em si possa ser válido sem o registro, o registro é necessário para que o comprador adquira a propriedade legal do imóvel) ● Escritura Pública e negócios sobre bens imóveis: ○ O artigo 108 do Código Civil trata da compulsoriedade da utilização de escritura pública em determinadas operações relacionadas a "direitos reais sobre imóveis" de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país. ■ constituição, ■ transferência, ■ modificação ou ■ renúncia desses direitos. ○ É importante observar que essa disposição se aplica não apenas aos imóveis por natureza, mas também àqueles considerados como tais por força de lei, como no caso da sucessão aberta. ○ A utilização compulsória da escritura pública tem várias finalidades, incluindo: ■ Chamar a atenção das partes para a seriedade do ato a ser realizado. ■ Preconstituir uma prova autêntica do ato presidido pelo tabelião, que possui fé pública. ■ Garantir a integridade do próprio ato, assegurando que seja realizado com todas as formalidades legais, incluindo a coleta dos assentimentos previstos no artigo 496 do Código Civil. ■ Assegurar que a manifestação de vontade das partes seja espontânea e livre de vícios, com a interferência direta do tabelião. 40 ● Negócio jurídico com cláusula de não valer sem escritura (art.109, CC): ○ A propósito da análise do presente preceito, devemser apartadas: ○ a forma imposta por lei (“forma solene”); ○ a forma imposta pelas próprias partes (“forma contratual”); ○ a forma típica das situações em que as partes podem escolher o modo de se praticar o negócio jurídico: ○ com inteira liberdade (“forma livre”); ou com liberdade restrita ou parcial (“forma plúrima”); ○ Não havendo imposição legal de certa formalidade à prática do ato, os declarantes podem determinar, no exercício de sua “autonomia privada”, a “compulsoriedade concreta” da “escritura pública” – sob pena de nulidade da declaração que preterir tal forma (art. 166 CC); ● Reserva mental ○ A "reserva mental" se refere à discrepância deliberada entre a vontade interna do declarante e a vontade expressa em sua declaração. A principal diferença entre a "reserva mental" e a "simulação" está no fato de que, no primeiro caso, o destinatário da declaração não tem conhecimento da discrepância, enquanto, na simulação, o destinatário está ciente do descompasso entre a vontade interna do agente e o que foi declarado. ○ Devido a essa diferença, a simulação é considerada uma causa de nulidade do negócio jurídico (conforme o artigo 167 do Código Civil), enquanto a reserva mental não tem efeito jurídico, a menos que o destinatário da declaração esteja ciente dela. ● Vontade vs. Declaração ○ A interpretação negocial busca equilibrar a vontade interna do agente (vontade) com sua manifestação externa (declaração) em um negócio jurídico. Existem várias teorias para abordar essa questão, incluindo aquelas que priorizam a vontade ou a declaração, dependendo das circunstâncias. Essa interpretação considera tanto o quadro normativo 41 quanto os fatos apresentados para determinar a intenção real das partes envolvidas no negócio jurídico. ● Interpretação conforme boa-fé e usos locais (art. 113, CC). ○ O conceito de boa-fé no Direito Privado abrange diferentes aspectos, incluindo a boa-fé subjetiva (o estado mental do agente), a boa-fé objetiva (os deveres de probidade e lealdade entre as partes) e a boa-fé interpretativa. O artigo 113 do Código Civil trata da boa-fé interpretativa, que se refere aos parâmetros que um juiz deve usar ao analisar um negócio jurídico concreto. Esse artigo estabelece que os usos locais e a boa-fé devem ser levados em consideração na interpretação dos contratos e negócios jurídicos. Isso significa que o contexto local e a honestidade das partes envolvidas devem ser considerados ao interpretar e aplicar a lei. ● Interpretação restritiva do negócio benéfico (e renúncia) (art. 114, CC) ○ O artigo 114 do Código Civil estabelece que a interpretação dos negócios jurídicos benéficos (gratuitos) e dos atos de renúncia deve ser restritiva. Isso significa que, ao interpretar esses tipos de negócios, o intérprete deve fazê-lo de forma mais limitada, levando em consideração as intenções das partes de forma mais restrita do que em outros tipos de negócios. ○ Essa interpretação restritiva visa garantir que os benefícios concedidos ou as renúncias feitas sejam tratados com cuidado e não sejam interpretados de forma ampla ou excessivamente favorável a uma das partes. É uma maneira de proteger a vontade das partes envolvidas em negócios desse tipo e garantir que elas não sejam prejudicadas por interpretações amplas que não refletem suas verdadeiras intenções. Aula 13- Da Representação: ● A representação pode ser compreendida como a atuação jurídica no lugar de outra pessoa; mostrando-se “impossível”, ou “inconveniente”, a presença do 42 interessado quando da celebração do negócio jurídico, lança-se mão da figura do representante; ○ Representação Indireta: na qual o representante atua “por conta” do representado – ainda que, por vezes, venha a praticar atos e negócios jurídicos em seu próprio nome (representação em sentido econômico). Ex: um corretor de imóveis que negocia uma propriedade em nome de um cliente, representando os interesses do cliente durante a transação imobiliária. ○ Representação Direta: o representante atua em nome do representado. Ex:não posso comparecer numa reunião e declaro a representante para ir no meu lugar. Tudo o que fizer o representante interfere na bolha jurídica do representado ■ Quanto à sua origem (art. 115 CC): ● Legal (heterônoma→ a fonte vem da lei): quando é baseada em previsões legais ou normas externas que estabelecem a representação. Ex: quando um pai representa legalmente seu filho menor de idade em questões legai ● Negocial (autônoma→ a fonte é do próprio representado): quando é baseada em acordos ou autorizações autônomas entre as partes envolvidas. Ex: quando uma pessoa designa um advogado para representá-la em um processo judicial. ● Os representantes podem ser: ○ Legais:é o que decorre da Lei, ou seja, aquele a quem a lei confere poderes para administrar os bens e interesses alheios. Ex: pais, síndicos, etc. ○ Judiciais: É o nomeado pelo Juíz para exercer poderes de representação no processo. Ex: inventariante ○ Convencional: recebe mandato outorgado pelo credor, expresso ou tácito, verbal ou escrito, com poderes pré-estabelecidos por ele. 43 ● Regras da representação: ○ A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado ○ Art 116: Quando a representação é notória e dentro dos limites de seus poderes, os atos realizados pelo representante têm efeito na esfera jurídica do representado, como se fossem atos deste. ○ Art 118: O representante que atua em nome do representado deve apresentar a procuração aos terceiros com quem se relaciona, sob pena de responsabilidade pessoal pelos atos que excederem os poderes concedidos, a menos que haja ratificação. ○ Artigo 119 CC: Quando há um conflito de interesses entre o representante e o representado, os atos praticados pelo representante normalmente vinculam o representado. No entanto, se o terceiro tiver conhecimento efetivo ou potencial desse conflito de interesses, o negócio representativo pode ser anulado. A anulação deve ser buscada dentro de um prazo decadencial de 180 dias, contados a partir da celebração do acordo ou da cessação da incapacidade. ○ Art. 120: Este artigo estabelece um sistema de "apartamento parcial" entre a representação negocial e o contrato de mandato. Além disso, faz referência à vinculação das disposições do Direito de Família relacionadas ao assunto, conforme estabelecido no Código Civil e em legislações específicas, como a Lei Federal nº 8069/90. ● Representação e mandato: ○ Art. 653: Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. a procuração é o instrumento do mandato: ○ Os sistemas referentes à relação entre os institutos da representação e do mandato podem ser divididos em três categorias: ■ Sistema da Miscigenação: Neste sistema, a representação é essencial ao contrato de mandato, e eles são considerados 44 interligados e inseparáveis. Isso significa que a representação é vista como uma característica fundamental do contrato de mandato. ■ Sistema da Separação Absoluta: No sistema da separação absoluta, os institutos da representação e do mandato são tratados como entidades autônomas e independentes, mesmo que possam servir a funções semelhantes. Isso implica que é possível ter representação sem mandato e vice-versa. ■ Sistema da Separação Parcial (ou Relativa): Neste sistema, existe uma separação parcial entre os institutos da representação e do mandato. Isso implica que, em alguns aspectos, os institutos são tratados de forma autônoma, mas ainda podem estar interligados em certos contextos. ● Contrato consigo mesmo (autocontrato): ○ Três são as hipóteses de autocontratação, por meio da utilização de representante: ■ Contrato celebrado entre representados "A" e "B", ambos tendo como representante "C". ■ contrato celebrado entre o representado "A" e seu representante "C", onde "C" atua simultaneamentecomo contraparte e como representante da outra parte (a mesma pessoa, "C", representa os interesses de "A" enquanto também é uma das partes envolvidas no contrato) ■ Contrato celebrado entre o representante indireto "A" e ele mesmo, como no caso de comissão (conforme os artigos 693 e seguintes do CC). (a mesma pessoa atua em ambos os lados do contrato, representando a si mesma em sua capacidade de representante e, ao mesmo tempo, como parte contratante.) ○ No entanto, vale ressaltar que a verdadeira autocontratação, na qual os patrimônios vinculados à operação pertencem a um único sujeito 45 (caso 3), é a única situação em que se pode afirmar que existe um verdadeiro contrato consigo mesmo. ○ A disciplina da autocontratação no Código Civil de 2002 busca coibir o exercício da representação em prejuízo dos interesses do representado, especialmente quando ocorre de forma fraudulenta, como no caso de substabelecimentos fraudulentos de poderes. No entanto, se não houver conflito de interesses e se a autocontratação for permitida por disposição legal ou ato do próprio representado, a anulabilidade do contrato não se aplicará, conforme estabelecido no artigo 179 do CC. Da condição, do termo e do encargo ● Elementos acidentais do Negócio Jurídico, introduzidos facultativamente pelas partes→ presentes no plano de eficácia do NJ ● Condição: ○ É o acontecimento futuro ou incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico ○ O evento deve ser futuro e incerto ○ Art 121: Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. ○ Requisitos: ■ Voluntariedade: A condição deve ser estabelecida voluntariamente pelas partes envolvidas no contrato. Ou seja, ela não pode ser uma subordinação imposta pelo próprio ordenamento jurídico (conditio juris). Um exemplo desse tipo de condição é quando se estabelece que um herdeiro só receberá a herança se sobreviver ao testador. Essa condição não é imposta pela vontade das partes, mas sim pela lei. 46 ■ Futuridade:não podendo a condição se referir a evento passado, ainda que seu desfecho seja desconhecido pelas partes ■ Incerteza: A condição deve ser incerta quanto ao seu acontecimento. Isso significa que não pode haver certeza absoluta de que o evento futuro ocorrerá ou não. Caso haja certeza quanto ao acontecimento futuro, estaremos diante de um "termo" (certo ou incerto) e não de uma condição. ■ Possibilidade: A condição deve ser possível de ser cumprida. Isso significa que não pode ser uma condição impossível, absurda ou contrária à lei. Por exemplo, uma condição que exija que alguém voe sem o uso de qualquer equipamento de aviação seria impossível de ser cumprida. ● Sob o prisma classificatório, as condições podem ser segregadas: ○ Quanto à licitude: ■ Lícitas: São aquelas condições que são admitidas pelo sistema jurídico, ou seja, não são contrárias à lei, à ordem pública, aos bons costumes ou a outros princípios legais. ■ Ilícitas: São condições que vão contra a lei, a ordem pública, os bons costumes ou outros princípios legais. Essas condições são consideradas inválidas e não produzem efeitos. ○ Quanto a possibilidade do Evento: ■ Possíveis: São condições que se referem a eventos que podem ocorrer, seja de forma física ou jurídica. ■ Impossíveis: São condições que se referem a eventos que não podem ocorrer, seja por impossibilidade física ou jurídica. A impossibilidade pode levar à invalidade do negócio jurídico (caso de suspensividade), à ineficácia da cláusula (caso de resolutividade) ou quando se trata da subordinação dos efeitos a algo impossível. ○ Quanto a origem do Evento: 47 ■ Casuais: São condições que dependem exclusivamente do acaso ou de eventos naturais, sem interferência das partes envolvidas. ■ Potestativas: São condições que dependem da vontade de uma das partes envolvidas, ou seja, estão sob controle de um dos contratantes. ■ Mistas: São condições que dependem tanto da vontade de uma das partes envolvidas quanto da vontade de terceiros. ○ quanto aos efeitos da ocorrência do evento: ■ Condições Suspensivas: São aquelas em que o evento futuro e incerto desencadeia os efeitos do negócio jurídico apenas quando ocorre. Em outras palavras, a eficácia do contrato ou ato jurídico fica suspensa até que a condição se realize. Quando a condição suspensiva se concretiza, o contrato passa a produzir efeitos retroativamente à data de sua celebração, como se a condição tivesse sido cumprida desde o início. ■ Condições Resolutivas: As condições resolutivas são aquelas em que o evento futuro e incerto, quando ocorre, extingue os efeitos do negócio jurídico. Essa extinção dos efeitos pode ser expressamente prevista no contrato (condição resolutiva expressa) ou pode decorrer da natureza do negócio ou das circunstâncias envolvidas (condição resolutiva tácita). Quando a condição resolutiva ocorre, o contrato deixa de produzir efeitos a partir desse momento, retroativamente. ● Termo: ○ é o “fator” do negócio jurídico que subordina-lhe os respectivos efeitos à superveniência de um evento futuro e certo. ■ Certo ou Incerto: ● Certo: (quando se pode prever o momento exato da ocorrência do evento) ● Incerto: – quando se tem certeza do evento (mas não se pode prever o tempo preciso em que este sobrevirá) 48 ■ Inicial ou final: ● Inicial: é aquele que desencadeia os efeitos do negócio jurídico. Ou seja, os efeitos do contrato começam a produzir-se a partir do momento em que o termo inicial se realiza. ● Final: é aquele que extingue os efeitos do negócio jurídico até então produzidos. Quando o termo final se realiza, os efeitos do contrato são interrompidos ou extintos. ■ Essencial ou Não-Essencial: ● Essencial: quando sua ocorrência ou não ocorrência tem um impacto significativo no cumprimento das obrigações contratuais. Se o termo essencial não se realiza, pode levar ao inadimplemento absoluto das obrigações. ● Não Essencial: quando sua ocorrência ou não ocorrência não afeta de forma fundamental o cumprimento das obrigações contratuais. O não cumprimento do termo não essencial geralmente resulta em simples mora, ou seja, a parte pode estar atrasada no cumprimento de suas obrigações, mas não necessariamente em inadimplemento absoluto. ○ Prazo: é o intervalo compreendido entre o termo inicial e o termo final ■ Contagem do Prazo: O artigo 132 do Código Civil determina que o prazo começa a correr a partir do momento em que o termo se inicia. ■ Presunção em Favor do Devedor: O artigo 133 do Código Civil estabelece uma presunção em favor do devedor. Isso significa que, em princípio, o prazo estipulado no termo é considerado mais favorável ao devedor. ■ Exigibilidade Imediata de Negócios Exequíveis: O artigo 134 do Código Civil estabelece que, em regra, os negócios que podem ser cumpridos imediatamente devem ser exigidos de imediato, 49 sem esperar pelo termo estipulado no contrato, a menos que o cumprimento esteja condicionado a um local diferente ou a um período de tempo específico. ■ Aplicação das Regras de Condição ao Termo: O artigo 135 do Código Civil estabelece que as regras aplicáveis à condição podem ser aplicadas, na medida do possível, ao termo. Isso significa que, em alguns casos, as regras que regem a condição podem ser utilizadas para entender e aplicar o termo, dependendo das circunstâncias. ● Encargo ou Modo: ○ corresponde a uma obrigação, pelo que o seu cumprimento pode ser exigido como qualquer obrigação. No caso da doação, se não for cumprido o encargo, pode estipular-se que o próprio doador ou os seus herdeiros podem pedir a resolução da liberalidade. ○ A respeito do encargo algumas observações podem ser feitas: ■ Restrição à Liberalidade: O encargo deve ser entendido como uma restrição à liberalidade, seja ela realizada entre vivos ou causa mortis. Ele não impede a aquisição do direito pelo beneficiário,
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