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Gestão e competitividade I Apresentação As organizações precisam de bons gestores na administração, para a condução eficiente e eficaz dos negócios, pois os gestores são os responsáveis pelo alcance das metas e dos objetivos organizacionais. Além disso, compreendem a importância de criar vantagens competitivas para que o negócio prospere e seja referencial no mercado pelos seus stakehorlders. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a importância da gestão em um ambiente competitivo, identificará as principais funções de um gestor eficaz e eficiente e analisará as fontes de vantagem competitiva de um negócio. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância da gestão em um ambiente competitivo.• Identificar as principais funções de um gestor eficaz e eficiente.• Analisar as fontes de vantagem competitiva de um negócio.• Infográfico Para alcançar um desempenho acima da média do mercado, os gestores precisam desempenhar funções importantes nas organizações para serem eficazes e eficientes, além de apresentar competências e habilidades para lidar com seus colaboradores. Percebeu-se que eles devem ser considerados líderes e a cadeia de comando deixou de ser importante, uma vez que delegarão poderes a quaisquer colaboradores para fazerem o que for necessário, a fim de atingir resultados. Acompanhe, no Infográfico, algumas pesquisas recentes sobre liderança no Brasil, liderança na empresa Google e liderança feminina. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/4a732475-e7f9-444e-a4aa-fa6b07b9f047/4898661d-dcb2-4321-b869-010b720ee8b6.jpg Conteúdo do livro No mundo corporativo, o gestor desempenha função muito importante dentro da organização, pois ele precisa reconhecer que os recursos e a capacidade da empresa podem ser fontes de vantagem competitiva, capazes de vencer os concorrentes. O gestor deve ter competências e habilidades que ultrapassam a gestão, para atingir os resultados da organização e promover vantagens, a fim de que o negócio se mantenha em atividade a longo prazo. Desse modo, as organizações, além de reconhecerem a importância dos gestores, precisam analisar suas vantagens competitivas, identificando as forças e as fraquezas capazes de manter seus negócios e superar a concorrência. No capítulo Gestão e competitivvidade I, você vai reconhecer que, em um ambiente competitivo, a gestão eficiente e eficaz é muito importante, identificando as funções do gestor para esse processo se efetivar, além de analisar as fontes de vantagem competitiva de um negócio. Boa leitura. GESTÃO E COMPETITIVIDADE I Adriana Greco Ferreira Gestão e competitividade I Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância da gestão em um ambiente competitivo. Identificar as principais funções de um gestor eficiente e eficaz. Analisar as fontes de vantagem competitiva de um negócio. Introdução No mundo corporativo, é imprescindível que o gestor da organização identifique os seus recursos e as suas capacidades, reconhecendo que são fontes de vantagem competitiva capazes de torná-lo o melhor do seu segmento. Para que tenha sucesso nesse ambiente competitivo, é necessário que o gestor possua as competências e habilidades neces- sárias para atingir os resultados organizacionais e manter o seu negócio em atividade no longo prazo. Ainda, é vital que as organizações criem estratégias compatíveis com as suas forças e fraquezas, e sejam referência em relação aos seus concorrentes. Neste capítulo, você vai ler a respeito da importância da gestão em um ambiente competitivo. Você vai estudar as principais funções de um gestor eficiente e eficaz, bem como aprender sobre as fontes de vantagem competitiva de um negócio. A importância da gestão em um ambiente competitivo Atualmente, as organizações enfrentam alta competitividade e precisam desenvolver vantagens competitivas para que consigam manter sua partici- pação no mercado e perpetuar seus negócios. A competitividade consiste na capacidade da organização de cumprir sua missão com maior sucesso do que outras organizações. Trata-se da habilidade de atender às necessidades e expectativas dos seus clientes melhor do que seus concorrentes. Segundo Chiavenato (2014), a competitividade consiste em fazer as coisas da forma certa (ser eficiente) e fazer as coisas certas (ser eficaz) para obter vantagens em relação aos concorrentes. Nesse cenário, nota-se que as fontes tradicionais de vantagem competitiva, como economia de escala, não são estratégias tão eficazes. Hoje, os gestores precisam desenvolver uma mentalidade administrativa, abrangendo flexibili- dade, velocidade, inovação e integração em suas atividades, conforme apontam Hitt, Ireland e Hoskisson (2008). A competitividade acarreta um mundo de negócios extremamente arriscado, em que os gestores precisam realizar altos investimentos e saber que as consequências do fracasso podem ser altas. Por isso, o desenvolvimento e a implantação de estratégias são importantes para que as empresas alcancem sucesso em meio a esse ambiente competitivo. Aos 116 anos, e depois de apresentar queda de vendas por quatro anos consecutivos, a companhia Harley-Davidson notou que as suas motos já não atendiam às novas gerações. Para mudar esse panorama, a empresa decidiu desenvolver e implantar uma nova estratégia: produzir motocicletas elétricas e de pequeno porte. Isso porque a sociedade apresentou uma nova tendência: a utilização de transportes compartilhados, como bicicletas e patinetes elétricos. Fonte: Adaptado de Aos 116... (2019). Outro fator que o gestor deve considerar no ambiente competitivo é a globalização. Com ela, passou-se a exigir níveis mais elevados de desempe- nho das organizações, incluindo qualidade, custo, produtividade e eficiência operacional, uma vez que novos mercados trazem competidores com forte experiência e muito conhecimento e ricos em recursos. Vale ressaltar que a globalização cria múltiplas oportunidades, mas também riscos. Ao entrar em um mercado globalizado, a organização pode necessitar de um tempo razoável de aprendizagem para competir em um novo mercado; nesse meio tempo, seu Gestão e competitividade I2 desempenho pode ser afetado. Outro problema é quando a organização diver- sifica além de sua capacidade; com isso, o gestor não consegue administrar adequadamente sua operação, gerando impactos negativos no desempenho geral da organização. Para saber mais sobre globalização, leia o tópico do livro Em busca da vantagem com- petitiva, de Hayes (Editora Bookman, 2008), intitulado “O que é globalização?”, que trata sobre os três fatores da globalização que impactaram a nova economia. A organização que deseja entrar em um mercado globalizado precisa ela- borar uma administração estratégica eficiente e testar o mercado doméstico, para uma possível entrada no mercado internacional. Além disso, a gestão deve optar pela entrada da organização somente quando existir uma oportunidade viável e a empresa possuir as vantagens competitivas necessárias para seu sucesso nesse mercado, conforme lecionam Hitt, Ireland e Hoskisson (2008). É importante ressaltar que os mercados globalizados apresentam opções estratégicas atrativas, no entanto, não precisam ser considerados a única fonte de competitividade estratégica. Mesmo considerando essa alternativa, é fundamental que os gestores permaneçam comprometidos e estrategicamente competitivos no mercado de origem. Segundo Chiavenato (2014), devido à globalização, o mundo de negócios atual exige a compreensão de outros idiomas, culturas e costumes. Assim, o gestor precisa ter melhores condições de capacitação profissional e mobilização pessoal para desem- penhar suas atividades. A era da informação, impulsionadapela globalização, tem como base o dinamismo da comunicação e a digitalização de serviços. No que tange às organizações, as mudanças ocasionadas pelos avanços tecnológicos colabora- 3Gestão e competitividade I ram para o aumento da competitividade entre as organizações. Esses avanços da tecnologia direcionam a rotina das empresas à utilização inteligente de dados e automação e fomentam a tendência de as organizações dependerem cada vez mais das informações para a rápida tomada de decisão. A capacidade do gestor de acessar e conseguir extrair tanto dados armazenados internamente como aqueles disponíveis na internet e em outros repositórios públicos permite a criação de vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes, uma vez que a informação e o conhecimento favorecem a geração de estratégias. O conhecimento é um recurso fundamental no cenário competitivo, sendo considerado uma valiosa vantagem competitiva. A sobrevivência da orga- nização depende da sua capacidade de captar a inteligência, transformá-la em conhecimento utilizável e disseminá-la por toda a sua estrutura. Dessa maneira, cria-se valor para o negócio, e a organização obtém uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. A construção do conhecimento organizacional só é possível mediante um ambiente que fomente a aprendizagem contínua e favoreça o compartilhamento de experiências e de informações entre seus colaboradores. Vale salientar que o aprendizado constante proporciona à organização um conjunto de novas habilidades, que permitem adaptar o seu ambiente à medida que as mudanças ocorrem, conforme lecionam Hitt, Ireland e Hoskis- son (2008). Ainda, as organizações que conseguem aplicar o que aprenderam desenvolvem flexibilidade estratégica e, consequentemente, conseguem lidar melhor com ambientes mutáveis. Acesse o link a seguir e leia uma reportagem que trata das estratégias das organizações brasileiras para melhorar o seu posicionamento no mercado internacional. https://qrgo.page.link/exjG2 Gestão e competitividade I4 As principais funções do gestor eficiente e eficaz Além de superar os concorrentes no mercado, os gestores precisam desempe- nhar funções importantes nas organizações para serem efi cazes e efi cientes. Afi nal de contas, é cada vez mais exigido um desempenho acima da média e habilidades específi cas para atuar na gestão de uma organização. Para alcançar isso, o gestor precisa saber alocar corretamente os recursos organizacionais (materiais, fi nanceiros, de informação e tecnologia), bem como contar com a ajuda de pessoas. Hoje, gestores eficientes e eficazes não são considerados chefes, mas líderes de equipe. No mundo corporativo, é indispensável que o gestor possua o papel de liderança para lidar adequadamente com os seus colaboradores. Por meio de clareza e exatidão na comunicação, o gestor consegue afetar o comportamento e o desempenho dos funcionários, alcançando os objetivos organizacionais. O papel do líder não é controlar cada atividade dos seus subordinados, mas engajá-los e motivá-los, de forma que trabalhem em uníssono com os objetivos estratégicos da organização. Liderança consiste na capacidade de persuadir e influenciar pessoas por meio do processo de comunicação. O gestor eficiente e eficaz sabe negociar e delegar tarefas de forma segura, respeitando e confiando no trabalho dos seus funcionários, mas acompanhando constantemente o desenvolvimento de suas atividades. A cadeia de comando deixa de ser relevante, uma vez que os gestores delegam poderes a quaisquer colaboradores para fazerem o que for necessário, a fim de atingir resultados. A estrutura organizacional passa a ser fluida, com as pessoas sendo inseridas na tomada de decisão e as informações sendo compartilhadas livremente, conforme lecionam Caravantes, Panno e Kloeckner (2005). Como forma de controlar o desempenho, o gestor analisa se as entregas foram realizadas dentro do prazo acordado e se as devidas alterações foram executadas, quando necessárias. 5Gestão e competitividade I Um bom gestor é proativo e sempre busca novas informações e oportuni- dades para realizar seu trabalho. Ele é eficiente e estimula seus funcionários a produzirem cada vez mais. Devido à sua proatividade, não é um profissional estagnado. Na verdade, ele constantemente busca novos desafios, engaja pessoas e soluciona rapidamente os problemas. O gestor eficiente e eficaz apresenta uma ampla visão estratégica para o seu crescimento profissional. Dessa maneira, investe em novos conhecimentos, em cursos e especializações, para não ficar estagnado na sua carreira. Além disso, o gestor deve estar comprometido com os valores da organização. Além de representá-los, ele deve incorporá-los nas atividades diárias no ambiente de trabalho. Para ser bem-sucedido, ele deve apresentar inteligência emocional para lidar com diferentes situações e pessoas distintas. Ter uma visão de futuro e prever tendências que possam impactar a or- ganização são atitudes essenciais dos gestores. Planejar é compreender o que se pretende fazer no futuro e como isso deverá ser realizado. Por meio do planejamento, são definidos os objetivos para o desempenho organizacional futuro e decididos os recursos, as atividades e as competências necessários para alcançá-los. Os bons gerentes consideram o planejamento como um ato contínuo, que precisa ter unidade e coerência com os objetivos organizacionais. Essa função auxilia a manter a eficácia organizacional nas atividades futuras. Ademais, por meio do planejamento, o gestor pode se orientar em função dos objetivos e das ações necessárias para alcançá-los, baseando-se em métricas e indicadores de desempenho. Uma vez definido o planejamento, é importante que o gestor organize os meios e os recursos para a execução do planejamento, que consiste na forma como a organização pretende executar os seus planos. Para isso, são neces- sários a divisão do trabalho e o arranjo e a alocação de tarefas, equipes ou departamentos. Basicamente, o gestor precisa decidir quais pessoas possuem habilidades essenciais para a execução do trabalho, garantindo que as metas e os objetivos sejam atingidos. Outra função importante dos gestores é acompanhar, monitorar e avaliar o desempenho organizacional, para atingir as metas ou os objetivos estabelecidos. Para tanto, o gestor mede o desempenho e compara com o padrão existente (predeterminado pela organização); caso encontre desvios, deve corrigi-los por meio de um novo plano de ação. Normalmente, os gestores utilizam como indicadores de desempenho financeiro o orçamento de receitas, custos e despesas. Isso permite que os resultados planejados sejam atingidos da melhor maneira possível, conforme aponta Chiavenato (2014). Gestão e competitividade I6 Acesse o link a seguir e assista à palestra de Elizabeth Lyle no TED 2018, que trata sobre como os futuros líderes devem gerenciar com mais agilidade, flexibilidade e confiança. https://qrgo.page.link/jBYyt A eficácia do gestor é normalmente considerada em termos do seu grau de realização de metas. Entretanto, os funcionários podem considerar o líder eficaz ou não em virtude de sua satisfação no trabalho. A aceitação das dire- trizes e dos comandos de um líder se apoia nas expectativas dos colaboradores de que suas respostas favoráveis acarretarão bons resultados. Assim, o gestor funciona como instrumento para ajudar a alcançar os objetivos. Um dos maiores desafios que a gestão possui no mercado é motivar os cola- boradores para se sentirem comprometidos a alcançar os resultados esperados e estimulá-los o suficiente para que sejam bem-sucedidos em seu trabalho. Sabe-se que a motivação é o resultado da interação entre o indivíduo e a situ- ação que o envolve, conforme aponta Chiavenato (2014). Assim, a motivação é diferente para cada pessoa, e cabe ao gestor reconhecer o que motiva seu funcionário para que ele se sinta engajado no trabalho. É importante ressaltarque o gestor seja automotivado, para que possa motivar seus funcionários. Agindo dessa forma, ele planeja seu trabalho e compartilha o trabalho de maneira igualitária e participativa, criando um ambiente de segurança capaz de produzir o desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores. É essencial que o gestor realize constantemente feedback com os seus colaboradores, promovendo uma ferramenta de aprendizado e aprimoramento do trabalho. É por meio desse canal que o gestor mostra a sua percepção e a sua avaliação em relação aos colaboradores, que podem ser positivas ou negativas. Nesse segundo caso, é importante ressaltar ao colaborador que suas tarefas e seu desempenho estão sendo monitorados e, acima de tudo, que o gestor deseja o seu desenvolvimento. Com isso, cria-se uma relação mútua de confiança e apoio, a fim de promover mudanças positivas tanto para o funcionário quanto para a organização. O gestor também deve receber feedback dos seus funcionários, sendo capaz de ouvir os comentários sobre seu trabalho e ser humilde para reconhecer erros, caso existam. Dessa maneira, é importante criar uma cultura dentro da organização, em que o feedback não é imposto, e sim incentivado. 7Gestão e competitividade I Acesse o link a seguir e assista à palestra de Simon Sinek no TED de 2014. Nessa conversa, o teórico sugere que o líder faz os seus funcionários se sentirem seguros quando os reúne em um círculo de confiança. https://qrgo.page.link/vMWjh Análise das fontes de vantagem competitiva de um negócio A estratégia é importante para que as organizações se tornem competitivas e tenham vantagens em relação aos seus concorrentes. Para isso, é necessário que elas analisem se seus recursos e suas capacidades possuem potencial estratégico para obter vantagem competitiva. Recursos podem ser classifi cados como tangíveis e intangíveis. O recurso tangível se refere aos ativos que podem ser vistos ou quantifi cados, como máquinas, computadores, móveis e utensílios. O recurso intangível consiste em ativos que, geralmente, estão enraizados na história da organização e foram acumulados ao longo do tempo, como o capital intelectual. Quanto menos observável for um recurso, maior será a vantagem competitiva que se baseia nele. A capacidade se refere à integração de recursos para executar uma tarefa ou um conjunto de tarefas específicas, como uma atividade de pesquisa e desenvolvimento de produtos. As organizações utilizam o modelo VRIO para identificar as forças e fraquezas de seus recursos e suas capacidades e classificá-los de acordo com quatro aspectos, para determinar seu potencial competitivo: valor, raridade, imitabilidade e organização. Vejamos cada um em detalhes a seguir. Gestão e competitividade I8 Valor Para avaliar essa questão, é importante a seguinte pergunta: os recursos e as capacidades proporcionam que a organização explore uma oportunidade ambiental ou neutralize uma ameaça do ambiente? Caso a organização res- ponda positivamente, então os recursos e capacidades são valiosos e podem ser considerados como forças. Se a resposta for negativa, isso quer dizer que os recursos e as capacidades são avaliados como fraquezas. Os recursos e as capacidades são valiosos à medida que permitem melhorar a posição competitiva da organização. Às vezes, os mesmos recursos e as mesmas capacidades podem ser considerados forças em um mercado e fraquezas em outro, conforme lecionam Barney e Hesterly (2011). Raridade Após compreender sobre o valor dos recursos e das capacidades, é importante analisar a sua raridade. Quando um recurso ou uma capacidade não é con- trolado por muitos concorrentes, pode-se dizer que se trata de uma vantagem competitiva. Quando os recursos e as capacidades são valiosos, mas não são raros, trata-se de fontes de paridade competitiva. Entretanto, se os recursos ou capacidades são controlados por muitos concorrentes, difi cilmente serão considerados vantagem competitiva. Diante desse pensamento, surge o se- guinte questionamento sobre a raridade: quantos concorrentes já possuem determinados recursos e determinadas capacidades valiosos? Geralmente, a maioria dos recursos e das capacidades não é valiosa nem rara, constituindo apenas recursos e capacidades básicas para se manter em paridade competitiva no mercado. A maioria das organizações possui recursos e capacidades valiosos, entretanto, são consideradas fáceis de imitar, mantendo o mesmo nível das outras organizações. Mesmo que a maioria dos recursos e das capacidades de uma organização não seja capaz de criar uma vantagem competitiva, a organização mantém a paridade, aumentando suas chances de sobrevivência, de acordo com Barney e Hesterly (2011). Até que ponto um recurso e uma capacidade valiosos devem ser consi- derados raros para que tenham potencial de gerar vantagem competitiva? Normalmente, o número de organizações que possuem recursos e capacidades valiosos deve ser menor do que o número de organizações necessárias para criar uma dinâmica de concorrência perfeita em um determinado setor, para que esses recursos e capacidades possam ser considerados raros e uma fonte potencial de vantagem competitiva, ainda conforme Barney e Hesterly (2011). 9Gestão e competitividade I Imitabilidade Normalmente, organizações com recursos e capacidades raros e valiosos podem ser consideradas inovadoras estratégicas, pois são capazes de implementar estratégias que os concorrentes não conseguem, por não terem disponibilidade de recursos e capacidades relevantes. Entretanto, esses recursos e capacidades só podem ser fonte de vantagem competitiva sustentável se as organizações que não possuem tais recursos e capacidades apresentem desvantagem de custo para obtê-los ou desenvolvê-los, em comparação com aquelas que já os possuem. Dessa maneira, pode-se dizer que esses recursos e capacidades são imperfeitamente imitáveis. Assim, no que tange à imitabilidade, é realizada a seguinte pergunta: as organizações que não têm recursos ou capacidades enfrentam uma desvantagem de custo para obtê-los ou desenvolvê-los em comparação às organizações que já os possuem? A imitabilidade pode acontecer de duas maneiras: duplicação direta ou subs- tituição de recursos. Organizações imitadoras podem tentar substituir recursos por outros tão valiosos quanto. Se há recursos substitutos e as organizações imitadoras não enfrentam uma desvantagem de custo para obtê-los, então, a vantagem competitiva de outras organizações será apenas temporária. No entanto, se esses recursos não tiverem substitutos ou se o custo de aquisição for maior do que o de obtenção dos recursos originais, então, a vantagem competitiva pode ser considerada sustentável, conforme lecionam Barney e Hesterly (2011). Organização O potencial de uma organização ter vantagem competitiva depende do valor, da raridade e da imitabilidade de seus recursos e suas capacidades. Para que esse potencial seja maximizado, a organização deve estar organizada para explorá- -los. Assim, levanta-se a seguinte questão: a organização está organizada para explorar ao máximo o potencial competitivo de seus recursos e suas capacidades? Inúmeros componentes da organização são importantes para responder essa questão, incluindo a estrutura formal, seus sistemas formais e informais de controle gerencial e sua política de remuneração. Esses componentes apre- sentam capacidade limitada para gerar vantagem competitiva; entretanto, quando combinados com outros recursos e outras capacidades, permitem que a organização aproveite todo seu potencial para vantagem competitiva, conforme lecionam Barney e Hesterly (2011). Gestão e competitividade I10 Para compreender o potencial de retorno associado à exploração de recur- sos e capacidades de uma organização, as respostas às questões relacionadas ao valor, à raridade, à imitabilidade e à organização devem ser agrupadas e analisadas, conforme mostra o Quadro 1. Fonte: Adaptadode Barney e Hesterly (2011). Valioso? Raro? Custoso de imitar? Explorado pela organização? Implicações competitivas Não — — Não Desvantagem competitiva Sim Não — Paridade competitiva Sim Sim Não Vantagem competitiva temporária Sim Sim Sim Sim Vantagem competitiva sustentável Quadro 1. Modelo VRIO De acordo com Barney e Hesterly (2011), se um recurso e/ou capacidade controlados pela organização não forem valiosos, a organização não conseguirá implantar estratégias que explorem oportunidades ou neutralizem ameaças ambientais. Dessa maneira, ela se encontra em desvantagem competitiva. Se um recurso e/ou uma capacidade são valiosos, porém, são raros, sua exploração para desenvolver e aplicar estratégias gerará paridade competitiva. Geral- mente, a exploração de recursos não cria vantagem competitiva, mas, se deixar de explorá-los, a organização fica em posição de desvantagem competitiva. Dessa forma, pode-se afirmar que recursos valiosos que não são raros podem ser considerados forças organizacionais. Se um recurso e/ou uma capacidade são valiosos e raros, entretanto, são custosos de imitar, a organização terá uma vantagem competitiva temporária. Aquela empresa que explora esses recursos ou capacidades conquista uma vantagem de pioneirismo. No entanto, ao observarem a vantagem competitiva, os concorrentes poderão desenvolver ou adquirir os recursos ou as capacidades 11Gestão e competitividade I necessários para implementar essa estratégia, por meio da duplicação direta ou da substituição, quando comparados com a organização pioneira. Se um recurso e/ou uma capacidade são valiosos, raros e custosos de imitar, se a empresa os explorar, haverá uma vantagem competitiva sustentável. Nessa situação, os concorrentes encaram desvantagens de custo significativas para imitar os recursos e as capacidades da organi- zação bem-sucedida. Ainda que os concorrentes consigam adquirir ou desenvolver os recursos e as capacidades em questão, os altos custos para a sua realização os colocariam em desvantagem competitiva, de acordo com Barney e Hesterly (2011). Acesse o link a seguir e leia um artigo sobre a aplicação do modelo VRIO com base na escala de enquadramento de recursos. https://qrgo.page.link/3iyiY A questão da organização serve como fator de ajuste no modelo VRIO. Se uma organização tem recursos e capacidades valiosos, raros e custosos de imitar, porém, não se organiza para aproveitá-los ao máximo, a sua vantagem competitiva potencial pode se perder no meio do caminho. Então, nesse caso, a organização passaria a obter uma paridade competitiva ou desvantagem competitiva. O modelo VRIO ajuda a identificar e analisar os recursos e as ca- pacidades da organização e classificá-los como fontes de desvantagem competitiva, paridade competitiva, vantagem competitiva temporária ou vantagem competitiva sustentável. Permite também verificar até que ponto eles podem constituir forças ou fraquezas. Isso contribui para as organizações realizarem estratégias que as ajudarão a se tornar mais com- petitivas no mercado em relação aos seus concorrentes e atingir suas metas organizacionais. Gestão e competitividade I12 Acesse o link a seguir e leia o artigo acadêmico de Oliveira, Gonçalves e Martins (2016) intitulado “Desempenho organizacional: integração do modelo valor, raridade, imi- tabilidade e organização com a gestão de projetos”, que mostra a importância do modelo VRIO na gestão de projetos. https://qrgo.page.link/iBU7A AOS 116 anos, Harley-Davidson se reinventa para manter competitividade. IstoÉ Dinheiro, 2019. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/aos-116-anos-harley-davidson- -se-reinventa-para-manter-competitividade/. Acesso em: 5 set. 2019. BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. CARAVANTES, G. R.; PANNO, C. C.; KLOECKNER, M. C. Administração: teorias e processos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos: os novos horizontes da organização. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Leituras recomendadas BOCCIA, S. IBGE: número de mulheres em cargos de liderança caiu nos últimos 4 anos. Época Negócios, 2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/colunas/ Bolsa-de-Valores/noticia/2018/09/ibge-numero-de-mulheres-em-cargos-de-lideranca- -caiu-nos-ultimos-4-anos.html. Acesso em: 5 set. 2019. COVEY, S. R. Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. Rio de Janeiro: Best Seller, 2014. GONÇALVES, C. A.; COELHO, M. F.; SOUZA, É. M. VRIO: vantagem competitiva sustentável pela organização. Revista Ciências Administrativas, v. 17, n. 3, p. 819-855, 2011. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rca/article/view/3294/pdf. Acesso em: 5 set. 2019. GRANATO, L. Google revela que seus melhores gerentes têm estas qualidades. Exame, 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/google-revela-que-seus- -melhores-gerentes-tem-estas-qualidades/. Acesso em: 5 set. 2019. 13Gestão e competitividade I MATOS, J. (org.). Pesquisa talento da liderança nacional. ETALENT, 2016. Disponível em: http://links.etalentmkt.com.br/digital/talentosdaliderancanacional/files/assets/basic- -html/page-8.html. Acesso em: 5 set. 2019. PICCHI, F. Gestão pode melhorar baixa competitividade do país. Época Negócios, 2019. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/colunas/Enxuga-Ai/noticia/2019/03/ gestao-pode-ajudar-melhorar-baixa-competitividade-do-pais.html. Acesso em: 5 set. 2019. SANCHES, P. L. B.; MACHADO, A. G. C. Estratégias de inovação sob a perspectiva da Resource-Based View: análise e evidências em empresas de base tecnológica. Ges- tão & Produção, v. 21, n. 1, p. 125-141, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ gp/2014nahead/aop_gp032712.pdf. Acesso em: 5 set. 2019. Gestão e competitividade I14 Dica do professor A competitividade é um dos fatores críticos de sucesso organizacional. Por isso, é vital que as organizações forneçam melhores produtos e serviços a seus clientes, para conseguir superar seus concorrentes. O gestor tem papel importante na análise dos recursos e das capacidades da organização, pois precisam ter competências e habilidades necessárias para criar vantagens competitivas, a fim de atender a demanda do mercado e atingir as metas organizacionais. Confira, na Dica do Professor, o impacto da gestão no ambiente competitivo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/cf08b02c97b756aa11648570e2ccf08b Exercícios 1) A competividade no mundo dos negócios está associada a globalização, era da informação e gestão do conhecimento. Sobre esse tema, é correto afirmar: A) A empresa que deseja entrar no mercado globalizado deve apresentar vantagem competitiva para atingir bons resultados e identificar a oportunidade certa. B) Os mercados globalizados apresentam melhores opções estratégicas e devem ser considerados a única fonte de vantagem competitiva. C) A era da informação trouxe automação e utilização de dados, porém, a tendência é que as empresas independam delas para a tomada de decisão. D) A gestão do conhecimento é auxiliar para as organizações, uma vez que capta a inteligência organizacional e a transforma em dados. E) O aprendizado organizacional é desnecessário para a criação de vantagem competitiva nos dias de hoje. 2) Para conseguir superar seus concorrentes, as organizações precisam de gestores que desempenhem suas funções de maneira eficiente e eficaz. Nesse sentido, pode-se afirmar que: A) Os gestores devem ser considerados chefes e líderes de equipe pelos seus colaboradores. B) A cadeia de comando é importante para que os colaboradores executem seus papéis na organização. C) A estrutura organizacional deveser seguida pelas pessoas e algumas participarão do processo de tomada de decisão. D) O planejamento é essencial para a compreensão do que se pretende realizar no futuro. E) Antes de realizar o planejamento, o gestor precisa organizar os recursos e as capacidades para o sucesso organizacional. 3) A motivação se refere ao resultado da interação entre os indivíduos e a situação corrente. Hoje, é um dos maiores desafios encontrados no mundo corporativo, porque: A) é igual para todos os colaboradores. B) é informada explicitamente na avaliação de desempenho. C) é necessário reconhecer os fatores que motivam os colaboradores. D) é necessária a automotivação dos colaboradores. E) é difícil para o departamento de recursos humanos mensurar a motivação. 4) O modelo VRIO tem por objetivo identificar as forças e fraquezas dos recursos e das capacidades da organização, e classificá-las em valor, raridade, imitabilidade e organização. Sobre o modelo, assinale a alternativa correta: A) A imitabilidade pode acontecer pela duplicação indireta ou da substituição de recursos. B) Os recursos e competências são valiosos quando o seu preço de aquisição é alto no mercado. C) Geralmente, os recursos são raros quando há uma grande concentração de empresas que detêm capacidades e recursos valiosos. D) A imitabilidade é uma vantagem quando os concorrentes têm recursos e capacidades disponíveis para obtê-los e desenvolvê-los. E) Uma boa política de remuneração pode ser classificada como um recurso organizacional. 5) Uma empresa do setor siderúrgico analisou alguns recursos e capacidades (máquinas e equipamentos, capital intelectual, pesquisa e desenvolvimento, treinamento e capacitação e tecnologia) sob o ponto de vista do modelo VRIO. Percebeu, por essa análise, que pesquisa e desenvolvimento são valiosos e raros, apresentam vantagem em custo para desenvolvê-los, são constantemente explorados pela organização e durarão por um longo tempo. Com base nessas informações e na classificação do modelo VRIO, pesquisa e desenvolvimento são: A) Desvantagem competitiva. B) Paridade competitiva. C) Vantagem competitiva temporária. D) Vantagem competitiva sustentável. E) Capacidade imperfeitamente imitável. Na prática A estratégia auxilia as organizações a se tornarem competitivas e a apresentarem vantagens em relação aos seus concorrentes. Dessa maneira, é essencial a análise do potencial estratégico dos recursos e capacidades para obter vantagem competitiva. O modelo VRIO é utilizado pelas organizações para identificar as forças e as fraquezas e classificá- las como valor, raridade, imitabilidade e organização para determinar seu potencial competitivo. Na Prática, você vai conhecer o estudo de caso de uma empresa de logística que analisará a administração de pessoal sob a ótica desse modelo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/3deb8ac1-9a5b-47c8-a5ec-62637aedb585/60b1a15e-3bb5-444f-ac60-858656d6fede.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O que é globalização? Confira no subtópico, 1.3.1 Globalização, do livro os três fatores da globalização que impactaram a nova economia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Autoliderança: o poder por trás do empoderamento O capítulo 6 do livro mostra a transformação da liderança tradicional para o empoderamento dos indivíduos, uma vez que não existe liderança baseada em comando e controle. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Desempenho Organizacional: Integração do modelo Valor, Raridade, Imitabilidade e Organização (VRIO) com a Gestão de Projetos O artigo mostra a importância do modelo VRIO por meio da gestão de projetos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Por que bons líderes fazem você se sentir seguro? O teórico em gestão Simon Sinek, durante o TED de 2014, sugere que o líder faz os seus funcionários se sentirem seguros quando os reúne em um círculo de confiança. https://pmkb.com.br/wp-content/uploads/2018/04/2016_SINGEP_GP51.pdf Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://embed.ted.com/talks/lang/pt-br/simon_sinek_why_good_leaders_make_you_feel_safe
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