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Papel do MP na Convivência Familiar- Acolhimento e ADPF - CNJ

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O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
NA CONVIVÊNCIA FAMILIAR DE 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES –
ACOLHIMENTO E ADPF
“O Sistema Nacional de Adoção (SNA) e acolhimento e suas 
Funcionalidades para o Ministério Público”
CNJ/CEAJUD – Dezembro/2021
Metodologia dos encontros
 1º Encontro:
 Panorama sobre convivência familiar de crianças e
adolescentes;
 Acolhimento;
 Reintegração familiar;
 ADPF;
 2º Encontro:
 Adoção;
 Adoção Direta;
 Entrega Legal;
 Apadrinhamento.
Direito à convivência familiar:
 Status constitucional com prioridade absoluta –
art. 227 CF;
 Direito público subjetivo de crianças e
adolescentes;
 Condição primária para o desenvolvimento da
pessoa humana;
 Inicia o processo educativo;
 Colabora na formação da identidade e
construção da personalidade;
MLPI e Órfãos da Romênia:
 Lei 13.257/2016: importância do acolhimento familiar e de vínculos
estáveis, mesmo no acolhimento institucional (arts. 34, §3º e 92, §7º,
ambos do ECA)
 Importância primeiros anos de vida (4x1);
 Órfãos da Romênia: grandes períodos de acolhimento = grandes
déficits cognitivos, alguns deles irreversíveis:
 baixo QI;
 maior probabilidade de distúrbios psicológicos;
 redução da capacidade linguística;
 inaptidão no desenvolvimento de vínculos afetivos;
 crescimento físico inferior;
 Grande preocupação com o TEMPO.
ACOLHIMENTO E REINTEGRAÇÃO 
FAMILIAR
Direito à convivência 
familiar/Acolhimento:
 O ECA também assegura o direito da criança e do adolescente à
convivência familiar e comunitária (art. 19):
 Prioritariamente: na família de origem ou extensa
 Excepcionalmente: em família substituta (guarda, tutela ou adoção);
 O encaminhamento para serviço de acolhimento é concebido como
medida protetiva de caráter provisório e excepcional (art. 101/VII) com a
função de proteger e não de punir (sem privação de liberdade);
 Acolhimento é uma FORMA DE TRANSIÇÃO para reintegração
familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família
substituta (normalmente, a adoção);
 Competência EXCLUSIVA JUDICIAL mediante acionamento do MP, com
contraditório – art. 101,§2º do ECA
 E o CT, como fica? A questão do FLUXO - 136, Par. Único do ECA –
medidas EMERGENCIAIS;
 Fácil constatação sobre o fluxo: audiências concentradas
Acolhimento Familiar
 “Preferência” estabelecida no ECA (art. 34, §1º) desde 2009;
 Todavia, apenas 5% em SAF (1.467 de 29.555)
 Qual o alcance da preferência? Quem define?
 Recomendação CNMP n.º 82 de 10/08/21
 Danos minorados? Sim
 Princípios do acolhimento institucional;
 Cuidados:
 “Canto da sereia” para o Sistema de Justiça;
 Implantar porque o preço é menor;
 Burla ao cadastro de adoção;
 Saída: preparo das equipes e monitoramento constante das famílias.
Reintegração Familiar:
 Fácil acolher, muito difícil e demorado desacolher;
 Acomodação na “proteção”;
 Falta de respeito aos prazos (ADPF de trás pra frente);
 Exigências descabidas para o desacolhimento – possibilidade real;
 Por outro lado, cuidado com a vitimização absoluta da família
natural;
 Cuidado com o biologismo: o que importa é o AFETO (ADI 4.277 e
da ADPF 132 – STF)
 Conceito adequado de Família Extensa (art. 25, parágrafo único do
ECA) – parentes próximos + convivência + afinidade e afetividade
 Parente não é Família;
 Decisões técnicas conclusivas, contextuais e rápidas;
AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER 
FAMILIAR - ADPF
Características da ADPF
 Natureza: sanção civil dirigida aos pais (personalíssima);
 Motivos/Justa Causa:
 Abuso de autoridade, falta aos deveres ou arruinando os bens dos filhos;
 Castigo imoderado, abandono ou praticar atos contrários à moral e aos
bons costumes;
 Entrega irregular do filho para adoção (2017);
 Crimes de homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte, estupro ou outro crime contra a dignidade sexual contra
o outro titular ou o próprio filho (2018);
 Crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou contra o
outro titular (§2º do art. 23 do ECA – 2018);
 Descumprimento do art. 22 do ECA (guarda, educação e sustento);
 Impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de
origem (§9º art. 101 ECA) – JUSTA CAUSA
Outras questões da natureza da ADPF:
 Finalidade: dar à criança e ao adolescente condições de
adotabilidade;
 Consequências: Certidão de nascimento? Rompimento do
parentesco? Das obrigações familiares? Dos vínculos afetivos
familiares?
 Legitimação: MP ou quem tenha legítimo interesse;
 Serve para toda criança e adolescente acolhido? Filtro “divino”
e ajuizamento “pra ver no que dá”;
 Prazos: 15d para MP (a partir do relatório conclusivo de
impossibilidade de reintegração familiar) e 120d para acabar;
 Tempo médio de duração em cada Comarca?
Liminar na ADPF:
 Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,
independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
 Art. 157 do ECA: Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o
Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente,
até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a
pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade (terminologia ruim);
 Art. 163 ECA – (...) caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do
poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à
colocação em família substituta ;
 Art. 300 CPC - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
 Tutela de evidência – art. 311, IV do CPC (inicial instruída com prova documental
suficiente, sem que o réu crie dúvida razoável).
Liminar na ADPF
 Enunciado 01/2014 do PROINFANCIA: É possível a colocação de criança ou
adolescente em família substituta após a antecipação de tutela em ação de
destituição de poder familiar, constatada improvável a reintegração familiar,
lastreada em estudo técnico, por meio de concessão de guarda provisória a
pessoa devidamente cadastrada.
 ENUNCIADO 01 FONAJUP: Poderá o magistrado, liminarmente, suspender o
poder familiar e determinar a colocação em família substituta, devendo ser
informado aos pretensos adotantes, expressamente, o caráter liminar das
decisões.
 Provimento 355/2018 (Corregedoria TJMG)- Art. 371 § 3º - O juiz de direito
poderá, no melhor interesse da criança ou do adolescente, determinar a
inclusão cautelar na situação “apta para adoção” antes do trânsito em
julgado da decisão que destitui ou extingue o poder familiar, hipótese em
que o pretendente à adoção nacional deverá ser informado sobre o risco
jurídico; (norma inserida em novembro/2019);
Liminar na ADPF
 Na pandemia (COVID-19): Recomendação Conjunta
CNJ/CNMP/Min. Cidadania/MMFDH n.º 1/2020:
 Art. 1º, II: priorização de procedimentos para concessão de
guarda provisória a pretendentes previamente habilitados,
mediante relatório técnico favorável e decisão judicial
competente, nos casos de crianças e adolescentes em
serviços de acolhimento que se encontrem em estágio de
convivência para adoção
 Permissão para inclusão no SNA: árdua luta (antigo
conceito inconstitucional de “apto para adoção” no CNA).
Liminar na ADPF:
 O que está em jogo?
 Segurança jurídica x Convivência familiar: qual tem prioridade
absoluta?
 Decisão sempre tomada em contexto histórico
 Reversibilidade? Sim, desde que:
 Exista prova suficiente da modificação da estrutura familiar
natural/extensa;
 Situação jurídica/afetiva da criança permaneça inalterada;
 Riscos;
 Resultados do TJMG
Jurisprudência:
 DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR C/C
ADOÇÃO - COLOCAÇÃO DO MENOR EM FAMÍLIA SUBSTITUTA -
POSSIBILIDADE - JULGAMENTO ANTECIPADO - CABIMENTO - MENOR
DEIXADOEM HOSPITAL APÓS O NASCIMENTO. 1 - A colocação de menor
abandonado em família substituta prescinde de sentença transitada em julgado
de perda de poder familiar, pois assim não exige o Estatuto da Criança e do
Adolescente (art. 169). 2 - Correta a sentença que julga antecipadamente a
lide, quando devidamente comprovados os fatos alegados quanto à causa
ensejadora da perda do poder familiar e da adoção. 3 - Preliminar rejeitada
e recurso não provido. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.09.608255-
7/001, Relator(a): Des.(a) Edgard Penna Amorim , 8ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 06/10/2011, publicação da súmula em 27/01/2012)
Jurisprudência:
 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.
CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA. MENOR EM SITUAÇÃO DE RISCO.
ACOLHIMENTO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA. TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. DESNECESSIDADE. AGRAVO
IMPROVIDO. 1.Não há cerceamento de defesa se a demora em citar o réu
decorre da dificuldade de ele ser localizado. Além disso, o réu apresentou
contestação na qual apresentou suas razões de defesa em relação à pretensão
deduzida. 2.Provada a situação de risco do menor de idade, correta a decisão
judicial que acolhe considerações especializadas que sugerem a colocação do
menor em família substituta. 3.Desnecessário o trânsito em julgado de ação
de destituição do poder familiar para cadastramento da menor para adoção
frente a prevalência dos interesses da criança. 4.Negou-se provimento ao
agravo de instrumento. (TJDFT - Acórdão 715426, 20130020152933AGI,
Relator: GISLENE PINHEIRO, 5ª Turma Cível, data de julgamento: 25/9/2013,
publicado no DJE: 30/9/2013. Pág.: 137)
Possibilidades/Estratégias:
 Fortalecimento da rede a fim de evitar acolhimentos
desnecessários;
 Urgência na apreciação dos processos de crianças/adolescentes
acolhidos: sem acomodação, pois é medida violadora de direitos;
 “Canto da Sereia” do acolhimento familiar;
 Observância dos prazos reavaliativos (relatórios, audiências
concentradas, etc.);
 Respeito ao conceito de “família extensa”: AFETO;
 Ajuizamento das ADPF’s (se o caso) já com elementos de prova
suficientes para solicitação da antecipação de tutela, com trâmite
célere;
 Mas tem mais....
CONTATO:
ANDRÉ TUMA DELBIM FERREIRA
Coordenadoria Regional das Promotorias de Defesa 
da Educação e Defesa da Criança e Adolescente do 
Triângulo Mineiro
Rua Cel. Antônio Rios, 951 - Uberaba/MG
Telefone/Fax: (034) 3312 7881/
credcatm@mpmg.mp.br
@credcatm
www.facebook.com/credcatm

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