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GAU Teoria e Técnica do Restauro

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Levantamento arquitetônico de bens 
inventariados
Apresentação
Bens inventariados são aqueles registrados por meio de inventários, um meio de proteger esses 
elementos. Para que um bem possa ser inventariado e consequentemente protegido, é necessário 
fazer seu levantamento de forma completa e profunda para que todos os detalhes, características, 
materiais, técnicas construtivas, história, alterações ao longo do tempo e outros elementos sejam 
registrados.
O levantamento, além de servir para o inventariamento do bem, cadastra as características de uma 
edificação histórica para que possa, posteriormente, sofrer alguma intervenção.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender o que é o levantamento arquitetônico de um 
bem, sua importância para protegê-lo e quais etapas e métodos essa atividade pode desenvolver. 
Também vai conhecer um exemplo de bem arquitetônico levantado por meio de desenhos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir levantamento de sítios históricos, bens arquitetônicos 
e suas respectivas etapas.
•
Descrever a metodologia de levantamento arquitetônico de 
bens históricos.
•
Demonstrar exemplares de levantamento de bens inventariados.•
Infográfico
Um bem arquitetônico, para ser preservado por uma ação de inventário, deve, antes de tudo, ser 
levantado fisicamente, a fim de que todas as suas características sejam compreendidas para 
posteriormente serem registradas.
Neste Infográfico, veja as principais etapas que fazem parte da identificação e do conhecimento do 
bem, entre elas o levantamento físico das edificações, que gera diferentes tipos de desenho.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/95e5eb76-1587-4a3b-8c9c-b2eace30aebb/89db6d62-a127-4a27-b69f-b49f5a1356f3.jpg
Conteúdo do livro
Os inventários podem ser compreendidos como instrumentos de preservação que buscam 
identificar as diversas manifestações 
culturais e bens de interesse de preservação, de natureza imaterial 
e material. O principal objetivo do inventário é compor um banco de dados que possibilite a 
valorização e salvaguarda, planejamento e pesquisa, conhecimento de potencialidades e educação 
patrimonial. Nesse sentido, para que um bem possa ser protegido por um inventário, ele necessita 
ser levantado.
O levantamento arquitetônico é capaz de identificar as características globais e específicas de uma 
edificação ou sítio histórico de maneira a compreender toda a história, elementos, materiais e 
detalhes daquele bem. Esse levantamento deve considerar algumas etapas de estudo, análise e 
produção de dados e desenhos, a fim de que o produto final seja completo e fiel ao bem levantado.
No capítulo Levantamento arquitetônico de bens inventariados, 
base teórica desta Unidade de Aprendizagem, compreenda o que 
é um inventário, o que são bens arquitetônicos e sítios históricos. Entenda também o que é a 
atividade de levantamento arquitetônico, identificando todas as fases e tarefas que devem ser 
cumpridas em 
cada momento da pesquisa.
Você também vai reconhecer o exemplo de levantamento 
arquitetônico de uma vila significativa para a cidade de São Paulo.
Boa leitura. 
TEORIA DO 
RESTAURO E DO 
PATRIMÔNIO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Definir levantamento de sítios históricos e bens arquitetônicos e res-
pectivas etapas.
 > Descrever a metodologia de levantamento arquitetônico de bens his-
tóricos.
 > Demonstrar exemplares de levantamento de bens inventariados.
Introdução
Um bem cultural, seja ele uma edificação, um conjunto urbano ou um sítio 
histórico, só pode ser salvaguardado se for conhecido. Nesse sentido, para que 
ele possa ser mantido em seu estado atual de conservação, é necessário que 
seja levantado. O levantamento arquitetônico é composto por diferentes etapas, 
que vão desde uma pesquisa histórica sobre o bem até fotografias, esboços, 
desenhos, análises e conclusões. Essas etapas estão voltadas para o desco-
brimento do maior número de informações e detalhes possíveis sobre o bem, 
para que ele possa ser inventariado de forma completa.
Além disso, a atividade de levantamento não está relacionada somente à 
criação de um inventário. Ela é muito utilizada na arquitetura em geral, mas 
também de maneira específica, com o intuito de registrar as características de 
edificações antigas que poderão sofrer intervenções de restauro ou reabilitação.
Levantamento 
arquitetônico de 
bens inventariados
Vanessa Guerini Scopel
Neste capítulo, você vai estudar o que é um inventário e qual é a importância 
do levantamento de um bem arquitetônico ou sítio histórico para essa ação de 
inventariar. Além disso, vai identificar as etapas e metodologias que podem 
ser utilizadas na realização dessa atividade. Por fim, vai conhecer um exemplo 
de levantamento arquitetônico de um bem cultural.
Levantamento de sítios históricos e 
bens arquitetônicos
Em relação às atividades de arquitetura, existem várias ações que devem ser 
realizadas com base nos mais diferentes tipos de projetos. Dentre tais ações, 
é possível levantamentos, estudos, pesquisas, projetos e outras atividades. 
Em relação à área do restauro e patrimônio, essas atividades também são 
importantes e relacionam-se aos bens materiais de significativa importância 
para a sociedade.
A atividade do levantamento é fundamental para identificar a situa-
ção específica de cada bem, ou seja, como está o conjunto arquitetônico, 
a edificação, as cidades históricas ou qualquer outro bem. O levantamento, 
de modo geral, conforme ressalta Sanpaolesi (1972), é uma etapa na qual o 
profissional verifica as condições do bem em questão, atentando-se para 
todos os detalhes e realizando a atividade da forma mais completa e precisa.
O levantamento adequado de fato, além das necessárias representações dos 
paramentos, formas e policromias, deve indicar com exatidão as estruturas dos 
elementos arquitetônicos, como são construídos os arcos, as coberturas e também 
as estruturas de fundação (SANPAOLESI, 1972, p. 63).
Conforme a Secretaria da Comunicação Social e da Cultura do Estado 
do Paraná, um bem é qualquer elemento que se refere à identidade de uma 
dimensão da sociedade, ou seja, que seja significativo para a humanidade 
(PARANÁ, 2011). Assim, um bem arquitetônico refere-se a uma edificação 
importante, que tenha história, estilo, significado ou contexto que a tornem 
singular.
O termo sítios históricos refere-se não só a uma única edificação, mas a 
um conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico que tenha um signifi-
cado nacional. Segundo o Ministério da Cultura, um sítio histórico pode ser 
compreendido como: 
Levantamento arquitetônico de bens inventariados2
[...] locais privilegiados onde repousam experiências coletivas e princípios de iden-
tidade. Os monumentos são sinais que perpetuam os testemunhos das sociedades 
passadas — das possibilidades perdidas, assim como dos processos formadores 
de nossa realidade presente (BRASIL, 2005, p. 20).
Freitas (2016) destaca que o levantamento relacionado a bens arquite-
tônicos ou sítios históricos é uma atividade imprescindível para a criação 
de inventários, pois garante o entendimento das condições de cada bem, 
facilitando sua proteção e manutenção. Assim como os bens tombados, 
os bens inventariados são protegidos, mas por meio de um efeito jurídico mais 
brando, como expõe Fonseca (2015). O autor acrescenta que o inventário de 
bens é um instrumento interessante para proteção do patrimônio, pois não 
necessita envolver a administração pública.
Você sabe a diferença entre tombamento e inventário? Conforme 
Fonseca (2015), o tombamento é uma ação prevista no Decreto-lei 
nº 25, de 1937 (BRASIL, 1937), que instrui como deve ocorrer o tombamento, 
regulamentando seus efeitos e sanções. O inventário é uma ação que não tem 
regulamentação por lei, mas produz os mesmosefeitos do tombamento de 
forma mais simplificada.
Assim, para inventariar um bem, é necessário o levantamento dele, de 
maneira a identificar e registrar as características de tal bem, sua localização, 
estado de conservação, entre outros fatores, para que ele possa ser protegido.
Sob o ponto de vista prático, o inventário consiste na identificação e registro 
por meio de pesquisa e levantamento das características e particularidades de 
determinado bem, adotando-se, para sua execução, critérios técnicos objetivos e 
fundamentados de natureza histórica, artística, arquitetônica, sociológica, paisa-
gística e antropológica, entre outros (FONSECA, 2015, documento on-line).
Portanto, para que um inventário seja realizado, é necessário, antes, um 
levantamento completo e detalhado, que vai expor tudo que existe de rele-
vante nessa arquitetura ou sítio histórico. Segundo o Manual de elaboração 
de projetos de preservação do patrimônio cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 
2005), o levantamento físico está englobado na atividade de identificação e 
conhecimento do bem, que deve ser realizada por meio de diferentes etapas, 
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 3
sempre iniciando de um âmbito mais geral sobre o bem e indo para itens 
mais específicos.
Essa etapa principal de identificação e conhecimento do bem está subdi-
vidida em outros itens específicos, bastante complexos, que exigem muitas 
informações a serem levantadas. Considerando o estudo e a análise sobre 
todos os itens da edificação ou do sítio histórico e realizando todas as etapas 
de atividades para que o levantamento seja completo, é possível chegar a um 
resultado abrangente, o mais próximo possível da realidade do bem.
Metodologia e levantamento de 
bens históricos
O levantamento arquitetônico é uma atividade que identifica, mede e registra 
o bem de forma geral, seus detalhes, suas especificidades e tudo o que o 
compõe. Contudo, conforme Freitas (2016), quando se fala em inventariar bens, 
além de realizar um levantamento arquitetônico físico de cada edificação ou 
elemento, é fundamental estudar, pesquisar e conhecer profundamente o que 
está sendo levantado. Nesse sentido, o levantamento arquitetônico completo 
do bem é intitulado, no Manual de elaboração de projetos de preservação 
do patrimônio cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005), como identificação 
e conhecimento do bem. Dourado (1993, p. 57) destaca que, ao realizar um 
inventário de um bem, o arquiteto precisa conhecer:
[...] as formas, os estilos próprios deste edifício e a escola da qual se origina, 
devendo ainda mais, se possível, conhecer a sua estrutura, a sua anatomia, o seu 
temperamento, porque antes de tudo é necessário que o faça viver. É preciso que 
ele tenha compreendido todas as partes desta estrutura como se ele próprio a 
tivesse executado.
Considerando as instruções do Manual de elaboração de projetos de pre-
servação do patrimônio cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005), o profissional 
deve cumprir a etapa de identificação e conhecimento do bem que está sendo 
levantado. Essa etapa tem como objetivo principal compreender a edificação, 
analisando-a sobre os mais diversos aspectos, que vão desde as questões 
históricas e estéticas até os elementos formais, técnicos e artísticos da edi-
ficação. “Objetiva também compreender o seu significado atual e ao longo do 
tempo, conhecer a sua evolução e, principalmente, os valores pelos quais foi 
reconhecida como patrimônio cultural” (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005, p. 20).
Levantamento arquitetônico de bens inventariados4
Segundo o Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio 
cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005), dentro dessa etapa existem algumas 
atividades que devem ser realizadas. Veja alguns exemplos a seguir.
Pesquisa histórica
Esse item tem por intuito conhecer a edificação e situá-la no tempo, com-
preendendo sua origem. Nesse momento, o profissional deve pesquisar 
todos os aspectos que influenciaram diretamente ou indiretamente a vida 
pregressa do bem. O levantamento de todos esses dados deve ser feito 
com muito cuidado, para que não haja falsas interpretações que possam 
prejudicar a veracidade das informações. Ainda, essa atividade também é 
realizada a fim de “[...] aferir a autenticidade dos elementos, identificando 
alterações, avaliando qualitativamente a ambiência da edificação” (GOMIDE; 
SILVA; BRAGA, 2005, p.20).
O resultado da pesquisa histórica é compilado em alguns documen-
tos, como relatório (no qual constam as principais informações e dados da 
edificação), documentação pesquisada (com reprodução de documentos, 
manuscritos, fotos, entre outros), cronologia construtiva da edificação (com 
a reprodução dos desenhos arquitetônicos do bem e memoriais, além de 
um demonstrativo da cronologia do bem) e relação dos elementos móveis 
artísticos integrados (como mobiliários, forros, azulejos, entre outros).
Levantamento físico
O levantamento físico é uma etapa dividida em algumas partes e tem como 
finalidade ler e conhecer a forma da edificação e de seus elementos físicos. 
O levantamento é realizado por meio de visitas e vistorias nas quais o bem é 
registrado de forma gráfica e fotográfica. Tendo em vista a importância dessa 
atividade tanto para gerar um inventário quanto para a proteção de um bem 
material, o levantamento deve ser realizado por meio de diferentes métodos.
Sanpaolesi (1972) destaca que um bom levantamento combina mais de 
um método de trabalho. O autor indica que se deve utilizar o método tradi-
cional, em que cada elemento arquitetônico é medido e redesenhado, junto 
ao levantamento fotogramétrico, que é bastante preciso. Assim, há uma 
compatibilização de medidas. “A sucessiva reprodução gráfica deverá então 
reproduzir com exatidão, conforme adaptadas escalas métricas, para tornar 
claramente inteligível por meio de uma grafia bem estudada, o aspecto geral 
do edifício e sua forma” (SANPAOLESI, 1972, p. 64).
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 5
A fotogrametria é uma fotografia digital, ou como destaca Kutyla 
(2016), uma ciência que consegue dimensionar medidas a partir de 
fotos. Essa técnica não é recente, mas foi melhorada ao longo do tempo. Hoje, 
as fotografias podem ser realizadas de forma aérea, por meio de drones ou outros 
instrumentos. Ainda, esse tipo de fotografia é processado em softwares, e os 
dados do item fotografado podem ser carregados em programas de CAD e BIM.
Veja a seguir, conforme o Manual de elaboração de projetos de preservação 
do patrimônio cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005), quais são os resultados 
dessa atividade de levantamento físico.
 � Levantamento cadastral — Item que consta toda a representação gráfica 
da edificação, considerando suas características físicas e geométricas, 
o local onde ela está inserida e todos os detalhes necessários ao seu 
entendimento. O levantamento gera plantas de situação, locação, 
plantas baixas, plantas e cobertura, fachada e cortes com o maior 
número de informações possível.
 � Topografia do terreno — Representação gráfica do terreno, “[...] con-
tendo ângulos, pontos, distâncias, referências de níveis, curvas de nível 
e perfis longitudinal e transversal” (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005, p. 25).
 � Documentação fotográfica — Fotos internas e externas da edificação 
realizadas com o intuito de registrar o seu estado atual.
Análise tipológica, identificação de materiais e 
sistema construtivo
Essa é uma atividade da etapa de identificação e conhecimento do bem que 
analisa e conclui tudo o que foi pesquisado e levantado nos itens anteriores. 
A análise tipológica refere-se tanto à forma da edificação quanto ao seu 
uso, incluindo as mudanças referentes a esses aspectos ao longo do tempo. 
Por meio dessa análise, é possível compreender melhor elementos específicos 
que compõem a edificação. Para complementar a análise tipológica, realiza-se 
a identificação dos materiais que foram utilizados na construção e a forma 
como eles foram implantados,ou seja, quais técnicas construtivas foram 
utilizadas para edificar o bem pesquisado.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados6
Segundo o Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio 
cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 2005), a análise consolida essas informações e 
gera um relatório que deve conter uma exposição de todas as características 
e detalhes da edificação, um parecer sobre a autenticidade do conjunto arqui-
tetônico e de suas partes, uma identificação de todos os elementos que foram 
retirados ou alterados na edificação ao longo do tempo, um reconhecimento 
dos itens acrescidos na edificação e observações sobre o entorno do bem.
Todo esse trabalho de identificação e conhecimento do bem é bastante 
complexo e requer o cuidado para que todos os detalhes sejam percebidos 
e levantados. A pesquisa histórica do bem e o entendimento desde o seu 
surgimento até o momento atual também são fundamentais para garantir a 
eficiência do processo.
Exemplo de levantamento de 
bens inventariados
O entendimento da importância de preservação dos bens culturais está ligado 
diretamente a uma busca por métodos que possam garantir a proteção do 
patrimônio. Assim, “[...] os inventários surgem neste entremeio como um 
instrumento da preservação, uma documentação sobre o bem cultural para 
seu conhecimento e entendimento para desenvolver as ações de preservação” 
(CARVALHO; AMARAL, 2011, p. 3).
Segundo Carvalho e Amaral (2011), foi por meio da Recomendação de Nai-
róbi, em 1976, que os inventários começaram a ter mais relevância. Deixaram 
de ser simples levantamentos analíticos ou quantitativos e passaram a ser 
elaborados de forma completa, com dados de diversos aspectos. Os autores 
complementam que, em 1987, a Carta de Petrópolis confirmou a relevância 
da elaboração de inventários, destacando a eles a mesma importância da 
ação de tombamento.
O levantamento de bens inventariados deve ser realizado com cuidado e 
dedicação. Afinal, são muitos detalhes que devem ser percebidos na atividade. 
Na maioria dos casos, existem profissionais especializados que prestam esses 
serviços e que, na maioria das vezes, não divulgam esses materiais completos 
para exemplificação, pois são trabalhos autorais e requisitados por clientes 
particulares. De qualquer forma, existem alguns exemplos de levantamentos 
arquitetônicos de bens realizados para proposição de intervenções, mas que 
servem como referência de exemplificação do que seria um levantamento 
para inventário.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 7
Um desses exemplos é o levantamento para recuperação física da Vila 
Itororó (Figura 1), situada na cidade de São Paulo. A Vila Itororó, segundo 
Freitas (2016), é um conjunto de 37 casas que foram edificadas em 1920 com 
materiais tradicionais. A Vila já é tombada, tanto pelo Estado quanto pelo 
Município. Conforme D’Alambert e Fernandes (2006), a Vila Itororó, atualmente, 
é resultado de variadas intervenções, que incluem ampliações e contenções, 
sendo caracterizada por edificações multifamiliares. “O caráter plástico do 
conjunto se definiu como uma colagem de surpreendente originalidade, com 
acento onírico e pitoresco, que passou a ser identificado espontaneamente 
como a vila surrealista” (TOLEDO, 2015, p. 19).
Figura 1. Parte da Vila Itororó.
Fonte: Toledo (2015, p. 50).
Em um primeiro momento, segundo Freitas (2016), foi realizada uma pes-
quisa histórica sobre a Vila, entendendo sua formação e sua evolução ao 
longo do tempo, com informações sobre seu surgimento e o contexto dessa 
época. Nessa etapa, foram pesquisados também os desenhos arquitetônicos 
realizados na época (Figura 2).
Levantamento arquitetônico de bens inventariados8
Figura 2. Exemplo de desenho arquitetônico antigo da Vila Itororó.
Fonte: Toledo (2015, p. 39).
Freitas (2016) destaca que, em seguida, foi realizado o levantamento físico 
da área, com atenção aos parâmetros da situação atual das edificações da 
Vila, considerando seus graus de estabilidade, elementos subtraídos ou 
adicionados ao longo do tempo, entre outros fatores.
Para garantir a adequada realização das ações a serem planejadas, era preciso um 
levantamento arquitetônico convertido a processo crítico, ou seja, como instrumen-
to de ampliação da cognição histórica da construção existente para a produção 
de documentos sobre os estados pretéritos das edificações, com variados graus 
de aproximação e fidúcia construtiva (FREITAS, 2016, p. 6).
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 9
Para isso, optou-se pela utilização da fotogrametria digital (Figura 3), 
a fim de conseguir dados mais precisos e detalhados da área. Esse método 
também contribuiu, segundo Freitas (2016, p. 6), para a “[...] compreensão 
de texturas, padrões, cores, elementos construtivos e alterações visíveis de 
modo muito rápido e intuitivo”.
Figura 3. Uso da fotogrametria no levantamento da Vila Itororó.
Fonte: Freitas (2016, p. 7).
Tendo em mãos as fotos de cada porção da Vila, foi possível selecioná-
-las e organizá-las em sequência. Junto às vistas esquemáticas desenhadas 
com base nas medições do local, foi possível compatibilizá-las com as fotos, 
de modo a facilitar o entendimento de cada visual. Com essa técnica, foi 
possível realizar alguns estudos sobre a Vila Itororó, de forma a compreender 
melhor sua estrutura atual (Figura 4).
Figura 4. Esquema de estudo dos perfis da Vila Itororó.
Fonte: Freitas (2016, p. 10).
Levantamento arquitetônico de bens inventariados10
Após a realização dos levantamentos completos, foi elaborada a análise e a 
síntese de toda a pesquisa relacionada à Vila Itororó. Por meio dessa síntese, 
foram finalizados os esquemas e definidos os desenhos arquitetônicos do 
local, separados por partes. A seguir, veja alguns dos exemplos dos desenhos 
arquitetônicos produzidos do Bloco 1 da Vila Itororó.
Na planta de identificação (Figura 5a), estão marcadas informações im-
portantes referentes a essa construção levantada, como esquadrias, pilares, 
nomes dos ambientes e níveis. No levantamento geométrico (Figura 5b), 
constam todas as cotas da edificação, em planta baixa, considerando tanto 
as dimensões de comprimento e largura, medidas de forma reta, quanto as 
dimensões de canto a canto.
Figura 5. (a) Planta de identificação. (b) Levantamento geométrico.
Fonte: Instituto Pedra (c2016, documento on-line).
a b
Outros desenhos importantes para o levantamento físico de um bem são os 
cortes (Figura 6a), nos quais constam os elementos da edificação seccionados, 
com suas hachuras, além de cotas verticais, cotas de nível e elementos que 
aparecem em vista. Na fachada (Figura 6b), é possível identificar as cotas de 
nível e alguns materiais principais que compõem a edificação e são descritos 
através das linhas de chamada.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 11
Figura 6. (a) Corte. (b) Fachada.
Fonte: Instituto Pedra (c2016, documento on-line).
a b
No desenho de fachada que se refere ao que foi demolido e construído 
ao longo do tempo (Figura 7a), é possível identificar os elementos por meio 
das cores e das linhas de chamadas que contêm informações. Na fachada 
relacionada ao mapeamento de danos (Figura 7b), podemos perceber que 
cada cor identifica um tipo de material, e cada hachura refere-se a um dano 
da edificação, como descascamento, umidade, oxidação, entre outros.
Figura 7. (a) Identificação do que foi demolido e construído. (b) Mapeamento de danos.
Fonte: Instituto Pedra (c2016, documento on-line).
a b
Para finalizar, o levantamento de esquadrias e colunas (Figura 8) demonstra 
todos esses elementos da edificação, desenhados tal qual eles estão no local, 
com seus detalhes e dimensões.
O levantamento arquitetônico é uma atividade presente em vários setores 
da arquitetura, sendo relevante em qualquer um deles. Afinal, para entender o 
que é existente, seja um bem tombado, protegido ou uma edificação qualquer 
que vá receber uma intervenção, é fundamental pesquisar e levantaro maior 
número de dados possível sobre o elemento.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados12
Figura 8. (a) Levantamento de esquadrias. (b) Levantamento de colunas.
Fonte: Instituto Pedra (c2016, documento on-line).
a b
Em relação ao inventário do bem, para que ele seja de fato protegido, ele 
deve ser levantado da maneira mais completa possível, pois isso garantirá 
que todas as suas características sejam compreendidas e mantidas ao longo 
do tempo. Para isso, é necessário seguir todas as etapas, compreendendo 
dados gerais da edificação, questões de localização, suas dimensões e confor-
mações, suas técnicas construtivas e materiais, seus detalhes, acabamentos, 
as intervenções que ocorreram ao longo do tempo e diversos outros elementos 
que vão colaborar para a análise e síntese. Os desenhos arquitetônicos devem 
ser realizados minimamente conforme descreve o Manual de elaboração 
de projetos de preservação do patrimônio cultural (GOMIDE; SILVA; BRAGA, 
2005), mas qualquer outro desenho pode ser acrescentado, dependendo das 
especificidades de cada edificação, para levantá-la e representá-la da forma 
mais completa possível.
Referências
BRASIL. Decreto-Lei n. 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patri-
mônio histórico e artístico nacional. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1937. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. Acesso 
em: 15 abr. 2021.
BRASIL. Ministério da Cultura. Sítios históricos e conjuntos urbanos de monumentos 
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grama Monumenta, v. 1; Cadernos Técnicos, n. 3). Disponível em: http://portal.iphan.
gov.br/uploads/publicacao/CadTec3_SitiosHistoricos_m.pdf. Acesso em: 15 abr. 2021.
CARVALHO, T. S.; AMARAL, L. C. P. Os inventários como instrumentos de preservação: 
da identificação ao reconhecimento. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 9., Brasília, 
2011. Anais [...]. Brasília: Docomono Brasil, 2011.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados 13
D’ALAMBERT, C. C.; FERNANDES, P. C. G. Bela Vista: a preservação e o desafio da reno-
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DOURADO, O. Viollet-Le-Duc: restauro. Pretextos, série b, n. 1, 1993.
FONSECA, L. V. N. Tombamento versus inventário. A eficácia na proteção do patrimônio 
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em: https://lucasvalladao.jusbrasil.com.br/artigos/204312226/tombamento-versus-
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FREITAS, P. M. G. O levantamento arquitetônico em perspectiva crítica: experiências 
didáticas no canteiro de restauração da Vila Itororó, São Paulo. In: SEMINÁRIO NACIONAL 
DO CENTRO DE MEMÓRIA - UNICAMP, 8., 2016, Campinas. Anais [...]. Campinas: Unicamp, 
2016. Disponível em: https://www.sigaa.ufs.br/sigaa/verProducao?idProducao=151739
8&key=9f36e763cddafd1c413fc5fcfd7b27d9. Acesso em: 15 abr. 2021.
GOMIDE, J. H.; SILVA, P. R.; BRAGA, S. M. N. Manual de elaboração de projetos de preserva-
ção do patrimônio cultural. Brasília: Ministério da Cultura, 2005. (Programa Monumenta; 
Cadernos Técnicos, n. 1). Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/
CadTec1_Manual_de_Elaboracao_de_Projetos_m.pdf. Acesso em: 15 abr. 2021.
INSTITUTO PEDRA. Vila Itororó. c2016. Disponível em: http://institutopedra.org.br/
projetos/vila-itororo/. Acesso em: 15 abr. 2021.
PARANÁ. Secretaria da Comunicação Social e da Cultura. Tombamento: conceitos. 
Curitiba: SEEC, 2011. Disponível em: http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/
conteudo/conteudo.php?conteudo=4. Acesso em: 15 abr. 2021.
SANPAOLESI, P. Discorso sulla metodologia generale del restauro dei monumenti. 
Firenze: EDAM, 1972.
TOLEDO, B. L. Vila Itororó: canteiro aberto. São Paulo: Instituto Pedra, 2015.
Leitura recomendada
KUTYLA, J. Drones e renders: como a fotogrametria aérea insere a topografia real 
nas visualizações. ArchDaily, 2016. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/
br/784600/drones-e-renders-como-a-fotogrametria-aerea-insere-a-topografia-real-
-nas-visualizacoes. Acesso em: 19 abr. 2021.
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integralidade das informações referidas em tais links.
Levantamento arquitetônico de bens inventariados14
Dica do professor
A fim de compreender as características de uma arquitetura, um conjunto urbano ou sítio histórico, 
é fundamental medir toda a área estudada de forma que seja fielmente registrada. Essa medição faz 
parte da etapa de levantamento, utilizada tanto para elaborar inventários como identificar 
informações relevantes de uma edificação para que ela seja reabilitada.
Na Dica do Professor, veja algumas maneiras de medição que podem colaborar com a etapa de 
levantamento físico de um bem. 
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Na prática
Uma forma possível de proteger uma edificação histórica significativa 
é usar um processo de inventário. Para inventariar um bem, é necessário conhecer todos os seus 
elementos, materiais, dimensões, alterações, técnicas construtivas, entre outros itens. Isso é 
descoberto com pesquisas e levantamentos.
Na Prática, veja como identificar e conhecer um bem arquitetônico 
para que ele seja inventariado. 
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
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Saiba +
Para ampliar seu conhecimento no assunto, veja a seguir as sugestões do professor:
Inventário
Os inventários são relevantes instrumentos de preservação de bens materiais, responsáveis pelo 
conhecimento profundo de cada bem. Leia mais sobre o assunto no artigo a seguir.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Inventário digital da arquitetura moderna de Curitiba: a casa do 
arquiteto (1962-1985)
As tecnologias digitais estão cada vez mais presentes na sociedade e são elementos facilitadores 
das atividades. Neste artigo, leia sobre metodologia de inventário digital, que teve como objetivo 
identificar, documentar e disponibilizar o acervo de dez casas projetadas por arquitetos para si 
mesmos, em Curitiba, entre as décadas de 1960 e 1980.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
O inventário como possibilidade de preservar o patrimônio 
arquitetônico
O inventário arquitetônico é uma possibilidade de salvaguarda das cidades e do patrimônio 
arquitetônico pois possibilita que a história urbana seja contada. Leia mais sobre a importância do 
inventário no ato da preservação da arquitetura e das cidades no artigo a seguir.
http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/562395687/Inventrio.pdf?v=2089686530
https://www.researchgate.net/publication/320863782_Inventario_digital_da_Arquitetura_Moderna_de_Curitiba_A_casa_do_arquiteto_1962-1985
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http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1328435627/532-2010-1-PB.pdf?v=1620777724
Os primeiros teóricos do restauro: 
Viollet-le-Duc e Ruskin
Apresentação
A teoria do restauroestilístico, desenvolvida por Eugène Viollet-le-Duc, indicava que qualquer 
monumento que fosse restaurado deveria parecer ao máximo possível com o original, descartando 
os acréscimos desenvolvidos no decorrer de sua história.
Já John Ruskin influenciava o movimento antirrestauro, ressaltando que apenas poderiam ser 
realizadas intervenções imperceptíveis, pois os monumentos históricos deveriam ser intocados.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá compreender a importância de Viollet-le-Duc e 
Ruskin para as teorias e práticas de restauração até os dias atuais, sendo influenciadas por seus 
conceitos e suas ideias. Acompanhará também uma exemplificação dos exemplares de 
arquitetura que tiveram grande influência desses teóricos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os conceitos e teorias de restauro de Eugène Viollet-le-Duc.•
Descrever as ideias e teorias de preservação de John Ruskin.•
Ilustrar as ideias dos teóricos aplicadas a exemplares de arquitetura.•
Infográfico
John Ruskin foi um crítico de arte influente na arquitetura que se aprofundou na preservação e na 
conservação do patrimônio histórico, incentivando a preservação da memória e da história dos 
antepassados.
Em seu livro As sete lâmpadas da arquitetura, escrito em 1849, ele abordou a preservação e a 
restauração dos monumentos, apresentando as suas principais teorias — que ficaram conhecidas 
como as "leis da arquitetura".
Confira, neste Infográfico, os conceitos que definem cada uma das leis desenvolvidas por esse 
teórico.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
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Conteúdo do livro
A valorização do patrimônio histórico era defendida desde a Idade Média, ressaltando a 
importância do valor memorável que determinadas edificações apresentavam para a sociedade. 
Eugène Viollet-le-Duc e John Ruskin foram importantes nomes no ramo da restauração de obras, 
impactando os princípios e as teorias de restauro até os dias atuais.
No capítulo Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin, base teórica desta Unidade 
de Aprendizagem, estude as ideias e os princípios que foram desenvolvidos por esses teóricos, 
passando por exemplares de arquitetura que tiveram a influência deles em seus processos de 
restauração.
Boa leitura.
TEORIA DO 
RESTAURO E DO 
PATRIMÔNIO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar os conceitos e teorias de restauro de Eugène Viollet-le-Duc.
 > Descrever as ideias e teorias de preservação de John Ruskin.
 > Ilustrar as ideias dos teóricos aplicadas a exemplares de arquitetura.
Introdução
A preservação do patrimônio histórico teve como grandes influenciadores 
Eugène Viollet-le-Duc e John Ruskin, escritores, críticos e historiadores que 
atuaram principalmente na França e na Inglaterra, respectivamente. Apesar de 
terem visões contrárias, Viollet-le-Duc defendia a doutrina intervencionista, 
enquanto Ruskin defendia a doutrina anti-intervencionista, foram, e continuam 
sendo, importantes nomes da restauração arquitetônica. Além de incentivar 
a valorização do patrimônio histórico, ambos definiram princípios e teorias 
essenciais para a realização de restauros por meio de análises e informações 
levantadas a partir de suas pesquisas e trabalhos.
Os primeiros 
teóricos do 
restauro: Viollet- 
-le-Duc e Ruskin
Jaqueline Ramos Grabasck
Neste capítulo, você estudará sobre os conceitos e teorias desenvolvidas 
por Viollet-le-Duc assim como por Ruskin, e verá exemplos de edificações 
que foram focos de seus trabalhos e que se encontram preservadas até hoje.
Eugène Viollet-le-Duc
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc foi um arquiteto, escritor, crítico e histo-
riador que defendia a coerência conceitual e a destruição dos acréscimos 
executados em edificações de épocas passadas, quando ainda não havia 
estudos de restauração e de intervenção em edificações históricas. Sua 
doutrina intervencionista pregava que deveriam ser realizadas intervenções 
que levassem a obra ao seu estado mais puro, mesmo que esse estado jamais 
tivesse existido. Segundo ele, com a busca pelo estado de pureza da obra, 
o arquiteto poderia vir a projetar sobre a estrutura original (POIARES, 2020). 
Nos trabalhos de Viollet-le-Duc, basicamente, realizavam-se estudos e 
pesquisas para compreender à qual época determinada edificação pertencia, e, 
assim, eram retiradas todas as partes que poderiam ter sido desenvolvidas após 
a sua construção. Seu intuito era evitar a descaracterização do projeto original. 
Segundo Poiares (2020), Viollet-le-Duc foi o principal mentor da doutrina 
intervencionista. Sendo um grande incentivador da restauração, utilizando 
o princípio da unidade de estilo, Viollet-le-Duc trabalhou sobre edificações 
concebidas durante a Idade Média, cujas restaurações influenciaram as ideias 
ocidentais durante o século XIX.
A busca pelo modelo ideal fazia com que Viollet-le-Duc alterasse grandes 
extensões das edificações, com o intuito de atingir a pureza de estilo. Para 
isso, o arquiteto partia da concepção da edificação, tentando compreender 
a lógica que havia sido utilizada. No entanto, Viollet-le-Duc desconsiderava 
as técnicas e práticas que eram utilizadas na época de concepção da obra e a 
reconstituía conforme as práticas e técnicas utilizadas em seu próprio tempo, 
que compreendia a ciência de 1800 (VIOLLET-LE-DUC, 2000).
Caso a edificação estivesse incompleta, Viollet-le-Duc utilizava como 
fundamento para reconstrução a unidade estilística que havia sido utilizada 
na época de concepção da obra. Para obter essa unidade estilística, Viollet-
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin2
-le-Duc fundamentava-se nas regras gerais do estilo da edificação obtidas 
por meio de estudos arqueológicos desenvolvidos antes da concepção da 
obra. Com os dados obtidos, o arquiteto aplicava critérios análogos, a fim 
de realizar uma integração dos estilos durante a restauração da edificação 
(SALCEDO, 2013).
Dessa maneira, Viollet-le-Duc colocava o restauro como uma conciliação 
da análise histórica da obra e da sua arquitetura. A partir dessa conciliação, 
surgia a teoria moderna da arquitetura de Viollet-le-Duc, abrangendo a análise 
científica, a pesquisa e a aprendizagem por meio dos objetos do passado.
Além dos trabalhos de restauração desenvolvidos nas edificações, Viollet-
-le-Duc publicou as obras Entretiens sur l'architecture (Palestras de arquite-
tura) e o Dictionnaire Raisonné de l'Architecture Française du XIe au XVIe siècle 
(Dicionário racional de arquitetura francesa do século XI ao XVI), as quais 
fizeram grande sucesso ao rodar mundo e estiveram ao alcance de diversos 
profissionais, não só de arquitetos (VIOLLET-LE-DUC, 2000). 
Os conhecimentos de Viollet-le-Duc foram apresentados nesses textos 
indicando novos percursos para a arquitetura a partir da “[...] difusão de 
princípios racionais de construção e na propagação da ideia de que o ver-
dadeiro futuro da arquitetura estaria em se estabelecer um sistema tão 
coerente, coeso, racional e eficiente quanto aquele da arquitetura gótica” 
(VIOLLET-LE-DUC, 2000).
O Dictionnaire apresentava teorias resultantes das práticas realizadas por 
Viollet-le-Duc, com recomendações que eram consideradas incisivas, mas 
muito utilizadas em reconstituições e quando o arquiteto pretendia corrigir 
algo que, segundo ele, não se encontrava de acordo com o estilo do projeto 
(VIOLLET-LE-DUC, 2000).
A atuação de Viollet-le-Duc ganhou destaque após a Revolução Francesa, 
quando o Estado francês criou ações para combater o vandalismo advindo da 
Revolução. Ao participar da comissão que realizava o levantamento preciso dos 
bens de interesse patrimonial e das premissas de conservação, atuando prin-
cipalmente frente a catedrais góticas, Viollet-le-Duc teve a oportunidadede 
participar das primeiras iniciativas de restauração (ALMEIDA, 2009). A Figura 1 
representa um modelo ideal de catedral desenvolvido por Viollet-le-Duc, o 
qual deveria seguir fielmente o seu estilo, sendo esse o estilo gótico.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 3
Figura 1. Modelo ideal de catedral, segundo Viollet-le-Duc.
Fonte: Almeida (2009, p. 28).
Prosper Mérimée, arquiteto, pintor, historiador, escritor e amigo da 
família de Viollet-le-Duc, foi uma grande influência para a evolução 
profissional do arquiteto. Ambos atuaram na Comissão de Artes e Edifícios 
Religiosos, criada pela administração do Serviço dos Cultos, que era responsável 
pelas igrejas e possuía seu próprio corpo de profissionais. 
Juntos, Viollet-le-Duc e Mérimée desenvolveram, em 1849, uma instrução 
técnica que tratava da restauração de edifícios pertencentes a dioceses, em que 
foram apresentadas recomendações para incentivar a realização de manutenções 
periódicas com o intuito de evitar as restaurações.
Viollet-le-Duc trabalhou na restauração da Catedral de Notre-Dame de 
Paris, em que fez alterações significativas, mudando completamente o perfil 
da igreja. Na fachada de Notre-Dame, Viollet-le-Duc inseriu esculturas góticas, 
tomando como base a Igreja de Santo André de Bordeaux, pois considerava que 
ambas tinham sido construídas na mesma época (SALCEDO, 2013). A Figura 2 
é uma maquete da Catedral de Notre-Dame de Paris antes de passar pelo 
processo de restauração de Viollet-le-Duc.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin4
Figura 2. Maquete da Catedral de Notre-Dame antes de ser restaurada por Viollet-le-Duc.
Fonte: Salcedo (2013, p. 30).
Durante a sua atuação profissional, os conceitos de Viollet-le-Duc eram 
aceitos pela população em geral, porém, com o passar do tempo, o seu radica-
lismo começou a ser questionado. No final do século XIX, outros teóricos como 
Camillo Boito afirmaram que o ideal das intervenções seria a sua utilização 
em um nível intermediário. Entretanto, anos mais tarde, Boito, arquiteto, 
engenheiro e professor de arquitetura, se aprofundou nos conceitos e afirmou 
que os restauros realizados por Viollet-le-Duc são como “falsificações”. 
Apesar de suas intervenções radicais, associadas, inclusive, à descaracteri-
zação de obras originais, Viollet-le-Duc realizava levantamentos completos das 
edificações em que trabalhava. Essas informações referentes à construção das 
edificações mediante pesquisas criteriosas vieram a ser importantes relatos 
da memória da sociedade. O fato de estudar cada detalhe e chegar à estrutura 
de determinadas obras fazia com que as técnicas e práticas empregadas no 
desenvolvimento das edificações fossem compreendidas em sua totalidade.
Dessa forma, Viollet-le-Duc é considerado um importante arquiteto, his-
toriador e escritor, deixando um excelente legado para a sociedade e para 
a história da arquitetura. 
John Ruskin
John Ruskin foi escritor, crítico de arte e sociólogo e professor na Universidade 
de Oxford. Ruskin frisava a importância de manter a edificação intacta, com 
o intuito de manter a essência da obra, sem alterar as marcas do tempo. 
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 5
De sua filosofia, surgiu a doutrina anti-intervencionista, a qual afirma que 
monumentos do passado devem ser intocados, partindo do pressuposto que 
só serão aceitas intervenções imperceptíveis. 
Todo o trabalho desenvolvido por Ruskin tinha como base a religiosidade, 
devido à educação recebida em sua infância. Dessa forma, Ruskin reforçava a 
ideia de que as obras deveriam ser tratadas como templos. Ruskin colocava a 
verdade e o belo na esfera ética e na esfera estética, segundo ele, conceitos 
indissociáveis, ou seja, a estética e a ética sempre deveriam ser trabalhadas 
em conjunto (MARANTES, 2011).
Como professor, Ruskin tratava o ensino do desenho como algo empírico. 
Ele transmitia os seus conceitos aos alunos, e cada um deveria desenvolver 
por si mesmo a própria forma de olhar. Amaral (2010) coloca Ruskin como 
um profeta e os seus alunos como discípulos. A única regra apresentada por 
Ruskin era a associação de assuntos justapostos, em que o aluno deveria 
trabalhar com a carga que advém da sua memória, juntamente como o tempo 
no qual se encontra, para então desenvolver a sua obra.
Apesar de ser contra as intervenções, Ruskin admitia que as manutenções 
frequentes fossem realizadas, desde que se tratasse de pequenos reparos a 
fim de evitar a degradação do patrimônio. Além disso, de acordo com Amaral 
(2015), Ruskin ressaltava a importância da manutenção constante em edifícios 
históricos e afirmava que, caso a construção estivesse comprometida, essa 
deveria ser demolida para dar lugar a uma edificação totalmente nova e 
diferente da anterior, evitando a imitação do desenho original. Essa premissa 
foi utilizada por Ruskin para criticar Viollet-le-Duc, que construiu cópias das 
torres de St. Oven, na França, após elas serem demolidas.
Apesar de ser um crítico arquitetônico, Ruskin não tinha formação em 
arquitetura, porém defendia a ideia de que qualquer pessoa tinha o direito 
de opinar sobre arquitetura, pois as edificações eram consideradas por ele 
como bens pertencentes à sociedade. 
Monteiro (2012, p. 92) afirma que Ruskin trabalhava na premissa de “[...] uma 
reconciliação entre arte e vida, trabalho e prazer. A arquitetura era vista por 
ele como expressão da vida humana, de seu intelecto, alma e poder corporal, 
e por isso deve ser preservada como a memória de uma época”. 
Ruskin desenvolveu o livro As Sete Lâmpadas da Arquitetura, que, em 
sete capítulos, apresentava as “leis” da arquitetura, sendo elas: sacrifício, 
verdade, poder, beleza, vida, memória e obediência. No capítulo “A Lâmpada 
da Memória”, Ruskin abordou as teorias de preservação e de conservação 
do patrimônio histórico desenvolvidas por ele, as quais seguem o viés do 
Movimento Antirrestauração. 
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin6
O Movimento Antirrestauração, exaltado por Ruskin, indica que a restau-
ração é uma forma de destruir o patrimônio, devendo ser evitada mediante 
a conservação das edificações, que pode ser realizada com a estruturação 
de elementos como escoras de madeiras e chapas metálicas. Ao utilizar-se 
desses recursos, Ruskin acreditava que a essência da obra será mantida, 
preservando a sua história e lhe trazendo dignidade (MONTEIRO, 2012).
A seguir, veja alguns conceitos que compõem as “leis” da arquitetura 
desenvolvidas por Ruskin.
O sacrifício
Amaral (2008) afirma que “O sacrifício” se trata de uma metáfora, pois Ruskin, 
na verdade, quer dizer que se deve apresentar algum comprometimento 
ideológico, independentemente de qual seja a profissão que o profissional 
desempenha. Para Ruskin, tanto a arte como a arquitetura têm a função de 
gerar condições que ressalte a composição natural por meio da sensibilidade 
e da imaginação. O artista deve explicar aos que não podem enxergar a lógica 
que a natureza apresenta. Sendo assim, Amaral (2005) resume o sacrifício 
apresentado por Ruskin a um apelo religioso, uma vez que a ideologia para 
ele seria considerada um sinônimo de fé.
Na Figura 3, Ruskin apresenta Veneza por meio do desenho e da pintura, utili-
zando a sua sensibilidade para transmitir a essência da cidade aos observadores.
Figura 3. Veneza pintada por John Ruskin.
Fonte: Amaral (2005, p. 67).
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 7
A verdade das estruturas
Para Ruskin, a composição natural trata-se de um relacionamento que há entre 
as partes que geram o todo, sendo esta lógica utilizada também para definir a 
composição arquitetônica. Ruskin indica que os elementos arquitetônicos se 
encontram em constante movimento, resultando em seu equilíbrio dinâmico. 
Seguindo essa premissa, tanto a composição natural como a composição arqui-
tetônica resultam na condição de equilíbrio entre os elementos, acarretandoa proporcionalidade e a distribuição de forças (AMARAL, 2008).
A arquitetura ruskiniana relaciona o desenho estrutural à exposição dessa 
estrutura, que pode ser observada livremente pelo observador, vindo a ser 
compreendida a sua resolução. Para Amaral (2005), o elemento que apresenta 
maior importância na teoria ruskiniana é a relação de equilíbrio com o todo. 
“A verdade das estruturas” representa o desenvolvimento de um desenho 
didático de forma que, ao observar a edificação, qualquer pessoa possa 
identificar o equilíbrio e a segurança advindos das partes que compõem a 
obra (AMARAL, 2005).
A verdade dos materiais
“A verdade dos materiais” advém da verdade da estrutura, sendo a verdade a 
forma na natureza. Ou seja, ao utilizar os materiais em uma obra, esses devem 
expressar a sua verdade, que corresponde também à sua essência e caráter. 
Ruskin afirma que todo material possui um processo de envelhecimento 
próprio de sua constituição. Esse envelhecimento do material constituía e 
transmitia a sua história, conferindo-lhe dignidade. A passagem do tempo 
e o desgaste dos materiais geram rachaduras, alteram a cor das pinturas e 
facilitam o crescimento de plantas. 
Essas alterações eram consideradas por Ruskin como parte da memória da 
edificação, por corresponderem ao seu processo natural de envelhecimento. 
Por esse motivo, Ruskin não tolerava que os materiais envelhecidos fossem 
substituídos por outros novos, pois, para ele, seria como uma imitação do 
elemento original, o que resultaria na descaracterização da edificação.
Amaral (2008) reforça que Ruskin não era contra o restauro, mas sim contra 
o ato de substituir materiais velhos por materiais novos de forma a adulterar 
o original da obra. Para a substituição desses materiais, Ruskin propunha 
o uso de materiais que apresentassem idade e aparência similares com os 
que deveriam substituir, apresentando todas as marcas advindas do tempo.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin8
A teoria de Ruskin sobre a substituição de materiais similares envelhe-
cidos no lugar dos materiais em más condições, levou o Conde Zorvi 
a escrever um livro que apresenta a teoria da percepção de Ruskin. O material 
produzido por Conde Zorvi, que se empenhava em defender a restauração sem 
alterar a obra original, evitou a intervenção na Igreja São Marcos, que teria as 
suas partes redesenhadas e substituídas (AMARAL, 2005).
Diferentemente de Viollet-le-Duc, Ruskin via a arquitetura como um bem 
público, de forma que todos, independentemente de serem arquitetos ou 
não, teriam o direito de opinar com relação ao estado de conservação da 
edificação e o que deveria ser feito nela (MESSIAS, 2018).
Além dos prédios sacros e oficiais, Ruskin frisava a importância das resi-
dências para contar a história de seus moradores, garantindo que as futuras 
gerações estivessem a par das vivências de seus antepassados. Segundo 
Ruskin, as residências deveriam ser tratadas como templos, preservando 
a história e as marcas de seu tempo, sendo que, naquela época, apenas os 
prédios sacros e oficiais eram considerados patrimônio histórico.
Seguindo essa premissa, Ruskin colocava a arquitetura como centraliza-
dora e protetora de uma influência sagrada, acrescentando que a memória 
permeia a arquitetura e a poesia. No entanto, a arquitetura é vista pelo autor 
como a mais poderosa, pois possibilita que as futuras gerações tenham 
conhecimento do que foi pensado, sentido, manuseado e contemplado na 
época de construção da obra (MONTEIRO, 2012).
Apesar das intervenções de Ruskin não se mostrarem tão radicais quanto as 
de Viollet-le-Duc, quando uma obra se encontrava seriamente comprometida, 
as suas teorias defendiam a demolição em vez da restauração. Ruskin foi um 
importante crítico, que ressaltou a importância da preservação da memória 
da sociedade e a conservação dos prédios históricos, colocando-se contra 
as intervenções radicais que descaracterizavam as obras.
De acordo com Monteiro (2012), a educação rígida com ideologias 
puritanas na qual Ruskin cresceu, levaram-no às máximas morais que 
lhe colocaram contra a industrialização, sendo conhecido como “[...] o grande 
solucionador dos problemas da Era da Industrialização” (MONTEIRO, 2012, p. 98). 
Ruskin culpava a industrialização pela destruição ocasionada nos monumentos 
e na paisagem da Inglaterra no século XIX.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 9
Restauração de exemplares da arquitetura
As teorias de restauração defendidas por Viollet-le-Duc permitiam que uma 
obra fosse totalmente modificada, com o intuito de atingir o seu estado mais 
puro. Outros profissionais defendiam a magnitude da obra intocada, que 
deveria ser preservada tal e qual ela foi gerada. Com o passar dos tempos, os 
profissionais entenderam que o ideal era adotar um parâmetro intermediário, 
que possibilitava e indicava a realização de manutenções preventivas, mas 
que também preservava a essência da obra. 
Para garantir que essas premissas sejam atendidas, atualmente há ins-
tituições responsáveis por proteger e preservar os patrimônios históricos. 
Entretanto, isso é relativamente recente, e, até então, muitas obras já pas-
saram por alterações significativas. 
Luso, Lourenço e Almeida (2004), indicam que a Basílica de Vézelay encon-
trava-se em péssimo estado em 1840, tendo a sua restauração concedida a 
Viollet-le-Duc em 1843. Conforme esses autores, Viollet-le-Duc realizou um 
reforço nas fundações que compõem os pilares da nave central, adicionou 
dois contrafortes, reconstruiu a abóbada, modificou a fachada, escorou as 
partes que poderiam vir a ruir e reposicionou a janela gótica que se encontrava 
deslocada a 50 cm da sua posição inicial. 
Com as alterações realizadas e a permanência dos elementos inacabados, 
Viollet-le-Duc manteve uma coerência estilística e recompôs o estilo próprio 
da igreja. Diferentemente do que se poderia esperar de Viollet-le-Duc e de sua 
teoria intervencionista, devido aos seus princípios de restauração, o arquiteto 
optou por não complementar a torre norte da igreja e nem mesmo reconstruir 
o seu pináculo (LUSO; LOURENÇO; ALMEIDA, 2004). A Figura 4 apresenta como 
se encontra a Basílica de Vézelay. 
Luso, Lourenço e Almeida (2004) indicam que o restauro do Castelo de 
Pierrefonds, na França, é considerado a obra mais emblemática do trabalho 
do Viollet-le-Duc, tendo início em 1857, a pedido de Napoleão III. O castelo foi 
construído em 1396 para ser uma fortificação militar, sendo um quadrilátero 
irregular, composto por oito torreões, destinados a abrigar nichos com uma 
estátua. Já em 1617, parte do castelo foi demolido, apresentando algumas zonas 
em estado de ruína e o seu telhado completamente destruído por ordem do Rei 
Luís XIII. A Figura 5 apresenta as ruínas do Castelo de Pierrefonds, na França.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin10
Figura 4. Basílica de Vézelay, na França.
Fonte: Pichard (2021, documento on-line).
Figura 5. Ruínas do Castelo de Pierrefonds antes de ser restaurado.
Fonte: Luso, Lourenço e Almeida (2004, p. 7).w
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 11
Após diversas pesquisas, o arquiteto conseguiu reconstruir a planta original 
do castelo e a disposição das oito estátuas que compõem as torres. Porém 
em 1863, Napoleão solicita a Viollet-le-Duc que o castelo seja habitável, o 
que leva o arquiteto a realizar alterações em seu interior, inserindo salas que 
apresentam influências românticas e agregando um andar (LUSO; LOURENÇO; 
ALMEIDA, 2004).
Com a morte de Viollet-le-Duc em 1879, a restauração do castelo foi conclu-
ída por seu genro, o arquiteto Ouradou, em 1885. Na restauração desse castelo, 
Viollet-le-Duc pôde utilizar os princípios defendidos por ele na doutrina 
intervencionista, que reforçam a necessidade de realizar todas as alterações 
necessárias para atingir o estado original da obra. A Figura 6 apresenta o 
castelo atualmente com as alteraçõesrealizadas por Viollet-le-Duc.
Figura 6. Castelo de Pierrefonds atualmente.
Fonte: Decarpentrie/ Pixabay.com
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin12
Com ideias intermediárias às de Viollet-le-Duc e de Ruskin, surge Luca 
Beltrami, arquiteto, historiador e o sucessor de Camillo Boito, indicado para 
realizar a restauração do Campanário da Praça São Marcos, em Veneza. Luca 
adotou uma postura mais próxima dos ideais de Viollet-le-Duc ao utilizar o 
edifício como próprio documento histórico na sua reconstrução, em 1912, 
pois, em 1902, a edificação havia sido destruída (MESSIAS, 2018). 
Na Figura 7, é possível observar o Campanário da Praça São Marcos recons-
truído em sua totalidade seguindo os princípios defendidos por Viollet-le-Duc 
a partir da doutrina intervencionista.
Figura 7. Campanário na Praça São Marcos, em Veneza.
Fonte: Peggychoucair/ Pixabay.com.
De acordo com Messias (2018), Ruskin foi considerado um dos teóricos mais 
famosos do século XIX, sendo lembrado devido ao seu trabalho como crítico 
das artes e da sociedade. Porém, na arquitetura, Ruskin deixou um legado 
sobre a valorização da cultura e da memória, que se destaca até os dias de 
hoje em termos de restauro e de preservação de patrimônios.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 13
Segundo Monteiro (2012), as teorias de Ruskin eram utilizadas já no final 
do século XIX nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, no Brasil, as te-
orias e as ideias de Viollet-le-Duc e Ruskin foram utilizadas já no século XX, 
reforçando a importância da conservação do patrimônio para que ocorresse 
a preservação da memória dos antepassados. 
No relatório “Os reparos nos Fortes de Bertioga”, realizado por Euclides da 
Cunha, já se pode encontrar conceitos de Ruskin, aplicados no solo brasileiro 
em 1904. Para Monteiro (2012), os conceitos de Ruskin são encontrados nesse 
relatório devido à valorização da edificação, que é justificada pela sua idade 
e pelos princípios de antirrestauração observados no fato do autor condenar 
a realização de retoques na obra para excluir as marcas do tempo. 
O Forte São João de Bertioga encontra-se em meio às etapas neces-
sárias para tornar-se Patrimônio Mundial pela UNESCO, que determina 
que a comunidade faça parte dos processos, compreendendo a importância da 
obra e a responsabilidade compartilhada para que ocorra a preservação desse 
patrimônio (FORTIFICAÇÕES..., 2020).
Na Figura 8, é possível observar as marcas deixadas pelo tempo no Forte 
São João de Bertioga, como a presença de vegetação no piso junto às rodas 
do canhão e as diferentes tonalidades tanto nas paredes como no piso.
Figura 8. Forte de São João de Bertioga.
Fonte: Paul Trmntn/ Shutterstock.com.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin14
Além das obras monumentais, Ruskin também ressaltava a importância de 
conservar as residências, pois elas são de edificações que carregam a história 
de cada família. Sendo essa premissa adotada também por Lucio Costa, que 
indicava que as residências deveriam “[...] expressar o caráter, a ocupação e 
a história de cada morador” (MONTEIRO, 2012, p. 97).
Ruskin coloca a residência como a referência que origina as demais ar-
quiteturas. No Brasil, isso pode ser observado em cidades como Ouro Preto, 
Diamantina e Tiradentes, que conservam as residências do período Colonial, 
abrangendo os seus centros urbanos (MONTEIRO, 2012). A Figura 9 apresenta 
as residências coloniais preservadas em Diamantina, Minas Gerais.
Figura 9. Construções coloniais em Diamantina, Minas Gerais.
Fonte: Jandira Silva/ Pixabay.com.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 15
Por fim, é possível afirmar que as teorias e os conceitos desenvolvidos 
por Viollet-le-Duc e Ruskin impactaram diretamente nos estudos da arqui-
tetura. Apesar de terem ideias opostas, ambos estudiosos prezavam pela 
conservação do patrimônio exaltando a sua essência. Enquanto Viollet-le-Duc 
era considerado radical devido às grandes intervenções que realizava nas 
obras buscando a unidade de estilo, Ruskin era contra as restaurações que 
modificavam as edificações, afirmando que intervenções para manutenção 
deveriam ser realizadas de forma imperceptível.
Viollet-le-Duc e Ruskin influenciaram fortemente nos métodos e princípios 
adotados atualmente na restauração de edificações, além de suas teorias 
contribuírem para a preservação dos monumentos históricos, garantindo 
que as futuras gerações, por meio da arquitetura, estejam cientes dos fatos 
memoráveis que determinaram a história.
Referências
ALMEIDA, E. de. O “construir no construído” na produção contemporânea: relações entre 
teoria e prática. 2009. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade 
de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/dispo-
niveis/16/16133/tde-26042010-150955/en.php. Acesso em: 18 maio 2021.
AMARAL, C. John Ruskin e o desenho no Brasil. 2005. 221 f. Tese (Doutorado em Arqui-
tetura) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. Disponível em: https://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16131/tde-11092006-121554/pt-br.php. Acesso em: 
18 maio 2021.
AMARAL, C. S. A lógica espacial de John Ruskin. Oculum Ensaios, n. 7, p. 50-64, 2008. 
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3517/351732344005.pdf. Acesso em: 18 
maio 2021.
AMARAL, C. S. John Ruskin e as pedras de Veneza. Oculum Ensaios, v. 12, n. 2, p. 281-295, 
jul./dez. 2015. Disponível em: http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/
oculum/article/view/2400/2190. Acesso em: 18 maio 2021.
AMARAL, C. S. Proposta de revisão epistemológica da teoria de John Ruskin. Arq.urb, n. 
4, p. 80-97, jul./dez. 2010. Disponível em: https://revistaarqurb.com.br/arqurb/article/
download/205/183/. Acesso em: 18 maio 2021.
FORTIFICAÇÕES candidatas a patrimônio mundial são tema de capacitação de pro-
fessores. Portal Iphan, 2020. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/noticias/de-
talhes/5573. Acesso em: 18 maio 2021.
LUSO, E.; LOURENÇO, P. B.; ALMEIDA, M. Breve história da teoria da conservação e do 
restauro. Engenharia Civil, n. 20, p. 31-44, 2004. Disponível em: http://repositorium.
sdum.uminho.pt/bitstream/1822/2554/1/Pag%2031-44.pdf. Acesso em: 18 maio 2021.
MARANTES, B. O. Notas sobre o conceito de verdade da impressão de John Ruskin. Peri, 
v. 3, n. 1, p. 1-15, 2011. Disponível em: http://www.nexos.ufsc.br/index.php/peri/article/
view/845/348. Acesso em: 18 maio 2021.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin16
MESSIAS, P. A idade do edifício: diálogos entre o patrimônio arquitetônico e as teorias 
de temporalidade e conservação de John Ruskin. 2018. 99 f. Dissertação (Mestrado em 
Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 
Bauru, 2018. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/180733. Acesso 
em: 18 maio 2021.
MONTEIRO, F. de A. John Ruskin: teorias da preservação e suas influências na preser-
vação do patrimônio brasileiro no início do século XX. Revista do Colóquio de Arte e 
Pesquisa do PPGA-UFES, n. 3, p. 90-101, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufes.
br/colartes/article/view/7641/5347. Acesso em: 18 maio 2021.
PICHARD, Y. Vézelay basilic. Wikipédia, 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Bas%C3%ADlica_e_Colina_de_V%C3%A9zelay. Acesso em: 18 maio 2021.
POIARES, R. Construir sobre o construído. 2020. 88 f. Dissertação (Mestrado em Arquite-
tura) – Escola Superior Artística do Porto, Porto, 2020. Disponível em: https://comum.
rcaap.pt/handle/10400.26/35066. Acesso em: 18 maio 2021.
SALCEDO, R. F. B. Teoria e métodos na restauração arquitetônica. In: MAGAGNIN, R. C.; 
SALCEDO, R. F. B.; CONSTANTINO, N. R. T. (org.). Arquitetura, urbanismo e paisagismo: 
contexto contemporâneo e desafios. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. v. 2. p. 25-
43. Disponível em: http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/363858.pdf. 
Acesso em: 18 maio 2021.
VIOLLET-LE-DUC, E. E. Restauração.Tradução de Beatriz Mugayar Kühl. Cotia, SP: Artes 
& Ofícios, 2000.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-
res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Os primeiros teóricos do restauro: Viollet-le-Duc e Ruskin 17
Dica do professor
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc foi um importante restaurador de edifícios surgidos na Idade 
Média, ficando conhecido por extensas intervenções que buscavam atingir o estado mais puro da 
edificação, retirando todas as adições que não compunham o projeto original desta.
Nesta Dica do Professor, compreenda a importância desse arquiteto para a preservação dos 
patrimônios históricos.
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Na prática
Viollet-le-Duc iniciava os seus trabalhos partindo da lógica de concepção da edificação, a fim de 
compreender a sua execução, e a reconstruía como se tivesse sido desenvolvida na época em que a 
restauração estava sendo feita. Compartilhando dessa essência, encontra-se a obra de restauração 
do Theatro São Pedro, que passou por diversas intervenções ao longo do tempo.
Confira, neste Na Prática, as alterações que foram realizadas na obra original do Theatro São Pedro.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja as sugestões do professor:
Viollet-le-Duc e Lucio Costa: tradição e modernidade
Neste material, os pensamentos de Viollet-le-Duc e de Lucio Costa se aproximam na conciliação da 
modernidade e da tradição.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Leituras essenciais: John Ruskin e As sete lâmpadas da 
arquitetura
Confira trechos do capítulo A lâmpada do sacrifício, que compõe a obra As sete lâmpadas da 
arquitetura, de John Ruskin.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
O ornamento no pensamento de John Ruskin
Neste artigo, a autora evidencia o pensamento de John Ruskin sobre o ornamento na arquitetura.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://enanparq2016.files.wordpress.com/2016/09/s26-02-batista-a.pdf
https://www.archdaily.com.br/br/805439/leituras-essenciais-john-ruskin-e-as-sete-lampadas-da-arquitetura?ad_source=search&ad_medium=search_result_all
https://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/16949/11401
Viollet-le-Duc
Neste vídeo, assista a uma breve explicação sobre a vida de Viollet-le-Duc e a influência que ele 
exerce no patrimônio histórico brasileiro.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/embed/guVXSKkN_Zw
Patrimônio cultural
Apresentação
O patrimônio cultural de um povo se refere às expressões culturais que formam a sua identidade. 
Tais expressões podem ser objetos, edifícios ou até mesmo músicas ou danças. Para garantir que 
esse acervo cultural seja preservado, foram criadas entidades que defendem a preservação e a 
educação sobre o patrimônio cultural em diferentes escalas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conferir o que é patrimônio cultural e como ele pode ser 
material ou imaterial. Além disso, verá quais órgãos são responsáveis pela sua preservação. Por fim, 
você vai conferir alguns exemplos de bens culturais protegidos nacional e internacionalmente. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir os conceitos de patrimônio cultural, patrimônio material e imaterial.•
Identificar os principais institutos e órgãos de preservação no mundo e no Brasil.•
Demonstrar exemplares de patrimônio material e imaterial no Brasil e no mundo.•
Infográfico
O Brasil é um país muito rico e diverso e abriga vários locais considerados pela Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônios mundiais 
culturais e naturais. Em conjunto com os órgãos específicos, os governos federais, estaduais e 
municipais promovem a preservação e a manutenção desses locais catalogados. 
Neste Infográfico, confira os 14 locais considerados patrimônios mundiais culturais do Brasil. 
Observe, também, que um sítio pode ser considerado tanto patrimônio cultural quanto patrimônio 
natural.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Conteúdo do livro
Os bens culturais podem ser materiais, quando são diretamente ligados a um artefato, seja este um 
edifício, uma cidade ou uma escultura, por exemplo, ou imateriais, quando se referem a modos de 
se produzir objetos, danças, festas ou qualquer outra expressão cultural contínua.
Atualmente, entende-se ser de extrema importância a preservação das expressões culturais únicas 
de cada lugar, de modo a documentar a história e a manter os costumes dos povos que formaram o 
local. Essa prática leva à valorização de entidades que promovam a preservação e a difusão desse 
patrimônio. 
No capítulo Patrimônio cultural, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conferir o 
que é patrimônio cultural e como ele pode existir de diferentes modos, desde as festas populares 
até o reconhecimento de cidades inteiras como bens culturais a serem preservados. Além disso, vai 
conhecer quais entidades são responsáveis pela preservação e pela salvaguarda desse patrimônio. 
Por fim, você vai conferir exemplos de bens culturais protegidos em diferentes instâncias.
Boa leitura.
TEORIA DO 
RESTAURO E DO 
PATRIMÔNIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Definir os conceitos de patrimônio cultural e patrimônio material e imaterial.
 > Identificar os principais institutos e órgãos de preservação no Brasil e no 
mundo.
 > Demonstrar exemplares de patrimônio material e imaterial no Brasil e no 
mundo.
Introdução
O patrimônio histórico de um povo é composto pelo conjunto de bens ma-
teriais ou imateriais que representam a sua cultura. Com o passar dos anos, 
foi necessário criar órgãos para proteger tal patrimônio em diferentes instâncias, 
desde municípios até entidades internacionais que zelam pela preservação da 
cultura humana. Os eventos traumáticos do século XX, sobretudo, mostraram 
que a cultura e os bens culturais são frágeis e valiosos, e necessitam, portanto, 
de proteção especial.
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de patrimônio cultural e as di-
ferenças entre os bens materiais e imateriais. Além disso, você vai conhecer os 
órgãos de pesquisa e proteção desses bens nas diferentes instâncias. Por fim, 
você vai ver alguns exemplos de expressões culturais materiais e imateriais que 
são protegidas no Brasil.
Patrimônio cultural
Gabriel Lima Giambastiani
Patrimônio cultural, patrimônio material 
e imaterial
A Constituição Federal de 1988 define, em seu artigo 216, o Patrimônio Cul-
tural como “[...] os bens de natureza material e imaterial [...] portadores de 
referência à identidade, à ação, à memória” (BRASIL, 2016, p. 126), ampliando a 
noção predominante até então que caracterizava como “patrimônio artístico 
e histórico” apenas os artefatos culturais.
O contraste entre a definição apresentada na CF de 1988 e aquela vigente 
até então, presente em um decreto de 1937, ano da fundação do Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, fica evidente já no primeiro pará-
grafo da legislação da década de 1930: “Constitueo patrimônio histórico e 
artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e 
cuja conservação seja de interêsse público” (BRASIL, 1937, p. 24056). Enquanto 
em 1937 o patrimônio histórico e artístico era constituído por “bens móveis e 
imóveis”, como edificações e esculturas, na Constituição Cidadã o patrimônio 
cultural inclui, além dos artefatos, as expressões imateriais, como os costumes 
e práticas dos povos que compõem a população brasileira.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; 
os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às ma-
nifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, 
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (PATRI-
MÔNIO..., [20--a], documento on-line).
Patrimônio material
O patrimônio cultural material é composto por bens móveis ou imóveis que 
tenham relevância para a cultura, seja por sua “vinculação a fatos memoráveis 
da história do Brasil”, seja por seu “[...] excepcional valor arqueológico ou 
etnográfico, bibliográfico ou artístico” (PATRIMÔNIO..., [20--a], documento 
on-line), conforme define o Decreto-Lei nº 25 de 1937. Essa ampla definição 
permite que sejam considerados como parte do patrimônio cultural bens que 
variam desde as cidades históricas até livros ou filmes.
O mesmo decreto da década de 1930 estabeleceu as quatro categorias 
principais nas quais os bens culturais poderiam se enquadrar. Tais categorias 
correspondem aos quatro livros do tombo, vigentes até hoje para classificar 
o acervo cultural e artístico:
Patrimônio cultural2
 � Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, referente às 
“coisas pertencentes às categorias de arte arqueológica, etnográfica, 
ameríndia e popular” (BRASIL, 1937); 
 � Livro do Tombo Histórico, que se refere às “coisas de interêsse histórico 
e as obras de arte histórica” (BRASIL, 1937);
 � Livro do Tombo das Belas Artes, referente às “coisas de arte erudita, 
nacional ou estrangeira” (BRASIL, 1937);
 � Livro do Tombo das Artes Aplicadas, que se refere às “obras que se 
incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras” 
(BRASIL, 1937).
Veja a seguir um pouco sobre cada uma das categorias.
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
Nesta categoria, está incluído o patrimônio cultural referente a regiões em que 
a ação do homem transformou a natureza, deixando registros de modos de 
vida e fatos históricos relevantes para o entendimento da história brasileira. 
Os bens inscritos nesse livro podem ter o seu valor associado tanto ao registro 
de civilizações originárias, como o Parque Nacional da Serra da Capivara, que 
guarda os registros mais antigos da presença humana na América do Sul, 
como a sítios moldados por momentos únicos na história nacional, como o 
Quilombo de Palmares, em Pernambuco (Figura 1).
Figura 1. Mapa da Capitania de Pernambuco, com representação do Quilombo dos Palmares 
(1647).
Fonte: Post (2020, documento on-line). 
Patrimônio cultural 3
Livro do Tombo Histórico
Esta categoria dos bens materiais tombados é a mais reconhecida pelo pú-
blico em geral. Nela, estão inscritos os artefatos “[…] cuja preservação seja 
de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do 
Brasil” (PATRIMÔNIO..., [20--b], documento on-line), ou seja, sua preservação 
está mais ligada à relação entre bem cultural e história do que aos atributos 
artísticos específicos da peça preservada. Os artefatos inscritos nesse livro são 
divididos em bens imóveis, como edifícios, chafarizes e pontes, por exemplo, 
e móveis, que incluem também quadros e gravuras, por exemplo.
A cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, é um exemplo conhecido de 
tecido urbano tombado, pois foi a primeira cidade tombada pelo Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ainda em 1938. Veja na 
Figura 2 a Praça Tiradentes, em Ouro Preto, com a Casa de Câmara e a Cadeia 
de Vila Rica ao fundo. Tanto a Praça como o edifício são tombados.
Figura 2. Praça Tiradentes, em Ouro Preto (MG).
Fonte: L. LorenzI e G. Lorenzi ([20--], documento on-line).
Patrimônio cultural4
Livro do Tombo das Belas Artes
Nesta categoria, estão inscritos os bens cujo valor artístico tem relevância 
para a cultura nacional. De acordo com o IPHAN, o termo Belas Artes deve 
ser empregado aos artefatos sem caráter utilitário, como imagens religiosas, 
esculturas e demais expressões artísticas despidas de utilidade.
Um exemplo bastante relevante deste livro são as figuras dos profetas 
produzidas por Aleijadinho no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e Con-
gonhas, em Minas Gerais, considerado o maior conjunto de arte colonial do 
país. Veja na Figura 3 alguns dos profetas instalados na escadaria do conjunto.
Figura 3. Profetas de Aleijadinho.
Fonte: Miranda (2020, documento on-line).
Livro do Tombo das Artes Aplicadas
Nesta categoria, se encaixa grande parte das obras arquitetônicas tombadas, 
pois neste livro constam aquelas que têm um bem que tenha valor artístico 
associado a uma função utilitária. Um exemplo relevante desse tipo de pa-
trimônio é o conjunto de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, cuja 
igreja e artefatos são tombados. Veja na Figura 4 o Museu das Missões, onde 
é possível encontrar um grande acervo de artes aplicadas.
Patrimônio cultural 5
Figura 4. Museu das Missões, em São Miguel das Missões (RS).
Fonte: Feitosa ([20--], documento on-line). 
Patrimônio imaterial
A cultura de um povo é constituída pelos objetos produzidos por ela, mas tam-
bém pelas formas de fazer, pelos hábitos, costumes e tradições únicas. Para 
proteger esse conhecimento, a Constituição de 1988 incluiu os bens imateriais 
como parte daqueles passíveis de preservação pelos órgãos responsáveis. 
Atualmente, esses bens estão assegurados no Registro de Bens Culturais de 
Natureza Imaterial e no Inventário Nacional de Referências Culturais (INCR).
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios 
da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebra-
ções; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares 
(como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas) 
(PATRIMÔNIO..., [20--b], documento on-line).
Uma das características apontadas pelo IPHAN como própria de bens 
culturais imateriais é o fato de esse conhecimento ser transmitido por meio 
de diversas gerações, “[...] constantemente recriado pelas comunidades 
e grupos em função de seu ambiente” (PATRIMÔNIO..., [20--b], documento 
on-line). Portanto, a sua preservação garante a perpetuação de modos de 
fazer específicos de um povo em determinado lugar.
No Brasil, um dos casos emblemáticos do patrimônio cultural imaterial 
é o ofício das Baianas do Acarajé, em Salvador, na Bahia. Esse inventário 
foi realizado entre 2003 e 2005 a fim de documentar as técnicas de feitura 
do acarajé, comida típica da região, e o universo simbólico envolvido nessa 
Patrimônio cultural6
produção. De acordo com o IPHAN, é importante reconhecer essa prática 
como relevante para o cenário cultural brasileiro:
Portanto, o inventário do Ofício das baianas de acarajé em Salvador aborda a rele-
vância de tradições afro-brasileiras no cotidiano e identidade nacional, em especial 
o acarajé como importante símbolo de uma certa identidade étnica, regional e 
religiosa que integra a cultura brasileira - um bem cuja densidade simbólica está 
relacionada ao Ofício da Baiana de Acarajé (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO 
E ARTÍSTICO NACIONAL, [2005], documento on-line).
Como você viu, o patrimônio cultural pode ser material quando se trata 
dos artefatos produzidos por um povo, sejam estes utilitários ou não; e é 
imaterial quando está relacionado aos saberes e tradições de uma população. 
Em ambos

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