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Práticas de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil

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DESCRIÇÃO
A emergência e consolidação histórica das políticas patrimoniais no Brasil, pensando os
instrumentos jurídico-administrativos, as estratégias e modalidades de atuação.
PROPÓSITO
Compreender os instrumentos e dispositivos que orientam a política de preservação cultural no
Brasil realizada pelo IPHAN, de modo a refletir sobre as divergências e convergências no trato
de bens materiais e imateriais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os princípios gerais e os instrumentos de atuação que orientam as políticas de
patrimônio cultural no Brasil promovidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN).
MÓDULO 2
Exemplificar os dispositivos jurídico-administrativos utilizados pelo IPHAN em relação ao seu
conjunto de bens culturais tombados e registrados.
MÓDULO 3
Identificar o processo de tombamento pelo IPHAN, a partir de exemplos de bens materiais, com
arquiteturas de diversas naturezas, bem como acervos.
INTRODUÇÃO
Nos últimos vinte anos, as concepções de fundo e o repertório de manifestações culturais que
compõem o universo do Patrimônio Cultural do Brasil assistiram a uma grande transformação.
Desde 4 de agosto de 2000, por efeito do Decreto 3.551, que instituiu o Registro de Bens
Culturais da Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI), o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) vem realizando políticas públicas
setoriais voltadas para a documentação, o reconhecimento, a valorização e o apoio sustentável
dos chamados bens culturais de natureza imaterial.
A partir de então, ofícios e modos de fazer tradicionais; formas de expressão (musicais,
coreográficas, cênicas, literárias e lúdicas); lugares onde se concentram ou se reproduzem
práticas culturais; e celebrações coletivas associadas, em especial, aos grupos formadores da
sociedade brasileira passaram a ser, de modo sistemático, objeto de processos de
identificação, de solicitação de registros e de ações e projetos de salvaguarda.
O impacto da publicação do decreto, no âmbito das políticas de patrimônio cultural no Brasil, é
marcante ao possibilitar, entre outras coisas, a inclusão de grupos, segmentos sociais e suas
referências culturais até então alijados desse campo de atuação. Assim, se nossa percepção
sobre o universo que constituía o patrimônio cultural brasileiro recaía preferencialmente sobre
edificações antigas e imponentes (igrejas, casarões coloniais, edifícios públicos, centros
históricos etc.), que remetiam a períodos históricos pregressos, do ano de 2000 em diante
manifestações culturais tradicionais vivas e atuantes, capazes de referenciar a construção de
identidades sociais, passaram a fazer parte desse conjunto: Maracatu, Frevo, Círio de Nazaré,
Bumba meu Boi, Jongo, Viola de Cocho, Festa do Divino, entre tantos outros.
Neste material, você conhecerá os princípios e instrumentos das políticas de patrimônio cultural
no Brasil, particularmente, aquelas promovidas pelo IPHAN.
Vamos lá!
MÓDULO 1
 Definir os princípios gerais e os instrumentos de atuação que orientam as políticas
de patrimônio cultural no Brasil promovidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN).
Uma breve História do IPHAN
BENS REGISTRADOS: SABERES E
FAZERES
O IPHAN é o principal órgão nacional a direcionar as políticas patrimoniais brasileiras. Sua
origem é distante, mas suas funções estão em constante processo de modificação. Neste
primeiro momento, vamos lidar com a construção e operação dos bens registrados.
 
O processo mais conhecido é o de tombamento, curiosamente associado a referências
diversas – desde piadas (“o tombamento é deixar prédios tombar”) ou até explicações do senso
comum que associam a noção de tombamento à situação de que “ninguém pode mexer”.
 VOCÊ SABIA
O termo tombamento tem origem no nome pelo qual costumava ser chamada a Torre de
Registros de Lisboa, onde diversos processos burocráticos eram registrados e arquivados,
conhecida como Torre do Tombo.
Neste módulo, vamos conhecer um pouco da história dos registros patrimoniais no Brasil e
seus caminhos.
UMA BREVE HISTÓRIA
Mesmo que o Decreto 3551 tenha sido publicado somente em agosto de 2000, ele representa,
para o IPHAN, o ponto culminante de um longo processo de discussões e iniciativas que
remontam aos primórdios da criação do órgão, ocorrida em janeiro de 1937.
Naquele momento, o escritor paulista Mário de Andrade (1893-1945) foi convidado por Gustavo
Capanema (1990-1985), à frente do Ministério da Educação e Saúde, a redigir um anteprojeto
que subsidiasse a criação de um órgão federal dedicado à preservação do patrimônio histórico
e artístico nacional. Ao lado disso, nas páginas da grande imprensa, intelectuais de renome
denunciavam a destruição de monumentos e a evasão de objetos artísticos da arte colonial.
 
 Gustavo Capanema em 1932.
 
 Mário de Andrade em 1928.
Mário de Andrade redigiu uma proposta bastante ousada e avançada. Em seu texto, ele já
previa a identificação e a valorização de expressões culturais populares – o folclore ameríndio,
a arquitetura popular, os objetos rituais e de uso doméstico, as paisagens, as receitas
culinárias, os provérbios. Por razões diversas, tal perspectiva não foi implementada naquele
momento.
Boa parte das sugestões delineadas por Mário de Andrade não foi aproveitada, posteriormente,
na redação da versão final do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organizou
as práticas de preservação no Brasil e restringiu a ação do IPHAN à chamada “pedra e cal”.
Em meados dos anos 1970, as ideias pioneiras de Mário de Andrade voltaram à cena por meio
da atuação do advogado e designer gráfico pernambucano Aloísio Magalhães (1927-1982).
Sob sua coordenação, foi criado em 1975 o Centro de Referência Cultural (CNRC), entidade
formada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e funcionários do governo
federal.
Mediante convênio firmado entre a Secretaria de Educação e Cultura do DF e a Secretaria de
Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e Comércio, o CNRC implementou uma série de
projetos que promoveram a atualização do debate sobre os sentidos da preservação e
ampliaram a noção de patrimônio para abranger questões como a necessidade de promover
modelos autônomos de desenvolvimento econômico e a valorização da diversidade regional.
Foram realizados vários projetos de documentação e de pesquisas junto a distintos grupos
sociais, como:
PEDRA E CAL
É o “conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de
interesse público, quer por se acharem vinculados a fatos memoráveis da história do
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou
artístico” (Decreto-Lei nº 25, 30 de novembro de 1937).
Levantamentos socioculturais em Alagoas e Pernambuco;
Inventários de tecnologias patrimoniais, que incluíram o uso de computador na
documentação visual de padrões de tecelagem manual e de trançado indígena;
Implantação do Museu Aberto de Orleans, em Santa Catarina, entre outros.
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 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Essas reflexões e ações sobre a importância dos bens culturais imateriais como referências
basilares para vários grupos formadores da sociedade brasileira seriam retomadas nos debates
que envolveram a Assembleia Constituinte e incluídas nos artigos 215 e 216 da Constituição
Federal promulgada em 1988.
 SAIBA MAIS
Artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988
Bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
as formas de expressão;
os modos de criar, fazer e viver;
as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
as obras, os objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico” (Constituição da República Federativa do Brasil,
1988)
No fim dos anos de 1990, ocorreram dois eventos de enorme importância para a consolidação
efetiva dessas propostas: a contratação de uma equipe de pesquisa, liderada pelo antropólogo
Antonio Augusto Arantes, para a construção de uma metodologia de pesquisa para analisar os
bens culturais de natureza imaterial, que resultou na formulação do Inventário Nacional de
Referências Culturais (INRC) e na realização de um seminário internacional na cidade de
Fortaleza, em 1997, para discutir estratégias e formas de proteção ao patrimônio imaterial,
dando origem ao documento A Carta de Fortaleza.
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Embora tenha inicialmente causado certa hesitação e alguma controvérsia, o emprego da
expressão “patrimônio cultural imaterial” aos poucos se impôs, procurando designar, tal como
define a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, ocorrida em Paris em
2003 (CURY, 2004).
A publicação do Decreto 3551/2000 forneceu o arcabouço jurídico-administrativo necessário
para a atuação concreta do IPHAN com bens culturais de natureza imaterial, ao regulamentar
as disposições contidas no Art. 216 da Constituição de 1988. O Decreto 3551/2000 estabelece
a figura jurídica do Registro como o instrumento privilegiado para a atuação.
Há uma distinção nos parâmetros de atuação dos órgãos de preservação. No caso do
tombamento, o que se busca preservar é a integridade física do bem cultural. Já o instrumento
do Registro pressupõe o caráter processual e dinâmico das formas e dos sentidos dos bens
culturais, submetidos por seus praticantes a um contínuo processo de recriação e atualização.
Nesse caso, a preservação tem como foco a busca de instrumentos e medidas de salvaguarda
que viabilizem as condições de sua produção e reprodução.
De acordo com o Decreto 3.551/2000, os bens culturais podem ser inscritos em um ou mais
dos seguintes Livros: Livro de Registro dos Saberes; Livro de Registro das Celebrações;
Livro de Registro das Formas de Expressão; Livro de Registro dos Lugares.
Os bens inscritos em um ou mais desses Livros de Registro recebem o título de Patrimônio
Cultural do Brasil. Mas esse reconhecimento significa mais do que a mera atribuição de um
título. Dentre seus efeitos, instaura-se um compromisso entre o poder público e os bens
titulados, de documentá-los e dar-lhes ampla divulgação e promoção, de modo que toda a
sociedade possa ter acesso a informações sobre sua origem, relevância e especificidades.
Um plano de salvaguarda envolve ações, tais como:
INRC
O INRC é um instrumento metodológico composto de questionários e fichas a serem
preenchidos no decorrer de uma pesquisa de identificação. Mesmo que não tenha sido
elaborado para ser utilizado exclusivamente no campo do patrimônio imaterial, ele foi
apropriado pelos gestores dessa área e exerceu papel fundamental na implementação e
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consolidação da política federal de salvaguarda, tornando-se um de seus principais
pilares.
A CARTA DE FORTALEZA
Nesse documento, recomendava-se o aprofundamento do debate sobre o conceito de
patrimônio cultural imaterial e o desenvolvimento de estudos para a criação de um
instrumento legal, instituindo o “Registro” como principal modo de preservação e de
reconhecimento de bens culturais dessa natureza. Teve como resultados: a criação de
uma comissão com o objetivo de elaborar proposta visando à regulamentação da
salvaguarda do patrimônio cultural imaterial; e o início do Grupo de Trabalho Patrimônio
Imaterial – GTPI, que reunia técnicos do IPHAN, da Funarte e do MinC para assessorar
essa comissão.
REGISTRO
O Registro tem como o seu principal intuito assegurar, de acordo com o seu artigo 6º,
“documentação por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPHAN manter banco
de dados com o material produzido durante a instrução do processo” e, ainda, “ampla
divulgação e promoção”.
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E
REPRODUÇÃO
São estas algumas medidas: documentação do bem, com vistas a preservar sua
memória; a transmissão de conhecimentos e competências; o acesso às matérias primas
e demais insumos necessários à sua produção; o apoio e fomento à produção e ao
consumo; a sua valorização e difusão junto à sociedade; e, principalmente, esforços no
sentido de que os detentores desses bens assumam a posição de protagonistas na
preservação de seu patrimônio cultural.
LIVRO DE REGISTRO DOS SABERES
Serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das
comunidades.
LIVRO DE REGISTRO DAS CELEBRAÇÕES
Serão inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da
religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social.
LIVRO DE REGISTRO DAS FORMAS DE
EXPRESSÃO
Serão inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas.
LIVRO DE REGISTRO DOS LUGARES
Serão inscritos mercados, feiras, praças e santuários onde se concentram e reproduzem
práticas culturais coletivas.
Apoio à transmissão dos saberes e das habilidades relacionados aos bens culturais;
Promoção e divulgação do bem cultural;
Valorização de mestre e executantes;
Melhoria das condições de produção, reprodução e circulação;
Organização dos detentores e das atividades comunitárias.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
OS INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO NA
SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO
IMATERIAL
PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO
Em 1999 foi contratada a empresa Andrade & Arantes, capitaneada pelo famoso antropólogo
Antonio Augusto Arantes. Seu objetivo era conceber uma metodologia de pesquisa voltada
para a identificação e o armazenamento de conhecimento sobre bens culturais de natureza
imaterial, para responder a questões específicas de uma política pública patrimonial.
 
 Antônio Augusto Arantes.
O resultado foi a criação do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), instrumento
que tem como objetivo produzir conhecimento sobre aspectos da vida social aos quais são
atribuídos valores e sentidos e que, portanto, constituem marcos de referência e de identidade
para determinados grupos ou segmentos sociais.
Essa metodologia, que teve como base experiências anteriores do IPHAN em Serro, Goiás e
Diamantina, foi aplicada pela primeira vez na área do Museu Aberto do Descobrimento, na
costa sul da Bahia. A partir da experiência-piloto, o INRC foi adotado, com os devidos ajustes a
cada contexto específico, pelos inventários realizados pelas unidades do IPHAN.
O INRC é composto de um conjunto de fichas que permite armazenar e sistematizar
informações produzidas em pesquisa de campo e de arquivos. Suas instruções estão
delineadas no Manual de Aplicação do INRC, que prevê três etapas sucessivas de pesquisa:
LEVANTAMENTO PRELIMINAR
Mapeamento, reunião e sistematização das principais informações sobre o universo (territorial,
geopolítico ou temático) ou bem cultural inventariado, realizado por meio de levantamentos
bibliográficos, entrevistas com membros da coletividade estudada e contatos com instituições
afins; a partir desse mapeamento geral, seleciona-se o que será identificado.
IDENTIFICAÇÃO
Descrição sistemática e aprofundada do bem cultural selecionado. Com base na aplicação e no
preenchimento das fichas de identificação (divididas nas seguintes categorias: saberes e
ofícios, formas de expressão, celebrações, edificações e lugares), o objetivo desta fase
consiste na descrição detalhada das principais características culturalmente relevantes para a
compreensão adequada do bem, assim como no diagnóstico de questões ou entraves para a
sua reprodução e continuidade.
DOCUMENTAÇÃO
Elaboração de estudos técnicos e autorais, de natureza eminentemente etnográfica;produção
de um documento audiovisual com vistas à instrução do processo de registro; e, ainda, a
fundamentação do trabalho de inserção dos dados, obtidos nas etapas anteriores, no banco de
dados do INRC.
O INRC busca descrever e documentar cada bem imaterial identificado como referência
cultural significativa para os grupos sociais relacionados a um território ou tema cultural, para
que se possa compreender os processos de formação histórica, produção, reprodução e
transmissão que caracterizam esse bem, assim como as condições, os problemas e os
desafios para a sua continuidade.
Trata-se, portanto, de um trabalho primordial para o conhecimento desse universo de bens
culturais e para a fundamentação das demais ações de salvaguarda. O recurso a essa
metodologia possibilita a obtenção de subsídios para: instrução de processos de registro;
formulação de planos e ações de salvaguarda; e implementação de ações de apoio e fomento
em atendimento a demandas sociais identificadas no processo de inventário.
UMA CARACTERÍSTICA DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA NA
METODOLOGIA DO INRC É O ENVOLVIMENTO E, MAIS QUE
ISSO, A PARTICIPAÇÃO DOS DETENTORES, TRANSMISSORES
E USUÁRIOS DOS BENS CULTURAIS, NÃO APENAS
PRESTANDO INFORMAÇÕES, MAS TAMBÉM COMO
INTÉRPRETES DOS SENTIDOS E VALORES ATRIBUÍDOS A
ESSES BENS E COMO AGENTES DE AÇÕES DE
SALVAGUARDA.
Até o momento, foram realizados mais de 150 INRC em todo o Brasil. Parte desse material
subsidiou os processos de registro realizados pelo IPHAN.
O REGISTRO
O registro de um bem de natureza imaterial como Patrimônio Cultural do Brasil tem como
objetivo reconhecer e valorizar sua relevância para a identidade e o patrimônio cultural do
Brasil. O objetivo do Registro propicia, pelos meios mais adequados à natureza do bem, sua
continuidade, com base na produção de conhecimento, documentação, reconhecimento,
valorização, apoio e fomento.
 
 O Maracatu de Baque Solto, de Pernambuco, é uma das manifestações artísticas
protegidas como Patrimônio Cultural do Brasil que constam no Livro de Registro das Formas
de Expressão do IPHAN.
As propostas de registro devem ser coletivas, envolvendo, sempre que possível, a
representação dos detentores dos bens em questão e sendo, obrigatoriamente, acompanhadas
pela manifestação de sua anuência. Nas propostas, deve constar descrição pormenorizada do
bem a ser registrado, acompanhada de documentação correspondente, na qual se mencione
todos os seus elementos culturalmente relevantes. Uma vez recebidas pelo IPHAN, essas
propostas são avaliadas em caráter preliminar e, se julgadas procedentes, são encaminhadas
para instrução do respectivo processo administrativo.
 
 A Ritxòkò – expressão artística e cosmológica do povo Karajá – foi inscrita no Livro de
Registro das Formas de Expressão do IPHAN em 2012.
A instrução dos processos de Registro é sempre supervisionada pelo IPHAN. Consta de
descrição pormenorizada do bem a ser registrado, acompanhada da documentação
correspondente, e deve mencionar todos os elementos que lhe sejam culturalmente relevantes,
abrangendo o seu passado e o presente, e suas diferentes versões. Poderá ser feita por outros
órgãos do Ministério da Cultura, pelas unidades estaduais do IPHAN ou por entidade pública
ou privada habilitada a produzi-la.
Realizada a instrução do processo, o IPHAN emite parecer que é publicado no Diário Oficial da
União e na sua página na internet, para eventuais manifestações da sociedade sobre o
Registro. Decorridos trinta dias da publicação, o processo é encaminhado ao Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural para deliberação. Até o momento, são 48 bens registrados,
dentre eles: Samba de Roda do Recôncavo Baiano; Cachoeira de Iauaretê - Lugar Sagrado
dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri; Feira de Caruaru; Complexo Cultural do
Bumba meu Boi do Maranhão etc.
AÇÕES DE APOIO E FOMENTO
Para além da descrição detalhada dos principais “aspectos culturalmente relevantes” que
caracterizam o bem cultural submetido ao processo de registro, as pesquisas de identificação
procuram diagnosticar entraves e dificuldades que afligem a manifestação com o intuito de
promover projetos e ações de fomento capazes de garantir-lhe as condições sociais,
econômicas e ambientais necessárias para a sua reprodução e continuidade.
Tais ações, designadas de planos de salvaguarda, são, em linhas gerais, medidas
preocupadas em apoiar, de modo sustentável, a continuidade dos bens registrados,
compreendendo desde a promoção da inclusão social e melhoria da vida de produtores e
detentores de tais saberes, até ao auxílio para a organização comunitária ou intermediação no
acesso a matérias-primas importantes para determinada produção artesanal do lugar.
Requisito fundamental para a formulação e implementação dos planos de salvaguarda é a
ampla mobilização e participação dos detentores dos bens culturais registrados, atuando em
parceria com os poderes públicos (o Estado por meio do IPHAN e do MinC, e instituições
federais, estaduais e municipais) e organizações da sociedade.
SABERES E FAZERES
Apresentados os princípios gerais e os instrumentos de atuação que orientam as políticas de
patrimônio cultural no Brasil promovidas pelo IPHAN, passaremos, a seguir, a examinar dois
bens registrados pelo órgão, nos quais as dimensões dos saberes e fazeres tradicionais foram
destacadas como os elementos centrais tanto para a titulação do bem, quanto para a atuação
em suas respectivas salvaguardas. O melhor caminho para percebermos esses fazeres é
conhecer um pouco mais da história e do processo, então vamos lá!
 SAIBA MAIS
Quer conhecer um pouco dos procedimentos e bens registrados? Confira, na seção Explore+,
o PDF 2 – O Registro: instrumento de atuação na salvaguarda do patrimônio imaterial.
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 Imagem do Acervo IPHAN.
MODO DE FAZER VIOLA DE COCHO
O Modo de Fazer Viola de Cocho, tal como ele ocorre nos estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, foi registrado em 14 de janeiro de 2004, sendo inscrito no Livro de Registro dos
Saberes. Conforme descrição contida no Manual do INRC, “Ofícios e Modos de Fazer” são
definidos por atividades desenvolvidas por especialistas reconhecidos como conhecedores de
técnicas e de matérias-primas que identifiquem um grupo social ou uma localidade. Refere-se à
produção de objetos e à prestação de serviços que tenham sentidos práticos ou rituais,
indistintamente (Manual do INRC, 2000).
Esculpidas de modo inteiramente artesanal e com o uso de matérias-primas presentes na
vegetação nativa, os conhecimentos e as técnicas necessários para a confecção do
instrumento musical, que se associa ao Cururu e ao Siriri, manifestações culturais ligadas à
religiosidade e à brincadeira, foram salvaguardados pelo IPHAN por força de sua centralidade
na sensibilidade musical e sociabilidade festiva específica na região.
O nome Viola de Cocho se deve à técnica de escavação da caixa de ressonância do
instrumento, a partir de uma tora de madeira inteiriça, mesma técnica utilizada na fabricação de
cochos (recipientes em que se depositam o alimento do gado). Nesse cocho, já escavado no
formato de uma viola, são afixados um tampo e as demais partes que caracterizam o
instrumento, como cavalete, espelho, rastilho e cravelhas.
Os materiais utilizados na confecção do instrumento são encontrados no ecossistema regional:
para o corpo da viola, são utilizadas peças de madeira extraídas da vegetação nativa; para o
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espelho, cravelhas e pestanas são usados cedro, mogno, aroeira e outras madeiras; e, para o
tampo, a raiz de figueira e a teca (uma madeira asiática de ampla utilização, em especial na
construção de embarcações). Tradicionalmente, as madeiras são retiradas com machado,
porém o uso de motosserra tem otimizado o trabalho de corte e beneficiamento da matéria-
prima.
VEGETAÇÃO NATIVA
Comumente, a ximbuva e o sarã-de-leite, mas também a mangueira, o cedro-rosa e o
cajá-manga.
MOTOSSERRA
Comessa ferramenta podem ser cortadas aproximadamente dez violas de um único
tronco, ao passo que, com o machado, de uma árvore como o sarã, se ela for grossa,
fazem-se no máximo três violas, resultando em menor produção e maior perda.
 Exposição de Viola de Cocho para venda na porta da casa de Caetano Ribeiro, em Cuiabá
(MT), no ano de 2007. Foto: Edilberto Fonseca. Dossiê IPHAN 8 – Modo de Fazer Viola de
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Cocho.
Com cera de abelha preparavam-se os pontos, trastes feitos de barbante, para que se fixem
na madeira. Já com as tripas de algumas espécies de macacos eram feitas as cordas. Nas
últimas décadas, com exceção da madeira, esses materiais têm sido substituídos por produtos
industrializados, tais como cola industrial, cera industrial e linha de náilon para as cordas. A
utilização dos encordoamentos à base de tripa de animais e de fios de tucum está praticamente
extinta, tendo sido, devido à proibição da caça na região cuiabana e no Pantanal, substituída
pelo emprego de linha de pesca.
Alguns cururueiros gostavam mais da sonoridade das cordas de tripa; outros preferem as
cordas de náilon de pesca, por serem mais duráveis. Mesmo que com adaptações necessárias
relativas às matérias-primas, os artesãos conservam as técnicas e os conhecimentos
fundamentais oferecidos pelo saber tradicional.
A viola, sempre de fabricação artesanal, é usada principalmente por músicos das camadas
populares em suas festas e seus divertimentos tradicionais. Nas festas católicas de Mato
Grosso, por exemplo, especialmente as do ciclo joanino, há sempre uma roda de cururu ou de
siriri, nas quais a Viola de Cocho aparece como o principal instrumento.
 
 Detalhe: as fitas coloridas amarradas no cabo indicam o número de rodas de cururu em
que a viola foi tocada em homenagem a algum santo – que possui, cada qual, sua cor
particular.
Elas podem ser decoradas com temas do pantanal, desenhadas a fogo e pintadas com tinta
colorida, ou bem branquinhas, na madeira crua, com ou sem verniz. As fitas coloridas
amarradas no cabo indicam o número de rodas de cururu em que a viola foi tocada em
devoção a algum santo, tendo cada qual sua cor particular.
A titulação do bem não incidiu sobre o instrumento, mas sim sobre os conhecimentos e as
técnicas tradicionais que envolvem a sua fabricação. As pesquisas que subsidiaram o processo
de registro detectaram o risco de desaparecimento da Viola de Cocho pela idade avançada dos
detentores desse saber.
No momento do registro, eram poucos os especialistas que ainda detinham os conhecimentos
e as técnicas exigidos para a confecção dos instrumentos. Como garantir a reprodução e a
continuidade do bem nessas circunstâncias? Que estratégias de atuação devem ser
implementadas para reverter o quadro indicado?
DENTRE AS AÇÕES DE SALVAGUARDA CONDUZIDAS PELO
IPHAN, FORAM REALIZADAS OFICINAS DE TRANSMISSÃO DE
SABERES, ENVOLVENDO MESTRES EXPERIENTES E JOVENS
INTERESSADOS EM APRENDER OS RUDIMENTOS DO
PROCESSO DE FABRICAÇÃO. NESSES ESPAÇOS DE TROCAS
DE CONHECIMENTOS, FOI POSSÍVEL GARANTIR A
TRANSMISSÃO DE CONTEÚDOS RELATIVOS AO CORTE DA
MADEIRA E MANUSEIO ADEQUADO DOS INSTRUMENTOS.
DESSA MANEIRA, FICOU ASSEGURADA A PERMANÊNCIA
DOS SABERES, QUE FORAM TRANSMITIDOS AO MAIS
JOVENS.
A salvaguarda do processo de fabricação artesanal teve de ser ecologicamente sustentável e
fundada numa relação consciente do artesão com o meio ambiente. Para tal, foram formulados
planos de manejo sustentável das espécies vegetais que servem de matéria-prima para o
fabrico do instrumento, de modo a garantir a preservação do patrimônio ambiental da região.
Assim, foi elaborado um plano de manejo das espécies vegetais utilizadas na fabricação da
Viola de Cocho – a ximbuva e o xará-de-leite – e publicado um material didático sobre o
assunto.
A garantia do acesso às matérias-primas e da reprodução artesanal não são suficientes para
fortalecer a continuidade do modo de fazer do bem. As pesquisas que subsidiaram o registro
indicaram a necessidade de ações integradas à valorização da sonoridade desse instrumento e
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de suas funções nas celebrações tradicionais da região Centro-Oeste do Brasil. Nas festas
onde a Viola de Cocho se faz presente, o Cururu e o Siriri vêm perdendo espaço para outras
manifestações culturais em decorrência das pressões geradas pela cultura de massa.
Em vista disso, foram realizados festivais e premiações envolvendo a Viola de Cocho, de
maneira a destacar a importância do instrumento no imaginário sonoro e artístico da região
pantaneira. Com isso, os violeiros encontram respaldo e estímulo para seguir adiante com o
fabrico dos instrumentos e a participação em festas tradicionais.
A partir desse conjunto de ações, espera-se garantir as condições adequadas para que tanto o
fabrico do instrumento musical, quanto o seu uso em festas tradicionais permaneçam vigentes
e possam ser usufruídos por sucessivas gerações.
PLANOS DE MANEJO SUSTENTÁVEL
Em decorrência da legislação ambiental que determina a autorização para corte de
árvores, muitas vezes, os artesãos encontram-se na posição de ilegalidade por cortar
madeira ou com ela trabalhar sem esse licenciamento, dadas as dificuldades em obtê-lo
junto às instituições ambientais competentes.
 SAIBA MAIS
Quer conhecer outros exemplos de fazeres artesanais? Confira, na seção Explore+, o PDF 3 –
O caso do modo artesanal de fazer queijo em Minas, nas regiões do Serro, da Serra da
Canastra e do Salitre.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. A PARTIR DE 4 DE AGOSTO DE 2000, POR EFEITO DO DECRETO 3551,
QUE INSTITUIU O REGISTRO DE BENS CULTURAIS DE NATUREZA
IMATERIAL E CRIOU O PROGRAMA NACIONAL DE PATRIMÔNIO
IMATERIAL, O INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO
NACIONAL (IPHAN) VEM REALIZANDO POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS
PARA O RECONHECIMENTO, A VALORIZAÇÃO E O APOIO
SUSTENTÁVEL AOS CHAMADOS BENS CULTURAIS DE NATUREZA
IMATERIAL. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA NO QUE DIZ
RESPEITO ÀS ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO CITADO DECRETO:
A) Garantir a integridade física e manutenção das características originais dos bens culturais.
B) Produzir documentação por todos os meios técnicos admitidos e garantir a ampla
divulgação e promoção.
C) Realizar visitas técnicas, fiscalizações e, caso seja necessário, emissão de autorizações,
notificações e embargos.
D) Proceder ao pagamento de cachês e auxílios aos detentores dos bens culturais registrados.
E) Constituir uma rede de benesses àqueles que participam da manutenção de bens culturais.
2. A POLÍTICA DE SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO IMATERIAL POSSUI
UM CONJUNTO DE INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO QUE PERMITE AO
IPHAN LEVANTAR INFORMAÇÕES E GERAR CONHECIMENTO, REALIZAR
DIAGNÓSTICOS E IMPLEMENTAR POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS
PARA A SUSTENTABILIDADE DOS BENS DE NATUREZA IMATERIAL.
DENTRE OS INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO MOBILIZADOS PELO
ÓRGÃO, DESTACA-SE O INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS
CULTURAIS (INRC), METODOLOGIA DE PESQUISA QUE VEM SENDO
USADA DESDE 2000. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA NO QUE DIZ
RESPEITO ÀS POSSIBILIDADES DE SUBSÍDIOS OFERECIDOS PELA
APLICAÇÃO DE UM INRC:
A) Instrução de processos de registro; formulação de planos e ações de salvaguarda;
implementação de ações de apoio e fomento em atendimento a demandas sociais identificadas
no processo de inventário.
B) Instrução de processos de tombamento; formulação de projetos de restauração e
intervenção; realização de obras de reparo e conservação.
C) Diagnóstico socioeconômico dos bens; avaliação das condições sanitárias e de conforto nos
locais de sua ocorrência.
D) Avaliação e monitoramento de atividades comerciais e econômicas; recenseamento
demográfico e cadastramento de grupos.
E) Investigação das atividades econômicas relacionadas com o bem cultural; estímulo de sua
interseção com a economia regional.
GABARITO
1. A partir de 4 de agosto de 2000, por efeito do Decreto 3551, que instituiu o Registro de
Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o ProgramaNacional de Patrimônio
Imaterial, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) vem realizando
políticas públicas voltadas para o reconhecimento, a valorização e o apoio sustentável
aos chamados bens culturais de natureza imaterial. Assinale a alternativa correta no que
diz respeito às atribuições específicas do citado decreto:
A alternativa "B " está correta.
 
Comentário: O Decreto 3551 estabeleceu, em seu art. 6º, que ao “Ministério da Cultura cabe
assegurar ao bem registrado: I – documentação por todos os meios técnicos admitidos,
cabendo ao IPHAN manter banco de dados com o material produzido durante a instrução do
processo; II – ampla divulgação e promoção”. Por força da natureza dinâmica e processual dos
bens de natureza imaterial, não caberia ao IPHAN assegurar a manutenção de suas
características originais, tampouco garantir sua integridade física, atribuições que se adequam
melhor a bens de natureza material. De igual maneira, a política de salvaguarda estabelecida
pelo Decreto 3551 não prevê o pagamento de cachês e auxílios a grupos específicos, mas o
apoio à sustentabilidade do bem cultural por meio de ações e projetos de fomento que
contemplem dimensões e aspectos fragilizados. Dentre tais ações, o decreto estipulou a
garantia de produzir documentação (por meio de processos de identificação) e ampla
divulgação e promoção, que podem ser exercidas por meio de várias possibilidades.
2. A política de salvaguarda do patrimônio imaterial possui um conjunto de instrumentos
de atuação que permite ao IPHAN levantar informações e gerar conhecimento, realizar
diagnósticos e implementar políticas públicas voltadas para a sustentabilidade dos bens
de natureza imaterial. Dentre os instrumentos de atuação mobilizados pelo órgão,
destaca-se o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), metodologia de
pesquisa que vem sendo usada desde 2000. Assinale a alternativa correta no que diz
respeito às possibilidades de subsídios oferecidos pela aplicação de um INRC:
A alternativa "A " está correta.
 
Comentário: O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) é o principal instrumento
utilizado pelo IPHAN para a instrução de processos de registro, formulação de planos e ações
de salvaguarda, implementação de ações de apoio e fomento em atendimento a demandas
sociais identificadas no processo de inventário. Por meio do preenchimento de duas fichas, é
possível reunir e sistematizar informações decisivas não apenas sobre as características
culturalmente relevantes que definem um bem cultural, mas também realizar um diagnóstico de
suas demandas e fragilidades.
MÓDULO 3
 Identificar o processo de tombamento pelo IPHAN, a partir de exemplos de bens
materiais, com arquiteturas de diversas naturezas, bem como acervos.
Identificando conceitos
 Casa dos contos, em Ouro Preto (MG), edifício histórico tombado pelo IPHAN.
BENS TOMBADOS
Nos módulos anteriores, acompanhamos em detalhes o processo de implantação da política de
salvaguarda do patrimônio imaterial. Destacou-se a progressiva consolidação de
entendimentos e iniciativas que resultaram na promulgação do Decreto 3551/2000, assim como
os instrumentos de gestão da área, voltados para a manutenção das condições sociais e
ambientais que assegurem a continuidade dos bens de natureza imaterial.
Este módulo trata do chamado patrimônio de “pedra e cal”, isto é, os bens de natureza
material. Para tanto, teremos que retomar ao contexto de criação do IPHAN, pois o
tombamento e os mecanismos de atuação do órgão são anteriores ao Decreto 3551/2000.
Assim, vamos rever alguns pontos já destacados, mas a partir de um novo ângulo.
A criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (atualmente Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), por meio da promulgação da Lei nº 378, em 13 de
janeiro de 1937, com a finalidade de promover em todo o país, e de modo permanente, o
tombamento, a conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio
histórico e artístico nacional, foi motivada por uma série de fatores.
Desde meados da década de 1920, intelectuais alertavam sobre a depredação e o abandono
de monumentos e edificações históricas, assim como a evasão de objetos artísticos do Período
Colonial. Em resposta a essas demandas, foram criadas pelo poder público de alguns estados
Inspetorias Estaduais de Monumentos Históricos – em 1926, em Minas Gerais; em 1927, na
Bahia; em 1928, em Pernambuco. Por fim, por iniciativa do poder público federal, a cidade de
Ouro Preto foi elevada à categoria de Monumento Nacional em 1934.
Anos mais tarde, a publicação do Decreto nº 25, de 30 de novembro de 1937, organizou a
política de patrimônio em nível federal. A partir da década de 1930, com a centralização política
provocada pela Revolução de 1930 e intensificada com a instauração do Estado Novo (1937-
1945), surgiram as condições favoráveis para a criação de um órgão nacional de preservação
do patrimônio histórico e artístico nacional.
A chegada de Getúlio Vargas (1882-1954) iniciou uma expansão do aparato burocrático-
administrativo estatal no Brasil, com a criação de ministérios, secretarias, inspetorias,
superintendências, agências reguladoras etc. Durante os anos de 1930 e 1940, foram abertos
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ministérios, uma série de organismos vinculados em linha direta à Presidência da República e
uma rede de autarquias, conselhos, departamentos e comissões especiais.
Em meados do ano de 1936, Gustavo Capanema (1990-1985), então Ministro da Educação e
Saúde Pública, recebeu das mãos do advogado e jornalista mineiro Rodrigo Melo Franco de
Andrade (1898-1969) o texto do Decreto nº 25, que instituiu o órgão e definiu seus parâmetros
de atuação.
De acordo com o seu artigo 1º, “Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto
dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico” (Decreto-Lei nº
25/1937).
SERVIÇO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO NACIONAL
Ao longo de seus mais de oitenta anos de existência, o IPHAN assumiu diferentes
designações. Em 1946, o então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
passa a ser Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN); em 1970,
torna-se Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); em 1979, volta a
ser Secretaria; em 1981, passa a Subsecretaria, mantendo a sigla SPHAN; finalmente,
em 1994, readquire a designação de Instituto, permanecendo assim até os dias atuais.
Para fins didáticos, manteremos ao longo do texto a sigla IPHAN, desconsiderando as
sucessivas mudanças de nomenclatura indicadas.
POR MEIO DE SEU TOMBAMENTO, ISTO É, SUA INSCRIÇÃO
EM UM OU MAIS DOS LIVROS DO TOMBO, UM BEM DE
NATUREZA MATERIAL É RECONHECIDO COMO INTEGRANTE
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.
O tombamento é um ato declaratório, no qual se ressalta a importância de uma edificação, um
sítio ou conjunto urbano ou, ainda, conjunto de artefatos ou objetos que encarnam valores e de
grande importância para a história, memória e identidade cultural de nosso país. São também
sujeitos a tombamento os monumentos naturais, os sítios e as paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou
criados pela indústria humana.
 
 Museu Imperial, em Petrópolis (RJ).
Os bens tombados podem ser inscritos em um ou mais dos Livros do Tombo criados pelo
Decreto nº 25. São eles: Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Livro
do Tombo Histórico; Livro do Tombo de Belas Artes; Livro do Tombo das Artes
Aplicadas.
Qualquer pessoa física ou jurídica poderá solicitar o tombamento de um bem ao IPHAN,
bastando encaminhar correspondência à Superintendência do IPHAN em seu estado, à
Presidência do IPHAN,ou ao Ministério da Cultura. Para ser tombado, o bem passa por um
processo administrativo que analisa sua importância em âmbito nacional e, posteriormente, o
bem é inscrito em um ou mais Livros do Tombo.
Os bens tombados de natureza material estão sujeitos à fiscalização realizada pelo Instituto
para verificar suas condições de conservação, e qualquer intervenção nesses bens deve ser
previamente autorizada.
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LIVRO DO TOMBO ARQUEOLÓGICO,
ETNOGRÁFICO E PAISAGÍSTICO
São inscritos os bens culturais em função do valor arqueológico, relacionado a vestígios
da ocupação humana pré-histórica ou histórica; de valor etnográfico ou de referência para
determinados grupos sociais; e de valor paisagístico, englobando tanto áreas naturais,
quanto lugares criados pelo homem aos quais é atribuído valor à sua configuração
paisagística, mas também cidades ou conjuntos arquitetônicos que se destaquem por sua
relação com o território onde estão implantados.
LIVRO DO TOMBO HISTÓRICO
São inscritos os bens culturais em função do valor histórico. É formado pelo conjunto dos
bens móveis e imóveis existentes no Brasil e cuja conservação seja de interesse público
por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil. Reúne, especificamente, os
bens culturais em função do seu valor histórico que se dividem em bens imóveis e
móveis.
LIVRO DO TOMBO DE BELAS ARTES
São inscritos bens culturais em função do valor artístico. O termo belas-artes é aplicado
às artes de caráter não utilitário, opostas às artes aplicadas e às artes decorativas.
LIVRO DO TOMBO DAS ARTES APLICADAS
São inscritos os bens culturais em função do valor artístico, associado à função utilitária.
Essa denominação (em oposição às belas-artes) se refere à produção artística que se
orienta para a criação de objetos, peças e construções utilitárias.
BENS TOMBADOS DE NATUREZA MATERIAL
Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis, como cidades históricas,
sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções
arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos,
fotográficos e audiovisuais.
 
 Sítio Arqueológico da Pedra Preta, em Paranaíta (MT).
Sob a tutela do IPHAN, os bens tombados se subdividem em bens móveis e imóveis, entre os
quais estão conjuntos urbanos, edificações, coleções e acervos, equipamentos urbanos e de
infraestrutura, paisagens, ruínas, jardins e parques históricos, terreiros e sítios arqueológicos.
O objetivo do tombamento de um bem cultural é impedir sua destruição ou mutilação,
mantendo-o preservado para as gerações futuras.
A partir de 13 de janeiro de 1937, começa a funcionar oficialmente o então Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Do ponto de vista administrativo, sua estrutura
organizacional ficou composta da seguinte maneira: uma Divisão de Estudos de
Tombamento (DET), e a ela estavam vinculadas a Seção de Arte, a Seção de História, o
Arquivo Central e a Divisão de Conservação e Restauro (DCR), subdividida em Seção de
Projetos e Seção de Obras. Havia ainda quatro distritos, que deveriam reproduzir a estrutura
organizacional da “área central”, ainda que com equipes bastante reduzidas, ficando a maioria
dos assuntos sob a responsabilidade do próprio chefe do distrito.
Em sua maioria, os profissionais que se integraram aos quadros do IPHAN eram egressos ou
adeptos do movimento modernista, cujo pensamento estético e posições ideológicas se
baseavam em uma noção de identidade e cultura nacional marcada pela procura da
originalidade da nação.
De acordo com a narrativa definida pelos técnicos do IPHAN, a arte barroca foi eleita como a
expressão estética mais autêntica e a experiência colonial como o período fundador da vida
nacional. Outros estilos, como o neoclassicismo, por exemplo, foram colocados de lado. Essa
ênfase pode ser vislumbrada na grande quantidade de núcleos urbanos coloniais tombados
pelo órgão, como os conjuntos arquitetônicos e urbanísticos das cidades mineiras de Ouro
Preto, São João del-Rei, Serro, Tiradentes, Mariana, Diamantina, Congonhas do Campo.
 
 Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, uma das mais
representativas de Ouro Preto (MG) e sede do Museu Aleijadinho.
BENS TOMBADOS E A ARQUITETURA CIVIL E
MILITAR
Ao longo da chamada “Fase Heroica” (1937-1967), período de trinta anos em que o IPHAN foi
presidido por Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969), a atuação do órgão recaiu,
quase exclusivamente, sobre a proteção de edificações religiosas, militares e civis de tradição
luso-brasileira e associadas ao Período Colonial da história do Brasil.
 
 Forte dos Reis Magos, edificação militar histórica localizada na cidade de Natal (RN).
Em seus primeiros anos de atividade, o IPHAN tombou uma grande quantidade de bens:
Período Quantidade de bens
1938 215
1939 45
1940 15
Entre 1941 e 1955 111
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A partir de meados da década de 1970, o IPHAN passou a ser alvo de críticas, advindas de
movimentos sociais e intelectuais, que denunciavam o caráter elitista e a pouca
representatividade dessa política.
Em 1979, a fusão do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), Fundação Pró-Memória
e IPHAN, sob a direção de Aloísio Magalhães, promoveu uma inflexão nas políticas de
preservação, ao redefinir os critérios tradicionais que imperavam dentro do órgão, e assumiu
uma concepção ampliada de patrimônio.
Atualmente, são cerca de 100 cidades históricas protegidas, mais de mil bens tombados
individualmente – em especial edificações civis, religiosas e militares, obras de arte, imagens e
objetos sacros –, cerca de 15 mil sítios arqueológicos cadastrados em, como vimos, 48
manifestações culturais registradas como patrimônio imaterial.
O EXAME DE ALGUNS EXEMPLOS:
REPERTÓRIO E ESTRATÉGIAS
Embora tenhamos chamado a atenção para o predomínio de bens tombados associados à arte
barroca, indicaremos um conjunto de bens associados a diferentes estilos arquitetônicos e
artísticos, assim como segmentos e grupos distintos da sociedade brasileira a fim de revelar a
progressiva ampliação do conjunto acautelado pelo IPHAN.
ARQUITETURA CIVIL
CASA DE CHICO MENDES
Em 2011, o IPHAN realizou o primeiro tombamento no estado do Acre, com a inscrição da
Casa de Chico Mendes e de seu acervo (composto de móveis, roupas e livros de seu
proprietário), localizados no município de Xapuri, no Livro do Tombo Histórico. O tombamento
de uma pequena e simples casa de madeira tinha como objetivo ressaltar a importância
decisiva da figura de seu ilustre residente, o seringueiro e ativista socioambiental Francisco
Alves Mendes Filho (1944-1988), assim como a importância da identidade seringueira, isto é,
dos “povos da floresta” que habitam e trabalham na região.
CASA DE CHICO MENDES
Além do tombamento em nível federal, a Casa de Chico Mendes é também protegida em
nível estadual.
 
 Casa de Chico Mendes, na cidade de Xapuri (AC). Acervo IPHAN.
O imóvel, localizado no município de Xapuri, onde o seringueiro passou os últimos dois anos
de sua vida e onde foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, foi tombado mediante pedido
entregue ao IPHAN por sua filha e presidente do Instituto Chico Mendes, Elenira Mendes, em
conjunto com o Comitê Chico Mendes, representativo de mais de vinte instituições, entre elas o
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Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP), o Conselho Nacional
dos Seringueiros (CNS) e a União das Nações Indígenas do Acre e Sul do Amazonas (UNI).
Ao contrário da monumentalidade de outras edificações acauteladas pelo IPHAN, a Casa de
Chico Mendes é um imóvel singelo, que obedece a um sistema construtivo e padrão
arquitetônico tradicional da região, ainda de uso frequente. A casa cabocla em madeira coberta
de telha de barro possui apenas4m de largura e pode ser edificada em menos de uma
semana. Todo composto de tábuas verticais, inclusive as portas e janelas, o imóvel possui
telhado em formato de V, de telha francesa. Além da edificação, os objetos pessoais do
seringueiro e o mobiliário presente na casa também foram tombados.
 Vista geral da Rua Batista de Moraes, na cidade de Xapuri (AC).
A necessidade de proteção do imóvel deveu-se, de um lado, à descaracterização do bosque
que compõe a paisagem circundante, com a derrubada de algumas árvores e uma invasão
urbana; e, de outro, à importância de se estabelecer um marco edificado que simbolizasse a
luta travada por seu morador contra a devastação ambiental da região.
Para a preservação e conservação da edificação, o IPHAN promoveu recentemente obras de
restauro, além de estabelecer critérios para a definição da poligonal de entorno do monumento,
com o objetivo de garantir a preservação da visibilidade da casa de Chico Mendes. A área de
entorno de bens tombados é prevista e orientada pelo artigo 18 do Decreto-Lei nº 25 de 1937,
no que diz respeito à proteção de sua visibilidade no âmbito da paisagem na qual se encontra.
Em relação às obras na edificação, a Casa de Chico Mendes recebeu, após uma enchente que
a danificou, reforço estrutural dos pilares e amarrações nas junções da estrutura para garantir
sua estabilidade. Também foi feita a microdrenagem ao redor da edificação para minimizar os
efeitos da umidade sobre os pilares de madeira.
É interessante lembrar que são poucos os casos de tombamento, autorizados pelo IPHAN, de
residências ligadas a personalidades a fim de evitar que critérios técnicos e interesses políticos
se confundam. No exemplo da Casa de Chico Mendes, os motivos evocados, para além da
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importância de seu morador, foram questões de urbanização no entorno e a preservação da
memória e das práticas nos seringais da região.
ÁREA DE ENTORNO
Essa proteção ocorre mediante a criação de normas para os padrões de construção da
área, que são elaboradas a partir de estudos técnicos realizados pelos órgãos de
preservação do patrimônio cultural. Após a criação dessas normas e da poligonal da
área, a oficialidade se dá pela publicação no Diário Oficial por meio de uma Portaria. A
partir de então, as novas construções nessa área ficam sujeitas às normas e aos padrões
estabelecidos.
 Forte dos Reis Magos em Natal (RN). Fonte: Acervo IPHAN.
ARQUITETURA MILITAR
FORTE DOS REIS MAGOS
Estima-se que a construção do Forte dos Reis Magos, localizado na cidade de Natal (RN),
tenha sido iniciada em 6 de janeiro de 1598. Em 1630, documentos registram que ele estava
completamente concluído. A autoria do projeto é atribuída ao engenheiro-mor do Brasil,
Francisco de Farias Mesquita. Em formato de estrela de cinco pontas, o Forte dos Reis Magos
constitui o marco inicial da cidade de Natal, fundada em 25 de dezembro de 1599,
representando um bem cultural importante para a história e a ocupação da região.
No Brasil, foram construídas centenas de fortificações a partir do século XVI, no litoral e em
pontos estratégicos do interior e das áreas de fronteira. As fortalezas são as grandes
edificações militares, com duas ou mais baterias de canhões instaladas em pontos diferentes
no interior da construção, onde existem vários prédios, torre de observação, entre outras obras.
Algumas se tornaram parte da paisagem urbana, o que ocorreu com a Fortaleza de Nossa
Senhora da Assunção, ao redor da qual cresceu a cidade de Fortaleza, capital do Ceará.
Após sofrer um contínuo processo de degradação, o Forte dos Reis Magos foi tombado pelo
IPHAN em 1949, sendo inscrito no Livro do Tombo Histórico. Na certidão de tombamento do
bem, podemos ler sobre sua construção em 1598, em estacada e areia solta, e sua posterior
reforma por Francisco de Frias da Mesquita, engenheiro-mor e dirigente das obras de
fortificações do Brasil (1603-1634), com a substituição de taipa por pedra, concluindo as obras
em 1628.
 
 Forte dos Reis Magos em Natal (RN). Fonte: Acervo IPHAN.
O desenho da planta, de autoria de Gaspar de Samperes, possuía a forma clássica do forte
marítimo: um polígono estrelado, no qual o ângulo reentrante ficava na direção norte. A casa
de pólvora, com traço primitivo do arquiteto-mor Francisco Farias, se localiza no centro da
praça de armas. A construção, em três pavimentos, tem cobertura de quatro águas e escada
de pedra. O acesso ao forte é feito por uma passarela ou ponte, da praia ao passadiço e, a
partir daí, através de arcada à direita, que sai para um corredor. Possui escada para terrapleno
e portão para praça.
 
 Vista interna do Forte dos Reis Magos.
Entre 1953 e 1958, foi objeto de obras de restauração, a fim de minimizar sua deterioração.
Desde a década de 1960, passou a ser administrado pela Fundação José Augusto/Governo
Estadual do Rio Grande do Norte. Em 2013, a gestão da fortificação passou para o IPHAN, que
realizou pesquisa arqueológica e histórica e elaborou o projeto de restauro da edificação,
visando à preservação de um dos bens culturais mais expressivos do Brasil, permitindo sua
apropriação pela sociedade.
Em 2018, em acordo entre a União e o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, a gestão
do Forte dos Reis Magos voltou a ser de responsabilidade da Fundação José Augusto.
BENS TOMBADOS: ARQUITETURA
RELIGIOSA E ACERVOS E COLEÇÕES
ILÊ AXÉ IYÁ NASSÔ OKÁ, TERREIRO DA CASA
BRANCA DO ENGENHO VELHO
O tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho,
localizado em Salvador (BA), no ano de 1984, representou um ponto de inflexão nas políticas
de preservação de bens culturais materiais. Até então, apenas edificações religiosas católicas
haviam sido incluídas no repertório de bens representativos do patrimônio cultural brasileiro.
 
 Bem cultural Casa Branca do Engenho Velho, Salvador (BA).
O Terreiro da Casa Branca foi o primeiro monumento negro tombado pelo IPHAN, abrindo o
caminho para outros, nos anos seguintes. Com isso, o repertório de bens culturais tombados
passou, ainda que timidamente, a ser mais inclusivo e plural, abrigando exemplares de
monumentos vinculados aos demais grupos formadores da sociedade brasileira.
 
 Casa Branca em dia de festa de Oxóssi em 1985. Foto: Cedoc, publicada no jornal A
TARDE em 07 jun. de 1985.
Os motivos que levaram ao tombamento do conjunto de edificações religiosas que compõem o
Terreiro da Casa Branca se subordinam a dois fatores correlacionados: a relevância e
centralidade de seu conjunto edificado para as religiões de matriz afro-brasileira; e o
acirramento da especulação imobiliária na área do terreno.
Localizado às margens da Avenida Vasco da Gama, em Salvador, o terreno onde ainda se
situa o Casa Branca vinha sendo, à época, progressivamente desmembrado pela construção e
ocupação irregular de edificações em seu entorno, representando um risco para as árvores
sagradas centenárias do terreiro.
Além disso, o suposto proprietário do lote, Hermógenes Príncipe de Oliveira, rico dono de
terras em Salvador, residente no Rio de Janeiro, vinha ameaçando as lideranças religiosas de
despejo, sob a alegação de que a parcela lhe pertencia e que poderia apresentar seus
documentos de posse. Pesquisas em cartórios de registros de imóveis, contudo, revelaram que
a doação das terras que compreendem o terreiro foi anterior à aquisição feita por Hermógenes
Príncipe de Oliveira.
 
 Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Casa Branca do Engenho Velho, Salvador (BA).
Com efeito, o Terreiro da Casa Branca teria sido o primeiro a funcionar regularmente na Bahia,
desde a primeira metade do século XIX, sendo matriz de outros terreiros da tradição nagô que
se formaram a partir dele. De acordo com estudiosos, sua fundação foi realizada por três
mulheres africanas, trazidas como escravas para o Brasil, que mantiveram a tradição de seus
cultos em meio às condições desumanas do regime escravista.
 
 Coroa de Xangô, no interiordo barracão.
De grande notoriedade na capital baiana, o Terreiro da Casa Branca sempre foi frequentado
por figuras de destaque, pesquisadores e, mais recentemente, turistas. A celeuma ao redor do
tombamento do Terreiro da Casa Branca mobilizou a grande imprensa, os intelectuais e as
lideranças de movimentos sociais, que saíram em sua defesa.
Reivindicando a relevância do Candomblé como um sistema religioso fundamental na
constituição da identidade de significativas parcelas da sociedade brasileira, o tombamento do
bem ocorreu em 25 de maio de 1984, a partir de decisão conferida pelo Conselho Consultivo
do IPHAN. O relator do processo, o antropólogo Gilberto Velho, defendeu a importância de se
incluir o Terreiro da Casa Branca no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico,
por força de sua antiguidade e importância como matriz religiosa, de onde se originaram alguns
dos principais terreiros, não só da Bahia, mas do país como um todo. Segundo o relator, o
terreiro expressava com vigor tradições de origem africana, um espaço sagrado onde
edificações, árvores e paisagens constituíam um todo integrado.
Por se tratar de um conjunto edificado em plena atividade, com seus fiéis, sacerdotes e rituais
em intenso dinamismo, o relator recomendava que:
CITAÇÃO
O ACOMPANHAMENTO E A SUPERVISÃO DO IPHAN
DEVEM, MANTENDO SEUS ELEVADOS PADRÕES,
INCORPORAR UMA POSTURA ADEQUADAMENTE
FLEXÍVEL, DIANTE DESSE FENÔMENO RELIGIOSO.
[...] ESTA SACRALIDADE, NO ENTANTO, NÃO É
SINÔNIMO DE IMUTABILIDADE, POIS SERÃO AS
PRÓPRIAS INTERPRETAÇÕES DO GRUPO QUE
DEVERÃO FORNECER AS REFERÊNCIAS AO APOIO
DO ESTADO. ISSO NÃO SIGNIFICA ABRIR MÃO DA
SERIEDADE DAS NORMAS DO IPHAN, MAS SIM
PROCURAR UMA ADEQUAÇÃO PARA LIDAR COM O
FENÔMENO SOCIAL EM PERMANENTE PROCESSO DE
MUDANÇA.
(VELHO, 2015)
A proteção conferida ao Terreiro da Casa Branca marcou não apenas uma inflexão nas
políticas de preservação, mas também a adoção de uma perspectiva mais alargada e flexível,
admitindo que um conjunto de edificações em pleno uso e suscetíveis a transformações
pudesse figurar entre os bens tombados. Desde então, as intervenções do IPHAN sempre
foram conduzidas de acordo com as decisões dos adeptos da casa de culto.
ACERVOS E COLEÇÕES
Como vimos, além de bens móveis e imóveis e monumentos naturais, sítios e paisagens, o
IPHAN também preservou acervos e coleções artísticas e científicas. Dentre os acervos
tombados pelo IPHAN, destaca-se a coleção arqueológica e etnográfica do Museu Paraense
Emílio Goeldi, inscrita no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 30 de
maio de 1940, devido ao seu inestimável valor para a Ciência e a História do Brasil,
particularmente para o conhecimento da diversidade biológica e cultural da região amazônica.
Uma das mais antigas instituições de estudos científicos do Brasil, o Museu Emílio Goeldi foi
fundado em 1866, quando o naturalista mineiro Domingos Soares Ferreira Penna, radicado no
Pará, organizou uma associação cultural para recolher e preservar coleções etnográficas e
arqueológicas. Contribuiu muito para isso a estada em Belém do naturalista suíço Luiz Agassiz
em fins de 1885.
 
 Museu Paraense Emílio Goeldi, localizado em Belém (PA).
Em 1888, o governo fechou o Museu por achar que era uma repartição inútil. Em 1891, o então
Museu Paraense foi reinaugurado, ocupando um prédio contíguo ao antigo Liceu Paraense
(atual Colégio Estadual Paes de Carvalho). Três anos depois, o suíço Emílio Goeldi assumia
sua direção. O Decreto do governo de 1894, estabeleceu uma nova estrutura sob a inspiração
de Goeldi.
Em 1895, todo o acervo do Museu era transferido para uma área situada entre as Avenidas
Independência e Gentil Bittencourt, sendo mais tarde adquirido todo o quadrilátero atual. Em
1896, foi implantado no Parque Zoobotânico um serviço meteorológico. De 1894 a 1921, o
museu desenvolveu pesquisas nas suas diversas áreas, sendo grande parte da Amazônia
visitada.
Também é preciso destacar uma das suas maiores contribuições ao Brasil: a questão
relacionada com o secular litígio com a França quanto ao domínio do antigo contestado da
Guiana Brasileira (atual Amapá), pois, entre 1895 e 1896, os pesquisadores do Museu
realizaram um importante levantamento científico da região conflagrada. Os resultados obtidos
foram decisivos para o melhor conhecimento do Amapá, tanto quanto vieram reforçar a defesa
dos interesses brasileiros defendidos pelo Barão do Rio Branco.
Por conta da crise da borracha e da Primeira Guerra Mundial, acontecimentos que devastaram
a economia do país e principalmente a da região amazônica, o museu passou por um grande
período de estagnação e decadência, somente se recuperando em 1930. Por igual crise
passou após a Segunda Guerra Mundial, declinando assustadoramente para uma decadência
completa.
Em 1951, com a criação do Conselho Nacional de Pesquisas, o museu se recuperou, sofrendo
uma transformação de caráter científico, reforçada pela criação, em 1952, do INPA (Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia). A partir de 1955, as coleções científicas foram
largamente ampliadas. O antropólogo Eduardo Galvão, durante sua gestão à frente do museu,
procedeu à separação e nova ordenação dos acervos, a partir de critérios mais modernos e em
concordância com o avanço do conhecimento na área da Antropologia. Atualmente, o acervo
está distribuído de acordo com as seguintes seções: acervo etnográfico, acervo
arqueológico e acervo linguístico.
ACERVO ETNOGRÁFICO
Composto por mais de 15 mil objetos oriundos de 120 povos indígenas, principalmente da
Amazônia brasileira, e em menor proporção da Amazônia peruana e da colombiana;
também guarda objetos dos Saramacá do Suriname e de populações tradicionais no
Brasil, como quilombolas, ribeirinhos e pescadores, além de uma importante coleção de
objetos africanos que chegou ao Brasil no final do século XIX.
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ACERVO ARQUEOLÓGICO
Formado por aproximadamente 120 mil objetos e dois milhões de fragmentos
procedentes de diversas regiões da Amazônia. A maior parte do acervo é formada por
coleções de cerâmicas arqueológicas (vasilhas, urnas funerárias, estatuetas etc.),
contando também com artefatos líticos (como pontas de flecha, lâminas de machado,
muiraquitãs etc.), faianças, vidros, metais e materiais osteológicos – ossos humanos e
animais.
ACERVO LINGUÍSTICO
Iniciado na década de 1960, formou-se gradativamente em torno de registros
audiovisuais de falas, cantos e outras formas de expressão linguística e cultural dos
povos indígenas da Amazônia. Atualmente o acervo contém acima de 20.000 itens
referentes a aproximadamente 80 línguas/etnias indígenas.
Identificando conceitos
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O PRINCIPAL INSTRUMENTO JURÍDICO-ADMINISTRATIVO DE
ATUAÇÃO UTILIZADO PELO IPHAN NA PRESERVAÇÃO DE BENS DE
NATUREZA MATERIAL É O DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO
DE 1937. A SEU RESPEITO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) O Decreto-Lei nº 25 criou o Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o Livro
do Tombo Histórico e o Livro do Tombo das Belas Artes.
B) São também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e as
paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados
pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
C) O objetivo do tombamento é garantir o uso social de espaços apropriados por práticas e
atividades de naturezas variadas.
D) São partes legítimas para a solicitação de um pedido de tombamento o Ministro de Estado
da Cultura; as instituições vinculadas ao Ministério da Cultura; as Secretarias de Estado, de
Município e do Distrito Federal; as sociedades ou associações civis.
E) O Decreto-Lei nº 25 informa que estão sujeitos a tombamento apenas bens de natureza
material para a feitura de trabalho humano e grupos sociais identificados no momento do
processo de solicitação ao IPHAN.
2. O TOMBAMENTO DO ILÊ AXÉIYÁ NASSÔ OKÁ, TERREIRO DA CASA
BRANCA DO ENGENHO VELHO, NA CIDADE DE SALVADOR, NO ANO DE
1984, REPRESENTOU UMA INFLEXÃO NAS POLÍTICAS DE
PRESERVAÇÃO CONDUZIDAS PELO IPHAN. A PARTIR DE ENTÃO, A
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO MATERIAL PASSOU A ABRIGAR
EDIFICAÇÕES OU CONJUNTOS EDIFICADOS LIGADOS A RELIGIÕES DE
MATRIZ AFRO-BRASILEIRA. ASSINALE, NAS ALTERNATIVAS ABAIXO,
AS CAUSAS PRINCIPAIS QUE LEVARAM AO TOMBAMENTO DO
TERREIRO DA CASA BRANCA DO ENGENHO NOVO:
A) O impacto causado pela especulação imobiliária e sua relevância como casa matricial para
religiões afro-baianas.
B) O progressivo desaparecimento das práticas religiosas e as dificuldades de manutenção
econômica do terreiro.
C) A incidência cada vez mais acentuada de atos de vandalismo e de intolerância religiosa.
D) O atendimento a uma demanda política advinda de setores da elite local, interessados em
capitalizar dividendos eleitorais com a repercussão do tombamento.
E) A dificuldade de manter a estrutura física da edificação pelos grupos sociais envolvidos com
o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, por este continuar sendo utilizado por fiéis.
GABARITO
1. O principal instrumento jurídico-administrativo de atuação utilizado pelo IPHAN na
preservação de bens de natureza material é o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de
1937. A seu respeito, assinale a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Comentário: O tombamento de um bem material se faz a partir de sua inscrição nos quatro
Livros do Tombo criados pelo Decreto-Lei 25/1937, a saber: Livro do Tombo Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico, o Livro do Tombo Histórico e o Livro do Tombo das Belas Artes e
Livro do Tombo das Artes Aplicadas. A inscrição de um bem material em cada um deles tem
como objetivo garantir a sua integridade física, impedindo sua destruição e mutilação. Além dos
bens móveis e imóveis, estão também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, os
sítios e as paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham
sido dotados pela natureza ou criados pela indústria humana. Ao contrário do registro, em que
os pedidos são feitos por sociedades e associações civis, qualquer pessoa física ou jurídica
poderá solicitar o tombamento de um bem ao IPHAN, bastando, para tanto, encaminhar
correspondência à Superintendência do IPHAN em seu estado, à Presidência do IPHAN ou ao
Ministério da Cultura. Para ser tombado, o bem passa por um processo administrativo que
analisa sua importância em âmbito nacional e, posteriormente, o bem é inscrito em um ou mais
Livros do Tombo.
2. O tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho,
na cidade de Salvador, no ano de 1984, representou uma inflexão nas políticas de
preservação conduzidas pelo IPHAN. A partir de então, a preservação do patrimônio
material passou a abrigar edificações ou conjuntos edificados ligados a religiões de
matriz afro-brasileira. Assinale, nas alternativas abaixo, as causas principais que
levaram ao tombamento do Terreiro da Casa Branca do Engenho Novo:
A alternativa "A " está correta.
 
Comentário: O tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Terreiro da Casa Branca do Engenho
Velho, foi motivado pela presença de uma intensa especulação imobiliária em seu entorno,
assim como sua centralidade para as religiões de matriz afro-brasileira na Bahia. Conforme
vimos, a área em que o terreiro se localiza foi progressivamente cercada por construções –
parte das quais irregulares – e passou a ser valorizada com a expansão da malha urbana da
cidade de Salvador. Além disso, o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho comparece
como uma referência central para as práticas e a cosmologia religiosa afro-brasileira desde o
começo do século XX, sendo destacado por intelectuais e estudiosos como o mais antigo dos
terreiros de Salvador.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, você teve uma experiência sobre as práticas atuais de preservação do patrimônio
cultural. Primeiro, vivendo um pouco da história do IPHAN e de como chegamos às regras
atuais de registros de bens.
Em seguida, reconheceu o que o Patrimônio Histórico Brasileiro precisa para ter seu registro e
as práticas associadas ao compromisso dos registros e dos saberes que eles representam.
Por fim, percebeu como os espaços são vivos e constantemente discutidos e retrabalhados,
não representando o seu tombamento a cristalização de uma memória, mas o envolvimento do
espaço em um conjunto de ações vinculadas ao patrimônio.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CURY, I. (Org.) Cartas Patrimoniais. 3. ed. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.
FONSECA, M. C. L. Três anos de existência do Decreto 3.551/2000. In: O Registro do
Patrimônio Imaterial: Dossiê final das atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho
Patrimônio Imaterial. Brasília: Ministério da Cultura/ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, 2003.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Manual do Inventário
Nacional de Referências Culturais. Brasília: Departamento de Identificação e Documentação
do IPHAN, 2000.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. O Registro do
Patrimônio Imaterial. Dossiê Final das atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho
Patrimônio Imaterial. Brasília: MinC/IPHAN, 2012.
SANT’ANNA, M. A face imaterial do patrimônio cultural: os novos instrumentos de
reconhecimento e valorização. In: ABREU, R.; CHAGAS, M. (Orgs.) Memória e patrimônio:
ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A., 2003.
VELHO, G. Parecer do Conselheiro Gilberto Cardoso Alves Velho. In: Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Políticas de Acautelamento do IPHAN: Ilê Axé Iyá
Nassô Oká: Terreiro da Casa Branca. Salvador, BA: IPHAN, 2015.
EXPLORE+
Para ampliar seus conhecimentos sobre os bens registrados discutidos neste tema, sugerimos
a consulta aos seguintes dossiês produzidos pelo IPHAN:
Dossiê IPHAN 9 – Feira de Caruaru
Dossiê IPHAN 1 – Círio de Nazaré
Dossiê IPHAN 8 – Modo de Fazer Viola de Cocho
Dossiê IPHAN 15 – Tambor de Crioula do Maranhão
Dossiê IPHAN 11 – Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas, nas regiões do Serro, da
Serra da Canastra e do Salitre
Ver PDF (Foram sinalizados ao longo do texto)
Lista
Artigo 1 - BREVE RETROSPECTO HISTÓRICO O DECRETO 3551/2000
Artigo 2 - O REGISTRO INSTRUMENTO DE ATUAÇÕES NA SALVAGUARDA DO
PATRIMÔNIO IMATERIAL
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Artigo 3 - O CASO DO MODO ARTESANAL DE FAZER QUEIJO EM MINAS, NAS
REGIÕES DO SERRO, DA SERRA DA CANASTRA E DO SALITRE
Artigo 4 - LIVRO DAS CELEBRAÇÕES O CASO DO CÍRIO DE NAZARÉ
Artigo 5 - LIVRO DE REGISTRO DE LUGARES E A FEIRA DE CARUARU
Artigo 6 - ARQUITETURA CIVIL UMA ANÁLISE DO TOMBAMENTO DO TEATRO
JOSÉ DE ALENCAR
Artigo 7 - IGREJA SÃO FRANCISCO DE ASSIS TOMBAMENTO DE EDIFÍCIO
RELIGIOSO
CONTEUDISTA
Rodrigo Martins Ramassote
 CURRÍCULO LATTES
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