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Disciplina: Ciência, Tecnologia e Sociedade Docente: Dr. Angelo Marcos Queiroz Prates Resenha | Era dos Extremos – Eric Hobsbawn Capítulo 18 - Feiticeiros e aprendizes: as ciências naturais Hobsbawn inicia o capítulo declarando que o século XX foi o período da história com maior influência e dependência das ciências naturais. No mesmo período, o número de cientistas passou a crescer de maneira exacerbada, e estes eram selecionados por suas teses doutorais. A parte majoritária dos trabalhos científicos era publicada em quatro idiomas: inglês, russo, francês e alemão. Em contrapartida, surgiram inúmeros cientistas não europeus, com exceção a África e a América Latina, que ainda produziam poucos cientistas. A língua universal utilizada nas ciências naturais ajudou a concentrá-las em Estados ricos e desenvolvidos, na medida em que estes gastaram ¾ dos orçamentos do mundo em pesquisa e desenvolvimento, em disparidade com os países em desenvolvimento, que gastavam cerca de 3%. Aos poucos a ciência foi se centralizando, acredita-se que por razões de eficiência (concentração de recursos e pessoas) e aumento na educação superior, que colaborou para o estabelecimento de uma hierarquia: a elite intelectual, concentrada em poucos centros subsidiados. Hobsbawn também cita que as descobertas científicas realizadas nos séculos XVII, XVIII e XIX foram essenciais à indústria e às comunicações, bem como para o avanço tecnológico. No século XX, a tecnologia com base na teoria e pesquisa dominou o apogeu econômico, mesmo momento em que se notou a impossibilidade de dispersão de algumas descobertas (como as biotecnológicas, por exemplo), em razão da dificuldade de parte majoritária das pessoas em entender suas implicações práticas. Com o passar do tempo, novos avanços científicos foram ocorrendo em espaços de tempo cada vez menores, traduzindo esquemas e maquinários extremamente complexos em facilidades e operações extremamente simples para os humanos. Assim, a realidade em que atividades humanas são capazes de produzirem resultados sobre-humanos foi se difundindo e se tornando cada vez mais aceita. Contrariamente, Eric expõe o paradoxo de que o século XX não se sentia à vontade com a ciência, embora ela tenha sido a mais extraordinária realização. No plano de fundo do progresso das ciências naturais, eram crescentes os sentimentos de desconfiança e medo que propulsionavam o surgimento da anticiência. O autor explicita que os regimes totalitários rejeitavam a ciência, cada qual a sua maneira, mesmo quando a utilizavam para fins tecnológicos, uma vez que desafiavam visões de mundo e valores expressos em verdades. Quaisquer que fossem as naturezas dos questionamentos ou discordâncias aos regimes vigentes obtinham como tratativa o uso exacerbado da violência, a exemplo disso é citado o geneticista soviético Nicolai Ivanovich Vavilov, que morreu em um campo de trabalho por discordar de Lisenko, um biólogo que conquistou a simpatia das autoridades políticas à época por acreditar em teorias que afirmavam os valores do regime. Nesse panorama, é evidente que, de regime nacional-socialista até soviético, o intuito era fazer com que os cidadãos aceitassem suas doutrinas, e por esse motivo surge o desconforto com relação à ciência e as tentativas de tentar molda-la. Tais medidas foram contraprodutivas, pois se provaram ineficazes e, muitas vezes, catastróficas. Por fim, Hobsbawn evidencia a ruptura do entendimento de que, se uma teoria científica é refutada, logo toda a ciência pode ser invalidada. O mundo está em constante evolução, os avanços tecnológicos ocorrem o tempo inteiro, de modo que é esperado que a ciência evolua e as teorias existentes sejam complementadas e/ou abram espaço para outras que façam mais sentido.
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