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Saúde Hospitalar - EAD (1) (1)

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SAÚDE HOSPITALAR
PROF.A MA. CARMELA SLAVUTZKY
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Camila Adão barbosa
Camila Cristiane Moreschi
Fernando Sachetti Bomfim
Patrícia Garcia Costa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1. PROCESSO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL NOS CONTEXTOS HOSPITALARES ............................................. 5
1.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NOS CONTEXTOS HOSPITALARES ......................... 5
1.1.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NOS CONTEXTOS HOSPITALARES ........................................... 8
1.1.2 PROCESSO DE AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO DA TERAPIA OCUPACIONAL NOS CONTEXTOS 
HOSPITALARES ......................................................................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................12
TERAPIA OCUPACIONAL EM 
CONTEXTOS HOSPITALARES
PROF.A MA. CARMELA SLAVUTZKY
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
SAÚDE HOSPITALAR
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A disciplina de Saúde Hospitalar tratará sobre a atuação do Terapeuta Ocupacional nos 
Contextos Hospitalares. Serão trazidos casos de minha experiência pessoal como Terapeuta 
Ocupacional no âmbito hospitalar, tanto relatos de casos de pacientes quanto relatos de casos que 
ocorreram com equipes multidisciplinares. O objetivo será ilustrar melhor a disciplina. 
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), a Terapia Ocupacional foi uma pro� ssão 
formalmente constituída na América do Norte, na segunda década do século XX, tendo tido os 
hospitais civis e militares como seus primeiros campos de atuação.
Ainda segundo os autores, no Brasil, os hospitais foram também os primeiros contextos 
da prática pro� ssional dos terapeutas ocupacionais, tanto os psiquiátricos quanto os gerais, com 
per� l destinado às práticas de reabilitação. 
A atuação do Terapeuta Ocupacional em contextos hospitalares, ainda segundo os 
mesmos autores, visa
[...] à proteção, promoção, recuperação, reabilitação e cuidados paliativos, 
do indivíduo e da coletividade, pautado na concepção da integridade e da 
humanização da atenção à saúde realizada por meio do diagnóstico terapêutico 
ocupacional, bem como a seleção, execução e utilização de métodos, técnicas 
e recursos pertinentes e adequados aos contextos hospitalares (DE CARLO; 
RODRIGUES; KUDO, 2018).
Portanto, a promoção de saúde em contextos hospitalares exige que a Terapia Ocupacional 
busque alternativas para potencializar a qualidade de vida do paciente/usuário através da 
ressigni� cação do seu cotidiano, considerando sua história de vida, seus valores culturais e 
sociais, suas preferências e potencialidades.
Ou seja, a atuação do Terapeuta Ocupacional deve estar de acordo com a ética e metodologia 
adequada para desenvolver um atendimento adequado dentro dos contextos hospitalares.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. PROCESSO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL NOS CONTEXTOS 
HOSPITALARES
O terapeuta ocupacional, dentro dos processos e contextos hospitalares, desenvolve um 
importante papel em sua equipe e com os pacientes/usuários.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), o processo terapêutico ocupacional pode 
assumir diferentes perspectivas conforme a complexidade da instituição hospitalar na qual 
se insere, as características da população atendida e da equipe multipro� ssional assistente, a 
formação pro� ssional do terapeuta ocupacional e suas opções teórico-metodológicas.
Na equipe multidisciplinar, por exemplo, em minha experiência hospitalar, auxiliei a 
instituir uma reunião de equipe semanal, na Unidade de Saúde Mental, uma vez que não havia 
reuniões e, por esse motivo, a equipe não trabalhava de forma coesa. 
As reuniões se iniciaram no começo do ano de 2021 (no mês de março) e já se notou 
diferença no tratamento dos pacientes e na relação entre a equipe.
Nos contextos hospitalares, o terapeuta ocupacional assume um importante papel, tanto 
em promover a saúde mental dos pacientes/usuários quanto em melhorar a questão física e de 
reabilitação. 
Ainda segundo os autores, o processo terapêutico em contextos hospitalares contempla 
diversos procedimentos realizados pelo terapeuta ocupacional, como: consulta, avaliação e 
atendimento individual ou grupal com a clientela hospitalizada. O terapeuta ocupacional também 
pode atender os familiares e cuidadores. 
Em minha experiência com grupo de familiares e atendimentos individuais de familiares/
cuidadores, o papel do Terapeuta Ocupacional é fundamental uma vez que esse pro� ssional 
permanece um período maior do que outros pro� ssionais e pode observar diversas situações 
com o paciente para melhor atender o familiar/cuidador em suas dúvidas e anseios.
Além disso, segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), há a prescrição de dispositivos e 
adaptações, orientações na programação de alta hospitalar, ações de humanização e ambientação, 
entre outros projetos de natureza multipro� ssional e interdisciplinar.
Portanto, é grande a atuação do Terapeuta Ocupacional nos contextos hospitalares, 
sempre ressaltando sua importância dentro da equipe multidisciplinar, na qual esse pro� ssional 
pode auxiliar no bom andamento da equipe, criando projetos inovadores e contribuindo com o 
tratamento dos pacientes/usuários.
1.1 Áreas de Atuação do Terapeuta Ocupacional nos Contextos Hospitalares
O terapeuta ocupacional nos contextos hospitalares tem o objetivo de visar à
[...] proteção, promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e cuidados 
paliativos, do indivíduo e da coletividade, pautado na concepção de integralidade 
e humanização da atenção à saúde realizada por meio do diagnóstico terapêutico 
ocupacional, bem como a seleção, execução e utilização de métodos, técnicas 
e recursos pertinentes e adequados aos contextos hospitalares (DE CARLO; 
RODRIGUES; KUDO, 2018).
Os pro� ssionais Terapeutas Ocupacionais devem, ainda segundo os autores, apoiar e 
promover a saúde física e mental, assim comoo bem-estar social através do envolvimento na 
ocupação. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A necessidade da internação hospitalar impacta de diferentes formas a vida ocupacional, 
tanto da pessoa adoecida como de sua família, uma vez que resulta no distanciamento de seus 
contextos habituais de vida e em alterações, ou mesmo na cessação, de relações interpessoais e de 
ocupações até então desenvolvidas.
Cabe ao Terapeuta Ocupacional auxiliar a dar novos horizontes a esse paciente/usuário, 
assim como à sua família. 
A especialidade de Terapia Ocupacional em “Contextos Hospitalares” foi reconhecida e 
disciplinada pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), por meio 
da Resolução nº 429, de 8 de julho de 2013, a qual de� ne três áreas de atuação e competências:
1) Atenção intra-hospitalar: compreende o planejamento e a execução da intervenção 
terapêutico-ocupacional junto aos pacientes, familiares e acompanhantes e/ou cuidadores, 
em regime de internação e ambulatorial, assim como aos trabalhadores e gestores, em 
diferentes contextos hospitalares;
2) Atenção extra-hospitalar oferecida por hospital: compreende a atuação do terapeuta 
ocupacional em: visita domiciliar, assistência domiciliar, internação domiciliar e na rede 
assistencial de suporte em saúde, quando realizados por equipe hospitalar;
3) Atenção em cuidados paliativos: compreende o oferecimento de cuidados terapêuticos 
ocupacionais junto a equipes multipro� ssionais, a pacientes com condições crônico-
degenerativas potencialmente fatais (oncológicas e não oncológicas) e que estão em 
tratamento, sem condições de modi� cação da doença. Não se restringem à fase de 
terminalidade da vida e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande 
sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas, psicossociais e 
espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), nessas áreas de atuação, o terapeuta 
ocupacional deve ser capaz de realizar a avaliação dos pacientes/usuários e a intervenção e/ou 
orientação o mais precocemente possível a � m de prevenir deformidades, disfunções e agravos 
físicos e/ou psicológicos, afetivos e sociais, promovendo o desempenho ocupacional e a qualidade 
de vida a todos, incluindo aqueles que estão fora de possibilidades curativas, ou seja, em cuidados 
paliativos.
Certa vez, quando ainda estava na graduação de Terapia Ocupacional, no ano de 2008, 
� z estágio curricular num grande hospital, na Santa Casa de Misericórdia, no Hospital Santo 
Antônio da Criança, onde trabalhei na oncologia pediátrica. Tive um paciente de seis anos, que 
infelizmente veio a óbito, mas, durante o tempo em que realizei os atendimentos de cuidados 
paliativos, ele � cou muito feliz apesar de toda a dor física por causa da doença. Ele já era cego. 
O tumor cerebral o deixou naquele estado. Eu brincava com ele com um xilofone, pegava seus 
braços e tocava as notas, e ele ria e se divertia. Seus familiares (sua mãe, principalmente) gostavam 
bastante da alegria de seu � lho, o qual ela sabia que tinha pouco tempo de vida. Ele realmente 
veio a óbito e, no dia em que isso ocorreu, eu pude dar todo o suporte para seus familiares. No 
Hospital São Camilo, em Esteio/RS, eu também trabalho com o público infantil, sempre levando 
um pouco de humanização para os pacientes e seus familiares. Isso pode ser visto na Figura 1.
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Figura 1 - Paciente infantil brincando na Terapia Ocupacional Pediátrica, em 2019. Fonte: A autora.
Segundo o COFFITO, a Resolução nº 429, de 2013, prevê ainda que, na especialidade 
de contextos hospitalares, o Terapeuta Ocupacional possa trabalhar em instituições de saúde de 
pequeno, médio e grande portes, tanto em hospital geral quanto em especializado, nos níveis 
secundário e terciário de atenção à saúde, inclusive os hospitais psiquiátricos e penitenciários. 
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), a atuação do Terapeuta Ocupacional no 
contexto intra-hospitalar pode ser realizada em regime ambulatorial ou de internação e/ou 
familiar e cuidador, em enfermaria ou unidades especiais de tratamento, como unidades de 
terapia intensiva e semi-intensiva (neonatal, pediátrica e adultos), quimioterapia e hemodiálise. 
Pode ocorrer também em unidade de pronto-atendimento, unidade de urgência e emergência, 
unidade de controle da dor, cuidados paliativos, brinquedoteca, unidade de saúde mental, dentre 
outros.
A equipe multidisciplinar é formada por diversos profi ssionais, tanto em contextos 
hospitalares quanto em outros locais. Há a necessidade de aprender a lidar com 
as diferenças interpessoais e a conviver, o melhor possível, entre os diversos 
profi ssionais.
O CREFITO é o órgão que fi scaliza e coordena os Terapeutas Ocupacionais nos 
contextos hospitalares e em outras instâncias; portanto, se algum local de trabalho 
não estiver de acordo, deve-se recorrer ao Conselho na parte de Fiscalização.
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1.1.1 Política nacional de humanização nos contextos hospitalares
A Política Nacional de Humanização (doravante, PNH), do Ministério da Saúde, tem 
como pressuposto que a Humanização supõe uma troca de saberes. Isso envolve todos, tanto a 
equipe quanto o paciente/usuário e sua família. Entre os princípios centrais da PNH, segundo De 
Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), estão o diálogo, a transversalidade, a indissociabilidade entre 
a atenção e a gestão, o protagonismo, a corresponsabilidade e a autonomia dos sujeitos e dos 
coletivos. Podem-se destacar a responsabilização dos vínculos afetivos dos pro� ssionais para com 
o usuário e seu acolhimento em tempo compatível com a gravidade do quadro clínico, reduzindo 
as � las e a espera do atendimento. 
Assim como os autores salientam, a garantia dos direitos do código dos usuários do 
SUS, a garantia de gestão participativa aos trabalhadores e usuários, estratégias de quali� cação e 
valorização dos trabalhadores, incluindo educação permanente. 
Certa vez, quando eu ainda trabalhava no CAPS AD, Centro de Atenção Psicossocial – 
Álcool e outras Drogas, no Município de Novo Hamburgo/RS, na Fundação de Saúde Pública 
de Novo Hamburgo, órgão ligado à Prefeitura, houve um trabalho com os funcionários, do qual 
participei. O projeto era ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nas 
sessões, apareceram várias di� culdades da equipe. Foi trabalhada a capacidade de desenvolver 
habilidades de relacionamentos interpessoais, capacidade de resiliência e de tolerância à 
frustração. 
O trabalho foi bem positivo, para mim e para a equipe. Foi no ano de 2018, quando ainda 
estava trabalhando naquele local. 
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), o terapeuta ocupacional deve desenvolver 
suas ações em contextos hospitalares no sentido de promover o bem-estar e qualidade de vida à 
pessoa hospitalizada, oferecendo acolhimento, suporte e orientação, inclusive a preparação para 
a alta hospitalar, dentro de um trabalho integrado com a equipe multidisciplinar. 
Certa vez, uma paciente hospitalizada há muito tempo (uns três ou quatro meses – isso 
foi no ano de 2019, ano em que entrei num hospital público, 100% SUS, no Rio Grande do Sul) 
me disse que era devota de Nossa Senhora Aparecida, que era da religião católica. A paciente 
tinha em torno de 80 anos, tinha patologia estomacal e depressão, apesar de já terem sido 
administrados antidepressivos pelo psiquiatra. Depois da avaliação, decidi colocar uma música 
de Roberto Carlos (“Nossa Senhora”), e ela chorou de emoção. A partir daí, todos os nossos 
atendimentos eram cantados com essa música. Ela saiu do quadro depressivo, enfrentou sua 
doença, e os médicos conseguiram dar alta para a paciente.
O terapeuta ocupacional deve priorizar a manutenção da motivação e do bom humordo paciente/usuário, da preservação da autoestima, para que sua alta seja o mais breve possível. 
No caso de cuidados paliativos, deve-se oferecer conforto e qualidade de vida aos pacientes e 
conforto aos familiares no momento do luto, dizem os autores.
Muitas vezes, tratando a saúde mental do paciente, consegue-se melhorar todo o quadro 
clínico dele. Foi assim com uma paciente que atendi no ano de 2021. A paciente estava fazendo 
uso de sonda nasogástrica, não se alimentava, não sorria, não queria mais viver. Muito emagrecida 
e fraca. Os médicos não sabiam mais o que fazer. Foi chamada a psicóloga, e a colega me acionou. 
Na avaliação, vi que a paciente gostava de rock. Comecei, naquele primeiro dia, a colocar músicas 
dos Paralamas do Sucesso e Legião Urbana, bandas de que a paciente gostava, como relatado na 
avaliação. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Essa paciente tinha péssimo prognóstico, muito emagrecida, fraca e sem vontade de 
reagir. Viria a óbito em breve se não tivesse havido a intervenção da Terapia Ocupacional. Ela 
gostou muito da intervenção. Instituí a “dança no leito”, que consistia em ela pensar que estava 
em um show de rock e mexer levemente os membros superiores e inferiores. Ela ria levemente, 
pois estava fraca. Foi melhorando: a sonda nasogástrica foi retirada, a nutrição entrou com dieta 
branda, e ela pôde retornar a sua casa e ter alta hospitalar.
Figura 2 - Foto do quarto da paciente, todo decorado com mandalas pintadas na Terapia Ocupacional, realizado em 
março de 2021, na Unidade de Saúde Mental. Fonte: A autora.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), monitorar e promover bem-estar e 
qualidade de vida também são imprescindíveis para a e� cácia dos procedimentos terapêuticos, 
principalmente com pacientes com doenças crônicas (como câncer), mesmo quando estão fora 
da possibilidade de cura. Além do aumento do tempo de vida, em termos quantitativos, é preciso 
considerar a qualidade que se tem nesse tempo a mais e o impacto, tanto da doença quanto do 
tratamento, na cotidianidade de cada coletividade.
1.1.2 Processo de avaliação e planejamento da terapia ocupacional nos contextos hospi-
talares
A AOTA (Associação Americana de Terapia Ocupacional) de� ne a terapia ocupacional 
nos contextos hospitalares que incluem os seguintes itens: a avaliação, o planejamento e a 
intervenção, para alcançar os resultados visados. Esses resultados são facilitados pelo pensamento 
clínico, análise de atividades e ocupações e colaboração com seus clientes. 
A Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHHOSP), de acordo com o SUS e a RAS, 
tem a Portaria nº 3.390, de 30 de dezembro de 2013, que instituiu:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1) Acessibilidade hospitalar: condição para a utilização com segurança e autonomia, total 
ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos do hospital, por uma pessoa com 
de� ciência ou com mobilidade reduzida;
2) Acolhimento: a escuta ética e adequada das necessidades de saúde do usuário no 
momento de procura ao serviço de saúde e na prestação de cuidados, com a � nalidade de 
atender à demanda com resolutividade e responsabilidade;
3) Apoio matricial: o suporte técnico especializado que é ofertado a uma equipe 
interdisciplinar de saúde a � m de ampliar seu campo de atuação e quali� car suas ações, 
intervindo a lógica da fragmentação dos saberes;
4) Auditoria clínica: a análise crítica e sistemática da qualidade de atenção à saúde prestada 
no hospital, incluindo-se os procedimentos usados para o diagnóstico e tratamento, o uso 
dos recursos e os resultados para os usuários;
5) Classi� cação de risco: protocolo preestabelecido, com a � nalidade de dar agilidade 
ao atendimento a partir da análise do grau de necessidade do usuário, proporcionando 
atenção centrada no nível de complexidade, e não na ordem de chegada;
6) Clínica ampliada: dispositivo de atenção à saúde, centrado nas necessidades de 
potencializar a capacidade de atuação dos pro� ssionais por meio da implantação das 
equipes de referência, construção de vínculo e elaboração de projetos terapêuticos 
compartilhados com usuários, buscando ampliar os recursos de intervenção sobre o 
processo saúde/doença.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), a organização do trabalho nos hospitais 
deve ser baseada no conceito ampliado de saúde – a “clínica ampliada”, que pode lidar melhor 
com as necessidades da população. Devem-se ter como diretrizes fundamentais: a integralidade 
do cuidado, a acessibilidade, a responsabilização, a construção multipro� ssional de projetos 
terapêuticos, o vínculo entre serviços/trabalhadores e população e a busca pela autonomia dos 
usuários e de suas famílias na produção de saúde, a qual deve ser constantemente reavaliada para 
garantir a qualidade da assistência prestada à população.
Um exemplo de serviço interdisciplinar se deu em um caso de uma paciente com 
depressão grave, na qual a nutrição esteve envolvida. Vendo uma dieta adequada, a psicóloga 
atendeu, o psiquiatra medicou, e a terapeuta ocupacional trabalhou metas de vida, signi� cado de 
seus anseios através da construção de uma mandala, que foi uma das atividades propostas para 
a paciente.
Figura 3 - Mandala realizada por paciente da Unidade de Saúde Mental, em abril de 2021. Foto: A autora.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Nessa atividade, a paciente buscou 5 � guras que a representavam. Em uma das � guras, há 
os dizeres “Vai mexer com o futuro”, mostrando que, apesar da tentativa de suicídio, ainda existia 
muita vida nessa paciente. Uma família andando de bicicleta, signi� cando sua família; uma casa, 
signi� cando sua própria casa, seu porto seguro; a palavra “talismã”, em cima da mandala, que ela 
disse ser seu marido, pois ele a cuidava muito; e um carro pintado de tinta, signi� cando fartura, 
colorido na vida e esperança. Essa paciente se bene� ciou muito da Terapia Ocupacional e teve 
alta três semanas após ter tentado suicídio. Foi encaminhada para o CAPS (Centro de Atenção 
Psicossocial) e está bem, seguindo o tratamento adequadamente. Ela foi internada duas vezes antes 
dessa última internação e, somente dessa vez, participou todos os dias da Terapia Ocupacional, 
melhorando visivelmente. O psiquiatra conversou comigo e elogiou a melhora da paciente depois 
que ela aderiu às atividades propostas por mim. Disse que os medicamentos auxiliaram a cessar a 
crise depressiva, mas que a Terapia Ocupacional auxiliou a paciente a encontrar um sentido para 
sua vida e seguir adiante.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), os processos de intervenção em Terapia 
Ocupacional se centram na vida ocupacional e nas disfunções ocupacionais, caracterizadas 
pela somatória das di� culdades ou alterações físicas, mentais, cognitivas, sociais e espirituais 
que um indivíduo apresenta durante a realização das suas ocupações. É importante, segundo os 
autores, ter como princípio do processo de intervenção a compreensão empática da pessoa sob os 
cuidados de acordo com sua própria perspectiva, avaliando os impactos e os sentidos atribuídos 
à doença e à hospitalização.
Figura 4 - Grupo da Unidade de Saúde Mental, em Hospital Geral 100% SUS, trabalhando na Terapia Ocupacional, 
em março de 2019. Foto: A autora.
Na Terapia Ocupacional, cada paciente na Unidade de Saúde Mental desenvolve uma 
atividade diferente, de acordo com suas necessidades. Isso se dá, porque sigo os princípios da 
Clínica Ampliada e da Política Nacional de Humanização (PNH), conceitos já trabalhados nesta 
unidade, que mostram o quanto os pro� ssionais da saúde precisam ser empáticos, humanizados 
e ter uma visão ampliada do paciente, do todo, do contexto social em que se está inserido.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade tratou da atuação do TerapeutaOcupacional nos Contextos Hospitalares, 
sempre salientando a importância do trabalho interdisciplinar. Além disso, salientando também 
a importância de escutar o paciente/usuário em suas demandas, de ver o contexto social em que 
o mesmo está inserido, seus anseios e metas de vida. 
A unidade tratou da Política Nacional de Humanização (PNH), na qual o terapeuta 
ocupacional está apoiado para realizar um trabalho mais humano e individualizado para cada 
usuário.
Foram trazidos diversos exemplos de casos atendidos por mim, em minha prática num 
hospital 100% SUS, no Sul do Brasil, local onde trabalho atualmente.
Foi salientada a importância do acolhimento, da empatia pelo paciente/usuário e da 
necessidade de se fazer uma boa avaliação.
Em suma, a Terapia Ocupacional nos contextos hospitalares pode contribuir muito com 
a equipe multidisciplinar e com os pacientes/usuários, dentro de uma prática ética e adequada.
Assista ao fi lme Se enlouquecer não se apaixone.
Leia a Resolução nº 429, de 8 de julho de 2013, disponível em: 
<www.coffi to.gov.br/nsite/?p=3191>.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................14
1. CUIDADOS PALIATIVOS EM CONTEXTOS HOSPITALARES ...............................................................................15
2. CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICO E INFANTO-JUVENIL E A TERAPIA OCUPACIONAL ...........................16
2.1 ONCOLOGIA E TERAPIA OCUPACIONAL ......................................................................................................18
2.2 TERAPIA OCUPACIONAL E CÂNCER DE MAMA FEMININO ...........................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 20
CUIDADOS PALIATIVOS EM 
CONTEXTOS HOSPITALARES
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ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, será abordado o tema de Cuidados Paliativos nos Contextos Hospitalares. 
Os cuidados paliativos nesse contexto são um conjunto de medidas que possuem condições 
de aliviar a dor, melhorar a qualidade de vida do paciente e do familiar/cuidador. O terapeuta 
ocupacional tem um enorme papel para proporcionar esses tratamentos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os cuidados paliativos podem 
ser conceituados como:
Conjunto de medidas capazes de prover uma melhor qualidade de vida ao doente 
portador de uma doença que ameace a continuidade da vida e seus familiares 
através do alívio da dor e dos sintomas estressantes, utilizando uma abordagem 
que inclui o suporte emocional, social e espiritual aos doentes e familiares desde 
o diagnóstico da doença ao � nal da vida e estendendo-se ao período de luto 
(OMS, 2015).
O terapeuta ocupacional, nesse contexto de cuidados paliativos, precisa ser pro� ssional, 
mas, ao mesmo tempo, empático e afetuoso. 
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1. CUIDADOS PALIATIVOS EM CONTEXTOS HOSPITALARES
Certa vez, em 2008, quando ainda era estagiária de Terapia Ocupacional, � z estágio em 
um grande hospital, na cidade de Porto Alegre/RS, capital do Rio Grande do Sul.
Nesse estágio, trabalhei com crianças em fase terminal de câncer e com doenças renais 
graves, que, por vezes, levavam ao óbito, demandando-se, em algumas situações, transplante 
renal.
No caso das crianças com câncer, eu as levava, quando possível, à área de lazer, na 
recreação, para que elas se aliviassem e não pensassem somente na doença.
Com seus familiares, eu conversava e ouvia suas angústias. Num determinado dia, perdi 
um paciente de quatro anos, que não resistiu ao câncer. Seu pai era incansável, o � lho era único. 
Naquele mesmo dia, minutos depois de seu óbito, fui para o elevador do hospital e esbarrei com 
o pai do menino que tinha vindo a óbito, meu paciente de quatro anos. 
Naquele momento, desejei sumir, mas ofereci ajuda, e a ajuda no momento era somente 
ouvir o familiar. Descemos para o café do hospital. Eu � quei quieta, muda. Estagiária ainda, sem 
experiência, mas com empatia e vontade de ajudar.
Foi a conversa mais triste que já tive em toda a minha vida. Isso foi em 2008. Escrevo este 
material no ano de 2021 e nunca tive uma conversa tão triste como aquela, pro� ssionalmente 
falando.
Filho único, o pai que mais � cava no hospital. Ele chorou, desabafou muito. Agradeceu-
me demais. Isso são cuidados paliativos, tanto com o paciente como com o familiar. Mesmo 
depois do óbito, há os cuidados com aquele familiar que acabou de perder um ente querido.
Segundo De Carlo, Rodrigues e Kudo (2018), os cuidados paliativos têm como objetivos 
primordiais: o controle de sintomas, a obtenção de conforto e o alívio dos sofrimentos para o 
paciente e seus cuidadores, por meio de uma abordagem integral e integrada, que compreende a 
dimensão física, psicossocial e espiritual, em uma abordagem multipro� ssional e interdisciplinar, 
que possibilita a elaboração de um plano de cuidados resultante da combinação de diferentes 
conhecimentos, habilidades e técnicas especí� cas a cada área pro� ssional.
Ainda segundo os autores, a ampliação da ocorrência de doenças crônico-degenerativas 
oncológicas aponta para a necessidade de criação de programas assistenciais humanizados e com 
competência técnica para o atendimento a pacientes que estejam fora de possibilidades curativas.
A terapia ocupacional, dentro da equipe multidisciplinar, tem importante papel nesses 
cuidados paliativos. Recordo-me de outro paciente que atendi, tinha cinco anos, câncer terminal. 
Já estava cego e com poucos movimentos. Eu ia às sessões de terapia ocupacional cantar para ele 
músicas infantis e, pegando seus membros superiores, auxiliá-lo a tocar um xilofone infantil.
Assim foram as sessões até seu óbito. Ele adorava aqueles momentos apesar de toda a dor 
que sentia, dor física pelo estado avançado do câncer, tumor no cérebro.
Seus familiares � caram muito agradecidos. No dia de seu óbito, eu estava no hospital, 
pude acudir sua família, segurar sua mão e dizer algo de conforto apesar do momento difícil e da 
perda insubstituível que é a morte de um � lho tão pequeno.
Logo se vê que os cuidados paliativos devem integrar o sistema de saúde como uma 
política pública, nos diferentes níveis de complexidade da atenção, em um modelo de atenção 
integral à saúde.
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2. CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICO E INFANTO-JUVENIL E A 
TERAPIA OCUPACIONAL
De acordo com Santos et al. (2018), no Brasil, em 2013, o INCA apurou que ocorreram 
2.800 óbitos por câncer em crianças e adolescentes. As neoplasias ocuparam a segunda posição 
de óbitos ocorridos em 2013, na faixa etária de 1 a 19 anos, � cando abaixo somente dos óbitos 
por causas externas, con� gurando-se como a doença de maior letalidade. Em função desse fato, 
os autores ressaltam que têm sido frequentes as construções de terapias de cuidados paliativos.
Os autores ainda destacam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que cuidado 
paliativo pediátrico é o cuidado ativo total prestado à criança no contexto do corpo, mente e 
espírito, bem como o suporte oferecido a toda a família. A OMS destaca ainda que esse cuidado 
deve ser iniciado no diagnóstico da doença crônica e ser concomitante ao tratamento curativo, 
atingindo todos os níveis de cuidado.
Santos et al. (2018) ressaltam que os pro� ssionais de saúde devem avaliar e aliviar o 
sofrimento físico, psicológico e social das crianças e dos adolescentes com diagnóstico de câncer 
e seus respectivos familiares.
Os cuidados paliativos, segundo a OMS, melhoram a qualidade de vidados pacientes e 
familiares, que enfrentam doenças que ameaçam a vida, aliviando a dor e outros sintomas, além 
de fortalecerem apoio espiritual e psicológico, desde o momento do diagnóstico até o � m da vida, 
inclusive no luto.
Certa vez, atendi uma adolescente no hospital em que trabalho no momento, 100% SUS, 
no Sul do Brasil, no Município de Esteio/RS. Ela tinha diagnóstico de câncer (leucemia, mais 
especi� camente). Já não sorria, tinha à época 14 anos de idade. 
Sua mãe, muito preocupada, sempre a acompanhava, já não trabalhava mais (anteriormente 
trabalhava no comércio, como vendedora). Tinha Ensino Médio completo. A paciente estava no 
nono ano do Ensino Fundamental e tinha parado os estudos em função da doença.
Depois da avaliação, trabalhei com ela atividades lúdicas de artesanato, bijuterias, das 
quais ela gostava, para enfeitá-la e trabalhar, assim, sua autoestima, que estava muito prejudicada 
em função da doença.
Uns meses após o tratamento, ela veio a óbito, e eu encaminhei sua mãe para tratamento 
na Unidade Básica de Saúde em função da depressão; de lá, ela foi encaminhada para o CAPS 
(Centro de Atenção Psicossocial).
O apoio aos familiares é essencial nesses momentos de luto. Deve-se sempre encaminhar 
o familiar ao tratamento, dentro do possível.
Segundo Santos et al. (2018), frente à complexidade envolvida na abordagem ao paciente 
com câncer em terminalidade da vida e para que os cuidados paliativos sejam e� cazes, é necessário 
aplicar o enfoque multidisciplinar amplo, que inclui a família e o entorno e recorre a todos os 
recursos disponíveis na comunidade.
Ainda segundo os autores, o papel do terapeuta ocupacional nos cuidados paliativos 
aponta para os objetivos na atuação, assim descritos: manutenção das atividades signi� cativas 
para o doente e sua família; promoção de estímulos sensoriais e cognitivos para enriquecimento 
do cotidiano, orientação e realização de medidas de conforto e controle de outros sintomas; 
adaptação, orientação e realização de medidas de conforto e controle de outros sintomas; 
adaptação e treino de atividades de vida diária para autonomia e independência; criação de 
possibilidades de comunicação, expressão e exercício da criatividade; criação de espaços de 
convivência e interação, pautados nas potencialidades dos sujeitos; apoio, escuta e orientação ao 
familiar e/ou cuidados.
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No caso descrito anteriormente, do menino de seis anos, que era cego e tinha leucemia, 
eu tentei mantê-lo com vontade de viver tocando, com seus bracinhos, o xilofone. Ele ria cada 
vez que eu chegava, já me conhecia. A família também foi assistida nessa atividade, pois estava 
muito satisfeita. 
Sempre depois dos atendimentos, eu atendia sua mãe e conversava sobre seus anseios. O 
atendimento familiar, ir trabalhando o luto antes que ele de fato aconteça, é primordial nesses 
casos de cuidados paliativos.
Segundo Santos et al. (2018), frente à complexidade envolvida na abordagem ao paciente 
com câncer em terminalidade da vida e para que os cuidados paliativos sejam e� cazes, é necessário 
aplicar o enfoque multidisciplinar amplo, que inclui a família e o entorno e recorre a todos os 
recursos disponíveis na comunidade.
É relevante o papel da TO no alívio de sintomas durante todo o tratamento oncológico, 
mais acentuadamente na abordagem paliativa. Conceitos importantes (como o controle da 
dor e da fadiga) devem ser incorporados ao conhecimento especí� co no lidar com crianças 
e adolescentes com câncer. A Figura 1 ilustra o atendimento de um pro� ssional da saúde em 
oncologia, com criança.
Figura 1 - Pro� ssional da Saúde e Cuidados Paliativos. Fonte: G1 (2021).
A Figura 1 nos faz re� etir sobre o quanto os cuidados paliativos são importantes, quanto 
o brincar faz a criança entrar em um outro mundo e esquecer um pouco que está doente e o 
quanto o pro� ssional TO pode auxiliar neste momento de cuidados paliativos. O rosto da criança 
está sério em função da patologia, mas, ao mesmo tempo, satisfeito de ter tantos brinquedos à 
sua disposição. 
Lembro-me de quando trabalhava com oncologia mais seguidamente, e as crianças, com 
medo de injeções, choravam quando viam algum pro� ssional de branco. Quando eu chegava 
com brinquedos, sempre era uma alegria!
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2.1 Oncologia e Terapia Ocupacional 
Segundo Fangel e Cardoso (2018), o termo “câncer” teria sido utilizado, pela primeira vez, 
por Hipócrates, o pai da Medicina na Grécia Antiga, tendo sido relacionado à dor dilacerante. 
Atualmente, segundo as autoras, na Medicina moderna, quando se fala em câncer, há um conjunto 
com mais de cem doenças descritas, caracterizado pelo crescimento desordenado das células. O 
câncer apresenta alta morbidade e mortalidade, sendo que, no Brasil e no mundo, sua prevalência 
aumentou.
Um dos tipos de câncer que mais afeta as mulheres, principalmente ao Sul do Brasil, é o 
câncer de mama. Segundo as autoras, o câncer de mama constitui o segundo tipo que mais incide 
no mundo, sendo o primeiro entre as mulheres.
A terapia ocupacional tem grande importância em todas as etapas desta doença, desde o 
diagnóstico até os cuidados de � nal de vida, a� rmam Fangel e Cardoso (2018).
Certa vez, atendi uma paciente com câncer de mama, na fase avançada da doença. Ela 
chorava muito, dizia não querer mais viver e que sua vida havia perdido o sentido.
Na terapia ocupacional, foi trabalhada a ressigni� cação da vida da paciente. Junto com 
ela, fomos escrevendo e elencando motivos pelos quais ela ainda teria vontade de viver, por 
menor que fosse a vontade. 
Apareceu o desejo na paciente de escrever sobre sua vida, como se fosse deixar um legado 
para as gerações futuras. Imediatamente, peguei um caderno e dei para a paciente. Ela animou-
se, iniciou sua história, e a depressão foi passando aos poucos.
Foi acionado o colega psiquiatra, que a avaliou e diagnosticou depressão, então, foi 
iniciada a medicação para essa patologia.
Aos poucos, com o seu livro, a paciente foi saindo do quadro depressivo, aceitando o 
tratamento para o câncer e vibrando com cada parte de seu livro.
2.2 Terapia Ocupacional e Câncer de Mama Feminino
Segundo Fangel e Cardoso (2018), o câncer de mama constitui o segundo tipo mais 
incidente de câncer, sendo o primeiro entre as mulheres. Ele se apresenta também como o mais 
temido entre elas, primeiramente pela alta frequência, mas, sobretudo, pelos efeitos emocionais 
relacionados à percepção da autoimagem e da sexualidade femininas. A� nal, as mamas são a 
representação da feminilidade, da condição de ser mulher.
Os cuidados paliativos (CP) têm como objetivo maximizar a qualidade de vida das 
pessoas através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identifi cação 
precoce, avaliação adequada e tratamento dos problemas físicos, psicossociais 
e espirituais.
Quais as principais intervenções da Terapia Ocupacional junto a doentes 
oncológicos e quais os seus principais benefícios?
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Dessa forma, segundo as autoras, a terapia ocupacional tem como objetivo principal, 
com mulheres no pré ou pós-diagnóstico de câncer de mama, promover condições para manter o 
exercício de ocupações que o indivíduo exerce diariamente nas áreas de desempenho ocupacional. 
O atendimento se dá com a paciente, com sua família e com os cuidadores, sempre buscando a 
reorganização das ocupações cotidianas, tanto as que foram comprometidas como favorecendo 
as remanescentes.
A atuação do terapeuta ocupacional acontece em todos os momentos, desde o diagnóstico 
até os cuidados de � nal de vida. No momento do diagnóstico, as autoras ressaltam que o terapeuta 
ocupacional vai buscar no dia a dia a identidade de cada indivíduo, seus desejos e sonhos, 
criatividade e sentimentos. Buscar integrar esses aspectosà reabilitação favorece a retomada mais 
rápida do cotidiano no pós-cirúrgico.
No pós-operatório, a mulher encontrará efetivamente a perda parcial ou total da mama 
e as modi� cações que serão feitas em seu cotidiano. Nesse momento, ainda segundo as autoras, 
o principal objetivo é iniciar pequenas atividades para manutenção dos papéis ocupacionais. 
Para a organização do plano de tratamento em terapia ocupacional, é de suma importância 
o conhecimento do tipo de cirurgia realizada na paciente. O fundamental neste período é 
a orientação quanto à retomada das atividades cotidianas, iniciando pelo posicionamento do 
membro superior imóvel e posição natural. 
Para a retomada do cotidiano, é importante salientar, segundo Fangel e Cardoso (2018), 
que a mulher se sinta parte de seu contexto e que as perdas tenham menor impacto. 
A adaptação das atividades de vida diária (AVDs) e das atividades instrumentais de vida 
diária (AIVDs) por meio de tecnologia assistiva (TA) ou por estratégias são recursos necessários 
para o terapeuta ocupacional que atua nessa área. Exemplos são: orientar o uso do varal de chão 
em vez de varal alto, para que a mulher não force o membro superior; colocar pratos e talheres 
em local mais baixo nos armários, para que ela não precise elevar o membro superior; em relação 
à tecnologia assistiva, há os alongadores de bucha de banho, para auxiliar a realizar menos força 
na hora do banho etc. Essas são algumas das sugestões das autoras.
Há ainda a mudança da percepção corporal pela modi� cação da mama e outros efeitos 
colaterais do tratamento, como o ganho de peso. Além disso, as autoras ressaltam que as questões 
da sexualidade são delicadas, sendo muito importante dar uma atenção especial a esse ponto do 
tratamento.
O terapeuta ocupacional pode orientar quanto a posições que facilitem o prazer e os 
momentos de carícias, e trabalhar a autoestima da mulher, pois, nesse momento, na maioria das 
vezes, ela se encontra fragilizada.
Durante o tratamento oncológico, após a cirurgia, o terapeuta ocupacional, segundo 
Fangel e Cardoso (2018), deve reavaliar seus objetivos anteriores com a paciente. Avaliar o 
desempenho ocupacional e as limitações e potencialidades dessa mulher.
Após averiguar as potencialidades, interesses e limitações, o terapeuta ocupacional 
busca a reinserção e retomada do cotidiano. As mulheres com câncer, segundo Fangel e Cardoso 
(2018), deixam de realizar atividades ligadas à participação social, o que compromete atividades 
rotineiras. Essa é uma importante área de atuação do terapeuta ocupacional. 
As autoras ainda salientam que podem-se averiguar as atividades que essas mulheres 
realizavam anteriormente ao adoecimento, conhecendo de que forma o adoecimento pode tê-las 
comprometido ou alterado e estimular que elas retomem gradativamente as atividades que lhes 
eram signi� cativas, adaptando-as às suas necessidades.
Fangel e Cardoso (2018) ainda propõem que essa mulher se envolva em novas atividades, 
que as façam redescobrir novos prazeres e possibilidades. 
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Por � m, as autoras a� rmam que a questão laboral também deve ser observada, a atividade 
laboral que essa mulher exercia antes do adoecimento. Pensar de que forma a atividade laboral 
pode ser mantida é papel do tratamento em terapia ocupacional também. O uso de Tecnologia 
Assistiva (TA) pode ser utilizado pelo terapeuta ocupacional para manter a independência e 
autonomia, assim como órteses.
Ainda, as autoras salientam que o grupo, ou o� cina terapêutica, é uma importante 
ferramenta para a ação do terapeuta ocupacional junto às mulheres com câncer de mama, pois a 
troca de experiências favorece o fortalecimento e a retomada do cotidiano.
A Figura 2 retrata uma mulher com câncer de mama, que está vencendo a doença.
Figura 2 - Mulher com câncer de mama, que está vencendo a doença. Fonte: Madrecor Hospital (2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cuidados paliativos são um campo ainda pouco explorado pela terapia ocupacional. O 
terapeuta ocupacional deve mostrar aos gestores hospitalares a sua importância na recuperação 
desses pacientes.
As ocupações são o material de estudo da terapia ocupacional, desde a hora em que o 
paciente acorda até a hora em que ele vai dormir, dentre elas, as atividades laborais, de lazer e 
atividades de vida diária, como escovar os dentes e pentear os cabelos.
Todas essas atividades � cam afetadas quando o paciente apresenta algum tipo de câncer, 
e o terapeuta ocupacional deve estar atento a esse fato para poder auxiliar seus pacientes a 
encontrarem novas formas de exercer suas ocupações.
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UNIDADE
03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 22
1. TIPOS DE QUEIMADURAS ................................................................................................................................... 23
1.1 O IMPACTO DA HOSPITALIZAÇÃO ..................................................................................................................... 26
1.2 A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ................................................................................................... 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 28
PACIENTES QUEIMADOS E TERAPIA 
OCUPACIONAL
PROF.A MA. CARMELA SLAVUTZKY
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
SAÚDE HOSPITALAR
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INTRODUÇÃO
Esta unidade abordará uma visão geral da terapia ocupacional com o paciente queimado. 
Daremos grande ênfase na necessidade de o terapeuta ocupacional ser integrante ativo dentro da 
equipe interdisciplinar.
O tratamento da queimadura é especializado, de internação prolongada e de alto custo, 
segundo Assis e Raymundo (2018). 
As queimaduras se constituem de lesões na pele ou outro tecido orgânico, podendo ser 
causadas por agentes térmicos, elétricos, radiantes ou químicos. 
Esta unidade também abordará as di� culdades da pessoa queimada e suas sequelas 
funcionais e psicossociais, decorrentes do processo de cicatrização da queimadura e também da 
hospitalização prolongada.
Por � m, também explicaremos os tipos de queimaduras, o impacto da hospitalização e a 
atuação do terapeuta ocupacional com pacientes queimados, sua importância e diferenciação na 
sua atuação, dentre outros pro� ssionais da saúde.
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1. TIPOS DE QUEIMADURAS
Segundo Assis e Raymundo (2018), as queimaduras se constituem de lesões na pele ou 
em outro tecido orgânico, podendo ser causadas por agentes térmicos, elétricos, radiantes ou 
químicos. No Brasil, 1 milhão de casos de queimaduras ocorre a cada ano, sendo que 200 mil são 
atendidos em serviços de emergência, e 40 mil demandam hospitalização. 
Ainda segundo as autoras, as queimaduras como causa de morte, no Brasil, perdem 
apenas para acidentes de trânsito e homicídios.
Assis e Raymundo (2018) a� rmam que as lesões por queimaduras não são um problema 
apenas de países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 1 milhão 
de pessoas necessita de tratamento especí� co e adequado. Dessas, 100 mil são consideradas 
queimaduras de moderadas a graves. Mundialmente, as queimaduras são consideradas um 
problema de saúde pública.
O tratamento da queimadura, segundo as autoras, é prolongado, especializado e de 
alto custo. Envolve, em muitos casos, internações hospitalares que impõem à pessoa queimada 
limitações nas atividades de vida diária e práticas e, portanto, o afastamento de seu meio familiar, 
social e pro� ssional.
As queimaduras geram limitações diversas (como a cicatrização quando não controladas(cicatriz hipertró� ca e queloideana)) e provocam deformidades osteoarticulares e musculares de 
difícil reparação cirúrgica e terapêutica, o que concorre para importantes repercussões funcionais 
e psicossociais, que podem levar ao preconceito e à exclusão social.
As autoras ainda salientam que a quase ausência de programas de prevenção colabora 
para a ocorrência de graves queimaduras, cujo tratamento pode estender-se por até 2 anos após 
a alta hospitalar e, em alguns casos, praticamente pela vida inteira.
Assis e Raymyndo (2018) a� rmam que as queimaduras estão classi� cadas de acordo com 
a profundidade e a extensão da lesão. Quanto à profundidade, elas podem ser: 
1) Queimaduras de primeiro grau, em que a lesão atinge a camada mais super� cial da 
pele. apresentando vermelhidão no local, ardência, edema e calor local;
2) Queimaduras de segundo grau, quando é super� cial e profunda, em que a lesão atinge 
as camadas mais profundas da pele, sendo característica típica deste tipo a presença de 
bolhas ou � ictenas;
3) Queimaduras de terceiro grau, em que a lesão se dá por completo, atingindo todos os 
tecidos mais profundos, podendo chegar ao tecido ósseo.
Segue o exemplo da Figura 1.
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Figura 1 - Queimadura de primeiro grau. Fonte: Wikipédia (2020).
Ainda segundo as autoras, a etiologia da queimadura pode ser determinada por agentes 
físicos ou químicos. A queimadura pode ocorrer na pele ou em outras partes do corpo.
Os agentes físicos são divididos em seis subgrupos, segundo Assis e Raymundo (2018):
1) Agentes térmicos incluem o frio, o calor e os in� amáveis. O primeiro, que inclui o 
congelamento, provoca um tipo de queimadura rara em nosso País. O calor provocado 
por líquidos aquecidos atinge geralmente crianças em acidentes dentro de casa. Os 
in� amáveis, que determinam alto índice de queimaduras graves, são provocados por 
álcool, petróleo e seus derivados.
2) Os agentes sólidos promovem queimaduras ocasionadas por acidentes com ferro de 
passar roupa, chapas de fogão, canos de escapamento de motocicletas ou atrito com o 
solo em quedas. Essas queimaduras atingem os tecidos mais profundos da pele.
3) Os agentes gasosos ocasionam queimaduras causadas geralmente por explosão de 
caldeiras e panelas de pressão. Provocam quadros de trauma, mais frequente na região 
dos olhos. A queimadura das vias aéreas pode provocar lesões progressivas, causando 
insu� ciência respiratória.
RODRIGUES JR., J. L.; BASTOS, N. N. A.; COELHO, P. A. S. Terapia ocupacional em 
queimados: pesquisa bibliográfi ca acerca da reabilitação física junto a indivíduos 
com queimaduras. Rev. Bras. Queimaduras, v. 13, n. 1, 2014.
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4) Os agentes elétricos causam queimaduras quando há passagem da corrente elétrica pelo 
corpo e provocam queimaduras graves, mais pela profundidade do que pela extensão. 
Podem levar à necessidade de amputação de membros. Essas queimaduras ocorrem de 
forma singular, pois atravessam uma região chamada de “porta de entrada”, que percorre 
o corpo através da corrente sanguínea, onde pode ocasionar degeneração das paredes e 
tromboses.
5) Os agentes radiantes causam queimaduras por exposição ao Sol, a raios-X ou a raios-
gama.
6) Os agentes químicos, constituídos por ácidos e outros corrosivos, determinam o efeito 
da lesão, a qual varia de acordo com o volume utilizado ou a duração da atuação.
Segundo a Figura 2, o fogo causa um dos tipos de queimaduras.
Figura 2 - Queimando madeira, agentes sólidos. Fonte: Pixabay (2021).
Segundo Assis e Raymundo (2018), as queimaduras de terceiro grau necessitam de 
enxertia de pele para favorecer a cicatrização. Para as queimaduras de segundo grau profundo, 
a enxertia de pele será indicada quando o dano estiver localizado em regiões onde a pele é � na, 
móvel e elástica, como articulações, pálpebras, dorso das mãos, entre outros.
As queimaduras ainda seguem sendo um tipo de acidente muito grave e perigoso para a 
saúde da população e pode ter diversas causas, como foi demonstrado anteriormente. É necessário 
atenção da área da saúde para esse evento, pois é uma das causas de maior hospitalização e óbitos 
e é um problema de saúde pública.
O primeiro passo do terapeuta ocupacional junto ao indivíduo com queimadura é 
a avaliação inicial, a qual tem por objetivo determinar o comprometimento inicial 
das áreas queimadas, sendo de suma importância para o planejamento do tipo 
ideal de tratamento para um determinado paciente.
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1.1 O Impacto da Hospitalização
Segundo Assis e Raymundo (2018), para o paciente queimado, estar hospitalizado em 
um ambiente estranho, com pessoas desconhecidas, e submeter-se a procedimentos, muitas vezes 
também desconhecidos, geram dor, ansiedade, sentimentos de hostilidade e medo, di� cultando 
a colaboração com a rotina do hospital e o tratamento oferecido, cujas consequências poderão 
agravar ainda mais seu estado, aumentando o tempo de internação.
A hospitalização prolongada, a dependência e a perda do controle corporal predispõem 
a pessoa queimada a alterações sensoriais, físicas, cognitivas e emocionais, como dor, raiva, 
tristeza, frustração, hostilidade, regressão e diminuição dos estímulos táteis e proprioceptivos 
que di� cultam as relações afetivas, a percepção do corpo no espaço, a posição e a relação espacial, 
alteração da estruturação dinâmica e integrada do esquema corporal e da imagem corporal, 
que colaboram para a baixa autoestima, insônia, labilidade emocional e baixa capacidade de 
concentração e memória.
Na prática diária, são observados sentimentos e alterações, como: medo da morte, intensa 
preocupação diante da des� guração e com as cirurgias, dependência nas atividades de vida diária 
e cuidados tanto à equipe de referência quanto aos familiares. Além disso, há a alteração da 
identidade e de perda de seus papéis ocupacionais, destacam Assis e Raymundo (2018).
Figura 3 - Paciente queimado. Fonte: CETS (2021).
Segundo as mesmas autoras, é importante a compreensão dessas alterações para que ações 
sejam discutidas em equipe, que apontem aos pro� ssionais, inclusive ao terapeuta ocupacional, 
os caminhos a se seguir em seu raciocínio clínico, objetivos e intervenções possíveis nessa fase. 
Faz-se necessário ressaltar que, em qualquer atendimento na área da saúde (destacando-se o 
hospitalar), há hoje a consciência de que não são necessários ao sucesso apenas os aspectos 
técnicos ou terapêuticos envolvidos. 
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Cabe ainda ressaltar, segundo as autoras, que o paciente e o acompanhante devem interagir 
com a equipe interdisciplinar, possibilitando a sua recuperação o mais precocemente possível. 
Durante a internação hospitalar, a pessoa queimada passa por fases de adaptação. A fase 
aguda, período logo após o acidente, pode durar semanas e envolve maior preocupação da equipe 
com a sobrevivência do que com as lesões e des� guração ou a situação familiar ou pro� ssional. 
O medo da morte é “camu� ado” pela euforia de “estar vivo”. Quando se está lúcido e orientado, o 
estado clínico permite colaborar no tratamento.
Após, vem a fase intermediária, que se inicia após a estabilização do quadro clínico e pode 
durar meses. O paciente está mais atento ao que ocorre a seu redor e encontra-se dependente da 
equipe de saúde e familiares.
Vê-se envolvido com banhos, curativos, cirurgias e rotina hospitalar. Encontra-se menos 
participativo e observa-se depressão reativa e barganha com equipe nos procedimentos de rotina 
interdisciplinar. 
Segundo Assis e Raymundo (2018), na fase de recuperação, ocorre melhor compreensão 
e aceitação do tratamento, preocupação com a alta hospitalar. É o período de cuidados com as 
cicatrizes e o retorno à família e aotrabalho.
 O grau de duração da dor suportável para uma pessoa em tratamento depende de fatores 
como a extensão e a localização da queimadura, estado emocional, nível de ansiedade e de 
tolerância à dor, assim como experiências anteriores, cultura e faixa etária.
1.2 A atuação do Terapeuta Ocupacional
Segundo Assis e Raymundo (2018), a atuação do terapeuta ocupacional ocorre desde a 
admissão até a alta hospitalar e retorno às atividades laborais e de lazer. Nas primeiras 24 horas 
até às 48 horas de internação, é importante posicionar e orientar o posicionamento das áreas e 
dos segmentos corporais queimados.
Nessa fase, em toda a equipe, há uma atenção especial ao edema, sendo importante a 
drenagem postural e a mobilização ativa, com precauções quanto à integridade das estruturas 
articulares envolvidas no movimento e quanto ao estresse pela dor.
A atuação do terapeuta ocupacional é pautada na mediação de 
abordagens, atividades e orientações, objetivando a reestruturação 
emocional, para, gradativamente, reabilitar física e funcionalmente 
o paciente queimado. O objetivo é torná-lo independente nas suas 
Atividades de Vida Diária (AVD), favorecendo assim a alta precoce 
(CASTRO; AZEVEDO, 2018).
Assista a Raciocínio clínico em Terapia Ocupacional, disponível em: 
<https://br.video.search.yahoo.com/video/play>.
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As autoras salientam que é preciso avaliar a necessidade de confecção ou indicação 
de órteses de posicionamento. Ao longo da internação, novas abordagens são alcançadas por 
meio de um programa de tratamento que envolve posicionamento adequado, estimulação da 
movimentação ativa precoce, uso de órteses e adaptações, controle da cicatrização e do edema, 
estimulação da função mediante atividades terapêuticas e estimulação sensorial. 
Figura 4 - Órtese de posicionamento de membro superior. Fonte: Espaço Elabora (2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da internação, os objetivos vão se modi� cando de acordo com a evolução 
clínica do paciente. Isso exige do terapeuta ocupacional � exibilidade e empatia durante o processo 
de recuperação do paciente queimado.
A diversidade de materiais e propostas que um terapeuta ocupacional oferece aos pacientes 
durante a internação do paciente queimado favorece muitas possibilidades, não só através dos 
atendimentos individuais, mas também das propostas em grupo de pacientes, com familiares e 
com a equipe e os pacientes.
É importante valorizar o momento que cada dia oferece e, com apoio da equipe, promover 
um cuidado de qualidade que proporcione motivação e autonomia apesar da dor e do sofrimento 
diários.
A humanização do tratamento é fundamental. O cuidado e a empatia com o paciente 
queimado fazem toda a diferença no tratamento de terapia ocupacional.
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UNIDADE
04
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 30
1. TERAPIA OCUPACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL ................................................31
1.1 O TRABALHO DA TERAPIA OCUPACIONAL NA UTIN ....................................................................................... 32
1.2 ORGANIZAÇÃO NEUROCOMPORTAMENTAL DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO ...................................... 36
1.3 O RECÉM-NASCIDO NA UTIN ............................................................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 39
CONTEXTOS HOSPITALARES E UNIDADE DE 
TERAPIA INTENSIVA NEONATAL E PEDIÁTRICA
PROF.A MA. CARMELA SLAVUTZKY
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
SAÚDE HOSPITALAR
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INTRODUÇÃO
A Unidade Neonatal é um serviço hospitalar composto por Unidade de Terapia Intensiva 
Neonatal (UTIN), Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais Convencional (UCINco) e 
Canguru (UCINca). 
A UTIN destina-se ao atendimento de recém-nascidos graves ou com risco de morte, 
dentre os quais se inserem aqueles com menos de 30 semanas de idade gestacional (IG) ou com 
peso menor do que 1000 gramas e/ou que necessitem de ventilação mecânica, de cirurgias de 
grande porte ou pós-operatório imediato, de cirurgias de pequeno e médio portes e de nutrição 
parenteral.
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), nos últimos tempos, houve avanços signi� cativos 
na assistência neonatal no que diz respeito a tecnologias, aliados a um cuidado mais humanizado. 
Isso, segundo os autores, resultou na diminuição dos óbitos de recém-nascidos.
Esta unidade abordará a prática da terapia ocupacional na unidade intensiva neonatal, a 
avaliação na unidade de terapia intensiva neonatal, o brincar exploratório e os manejos com esse 
tipo de paciente.
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1. TERAPIA OCUPACIONAL EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
NEONATAL
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), um aspecto a ser considerado é que, à medida que 
aumenta a sobrevivência de prematuros de baixo peso e de baixa idade gestacional, aumentam-se 
também os riscos de morbidade relacionada à prematuridade. 
Além disso, segundo os autores, há um aumento no custo da assistência, decorrente do 
período de internação prolongado, adicionado às repercussões emocionais e sociais da família. O 
nascimento prematuro pode estar relacionado a problemas no desenvolvimento a longo prazo da 
criança nas áreas motora, cognitiva, de comportamento e desempenho escolar.
As autoras a� rmam que, por esse motivo, o terapeuta ocupacional integra a equipe 
da UTIN, fazendo uso de um conjunto de conhecimentos e habilidades para promover uma 
adequação entre as capacidades do bebê e o ambiente físico e social.
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), a terapia ocupacional tem como propósito 
apoiar para “[...] alcançar saúde, bem-estar e participação na vida por meio do envolvimento na 
ocupação”. 
A terapia ocupacional tem como foco o envolvimento das pessoas em ocupações que 
sejam signi� cativas para elas. No acompanhamento terapêutico ocupacional realizado na UTIN, 
torna-se indispensável que a ocupação dos bebês e seus pais seja objeto de atenção.
Por � m, os autores salientam que se deve contemplar, ainda, a família do bebê prematuro 
para que eles sejam reconhecidos em sua singularidade e se constituam projetos terapêuticos que 
façam sentido para suas vidas.
Na Figura 1, observa-se uma UTIN, uma mãe e seu bebê se relacionando.
Figura 1 – UTIN. Fonte: Guia do Bebê (2021).
Assista a O que faz o Terapeuta Ocupacional na Unidade Neonatal?, 
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c1y1gqw9I6c>.
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1.1 O Trabalho da Terapia Ocupacional na UTIN
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), a terapia ocupacional tem como propósito apoiar 
as pessoas para alcançar saúde, bem-estar e participação na vida, por meio do envolvimento na 
ocupação. Ao apoiar os indivíduos na realização de atividades diárias signi� cativas, o terapeuta 
ocupacional promove saúde e adaptação no sentido mais amplo.
O campo da neonatologia, ainda segundo os autores, tem natureza no modelo biomédico. 
Nesse campo, reduz-se a importância de abordagens com enfoque na ocupação e nos aspectos 
emocionais que envolvem os períodos iniciais da vida desses bebês.
Embora esses componentes sejam importantes para o desempenho ocupacional do bebê, 
as autoras ressaltam que se faz necessário estar atento para aspectos relacionados à ocupação 
durante o período de internação. 
As ocupações do bebê são de� nidas como tarefas e atividades relacionadas à cultura da 
família ou à UTIN, nas quais se espera a participação do bebê.Entre essas ocupações, estão a 
de responder aos estímulos do ambiente, manter a homeostase, brincar, estabelecer interações 
sociais com os pais e alimentar-se.
Segundo as autoras, a participação do bebê nessas ocupações depende de fatores 
intrínsecos a ele, do ambiente e do contexto. Nesse sentido, o terapeuta ocupacional tem como 
papel apoiar e facilitar o envolvimento do bebê nas tarefas e nas atividades que promovam sua 
saúde, seu crescimento e desenvolvimento, considerando as capacidades do bebê em consonância 
com as necessidades da família e o contexto da UTIN.
Leia Contribuições do grupo de terapia ocupacional no nível de ansiedade das 
mães com recém-nascidos prematuros internados nas unidades de terapia 
intensiva neonatal, de Correia et al., disponível em Cadernos Brasileiros de Terapia 
Ocupacional, v. 27, n. 3, 2019, páginas 574 - 583.
Em relação à Terapia Ocupacional, a atuação pode envolver ações de prevenção, 
promoção, proteção, educação, intervenção e reabilitação do paciente, a fi m de 
se prevenirem deformidades, disfunções e agravos físicos e/ou psicossociais e 
afetivos e de modo a promover o desempenho ocupacional e a qualidade de vida 
do indivíduo.
Assista a Terapia Ocupacional na UTI neonatal, disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=neogQd9t5ak>.
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A Figura 2 demonstra um terapeuta ocupacional manejando o recém-nascido que está em 
UTIN, um trabalho de suma importância na medida em que estimula o brincar e as ocupações 
do bebê.
Figura 2 - Terapeuta ocupacional manejando o recém-nascido. Fonte: EBSERH (2021).
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), o terapeuta ocupacional deve desenvolver 
atividades que promovam saúde, crescimento e desenvolvimento do bebê, considerando suas 
capacidades e as necessidades da família e o contexto da UTIN.
Em cada estágio da doença e da recuperação, os autores salientam que a intervenção do 
terapeuta ocupacional inclui a avaliação dos pontos fortes e das vulnerabilidades individuais do 
bebê.
É importante, segundo os autores, dar as recomendações e orientações à equipe e à 
família sobre as mudanças no ambiente e na rotina de cuidados e fornecer apoio conforme a 
necessidade do bebê para otimizar sua estabilidade � siológica, organização comportamental e, 
consequentemente, desempenho global.
A incorporação do terapeuta ocupacional como profi ssional essencial na equipe de 
saúde do hospital é uma concepção ainda não consolidada. Todavia, é importante 
ressaltar os avanços obtidos na área hospitalar, considerando-se a aprovação da 
especialidade dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares.
O salão de beleza como recurso no acompanhamento das mães de recém-nascidos 
internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, de SILVA, ROCHA e BARROS, 
disponível em Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 26, n. 3, 2018.
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Na Figura 3, uma mãe segurando seu � lho recém-nascido.
Figura 3 – Mãe segurando � lho recém-nascido. Fonte: Mari Righez (2021).
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), o envolvimento dos pais no cuidado da criança 
tem sido de� nido duplamente como um processo de ocupação, uma vez que há o envolvimento 
implícito de duas ou mais pessoas, demandando habilidades e capacidades de todos os participantes 
do processo. Com esse processo, destaca-se: interagir com o bebê, oferecer conforto, identi� car-
se e atender às necessidades do bebê. 
Os autores a� rmam que, embora as atividades relacionadas ao cuidado do bebê sejam 
determinadas pela cultura da família e realizadas sem muitas di� culdades pela maioria dos pais, 
o mesmo não ocorre com pais de bebês pré-termos ou doentes. Esses pais podem encontrar 
di� culdades em se envolver nas atividades relacionadas ao cuidado realizado na UTIN e às 
necessidades de saúde do bebê e sua família. A prática da terapia ocupacional nesse espaço requer 
conhecimentos e habilidades que incluam:
1) Realizar comunicação efetiva com a equipe de Enfermagem, famílias, pro� ssionais, 
médicos e outros membros da equipe da UTIN;
2) Conhecer os equipamentos existentes na UTIN, incluindo uma compreensão básica 
quanto à � nalidade de cada um deles, seu funcionamento, programação e precauções 
para seu uso e manuseio;
3) Determinar o momento apropriado para avaliar os bebês;
4) Selecionar e aplicar avaliações formais e informais, que são apropriadas para a IG 
corrigida e condições clínicas que possibilitem identi� car habilidades e vulnerabilidades 
relacionadas ao desenvolvimento;
5) Avaliar o efeito do ambiente, a prática dos cuidadores, o posicionamento, a organização 
neurocomportamental e a condição clínica do bebê;
6) Elaborar plano individualizado de intervenções terapêuticas;
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7) Participar, com o bebê e os cuidadores, de intervenções que reforcem o papel da família 
e promovam a melhora da condição de saúde do bebê;
8) Observar e analisar, continuamente, as respostas do bebê, mesmo que sutis, para a 
intervenção terapêutica e modi� car sempre que necessário;
9) Colaborar com a família, a equipe da UTIN e outras pessoas que potencialmente 
podem contribuir com o bem-estar do bebê;
10) Realizar registro das avaliações e intervenções de forma objetiva, interpretativa, 
completa e concisa;
 11) Elaborar plano de alta e acompanhamento, em conjunto com a equipe multipro� ssional, 
para o atendimento às necessidades do bebê e de sua família, considerando, para isso, a 
rede de serviços e os recursos existentes na comunidade.
Os autores concluem, destacando que o conhecimento que fundamenta as ações 
anteriormente citadas é também usado por outros pro� ssionais que atuam nessa área, tendo 
como referência a sua respectiva especi� cidade, sendo que, no caso da terapia ocupacional, ela 
está relacionada à noção de ocupação humana como promotora de saúde.
Na Figura 4, um pro� ssional intervindo na UTIN.
Figura 4 – Pro� ssional na UTIN. Fonte: Inter Fisio (2021).
A pandemia causada pelo novo Coronavírus trouxe repercussões para o cenário 
mundial, e as principais formas de controle da doença têm sido as medidas de 
prevenção, nas quais se insere o isolamento social. A necessidade de isolamento 
modifi ca o funcionamento típico das famílias e impacta o seu cotidiano, além 
das repercussões psicológicas e sociais inerentes ao contexto. Vivenciar esse 
momento de pandemia concomitante à internação do recém-nascido contribui 
para o distanciamento materno do seu cotidiano e pode impactar negativamente 
em seu psiquismo. Como estão as relações das famílias com seu bebê em tempos 
de pandemia?
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1.2 Organização Neurocomportamental do Recém-nascido Pré-termo
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), a teoria síncrono-ativa é o modelo que tem 
sido utilizado para orientar o planejamento das intervenções junto ao bebê na UTIN e tem 
como foco a organização comportamental dos bebês pré-termo. Esse modelo foi estruturado 
a partir de observações individualizadas de bebês pré-termos na UTIN, as quais revelaram que 
eles apresentavam maior di� culdade em adaptar-se ao ambiente, moldar e alternar os estados 
comportamentais.
Os autores salientam que, na teoria síncrono-ativa, o bebê pré-termo é visto como parte 
de um sistema dinâmico, formado pela interação entre bebê, cuidador e ambiente. O termo 
síncrono-ativo vem da visão de que cada estágio de desenvolvimento do bebê, e em cada momento 
vivenciado por ele, os subsistemas coexistem lado a lado, em contínua interação. Muitas vezes, 
essa interação ocorre na forma de suporte de um sistema em relação ao outro, assegurando a 
manutenção de padrões de organização. Pelo exposto, como os subsistemas são interligados entre 
si, a alteração de um deles acarreta alterações nosdemais.
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), essa teoria é composta pelos subsistemas 
autônomo, motor, de organização dos estados, da atenção, da interação social e regulador. 
Ainda segundo os autores, o subsistema autônomo compreende as funções neurovegetativas 
e está relacionado aos comportamentos observados através do padrão respiratório. O subsistema 
motor refere-se aos comportamentos relacionados à postura, ao tônus muscular e à movimentação 
do bebê. O subsistema de organização dos estados é observado através dos diferentes estados de 
consciência, que compreendem o sono profundo, sono leve, sonolento, alerta inativo, alerta com 
atividade e choro. O subsistema de atenção e interação social consiste na habilidade do bebê em 
manter-se em estado de alerta e usar esse estado para aprender as informações do ambiente para 
se comunicar e interagir social, emocional e cognitivamente. O subsistema de autorregulação 
compreende as estratégias que o bebê utiliza para manter ou recuperar o estado de equilíbrio 
entre os subsistemas.
As autoras salientam que, diante da estimulação inadequada, seja pela complexidade seja 
pela intensidade, o organismo do bebê responderá apresentando sinais de estresse, que indicam 
a necessidade de uma pausa para o bebê se reorganizar ou realizar intervenções que favoreçam 
que ele alcance o estado de equilíbrio entre os subsistemas, emitindo sinais conhecidos como 
comportamentos de aproximação.
Por � m, os autores � nalizam dizendo que a teoria síncrono-ativa é um modelo que está 
em consonância com intervenções que visam ao envolvimento do bebê e da família em tarefas 
ou ocupações esperadas. Nesse caso, o terapeuta ocupacional pode aplicar os princípios da teoria 
síncrono-ativa para interpretar os sinais � siológicos e comportamentais do bebê e apoiar o seu 
desempenho ocupacional.
Na Figura 5, um bebê na UTIN, na rede, sendo tratado com a política de humanização e 
com muito respeito ao recém-nascido.
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Figura 5 - Bebê recém-nascido. Fonte: Ayres (2010).
1.3 O Recém-nascido na UTIN
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), o processo de desenvolvimento fetal evidencia 
que, mesmo nascendo prematuramente, o recém-nascido já possui componentes anátomo-
� siológicos que o tornam capaz de perceber os estímulos do meio ambiente.
Os autores salientam que a internação na UTIN pode contribuir para a morbidade de 
bebês uma vez que o excesso de ruído pode acarretar alterações na diferenciação neuronal, perda 
auditiva e alterações � siológicas e comportamentais. A exposição constante do bebê à luz pode 
comprometer a qualidade do sono e a estabilidade � siológica.
 Os manuseios constantes, a� rmam os autores, e os procedimentos dolorosos e 
invasivos favorecem o estresse e as instabilidades � siológicas, comprometendo o crescimento e 
desenvolvimento do bebê a longo prazo.
Na Figura 6, o pai com o seu � lho prematuro, na UTIN, na posição canguru, colocando-o 
perto de seu coração e dando carinho e amor para seu � lho, o que contribui para seu sono, 
crescimento e bem-estar.
Saiba mais sobre a política HumanizaSus em: <https://www.
gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/
humanizasus>.
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Figura 6 – Um pai e seu � lho prematuro. Fonte: Carvalho (2014).
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), a posição canguru, que está mostrada na Figura 
6, está incluída na Norma de Atenção Humanizada ao recém-nascido de Baixo Peso – Método 
Canguru, do Ministério da Saúde. A posição canguru favorece o vínculo mãe e � lho ou pai e 
� lho, o aleitamento materno, a manutenção da temperatura corporal do bebê e a estimulação 
sensorial adequada. 
Os autores salientam que essa posição está associada, ainda, à redução de risco de infecção 
hospitalar. A posição contribui para que o bebê mantenha a homeostase, alcance ou mantenha 
o estado de sono e possibilite a participação dos pais no cuidado durante a internação na UTIN. 
A posição canguru pode ser realizada, segundo os autores, quando o bebê estiver 
clinicamente estável, tolerando ser carregado e se os pais desejarem. Consiste em colocar o bebê 
em contato pele a pele, de frente para os pais, na vertical e na posição prona. A cabeça deve estar 
lateralizada e apoiada no peito dos pais, e os membros superiores e inferiores, � etidos.
Segundo Dittz, Melo e Pinheiro (2006), outra parte importante é o toque. O sistema 
sensorial permite ao recém-nascido diferenciar entre o toque leve e o profundo, os estímulos 
cutâneos positivos e os negativos.
Os autores a� rmam que, durante a internação na UTIN, o bebê é excessivamente 
manipulado e experimenta diversas experiências táteis dolorosas e aversivas. 
Alguns tipos de toque, segundo os autores, favorecem o crescimento e o desenvolvimento 
do bebê e variam de acordo com a intensidade, a duração, o local estimulado e a frequência do 
contato.
Saiba mais sobre Terapia Ocupacional e bebês prematuros no 
vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=Mi0Bvw5yxWE>.
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A Figura 7 ilustra o toque ao recém-nascido e como ele pode ser favorável ao mesmo para 
seu desenvolvimento.
Figura 7 – Toque ao recém-nascido. Fonte: Johnsons Baby (2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cuidado ao recém-nascido na UTIN, na perspectiva da integridade, tem demandado 
a incorporação de práticas que contemplem, além dos aspectos biológicos, os emocionais e os 
sociais. Isso implica a articulação entre diferentes saberes, dentre eles, os provenientes da Terapia 
Ocupacional.
No contexto da UTIN, a atuação do Terapeuta Ocupacional demanda um corpo de 
conhecimentos e habilidades especí� cas para que seja possível realizar intervenções junto ao 
recém-nascido, à família e ao ambiente da UTIN. 
Por � m, a atuação do terapeuta ocupacional na UTIN deve estar sustentada nos 
pressupostos teóricos que orientam a pro� ssão, dentre os quais o envolvimento do bebê e sua 
família em ocupações que lhes sejam signi� cativas. 
A terapia ocupacional no contexto da assistência à mãe e à família de recém-
nascidos internados em unidade de terapia intensiva, de Dittz e Pinheiro, disponível 
em Rev. Ter. Ocup., Univ. São Paulo, v. 17, n. 1, 2006.
O longo período de hospitalização do bebê implica mudanças signifi cativas na 
dinâmica familiar, dentre elas, o abandono de funções e de papéis sociais por 
parte dos membros da família, dada a necessidade de permanecer junto ao recém-
nascido. Essa abdicação de tarefas e a dedicação exclusiva ao bebê fazem com 
que os pais se esqueçam que também necessitam de cuidados e de momentos 
de lazer, para que possam enfrentar as difi culdades deste período e a sobrecarga 
de obrigações.
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ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
AYRES, M. Hospital usa Redes para Tratar Bebês na UTI. In: Gazeta do Povo. 2010. 1 imagem. 
Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/hospital-usa-redes-para-
tratar-bebes-na-uti-13nptezl3o88a99dqbrzqc9xq/. Acesso em: 23 jun. 2021.
CARVALHO, V. Pai Canguru. In: Temos Que Falar Sobre Isso. 2014. 1 imagem. Disponível em: 
https://temosquefalarsobreisso.wordpress.com/2016/05/10/pai-canguru/. Acesso em: 23 jun. 
2021.
CASTRO, I. M. C.; AZEVEDO, M. M. Compartilhando olhares sobre a Terapia Ocupacional em 
um centro de tratamento de queimados. Rev. Interinst. Bras. Ter. Ocup., Rio de Janeiro, v. 2, n. 
2, 2018.
CETS. Paciente queimado. 2021. 1 imagem. Disponível em: https://cets.com.br/cursos/apq/. 
Acesso em: 23 jun. 2021.
DE CARLO, M.; KUDO, M. R.; KUDO, M. Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e 
Cuidados Paliativos. São Paulo: Payá, 2018.
DITTZ, E. S.; MELO, D. C. C.; PINHEIRO, Z. M. M. A terapia ocupacional no contexto da 
assistência à mãe e à família de recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva. Rev. 
Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 17, n.

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