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45 Aviso importante! Esta matéria é uma propriedade intelectual de uso exclusivo e particular do aluno da Saber e Fé, sendo proibida a reprodução total ou parcial deste conteúdo, exceto em breves citações com a indicação da fonte. COPYRIGHT © 2015 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - SABER E FÉ 45 GREGO MARCOS HERALDO DE PAIVA Versão da matéria: 1.0 Nossas matérias são constantemente atualizadas com melhorias e/ou possíveis correções. Para verificar se existe uma nova versão para esta matéria e saber quais foram as alterações realizadas acesse o link abaixo. www.saberefe.com/area-do-aluno/versoes MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Sumário 03 u Introdução - Para começo de conversa... 04 u Capítulo 1 q Um pouco de história 05 O texto grego do Novo Testamento 07 Livros recomendados 08 u Capítulo 2 q “Grego é Grego” 08 Uma pequena amostra 09 O alfabeto grego 11 As vogais gregas 12 A pronúncia e a transliteração 13 Os sinais gráficos 15 u Capítulo 3 q “Palavras são palavras” – Parte I 15 Divisão de classes 16 Cada caso é um caso 20 u Capítulo 4 q “Palavras são palavras” – Parte II 20 Substantivos 21 Adjetivos 22 Artigos 23 u Capítulo 5 q “Palavras são palavras” – Parte III 23 Numerais 24 Preposições 25 Conjunções GREGO45 1 Versão da matéria: 1.0 Nossas matérias são constantemente atualizadas com melhorias e/ou possíveis correções. Para verificar se existe uma nova versão para esta matéria e saber quais foram as alterações realizadas acesse o link abaixo. www.saberefe.com/area-do-aluno/versoes MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS 27 u Capítulo 6 q “Palavras são palavras” – Parte IV 27 Advérbios 28 Interjeições 29 Pronomes 33 u Capítulo 7 q Soltando o verbo – Parte I 33 Falando a nossa língua 33 O que é verbo? 33 Conjugação dos verbos 34 Flexões dos verbos 34 Modos 34 Tempo 34 Vozes 34 Comparando as coisas 37 u Capítulo 8 q Soltando o verbo – Parte II 37 Quanto à voz 41 u Capítulo 9 q Soltando o verbo – Parte III 41 O modo certo 44 u Capítulo 10 q Soltando o verbo – Parte IV 44 Tempos e épocas 48 u Conclusão - Finalmente... 49 u Referências bibliográficas GREGO45 2 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS q Introdução – Para começo de conversa... Este é um curso introdutório da língua grega. Então, antes de mais nada, precisamos estabelecer onde queremos chegar. Ler o Novo Testamento na língua original — do jeito como você lê sua Bíblia em português — é algo que requer anos e anos de estudo. O que se deseja com este curso não é que o aluno saia lendo fluentemente o Novo Testamento grego, mas, sim, que tenha noções básicas que o ajudem a ter uma visão geral do texto. Para aqueles que desejarem ir mais além, já no capítulo 1, daremos sugestão de alguns livros que podem ser usados como ferramentas adequadas para um melhor entendimento do texto grego. Pense neste curso como uma visão panorâmica, como estar viajando de trem ou de ônibus e vendo a paisagem pela janela. Você vai descobrir coisas novas e vai, certamente, aprender coisas que não sabia. Mas, acima de tudo, “curta a via- gem”, divirta-se, sinta prazer em desfrutar um pouco daquilo que a “paisagem” lhe oferece. Como numa viagem, tudo será muito rápido. Pararemos aqui e ali, e, cer- tamente, encontraremos coisas interessantes. No fim de tudo, o que se espera é que a “viagem” tenha sido agradável e que você se sinta bem com o que aprendeu. GREGO45 3 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 1 q Um pouco de história A seguir, transcrevemos o texto grego de 1Coríntios 1.22. Não se assuste nem se preocupe em entender nada. Tenha o cuidado, somente, de verificar, no quadro a seguir, a pronúncia e a tradução de cada uma das palavras. ™peid¾ kaˆ ‘Iouda‹oi shme‹on a„toàsin kaˆ •Ellhnej sof…an zhtoàsin N.º Texto grego Transliteração Pronúncia Tradução 1 ™peid¾ epeidë epeidê Porque 2 kaˆ kai cái tanto (literalmente “e”) 3 ‘Iouda‹oi ioudaioi iudáioi judeus 4 shme‹on sëmeion seméion sinal 5 a„toàsin aitousin aitussin pedem 6 kaˆ kai cái quanto (literalmente “e”) 7 •Ellhnej hellënes hélenes gregos 8 sof…an sophian sofían sabedoria 9 zhtoàsin zëtousin zetûssin buscam Quadro 1 GREGO45 4 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Você já estudou em Bibliologia que o Novo Testamento foi escrito em grego. Mas surge a pergunta: se Jesus e todos os apóstolos falavam aramaico, por que o Novo Testamento foi escrito em grego? Para respondê-la, precisamos voltar um pouco mais na História, até o século IV antes de Cristo. Na profecia de Daniel 8, há referência a esse período histórico. Nos versículos 5 a 8, encontramos a descrição de um “bode [que] vinha do Ocidente sobre a terra, mas sem tocar o chão”. A própria Bíblia diz que esse “bode” era o “rei da Grécia” (v. 21), e os intérpretes bíblicos o identificam com Alexandre, o Grande. Ele veio “do Ocidente” e sua vitória sobre os medo-persas foi fulminante (“sem tocar o chão”). Embora fosse macedônio, Alexandre era um admirador da cultura grega e, por onde quer que passasse, divulgava a língua e os costumes gregos. Esse movimento patro- cinado por Alexandre ficou conhecido como helenismo. Mas por que a divulgação da cultura grega foi chamada de helenismo? Você mesmo pode responder isso. Ve- rifique a sétima linha do Quadro 1. Ela contém a palavra •Ellhnej cuja tradução é “gregos”. Agora, verifique a transliteração dessa palavra – “hellënes”. Assim sendo, conclui-se que “helenos” era o nome que os gregos davam a si mesmos. A profecia bíblica já dizia que o grande chifre seria quebrado “estando na sua maior força” — ou seja, tão rápido quanto conquistou o seu império, Alexandre o deixou, pois morreu ainda jovem, com apenas 33 anos de idade. Seu império foi di- vidido entre quatro dos generais de Alexandre — “outros quatro também insignes” (v. 8). Destes, somente dois impérios tiveram vida longa: o Selêucida e o Ptolomaico — os quais participaram diretamente dos eventos ocorridos no chamado “período intertestamentário”. Apesar de inimigos, ambos continuaram a estabelecer e presti- giar a cultura grega. Posteriormente, quando o Império Romano dominou o mundo conhecido, a cultura grega estava disseminada por todos os lugares. O grego era a língua universal — assim como o “inglês”, nos dias de hoje. Em qualquer lugar do vasto Império Romano, as pessoas podiam falar “grego” que todos entenderiam. Por isso, o Novo Testamento foi escrito em grego — no grego koinê, isto é, no grego “comum”, que as pessoas falavam no dia-a-dia. O texto grego do Novo Testamento A seguir, reproduzimos o mesmo texto de 1Coríntios 1.22, porém, em duas versões diferentes. Olhe com atenção e veja a diferença entre eles. 1ª versão ™peid¾ kaˆ ‘Iouda‹oi shme‹on a„toàsin kaˆ •Ellhnej sof…an zhtoàsin 2ª versão ™peid¾ kaˆ ‘Iouda‹oi shme‹a a„toàsin kaˆ •Ellhnej sof…an zhtoàsin GREGO45 5 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Como você deve ter reparado, há uma pequena variação entre um e outro. Enquanto na primeira versão encontramos a palavra grega shme‹on (sinal), na se- gunda lemos shme‹a (sinais). Essa é uma divergência sutil, mas existem outras muito mais significativas. Mas por que existem essas diferenças se o Novo Testamento é um só? A resposta a essa questão gastaria páginas e páginas, porém, daremos um breve resumo. Antes da invenção da imprensa, todas as cópias do Novo Testamento eram feitas à mão, ou melhor dizendo, manuscritas. No século 16, o famoso Erasmo de Roterdam fez um esforço para publicar o texto grego do Novo Testamento, fazendo uma pesquisa nos manuscritos existentes. Isso porque, naquela época, os primeiros escritos já não existiam, havendo somente cópias dosdocumentos originais. Então, comparando as cópias de que dispunha, Erasmo produziu a sua edição do Novo Testamento, que, com algumas pequenas variações, veio a ser conhecida como Textus Receptus (expressão latina que significa: “Texto Recebido”). Esse foi o texto grego usado pelo reformador Lutero para traduzir a Bíblia para a sua língua, o ale- mão. Esse, também, foi o texto grego utilizado por João Ferreira de Almeida para traduzir a Bíblia para o português. E esse é o texto adotado hoje pela Sociedade Bí- blica Trinitariana. A primeira versão grega de 1Coríntios 1.22, citada no início deste tópico, é de acordo com o “Texto Recebido”. No entanto, depois do século 16, muitas descobertas foram feitas e muitos ou- tros manuscritos foram encontrados. Com base nessas novas cópias, um grupo de estudiosos elaborou uma nova edição do texto grego, chamado por uns de Texto Crítico e, por outros, de Westcott-Hort – sobrenome dos responsáveis pela sua pri- meira publicação. Esse texto veio a ganhar aceitação em várias partes do mundo, tendo sido adotado como padrão pelas Sociedades Bíblicas Unidas, da qual faz parte a Sociedade Bíblica do Brasil. A segunda versão grega apresentada no início deste tópico é conforme o Texto Crítico. Em tempos mais recentes, outro grupo de especialistas tem defendido uma nova edição que tem sido denominada de Texto Majoritário. A tradução Nova Ver- são Internacional da Bíblia, embora tenha seguido o Texto Crítico, usou o Texto Ma- joritário como fonte de consulta e aperfeiçoamento. Cada um desses tipos de texto tem seus fervorosos defensores. Mas deve ser ressaltado que o Texto Recebido e o Texto Majoritário concordam em 99% de seu conteúdo e que o Texto Recebido é 90% igual ao Texto Crítico. Dessa forma, a des- peito das críticas e razões de cada lado, as concordâncias são muito mais signifi- cativas do que as divergências. Em nossas citações do texto grego utilizaremos o Texto Recebido. Mas alguns dos livros que recomendaremos usam o Texto Crítico. Esperamos que estas expli- cações tenham sido úteis para esclarecer o motivo das variações que porventura sejam encontradas quando comparados dois textos gregos diferentes. GREGO45 6 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Livros recomendados Embora nosso curso seja introdutório, cremos que muitos desejarão se aprofun-dar no estudo da língua original do Novo Testamento. Pensando nisso, elabo- ramos uma breve lista de livros que julgamos necessários para qualquer estudante de grego. Em primeiro lugar, obviamente, deve-se adquirir um Novo Testamento Grego. Nas livrarias evangélicas pode ser encontrado a edição com o NT Grego, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana, contendo o Texto Recebido. Como fonte alter- nativa de consulta, sugerimos a aquisição do Novo Testamento Trilíngue, publicado por Edições Vida Nova. Esta obra reproduz, lado a lado, o texto grego, sua tradu- ção em português e em inglês. O texto grego utilizado é o Texto Crítico, a tradução em inglês é a NIV, e a tradução em português é a Revista e Atualizada. Um bom dicionário é essencial para qualquer tradução e nossa sugestão é o Léxico do N.T. Grego / Português, de F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker, publi- cado por Edições Vida Nova, que, embora pequeno em volume, tem-se mostrado muito útil. Além do dicionário, cremos que um bom auxílio para um melhor entendi- mento na leitura do texto grego é o livro Chave linguística do Novo Testamento gre- go, de Fritz Rienecker e Cleon Rogers, também publicado por Edições Vida Nova. Nessa obra os autores analisam as palavras mais significativas em cada versículo, dando sua raiz e a tradução provável. No que diz respeito à gramática grega para principiantes, um dos melhores li- vros que conhecemos é Aprenda o grego do Novo Testamento, de John H. Dobson, publicado pela CPAD. Outro livro igualmente excelente é Noções do grego bíblico, de Lourenço Stelio Rega, publicado por Edições Vida Nova. Embora sigam métodos diferentes, tanto um autor quanto o outro, apresentam, de forma bem didática, os conceitos que, em nosso curso, abordaremos de forma superficial. GREGO45 7 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 2 q “Grego é Grego” Uma pequena amostra A seguir, reproduzimos o texto grego de Marcos 1.1, e, na tabela seguinte, a transliteração e a pronúncia de cada uma das palavras. ‘Arc¾ toà eÙaggel…ou ‘Ihsoà Cristoà, uƒoà toà Qeoà: N.º Texto grego Transliteração Pronúncia 1 ‘Arc¾ Arkhë Archê 2 toà tou Tu 3 eÙaggel…ou euaggeliou Euangelíou 4 ‘Ihsoà Iësou Iessú 5 Cristoà Khistou Christú 6 Uƒoà huiou Huiú 7 toà tou Tu 8 Qeoà Theou Theú Quadro 2 GREGO45 8 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Nessa pequena amostra da língua grega, você já pode notar alguns detalhes que chamam a nossa atenção, conforme os comentários a seguir: 1. ‘Arc¾ - Note que a segunda letra parece com o nosso “p”, mas, na verdade é um “r”. A quarta letra parece um “n”, mas é a vogal “ê”. 2. toà - A transliteração é diferente da pronúncia, pois o ditongo “ou” se pro- nuncia como a nossa vogal “u”. 3. eÙaggel…ou - Esta é a palavra “evangelho”. Repare que, tanto na translite- ração quanto na pronúncia, não existe a letra “v” — pois essa letra não existe no alfabeto grego. Repare, também, que embora a transliteração demonstre existirem duas letras “g” (euaggeliou) na palavra, a pronúncia coloca um “n” no lugar do primeiro “g” (euangelíou). Isso porque, em grego, quando temos o encontro consonantal gg ele é pronunciado como “ng”. 4. ‘Ihsoà - Este é o nome Jesus. Note que não existe um “j” na pronúncia — por- que esse som era desconhecido na língua grega. Verifique, também, que, na pronúncia, escrevemos o nome Iessú com dois “s”, pois, em grego, o “s” sempre tem som de “s” e nunca de “z”. 5. Cristoà - Este é o nome Cristo. Repare que a primeira letra se parece com o nosso “x”, mas, na verdade, tem um som que não existe em português e que se parece com um “q” forte. 6. uƒoà - Note que, tanto na transliteração quanto na pronúncia, foi colocado um “h”, que deve ser pronunciado como o “h” da palavra inglesa “help”. 7. toà - Veja os comentários do item 2. 8. Qeoà - Esta é a palavra “Theós”, que traduzimos como Deus. Note que a pri- meira letra (Q) não é um “t”, mas um “teta” — letra que não existe no nosso alfabeto. A pronúncia mais aproximada seria o “th” da língua inglesa. O alfabeto grego Como você pode notar no exemplo dado, o alfabeto grego guarda algu-mas semelhanças com o nosso, porém, possui também muitas diferenças. No quadro a seguir, listamos as 24 letras gregas, maiúsculas e minúsculas, com seus respectivos nomes e pronúncias. GREGO45 9 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Ordem Minúsculas Maiúsculas Nome Pronúncia 1 a A Alfa como “a” em gato 2 b B Beta como “b” em bola 3 g G Gama como “g” em galo 4 d D Delta como “d” em dado 5 e E Épsilon como “e” em pé 6 z Z Zeta como “z” em zebra 7 h H Êta como “ê” em cabelo 8 q Q Theta como “th” no inglês thing 9 i I Iota como “i” em tiro 10 k K Kapa como “c” em casa 11 l L Lambda como “l” em lar 12 m M Mi como “m” em mesa 13 n N Ni como “n” em navio 14 x X Csi como “x” em táxi 15 o O Ômicron como “o” em pó 16 p P Pi como “p” em pato 17 r R Rô como “r” em rato 18 s , j S Sigma como “s” em sapo 19 t T Tau como “t” em tatu 20 u U Ypsilon como “y” no alemão Müller 21 f F Fi como “f” em faca 22 c C Khi como “ch” no alemão ich 23 y Y Psi como “ps” em psicologia 24 w W Ômega como “ô” em alô Quadro 3 GREGO45 10 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Lembretes importantes As aparências enganam: o Êta minúsculo (h) se parece com o nosso “n” e o maiúsculo (H) com o nosso “H”, mas, na verdade é a vogal “ê”. Da mesma forma, o Ni, na sua forma minúscula (n) se parece com o nosso “v”, mas é um “n”.Outra letra com a qual devemos tomar cuidado é o Rô, que, tanto na sua forma maiúscula (R) quanto na minúscula (r), se parece com um “p”, mas é um “r”. A letra Sigma tem duas formas minúsculas (s , j). A que se parece com o nosso “s” é usada somente no fim das palavras, enquanto que a outra forma é usada em qualquer posição, exceto no fim. As vogais gregas A língua grega possui sete vogais: a, e, h, i, o, w, u. Existem dois tipos de “e”, um breve, o Épsilon (e), e um longo, o Ëta (h) . O e será pronunciado de forma aberta, como na palavra “chefe”. O h será pronunciado como um “e” fechado, como na palavra “alemão”. De forma semelhante ao “e”, existem, tam- bém, dois tipos de “o”, um breve, o Ômicron (o), e um longo, o Ômega (w). O o será pronunciado como um “o” aberto, como na palavra “aposta”. O w, por sua vez, será pronunciado como “o” na palavra “lobo”. A vogal Ypsilon (u), que tem o formato parecido com o nosso “u”, quando está sozinha numa sílaba tem o som de um “i” longo (como a letra “i” acentuada da palavra “vestígio”). Nos ditongos, entretanto, o u é pronunciado como um “u”, com uma exceção, conforme pode ser visto no quadro a seguir: Ditongo Pronúncia Ai ai Ei ei Oi oi Ui ui Au au Eu eu Hu êu Ou u Quadro 4 GREGO45 11 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Existem outros ditongos formados entre uma vogal longa e o iota (i), na qual o i não é pronunciado. Nestes casos, o i é chamado de “iota subscrito”, pois é escrito embaixo da vogal longa. Veja o quadro abaixo: Ditongo Pronúncia v a V Ê J ô Quadro 5 A pronúncia e a transliteração Transliterar significa escrever com as letras que usamos aquilo que está em outro tipo de alfabeto. A transliteração tenta, assim, trocar as letras de um alfabeto que desconhecemos pelas letras equivalentes do alfabeto conhecido. Na maior parte das vezes, a transliteração nos ajuda a entender qual é a pronúncia correta de determinada palavra. Mas, às vezes, a falta de equivalência de sons (fo- nemas) compatíveis ou mesmo peculiaridades da língua fazem que, nem sempre, pronúncia e transliteração sejam iguais. Por exemplo, na língua grega não existem as consoantes jota (J) ou vê (V). Por outro lado, existem letras cujos sons não são usados na língua portuguesa, como é o caso do Theta (q) e do Khi (c). Como já dissemos, anteriormente, a pronúncia do q é similar à do th na língua inglesa. Por sua vez, a pronúncia do c se parece com o ch do alemão, algo como um “q” forte. Há, também, dificuldades relacionadas com a nossa própria língua. Em portu- guês, a letra “s” tem o som de “z” quando se encontra entre duas vogais (como na palavra “casa”, que pronunciamos cáza). Já em grego, o Sigma (s) sempre tem som de “s”, nunca de “z”. De forma semelhante, embora a letra “x”, em português, seja pronunciada de diversos modos diferentes, em grego, o Csi (x) sempre terá som de “cs” (como “x”, na palavra “anexo”). O grego tem, igualmente, suas peculiaridades. A letra Gama (g), por exemplo, terá sempre o som de um “g” forte, como na palavra “gato”. Assim sendo, a pala- vra gÁ, que significa “terra”, deve ser pronunciada como “guê” e não como “gê”. No entanto, quando a letra Gama vem antes de outro Gama (gg), de um Kapa (gk) e/ou de um Khi (gc), passa a ter o som de “n”, como pode ser observado nas pa- lavras ¥ggeloj (se pronuncia “ângelos” = anjo) ou ¥gkura (se pronuncia “ânkiira” = âncora). GREGO45 12 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Finalmente, deve ser dito que, como já visto anteriormente, a língua grega tem duas vogais “e” e duas vogais “o”. Para diferenciar uma da outra, usaremos, na transliteração, o trema para distinguir um êta (h = “ë”) de um épsilon (e = “e”), e um ômega (w = “ö”) de um ómicron (o = “o”). Os sinais gráficos Aspiração As palavras gregas iniciadas por vogal possuem um sinal gráfico especial cha- mado “aspiração”. Quando a vogal é minúscula, a aspiração é colocada sobre a letra; quando é maiúscula, antes da letra. Quando a palavra se inicia com ditongo, a aspiração é colocada sobre a segunda vogal, mas influencia a sílaba toda. A aspiração pode ser branda ou forte. A aspiração branda é representada por um símbolo semelhante a um apóstrofo (‘), e não tem efeito algum na pro- núncia, não sendo representada na transliteração. A aspiração forte (ou áspera) é representada por um apóstrofo ao contrário (’). Esse tipo de aspiração deve ser pronunciada como a letra “h” da palavra inglesa “help” (pronuncia-se “rélp”). Por esse motivo, a aspiração áspera (forte) será representada, na transliteração, pela letra “h”. Além das vogais, as palavras iniciadas com a consoante Rô (r) possuem aspi- ração. Acentuação De forma geral, todas as palavras gregas são acentuadas. As exceções são al- gumas palavras de uma ou duas sílabas que, geralmente, são pronunciadas quase que em conjunto com as outras palavras da frase. É a acentuação que determina a sílaba tônica da palavra grega. Os acentos usados são: o circunflexo (^), o agudo (/) e o grave (`). Em algumas edições de Novo Testamento Grego, o acento circun- flexo é representado por um til (~). O acento grego não está vinculado ao som, aberto ou fechado, de uma síla- ba, mas, sim, ao fato de a sílaba ser longa ou breve. O acento circunflexo nunca será colocado sobre uma sílaba breve. O acento agudo poderá ser colocado em qualquer tipo de sílaba. O acento grave somente é colocado na última sílaba e, mesmo assim, só quando essa sílaba já tiver acento agudo e a palavra vier seguida de outra. Falando de outra forma: uma palavra que tenha acento grave na última sílaba é a mesma palavra que teria acento agudo naquela sílaba. Exemplificando: kaˆ = ka…, klhtÕj = klhtÒj, di¦ = di£, etc. GREGO45 13 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Da mesma forma que a aspiração, quando um ditongo é acentuado o acento é colocado na segunda letra, mas a ênfase da pronúncia deve ser na primeira letra (ex.: ka… se pronuncia “cái” e não “caí”). Importante: Quando mencionarmos a pronúncia de uma palavra, a sílaba tôni- ca dessa palavra estará acentuada, para melhor identificação. De maneira geral, usaremos, na pronúncia, o acento agudo, mas quando a sílaba tônica cair sobre uma vogal longa (h ou w), representaremos isso com um acento circunflexo. Pontuação A língua grega utiliza quatro tipos de sinais de pontuação. O “ponto final” (.) e a “vírgula” (,) são iguais aos nossos e sua utilização é semelhante. Para representar o nosso “ponto-e-vírgula”, ou “dois pontos”, ou mesmo o “ponto de exclamação”, é utilizado, em grego, um “ponto alto” (:). Já o “ponto de interrogação”, em grego, tem um símbolo idêntico ao nosso ponto e vírgula (;). Veja na tabela abaixo a cor- relação entre os sinais de pontuação. Pontuação Português Grego Ponto final . . Vírgula , , Ponto-e-vírgula ; : Dois-pontos : : Exclamação ! : Interrogação ? ; Quadro 6 GREGO45 14 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 3 q “Palavras são palavras” – Parte I Divisão de classes Agora que já conhecemos o alfabeto grego, estamos prontos para caminhar um pouco mais na língua original do Novo Testamento. O texto abaixo re- produzido é o primeiro versículo da primeira carta de Paulo aos Coríntios. Na tabela seguinte, você encontrará, além da transliteração e da pronúncia, a indicação da classe gramatical de cada uma das palavras. Paàloj klhtÕj ¢pÒstoloj ‘Ihsoà Cristoà di¦ qel»matoj Qeoà, kaˆ Swsqšnhj Ð ¢delfÒj N.º Texto grego Transliteração Pronúncia Classe gramatical 1 Paàloj Paulos Páulos substantivo 2 klhtÕj klëtos kletós adjetivo 3 ¢pÒstoloj apóstolos apóstolos substantivo 4 ‘Ihsoà Iësou Iessú substantivo 5 Cristoà Khristou Christú substantivo 6 di¦ Dia día preposição 7 qel»matoj thelëmatos thelêmatos substantivo 8 Qeoà Theou Theúsubstantivo 9 kaˆ Kai cái conjunção 10 Swsqšnhj Söstenës Sosthénes substantivo 11 Ð Ho hó artigo 12 ¢delfÒj adelfos adelfós substantivo Quadro 7 GREGO45 15 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Como você pode notar, assim como na língua portuguesa, também em grego as palavras são divididas em várias classes gramaticais. Em linhas gerais, a defi- nição de cada classe é semelhante, seja em grego, seja em português, por isso utilizaremos as definições já ensinadas na disciplina Português Instrumental II. Neste capítulo, daremos uma visão geral sobre as várias classes de palavras gregas, com exceção dos verbos, que serão abordados no próximo capítulo. Cada caso é um caso Antes, porém, de entrarmos no estudo das classes propriamente ditas, é pre-ciso que analisemos uma peculiaridade da língua grega: os casos. Para melhor entender a ideia, façamos um paralelo entre substantivos e verbos. Em por- tuguês, os substantivos podem variar em gênero, número e grau. Os verbos, no en- tanto, variam em pessoa, número, modo, tempo e voz, sendo conjugados de acor- do com as regras estabelecidas. Em grego, os verbos também são conjugados. Os substantivos, por outro lado, têm um tratamento totalmente diferente do português, variando em gênero, número e caso. Dizendo de outra maneira, na língua grega, assim como os verbos são conjuga- dos, os substantivos são declinados conforme o caso. E assim como os verbos são classificados em 1ª, 2ª e 3ª conjugações, os substantivos gregos também são classifi- cados em 1ª, 2ª e 3ª declinações. E essa questão de casos vale não só para os subs- tantivos, mas, igualmente, para os adjetivos, para os artigos, e assim por diante. A tí- tulo de curiosidade, veja, no quadro abaixo, a declinação de ¥nqrwpoj (homem). Caso Singular Plural Nominativo ¥nqrwpoj ¥nqrwpoi Genitivo ¢nqrèpou ¢nqrèpwn Ablativo ¢nqrèpou ¢nqrèpwn Locativo ¢nqrèpJ ¢nqrèpoij Instrumental ¢nqrèpJ ¢nqrèpoij Dativo ¢nqrèpJ ¢nqrèpoij Acusativo ¥nqrwpon ¢nqrèpouj Vocativo ¥nqrwpe ¥nqrwpoi Quadro 8 Para ilustrar o que estamos falando, vamos rever o texto de 1Coríntios 1.1, in- cluindo, agora, a informação sobre o caso de cada uma das palavras. GREGO45 16 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS N.º Texto grego Pronúncia Classe gramatical Caso 1 Paàloj Páulos substantivo nominativo 2 klhtÕj kletós adjetivo nominativo 3 ¢pÒstoloj apóstolos substantivo nominativo 4 ‘Ihsoà Iessú substantivo genitivo 5 Cristoà Christú substantivo genitivo 6 di¦ diá preposição - 7 qel»matoj thelêmatos substantivo ablativo 8 Qeoà Theú substantivo ablativo 9 kaˆ cái conjunção - 10 Swsqšnhj Sosthénes substantivo nominativo 11 Ð hó artigo nominativo 12 ¢delfÒj adelfós substantivo nominativo Quadro 9 Mas o que vem a ser um “caso”? Falando de maneira genérica, podemos dizer que caso é uma variação da palavra que indica qual é a relação daquela palavra com as outras da frase. Cada caso tem sua terminação característica, conforme a declinação, e, ao identificarmos o caso de uma determinada palavra, somos ca- pazes de dizer qual é a sua função sintática (sujeito, objeto direto, objeto indireto) ou como aquela palavra está relacionada com as outras. Na língua portuguesa, a posição de uma palavra indica, por assim dizer, sua função na frase. Por exemplo, “João” e “cachorro” são substantivos. Mas dizer “O cachorro mordeu João” é diferente de dizer “João mordeu o cachorro”. Embora as palavras “João” e “cachorro” tenham sido escritas do mesmo jeito nas duas frases, o sentido é totalmente diferente, porque a posição delas determina quem é o sujeito e quem é o objeto. Em grego não é assim. Não é a posição de uma pa- lavra que determina sua função, mas, sim, o caso em que ela está flexionada. Se o substantivo “João” for o sujeito da frase, ele será flexionado no caso nominativo; se “João” for o objeto direto, ficará no acusativo. Por outro lado, se em português precisamos usar a preposição “de” para dizer “a lei de Deus”, em grego podemos dizer o mesmo apenas colocando a palavra Deus no caso ablativo, sem usar pre- posição alguma. GREGO45 17 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Como visto no quadro 8, há oito diferentes casos: nominativo, genitivo, ablativo, locativo, instrumental, dativo, acusativo e vocativo. No entanto, costuma-se reunir aqueles que têm grafia igual, agrupando em apenas cinco, a saber: nominativo, genitivo, dativo, acusativo e vocativo. Na tabela a seguir, listamos os oito casos e a função de cada um deles. Caso Função / Ideia principal Nominativo sujeito da oração Genitivo ideia de posse Ablativo ideia de derivação Locativo ideia de lugar Instrumental ideia de instrumento Dativo objeto indireto Acusativo objeto direto Vocativo invocação ou exclamação Quadro 10 Considerando o que já sabemos sobre os casos, vamos “arriscar” uma primeira tradução. Veja, no quadro abaixo, a tradução “literal” das palavras gregas e, de- pois, verifique como os casos se aplicam quando reunimos todas as palavras. N.º Texto grego Classe gramatical Caso Tradução 1 Paàloj substantivo nominativo Paulo 2 KlhtÕj adjetivo nominativo chamado 3 ¢pÒstoloj substantivo nominativo apóstolo 4 ‘Ihsoà substantivo Genitivo Jesus 5 Cristoà substantivo Genitivo Cristo 6 di¦ preposição - através de 7 qel»matoj substantivo Ablativo Vontade 8 Qeoà substantivo Ablativo Deus GREGO45 18 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS 9 kaˆ conjunção - E 10 Swsqšnhj substantivo nominativo Sóstenes 11 Ð artigo nominativo O 12 ¢delfÒj substantivo nominativo irmão Quadro 11 Tradução: Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo através da vontade de Deus, e o irmão Sóstenes Comentário: Paulo é apóstolo “de Jesus Cristo” – ideia de posse (genitivo); e isso através da “vontade de Deus” – ideia de derivação (ablativo). GREGO45 19 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 4 q “Palavras são palavras” – Parte II Substantivos Agora, passemos ao estudo das classes gramaticais, começando com os substantivos. Conforme já estudado na disciplina Português Instrumental II, substantivo “é a classe gramatical responsável por nomear os seres, os objetos, os lugares, os sentimentos, etc”. No entanto, como vimos no tópico anterior, diferen- te da língua portuguesa, os substantivos, em grego, variam em gênero, número e caso. No que diz respeito ao gênero, um substantivo pode ser: masculino, feminino ou neutro. Quanto ao número, pode ser: singular ou plural. Quanto aos casos, os substantivos são flexionados conforme a sua própria declinação. Cada declinação possui seu próprio paradigma, ou seja, as terminações ca- racterísticas que identificam e diferenciam cada caso. O estudo desses paradig- mas das declinações, as regras de acentuação, etc., fogem da proposta de nosso curso, de forma que sugerimos àqueles que desejem se aprofundar nesse assunto, uma pesquisa nos livros recomendados no capítulo 1. GREGO45 20 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Os substantivos em que o caso nominativo singular termina em a, h, aj e hj são da 1ª declinação. Aqueles cujo nominativo singular termina em oj e on são da 2ª declinação, e os que terminam em qualquer outra consoante ou vogal são da 3ª declinação. Normalmente, os substantivos da 1ª declinação terminados em a e h são femininos, e os que terminam em aj e hj são masculinos. Da mesma forma, de maneira geral, os substantivos da 2ª declinação terminados em oj são masculinos, e os que terminam em on são neutros. Quanto à 3ª declinação, há muitas exceções. Para não se perder nessa multidão de regras, grave o seguinte: para se saber se um substantivo é masculino, feminino ou neutro, verifique o artigo que o acompanha, pois o artigo necessariamente concordará com o gênero do substantivo. Adjetivos Como acontece em português, o “adjetivo é a palavraque qualifica os seres expressando característica, qualidade, aparência ou estado”. O ad- jetivo sempre concordará com o substantivo, tendo as mesmas flexões de gênero, número e caso. Mas o adjetivo também varia em grau, que pode ser comparativo ou superlativo. A seguir, reproduzimos, novamente, 1Coríntios 1.1, sendo que, dessa vez, acres- centamos o versículo 2. Neles aparece uma mesma palavra, a qual foi sublinhada. Verifique as semelhanças e as diferenças entre as duas ocorrências. Paàloj klhtÕj ¢pÒstoloj ‘Ihsoà Cristoà di¦ qel»matoj Qeoà, kaˆ Swsqšnhj Ð ¢delfÒj, tÍ ™kklhs…v toà Qeoà tÍ oÜsV ™n Kor…nqJ, ¹giasmšnoij ™n Cristù Ihsoà, klhto‹j ¡g…oij, sÝn p©si to‹j ™pikaloumšnoij tÕ Ônoma toà Kur…ou ¹mîn Ihsoà Cristoà ™n pantˆ tÒpw, aÙtîn te kaˆ ¹mîn Se fôssemos fazer uma “tradução livre“ do texto citado, ela ficaria assim: “Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo através da vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que invocam o nome do Senhor nosso Jesus Cristo, em todos os lugares, [Senhor] tanto deles quanto nosso”. O adjetivo klhtÕj, que aparece no verso primeiro está vinculado ao substanti- vo Paulo, o remetente da carta. Já a ocorrência do mesmo adjetivo no versículo 2 (klhto‹j) está qualificando os destinatários da carta – “a igreja de Deus que está em Corinto”. Assim como Paulo havia sido chamado (klhtÕj) para ser apóstolo de Jesus Cristo, os crentes de Corinto haviam sido chamados (klhto‹j) para ser santos (¡g…oij significa “santos”). No verso 1, o substantivo está no singular. E o adjetivo também. No verso 2, o adjetivo está no plural, porque se refere aos “santificados em Cristo Jesus”, que está no plural. GREGO45 21 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Artigos Na língua grega só existe o artigo definido. Quando se quer dar a ideia de indefinição, omite-se o artigo. Veja o exemplo a seguir: Ð ¢delfÒj = o irmão ¢delfÒj = um irmão Dependendo do contexto, ¢delfÒj pode ser traduzido unicamente por “ir- mão” ao invés de “um irmão” — ou seja, não é necessário colocar o artigo indefini- do “um”. Como já foi dito, a simples ausência do artigo definido já é suficiente para dar a ideia de indefinição. Assim como o adjetivo, o artigo concorda em gênero, número e caso com o substantivo, sendo muito útil conhecer o paradigma da flexão do artigo, em todos os seus casos, considerando que, a partir dele, é possível saber em que caso está o substantivo que o acompanha. Abaixo, colocamos a declinação do artigo. Repare que o artigo não possui caso vocativo. Declinação do artigo Singular Plural Masculino Feminino Neutro Masculino Feminino Neutro Nominativo Ð ¹ tÒ oƒ aƒ t£ Genitivo Toa tÁj toà tîn tîn tîn Dativo Tù tÍ tù to‹j ta‹j to‹j Acusativo TÒn t»n tÒn toÚj t£j t£ Quadro 12 GREGO45 22 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 5 q “Palavras são palavras” – Parte III Numerais Como na língua portuguesa, em grego, também, “o numeral é a classe gra-matical que expressa a quantidade exata de seres ou a posição que os se- res ocupam numa série”. Assim como em português, existem, em grego, os numerais cardinais e ordinais. Os numerais variam em gênero – masculino, feminino e neutro. E, também, são flexionados conforme o caso específico. Na questão dos numerais, a influência do grego é marcante na língua portu- guesa, de forma que, mesmo sem saber, já conhecemos alguns numerais gregos, tanto cardinais quanto ordinais, como pode ser verificado pela série de exemplos abaixo: deÚteroj (pronúncia = déuteros; tradução = segundo) está presente no nome Deuteronômio (literalmente, “segunda lei”); dÚo (pronúncia = dúo; tradução = dois) corresponde a uma palavra portu- guesa de significado semelhante; penthkostÒj é o nome da festa judaica em que ocorreu a descida do Espíri- to Santo (pronúncia = pentecostós; tradução = cinquenta); GREGO45 23 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS E ainda os nomes dados a uma série de campeonatos conquistados: Numeral Pronúncia Tradução Uso Pšnte pénte cinco pentacampeão ›x hex seis hexacampeão ˜pt£ heptá sete heptacampeão Ñktè octô oito octacampeão ™nnša enéa nove eneacampeão Dška déca dez decacampeão Quadro 13 Preposições Em português, “preposição é uma palavra invariável que liga dois termos”. Na língua grega, entretanto, as coisas não são assim. Em português, precisamos da preposição “de” para dizer: “Filho de Deus”. Em grego, isso não é necessário, pois podemos, simplesmente, colocar a palavra “Deus” no genitivo que já conse- guimos transmitir a ideia de posse. Assim sendo, a função da preposição na língua grega não é, simplesmente, servir de ligação entre dois termos, mas, sim, auxiliar o substantivo a expressar o seu caso ou a sua função em uma oração. As preposições são indeclináveis, isto é, não são flexionadas em casos. Mas elas estão vinculadas aos casos dos substantivos com os quais se relacionam, de manei- ra que certas preposições só são usadas com determinados casos. Embora cada preposição tenha uma ideia básica, a tradução dependerá do caso do substantivo ao qual está relacionada e do contexto em que está inserida. Considerando o constante uso de preposições do Novo Testamento, relaciona- mos, a seguir, algumas das mais usadas, mencionando os casos com os quais são utilizadas, bem como a ideia principal de cada uma. GREGO45 24 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Preposição Casos Ideia Básica ¢pÒ ablativo da parte de, fora de di£ genitivo, acusativo através de, a favor de e„j acusativo para, para dentro de ™k, ™x ablativo de, de dentro de ™n locativo em, por, com (instrumento) par£ ablativo, locativo, acusativo (proximidade) ao lado de sÚn instrumental (intimidade) com Quadro 14 Conjunções Conforme explicado na disciplina Português Instrumental II, “conjunção é a palavra que liga orações ou dois termos semelhantes dentro de uma mes- ma oração”. E, da mesma forma que em português, em grego as conjunções tam- bém podem ser classificadas em: adversativas, alternativas, conclusivas, etc. Assim como as preposições, as conjunções são indeclináveis, mas não estão vinculadas a nenhum caso específico. Uma peculiaridade da língua grega são as “conjunções pospositivas”. Essas conjunções são normalmente vocábulos de uma sílaba só que nunca podem ser a primeira palavra de uma oração — por isso são chamadas de “pospositivas”, ou seja, sua posição é após alguma outra palavra. Outro detalhe significativo é que a ocorrência de duas conjunções em uma mesma oração, às vezes, altera o sentido do texto. Por exemplo, quando encontra- mos duas vezes a conjunção ka… numa mesma oração (ka…... ka…) pode-se traduzir, em alguns casos, como “tanto... como”. O mesmo acontece quando a conjunção te é usada com ka…, podendo-se traduzir ainda como “mas também”. GREGO45 25 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Para conhecimento, relacionamos, a seguir, algumas das conjunções mais usa- das, sua classificação, sua ideia básica, além da informação de ser uma conjunção pospositiva quando for este o caso. Conjunção Classificação Ideia Básica Pospositiva ¢ll£ adversativa porém, mas, senão, todavia não G£r explicativa pois, visto que sim dš adversativa mas, ora, então sim ½ alternativa ou não ‰na conclusiva para que, a fim de que não ka… aditiva e, também não Öti conclusiva que, porque não oân explicativa portanto, ora, então sim Te aproximativa e sim Quadro 15 GREGO45 26 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 6 q “Palavras são palavras” – Parte IV Advérbios Um advérbio é uma “palavra que modifica um verbo, um adjetivo ou ou-tro advérbio, indicando uma circunstância”. Os advérbios são classificados conforme a circunstância que expressam. Veja osexemplos abaixo: Advérbio Pronúncia Classificação Tradução tÒte tóte tempo então nàn niin tempo agora pÒte póte tempo quando ™ke‹ ekéi lugar ali oÛtwj hútos modo assim æj hôs modo como pîj pôs modo como, de que maneira m» mê negação não (subjetivo) oÙ, oÙc, oÙk u, uch, uc negação não (categórico) Quadro 16 GREGO45 27 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Muitos advérbios são formados a partir de adjetivos. Abaixo relacionamos al- guns exemplos: Adjetivo Tradução Advérbio Tradução kalÒj bom kalîj bem kakÒj mau kakîj mal ÑrqÒj reto, direito Ñrqîj corretamente Ómoioj semelhante Ðmo…wj do mesmo modo d…kaioj justo dika…wj de forma justa ¢lhq»j verdadeiro ¢lhqîj verdadeiramente tacÚj rápido tacšwj rapidamente Quadro 17 Interjeições Em grego, como em português, “interjeição é a palavra que expressa emo-ções, sensações, apelos ou saudações”. O texto a seguir — parte inicial de Mateus 11.21 — é um bom exemplo do uso de interjeições (no caso, a interjeição oÙa…): oÙa… soi, Coraz…n, oÙa… soi, Bhqsaid£ Veja, no quadro abaixo, a pronúncia e a tradução das palavras gregas: Palavra grega Pronúncia Tradução oÙa… uái Ai Soi soi de ti Coraz…n Chorazín Corazin oÙa… uái Ai soi soi de ti Bhqsaid£ Betsaidá Betsaida Quadro 18 GREGO45 28 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Pronomes Como já ensinado na disciplina Português Instrumental II, “pronome é a classe gramatical que substitui ou determina um nome, relacionando este nome a uma das três pessoas gramaticais: eu, tu, ele (singular); nós, vós, eles (plu- ral)”. Em grego, entretanto, os pronomes são flexionados em casos, da mesma ma- neira que os substantivos, os adjetivos, etc. Os pronomes se classificam em pessoais, demonstrativos, relativos, interrogativos, indefinidos, reflexivos, recíprocos e posses- sivos. Considerando a importância dos pronomes, estaremos fornecendo a declina- ção de alguns deles. Importante: Não se preocupe em decorar. Encare essas tabelas como uma fonte para futuras consultas. Pronomes pessoais Veja, no quadro a seguir, a declinação dos pronomes pessoais gregos: Caso Eu Tu Ele Nós Vós Eles Nominativo ™gè sÚ aÙtÒj ¹me‹j Øme‹j aÙto… Genitivo mou sou aÙtoà ¹mîn Ømîn aÙtîn Ablativo mou sou aÙtoà ¹mîn Ømîn aÙtîn Locativo moi soi aÙtù ¹m‹n Øm‹n aÙto‹j Instrumental moi soi aÙtù ¹m‹n Øm‹n aÙto‹j Dativo moi soi aÙtù ¹m‹n Øm‹n aÙto‹j Acusativo me se aÙtÒn ¹m©j Øm©j aÙtoÚj Quadro 19 Para exemplificar a forma de tradução, observe como ficaria a primeira pessoa do singular (eu), nos vários casos: GREGO45 29 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Caso Grego Pronúncia Tradução Nominativo ™gè egô eu Genitivo mou mú de mim, meu (sentido de posse) Ablativo mou mú de mim, meu (procedência) Locativo moi mói em mim Instrumental moi mói comigo Dativo moi mói para mim (a mim) Acusativo me me mim (me) Quadro 20 Na língua grega, como também em português, a conjugação dos verbos já identifica a pessoa. Assim sendo, quando se usa o pronome pessoal no caso nomi- nativo, deseja-se dar ênfase à pessoa. A primeira e a segunda pessoas do singular possuem formas alternativas de grafia em todos os casos, exceto no nominativo. A terceira pessoa, tanto no singular quanto no plural, possui declinações diferentes, conforme o gênero: masculino, feminino ou neutro. No exemplo dado no Quadro 19, consta apenas o gênero masculino. Pronomes demonstrativos Como exemplos dos pronomes demonstrativos gregos, temos: oátoj (este) e ™ke‹noj (aquele). Ambos variam em gênero, número e caso. A forma feminina no nominativo singular do pronome demonstrativo oátoj (aÛth = esta) é muito pareci- da com a equivalente do pronome pessoal aÙtÒj (aÙt» = ela). Verifique que a dife- rença está na acentuação e na aspiração. Veja, a seguir, a declinação de oátoj. Caso Singular Plural Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro Nominativo Oátoj aÛth toàto oátoi aátai taàta Genitivo toÚtou taÚthj toÚtou toÚtwn toÚtwn toÚtwn Locativo ToÚtJ taÚtV toÚtJ toÚtoij taÚtaij toÚtoij Acusativo toàton taÚthn toàto toÚtouj taÚtaj taàta Quadro 21 GREGO45 30 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Pronomes relativos O pronome relativo Ój pode ser traduzido por: “que, o que, o qual, quem”. Este pronome também varia em gênero, número e caso. A declinação do pronome Ój se parece com a do artigo definido, com a diferença de que todos os casos são iniciados por vogal, com aspiração forte e acentuação. Verifique o quadro abaixo e compare com a tabela do artigo (Quadro 12). Caso Singular Plural Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro Nominativo Ój ¼ Ó o† a† ¤ Genitivo oá Âj Oá ïn ïn ïn Locativo ú Î Ú oŒj aŒj oŒj Acusativo Ón Èn Ó oÛj ¤j ¤ Quadro 22 Pronomes interrogativos O pronome interrogativo t…j é, geralmente, traduzido como “quem?, que?, qual?”. Este pronome também é flexionado em gênero, número e caso, porém, as formas do masculino e feminino são iguais. Outra característica é que o pronome interrogativo t…j conserva sempre o acento agudo na primeira sílaba. Caso Singular Plural M / F Neutro M / F Neutro Nominativo t…j t… t…nej t…na Genitivo t…noj t…noj t…nwn t…nwn Locativo t…ni t…ni t…si t…si Acusativo t…na t… t…naj t…na Quadro 23 GREGO45 31 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Pronomes indefinidos O pronome indefinido tij é, normalmente, traduzido como “algum, alguém, qualquer”. Como você deve ter notado, o pronome indefinido tij é semelhante ao pronome interrogativo t…j. Se você comparar o Quadro 23 com o Quadro 24, que apresentamos a seguir, verificará que a declinação dos dois é quase idêntica. Então, como diferenciá-los? Preste atenção: diferente do pronome interrogativo, o pronome indefinido, no caso nominativo, às vezes, aparece sem acento ou, então, com acento grave. Outra diferença é que, nos outros casos, o acento é colocado na última sílaba e não na primeira. Caso Singular Plural M / F Neutro M / F Neutro Nominativo tij ti tinej tin£ Genitivo tinÒj tinÒj tinîn tinîn Locativo tin… tin… tis… tis… Acusativo tin£ ti tin£j tin£ Quadro 24 Pronomes reflexivos Os pronomes reflexivos são correspondentes às pessoas a que fazem referên- cia. O pronome ™mautoà refere-se à primeira pessoa e é traduzido por “mim mes- mo” (“de mim mesmo”, “em mim mesmo”, etc — conforme o caso). Já seautoà refere-se à segunda pessoa, sendo traduzido por “ti mesmo” (“de ti mesmo”, “em ti mesmo”, etc.). Por sua vez, ˜autoà refere-se à terceira pessoa, e é traduzido como “si mesmo” (“de si mesmo”, “em si mesmo”, etc.). Como outros pronomes, estes também variam em gênero, número e caso. No Novo Testamento, encontramos, em várias passagens, o pronome pessoal aÙtÒj usado como pronome reflexivo, principalmente quando vem associado a outro pronome pessoal. Por exemplo: ™gë aÙtÒj (que é traduzido por “eu mesmo”); sÝ aÙtÒj (“tu mesmo”); ¹me‹j aÙtÒj (“nós mesmos”); e assim por diante. Pronomes recíprocos O pronome recíproco ¢ll»lwn é, normalmente, traduzido por “uns dos outros” ou “uns aos outros”, conforme o caso. Pronomes possessivos Como exemplo de pronome possessivo, temos ‡dioj que, normalmente, é tra- duzido por “próprio” (mas também pode ser entendido como “particular”). GREGO45 32 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 7 q Soltando o verbo – Parte I Falando a nossa língua Embora nosso assunto seja grego, precisamos, neste momento, recordar algu-mas coisas que já sabemos com relação ao nosso bom e velho “português”. Isso porque, no que diz respeito ao verbo, existem semelhanças entre a nossa língua e a língua grega. A seguir, um breve resumo do que foi ensinado em Português Ins- trumental II sobre verbos. Leia com atenção e, se quiser, recorde mais alguma coisa sobre o assunto na apostila da matéria citada. O que é verbo? Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, mudança de estado e fe-nômeno natural, colocando tais acontecimentos em determinado tempo (presente, passado ou futuro). Conjugação dos verbos Os verbos da língua portuguesa se ajuntam em três conjugações, de acordo com a terminação do infinitivo. Verbos cujo infinitivo termina em AR são da primeira conjugação. Verbos com infinitivo em ER são da segunda conjugação. E verbos com infinitivo em IR são da terceira conjugação. GREGO45 33 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Flexões dos verbos Os verbos são flexionados em pessoa, número, modo, tempo e voz. Pessoa A primeira pessoa: é aquela que fala. A segunda pessoa: é aquela a quem se fala. A terceira pessoa: é aquela de quem se fala. Número O verbo aceita dois números: singular (quando se refere a uma só pessoa ou coisa) e plural (quando se refere a mais de uma pessoa ou coisa). Modos Os modos indicam as diferentes atitudes da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia. Indicativo: apresenta o fato como sendo real, certo, positivo. Subjuntivo: apresenta o fato como sendo uma possibilidade, uma dúvida, um desejo. Imperativo: apresenta o fato como uma ordem, conselho, exortação ou súplica. Infinitivo: demonstra a ideia de ação. Gerúndio: exprime um fato em desenvolvimento. Particípio: exerce as funções próprias de um adjetivo. Tempo O tempo verbal indica a ocasião em que ocorre o acontecimento expresso pelo verbo: passado, presente ou futuro. Vozes No que tange à voz, o verbo pode ser ativo, passivo ou reflexivo. Comparando as coisas Assim como em português, na língua grega, o verbo também é “uma palavra que exprime ação, estado, mudança de estado e fenômeno natural, colocan- do tais acontecimentos em determinado tempo (presente, passado ou futuro)”. GREGO45 34 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS E, da mesma forma, “os verbos são flexionados em pessoa, número, modo, tempo e voz”. No entanto, há diferenças, conforme pode ser verificado no quadro a seguir: Característica Português Grego Conjugação As conjugações são diferenciadas conforme a terminação do Infinitivo. Há três conjugações: –AR, –ER e –IR. As conjugações são diferenciadas conforme a terminação da 1ª. pessoa do singular do presente do Indicativo. Ou seja, não se diz “o verbo ver”, mas “o verbo vejo”. Há duas conjugações: terminadas em –w e em –mi. A maioria dos verbos gregos no NT é da conjugação –w. Pessoa Há três pessoas: 1ª. (a que fala), 2ª. (a quem se fala) e 3ª. (de quem se fala). Em grego, a situação é idêntica. Vale ressaltar, entretanto, que, como a própria flexão verbal já designa a pessoa, normalmente os pronomes não são usados. Ou seja, ao invés de “nós vimos”, em grego dizemos “vimos”. Quando existe um pronome, isso pode indicar ênfase naquela pessoa. Número Há dois números: singular e plural. Em grego, além dos dois números, singular e plural, existe o dual (que não é muito usado no NT). Modo Há seis modos: Indicativo, Subjuntivo, Imperativo, Infinitivo, Gerúndio, Particípio. Além dos modos existentes em português há, um modo chamado Optativo. Além disso, as ideias de Gerúndio e Particípio têm um sentido diferente. Tempo O tempo indica a época em que ocorreu a ação. Na língua grega, o tempo verbal está mais vinculado à “qualidade da ação” do que à “época” em que a ação ocorreu. Voz Há três vozes: ativa, passiva e reflexiva. Há três vozes: ativa, passiva e média (que não é a mesma coisa que reflexiva). Quadro 25 GREGO45 35 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Antes de passarmos adiante, devemos ressaltar que, assim como em portu- guês, em grego existem paradigmas para a conjugação dos verbos, conforme o tempo, o modo, a pessoa, etc., indicando radicais e terminações. Só que, em gre- go, as coisas são um pouco mais complicadas, pois, além das terminações, existem prefixos para certos tempos verbais. Isso sem falar nas contrações de letras, vogais e consoantes, que ocorrem em certas situações. Como exemplo, veja as alterações que ocorrem na 1ª pessoa do singular do verbo filšw (eu amo, eu gosto), na voz ativa dos vários tempos do modo Indicativo: Tempo Grego Tradução Presente filšw eu amo Imperfeito ™f…leon eu amava Futuro fil»sw eu amarei Aoristo ™f…lhsa eu amei Perfeito pef…lhka eu tenho amado Mais que perfeito ™pefil»kein eu tinha amado Quadro 26 Devemos lembrar, igualmente, que, de modo similar ao português, a língua grega possui seus verbos irregulares. Um dos principais é o verbo e„m… (eu sou), mui- tíssimo usado no texto do Novo Testamento. Como exemplo, veja a flexão desse verbo no presente do Indicativo: Pessoa Grego Tradução 1ª do singular e„m… eu sou 2ª do singular e tu és 3ª do singular ™st…n ele é 1ª do plural ™smšn nós somos 2ª do plural ™stš vós sois 3ª do plural e„s…n eles são Quadro 27 Os paradigmas dos verbos, regulares ou irregulares, não serão dados neste cur- so. No entanto, com a ajuda de um bom livro (como a Chave linguística do Novo Testamento, por exemplo) e com algumas dicas que daremos, o aluno terá uma noção aproximada de como traduzir uma forma verbal. GREGO45 36 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 8 q Soltando o verbo – Parte II Quanto à voz A distinção entre as “vozes verbais” é importantíssima para o correto enten-dimento de um texto grego. Como já foi dito, no grego há três vozes: ativa, passiva e média. No que diz respeito às vozes ativa e passiva, valem as mesmas definições aprendidas na disciplina Português Instrumental II: Voz ativa A ação é praticada pelo sujeito, ou seja, o sujeito é o agente da ação verbal. Voz passiva A ação é sofrida pelo sujeito, que não é o mesmo que pratica a ação verbal. Como explicado acima, na voz ativa o sujeito e o agente são a mesma pessoa. Tomemos, para exemplo, a seguinte afirmação: “O cachorro mordeu João”. Para sabermos quem é o sujeito, precisamos identificar a quem se refere o verbo, e, para isso, perguntamos: “Quem mordeu?” E a resposta é: o cachorro. Ele é o sujeito. O agente é aquele que praticou a ação e, para o identificarmos, podemos pergun- tar: “Quem praticou a ação de morder?” E a resposta, de novo, é: o cachorro. Na voz passiva as coisas mudam de figura: o sujeito é um, mas o agente é ou- tro. Vamos, então, colocar o nosso exemplo na voz passiva: “João foi mordido pelo cachorro”. Note bem que nós dissemos a mesma coisa, mas, agora, mudamos a maneira de dizer. Na voz passiva, o sujeito é aquele que “sofre” a ação, não aquele que a pratica. Então, perguntamos: “Quem foi mordido?” E a resposta é: João. Mas o agente continua sendo aquele que praticou a ação e, se perguntarmos: “Quem praticou a ação de morder?”, teremos a mesma resposta da voz ativa: o cachorro. A seguir, reproduzimos, parcialmente, o texto de 1Coríntios 15.3,4. Verifique o uso das vozes ativa e passiva nesses versos bíblicos. GREGO45 37 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS CristÕj ¢pšqanen Øpr tîn ¡martiîn ¹mîn kat¦ t¦j graf£j: kaˆ Öti ™t£fh kaˆ Öti ™g»gertai tÍ tr…th ¹mšrv kat¦ t¦j graf£j Texto grego Pronúncia Análise Tradução CristÕj Christós substantivo Cristo ¢pšqanen apéthanen verbo – voz ativa morreu Øpr hiipér preposição Por tîn tôn artigo os ¡martiîn hamartiôn substantivo pecados ¹mîn hemôn pronome pessoal nossos kat¦ catá preposição conforme T¦j tás artigo as graf£j grafás substantivo escrituras kaˆ cái conjunção aditiva E Öti hóti conjunção que ™t£fh etáfe verbo – voz passiva foi sepultado kaˆ cái conjunção aditiva E Öti hóti conjunção que ™g»gertai egêgertai verbo – voz passiva tendo sido ressuscitado tÍ tê artigo ao tr…th tríte numeral terceiro ¹mšrv heméra substantivo diakat¦ catá preposição conforme T¦j tás artigo as graf£j grafás substantivo escrituras Quadro 28 GREGO45 38 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Repare nos três verbos existentes no texto. O primeiro – ¢pšqanen – está na voz ativa, indicando que o sujeito e o agente são a mesma pessoa. A tradução, “mor- reu”, mostra isso. Quem morreu? Cristo. Quem praticou a ação de morrer? Cristo. Os outros dois verbos – ™t£fh e ™g»gertai – estão na voz passiva, o que sig- nifica que um é o sujeito e outro é o agente. A tradução da forma verbal ™t£fh, “foi sepultado”, reflete a ideia da voz passiva. Quem foi sepultado? Cristo. Quem praticou a ação de sepultar? Outro, que não Cristo (os evangelhos nos dizem que foi José de Arimateia). Da mesma forma, ™g»gertai, traduzido por “tendo sido ressuscitado”, também transmite a ideia da voz passiva. Quem foi ressuscitado? Cristo. Quem praticou a ação de ressuscitar? Outro, que não Cristo (no presente texto a resposta seria Deus, o Pai, porque, embora saibamos que a obra da redenção inclua toda a Trindade, nesse ca- pítulo 15 de 1Coríntios o apóstolo Paulo dá especial ênfase ao fato de que Deus, o Pai, ressuscitou a Cristo, sendo isso a base de nossa futura ressurreição – ver 1Co15.15). Voz média Além da voz ativa e da voz passiva, existe, em grego, a voz média. Em portu- guês, o terceiro tipo de voz é a reflexiva, cuja definição é: “aquela em que o sujeito recebe e pratica a ação expressa pelo verbo”. Por exemplo, quando dizemos: “O gato molhou-se com leite”, estamos afirmando que o sujeito – no caso, o gato – praticou uma ação e também sofreu a mesma ação. Quem fez a ação de molhar? O gato. Quem foi molhado? O gato, também. Embora, em grego, a voz média seja usada também como reflexiva, a verdade é que, em boa parte dos casos, ela tem um sentido mais enfático do que a voz reflexiva da língua portuguesa. Muitas vezes, quando um verbo é colocado na voz média sig- nifica que o sujeito está realizando aquela ação em benefício próprio. Veja, no texto de Tiago 4.3, reproduzido parcialmente abaixo, um exemplo do uso da voz média. a„te‹te, kaˆ oÙ lamb£nete diÒti kakîj a„te‹sqe Texto grego Pronúncia Análise Tradução a„te‹te aitéite verbo – voz ativa pedis kaˆ cái Conjunção e OÙ ú Advérbio não lamb£nete lambánete verbo – voz ativa recebeis DiÒti dióti Conjunção porque Kakîj cacôs advérbio mal a„te‹sqe aitéisthe verbo – voz média pedis Quadro 29 GREGO45 39 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Existem três verbos nesse pequeno trecho, porém, somente dois nos interessam neste momento. Tanto a„te‹te quanto a„te‹sqe são flexões do verbo a„tšw (eu peço). Mas a„te‹te está na voz ativa, e a„te‹sqe, na voz média. Embora ambos tenham sido traduzidos da mesma forma, o sentido é diferente. a„te‹te é o jeito normal de se referir a um pedido. Já a„te‹sqe, na voz média, mostra um pedido interesseiro, carregado de egoísmo, visando somente o benefício pessoal. Antes de prosseguirmos com nosso estudo, faremos uma pequena pausa e aproveitaremos o presente exemplo para comentar algo acerca das “traduções”. Como verificado acima, as duas formas verbais de a„tšw foram traduzidas como “pedis”, embora uma estivesse na voz ativa e a outra, na voz média. Isso se deve ao fato de que nem sempre é possível refletir em outra língua certos detalhes da língua original. Somente recorrendo ao texto grego é que podemos identificar, com mais exatidão, essas nuanças, que podem fazer toda a diferença. No caso em questão, poderíamos fazer uma paráfrase para melhor aclarar as ideias. Você sabe a diferença entre “tradução” e “paráfrase”? Aquele que faz uma “tradução” deve ser o mais fiel possível à língua original, buscando palavras e ideias em nossa língua que melhor transmitam aquilo que foi dito ou escrito em outra lín- gua. Aquele que faz uma “paráfrase” procura entender o que foi dito e reproduzir, com suas palavras, aquilo que entendeu. Assim sendo, uma “paráfrase” não é uma “tradução”, mas, muitas vezes, serve para aclarar o sentido de algum texto. É lógi- co que a “paráfrase” tem de continuar “fiel ao texto”, isto é, não podemos colocar nela algo que a Bíblia não diz. Mas temos a liberdade de explorar um pouco mais aquelas ideias que estão no texto grego, mas não há como traduzir, de forma dire- ta, para a nossa língua. Isso posto, façamos uma “paráfrase” do trecho citado de Tiago 4.3: “Pedis e não recebeis, porque pedis de forma errada, motivados somente por egoísmo”. Voltando à nossa discussão sobre a voz média, há uma última coisa a ser dita. Em grande parte dos tempos verbais, a forma gráfica da voz média é idêntica à da voz passiva. Por exemplo, se encontrarmos a palavra lÚomai – do verbo lÚw (que pode ser traduzido como “eu solto”, “eu liberto”, “eu desato”) ela tanto pode ser a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, voz média, como, igualmente, pode ser a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, voz passiva. Somen- te por meio do contexto poderemos saber qual é a situação e traduzir de forma correta. Se, pelo contexto, chegarmos à conclusão de que se trata da voz média, traduziremos: “eu me solto” ou “eu me liberto”. Se, pelo contrário, concluirmos que é voz passiva, traduziremos: “eu sou solto” ou “eu sou liberto”. GREGO45 40 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 9 q Soltando o verbo – Parte III O modo certo Assim como em português, na língua grega os verbos também são flexiona-dos conforme o “modo”. Mas o que são modos verbais? Conforme ensina- do na matéria Português Instrumental II, os modos “indicam as diferentes atitudes da pessoa que fala em relação ao fato que enuncia”. Quando alguém usa um ver- bo no modo Indicativo, está “indicando” que aquilo que foi dito é algo certo, real, positivo. Quando alguém usa o Imperativo, está dando uma ordem ou pedindo alguma coisa. E assim por diante. De maneira geral, os modos verbais gregos são semelhantes aos da língua por- tuguesa. As exceções ficam por conta dos modos Optativo (que não existe em por- tuguês) e Particípio (que engloba os nossos Gerúndio e Particípio). Veja, no quadro a seguir, o significado dos modos verbais na língua grega. Modo Significado / Ideias relacionadas Indicativo declara alguma coisa como verdade, certeza Subjuntivo demonstra dúvida, hesitação, expectativa (subjetividade) Imperativo usado para expressar ordem, proibição, súplica Optativo exprime desejo, opção; usado em saudações e orações Infinitivo usado como um substantivo verbal Particípio usado como adjetivo verbal, qualificando o “sujeito” Quadro 30 GREGO45 41 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS O modo Indicativo é usado para fazer afirmações ou descrever situações que estão acontecendo, já aconteceram ou acontecerão. Em suma, o Indicativo decla- ra que alguma coisa é verdade. Veja o exemplo a seguir, retirado de Lucas 23.43: kaˆ epen aÙtù Ð ‘Ihsoàj, ‘Am¾n lšgw soi, e disse a ele Jesus, em verdade digo a ti, s»meron met’ ™moà œsV ™n tù parade…sJ. Hoje comigo estarás no paraíso. O Subjuntivo expressa hesitação, dúvida, possibilidade, incerteza. Verifique o uso do Subjuntivo no texto de Mateus 6.25: t… f£ghte kaˆ t… p…hte: o que comeremos e o que beberemos O Imperativo é usado para expressar ordem, súplica, exortação. O texto de Mateus 7.1 é um bom exemplo do uso do Imperativo: M¾ kr…nete, †na m¾ kriqÁte: Não julgueis para que não sejais julgados. O modo Optativo é pouco usado no Novo Testamento. Um verbo no Optativo dá a ideia de um “desejo”, ou seja, algo que desejamos que aconteça. É usado, normalmente, em saudações, orações, exclamações. Veja o exemplo abaixo, ex- traído de 2Pedro 1.2: c£rij Øm‹n kaˆ e„r»nh plhqunqe…h graça a vós e paz sejam multiplicadas O modo Infinitivo reúne características de um substantivo e um verbo. Consi- derando isso,um verbo no Infinitivo pode ser o sujeito ou o objeto direto de uma oração, pode ser qualificado por um adjetivo, etc. Veja um exemplo do uso do Infinitivo no texto abaixo, extraído de Mateus 2.2: kaˆ ½lqomen proskunÁsai aÙtù. e viemos adorar a ele GREGO45 42 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS O modo Particípio é usado com frequência no Novo Testamento, e seu en- tendimento é muito importante para a compreensão do texto grego. O Particípio reúne características de duas classes de palavras: é, ao mesmo tempo, um verbo e um adjetivo. Como verbo, ele é flexionado em voz e tempo, além de poder ser modificado por advérbios. Como adjetivo, o Particípio qualifica um substantivo e, como os demais adjetivos, é declinado nos diversos casos (nominativo, genitivo, etc.), varia em gênero (masculino, feminino e neutro) e número (singular e plural). De forma bem superficial, pode-se dizer que a tradução de um verbo no Particípio se aproxima de “aquele que faz tal coisa”, de forma parecida ao que fazemos, em português, quando usamos, por exemplo, a expressão “crente” (que significa “aquele que crê”). Veja os exemplos a seguir: mak£rioj Ð ¢naginèskwn kaˆ oƒ ¢koÚontej (Ap 1.3) feliz aquele que lê e aqueles que ouvem tÕ Ûdwr tÕ zîn (Jo 4.11) a água aquela que vive O Particípio também é usado como o nosso Gerúndio, como pode ser visto no exemplo a seguir, extraído de Mateus 3.1,2: Ð baptist»j, khrÚsswn ™n tÍ ™r»mJ tÁj ‘Iouda…aj, o batizador pregando no deserto da Judeia kaˆ lšgwn, Metanoe‹te: e dizendo, arrependei-vos! GREGO45 43 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Capítulo 10 q Soltando o verbo – Parte IV Tempos e épocas Em português, o tempo verbal “indica a ocasião em que ocorre o aconteci-mento expresso pelo verbo”. Mas em grego as coisas não são exatamente assim. A ideia de “tempo” — no sentido de “época quando algo aconteceu” — é secundária, e vincula-se ao Modo em que o verbo está expresso. Vamos com cal- ma, para que possamos entender melhor tudo isso. Primeiramente, deve ser dito que, quando pensamos em tempo verbal gre- go, mais importante do que a época em que algo aconteceu, deve-se pensar na “qualidade da ação” que está sendo descrita. Isso porque, em grego, o tempo ver- bal sempre expressa uma “qualidade da ação” vinculada a uma ideia de época. E o que seria essa tal “qualidade da ação”? Os estudiosos dividem em dois tipos de “qualidades”: a linear e a pontilear. A linear significa que algo está acontecendo, algo está em progresso, em desenvolvimento. A pontilear indica que algo aconte- ceu, foi realizado, em determinado “ponto” do tempo. A “qualidade da ação” estará sempre presente no tempo verbal grego, mas a ideia de “época” não. Por exemplo, no Modo Indicativo o tempo verbal associa a qualidade da ação à época em que determinada coisa ocorreu. Já no Modo Par- ticípio, isso não acontece. Considerando que o nosso curso visa dar apenas noções gerais da língua grega, concentraremos nosso estudo no Modo Indicativo. Veja, no quadro a seguir, um exemplo dos tempos verbais gregos no Modo Indicativo. Capítulo 10 q Soltando o verbo – Parte IV Tempos e épocas Em português, o tempo verbal “indica a ocasião em que ocorre o aconteci-mento expresso pelo verbo”. Mas em grego as coisas não são exatamente assim. A ideia de “tempo” — no sentido de “época quando algo aconteceu” — é secundária, e vincula-se ao Modo em que o verbo está expresso. Vamos com cal- ma, para que possamos entender melhor tudo isso. Primeiramente, deve ser dito que, quando pensamos em tempo verbal gre- go, mais importante do que a época em que algo aconteceu, deve-se pensar na “qualidade da ação” que está sendo descrita. Isso porque, em grego, o tempo ver- bal sempre expressa uma “qualidade da ação” vinculada a uma ideia de época. E o que seria essa tal “qualidade da ação”? Os estudiosos dividem em dois tipos de “qualidades”: a linear e a pontilear. A linear significa que algo está acontecendo, algo está em progresso, em desenvolvimento. A pontilear indica que algo aconte- ceu, foi realizado, em determinado “ponto” do tempo. A “qualidade da ação” estará sempre presente no tempo verbal grego, mas a ideia de “época” não. Por exemplo, no Modo Indicativo o tempo verbal associa a qualidade da ação à época em que determinada coisa ocorreu. Já no Modo Par- ticípio, isso não acontece. Considerando que o nosso curso visa dar apenas noções gerais da língua grega, concentraremos nosso estudo no Modo Indicativo. Veja, no quadro a seguir, um exemplo dos tempos verbais gregos no Modo Indicativo. GREGO45 44 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS Tempo Exemplo Qualidade Tradução Presente lÚw Linear eu estou soltando Imperfeito œluon Linear eu estava soltando Futuro lÚsw Linear ou Pontilear eu soltarei Aoristo œlusa Pontilear eu soltei Perfeito lšluka Linear e Pontilear eu tenho soltado Mais que perfeito lelÚkein Linear e Pontilear eu tinha soltado Quadro 31 O Presente do Indicativo tem a ideia de uma ação linear, algo contínuo, num estado incompleto. Ou seja, não se fala de algo que “acontece”, mas de algo que “está acontecendo”. Veja um exemplo, extraído de Mateus 25.8: ¡i d mwraˆ ta‹j fron…moij epon, as (porém) loucas às prudentes disseram: DÒte ¹m‹n ™k toà ™la…ou Ømîn Daí-nos do azeite vosso Óti ¡i lamp£dej ¹mîn sbšnnuntai. Porque as lâmpadas nossas estão se apagando. O Imperfeito do Indicativo tem, igualmente, a ideia de uma ação linear e con- tínua, porém, no passado. Assim sendo, um verbo que esteja nesse tempo estará mencionando algo que “estava acontecendo”. Veja, por exemplo, essas palavras do texto de Mateus 4.11: ¥ggeloi prosÁlqon kaˆ dihkÒnoun aÙtù anjos vieram e estavam servindo ele GREGO45 45 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS O Futuro do Indicativo tanto pode ser linear quanto pontilear, isto é, tanto pode estar falando de algo que acontecerá repetidamente no futuro ou de algo que acontecerá, de forma definitiva, no futuro. O contexto irá definir o melhor entendi- mento. Veja a reprodução parcial do texto de Mateus 16.18: ™pˆ taÚtV tÍ pštrv sobre esta pedra o„kodom»sw mou t¾n ™kklhs…an, edificarei minha igreja O Aoristo é um tempo verbal que não existe em português. O próprio nome desse tempo — “Aoristo” — significa algo indefinido. A ideia principal existente no tempo Aoristo é de uma ação pontilear. No modo Indicativo, o Aoristo tem a ideia de algo que aconteceu no passado. Mas nos outros modos (Subjuntivo, Imperativo, etc.) tem a ideia de algo futuro. Veja um exemplo do uso do Aoristo no modo Indi- cativo (Ap 20.4): kaˆ œzhsan, kaˆ ™bas…leusan met¦ Cristoà e viveram e reinaram com Cristo O tempo verbal denominado Perfeito combina, de uma só vez, as ideias de uma ação pontilear e, também, linear. Explicando melhor: o tempo Perfeito tem o sentido de algo que aconteceu no passado, cujos efeitos perduram até o tempo presente. Esse tempo é, de fato, uma combinação da ideia pontilear do tempo Aoristo com a ideia de ação linear do tempo Presente. Um exemplo disso pode ser visto no texto de 1Coríntios 15.3,4, já estudado anteriormente, que reproduzimos a seguir. Note que a forma verbal ™g»gertai, que está no tempo Perfeito, fala de algo que já aconteceu (a ressurreição), mas cujos efeitos ainda perduram (Cristo continua vivo). CristÕj ¢pšqanen Øpr tîn ¡martiîn ¹mîn Cristo morreu pelos pecados nossos kat¦ t¦j graf£j: kaˆ Öti ™t£fh kaˆ Öti conforme as escrituras e que foi sepultado e que ™g»gertai tÍ tr…th ¹mšrv kat¦ t¦j graf£j tendo sido ressuscitado ao terceiro dia conforme as escrituras GREGO45 46 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS O tempo Mais que Perfeito só é usado no modo Indicativo. Sua ideia é seme- lhante à do tempo Perfeito, ou seja, o Mais que Perfeito também combina as no- ções de uma ação linear com uma açãopontilear. A diferença é que, enquanto o Perfeito reúne as ideias do Aoristo com o Presente, o Mais que Perfeito combina o Aoristo com o Imperfeito. Veja um exemplo extraído de Atos 1.10: „dói ¥ndrej dÚo pareist»keisan aÙto‹j eis que homens dois tinham se achegado a eles Além dos tempos verbais já mencionados, a língua possui o Futuro Perfeito, cujo uso é muito raro no Novo Testamento. Esse tempo representava a ação futura como já tendo sido realizada, porém, com efeitos ainda em vigor. O Futuro Perfeito é forma- do pelo uso conjunto do Futuro do verbo e„m… (eu sou, eu estou) e do Particípio Perfei- to do verbo principal. Veja um exemplo abaixo, tirado do texto de Mateus 16.19: kaˆ Ó ™¦n d»sVj ™pˆ tÁj gÁj, œstai dedemšnon e o que ligares sobre a terra terá sido ligado ™n to‹j ourano‹j: kaˆ Ó ™¦n lÚsVj ™pˆ nos céus e o que desligares sobre tÁj gÁj, œstai lelumšnon ™n to‹j ourano‹j. a terra terá sido desligado nos céus GREGO45 47 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS q Conclusão – Finalmente... Antes de concluirmos nosso estudo, é preciso dizer ainda algumas coisas. Como já foi comentado em um tópico anterior, é quase impossível fazer uma tradução literal, palavra por palavra, do grego para o português. As regras gramaticais, a construção das frases, as peculiaridades da língua grega, fazem que se torne muito difícil obter algo que tenha sentido simplesmente trocando palavras gregas por palavras em português. Traduzir não é só usar um dicionário; é muito mais do que isso. Precisamos tentar entender o sentido da frase na sua língua ori- ginal, para colocá-la em nossa língua, da forma mais fiel possível ao texto grego. O aluno que desejar de fato aprofundar-se no estudo da língua grega deve adquirir bons livros — como os que foram recomendados anteriormente. Deve, tam- bém, ter a humildade de reconhecer suas limitações e procurar auxílio, seja con- sultando comentários bíblicos, seja conversando com alguém que tenha mais co- nhecimento. Finalmente, deve perseverar, pois o estudo de qualquer língua exige dedicação, persistência e empenho. GREGO45 48 MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS q Referências bibliográficas BÍBLIA – Traduzida por João Ferreira de Almeida, edição Corrigida e Revisada, São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1999. DOBSON, John H. Aprenda o grego do Novo Testamento. Tradução de Lucian Benigno, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1994. FREIRE, Antônio. Gramática grega, 4ª. edição, Porto: Livraria do Apostolado da Imprensa, 1959. FRIBERG, Barbara e FRIBERG, Thimoty. O Novo Testamento grego analítico. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira, São Paulo: Edições Vida Nova, 1987. GINGRICH, F. Wilbur e DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento Gre- go/Português. Tradução de Júlio Zabatiero, São Paulo: Edições Vida Nova, 1984. REGA, Lourenço Stelio. Noções do grego bíblico. São Paulo: Edições Vida Nova, 1986. RIENECKER, Fritz e ROGERS, Cleon. Chave linguística do Novo Testamento Grego. Tradução de Gordon Chown e Júlio Paulo T. Zabatiero. São Paulo: Edições Vida Nova, 1985. NOVO TESTAMENTO GREGO – Textus Receptus. NOVO TESTAMENTO TRILÍNGUE: Grego, Português e Inglês. Editor Luiz Alberto Teixeira Sayão, São Paulo: Edições Vida Nova, 1998. TAYLOR, William Carey. Introdução ao estudo do Novo Testamento grego. 4ª edição, Rio de Janeiro: JUERP, 1974. THE GREEK NEW TESTAMENT – Editado por Kurt Aland e outros. 2ª edição, Stut- tgart: United Bible Societies, 1974. GREGO45 49 www.saberefe.com Acesse agora!
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