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Analise-de-Discurso-Critica-e-Semiotica-1

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Autora: Profa. Joana da Silva Ormundo 
Colaboradora: Profa. Cielo Festino
Análise de Discurso 
Crítica e Semiótica
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Professora conteudista: Joana da Silva Ormundo
Joana da Silva Ormundo é doutora em Linguística pela Universidade de Brasília (2007), mestre em Comunicação 
e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998) e Licenciada em Letras – Língua Portuguesa 
(1985). Atua na área do texto, do discurso e da semiótica. Coordenadora do curso de Letras da Universidade Paulista 
(UNIP), é professora titular da mesma instituição, na qual ministra disciplinas relacionadas à área de texto e discurso. 
É também líder da disciplina Análise de Discurso Crítica e Semiótica e do Laboratório de Linguagem e Tecnologia do 
curso de Letras.
Na UNIP, desenvolveu três projetos de pesquisa docente para a elaboração de proposta metodológica para o 
ensino-aprendizagem em gêneros de comunicação no campo linguístico on-line. Coordena o projeto de pesquisa 
Multimodalidade, redes sociais e práticas de letramento: aprender e ensinar com gêneros na sala de aula e no campo 
linguístico on-line. Exerceu a coordenação adjunta do Centro de Pesquisa em Análise de Discurso Crítica (Cepadic-
UnB) até 2011. É pesquisadora do Diretório do Grupo de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico 
e Tecnológico (CNPq) do Grupo Brasileiro de Estudos de Discurso, Pobreza e Identidade – Rede Latino-americana 
(Redlad) da Universidade de Brasília. É membro da Asociación Latinoamericana de Estudios del Discurso (Aled), do 
Centro de Pesquisa em Análise de Discurso Crítica (Cepadic), do Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade (Nelis) e 
da Associação Brasileira de Linguística (Abralin). 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
O73a Ormundo, Joana da Silva
Análise de discurso crítica e semiótica / Joana da Silva Ormundo. 
- São Paulo: Editora Sol, 2014.
124 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-040/14, ISSN 1517-9230.
1. Análise crítica. 2. Semiótica. 3. Análise social. I. Título
CDU 81’22
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Cristina Z. Fraracio
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Sumário
Análise de Discurso Crítica e Semiótica
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 DA MODERNIDADE à PóS-MODERNIDADE: NOVAS PRáTICAS SOCIAIS E 
NOVA LINGUAGEM ............................................................................................................................................. 11
1.1 Os atores sociais na sociedade pós-moderna .......................................................................... 13
1.2 Informatização na era pós-moderna ........................................................................................... 16
1.3 A reorganização do espaço e do tempo: quase-interação mediada ............................... 18
2 SOCIEDADE PóS-MODERNA BASEADA NOS MODOS DE INFORMAçãO .................................. 22
2.1 Reinterpretação dos meios de comunicação: o modo de informação .......................... 22
2.2 Meios de comunicação na globalização ..................................................................................... 25
Unidade II
3 MUDANçAS SOCIAIS E TECNOLóGICAS: INTERAçãO MIDIáTICA .............................................. 32
3.1 Mediação e interação midiática na perspectiva de autores da análise de 
discurso crítica .............................................................................................................................................. 33
3.2 Vozes da globalização como mediação e construção de sentido na perspectiva 
da análise de discurso crítica .................................................................................................................. 34
3.3 Mídia, agentes sociais e relações de poder na perspectiva da análise de 
discurso crítica .............................................................................................................................................. 34
4 CONFIGURAçãO DA SOCIEDADE EM REDE .......................................................................................... 35
4.1 Ciberespaço: lugar de comunicação na sociedade digital ................................................... 37
4.2 Comunidades virtuais ......................................................................................................................... 39
4.3 Linguagem e novas tecnologias ..................................................................................................... 41
Unidade III
5 NOçõES PRELIMINARES DA ANáLISE DE DISCURSO CRíTICA ...................................................... 47
5.1 Análise de discurso crítica: do quadro tridimensional à perspectiva 
transdisciplinar ............................................................................................................................................. 55
5.2 A proposta bidimensional: análise textual externa e interna ............................................ 58
5.3 Análise social e a construção de uma abordagem transdisciplinar ................................. 59
5.4 As abordagens do discurso na ADC .............................................................................................. 61
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5.4.1 Da prática discursiva à globalização ............................................................................................... 61
5.4.2 Da prática social à globalização ....................................................................................................... 64
5.5 A relação entre a reconfiguração da linguagem, ideologia e poder na 
perspectiva da análise de discurso crítica ........................................................................................ 66
5.5.1 Da análise textual à globalização– categorias de análise ..................................................... 70
6 ABORDAGEM DA ANáLISE SOCIAL: A PROPOSTA TRANSDISCIPLINAR NA 
PERSPECTIVA DA ANáLISE DE DISCURSO CRíTICA................................................................................ 74
6.1 Abordagem dos gêneros, discursos e estilos nas novas tecnologias na 
perspectiva da análise de discurso crítica.......................................................................................... 74
6.2 Categoria analítica para a estrutura genérica .......................................................................... 77
6.3 Categorias analíticas para tipos de gêneros .............................................................................. 77
6.4 O discurso ................................................................................................................................................ 78
6.5 O estilo ...................................................................................................................................................... 79
6.6 Linguagem e globalização na perspectiva da análise de discurso crítica ..................... 81
6.6.1 Linguagem e Teoria Social – Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant .......................................... 82
6.6.2 A linguagem na globalização na perspectiva transdisciplinar e o diálogo da 
ADC com a Teoria Social ................................................................................................................................ 84
Unidade IV
7 SEMIóTICA SOCIAL: A MULTIMODALIDADE, A GRAMáTICA DA SINTAXE VISUAL E A 
MODALIZAçãO ..................................................................................................................................................... 92
7.1 Categorias analíticas para a gramática do design visual ..................................................... 93
8 ASPECTOS DA ANáLISE DE DISCURSO CRíTICA COM O PROPóSITO DE ORIENTAR 
A ANáLISE DA SEMIóTICA SOCIAL ............................................................................................................... 99
8.1 Recontextualização em Fairclough como categoria analítica para a 
análise semiótica ........................................................................................................................................101
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APreSentAçãO
Caro aluno,
Neste livro-texto, teremos como foco discutir aspectos voltados às questões de linguagem que 
circulam na sociedade. A perspectiva teórica da análise de discurso crítica (ADC), da semiótica social e 
de suas categorias analíticas fornecerão a você as orientações relevantes para a análise dos eventos que 
ocorrem nas práticas sociais. Todos os aspectos teóricos e metodológicos tratados neste material visam 
a fornecer ao pesquisador os elementos necessários para iniciar uma investigação sobre aspectos da 
linguagem na sociedade globalizada. 
Como temos o propósito de analisar a forma como a linguagem constitui-se socialmente – e 
também os sentidos produzidos–, buscaremos contextualizá-la no universo dos estudos semióticos, 
especificamente por meio da perspectiva da semiótica social – a multimodalidade. Tomaremos como base 
os estudos de Gunther Kress e Van Leeuwen, apontando as categorias de análise que poderão contribuir 
para os trabalhos de pesquisa que propõem desvelar os discursos em uma sociedade globalizada e o 
processo de construção de sentido com propósitos de mudança social. 
Você será contextualizado sobre os elementos introdutórios referentes à perspectiva teórica e 
analítica da ADC e à semiótica social. As questões apresentadas neste livro-texto apontarão caminhos 
para os interessados em realizar estudos da linguagem e do discurso relacionados às práticas sociais que 
circulam em uma sociedade pós-moderna, globalizada e tecnológica. 
Sustentamos a organização deste material com base nos trabalhos dos autores da perspectiva da ADC, 
Teoria Social e multimodalidade. As pesquisas de Ormundo (2007), Wetter (2009) e Ormundo e Wetter 
(2012) orientam o percurso escolhido para a apresentação das questões do discurso, da linguagem, da 
produção de sentido e dos elementos teóricos, metodológicos e analíticos propostos pela perspectiva 
discursiva crítica por meio de uma abordagem transdisciplinar. 
Na primeira unidade, será apresentado o momento social atual, considerando alguns aspectos da 
pós-modernidade, da globalização e as características sociais que contribuem para a constituição de 
uma sociedade no ambiente da cibercultura, em rede e midiática; em seguida, discorreremos a respeito 
da linguagem e sua configuração no momento da globalização; após isso, será exposta a perspectiva da 
Teoria Social da Mídia, da sociedade em rede e os processos de mediação nesse novo contexto. 
Na segunda unidade, serão abordados os termos de linguagem usados na perspectiva crítica adotada. 
Discorreremos sobre o percurso em que a ADC se constitui como uma perspectiva teórica e metodológica 
para a análise das práticas de linguagem, por meio dos discursos que circulam socialmente. Para isso, 
recorreremos aos trabalhos de Norman Fairclough e faremos a leitura do movimento dessa teoria, 
partindo do quadro tridimensional e chegando à análise social. Nessa última proposta, considera-se a 
materialização do projeto transdisciplinar como abordagem das práticas de linguagem em uma sociedade 
globalizada e essencialmente tecnológica, conforme apontado em Ormundo (2007) e Ormundo e Wetter 
(2012). 
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Na terceira unidade, são apresentadas a perspectiva da semiótica social e as categorias de análise 
com base na gramática da sintaxe visual e da modalização. Discorremos também sobre o papel da mídia 
em uma perspectiva crítica, com base nos estudos de Gunther Kress e Van Leeuwen. 
Nossos objetivos são:
•	 situar	o	aluno	sobre	o	desenvolvimento	dos	estudos	do	discurso	no	contexto	da	pós-modernidade	
e da globalização;
•	 apresentar	os	aspectos	da	globalização	e	da	constituição	de	uma	sociedade	tecnológica	e	midiática;	
•	 compreender	as	práticas	de	linguagem	na	perspectiva	transdisciplinar	da	ADC	e	a	construção	de	
sentido por meio dos estudos semióticos;
•	 desenvolver	a	habilidade	de	análise	de	textos	multimodais	e	das	linguagens	materializadas	em	
eventos sociais na perspectiva discursiva crítica;
•	 apresentar	as	categorias	analíticas	da	ADC	e	da	semiótica	social	para	o	estudo	das	linguagens	em	
uma sociedade globalizada e tecnológica.
Você terá contato com a perspectiva teórica da ADC com base nos estudos de Norman Fairclough. 
Apresentaremos o percurso do desenvolvimento dessa teoria, contemplando uma abordagem 
transdisciplinar em construção, por meio do trajeto teórico e metodológico apresentado nas obras dos 
autores da ADC. Nesse estudo, iniciaremos a discussão sobre os fatores que envolvem a constituição 
de uma sociedade pós-moderna, globalizada e tecnológica, com base em autores da Teoria Social que 
contribuem com a possibilidade de examinar a ideologia e as relações de poder envolvidas em toda 
prática social e discursiva. 
Abordaremos a revisão das obras de Norman Fairclough que articulam um quadro tridimensional 
para o estudo do discurso até a constituição de uma proposta transdisciplinar em construção e tratada 
na obra Language and Globalization (2006). Por fim, apresentaremos a perspectiva multimodal da 
análise das linguagens com base em autores da semiótica social. 
IntrODuçãO
A ADC considera a linguagem como uma forma de prática social. A análise da linguagem nessa 
perspectiva visa a desvelar os seus fundamentos ideológicos próprios,como prática social.
A perspectiva teórica da ADC diferencia-se de outras teorias do discurso, pois tem como relevância 
estudar as práticas sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade pós-moderna, globalizada e 
tecnológica. Diante disso, apresenta uma proposta em construção de análise dos discursos, em uma 
perspectiva transdisciplinar e dialoga com outras teorias sociais, com os aspectos relacionados à 
economia, política, cultura, semiótica social e perspectiva multimodal.
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O início da discussão parte da compreensão de que as mudanças sociais que caracterizam a sociedade 
atual, por meio da reestruturação e reorganização do período moderno em direção a uma sociedade 
pós-moderna, globalizada e tecnológica, ocasionam a reconfiguração na forma como as pessoas atuam 
socialmente diante de práticas já conhecidas e que se tornam estranhas, devido à nova organização 
social decorrente da globalização e das novas tecnologias.
Dessa forma, a perspectiva da ADC por meio de uma abordagem transdisciplinar nos fornece 
condições teóricas e metodológicas e também categorias analíticas para a investigação das práticas 
sociais e dos discursos que nelas se instauram em consonância com as mudanças que estão ocorrendo.
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Análise de discurso críticA e semióticA
Unidade I
1 DA mODernIDADe à PóS-mODernIDADe: nOvAS PrátICAS SOCIAIS e 
nOvA lInguAgem
A base para a discussão desta unidade consiste nos trabalhos de Ormundo (2007), Wetter (2009) 
e de Ormundo e Wetter (2012), referentes aos processos envolvidos na formação de uma sociedade 
pós-moderna e globalizada. As autoras discorreram sobre o assunto em suas teses de doutorado 
na Universidade de Brasília e no livro Práticas de Linguagem na Globalização: Introdução à Análise 
de Discurso Crítica em uma Perspectiva Transdisciplinar (ORMUNDO; WETTER, 2012). 
O período atual, chamado por alguns autores de pós-moderno, novo capitalismo e capitalismo 
tardio, possibilita processos intrínsecos relativos à linguagem, os quais afetam radicalmente o discurso 
globalizado. Essas características históricas precisam ser desveladas para que o estudo linguístico, na 
perspectiva discursiva crítica, seja viabilizado.
Para nos aprofundarmos no assunto, é preciso que o leitor reflita sobre quais foram as mudanças 
sociais e os desenvolvimentos que afetam e afetarão a vida das pessoas no início do século XXI e sobre 
como nomear e caracterizar essa fase. 
Para iniciar essa reflexão, sugerimos que se atentem aos autores que escrevem sobre o período 
mencionado e se aprofundem, na medida do possível, nos estudos das obras de referência apontadas 
nessa revisão bibliográfica. De acordo com Giddens (2000b), vamos observar três perspectivas sobre os 
questionamentos em causa: 
I – o fato de que vivemos em uma sociedade pós-industrial; 
II – a ideia de que atingimos um período pós-moderno; 
III – a teoria a respeito do fim da história. 
O início do século XXI, de acordo com Giddens (2000b), é apontado por alguns observadores 
como um momento de transição para uma nova sociedade que não se assenta essencialmente 
na industrialização, e estaríamos entrando em uma fase de desenvolvimento para muito além 
dessa era. A chegada de uma sociedade pós-industrial coloca a antiga ordem industrial como 
ultrapassada pelo desenvolvimento de uma nova ordem social, baseada no conhecimento e na 
informação. 
Para o referido autor, essas ideias subestimam o grau em que as ocupações de serviços estão 
implantadas na produção fabril e realçam em excesso o papel dos fatores econômicos, estabelecendo a 
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Unidade I
tese de que tal sociedade é descrita como consequência dos desenvolvimentos da economia, os quais 
conduzem as mudanças em outras instituições. 
Exemplos de Aplicação
Para pensarmos no assunto, sugerimos ao leitor que reflita sobre os pontos a seguir:
•	 Quais	são	os	desenvolvimentos	relevantes	que	afetam	nossa	vida	neste	início	do	século	XXI?
•	 Como	nomear	e	caracterizar	esse	período?
Lima (1998, p. 57-58), ao citar o pensamento de Rouanet, faz algumas considerações a respeito 
da política no mundo pós-moderno. O autor afirma que ela está voltada para a sociedade civil e 
busca a conquista de objetivos de grupos ou segmentos da sociedade, colocando-se, assim, em 
oposição à política moderna que atuava no Estado e buscava a conquista ou manutenção do 
poder estatal. 
A política pós-moderna apresenta um indivíduo que cede seu lugar aos grupos e suas finalidades 
não são mais universais, tornam-se micrológicas. A política especifica-se, passando a ser atributo de 
quem faz parte de campos setoriais de dominação: a dialética homem/mulher, antissemita/judeu, etnia 
dominante/etnias minoritárias. 
Assim sendo, extinguiram-se os grandes atores políticos universais. Não existe mais um “poder” 
central localizado no Estado, mas um poder difuso, estendendo sua rede por toda a sociedade civil. Tem-
se, desse modo, uma pós-modernidade social que se dá a conhecer no plano da vida cotidiana por uma 
onipresença do signo, do simulacro, do vídeo e da hipercomunicação.
Ainda referindo-se ao pensamento de Rouanet, Lima (1998, p. 75) observa que não há uma 
superação da política moderna pelo surgimento dos movimentos segmentares (feministas, 
homossexuais, ecologistas, negros, índios etc.). Ocorre apenas um enriquecimento do campo 
político; portanto, o nascimento de outros atores políticos não representa uma ruptura com a 
modernidade em favor de uma política pós-moderna. Ao contrário, demonstra a concretização 
de uma tendência imanente do liberalismo moderno, que, por meio de sua doutrina dos direitos 
humanos, tornou possível a existência de um espaço fértil para a criação de novos direitos 
defendidos por novos atores sociais, de acordo com novas estratégias.
É necessário também salientar que o período da pós-modernidade apresenta as ameaças 
ecológicas que a humanidade tem de enfrentar – ameaças globais, que são um perigo para 
o planeta. Os três tipos principais de ameaças ao ambiente são a produção de desperdícios, a 
poluição e o esgotamento de reservas minerais. Elas são desencadeadas pelo desenvolvimento 
e pela expansão global das instituições sociais ocidentais associadas à importância dada ao 
crescimento econômico.
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Análise de discurso críticA e semióticA
Sintetizando, não há uma ruptura em relação à modernidade.
Exemplos de Aplicação
Pesquise documentos oficiais sobre o discurso da sustentabilidade e os acordos das organizações 
globais que tratam sobre o tema.
1.1 Os atores sociais na sociedade pós-moderna 
O mundo da modernidade tardia, na visão de Giddens (2002), vai além das fronteiras das atividades 
pessoais e dos compromissos individuais, estando pautado pelos riscos e perigos, os quais devem ser 
vistos não como um momento de crise, mas como um estado de coisas mais ou menos permanentes. 
Esse pensamento é complementado ao chamar atenção para as questões de insegurança, de incerteza 
e de periculosidade vivenciadas pela sociedade contemporânea, tais como:
•	 a	instabilidade	em	relação	ao	emprego;
•	 a	grande	difusão	da	criminalidade;	
•	 os	ataques	terroristas;
•	 a	crise	econômica	mundial;	
•	 o	desenvolvimentoda	 internet	 como	uma	 rede	de	 conexão	planetária	 que,	 ao	mesmo	 tempo	
em que disponibiliza conhecimento, veiculação em tempo real dos acontecimentos mundiais e 
transações comerciais mais rápidas, instaura um novo paradigma em relação às identidades por 
intermédio de uma cultura da simulação, na qual se valoriza, sobremaneira, a representação do 
real (e não a realidade) e por meio da qual inimigos virtuais invadem nossas máquinas e, mais uma 
vez, nos fragilizamos. 
Exemplos de Aplicação
Sugerimos aos alunos a pesquisa de filmes que retratam os temas apresentados nos itens anteriores.
Há, de acordo com Rouanet (1993), um ressentimento moderno que se dirige contra o modelo 
civilizatório que dá seus contornos à modernidade: o Iluminismo, o qual, em síntese, visava à 
autoemancipação de uma humanidade razoável, por meio de valores e ideais consubstanciados em 
tendências como o racionalismo, o individualismo e o universalismo.
O racionalismo implicava a fé na razão e na ciência; desse modo, deixava para trás 
o obscurantismo, libertando a consciência humana do jugo do mito e usando a ciência para 
tornar mais eficazes as instituições econômicas, sociais e políticas. O individualismo buscava a 
emancipação do ser humano por meio da individualização: o homem valia por si mesmo e não 
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Unidade I
pelo estatuto que a sociedade lhe outorgava. O universalismo, por sua vez, partia de postulados 
gerais sobre a natureza humana, dirigia-se a todos os homens, independentemente de raça, cor, 
religião, sexo, nação ou classe, e combatia os preconceitos geradores de guerra e de violência. 
Desse modo, embora o projeto iluminista tivesse propostas emancipatórias, é óbvio, ainda 
segundo Rouanet (1993), que, para sua concretização, o Iluminismo teve de recorrer a métodos 
tão coercitivos quanto os do passado. Portanto, poder-se-ia dizer que a pós-modernidade rebela-
se contra esse projeto iluminista fracassado. 
 Saiba mais
Sobre o tema, conheça as obras a seguir:
MACÊDO, K. B. A modernidade e as patologias do vazio (eixo temático 
cultura). Disponível em: <http://congresos.pccp.com.ar/fepal2012/preview/
pdf-port/71.pdf>. Acesso em: 10 maio 2013. 
MORENO, L. V. A.; ROSITO, M. M. B. (Org.). O sujeito na educação e 
saúde: desafios na contemporaneidade. São Paulo: Centro Universitário São 
Camilo; Edições Loyola, 2007.
Exemplos de Aplicação
Para dinamizar seu aprendizado, sugerimos que você realize uma pesquisa e escreva um pequeno 
texto sobre o que seria cada um desses questionamentos, respondendo às seguintes questões:
Se estamos vivendo em uma sociedade pós-industrial, pesquise como era uma sociedade industrial, 
quais as suas características e no que ela contribuiu para o sistema de produção de uma sociedade; por 
fim, aponte o que você percebe que uma sociedade pós-industrial traz de novidade nas relações sociais 
cotidianas. 
Como	essa	sociedade	pós-industrial	é	reconfigurada?	O	que	seria	um	período	pós-moderno?	Pesquise	
a respeito.
A discussão sobre esse período retrata que o foco em uma crise econômica que, por sua vez, 
desencadeia uma crise social no final de século XX, início de novo milênio, é a perspectiva defendida 
por Dubar (2006). Este tipo de crise que vivemos, no momento histórico da pós-modernidade, afeta, 
ao mesmo tempo, os comportamentos econômicos, as relações sociais e, portanto, as subjetividades 
individuais. 
Se é verdade que um período de equilíbrio relativo, de crescimento contínuo, de políticas transparentes 
e de instituições legítimas faz com que esse conjunto de categorias seja partilhado pelo maior número 
de pessoas, não é menos verdade que a ruptura desse equilíbrio instaure uma situação de crise, a 
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qual provoca a mudança de normas, de modelos e de terminologia, ocasiona uma desestabilização 
das referências, das denominações e dos sistemas simbólicos anteriores e toca, em última análise, em 
uma perspectiva crucial: a da subjetividade, ou seja, do funcionamento psíquico e das formas de 
individualidade, ainda segundo o autor (DUBAR, 2006). 
Em relação às desigualdades sociais, alguns dados contidos no Relatório do Desenvolvimento Humano 
coordenado pelas Nações Unidas, em 1998, apresentam a globalização como elemento responsável pelo 
aumento do gap existente entre os países e, inclusive, internamente a eles, conforme relatado em Avelar 
(2001, p. 32): 
Em 1960, a renda dos 20% da população mundial referentes aos países ricos 
era 30 vezes maior que a dos 20% mais pobres; em 1995 essa taxa aumentou 
para 82 vezes. Portanto, os ultrarricos estão deixando gradualmente atrás o 
resto do mundo, sua grande riqueza contrastando com as baixas rendas da 
maioria dos países em desenvolvimento. As três pessoas mais ricas do mundo 
têm ativos que superam o PIB conjunto de 48 países menos desenvolvidos.
Ainda em uma perspectiva relacionada às questões identitárias, é possível estabelecer um diálogo 
com Leite (2007, p. 251), quando o autor relata o pensamento de Lacan a respeito da pós-modernidade, 
a qual se configura na “desestruturação dos saberes estabelecidos, no anonimato do modo de vida 
atual, produzindo laços sociais desarrumados e uma individuação extremada”. Essas características dão 
origem a um sujeito sem referência e sem valores pessoais, que transita em uma civilização marcada 
pelo discurso da globalização: a única coisa que vale é a lei do mercado. Nesse contexto, o sujeito 
pós-moderno procura sua completude no consumo de objetos. Ainda segundo Leite (2007), a respeito 
do pensamento de Lacan, nesse período, caracterizado pela ausência de paradigmas, o saber muda e, 
juntamente com ele, o sujeito, o qual é constituído a partir desse mesmo saber, como mostram as figuras 
do sujeito definido historicamente. 
Segundo Jenkins (2009), vivemos atualmente em um mundo em que toda história que é relatada a 
alguém passa por inúmeros veículos: TV, cinema, celular, internet, videogames. O fluxo dessa história, 
portanto, é moldado tanto por decisões tomadas pelas companhias que produziram o conteúdo quanto 
pelos sujeitos que a recebem. O referido autor, mestre em Estudos de Comunicação e doutor em 
Comunicação e Arte, professor de Estudos de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), 
chama esse estado da produção e difusão da informação de cultura da convergência. 
Assim sendo, o conteúdo idealizado pelo produtor é apenas uma parte do processo e, muitas vezes, 
não a principal. Um programa de TV, exemplifica o autor, depois de criado, será reeditado e redistribuído 
pela internet, e, com certeza, o público irá falar sobre ele em novas redes sociais e serão escritas novas 
histórias a partir dele. O conteúdo original torna-se apenas um pontapé inicial, a partir do qual o 
consumidor irá criar novas experiências. O foco agora, portanto, está em histórias contadas por várias 
modalidades de veículos, conhecidas como transmidiáticas: em cada mídia diferente, a história ganha 
uma nova camada, que nos conta algo que não saberíamos assistindo ao programa de TV. O autor 
exemplifica com a série Lost, considerada a mais famosa da última década. Nos EUA, Lost é veiculada 
por meio de livro, game e em episódios para celular. 
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Unidade I
Estamos, ainda na visão do autor, na época da cultura participativa, de grandes culturas de mídia; 
em uma década, não teremos mais uma empresaque produza conteúdo apenas para a TV, outra que 
o faça para rádio e outra para jornal. Veremos grandes indústrias de mídia, que englobarão tudo isso. 
Essa vontade de participação das pessoas foi impulsionada pelo avanço da tecnologia e resulta em 
uma mudança de comportamento: antes, apenas recebíamos a informação; atualmente, produzimos e 
participamos. Isso muda radicalmente nossas vidas porque a comunicação está em tudo que realizamos. 
Podemos, ainda segundo Jenkins (2009), acompanhar a rotina de nossos filhos, enquanto trabalhamos, 
por meio de um vídeo deles veiculado no celular. Essa nova abordagem da comunicação mudou, inclusive, 
o modo pelo qual escolhemos os políticos. O autor cita a eleição de Barack Obama, que divulgou a sua 
campanha em todas as mídias sociais possíveis, de YouTube a videogames, e isso é significativo se 
notarmos que ele ganhou as eleições, enquanto seu opositor, John MacCain, que nunca usou a internet, 
não foi eleito. O autor conclui que uma sociedade que possibilita a exposição de seus pensamentos na 
rede e o acesso a ideias de outras pessoas cria um enorme potencial para o avanço da democracia.
Assim sendo, ao conhecermos esses elementos históricos constitutivos da era da globalização, 
podemos investigar com maior propriedade e acuidade os processos discursivos que aí se instauram. 
Com essa contextualização do período histórico atual, vamos a outro tópico do nosso livro, que consiste 
em apresentar a importância da linguagem na sociedade globalizada por uma perspectiva crítica. 
 lembrete
A discussão apresentada até o momento deve ser correlacionada com 
as mudanças sociais de uma sociedade moderna para uma sociedade pós-
moderna – globalizada e tecnológica. 
 Observação
Buscou-se até aqui contextualizá-lo sobre os pontos principais que 
estão relacionados à organização de uma sociedade pós-moderna e como 
ela atinge as relações sociais e a vida dos indivíduos em sociedade. 
1.2 Informatização na era pós-moderna
As mudanças relativas à informatização na era pós-moderna são discutidas também por Lyotard 
(2004), no momento em que o filósofo analisa o estatuto do saber na sociedade pós-industrial. A premissa 
fundamental de Lyotard consiste em dizer que o saber mudou a partir das décadas de 1960 e 1970. 
Anteriormente, ele fazia parte da formação de todo indivíduo para que se tornasse um cidadão 
participante. Assim sendo, o indivíduo entregava-se ao processo de interiorização do saber. A escola 
e os professores eram os donos do saber universal e os principais responsáveis pela transmissão do 
conhecimento aos alunos, os quais, por definição, tinham um saber incompleto. O desnível justificava 
a autoridade do professor e a obediência do aluno. 
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Análise de discurso críticA e semióticA
A partir da informatização, o saber passa a viver uma explosiva exteriorização, tornando-se abundante 
e acessível. Já não há mais o desnível, de um modo geral, em relação a professor e a aluno quanto à 
informação. O desnível ocorre no modo de utilização do conhecimento. O saber perde sua condição 
de uso e passa a ter um valor de venda, vinculando-se às questões do poder econômico e político, ou 
seja, ele é a moeda que define, na cena internacional, os jogos hegemônicos (entre as nações e entre as 
empresas multinacionais). 
O conhecimento atualmente está intimamente vinculado às questões econômicas e de poder, e esse 
poder refere-se tanto a quem o detém quanto àquele que, via internet, o difunde, atribuindo-lhe, assim, 
o que Lyotard chama de valor de troca. 
Exemplos de Aplicação
Para aprofundar o assunto, é relevante pesquisar sobre a organização do sistema educacional 
brasileiro da década de 60 até a nova LDB nº 9.394/96 no que se refere às questões ideológicas.
Bauman (2001) afirma que a fluidez ou liquidez são as metáforas mais adequadas para caracterizar 
o atual estágio da modernidade. Referindo-se ao que chama de modernidade líquida, e aludindo à 
célebre frase sobre “derreter os sólidos” do Manifesto Comunista de Marx e Engels, o autor afirma que:
[...] os poderes de derretimento da modernidade afetaram primeiro as 
instituições existentes, as molduras que circunscreviam o domínio das 
ações-escolhas possíveis, como estamentos hereditários com sua alocação 
por atribuição, sem chance de apelação (BAUMAN, 2001, p. 3). 
Essas são razões pra considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas 
adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase, nova de 
muitas maneiras, na história da modernidade (BAUMAN, 2001, p. 9-10).
Recorremos às palavras de Giddens sobre os discursos que circulam no período das Novas 
Tecnologias de Informação e Comunicação e sobre o fato de que o universo de eventos que não 
compreendemos plenamente e que parecem estar fora de controle nos impõe um olhar para a natureza 
da própria modernidade. Uma interpretação descontinuísta da modernidade, em contraposição 
às teorias evolucionárias, revela um período em que as consequências da modernidade estão se 
tornando mais radicalizadas e universalizadas do que antes. Assim, o autor diz que os modos de vida 
produzidos pela modernidade: 
[...] estão em descontinuidade com os tipos tradicionais de ordem social, 
tanto em sua extencionalidade quanto em sua intencionalidade, envolvendo 
o ritmo de mudança, o escopo da mudança e mesmo a natureza intrínseca 
das instituições modernas como, por exemplo, o Estado-nação, as fontes 
de energias inanimadas e a transformação em mercadoria de produtos e 
trabalho assalariado (GIDDENS, 1991, p. 12).
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Unidade I
O autor acrescenta ainda que alta modernidade ou modernidade reflexiva, longe de ser o lugar feliz 
e seguro suposto por algumas perspectivas sociológicas clássicas, é um mundo carregado e perigoso, 
envolvendo confiança e risco, em função:
•	 da	separação	do	tempo	e	do	espaço;
•	 do	desencaixe	dos	sistemas	sociais;	e	
•	 da	 ordenação	 e	 reordenação	 reflexiva	 das	 relações	 sociais	 pela	 contínua	 recombinação	 do	
conhecimento produzido e utilizado por indivíduos e grupos.
Nesse contexto, a confiança deve ser compreendida em relação ao risco, termo associado 
especificamente à época moderna. Citando Luhmann, Giddens nota que a confiança pressupõe a 
consciência das circunstâncias de risco como resultados inesperados decorrentes de nossa própria 
decisão e na fortuna ou destino. Advém da crença ou fé de que as coisas familiares permanecerão 
estáveis e podem ser tomadas pelo indivíduo como referência para considerar as alternativas para o 
curso da ação. 
Essa característica faz com que a globalização deva ser tomada como a totalidade a partir da qual se 
pode deduzir a profundidade e extensão das novas configurações das linguagens em contexto midiático 
e os impactos dela decorrentes, reconfigurando as relações sociais, conforme veremos nos próximos 
tópicos. 
1.3 A reorganização do espaço e do tempo: quase-interação mediada
A discussão que se segue tem como base a reorganização da sociedade globalizada sobre as questões 
da mídia, formas de mediação e configuração das relações espaciais e temporais, conforme as teorias 
que tratam o assunto, estudadas em Ormundo (2007), Wetter (2009) e Ormundo e Wetter (2012). Vamos 
à revisão bibliográfica do estudo feito pelas autoras com foco na configuração da linguagem no modelo 
de sociedade globalizada. 
As autoras discorrem que a forma de circulação da linguagem no ambiente do novo capitalismo 
apresenta-se em um movimento de (des)marcação das relações espaciais e temporais, conforme apontado 
por Giddens (1991). O conceito de tempo-espaço, tão bem delimitadonas sociedades anteriores, foi 
esvaziado na pós-modernidade. As novas tecnologias trouxeram um movimento de (des)marcação das 
relações espaciais e temporais. 
Giddens (1991) tratou disso por meio do conceito de desencaixe, ou seja, o deslocamento 
das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação por meio de extensões 
indefinidas de tempo-espaço estão interferindo profundamente na forma como a linguagem está se 
reconfigurando no período do novo capitalismo. Esse conceito fica evidente quando o deslocamento 
das relações sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação por meio de extensões 
indefinidas de tempo-espaço interferem profundamente na forma como a linguagem se reconfigura 
na globalização, conforme afirma Ormundo (2007) em sua tese de doutorado sobre a reconfiguração 
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Análise de discurso críticA e semióticA
da linguagem na globalização. A autora correlacionou o trabalho de Giddens com o apontado por 
Fairclough (2003b), em relação ao que se estabelece sobre as mudanças no espaço-tempo ligadas ao 
período da globalização.
Para Giddens (1991), a vida moderna – período iniciado com o século XVIII – trouxe mudanças 
profundas que alteraram substancialmente todos os tipos tradicionais de ordem social. Apesar de 
entender que essas mudanças tenham ocorrido em várias fases da história da sociedade, para o autor 
nenhuma delas teve um impacto tão dramático e abrangente como ocorreu nos três ou quatro últimos 
séculos.
O autor afirma que o conceito de desencaixe nada mais é do que o “deslocamento das relações 
sociais de contextos locais de interação e sua reestruturação por meio de extensões indefinidas de 
tempo-espaço” (GIDDENS, 1991, p. 29), conforme pode ser percebido no modelo de comunicação em 
tempo real. Isso quer dizer que indivíduos espacialmente separados podem interagir sincronicamente 
– em tempo real –, mesmo que cada um esteja em continentes diferentes distanciados por milhares e 
milhares de quilômetros e em fusos horários diferenciados. Essa facilidade de circulação da comunicação 
em tempo real possibilitou uma interação maior nas formas como os sujeitos se relacionam socialmente, 
decorrentes do advento da tecnologia digital. A vida contemporânea, como tem se apresentado por 
profundas mudanças nas relações interpessoais e institucionais, sofre influência desse conceito. 
Uma das ações aplicadas ao conceito de desencaixe desenvolvido por Giddens (1991) consiste 
no fato de que as relações pessoais vão se reconfigurando no mundo atual. Neste, as pessoas, em 
suas atividades sociais, devem a todo o momento agir no campo para provar seu conhecimento e 
reconhecimento pelo grupo, por meio dos mecanismos de desencaixe que são representados por 
fichas simbólicas e sistemas peritos. O especialista é levado a reforçar diante do leigo o seu saber 
constantemente, o que gera uma grande procura por informações (GIDDENS, 1991, p. 39).
Outro ponto da obra de Giddens interessante para uma investigação, que vai contemplar como tema 
a globalização, está relacionado ao conceito de desterritorialização e reterritorialização. Trata-se de uma 
reorganização das fronteiras físicas, administrativas, jurídico-políticas e epistemológicas e concorre para 
que determinadas maneiras de pensar, agir e sentir se tornem universais. Por um lado, isso consolida 
a globalização dos mercados e a produção flexível do capitalismo atual; por outro, contribui para a 
transformação das formas de sociabilidade e de solidariedade entre os indivíduos e grupos, assim como 
da relação destes com o Estado, a sociedade e a natureza.
Giddens acrescenta que a desterritorialiação manifesta-se tanto na esfera da economia como 
na da política e cultura. Ianni (1993, p. 95) acrescenta que todos os níveis da vida social, em alguma 
medida, são alcançados pelo deslocamento ou dissolução de fronteiras, raízes, centros decisórios 
e pontos de referências. Ianni (1993, p. 100) diz ainda que “desterritorializar significa dissolver ou 
deslocar o espaço e o tempo”.
Correlacionar a reorganização da sociedade globalizada também no contexto da internet fez com 
que a autora desta obra estabelecesse um contato entre a Teoria Social sobre pós-modernidade com 
os estudos de Castells (1999) sobre a definição do espaço como sendo a expressão da sociedade. Uma 
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vez que as sociedades estão passando por transformações estruturais, surgem novas formas e processos 
espaciais. Já Harvey (apud CASTELLS, 1999) assinala que concepções temporais e espaciais objetivas são 
necessariamente criadas por meio de práticas e processos materiais que servem pra reproduzir a vida 
social e que o tempo e o espaço não podem ser entendidos independentemente da ação social.
Estamos nos referindo ao paradigma tecnológico informacional desenvolvido por Castells, no qual 
a competitividade dos territórios não advém da disponibilidade de recursos naturais e energéticos, da 
existência de uma base industrial herdada ou da posição geográfica, mas da capacidade de criar e 
intensificar sinergias entre agentes econômicos, educacionais e científicos.
Para Borja e Castells (1997), as estratégias de desenvolvimento local devem contemplar as exigências 
para a inserção competitiva, principalmente no que diz respeito: 
•	 à	infraestrutura	adequada,	no	sentido	de	acesso	a	serviços	essenciais;
•	 a	um	sistema	de	comunicações	que	assegure	a	conectividade	do	território	aos	fluxos	globais	de	
pessoas, informações e mercadorias; e
•	 à	 existência	 de	 recursos	 humanos	 capazes	 de	 produzir	 e	 gerenciar	 no	 novo	 sistema	
técnico-econômico. 
Ao considerar a perspectiva teórica que será apresentada neste trabalho, é também importante 
introduzir na discussão inicial o estudo de Thompson (1998, 2002) sobre a forma como ocorreu o 
advento das telecomunicações, que se configura como uma disjunção entre o espaço e o tempo na 
transmissão da informação e do conteúdo simbólico, levando à descoberta da simultaneidade não 
espacial e afetando as maneiras pelas quais os indivíduos experimentam as características de espaço e 
de tempo da vida social. Para Thompson, há três tipos de interação: 
•	 a	interação	face	a	face;	
•	 a	interação	mediada;	e
•	 a	quase-interação	mediada	(quase-interação	midiática).
Para o autor, a quase-interação mediada consiste na extensa disponibilidade de informação e de 
conteúdo simbólico no tempo e no espaço, na disseminação no tempo e no espaço, no estreitamento 
das deixas simbólicas, na produção de formas simbólicas para um número indefinido de receptores 
potenciais e no caráter predominantemente monológico.
Com o surgimento da quase-interação midiática como uma forma significativa de intercâmbio social 
das sociedades modernas atuais, ocorreu a transformação da natureza da publicidade e da visibilidade 
de um indivíduo ou evento. Até então, antes do desenvolvimento da mídia, o público – que é o visível 
ou acessível a outros, diferentemente do privado, que é um ato invisível, desempenhado secretamente 
entre um círculo restrito de pessoas – ligava-se à partilha de um local comum, a publicidade tradicional 
de copresença e potencialmente de caráter dialógico. Com o advento dos meios de comunicação, 
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Análise de discurso críticA e semióticA
criaram-se novas formas de publicidade, não mais ligadas à partilha de um lugar comum, mas sem 
substituí-la, ampliando-ae transformando-a. É essa que Thompson chama de publicidade midiática. 
Quanto à organização social da quase-interação mediada, Thompson (1998) apresenta duas regiões 
presentes em uma ação interativa: a região frontal e a região de fundo. A região frontal pode ser 
entendida como certas suposições e as características físicas do ambiente em que ocorre a ação, e a 
região de fundo é aquela que comporta determinadas ações e expressões consideradas inadequadas. 
Nesta, o agente social relaxa e tem comportamentos incompatíveis com as utilizadas na região frontal. 
Tal ação interativa é o que Fairclough (2003a) e Chouliaraki e Fairclough (1999) chamam de ação 
à distância e é um dos traços definidores da “globalização” contemporânea que facilitam o exercício 
do poder: é a possibilidade de ações transcenderem diferenças no espaço e no tempo, unindo eventos 
sociais e práticas sociais diferentes, por meio de alguma tecnologia de comunicação. É a (inter)ação 
mediada. Eles consideram as mídias de massa como uma parte do aparelho de governância, em que um 
gênero de mídia, como os jornais, insere-se em um processo altamente complexo de recontextualização 
e de transformação de outras práticas sociais, tal como política e governo, presentes em textos e em 
interações de diferentes práticas, como a vida cotidiana. 
Um dos exemplos mais desenvolvidos por Poster de como o modo de informação dissolve o sujeito 
estável da modernidade, autônomo e crítico, é a transformação operada pela passagem da informação 
impressa à informação eletrônica feita em tempo real. 
Formas mediadas 
Temos, assim, uma nova forma de interação, em um fluxo de mensagem unidirecional, com uma quase-
participação. Os receptores elaboram e reelaboram as mensagens recebidas via meios de comunicação de 
massa, passando-as aos receptores secundários. Dessa forma, temos o que Thompson (1995, p. 321) chama 
de “mediação ampliada”, para o qual a capacidade de gerenciamento da visibilidade se faz essencial. Com 
esse quadro, tornou-se difícil aos que exercem o poder controlar e restringir o acesso à informação; na 
nova arena política, surge uma nova forma de interação, que o autor chama de quase-interação mediada, 
através da qual tanto os laços de lealdade e de afeto como os de rejeição podem ser criados. 
Na perspectiva da análise de discurso crítica (ADC), recorremos a Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 
137) e à discussão que apresentam sobre escala e reescala, em uma perspectiva discursiva e social, com 
foco nas questões de linguagem. Os autores analisam os espaços e as práticas sociais, em que pessoas, 
como cidadãos, dialogam sobre questões de interesse comum de forma que podem afetar a política 
e provocar mudança social. Na perspectiva da ADC, esferas públicas como práticas sociais significam 
que, apesar de terem um momento discursivo, elas não são simplesmente discursivas: são práticas de 
ação social e política, conjunturas em que pessoas reúnem recursos para fazer algo sobre questões ou 
problemas. Nelas, dialogar é uma atividade primária.
Segundo Chouliaraki e Fairclough (1999), com a pluralidade e a fragmentação da vida social da 
modernidade tardia, a literatura da pós-modernidade enfatiza a diferença social. Os autores mostram 
que isso se reflete nos processos linguísticos pela fragmentação e pela diferenciação. 
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Unidade I
O período da pós-modernidade é retratado em Chouliaraki e Fairclough (1999) como sociedade 
tardia. Os autores consideram que nesse período as análises da esfera pública eram feitas considerando-a 
como simples e unitária (HABERMAS apud CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999), mas as recentes 
análises sugerem a existência de muitas esferas públicas diferentes, plurais e inacabadas e de fronteiras 
permeáveis, cujo diálogo se dá pelo trabalho da diferença. 
Habermas concebe a esfera pública como um espaço social no qual os debates sobre as questões 
sociais e políticas são livremente direcionados a grupos de cidadãos fora das estruturas do Estado 
burguês, constituindo uma forma de usar a linguagem em público. Ou seja, a configuração dessas 
esferas como sendo a “esfera dos públicos”. 
Não há como discutir as questões de linguagem sem correlacioná-las com o modelo de sociedade 
configurado pelos avanços tecnológicos advindos da globalização e da expansão da internet na vida 
das pessoas. Isso interfere no âmbito público como um espaço global e nos convida a discutir sobre o 
modelo de sociedade baseado nos modos de informação veiculada pelas mídias. Isso, com a explosão 
da internet na última década do século XX, reconfigura não só a linguagem como também a forma de 
produção das mídias sob interferência do avanço tecnológico de transmissão de dados via satélite. 
Esse modelo de reconfiguração pode ser exemplificado por meio de ferramentas da sociedade 
tecnológica ao criar novos softwares. Esses softwares possibilitam não só a circulação rápida de 
qualquer evento social que ocorra na aldeia global como também nas condições de quem pode produzir 
e retransmitir a informação sobre qualquer evento social. 
2 SOCIeDADe PóS-mODernA bASeADA nOS mODOS De InfOrmAçãO
Com o propósito de discutir as práticas de linguagem em uma perspectiva da ADC e da semiótica 
social, é relevante contemplar a constituição da sociedade globalizada com base nos estudos da Teoria 
Social da Mídia, baseados nos modos de informação, conforme aponta Mark Poster em A Segunda Era das 
Mídias (2000). Para isso, recorremos ao trabalho de Ormundo (2007) sobre reconfiguração da linguagem 
no campo linguístico on-line que analisa a forma como a linguagem é reconfigurada pelos aspectos da 
globalização discutidos em Norman Fairclough (2006) e autores da Teoria Social e Teoria Social da Mídia. 
A discussão sobre os modos de informação é retratada em Mark Poster (1996, 2000) como a 
possibilidade da reconfiguração da linguagem por meio de uma abordagem teórica que contemple 
as novas tecnologias e de uma Teoria Social crítica baseada no modo de informação. Outros autores 
que contribuirão para a discussão são Castells (1999, 2003), sobre sociedade em rede e o universo da 
internet; Giddens (1991), sobre o desencaixe; Chouliaraki e Fairclough (1999), sobre campo jornalístico, 
político e mídia; e Fairclough (1995, 2006), sobre mídia e mediação, globalização e novos paradigmas 
para pesquisa sobre linguagem e mídia. 
2.1 reinterpretação dos meios de comunicação: o modo de informação
Mark Poster (1996, 2000) reinterpreta os meios de comunicação por meio de uma abordagem 
teórica centrada nos meios de informação e no desenvolvimento de uma teoria crítica que explique 
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Análise de discurso críticA e semióticA
as iminentes reorganizações culturais advindas dos avanços tecnológicos dos novos meios de 
comunicação, especificamente daqueles advindos da organização da sociedade em rede por meio 
da internet.
 Observação
A Teoria Crítica está associada ao grupo de investigadores que frequentou 
a Escola de Frankfurt. Ela representa a contracorrente de pesquisa em 
comunicação do tipo de conhecimento no âmbito administrativo.
Essa proposta está situada naquilo que o autor denominou como segunda era das mídias. Poster 
defende que essa era está para a nossa época como os meios de produção estiveram para o final do século 
XIX, quando Marx traçou a Teoria Sobre Modos de Produção, conforme consta em Poster (2000, p. 14):
Para uns, a classe operária, em quem a Teoria Marxista depositava tão grande 
esperança, foi em grande medida politicamente anulada pelos média, mas 
foi, em sentido lato, incorporada na sociedade moderna comoparte de 
uma massa maligna. Para outros, a sociedade moderna conseguiu uma 
integração de classe operária sem recurso, em grande medida, à repressão 
política explícita, mas mediante operações que Antonio Gramsci denominou 
de “hegemonia”. 
 Observação
Os modos de produção estão associados à força do trabalho, à Revolução 
Industrial.
A Teoria Marxista funda-se em uma classe operária passiva e inerte. Isso decorre do fato que, 
para os teóricos, essa classe teria se mostrado com dificuldade para impor uma negação frente 
à força capitalista (POSTER, 2000, p. 18). Em contraposição a esse modo de pensar marcado pela 
estrutura da sociedade moderna, o autor vai desenvolver uma Teoria Crítica da Mídia. Por meio de 
dois elementos fundamentais discutidos em Poster (1996), trata-se do modo de informação e do 
modo de produção. Ele inicia a discussão estabelecendo a diferença que há entre eles e também as 
suas afinidades. Estas consistem em três pontos essenciais: 
•	 todas	as	relações	sociais	são	transitórias	e	constituídas	historicamente;
•	 o	teórico	constitui	a	realidade	que	analisa;
•	 o	objetivo	da	teoria	é	revelar	tanto	as	estruturas	de	dominação	como	o	potencial	libertador	de	
todo e qualquer padrão de experiência linguística. 
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Unidade I
A diferença consiste na ênfase que Marx dá em sua obra para o trabalho. Poster reconhece que 
o trabalho cumpre um papel importante na sociedade contemporânea, mas não o coloca no mesmo 
grau de prioridade que ele teve nos estudos de Marx. Poster apresenta quatro elementos para discutir 
a diferença:
•	 o	conceito	de	trabalho	é	visto	como	inadequado	para	a	análise	das	atuais	situações	de	dominação;
•	 ocorre	 a	 eliminação	 do	 elemento	 tecnológico	 pelo	 materialismo	 histórico,	 uma	 vez	 que	 a	
preservação da tecnologia no modo de informação coloca o elemento linguístico no centro das 
atenções do campo social;
•	 o	modo	de	produção	está	centrado	na	forma	como	os	objetos	que	satisfazem	as	necessidades	
humanas são produzidos e trocados, enquanto o modo de informação está voltado ao modo 
como os símbolos são usados para compartilhar sentidos e constituir os objetos;
•	 a	sociedade	contemporânea,	por	meio	da	sofisticação	tecnológica,	caracteriza-se	por	diferentes	
modos de informação que alteram, radicalmente, as inter-relações sociais. 
Para os estudos linguísticos com foco na perspectiva da ADC é interessante compreender como 
Ormundo (2007) tratou a proposta de Poster sobre o modo de informação na perspectiva da configuração 
da linguagem e mudança social. Nesse trabalho, a autora investigou o processo de recontextualização 
de um determinado evento social para o campo linguístico on-line, tendo como exemplificação a 
constituição da linguagem no campo jornalístico on-line. Verificou-se que os agentes sociais utilizam 
a linguagem como forma de poder para constituir-se na luta travada no campo jornalístico em que 
atuam. Com isso, pôde retratar o que foi abordado por Poster sobre a forma como a linguagem vem 
sendo alterada pelos sistemas eletrônicos de comunicação. Para o autor, o modo de informação é o 
conceito usado para designar “o modo como a comunicação eletronicamente mediada desafia e, ao 
mesmo tempo, reforça os sistemas de dominação emergentes na sociedade e cultura pós-moderna”. 
Poster (2000 apud ORMUNDO, 2007, p. 45) acrescenta ainda que:
Em The Mode of Information sustento que as comunicações eletrônicas 
constituem o sujeito de forma diferente das grandes instituições modernas. 
Se a modernidade ou o modo de produção significam práticas padronizadas 
que resultam em identidades autônomas e (instrumentalmente) racionais, 
a pós-modernidade ou o modo de informação indicam práticas de 
comunicação que constituem um sujeito instável, múltiplo e difuso. A 
super-autoestrada de informação e a realidade virtual irão difundir o modo 
de informação a outras aplicações, ampliando a sua difusão ao inserir mais 
práticas e indivíduos no seu padrão de formação. 
Outro detalhe apontado por Poster consiste na relação de linguagem e poder, em que o discurso 
é configurado como uma forma de poder e a concepção de poder pressupõe a atuação por meio da 
linguagem. Discursos e poder são conceitos imbricados e inseparáveis, e esse é o primeiro contributo 
fundamental que Poster vai buscar nos estudos de Foucault.
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Poster concentra sua discussão na questão das tecnologias da comunicação a partir de três pontos 
cruciais: 
•	 a	construção	do	sujeito	na	relação	com	as	novas	tecnologias;
•	 o	tema	do	corpo;	
•	 a	pós-modernidade.
 Observação
Outra abordagem possível seria aquela por meio da cultura de massas, 
conforme analisada por Adorno e Benjamin. Poster faz a opção pela 
tecnologia da comunicação por entender que esta abordagem tem sido 
amplamente omitida. 
Um ponto essencial sobre o trabalho de Poster em A Segunda Era das Mídias consiste na intenção 
do autor em desenvolver uma Teoria Crítica que explique as iminentes reorganizações culturais massivas 
da segunda era das mídias, por meio de dois debates sobre o tema. O primeiro era centrado na classe 
operária, com base na Teoria Marxista, que os anulou da mídia, pois considerava a classe operária uma 
massa inerte, manipulada pelos meios e pela cultura popular em geral – posição advinda dos membros 
da Escola de Frankfurt. O segundo considera que a sociedade moderna conseguiu uma integração da 
classe operária sem recurso, em grande medida, à repressão política explícita, mas mediante operações 
que Antonio Gramsci denominou de “hegemonia”, considerando que as forças dominantes conseguiram 
estabelecer uma situação hegemônica, mas a resistência continua ao nível micro da vida cotidiana. A 
autora deste livro-texto vê em Poster uma indagação sobre “até que ponto o debate assenta numa 
visão da tecnologia característica da fase de predomínio do modelo de difusão, quando este está a ser 
suplantado	por	uma	configuração	muito	diferente?”	(POSTER,	2000,	p.	2).	Essa	discussão	nos	conduz	à	
uma análise aprofundada sobre a mudança na forma de comunicação por meio das novas tecnologias 
características da globalização. Trata-se de uma abordagem relevante para quem pretende investigar as 
práticas de linguagem em uma perspectiva da ADC por meio da proposta transdisciplinar – o que será 
discutido mais adiante. 
2.2 meios de comunicação na globalização
Para Mark Poster (2000 apud ORMUNDO, 2007), os meios de comunicação de massas introduzidos 
no século XX, como telefone, rádio, televisão e internet, instauraram novos tipos de ação e de discurso. 
A vida cotidiana transformou-se radicalmente no último século devido aos avanços tecnológicos e são 
essas transformações que distinguem, especificamente, a globalização. Justamente essas transformações 
devem ser consideradas por meio dos discursos que determinam os sujeitos. Para a compreensão dessa 
relação, deve-se estudar o papel da linguagem que se reconfigura na nova mídia. Será por meio do 
entendimento dos novos discursos que se instauram nesse meio que se poderá entender a constituição 
da linguagem.
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Unidade I
Poster (2000) encara os sistemas de comunicação eletrônica como linguagens determinantes da 
vida dos indivíduos e dos grupos em todos os seus aspectos (social, econômico, cultural e político), 
muito mais do que ocorreu na perspectiva do marxismo tradicional,em que funcionavam como simples 
dispositivos instrumentais, que em nada ou muito pouco alteraram as relações de poder.
Os meios e as formas de comunicação constituem, segundo o autor, tipos de discurso determinantes 
das relações de poder e de dominação nas sociedades contemporâneas. Assim, Poster (2000 apud 
ORMUNDO, 2007, p. 71) defende como tese geral que “o modo de informação decreta uma reconfiguração 
radical da linguagem, que constitui sujeitos fora do padrão do indivíduo racional e autônomo”. 
É interessante em Poster que o modo de informação mostrará como o “sujeito familiar moderno é 
deslocado pelo ‘modo de informação’ em favor de um que seja múltiplo, disseminado e descentrado”. 
Esse movimento da visão do sujeito consiste na marca da globalização e da sociedade contemporânea, 
que é caracterizada pela instabilidade, flexibilidade e descentralização. 
Essa discussão apontada em Ormundo (2007, 2013) é relevante para a perspectiva discursiva crítica 
nas pesquisas que analisam a forma como o sujeito e a estrutura social são transformados por meio 
da reconfiguração da linguagem, especificamente no trabalho sobre a linguagem no campo linguístico 
on-line. Eles são marcados pela influência da globalização e pela instabilidade das coisas, uma vez que a 
rapidez com que as mudanças ocorrem devido ao conhecimento e circulação da informação transforma 
a relação do sujeito com o conhecimento. 
Um dos exemplos de Poster (1996, 2000) sobre como o modo de informação dissolve o que era 
estável na modernidade consiste na transformação que aconteceu na passagem da informação impressa 
à informação eletrônica em tempo real. 
O autor cita o exemplo do livro impresso: no processo de interação entre produtor e receptor há 
um isolamento espaço-temporal entre eles, devido à materialidade espacial da imprensa, a linearidade 
das frases, a estabilidade da palavra impressa na página e o espaço ordenado de forma sistemática, por 
meio das letras pretas em um fundo branco. Isso tudo promove, segundo Poster, o afastamento, já que o 
produto é consumido no isolamento. Esse exemplo serve para demonstrar como a relação de autoridade 
é criada na modernidade, por meio do distanciamento entre quem produz e quem consome o produto. 
Exemplos de Aplicação
Com o avanço das novas tecnologias de informação e comunicação, houve uma reconfiguração no 
sistema de produção baseado pelos modos de informação. Uma dessas reconfigurações consistiu na 
disponibilização do sistema de livros digitais. Reflita a respeito, correlacionando a superestrutura e as 
características de acesso dos livros digitais e dos livros impressos. 
A proposta teórica de Poster sobre como o modo de informação entende as linguagens no ambiente 
tecnológico é contrária à teoria tradicional de como a informação circulava, conforme já exposto neste 
livro-texto. A lacuna existente na imprensa entre produtor e receptor também aparece no ambiente 
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Análise de discurso críticA e semióticA
tecnológico, mas há alteração no processo relacional devido à possibilidade de comunicação em tempo 
real e de interação entre os agentes envolvidos nessa relação, possibilitada pelas ferramentas próprias 
dos gêneros de comunicação dos websites. 
A comunicação mediada pelo computador possibilita tanto a aproximação como o distanciamento 
entre os agentes envolvidos na situação comunicativa. Poster (2000, p. 73) diz que nas comunicações 
eletrônicas “a linguagem é entendida como performativa, retórica, como um veículo ativo na construção 
e posicionamento do sujeito”. O papel do agente no processo de comunicação mediada pelo computador 
aparece em Poster (2000, p. 73) como alguém que se constitui como um “outro”, pois está em um 
ambiente dinâmico e sujeito a ser reconfigurado em “diferentes pontos do tempo e do espaço”, conforme 
consta em Ormundo (2007).
Por meio das questões apontadas em Poster, pode-se verificar em Ormundo (2007) como esse movimento 
possibilita entender que a linguagem já não representa a realidade e não é uma ferramenta instrumental que 
enfatiza a racionalidade mecânica das estruturas sociais. A linguagem reconfigura a realidade. 
Dessa forma, as estruturas sociais são afetadas por meio da linguagem. Não se pode manter imune 
diante dessa reconfiguração; ao reconhecê-la, as formas de organização das estruturas sociais são 
transformadas e a perspectiva da ADC fornece os elementos teóricos para tratar dessa mudança social 
no que se refere às mudanças na linguagem no momento da globalização.
Para compreender essa questão, a autora recorre aos estudos de Norman Fairclough (2006), no 
que se refere ao fato de que os meios de comunicação de massa foram apresentados desempenhando 
um papel importante na constituição de novas escalas e na transformação das relações entre elas, na 
reescala das entidades espaciais e na construção e consolidação da nova “dificuldade” entre um regime 
de acumulação e um modo de regulamentação social. 
Para o autor, todos esses processos dependem da disseminação social dos discursos, narrativas, 
ideias, práticas, valores etc., sobre a sua legitimação, a posição e mobilização dos públicos em 
relação a eles e a geração do consentimento para no mínimo aceitarem a mudança. Fairclough 
(2006) apresenta cinco pontos para explicar resumidamente os meios de comunicação de massa 
e mediação na globalização. Vejamos: 
•	 os	meios	de	comunicação	de	massa	são	um	elemento	crucial	na	difusão	da	informação	global	
e notícias, e de reações para a interpretação deles, assim como de novas estratégias, discursos, 
ideias e práticas, novas normas e valores em atividades econômica, sistemas políticos e processos, 
instituições sociais, organizações e a conduta da vida ordinária, mudanças na atitude, sentimentos, 
identidades etc. Mensagens sobre todos os aspectos virtuais da vida social agora circulam 
globalmente;
•	 as	mensagens	são	mediadas,	o	que	significa	que	qualquer	aspecto	da	vida	social	é	representado	no	
meio de comunicação de massa e passa por códigos semióticos particulares, convenções, normas e 
práticas de mídias específicas, sendo suas formas e significados transformados no processo. A análise 
do discurso crítica pode contribuir para analisar esses códigos, convenções, normas e práticas;
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Unidade I
•	 o	 domínio	 global	 de	 corporações	 da	 mídia	 transnacional	 e	 a	 conexão	 íntima	 com	 os	 centros	
de poder na política, governo e negócios significa que, posteriormente, podem usar o meio de 
comunicação de massa como veículo para disseminar suas próprias mensagens no adiantamento 
de suas próprias estratégias; 
•	 o	 impacto	do	meio	de	comunicação	de	massas	e	mediação	não	pode	ser	 levado	em	conta	
para admitir, porque isso depende da recontextualização da mídia, mensagens em ambientes 
diversos de recontextualização, cujas características específicas estruturais, históricas, 
institucionais, sociais e culturais específicas e circunstanciais amoldam a recepção e o 
impacto da mídia-mensagem;
•	 a	globalização	dos	meios	de	comunicação	de	massa	tem	contribuído	para	a	construção	de	um	
público e opinião pública globais, igualando a esfera comum cosmopolita na qual são gerados os 
debates, ações e mobilização em uma base global. Entretanto, esse é ainda um fenômeno limitado 
e emergente por várias razões, incluindo a continuidade da centralidade da escala nacional pra 
a imprensa e radiodifusão (broadcasting). A ADC pode produtivamente ser usada para mostrar 
como o meio de comunicação de massa constrói e contribui para construir certos eventos globais 
e audiências como um público global.resumo
Nesta unidade, inicio com a contextualização da sociedade pós-moderna 
(com foco nos modos de informação), abordando o assunto a partir dos 
processos que caracterizam tal sociedade (com foco nos modos de produção), 
além de abordar temas como as mudanças no campo econômico, social, 
político e cultural, tendo como base autores da Teoria Social, da Análise de 
Discurso Crítica e da Teoria Social da Mídia.
 exercícios
Questão 1. Leia o texto abaixo e as afirmativas que o seguem.
Enquanto seu lobo não vem
Caetano Veloso
Vamos passear na floresta escondida, meu amor
Vamos passear na avenida
Vamos passear nas veredas, no alto, meu amor
Há uma cordilheira sob o asfalto
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Análise de discurso críticA e semióticA
(Os clarins da banda militar…)
A Estação Primeira da Mangueira passa em ruas largas
(Os clarins da banda militar…)
Passa por debaixo da Avenida Presidente Vargas
(Os clarins da banda militar…)
Presidente Vargas, Presidente Vargas, Presidente Vargas
(Os clarins da banda militar…)
Vamos passear nos Estados Unidos do Brasil
Vamos passear escondidos
Vamos desfilar pela rua onde Mangueira passou
Vamos por debaixo das ruas
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das bombas, das bandeiras
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das botas
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo das rosas, dos jardins
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo da lama
(Os clarins da banda militar…)
Debaixo da cama
Fonte: Disponível em <http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/178224/>. 
Acesso em 11 mai. 2014.
I − Com base no título e no verso “Vamos passear na floresta escondida, meu amor”, verifica-se a 
ocorrência de intertextualidade.
II − Na letra da música marca-se a polifonia, porque duas vozes se distinguem: uma que aceita o 
sistema político e outra que é transgressora.
III − O texto trata da valorização de um símbolo nacional, que é o carnaval, ao se referir à banda e à 
escola de samba Mangueira.
Está correto o afirmado em:
A) I.
B) II.
C) III.
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Unidade I
D) I e II.
E) II e III.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o título “Enquanto seu lobo não vem” e o verso “Vamos passear na floresta escondida, 
meu amor” apresentam intertextualidade. O conceito de intertextualidade abrange as várias formas 
pelas quais a produção e a recepção de um texto pressupõem o conhecimento de outros textos. No 
título e no verso explicitado encontra-se a evocação alegórica da fábula “Chapeuzinho Vermelho” e da 
cantiga infantil ”Vamos passear na floresta/Enquanto seu Lobo não vem”.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: na letra da música a polifonia é percebida, pois duas vozes são contrapostas no texto. 
A primeira voz é percebida por meio do posicionamento dos que aceitam o sistema vigente e seguem a 
marcha institucionalizada: “Os clarins da banda militar…”; a segunda voz é a daqueles que contrariam 
esse sistema: é a voz transgressora que tenta fugir do controle político.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o texto trata de política, e não de carnaval. Portanto, a afirmativa é incorreta.
Questão 2. Leia o texto:
O soldado amarelo
Era um facão verdadeiro, sim senhor, movera-se como um raio cortando palmas de 
quipá. E estivera a pique de rachar o quengo de um sem-vergonha. Agora dormia na 
bainha rota, era um troço inútil, mas tinha sido uma arma. Se aquela coisa tivesse durado 
mais um segundo, o polícia estaria morto. Imaginou-o assim, caído, as pernas abertas, 
os bugalhos apavorados, um fio de sangue empastando-Ihe os cabelos, formando um 
riacho entre os seixos da vereda. Muito bem! Ia arrastá-lo para dentro da caatinga, 
entregá-lo aos urubus. E não sentiria remorso. Dormiria com a mulher, sossegado, na 
cama de varas. Depois gritaria aos meninos, que precisavam de criação. Era um homem, 
evidentemente.
Aprumou-se. Fixou os olhos nos olhos do polícia, que se desviaram. Um homem. Besteira 
pensar	que	 ia	ficar	murcho	o	 resto	da	 vida.	 Estava	 acabado?	Não	estava.	Mas	para	que	
suprimir	aquele	doente	que	bambeava	e	só	queria	ir	para	baixo?	Inutilizar-se	por	causa	de	
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Análise de discurso críticA e semióticA
uma fraqueza fardada que vadiava na feira e insultava os pobres! Não se inutilizava, não 
valia a pena inutilizar-se. Guardava a sua força.
Vacilou e cocou a testa. Havia muitos bichinhos assim ruins, havia um horror de bichinhos 
assim fracos e ruins.
Afastou-se, inquieto. Vendo-o acanalhado e ordeiro, o soldado ganhou coragem, 
avançou, pisou firme, perguntou o caminho. E Fabiano tirou o chapéu de couro.
╬— Governo é governo.
Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 51. ed. São Paulo: Record, 1983. p. 106-107.
Levando em conta o contexto em que ocorre, a frase “Governo é governo” admite apenas uma das 
leituras que seguem:
A) Os dois termos têm significados diferentes: o primeiro significa “instituição administrativa”, e o 
segundo indica “instituição que serve para oprimir e que, por isso, deve ser respeitada”.
B) Os dois termos têm o mesmo significado: por isso a frase de Fabiano é uma mera repetição de 
termos.
C) Nessa frase, um termo nada acrescenta ao outro: por isso a repetição não tem cabimento.
D) Os dois termos têm significados diferentes: o primeiro indica “instituição administrativa”, e o 
segundo indica “instituição que não deve ser levada em consideração”.
E) Essa repetição só faz com que o segundo termo esvazie o sentido do primeiro.
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade II
Unidade II
3 Mudanças sociais e tecnológicas: interação Midiática 
O papel dos meios de comunicação no processo de mudança social já foi apontado por Fairclough 
(1992, 1995) e Chouliaraki e Fairclough (1999) como a forma pela qual a linguagem da mídia se configura 
nas relações de poder e do impacto dos sentidos produzidos na relação de interação. 
Norman Fairclough (1995) aponta o quanto é importante compreender o papel dos meios de 
comunicação de massa para a mudança social, uma vez que as transformações dependem da influência 
desses meios, bem como das crenças, das práticas, dos valores, das atitudes, das identidades e da 
mediação; a experiência social das pessoas é uma complexa combinação de vivências não mediadas, que 
ocorrem por meio de interação direta e trocas com outras pessoas e, também, da experiência mediada, 
na qual cada uma molda e direciona sua resposta ao outro. 
Com isso, tem-se a interação, em um fluxo de mensagem unidirecional, com uma quase-participação. Os 
receptores elaboram e reelaboram as mensagens recebidas via meios de comunicação de massa, passando-as 
aos receptores secundários. Isso nos remete ao que Thompson (1995, p. 321) chama de mediação ampliada. 
Em uma sociedade globalizada, a informação circula em uma velocidade acelerada, em tempo real, e 
com isso uma nova forma de divulgar a informação se constitui por meio dos avanços tecnológicos que 
surgem no contexto de uma sociedade tecnologicamente globalizada. Essa tecnologização da sociedade 
reconfigura as formas de interação por meio da comunicação midiática e a interação, especificamente no 
ambiente

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