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ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Administração Janguiê Din iz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serv iços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distânc ia Enzo Moreira Autoria Tatiane Regina A lmeida Silva Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Anál ise de Qua lidade. Edição de Texto, Design lnstrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. © Ser Educac ional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-160 *Todos os gráficos, t abelas e esquemas são creditados à aut oria, salvo q uando ind icada a referênc ia. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos di reitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Pena l. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock 1 ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 1 CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. 1 CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. 1 CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. 1 DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 1 EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 1 EXPLICANDO Expl1caçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressa□ espec1f1ca da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Introdução, definição e conceitos fundamentais dos fluidos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Sistemas de unidades .......................................................................................................... 13 Sistema CG S ................................................................................ ..................................... 14 Sistema MKS .................................................................................................................... 14 Sistema SI ..................................................................................... ............ ........................ 15 Estática dos fluidos .............................................................................................................. 18 Teorema de Stevin ................................................................. ...... .................................... 18 Lei de Pascal .................................................................................................................... 19 Variação da pressão com a posição em fluidos compressíveis e incompressíveis ...... 21 Carga de pressão ........................ ........................ .............................. .................. ............ 22 Escalas de pressão e unidades de pressão ............... ............ ............ .. .. .. ....... ........... 22 Medidores de pressão ...................................................... .... ...... ............ ............ ............ 23 Equação mano métrica ............................ ...... .. .......... .................. .. .. .. ...... .. ...................... 24 Definição de fluidos ............................................................................................................. 25 Propriedade dos fluidos ......................... ........................................................................ 26 Reologia dos fluidos ..................................................................... .. .. .. ...... ... ......... .... .. ..... 27 Lei de Newton: viscosidade absoluta ou dinâmica .. .. ... .. ..... .. ...... .......................... ... 27 Cinemática e dinâmica dos fluidos ..................................................... ............................. 28 Regime ou movimento variado e permanente ......................... .. ............. ............... ..... 28 Escoamento laminar e turbulento ................ .............................. .. .......... ... ......... ........... 30 Sintetizando ........................................................................................................................... 32 Referências bibliográficas ................................................................................................. 33 Unidade 2 - Balanço global de massa e energia, energia mecânica e quantidade de movimento Objetivos da unidade ........................................................................................................... 35 Balanço global de massa e energia e balanço de energia mecânica 36 Vazão: velocidade média da seção .............................................................................. 37 Equação da continuidade para regime permanente ................................................. 39 Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido ............................................. 40 Equação de Bernoulli ...................................................................................................... 41 Equação da energia e presença de uma máquina ............. .. ........... .. .. .. .. ... .. .. .. .. ....... 44 Potência da máquina ............................................................... .. ........... .. .. .. ........... .. .. ..... 45 Teorema de Torricelli ............................................... ....................................................... 47 Balanço global de quantidade de movimento ................................................................ 49 Equação da quantidade de movimento .................................. ........... .. .. .. .................... 50 Forças atuantes em superfícies sólidas em movimento .................................... ....... 53 Diversas entradas e saídas em regime permanente .......................................... ....... 54 Sintetizando ........................................................................................................................... 56 Referências bibliográficas ................................................................................................. 57 MECÂNICA DOS FLUIDOS • Unidade 3 - Balanço diferencial de massas, quantidade de movimento e equação de Navier-Stokes Objetivos da unidade ........................................................................................................... 59 Balanço diferencial de massas e quantidade de movimento ...................................... 60 Sistemas de coordenadas ............................................................................................. 60 Cinemática da partícula: coordenadas cartesianas ................................................. 62 Coordenadas cilíndricas ........................................................... ............... ............. .. ....... 63 Linha de corrente ............................................................................................................ 65 Variação das grandezas ............................................................. ............ ........................ 66 Movimento de uma partícula fluida .................................... ......... .. ............................... 68 Dilatação volumétrica ..................................................... .. .. .. ... .. .... ......... .. ...... ........... ..... 71 Equação da continuidade na forma diferencial ......................................................... 73 Equação fundamental do movimento deuma partícula de fluido ideal ................. 74 Navier-Stokes ....................................................................................................................... 78 Equação de Navier-Stokes ........................................................................................... 78 Aplicações da equação de Navi ar-Stokes .................................... .............................. 80 Sintetizando ........................................................................................................................... 85 Referências bibliográficas ................................................................................................. 86 MECÂNICA DOS FLUIDOS • Unidade 4 - Perdas de carga singulares e distribuídas; camada limite e rugosidade Objetivos da unidade ........................................................................................................... 88 Conceitos gerais: camada limite e rugosidade .............................................................. 89 Condutos .......................................................................... ............ .............................. ....... 89 Diâmetro e raio hidráulico ............................................................................................. 90 Camada limite em uma placa plana ............................................................................. 91 Camada limite em condutos forçados ......................................................................... 94 Rugosidade ...................................................................... ................................................. 96 Perdas de carga .................................................................................................................... 96 Conceito de perdas de carga ............................................................... ......................... 97 Classificação das perdas de carga ............................. ... ......... .. ........... .. ...... ..... .. .... .. ... 98 Perda de carga distribuída ....................................................... .............................. ....... 99 Experiência de Nikuradse ........... .............................................. ................................... 103 Condutos industriais ................................................................................................ ..... 105 Perdas de carga localizadas ....................................................................................... 105 Sintetizando ......................................................................................................................... 112 Referências bibliográficas ............................................................................................... 113 MECÂNICA DOS FLUIDOS • MECÂNICA DOS FLUIDOS • A mecânica dos fluidos é a parte da Física que estuda o comportamento dos fluidos e suas leis, se fazendo presente no cotidiano e em diversos ramos da Engenharia. Estas leis são observadas no escoamento de fluidos, nos esforços em barragens, nas máquinas hidráulicas, na aerodinâmica, na ventilação e em outras utilidades. A partir desta unidade, o aluno compreenderá os conceitos sobre sistemas e conversão de unidades, definição de fluidos, tipos de escoamento, número de Reynolds e perdas de cargas, dentre outras leis que regem a mecânica dos fluidos e que servem para um melhor aproveitamento nas suas várias funcionalidades. Logo, é fundamental para a formação de todas as pessoas que querem tra balhar com Engenharia entender os conceitos, a aplicação e as características dos fluidos, já que é um tanto evidente perceber que, na prática, isto é algo crucial para quem quer trabalhar na área. MECÂNICA DOS FLUIDOS • A professora Tatiane Regina Almeida Silva é especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, formada em 2019 pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Engenharia Civil pela Universidade de Mogi das Cruzes (U MC), turma de 2015, tem experiência em Engenharia de Segurança do Tra balho nas áreas de gerenciamento de riscos, programas prevencionistas e lau dos, atuando na em obras públicas de infraestrutura do Metrô-SP e da CPTM. Currículo Lattes: http://lattes.cn pq. br/7893331274938326 Ao meu marido Daniel Si/as e aos meus familiares, dos quais tive que me despojar de tempo de convívio para a composição deste trabalho. MECÂNICA DOS FLUIDOS. UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade Aprender os conceitos básicos de sistemas de unidades e conversão de unidades; Ter conhecimento sobre estática dos fluidos e as suas leis; Compreender a dinâmica e a definição dos fluidos; Entender os regimes e tipos de escoamentos. Tópicos de estudo Sistemas de unidades Sistema CGS Sistema MKS Sistema SI Estática dos fluidos Teorema de Stevin Lei de Pascal Variação da pressão com a posição em fluidos compressíveis e incompressíveis Carga de pressão Escalas de pressão e unidades de pressão Medidores de pressão Equação manométrica Definição de fluidos Propriedade dos fluidos Reelogia dos fluidos Lei de Newton: viscosidade absoluta ou dinâmica Cinemática e dinâmica dos fluidos Regime ou movimento variado e permanente Escoamento laminar e turbulento MECÂNICA DOS FLUIDOS • O Sistemas de unidades •• A mecânica dos fluidos tem sido pesquisada por centenas de anos e por inú meros especialistas. Arquimedes (287-212 a.C.) foi o propulsor nos estudos da hidrostática, desenvolvendo a Lei do Empuxo, ou princípio de Arquimedes. Com o passar dos anos, além de Arquimedes, inúmeros cientistas, físicos, matemá ticos e engenheiros contribuíram com esse campo, como Galileu Galilei, Simon Stevin, Torricelli, Pascal, Newton, Bernoulli, Euler, Stokes, Reynolds e Moody. Com a finalidade de saber e empregar os sistemas de unidades à mecânica dos fluidos, é necessário saber converter tais unidades de medidas e suas grandezas. Algumas propriedades dos fluidos, como massa específica, densidade e viscosida de, são dependentes das unidades de medidas e do tipo de sistema a ser adotado. O fluido é uma substância sem forma própria que se amolda conforme o reci piente. Em determinadas situações, o termo "escoamento" sintetiza a movimen tação dos fluidos pela ação da gravidade e/ou pressões externas. A classificação do movimento está relacionada à velocidade e ao comportamento das molécu las de fluido que admitem um padrão de movimento, demarcado por Reynolds. No ano de 1832, o matemático alemão Carl Friedrich Gauss propôs um sis tema de três unidades fundamentais para comprimento, massa e tempo com base no milímetro, no miligrama e no segundo.Já em 1874, os físicos brit ânicos James Clerk Maxwell e William Thomson aperfeiçoaram as unidades de medi das de Gauss para centímetro, grama e segundo, nomeando o sistema de CGS. Com o decorrer dos anos, observou-se que as unidades do sistema CGS não eram práticas para o dia a dia. Em meados de 1940, o sistema CGS foi substi tuído pelo sistema MKS (metro, quilograma e segundo), base do sistema atual. Aos poucos, os sistemas CGS e MKS foram substituídos, mas ainda utilizados em livros didáticos, na literatura técnica e nas áreas de eletrodinâmi ca, ciências dos materiais e astronomia. Em 20 de maio de 1875, com o propósito de estabe lecer um sistema de medição único de abrangência mundial, foi criado o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), cuja sede fica próxima a Paris e que opera com a supervisão do Comitê Internacio- nal de Pesos e Medidas (CIPM). MECÂNICA DOS FLUIDOS • A primeira Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), em 1889, fixou os novos protótipos internacionais do metro e do quilograma. Este sistema evoluiu com o tempo, acompanhando as demandas e exigências de medições mundiais em todos os campos da tecnologia,das atividades humanas e da ciência. Na 11º CGPM, o sistema passou a ser chamado de Sistema Internacio nal de Unidades (SI). •• Sistema CGS No sistema CGS de unidades de tipologia LMT (comprimento, massa, tem po), as unidades base são centímetro, grama e segundo, como se nota na Tabe la 1. Na quarta coluna, as unidades CGS são convertidas para unidades em SI. Por exemplo, 1 cm no sistema CGS equivale a 10·2 m no sistema SI. TABELA 1. UNIDADES CGS E CONVERSÃO PARA O SISTEMA SI Grandeza Unidade Definição Comprimento Centímetro 10 2 m Massa Grama 10 3 kg Tempo Segundo Força Dina dyn; 1 g.cm/s2 10' N Energia erg ; 1 g.cm2/s2 1 º' J Potência Erg por segundo 1 e rg/s ; 1 g.cm>/s2 10'W Pressão bar ; 106 dyn/cm2 105 Pa Viscosidade Poise 1 P ; 1 g/(cm.s) 10 1 Pa.s Fonte: NETO, 2015, p. 21. (Adaptado). •• Sistema MKS No sistema MKS, as unidades base são metro, quilograma e segundo. Na Tabela 2, há a conversão das unidades MKS para as unidades em CGS e SI. Por exemplo, 1 m no sistema MKS equivale a 102 cm no sist ema CGS e a 1 m no sistema SI. MECÂNICA DOS FLUIDOS • TABELA 2. UNIDADES MKS E CONVERSÃO PARA O SISTEMA CGS E SI ~ Grandeza Unidade Definição CGS SI Comprimento Metro m 102 cm 1 m Massa Quilograma kg 1 º' g 1 kg Tempo Segundo s Força Newton N; 1 kg.mls' 10' dyn 1 N Energia Joule J; 1 kg.m2/s2 107 erg 1 J Potência W; 1 kg.m2/s3 107 erg/s 1W Pressão Pascal Pa; 1 kg.m 1.s 2 10' bar 1 Pa Fonte: NETO, 2015, p. 21. (Adaptado). •• Sistema SI Unidades de base do SI Na atualidade, o SI possui sete unidades de referência para todas as unida des do Sistema Internacional. As acepções de cada grandeza, aprovadas pela CGPM, estão descritas na Tabela 3. Grande za Comprimento Massa Tempo Corrente elétrica TABELA 3. SETE UNIDADES-BASE DO SI ~ Unidade, símbolo: definição da unidade Metro, m: comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299792458 de segundo. Quilograma, kg: unidade de massa igual à massa do protótipo internacional do quilograma, feito de irídio e platina, guardado na sede do BIPM. Segundo, s: duração de 9.192.631. 770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfínos do estado fundamental do átomo de césio 133. Ampere, A: intensidade de uma corrente elétrica constante que, se mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de seção circular desprezível, e situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força igual à 2 x 10-7 newton por metro de comprimento. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Temperatura termodinâmica Qua nt1dade de substância Intensidade luminosa Fonte: lnmetro, [s.d.]. Kelvin, K: unidade de temperatura termodinâmica que é a fração 1/273, 16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água. Mol, mol: quantidade de substância de um sistema que contém tantas enti• dades elementares quantos átomos existem em 0,012 quilograma de carbo no 12. Quando utilizado, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos. moléculas. íons, elétrons. assim como outras partícu las ou agrupamentos especificados de tais partículas. Candeia, cd: intensidade luminosa em uma dada direção, vinda de uma fonte que emite radiação monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e com uma intensidade radiante nessa direção de 1 /683 watt por esferor• radiano. A Tabela 4, extraída do resumo do Sistema Internacional de Unidades, publi cado pelo lnmetro, relaciona as grandezas de base aos símbolos e nomes das sete unidades de base. CURIOSIDADE Na indicação para as grandezas, os símbolos são em itálico, com letras simples dos alfabetos grego ou latino, e são recomendações. Para as unidades, os símbolos indicados são obrigatórios. TABELA 4. RESUMO DAS UNIDADES-BASE DO SI Grandeza de base Nome Comprimento Massa Tempo, duração Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de substância 1 ntensidade luminosa Fonte: lnmetro, [s.d.]. Símbolo /, x, r etc. ~ Unidade de base do SI Nome Símbolo Metro Quilograma Segundo Ampere Kelvin Candeia MECÂNICA DOS FLUIDOS • Unidades derivadas do SI As unidades derivadas do SI são constituídas pelo produto das unidades básicas. O número de grandezas a serem gera das é ilimitado, não sendo possível criar uma lista com pleta de grandezas e unidades. Algumas grandezas derivadas, extraídas do livro Sistema Internacional de Unidades, são exibidas na Tabela 5. TABELA 5. EXEMPLOS DE UNIDADES SI DERIVADAS Grandeza derivada Nome Área Volume velocidade Aceleração Número de ondas Densidade, massa específica Densidade superficial Volume específico Densidade d e corrente Campo magnético Concentração de quantidade de substância Concentração mássíca Luminância Índice de refração Permea b1lidad e r elativa Fonte: lnmetro, [s.d.]. Símbolo ~ Unidade derivada coerente do SI Nome Metro quadrado Metro cúbico Metro por segundo Metro por segundo quadrado Metro elevado à potência m enos um Quilograma por metro cúbico Quilograma por metro quadrado Metro cúbico por quilograma Ampere por metro quadrado Ampere por metro Mol por metro cúbico Quilograma por m etro cúbico Candeia por metro quadrado Símbolo m/s2 kg/m3 kg/ m2 m3/ kg A/m2 mol/ m3 kg/m3 cd/m2 MECÂNICA DOS FLUIDOS • O Estática dos fluidos •• A hidrostática, ou estática dos fluidos, trata dos fluidos em repouso ou em equilíbrio. Seus princípios envolvem a análise dos fluidos em repouso e das forças exercidas sobre corpos submersos, e se destacam figuras como Arqui medes, propulsor da descoberta e criação da Lei do Empuxo. Nesta lei, também designada como princípio de Arquimedes, há uma força exercida em corpos submersos, mesmo que parcialmente. Sendo assim, se um corpo é mergulhado em um fluido, este se desloca devido à força vertica l para cima exercida pelo fluido, conhecida como empuxo. Assim como Arquimedes, Simon Stevin (1548-1620) demonstrou que a pressão entre dois pontos de um fluido em repouso depende do seu peso es pecífico e da diferença de cotas dos dois pontos. Biai se Pascal (1623-1662), por seu turno, comprovou que uma pressão em um ponto no fluido é transmitida a todos os pontos do fluido. A pressão é uma força sobre uma superfície de área, mas é importante ressaltar que ela não é igual à força, pois a mesma força pode ser sobreposta em recipientes com áreas e pressões distintas. Em relação aos fluidos, existem os compressíveis e incompressíveis e, para classificá-los, é necessário avaliar as suas características. Através das leis, como o teorema de Stevin, a lei de Pascal e as noções relativas a fluido, pressão, peso específico e medidores de pressão, chega-se à equação manométrica, utilizada para determinar a pressão de um reservatório ou a diferença de pressão destes . •• Teorema de Stevin O teorema de Stevin é um princípio físico, criado pelo matemático, físico e engenheiro Simon Stevin (1548-1620), que relaciona a variação das pressões atmosféricas e a dos líquidos. De acordo com ele, e segundo o exposto no livro Mecânica dos fluidos, escrito por Franco Brunetti e publicado em 2008, a dife rença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cotas dos dois pontos. Ao considerar todas as forças atuantes em um prisma ideal no interior de um líquido em repouso, é preciso ter a vertical como no Diagrama 1, retirado do livro Manual de hidráulica, escrito por Azevedo Neto em 2015. MECÂNICA DOS FLUIDOS • DIAGRAMA 1. ESFORÇOS EM UM PRISMA IMERSO EM LÍQUIDO l Fonte: NETO, 2015, p. 39. (Adaptado). Portanto: ~ y Lf = o y (p1 A)+(y -h A}-(p2 -A)=O Em que y é o peso específico do líquido. Sendo assim, simplificando a equação:P2 - P1 = Y h Logo, conclui-se que a diferença de pressões entre dois pontos da massa de um líquido em equilíbrio é igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso específico do líquido em questão. •• Lei de Pascal A lei ou princípio de Pascal foi produzida pelo físico e matemático francês Blaise Pasca l (1623- 1662). A lei está presente em dispositivos que transmi tem e ampliam uma força através da pressão em um fluido; alguns exemplos são prensas hidráulicas, freios hidráulicos, sistemas de amortecedores e ele vadores hidráulicos. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Segundo afirmação do próprio, também retirada do livro de Brunetti, a pressão em um ponto de um fluido em repouso é transmitida a todos os pon tos do fluido. O Diagrama 2, extraído do mesmo livro, ilustra o mesmo rec ipien te cilíndrico, (a) e (b), em que foram escolhidos alguns pontos. DIAGRAMA 2. REPRESENTAÇÃO DA LEI DE PASCAL ~ 100 N s=- • 2 A= 5 cm2 •2 e 3 e4 e4 (a) (b) Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 21. (Adaptado). No recipiente cilíndrico (a), o fluido apresenta uma superfície livre à atmos- fera, imaginando que as pressões nos pontos indicados sejam: • p1 = 1 N/cm 2; • p2 = 2 N/cm2; • p 3 = 3 N/cm2; • p4 = 4 N/cm2 . Ao aplicar uma força de 100 N, por meio do êmbolo no recipiente cilíndrico (b): P = L = 100 = 20 N/cm2 A 5 Dessa maneira, as pressões nos pontos indicados no recipiente cilíndrico (b) devem ter: • p1 = 21 N/cm 2; • p2 = 22 N/cm2; • p 3 = 23 N/cm2; • p 4 = 24 N/cm2• O resultado torna evidente a aplicabilidade da lei de Pascal. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Variação da pressão com a posição em fluidos compressíveis e incompressíveis •• A característica de um fiuido compressível se dá na alteração do volume ao modificar a pressão, enquanto no fiuido incompressível o volume não muda. Na prática, os líquidos têm um comportamento muito próximo a esse e são tidos como fiuidos incompressíveis. Mesmo em condições nas quais eles não estão sujeitos a variações de pressões extremas, os gases são incompressíveis. Na equação de estado dos gases, quando houver um fiuido não incompres sível em conjunto a efeitos térmicos, há a necessidade de estabelecer modifi cações de massa específica em função da pressão e da temperatura. Para os gases em geral, se seguem as leis denominadas equações de estado: f(p, p, T) = o Para fins de desenvolvimento, o gás envolvido é presumido como "gás per feito" sempre que possível, considerando a equação de estado: Em que: p = massa específica; p = pressão absoluta; ..E....=RTou p =..E... p RT R = constante cujo valor depende do gás; T = temperatura absoluta (escala absoluta é a escala Kelvin e K = ºC + 273). Para o ar, R ~ 287 m 2/s2 K. Na mudança do estado de um processo, a equação básica é: P, P, _ T, P,P,-r; No isotérmico, a temperatura não muda: ..Ei... .E....= ce P, P2 Já no isobárico, é a vez da pressão: Pl1 = P2T2 = C" No processo isocórico ou isométrico, não há variação de volume: ..Ei... .E.... = 0 ' T1 T2 MECÂNICA DOS FLUIDOS • Por fim, no processo adiabático, não há troca de calor: Sendo k uma constante adiabática cujo valor depende do gás. Em relação ao ar, k = 1,4. •• Carga de pressão Conforme teorema de Stevin, pressão e altura mantêm uma relação cons tante para um mesmo fluido. Na carga de pressão, a altura h é multiplicada pelo peso específico do fluido: p = h y Escalas de pressão e unidades de pressão Nas escalas de pressão: •• Pabs = a pressão absoluta é medida em relação ao vácuo ou zero absoluto; P, 1 = a pressão efetiva é medida com a adoção da pressão atmosférica como referência; P 01 m = a pressão atmosférica, também chamada de pressão barométrica, se altera com a altitude. Nas leis de estado de gases, é obrigatório o uso da escala absoluta, en quanto naqueles respectivos aos líquidos é mais usual a escala efetiva, pois a pressão atmosférica aparece nos dois membros da equação, podendo ser cancelada. As unidades de pressão são divididas em três grupos: a) Unidades de pressão baseadas em F/A: as mais utilizadas são: kgf/m2; kgf/cm2; N/m 2 = Pa (pasca l); daN/cm 2 = bar (decanewton por centímetro qua drado); lb/pol2 = psi (libras por polegada ao quadrado). A relação entre as un i dades é de 1 kgf/cm 2 = 104 kgf/m2 = 9,8 . 104 Pa = 0,98 bar= 14,2 psi; b) Unidades de carga de pressão utilizadas para indicar a pressão: mmHg (milímetros de coluna de mercúrio); mca (metros de coluna de água); cmca (centímetros de coluna de água); e) Unidades definidas: unidade atmosférica (atm) fixada pela pressão que eleva uma coluna de mercúrio a 760 mm. Sendo assim: 1 atm = 760 mmHg = MECÂNICA DOS FLUIDOS • 101.230 Pa = 101,23 kPa = 10.330 kgf/m 2 = 1,033 kgf/cm 2 = 1,01 bar= 14,7 psi = 10,33 mca. •• Medidores de pressão Os tipos de medidores de pressão são: Barômetro: a pressão atmosférica é medida pelo barômetro, que utiliza mer cúrio, dado que seu peso específico é elevado para desenvolver um pequeno h; Q DICA 1 Como a pressão atmosférica padrão é muito utilizada, é importante saber que: Patm = 760 mmHg = 10.330 kgf/m2 = 101,3 kPa. Manômetro metálico ou de Bourdon: a pressão é medida através da de formação do tubo metálico; Piezômetro: tubo de vidro que, conectado ao reservatório, mede a carga de pressão. No manômetro com tubo em U, as questões das pressões efetivas negati vas são corrigidas. Caso haja pressões efetivas negativas, o fluido ao lado di reito no Diagrama 3 fica abaixo do nível A-A. No manômetro, é possível obter a medida de pressão de gases, pois a presença do fluido manométrico impede que estes escapem. DIAGRAMA 3. MAN ÔMETRO COM TUBO EM U A- (a) Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 27. (Adaptado). ~ Fluido manométrico - A h, (b) MECÂNICA DOS FLUIDOS • •-----·· Equação manométrica Para determinar a pressão de um reservatório ou a diferença de pressão entre dois reservatórios é utilizada a equação manométrica, por meio de um manômetro. Pelo teorema de Stevin, cal cula-se a pressão no fundo dos dois ra mos e, segundo Pascal, a pressão é trans mitida a todos os pontos dos fluidos. DIAGRAMA 4. MANÔMETRO ~ Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 28. (Adaptado). No Diagrama 4, o fluido está em equilíbrio e a pressão no mesmo nível é a mesma, sendo Pte a pressão no fundo do ramo esquerdo e Pfd a do fundo do ramo direito: Pressão no fundo do ramo esquerdo: pfe = PA + YA (h1 - h) + yMh2 Pressão no fundo do ramo direito: Pfd = Ps + Ya (h4 - hJ) + yMh2 Uma vez que o fluido está em equilíbrio, a pressão no mesmo nível é a mesma: pfe = pfd Logo: PA + YA (h1 - h) + yMh2 = Ps + Ya (h4 - h) + yMh2 O Diagrama 5 traz uma regra prática e de fácil aproveitamento. MECÂNICA DOS FLUIDOS • DIAGRAMA 5. EXEMPLO PRÁTICO DE CÁLCULO DA EQUAÇÃO MANOMÉTRICA ~ Y1 + h, Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 28. (Adaptado). Para elaborar a equação, iniciando pelo lado esquerdo, a pressão PA é soma da à pressão das colunas que "descem" e subtraída das colunas que "sobem". Portanto, a equação manométrica é: PA + Y1h1 + Y}2 -y3h3 + y4h4 -y5h5 -y6h6 = PB O Definição de fluidos •• Como dito antes, o fluido é uma substância sem forma própria, capaz de se moldar a um recipiente. Na comparação de fluido com o sólido, percebe-se que estes últimos são mais flexíveis, como visto no Diagrama 6, extraído do livro de Brunetti. MECÂNICA DOS FLUIDOS • DIAGRAMA 6. COMPARAÇÃO DE FLUIDO COM SÓLIDO ~ Superfície livre • Sólido Líquido Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 1. (Adaptado). Fluidos • •••••••••• ············• ... • ... ·.•····· ............................ ............................ ............................ ............................ ......... ,,,. ....... ,.tl'e••·· ............................ •·•·•·•·•·•·•· ........... ... .......... •.•,ta ............ . Gás Assim como no Diagrama 6, os fluidos se dividem entre oslíquidos e os gases . Propriedade dos fluidos Na propriedade dos fluidos, têm-se: Massa específica (p)- massa do fluido por unidade de volume: Em que: m = massa; V = volume. E as unidades são: Sistema SI: p = kg/m3; Sistema MKS: p = utm/m3; Sistema CGS: p = g/cm3• p = r Peso específico (y) - peso de fluido por unidade de volume: Em que: G = peso; V= volume. E as unidades são: y= ~ •• MECÂNICA DOS FLUIDOS • Sistema 51: y = N/m3 ; Sistema MKS: y = kgf/m3; Sistema CGS: y = dina/cm3• Peso específico relativo para líquidos (y,) - relação entre o peso específi co do líquido e da água: YH2a = 1.000 kgf/m3 ~ 10.000 Nlm3 Sendo assim: Reologia dos fluidos •• A reelogia dos fluidos pesquisa o comportamento deformacional e do fluxo de matéria submetido a tensões em certas condições termodinâmicas em um intervalo de tempo. Suas propriedades se resumem a elasticidade, plasticidade e viscosidade. A relação entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento é classifi cada em fluidos não newton ia nos, cuja relação entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento não é constante, e fluidos newton ia nos, cuja viscosida de é constante. Para fins de estudo, são ponderados apenas os últimos . •• Lei de Newton: viscosidade absoluta ou dinâmica A lei de Newton da viscosidade determina uma proporcionalidade entre a ten são de cisalhamento e o gradiente da velocidade. Os fluidos que obedecem a essa lei são mencionados como ditos newtonianos, a exemplo do ar, dos óleos e da água: d r = µ.:;J- Y 1 EXPLICANDO Viscosidade é a propriedade que indica uma maior ou a menor dificuldade de escoamento do fluido. Nos gases, a viscosidade aumenta com o aumento da temperatura, enquan to nos líquidos ela diminui com o aumento da temperatura, fazendo com que os dois tenham comportamentos diferentes. As unidades neste contexto são: MECÂNICA DOS FLUIDOS • Sistema 51: µ = N.s/m2; Sistema MKS: µ = kgf.s/m 2; Sistema CGS: µ = poise. Viscosidade cinemática (u) - a relação entre a viscosidade dinâmica e a massa específica: Ela é vista através das unidades: Sistema 51: u = m 2/s; Sistema MKS: u = m 2/s; Sistema CGS: u = stoke (St). u=..1:!.... p O Cinemática e dinâmica dos fluidos •• Na mecânica dos fluidos, é examinada a vazão e o movimento de uma mas sa fluida em uma superfície com a ação da gravidade e/ou pressões externas. O movimento dos fluidos, ou escoamento, é o processo de movimentação das moléculas, cuja classificação está relacionada à velocidade e ao comportamen to das moléculas de fluido, que assumem um padrão de movimento. Os padrões de movimentos, ou regimes, são classificados em permanente e variado.A configuração de todas as propriedades do fluido se modifica de acordo com o tipo de regime. Osborne Reynolds (1842-1 912), através de um experimen to, estabeleceu os tipos de escoamentos existentes como laminar e turbulento. Na experiência, Reynolds verificou que o fato de o escoamento ser laminar ou turbulento depende do valor do número admissional, hoje conhecido como o núme ro de Reynolds. Desse modo, para interpretar a dinâmica dos fluidos, faz-se neces sário entender os movimentos, o escoamento dos fluidos e o número de Reynolds . • Regime ou movimento variado e permanente O regime permanente é aquele em que as propriedades do fluido são inva riáveis em todos os pontos no decorrer do tempo. Apesar de um fluido estar em movimento, o aspecto das propriedades permanece a mesma. Uma apli cação prática do regime permanente é expressa pelo Diagrama 7, posto que a quantidade de água que entra é igual à quantidade de água que sai. MECÂNICA DOS FLUIDOS • DIAGRAMA 7. EXEMPLO DE REGIME PERMANENTE ~ 6 ) íJ 11111 NC y NC = nfvel constante (2) 1 Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 67. (Adaptado). A configuração de todas as propriedades do fluido, como massa específica, pressão e velocidade, é a mesma em todos os pontos a qualquer momento. No caso do Diagrama 7, sem fornecimento de água para (1), em algum momento o regime passa a ser variado, aquele em que as condições do fluido em alguns pontos se transformam com o passar do tempo. Um reservatório de grandes dimensões em que, com o passar do tempo, o nível se mantém aproximadamente constante é tido como um regime apro ximadamente permanente. O Diagrama 8 mostra um reservatório sob regime permanente (a) e outro sob regime variado (b). DIAGRAMA 8. REGIME PERMANENTE E VARIADO NC V ~ Reserva(ório de grandes dimensões (regime permanen(e) (a) Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 67. (Adaptado). T (, (, (b) Nivel variado (regime variado) No Diagrama 8, o reservatório (a), de grandes dimensões, possui um nível cons tante com o passar do tempo. O reservatório(b)tem uma seção transversal pequena em face da descarga do fluido, fazendo com que o nível varie com o passar do tempo. MECÂNICA DOS FLUIDOS • •• Escoamento laminar e turbulento Nascido em 23 de agosto de 1842 e graduado em Matemática pela Universi dade de Cambridge no ano de 1867, o respeitado acadêmico Osborn e Reynolds se dedicou e aprofundou ideias em diversas áreas da Engenharia. Não obstan te, em 1873, ele se concentrou na hidráulica e na hidrodinâmica. Dez anos depois, ele provou a existência de dois tipos de escoamentos: o laminar e o turbulento. O experimento se baseou na visualização do padrão de escoamento de água através de um tubo de vidro e com o uso de um líquido colorido, como disposto no Diagrama 9. (2) DIAGRAMA 9. EXPERIMENTO DE REYNOLDS (1) Água (2) Líquido colorido (3) Tubo de vidro (diâmetro D) (4) Filete de líquido colorido (5) Válvula para regulagem da velocidade (v) (3) (4) Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 68. (Adaptado). ASSISTA No vídeo Experimento de Reynolds, é possível ver melhor os processos de escoamento aqui relatados, sintetizan do bem como se dá o experimento de Reynolds, de uma maneira bastante prática. Como se nota pelo Diagrama 9, o teste consistiu em um reservatório cheio de água (1), um líquido colorido (2), um tubo de vidro na parte inferior do re servatório (3), em cujo eixo se formou um filete de líquido colorido (4), e, no fim deste, uma válvula (5) para alterar a velocidade. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Ao abri-la um pouco, era possível se atentar a um filete reto e contínuo no eixo do tubo, em pequenas velocidades de descargas. Ao abrir a válvula ain da mais, o filete trazia ondulações e desaparecia a uma pequena distância do ponto de injeção. Em que pese o nível, que continuava descendo em razão dos movimentos transversais do escoamento, o fluido colorido se diluiu na água do tubo. Com isso, notou-se a presença de dois tipos de escoamentos, separados por um escoamento de transição. O escoamento laminar, menos comum, é aquele em que as partículas se deslocam em camadas, ou lâminas, sem trocas de massa. No escoamento tur bulento, a velocidade possui componentes transversais ao movimento geral do conjunto do fluido; ou seja, as partículas apresentam um movimento aleatório macroscópico. Reynolds analisou, com base no que viu, que o fato de o movi mento ser turbulento ou laminar depende do valor no número adimensional: Re = pvD = vD µ u Essa expressão é denominada como número de Reynolds e mostra o tipo de escoamento. No caso dos tubos, Reynolds verificou que seriam observados os seguintes valores: Re < 2000 = escoamento laminar; 2000 < Re < 2400 = escoamento de transição; Re > 2400 = escoamento turbulento. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Sintetizando • Nessa unidade, foram vistas as definições da mecânica dos fluidos. Abor dando o surgimento dos sistemas de unidades, Gauss propôs um sistema de unidades absolutas, aprimorado depois por Maxwell e Thomson, para o sis tema CGS que, com o passar dos anos, se transformou no sistema MKS, base para a criação do Sistema Internacional de Unidades. O estudo sobreestática dos flui dos discorreu sobre a lei de Pascal e o teore ma de Stevin, além de pressões, fluidos compressíveis e incompressíveis, me didores de pressão e escalas de pressão, elementos sem os quais seria possível elaborar e calcular a equação manométrica. A definição de fluidos tratou das suas propriedades, como massa específica, peso específico e peso específico relativo. Na reelogia dos fluidos, foram exa minados o comportamento deformacional e do fluxo de matéria submetido a tensões, sem contar os chamados fluidos newtonianos, assim nomeados por obedecerem à lei de Newton. Na última parte, foi debatido o movimento dos fluidos, ou escoamento, v is to que o movimento está relacionado à velocidade e ao comportamento das moléculas do fluido, que assumem um padrão de movimento, dividido em regime permanente e variado. Ao final, o experimento de Reynolds ajudou a evidenciar como os tipos de escoamento dependem do valor do número ad missional, ou número de Reynolds. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Referências bibliográficas • BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. EXPERIMENTO de Reynolds! Postado por Engineering. (3min. 41s.). son. co lor. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OuHglnXBOXE>. Acesso em: 02 mar. 2020. INMETRO. Resumo do Sistema Internacional de Unidades - SI. Trad.JoséJoaquim Vinge, Aldo Cordeiro Dutra e Giorgio Moscati. [s.l.], [s.d.]. Disponível em: <http:// www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/Resumo_Sl.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2020. NETO, A. Manual de hidráulica. São Paulo: Blucher, 2015. MECÂNICA DOS FLUIDOS • UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade Entender os conceitos e definições básicas do balanço global de massa e energia; Conhecer e compreender a equação da continuidade; Analisar a equação de Bernoulli; Entender os conceitos sobre o balanço global de quantidade de movimento. Tópicos de estudo Balanço global de massa e energia e balanço de energia mecânica Vazão: velocidade média da seção Equação da continuidade para regime permanente Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido Equação de Bernoulli Equação da energia e presença de uma máquina Potência da máquina Teorema de Torricelli Balanço global de quantidade de movimento Equação da quantidade de movimento Forças atuantes em superfícies sólidas em movimento Diversas entradas e saídas em regime permanente MECÂNICA DOS FLUIDOS • Of---------------------·--· Balanço global de massa e energia e balanço de energia mecânica O balanço de massa baseia-se na conservação da massa para executar a aná lise de sistemas físicos. Em 1789, Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794), de nominado por alguns como o pai da Química moderna, formulou o princípio da conservação da matéria, também conhecido como lei de Lavoisier. Seus estudos levaram-no a concluir que, em um determinado sistema fechado no qual ocorre uma reação química, a massa permanece constante. Sendo assim, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos. O balanço de energia baseia-se na primeira lei da Termodinâmica, que esta belece que a energia não pode ser criada ou destruída, somente transformada. A descoberta da lei deu-se graças à colaboração de diversos cientistas ao longo dos anos. Em meados de 1840, por exemplo, o físico inglês Joule (1818-1889) empenhou-se em quantificar a energia mecânica necessária para equiparar -se a uma caloria, dando origem à unidade de energia denominada joule. Em 1848, o matemático, físico e engenheiro William Thomson buscou a equiva lência entre a escala termodinâmica com os gases ideais, denominada escala kelvin. Com base nesses e em outros estudos, em 1850 surgem a primeira e a segunda leis da Termodinâmica. Posto isso, é possível afirmar que na mecânica dos fluidos a apli cação de conservação de massa dá-se pela equação da continuidade. Nesta equação, a massa do fluido que flui por uma seção de um tubo de corrente deve ser idêntica àquela que sai por outra seção. Sendo as- sim, pode-se fazer um balanço das massas, ouva- zões em massa, entre as seções de entrada ou saída de determinado escoamento. Como a energia não pode ser criada nem destruída, somente transformada, obtém-se a equação que faz o balanço das energias. Esta equação, conhecida como equação da energia ou equação de Bernoulli, quando somada à equação da continuidade permite are solução de inúmeros problemas práticos, como a determinação de perdas em escoamento, a determinação da potência de máquinas hidráulicas, a determina ção de pressões nas seções do escoamento, entre outros. MECÂNICA DOS FLUIDOS • •• Vazão: velocidade média da seção Sendo assim, dado determinado volume de fluido que atravessa uma seção do escoamento por unidade de tempo, é possível encontrar o valor da vazão em volume: Q =.JL t Onde Q é vazão em volume (m 3/s; L/s; m3/h; L/min), V é o volume (m3 ; L) e t é o tempo (h; min). É importante mencionar que, além dessas unidades de medidas, podem ser consideradas quaisquer outras unidades de volume ou capacidade por unidade de tempo. Agora, observe a Figura 1, que ilustra um fluido em movimento. .,aA (e!) y p, ~ rl ) 1 t: o 1 0 y p, {:} ~ d ) 1( )1 Figura 1. Fluido em movimento em uma seção de área A Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 72. (Adaptado). Conforme mostra a Figura 1, o volume de um fluido que atravessa a seção de área A em um intervalo de tempo t é dado por V= sA. Assim, tem-se: Q=.JL = 2!1.. t t Considerando-se que ..2._ = v- t Onde sé o espaço (m), v é a velocidade (m/s) e t é o tempo (s). Logo, a vazão será: Q = vA MECÂNICA DOS FLUIDOS • Onde A é a área da seção (m 2 ), v é a velocidade (m/s) e Q é a vazão (m 3/s). É possível utilizar esta expressão somente se a velocidade for uniforme na seção. Como na prática o escoamento não é unidimensional, ou seja, as pro priedades do fluido não são constantes em cada seção, utiliza-se outra equa ção, ilustrada na Figura 2. --- --------- Figura 2. Definição da velocidade média na seção. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 73. (Adaptado). Ao adotar um dA qualquer em um ponto no qual a velocidade genérica é v, conforme demonstra a Figura 2, tem-se: Logo, a vazão será dada por: dQ = vdA Q= J vdA A Considera-se que a vazão será a mesma tanto com a utilização da velocida de genérica da seção quanto com a velocidade média: Q = J vdA = vmA A Sendo assim, a expressão para o cálculo da velocidade média da seção será: v =_J__J vdA m A A MECÂNICA DOS FLUIDOS • •• Equação da continuidade para regime permanente Agora, observe a Figura 3, que ilustra a vazão em massa na seção de entra da Qm1 e a vazão de massa na saída Qm 2 • No regime permanente, não há varia ção de propriedades com o tempo em nenhum ponto do fluido. Figura 3. Escoa menta de um fluida par um tuba de corrente. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 75. (Adaptada). Para um fluido qualquer em regime permanente, tem-se a equação dada por: Qml = Qm2 OU PP1 = PP2 OU P1Vt4-1 = P2V/12 Para um fluido incompressível, a massa específica na entrada da seção e na saída do volume deverá ser a mesma. Logo: Pqi = Pq2 ou Q1 = Q2 ou vt4-1 = v;,.2 Portanto, a vazão em volume de um determinado fluido incompressí vel permanece a mesma em qualquer seção do escoamento. Na equação da continuidade, para um fluido incompressível, con sidera -se as velocidades médias das seções. Ade- mais, é possível perceber através da equação que ao longo do escoamento as velocidades médias e as áreas são inversamente proporcionais, ou seja, com a diminuição da área da seção tem-se o aumento da velocidade média e vice-versa. MECÂNICA DOS FLUIDOS • •• Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido Os tipos de energias mecânicas associadas a um fluido são: energia poten cial, energia cinética, energia de pressão e energiamecânica total do fluido. A energia potencial (EP) é uma forma de energia que pode ser armazenada. Em um sistema, o estado de energia está diretamente ligado à sua posição no campo de gravidade em relação a um plano horizontal de referência. Agora, observe a Figura 4, que ilustra um sistema de peso G. G = mg PHR Figura 4. Sistema de peso G. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 86. (Adaptado). Conforme evidenciado pela Figura 4, o sistema de peso G é o centro de gravidade que está a uma distância z em relação a um plano horizontal de referência (PHR). Como o trabalho é igual à força multiplicada pelo desloca mento, tem-se: W=mgz Sendo a energia potencial medida pela realização do trabalho do sistema, considera-se que W = EP. Sendo assim: EP = mgz Energia cinética (Ej é a energia determinada pelo movimento do fluido. Sendo assim, para o cálculo da energia cinética, tem-se: E = - mv2 e 2 Já energia de pressão (EP) corresponde ao trabalho potencial das forças de pressão que atuam no escoamento do fluido. Agora, examine a Figura 5, que ilustra um tubo de corrente. MECÂNICA DOS FLUIDOS • F • pA Figura 5. Tubo de corrente. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 86. (Adaptado), Considera-se que a pressão seja uniforme na seção, logo a força aplicada pelo fluido externo no fluido do tubo de corrente será dada por F= pA. Confor me evidencia a Figura 5, o fluido irá se deslocar (ds) sob a ação da força F em um intervalo de tempo dt, produzindo trabalho. dW = Fds = pAds = pdV Por definição, dW= dEp,' logo, dEp, = pdV Sendo assim, tem-se: Ep, =JpdV V Por fim, na energia mecânica total do fluido (E) desconsidera-se as ener gias térmicas. Portanto, a energia total de um sistema será: E=E+E+E p e pr Ou seja: •• Equação de Bernoulli A equação de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido em movi mento no interior de um tubo. Essa equação decorre da aplicação da equação de Euler aos flui dos sujeitos à ação da gravidade em regime permanente. CURIOSIDADE Daniel Bernoulli (1700-1782) foi um matemático suíço e é lembrado princi palmente por suas aplicações da Matemática à Mecânica, especialmente no que diz respeito à Mecânica dos Fluidos. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Posto isso, observe atentamente a Figura 6, que ilustra parte de um tubo de corrente no qual escoa um líquido de peso específico y: A, A' 1 --+ --+ --+ --+ • --+ --+ z, Plano de referência z, A' ' Figura 6. Líquida com pesa específica y escoando em tuba de corrente. Fonte: NETO, 2015, p. 64. (Adaptada). É possível perceber na Figura 6 que nas seções A1 e A2 atuam as pressões p 1 e p 2 com as respectivas velocidades de v 1 e v 2 • Em um pequeno intervalo de tempo, as partículas em A1 passam a A'1, assim como as partículas em A2 , que se movem para A'2 • Aqui, considera-se a variação de energia cinética: E = _ 1_ . m . v2 - _ 1_ . m . v2 = mv' c2 22 2 11 2 O líquido é incompressível, logo: A1 · ds1 = A2 · ds2 = V Onde Vé o volume do líquido e a soma dos trabalhos das forças externas de gravidade e empuxo. Logo, a equação será dada por: p1 ·A1 • ds1 - p2 ·A2 • ds2 +y · V · (Z1 - Z;) Igualando as equações, obtém-se: - 1- . m · v 2 - - 1- . m · v 2 = p · A · ds - p · A · ds · y · V· (Z - Z l 2 2 2 2 11 11 12 2 2 1 2' + · ; · V·(v}vj=V·(p1 -p;)+y·V·(Z1 - Z;) MECÂNICA DOS FLUIDOS • Simplificando a equação: Logo: v2 2 - 2- -!..!...=A-A+z-z 2g 2g y y 1 2 2 2 v1 P1 v2 P2 - - - + Z = - +- +Z =constante 2g y 1 2g y 2 Esta é a equação de Bernoulli, uma vez que permite relacionar cotas, ve locidades e pressões entre duas seções do escoamento do fluido. Isto ocorre porque o teorema de Bernoulli expressa o princípio da conservação da energia. Em relação ao significado dos termos da equação de Bernoulli, tem-se: _ mgz _ E z - mg ---t"- = energia potencial por unidade de peso ou energia potencial de uma partícula de peso unitário. v2 _ mv2 _ mi? _ Ec 2g - 2mg - 2G - G = energia cinética por unidade de peso ou energia cinética de uma partícula de peso unitário. p _ pV _ pV _ Ep, y - yV - G- G = energia de pressão por unidade de peso ou ener- gia de pressão da partícula de peso unitário. Nota-se então que a equação expressa que, ao penetrar uma partícula de peso unitário associada às energias de entrada, uma partícula de peso unitário associada às energias de saída deverá sair, mantendo, assim, a energia constante no volume entre a entrada e saída. h - p Ademais, é possível perceber que a carga de pressão foi definida como - Y · Sendo assim, a energia de pressão por unidade de peso é a própria carga de pressão. Logo, zé a carga potencial e v2 / 2g é a carga da velocidade ou carga cinética. Substituindo-se a palavra "carga" pela expressão "energia por unidade de peso" obtém-se: H=_t_=L+z 2g y em que H é a energia total por unidade de peso em uma seção. Sendo assim, a equação de Bernoulli pode ser escrita simboli camente por: MECÂNICA DOS FLUIDOS • Neste caso, as cargas totais se manterão constantes em qualquer seção, não havendo ganhos ou perdas de carga. Assim sendo, considera-se que entre duas seções do escoamento o fluido é incompressível, sem atritos ou trocas de calor e que o regime é permanente. •• Equação da energia e presença de uma máquina Na equação da energia será acrescentada uma máquina atuando entre as seções (1) e (2) do tubo de corrente, conforme evidenciado pela Figura 7. (2)1 Figura 7. Máquina entre as seções do tubo de corrente. Fonte: BRUN ETTI, 2008, p. 91. (Adaptado). A máquina considerada é qualquer dispositivo introduzido no escoamento que forneça energia ou retire energia deste na forma de trabalho. Por enquan to, sua maneira de funcionamento não será levada em consideração. A máquina que fornece energia ao fluido será chamada de bomba e a má quina que retira energia do fluido será denominada turbina. O fluido é consi derado incompressível e que, caso entre as seções do tubo de corrente não houver a presença de uma máquina, a equação seria dada por: H1 =H2 Se a máquina for uma bomba, o fluido receberá um acréscimo de energia, assim sendo: Com isso, soma-se: H7+HB=H2 Logo, considera-se H 8 como carga ou altura manométrica da bomba, represen tando a energia fornecida à unidade de peso do fluido que atravessa a bomba. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Por definição, quando a máquina é uma turbina, retira-se a energia do fluido, onde: H1 >H2 Logo, para que ocorra o restabelecimento da igualdade, tem-se: H1 - Hr = H2 Sendo assim, a carga ou altura manométrica da turbina é dada por H, Já para estabelecer a equação geral, a carga manométrica da máquina será indicada por HM: H1+HM=H2 Considerando-se que HM = H 8 se a máquina for uma bomba e que HM = -Hrse a máquina for uma turbina. Logo, a equação H1 + HM = H2 será dada por: v2 v2 _ 1_ + A+ z + H = _ 2_ + L + z 2g '/ 1 M 2g '/ 2 •• Potência da máquina Define-se potência como trabalho por unidade de tempo, sendo • o trabalho uma energia mecânica. Logo, potência consiste em qual- quer energia mecânica por unidade de tempo e é representada pelo símbolo N. Sendo assim: energia mecânica N = -----"------ tempo Ou: energia mecânica peso N = ----=----- peso tempo Define-se energia por unidade de peso como carga, e peso por unidade de tempo como a vazão em peso: N =carga• QG Ou: N = yQ · carga Sendo assim, para calcular a potência referente ao fluido, tem-se: N=yQH MECÂNICA DOS FLUIDOS • Onde y é o peso específico, Q é a vazão em volume e H é a energia por uni dade de peso ou carga. Com a presença de uma máquina, a equação será dada por: N = yQHM No caso de uma bomba: No caso de uma turbina: N =yQHT Agora, observe a Figura 8, que indica a potência de uma bomba N 8 com o motor ligado no eixo e a potência de uma turbina, que retira a energia da uni dade de peso do fluido. = yQH - Potênciarecebida pelo fluido • ao passar pela bomba --N, - Potência da bomba ~=:::h ou disponível no ---+ Perdas--~ eixo da bomba N = yQH ----+ Potência cedida pelo ' fluido à turbina N,---+ Potência da turbina ou disponível no eixo da turbina Gerador Figura 8. Potência de uma bomba e de uma turbina. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 93. (Adaptado). O rendimento de uma bomba (() 8 ) é dado pela equação: N rJa=T 8 Substituindo as equações, tem-se: N =-1:!.._ = yQHB B (J B (J B MECÂNICA DOS FLUIDOS • @ I EXPLICANDO O rendimento de uma bomba é definido como a relação entre a potência recebida pelo fluido e a fornecida pelo eixo. Já o rendimento de uma turbina (rh) é dado pela equação: N rJr=rf Logo, N r = NrJr = yQH flr 1 EXPLICANDO O rendimento de uma turbina é definido como a relação entre a potência da turbina e a potência cedida pelo fluido. •• Teorema de Torricelli Evangelista Torricelli (1608-1647) foi um matemático e físico ita l iano, que contribuiu para as áreas de Matemática, Física, Mecânica, Hidráulica, Astronomia e Arquitetura. Torricelli frequentou os cursos de Matemática e Filosofia na escola jesuíta, onde destacou-se com seus conhecimentos matemáticos. Com a finalidade de aprimorar os seus conhecimentos, foi a Roma para estudar na escola dirigida por Benedetto Castelli, um excelen te matemático e engenheiro hidráulico e grande amigo de Galileu Galilei. Castelli reconheceu Torricelli por sua genialidade na Matemática convidan do-o para ser o seu secretário. Em 1641, Torricelli fixou residência na casa de Ga lileu para ser o seu as sistente. Em 1642, Galileu faleceu e, em seu lugar, o Grande Duque Ferdi nando li da Toscana o nomeou matemático e filósofo. Torricelli permane ceu na Florença, morando no palácio Médici até a sua morte, com inúmeras contribuições para a ciência e muitas outras contribuições aos matemáticos durante seus estudos em mecân ica. Para a Mecânica dos Fluidos, o teorema de Torricelli estuda o fluxo de determinado líquido contido em um recipiente, ou seja, ao depositar certo líquido em um recipiente, o líquido sairá por um pequeno orifício localizado na parte inferior do recipiente devido à ação da gravidade. MECÂNICA DOS FLUIDOS • 1 CURIOSIDADE Evangelista Torrice Ili ficou conhecido com a descoberta do barômetro, também conhecido como tubo de Torrice Ili ou vácuo de Torrice Ili. O teorema de Torricelli diz que "a velocidade de um líquido em uma vasilha aberta, por um orifício, é a que teria um corpo qualquer, caindo livremente no vazio desde o nível do líquido até o centro de gravidade do orifício". O termo "orifício" significa perfurações de forma geométrica definida, locali zadas abaixo da superfície livre do líquido em paredes de tanques, reservatórios e canais. Na superfície do líquido, as aberturas se enquadram como vertedores. Os orifícios podem ser pequenos ou grandes e caracterizam-se por suas formas circulares, retangulares etc., geralmente em parede delgada e em parede espessa. Considera-se parede delgada quando o jato líquido apenas toca a perfuração em uma linha que constitui o perímetro do orifício, conforme ilustra a Figura 9. N.A. Corte BB A,, v,, P, [no orifício) Figura 9. Esquema de um orifício. Fonte: NETO, 2015, p. 73. Q B 11 1 b Vista AA O teorema de Torricelli permite calcular a velocidade de saída no líquido pelo orifício, conforme ilustra a Figura 9. A velocidade de saída do líquido pelo orifício pode ser calculada aplicando a equação de Bernoulli, a partir do N.A (nível da água) até o eixo do orifício de saída do líquido, dada por: v2 v 2 _ 1 +A+ z = _ 2_ + ...!:..L + z 2g y 1 2g y 2 MECÂNICA DOS FLUIDOS • Onde: v1 e v2 = velocidade do fluxo nos pontos analisados; g = aceleração da gravidade; p 1 e p 2 = pressão do fluido nos pontos analisados; Z1 e Z 2 = distância vertical entre os pontos analisados do fluxo; y = peso específico do fluido. Como o fluido está em repouso no reservatório, considera-se que v 1 é igual a O. Além disso, o reservatório é aberto e, sendo assim, considera-se a pressão atmosférica atuante nos dois pontos. Logo: p v2 ~ + z = _ 2_ + P atm + z y 1 2g y 2 v2 Z-Z= - 2 - 1 2 2g Logo, o teorema de Torricelli é representado matematicamente por: v 2 =...f2gH Quanto maior for a diferença de cotas entre a superfície do líquido no re servatório e o orifício, maior será a velocidade de saída do líquido no orifício . • Balanço global de quantidade de movimento Isaac Newton (1643-1727) foi um físico inglês, conhecido por formular as leis que regem a Mecânica clássica. Em 1687, Newton publicou em seu livro Philosophiae natura/is principia as três leis capazes de explicar a dinâmica que envolve o movimento dos corpos. As leis de Newton tratam de situações em que os corpos permanecem ou não em equilíbrio, sendo estas: princípio da inércia, princípio fundamental da dinâmica e princípio da ação e reação. Em Mecânica dos Fluidos, a equação da quantidade de movimento permi te analisar as forças que agem em estruturas sólidas, em movimento ou fixas, sendo estas últimas fluidos que se movem quando em contato com elas. Essa equação é a segunda lei de Newton, modificada para ser utilizada na Mecânica dos Fluidos, em que as forças determinadas são denominadas dinâmicas. Segundo essa lei, a aceleração de uma certa massa implica a existência de uma força resultante. Modificar a velocidade da massa significa acelerá-la, em módulo e/ou MECÂNICA DOS FLUIDOS • em direção, e para que isso ocorra será necessário aplicar uma força estimulada por algum agente externo, ou seja, uma superfície sólida em contato com escoamento. Pelo princípio da ação e reação, por exemplo, se a superfície aplica uma força no flui do, este aplicará sobre a superfície uma força contrária. A partir dessas análises, será possível a construção da equação da quantidade de movimento. Equação da quantidade de movimento Pela segunda lei de Newton da dinâmica, tem-se: ➔ ➔ d,..., F =ma =m _ v_ dt •• Como a velocidade pode variar, a equação deve ser mantida de forma vetorial. Ao considerar-se a massa constante, a equação será dada por: _, d ➔ F = - (mv) dt ➔ Por definição, mv é a quantidade de movimento do sistema. Inicialmente, a equação da quantidade e movimento será estabelecida para um tubo de corrente e regime permanente. Como o regime é permanente, as propriedades do fluido não variam em cada ponto com o tempo, embora pos sam variar de um ponto para o outro, conforme ilustra a Figu ra 10. Figura 10. Variaçâa da quantidade de movimenta. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 122. (Adaptada). MECÂNICA DOS FLUIDOS • Admite-se que as propriedades são uniformes na seção (1) e no intervalo de tempo dt. A velocidade 11 passa a ser dm1 na seção (1). Já na seção (2), no mesmo intervalo de tempo, há uma quantidade de movimento dm2 v'., na saída. Sendo assim, a variação da quantidade de movimento entre as seções será dada por: ----) ----) dm 2 v 2 - dm1 v1 Logo, pela equação da quantidade de movimento, a força resultante entre as seções será: ----) ----) ----> _ dm 2 v 2 dm 1 v 1 F--- --- Podendo ser descrita como: dt dt ----) ----) ----) F=Qm2v2-0m1 v1 Como o regime é permanente, obtém-se: Qm1 = Qm2 = Qm Logo, essa equação permite determinar a força resultante que age no fluido entre as seções (1) e (2): ➔ n, ➔ "'" ➔ -p,A,n, P,a1 \ k ➔ t á \ \\ ➔ G (2) ➔ n, Figura 11. Forças componentes da resultante. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 123. (Adaptado). Conforme ilustra a Figura 11, o fluido entre as seções (1) e (2) está sujeito a forças de contato normais, tangenciais e à força de campo causada pelo campo ----) de gravidade G. As forças relacionadas às pressões nessas seções são p.f.1 e pj.2, em módulo. Já as forças que agem no fluido nas seções são: MECÂNICA DOS FLUIDOS• -pt4in1 e -pj1Jr2, em que os sinais negativos se devem à convenção adotada para força de contato normais. Na resultante em cada ponto dA1a, no entorno de um ponto da superfície lateral, tem-se: ---> ---> ---> dF's = -P1a1 dA1a1 n1a1 + rdA1a1 Sendo assim, as tensões de cisalhamento e a força resultante das pressões na superfície lateral serão: ---> ---> ---> F's = f -P1a1 dA1a1 n1a, + Jr dA1a1 Portanto, através desta equação, as forças componentes da resultante ilustra da na Figura 11 podem ser reduzidas à força resultante, ilustrada na Figura 12. (1) ~ -p,A,n, ➔ F' s ➔ G ➔ (2) n, -----""\ ➔ -p,A,n, Figura 12. Força resultante que age no fluído entre as seções. Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 123. (Adaptado). Logo: Ou: ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ Qm(v2- v) = F', - Pr41n1 - P/12n2 + G Utiliza-se essa equação em casos nos quais o fluido está em contato com uma superfície sólida na superfície lateral entre (1) e (2). Na prática, é de inte resse determinar a força que o fluido aplica na superfície sólida com a qual está em contato entre as seções (1) e (2). Sendo que f' 5 representa a força resultante da superfície sólida no fl uido, então, pela terceira lei de Newton ou princípio da ação e reação, a força f' 5 será: ---> ---> F = -F' s s Substituindo os valores na equação, tem-se: ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ Fs = -f Pr41n1 + P/12n2 + Qm(v2 - v1Jl + G MECÂNICA DOS FLUIDOS • ----> Para fins deste estudo, não será levado em consideração o peso do fluido G; entretanto, na prática, em alguns casos ele deverá ser calculado. ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ Fs = -[pt41n1 + PJl2n2 + Qm(v2 - v1)] •• Forças atuantes em superfícies sólidas em movimento Para determinar a ação de fluidos em superfícies sólidas em movimento, con sidera-se apenas os movimentos retilíneos e uniformes das superfícies. A Figura 13 ilustra o desviador de jato em movimento com velocidade "i1s constante. A, ➔ ' u, (1) Figura 13. Desviador de jato. Fonte: BRUN ETTI, 2008, p. 127. (Adaptado). Sabe-se que: ----> ----> ----> Vabs = U + V, Onde i7 0 b, é a velocidade absoluta em relação ao sistema inercial; v,1 a velo cidade de arrastamento ou velocidade da origem do sistema de referência fixo na superfície sólida; e Ü é a velocidade relativa ou velocidade em relação ao sistema de referência móvel. A vazão do jato lançada pelo bocal será: Qm = PAF1 A superfície sólida, por conta do movimento, não é atingida por essa vazão. Portanto, considera-se uma vazão aparente, sendo: Q = pA 1 (v b - v) = pA 1 u 1 map a s1 Para o caso do movimento relativo, tem-se: ----> ----> ----> F, =Qm (u1 -u) ap MECÂNICA DOS FLUIDOS • Para o uso geral, tem-se: ➔ ➔ ➔ ➔ ➔ Fs = -[Pf.A + P:f.2n2 + Qm (u2-u1Jl ap •• Diversas entradas e saídas em regime permanente Agora, observe a Figura 14, que ilustra um sistema genérico com diversas entradas e saídas. P,, Figura 14. Sistema genérico com diversas entradas e sa,das. Fonte: BRUNETTI, 2008, 130. (Adaptada). A equação da quantidade de movimento para diversas entradas e saídas em regime permanente é dada por: ~ = - 2_Pr4,n; + 2_ Om-; _ 2_ Qm-; e e Considera-se que um barco tem um sistema de propulsão que consiste em uma bomba que aspira a água na proa e a recalca na popa, conforme ilustra a Figura 15. ---------➔ x Figura 15. Barco: sistema de propulsão. Fonte: BRUNETTI, 2008, 131. (Adaptada). MECÂNICA DOS FLUIDOS • Nesse sistema há duas entradas e uma saída, e os tubos possuem um diâ metro de 5 cm e a vazão de saída é de 50 L/s. A força de propulsão no instante da partida será dada por: F = - 'pAr! + "\ Q --; - "\ Q --; S L 111L m L m e e Considera-se que a pressão nas entradas e saídas seja praticamente atmos férica, logo: Projetando segundo x: F =Q v 1 cos60º-Q v 2 cos60º-Q v 3 Sx m1 m2 m3 Conforme a simetria do sistema, tem-se: Qm1 = Qm2 v1 = v2 Logo: F =2Q v =cos60º -Q v sx m, 1 m3 3 Pela equação da continuidade: V3 V= -- 1 2 Logo: Considera-se que cos 60º = _1_ : 2 3 F=- - Qv 'x 4 m3 3 Substituindo os valores, tem-se que: Q = rQ = 1.000 • 50 • 10·3 = 50 kg/s m 3 3 v = 403 = 4 · 50 · 10· 1 = 25,46 ml s 3 D2 n · O 052 3 ' Logo, a força de propulsão será dada por: F = ..1.._ 50 · 25 46 = -954 7 N SX 4 f I Como a força de propulsão deu negativa, indica que foi adotado o sent ido contrário ao eixo x. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Sintetizando • Nessa unidade, vimos os conceitos básicos que definem o balanço global de massa e energia, o balanço global de energia mecânica e, por fim, o balanço de quantidade de movimento. Abordamos o surgimento do princípio da conserva ção da matéria por Lavoisier e como o balanço de energia baseia-se na primeira lei da Termodinâmica. Estudamos a equação da continuidade, a responsável pelo balanço de mas sas. Além disso, abordamos o teorema de Torricelli e o teorema de Bernoulli, muito utilizados em Mecânica dos Fluidos. O estudo sobre o balanço global de quantidade de movimento abordou os conceitos básicos sobre a equação da quantidade de movimento, que é a se gunda lei de Newton aplicada à Mecânica dos Fluidos, as forças atuantes em superfícies sólidas em movimento e a equação da quantidade de movimento para diversas entradas e saídas em regime permanente. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Referências bibliográficas • BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. NETO, A. Manual de Hidráulica. São Paulo: Blucher, 2015. MECÂNICA DOS FLUIDOS • UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade Entender os conceitos e definições básicas do balanço diferencial de massa; Conhecer e compreender o balanço diferencial de quantidade de movimento; Entender os conceitos e as aplicações da equação de Navier-Stokes. Tópicos de estudo Balanço diferencial de massas e quantidade de movimento Sistemas de coordenadas Cinemática da partícula: coor- denadas cartesianas Coordenadas cilíndricas Linha de corrente Variação das grandezas Movimento de uma partícula fluida Dilatação volumétrica Equação da continuidade na forma diferencial Equação fundamental do movimento de uma partícula de fluido ideal Navier-Stokes Equação de Navier-Stokes Aplicações da equação de Navier-Stokes MECÂNICA DOS FLUIDOS • O .. Balanço diferencial de massas e quantidade de movimento Na fluidodinâmica estuda-se a interação existente entre um fluido e um corpo nele imerso, havendo entre os dois um movimento relativo. Para a ob servação do fenômeno, sempre se considera que o corpo estará em repouso e o fluido em movimento. Nota-se que ao passar pelo corpo, o fluido provo cará nele o aparecimento de uma força resultante que pode ser decomposta em duas componentes: resistência ao avanço, ou força de arrasto, (F.) e força de sustentação (F,). A ação de um fluido em cada ponto de uma superfície sólida pode ser de composta em uma ação tangencial, a tensão de cisalhamento, e em uma ação normal, a pressão. Para o fluido em repouso, a força resultante (empuxo) corresponde à diferença das pressões provocadas pelas diferenças de cotas, sendo a direção do empuxo vertical com sentido para cima, na qual a resul tante na horizontal se anula, já que a distribuição das pressões é simétrica. No caso do fluido ideal há ausência de tensões de cisalhamento. Logo, verifica-se que a distribuições das pressões não são uniformes sobre o corpo, ocasionando o surgimento de uma força resultante não nula. Considera-se que a diferença de pressão de um ponto a outro do corpo é ocasionada pela diferença de velocidades do fluido. No fluido ideal, pode-se aplicar a equação de Bernoulli entre os pontos de uma linha de corrente. A análise integral estabelece expressões algébricas que descrevem as pro priedades e o comportamento de um conjunto de partículas de fluido em um sistema, em um certo tempo, e que ocupa uma região de interesse denomi nadavolume de controle. Na forma diferencial, a equação da continu idade possibilita a deformação de uma partícula com a conservação ou continui dade de sua massa. A equação fundamental do movimento de uma partícula de fluido ideal, ou a chamada equação de Euler, estabelece o estudo do movi mento do fluido com viscosidade nula. •• Sistemas de coordenadas Utiliza-se o sistema de coordenadas no plano cartesiano para especificar pontos num determinado espaço com dimensões. MECÂNICA DOS FLUIDOS • © CURIOSIDADE O termo cartesiano refere-se ao matemático e filósofo francês René Des cartes. Os seus trabalhos contribuíram para os estudos nas áreas científi cas como geometria analítica, cartografia e cálculo. A abscissa é a coordenada horizontal de um referencial plano de coordena das cartesianas. Através de um gráfico, tem-se a abscissa (x) e as ordenadas (y). perpendiculares ao eixo x. Sendo assim, para o estudo do comportamento de partículas individuais do fluido, considera-se um sistema que deseja definir a massa específica num ponto P, conforme ilustra o Gráfico 1. GRÁFICO 1. SISTEMA: MASSA ESPECÍFICA EM UM PONTO P ~ m Llm âm ----~/ k) V 4m0 1 4V0 LIV Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 275. (Adaptado). Conforme visto no Gráfico 1, tem-se um volume t:N com uma massa b.m em volta do ponto P. A massa específica média será dada por: Devido à agitação molecular, a massa contida no volume ganha valores que variam de um instante para outro, ocorrendo uma descontinuidade na função. Considera-se que a partícula fluida é a de volume b.V0, já que para obter a massa específica no ponto passa-se ao limite para b.V tendendo a zero entorno do ponto P. Sendo assim, a partícula fluida não sofre descontinuidade, confor me a equação: MECÂNICA DOS FLUIDOS • Quando o fluido não for um gás rarefeito, considera-se essa equação: fim Llm fim Llm dm ~v-~v, LlV ~ ~v-~v, LlV = dV Sendo assim, permite-se o estudo por análise diferencial, já que os fluidos são confundidos com um contínuo. •• Cinemática da partícula: coordenadas cartesianas Em cinemática da partícula estuda-se a trajetória de uma determinada partícula, onde a sua posição é definida como um vetor de coordenadas. O Gráfico 2 ilustra um sistema de coordenadas tridimensional com deslocamento elementar e vetor de posição. I EXPLICANDO Trajetória é o lugar geométrico dos pontos ocupados por uma partícula com o passar do tempo. GRÁFICO 2. SISTEMA DE COORDENADAS TRIDIMENSIONAL COM DESLOCAMENTO ELEMENTAR E VETOR DE POSIÇÃO Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 276. -> e y ~ y P' dyê y MECÂNICA DOS FLUIDOS • Como ilustra o Gráfico 2, tem-se que: ( = p - 0 = X~+ yey + ze, = vetor pOSÍÇÕO dr= dP = d(P - 0) = dxex + dyer + dzê, = deslocamento elementar Para determinar a velocidade, considera-se: - dP v= dt Portanto: d(P - 0) dt dx dt dy dt = dz v, dt Para determinar a aceleração, tem-se que: Logo: 0 = dvx d2x x dt - dt2 a= ~ d2y y dt dt2 dv, d2z a = = - l dt dt2 Coordenadas cilíndricas •• Utiliza-se o sistema de coordenadas cilíndricas para simplificar os estudos sobre integração múltipla. O sistema é composto por um subsistema pola r na base de um cilindro circular. MECÂNICA DOS FLUIDOS • GRÁFICO 3. DESLOCAMENTO PARA COORDENADAS CILÍNDRICAS ~ Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 277. Como ilustra o Gráfico 3, tem-se que: r r P - O= (P - M) + (M - 0) = r(e,) + ze, r _, - P'- P = dP = d(re,) + d(ze,) dP = dre' + rde' + dze' r r z e~ = cose e; + sena e: de,= -sena d8 e:+ cose d8~ dé, = d8e~ r r r dP = dre,+ rd8e0 + dze, Para determinar a velocidade, considera-se: Portanto: dr V= r dt d8 V = r- e dt dz V= z dt MECÂNICA DOS FLUIDOS • Para determinar a aceleração, tem-se que: dv dt Sendo assim: dv, v2 e o= r dt r o= dv 0 v,ve e dt r dv d2z o= z z dt dt2 Linha de corrente •• Linha de corrente é a linha tangente aos vetores da velocidade nos pontos de aplicação, num certo instante, representada pela expressão: dP/\ v = O Essa expressão em coordenadas cartesianas é dada por: dP = dxê + dyê + dzê X y l v=vê+ve vê X X y y + Z Z Portanto: dy dz ➔- = - vy v, vxdz - v,dx = O dx dz ➔-=- v, v, dx dz ➔- = - v, vY MECÂNICA DOS FLUIDOS • •• Variação das grandezas As grandezas assumem diferentes valores no espaço ocupado por um fluido em cada ponto, localizado por um sistema de coordenadas, e poderão variar com o passar do tempo se o regime não for permanente. Com o objet ivo de obter uma expressão matemática onde, a partir de um ponto em que as grandezas sejam conhecidas, seja possível determiná-las nos outros pontos do campo, pode-se uti lizar o método de Lagrange, que descreve a forma integral para sistemas. © CURIOSIDADE Joseph Louis Lagrange (1736-1813) foi um matemático italiano que desen volveu o método de Lagrange. Esse método permite encontrar máximos e mínimos de uma função de uma ou mais variáveis. Dada uma partícula de fluido, com o método de Lagrange pode-se acom panhá-la ao longo de sua trajetória no espaço, com a verificação das grande zas em cada ponto. A variação das grandezas da partícula está relacionada ao fato de que ela evolui de um ponto ao outro do campo, ou por levar um certo tempo para chegar a um novo ponto-isso considerando que as propriedades em cada ponto podem variar se o regime não for permanente. O Gráfico 4 demonstra o método de Lagrange. GRÁFICO 4. MÉTODO DE LAGRANGE ~ z P (X, y, Z, t) Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 280. MECÂNICA DOS FLUIDOS • Observa-se que a partícula parte de sua posição, no instante considerado inicial, e percorre um caminho até o ponto P, em um intervalo de tempo em que as grandezas do campo poderão ter variado. Sendo assim, a variação da grandeza G de um ponto a outro da trajetória, será dada por: Considera-se P 1 e P 2 os pontos ocupados pela partícula nos instantes t 1 e t 2• Com a variação do tempo tendendo a zero, será obtida a variação da pro priedade de um ponto a outro, representada por: G (P 7 t;) - G(P1, t1) Llt dG dt O outro método de estudo utilizado é o método de Euler. Nesse método, ob serva-se os valores das grandezas nos pontos do campo. Esse método permite a determinação de dois tipos de variações. GRÁFICO 5. MÉTODO DE EULER ~ P, (x,, y1, 11) ! Instante t, Fonte: BRUN ETTI, 2008, p. 281. Conforme ilustra o Gráfico S, há variação da grandeza G de um ponto ao outro no mesmo instante. Sendo assim, devido a posição de duas partículas distintas no espaço, a variação da grandeza G será G (P2, t 1) - (P1, t 1), com: MECÂNICA DOS FLUIDOS • fim G (P,, t1} - G(Pv t1) aG .1c-o Llt at Com a fixação de um ponto do espaço, verifica-se a variação da grandeza com passar do tempo. Sendo assim, a variação da grandeza G será representa da por G (P1, t 2) - G (P1, t 1). Passando ao limite para llt tendendo a zero, tem-se: fim G (P1, t:) - G(P1' t1) aG .11- o Llt at •• Movimento de uma partícula fluida Será adotada, no plano cartesiano, uma partícula fluida com um formato geométrico. GRÁFICO 6. ANÁLISE DOS MOVIMENTOS DE UMA PARTÍCULA FLUIDA ~ y ;~ ÔV ;i' V+ __ x dy ÔV X ôy V+ __ Y dy .. y ôy , dy .. ÔV v + --1.. dx y ÔX V '~ .. dx .. y , V ÔV X V+ __ x dx X ÔX Fonte: BRUN ETTI. 2008. p. 284. avx ax = taxa de variação de vx na direção de x ~= ay taxa de variação de vY na direção de y .. , X MECÂNICA DOS FLUIDOS • av -----1- ax taxa de variação de vx na direção de y = taxa de variação de vY na direção de x As variações e efeitos das velocidades podem ser analisadas como transla ção (Gráfico 7), deformação linear (Gráfico 8) e deformação angu lar (Gráfico 9): GRÁFICO 7. TRANSLAÇÃO DE UMA PARTÍCULA FLUIDA ~ y V,dt ) - -1( i-1 1 1 X Vdt i y Fonte: BRUNETTI, 2008, p. 284. GRÁFICO 8. DEFORMAÇÃO LINEAR DE UMA PARTÍCULA FLUIDA
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