Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Revista FOCO Periódico dos Programas de Graduação e Pós-Graduação em Administração e Recursos Humanos. Faculdade Novo Milênio ISSN: 1981-223X DOI: 10.28950 . Avaliadores Ad Hoc Adriano David Monteiro de Barros Aimãn Ibrahin Mourad Alamir Costa Louro Alberto Abad Alessandra Demite Gonçalves de Freitas Alessandro de Mello Gomes Alexandre de Freitas Carneiro Aline Marques Marino Allan Gustavo Freire da Silva Ana Augusta Almeida Souza Andriele Pinto Amorim Caio César Rodrigues Coelho Cristiano das Neves Bodart Cristiano Weber Cleonice de Fátima Martins Cyjara Orsano Machado Daniel Matins Abelha Diego Matheus Oliveira de Menezes Douglas Vidal Edyane Maria Souza Gonçalves Elaine Cristine Luz Santos de Moura Elines Tatianes Pereira dos Santos Petine Elisangela Alves Sousa Elizeu Bandeira Lima Evangelina Viviana Martich Fabio Mascarenhas Dutra Fernanda Levandoski Fernanda Mendes Pires Fernando Faleiros Gercimar Martins Cabral Costa Ícaro Célio Santos de Carvalho Jaqueline Saldanha Mendes da Costa Jessica Lobo Sobreira Jhony Pereira Moraes Juliano Domingues da Silva Jussara Jéssica Pereira Karoline Marthos da Silva Laurindo Panucci Filho Lelis Maia Brito Loreane Silva Francisco Luiza Vieira Ferreira Maiara Oliveira Marinho Marta Regina Garcia Cafeo Naitê Andreão Passos Natália Baldessar Menezes Natália Contesini Santos Rafael D'andréa Rafael Dantas Dias Rafael Egídio Leal Rafaella Cristina Campos Raphaela Reis Conceição Silva Rariele Rodrigues Lima Renner Coelho Messias Alves Roberto Rodney Ferreira Junior Romilson Cesar Lima Ronaldo Bernadino Vieira Rosemary Barbosa da Silva Moura Tatiana Ferreira Doin A Revista FOCO é uma publicação interdisciplinar semestral que visa ampliar a discussão e disseminação em Administração e áreas correlatas, resultante de pesquisas acadêmicas e profissionais. Este projeto editorial de cunho técnico e científico é uma iniciativa da Faculdade Novo Milênio em parceria com grupos de pesquisa de pós- graduação em stricto sensu nacionais. Equipe Editorial da FOCO Cassiano Pessanha Madalena (Editor – Chefe) Cristiano das Neves Bodart (Editor – Chefe) Alessanda Demite Gonçalves de Freitas Alexandre de Freitas Carneiro Ana Cristina Scopel Eduardo Xavier Ferreira Glaser Migon Ivone Gonçalves Luiz Kamille Ramos Torres Marcelo Loureiro Reis Naitê Andreão Passos Rafael D’Andréa Rafael Dantas Dias Rafael Felício Jr. Roniel Sampaio Silva Comunicação e Divulgação Kamille Ramos Torres Diagramação e Editoração desta edição Kamille Ramos Torres Capa Gercimar Martins Cabral Costa Faculdade Novo Milênio Assessoria Técnica Altieres Oliveira de Silva Avaliadores Permanentes Adalberto Dias de Souza Adriana Carvalho Pinto Vieira Alexandre André Feil Antonio Henrique Maia Lima Ariane Fernandes da Conceição Eduardo Xavier Ferreira Glaser Migon Géssika Cecília Carvalho Gilvan de Lima Filho João Carlos Hipólito Bernardes do Nascimento João Dantas dos Anjos Neto Jose Elenilson Cruz Leonardo Mota e Araújo Maurício Correia da Silva Richard Medeiros de Araújo Ronaldo Pesente Wladimir Rodrigues Dias SUMÁRIO Editorial..................................................................................................................................................01-02 Apresentação..........................................................................................................................................03-06 PRIMEIROS ESTUDOS O Programa Educacional de Resistência às Drogas e a imagem institucional da Polícia Militar do Espírito Santo Karina de Jesus Bortoluzzi.....................................................................................................................07-25 ARTIGOS A percepção de consumidores de franquias virtuais em uma empresa de cosméticos brasileira Paula Narita Pereira Ebert, Lurdes Marlene Seide Froemming...........................................................26-45 Análise bibliométrica sobre intraempreendedorismo e seus direcionamentos Alan Ferreira da Silva, Lilian Cristina Bezarra Magalhães, Maria Liliane de Queiroz Chaves, Adriano David Monteiro de Barros......................................................................................................................46-66 Altas Habilidades/Superdotação: emigração de talento humano e impacto socioeconômico Alberto Abad, Thaís Marluce Marques Abad.........................................................................................67-89 O Psicólogo Organizacional e do Trabalho na Gestão de Pessoas: perspectiva ética como competência primordial Bruno Visc, Eveli Freire Vasconcelos, Eduardo Pellicioli..................................................................90-105 Mulheres na Política Legislativa: literatura, discurso e prática Adller Moreira Chaves.......................................................................................................................106-124 O significado do trabalho docente: uma análise da percepção dos professores de uma Ifes de Minas Gerais Isabela Murad, Barbara Ávila Domingos, Isabel Cristina da Silva, Flávia Luciana Naves Mafra..................................................................................................................................................125-145 A poli (mono)fonia do Teletrabalho Jane Kelly Dantas Barbosa, Carolina Machado Saraiva de Albuquerque Maranhão, Ana Flávia Rezende............................................................................................................................ ...................146-171 Qualidade de Vida no Trabalho: uma análise bibliométrica em periódicos brasileiro entre 2005 à 2015 Icaro Roberto Azevedo Picolli, Jacir Leonir Casagrande.................................................................172-190 Mitos e fatos de relatos gerenciais sob o olhar da Teoria Crítica Luiz da Costa Alves Filho...................................................................................................................191-214 A carreira da mulher: uma análise da produção científica brasileira Luana Sodré da Silva Santos..............................................................................................................215-233 ENTREVISTA Entre competências, experiências e aprendizagens: arte e criatividade na atuação de um pesquisador em Administração. Entrevista ao Dr. Roberto Lima Ruas Alessandra Demite Gonçalves de Freitas..........................................................................................234-239 V.10, nº3, p. 3 – 6, ago./dez. 2017. 3 APRESENTAÇÃO Apresentamos o v.10, n.3 da revista FOCO. Essa edição é divida em três seções. A seção PRIMEIROS ESTUDOS é destinada a graduando e graduados. Já a seção ARTIGOS, é destinada a mestrandos, mestres, doutorandos e doutores. A seção ENTREVISTA é destinada a uma entrevista feita por um membro do conselho editorial. Nessa edição o leitor encontrará 11 (onze) artigos e 01 (uma) entrevista. A seção PRIMEIROS ESTUDOS tem início com o artigo de autoria de Karina de Jesus Bortoluzzi que é pós- graduanda em Direito e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário pela Universidade Estácio de Sá. O artigo intitulado: “O Programa Educacional de Resistência às Drogas e a imagem institucional da Polícia Militar do Espírito Santo” teve como objetivo identificar como o Programa Educacional de Resistência à Drogas influencia a imagem institucional da Polícia Militar do Espírito Santo. A seção ARTIGOS é composta por nove artigos. O primeiro é de autoria de Paula Narita Pereira Ebert, mestre em Administração de Empresas pela Faculdade Meridional- IMED; e Lurdes Marlene Seide Froemming, doutora e professora do Programa de Pós- Graduação em Administração da Faculdade Meridional (IMED) No artigo intitulado “A percepção de consumidoresde franquias virtuais em uma empresa de cosméticos brasileira” os autores tiveram como objetivo descrever o desenvolvimento da franquia virtual como um novo canal de distribuição no varejo. É de autoria de Alan Ferreira da Silva, Lilian Cristina Bezerra Magalhães, Maria Liliane de Queiroz Chaves, todos graduandos em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do Semi- Árido (UFERSA) e Adriano David Monteiro de Barros, mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Federal da Paraíba e Professor na UFERSA, o segundo artigo dessa seção: “Análise bibliométrica sobre intraempreendedorismo e seus direcionamentos”. Nele os autores buscaram promover um levantamento bibliográfico “[...] a fim de expor a importância dessas pesquisas para os setores empresarial e educacional, assim como a ênfase no destaque da temática nos últimos anos, as áreas mais estudadas, os profissionais que mais publicaram sobre o tema entre outros aspectos relevantes”. De autoria de Alberto Abad, mestrando em Estudos de Fronteira pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e professor de Psicologia na Universidade CUT (México), e Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 3- 6, ago./dez. 2017. 4 Universidad del Desarrollo Profesional (México); e Thais Marluce Marques Abad, especialista em Novas Linguagens e Novas Abordagens para o Ensino da Língua Portuguesa pela Faculdade Atual (Macapá) e professora orientadora e de atendimento a alunos com Altas Habilidades/Superdotação no Centro de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades / Superdotação (CAAHS/AP), o terceiro artigo dessa seção, intitulado “Altas Habilidades/Superdotação: emigração de talento humano e impacto socioeconômico” se propôs a “[...] analisar o fenômeno de migração internacional de talento humano ou de AH/SD no Brasil considerando seu impacto socioeconômico e propor algumas estratégias para protegê-lo e fomentar seu retorno”. O artigo “O Psicólogo Organizacional e do Trabalho na Gestão de Pessoas: perspectiva ética como competência primordial” de autoria de Bruno Visc, graduado em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco; Eveli Freire Vasconcelos, psicóloga, doutora em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, professora e supervisora de estágio, coordenadora da Especialização Lato Sensu em Psicologia Organizacional e do Trabalho da mesma instituição; e Eduardo Pellicioli, psicólogo, mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC RS), professor e supervisor do curso de Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco é o quarto artigo dessa seção. O “[...] é uma revisão reflexiva da literatura especializada em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) e tem como objetivo permitir uma visão geral sobre a atuação na área, enfatizar a prática profissional em gestão e distinguir a ética como uma pauta imprescindível”. De autoria de Adler Moreira Chaves, mestre em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o artigo “Mulheres na política legislativa: literatura, discurso e prática” é o quinto dessa seção. No artigo, os autores discutem “[...] sobre o que a literatura tem dito sobre as mulheres na política institucional, comparando com práticas e discursos que circundam uma vereadora de uma cidade do interior da Bahia”. O sexto artigo dessa seção é “O significado do trabalho docente: uma análise da percepção dos professores de uma IFES de Minas Gerais” de autoria de Isabela Murad, mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA); Barbara Ávila Domingos, bacharel em Administração pela UFLA; Isabel Cristina da Silva, professora assistente da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas Arcos) e doutora em Administração pela UFLA; e Flávia Luciana Naves Mafra, professora da UFLA e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Nele, as autoras buscaram “[...] identificar e analisar os significados do trabalho atribuídos por Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 3- 6, ago./dez. 2017. 5 professores da área de Administração de uma IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) de Minas Gerais, sediada na região do Campo das Vertentes”. De autoria de Jane Kelly Danta Barbosa, mestranda em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Carolina Machado Saraiva de Albuquerque Maranhão, professora adjunta da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e doutora em Administração pela UFMG; e Ana Flávia Rezende, professora substituta de Administração na UFOP e mestre em Administração pela UFLA, o artigo “A poli (mono)fonia do teletrabalho”, é o sétimo dessa seção. Nesse artigo, as autoras analisaram “[...] os sentidos de teletrabalho encontrados nas revistas Você S.A. e Exame, exemplares da literatura popular de gestão ou literatura pop management; identificando as palavras e expressões encontradas com maior frequência nas publicações acerca da temática e analisando-as enquanto categorias de sentido”. Em seguida, o oitavo artigo dessa seção, de autoria de Ícaro Roberto Azevedo Picolli, mestre em Administração pela Universidade Sul de Santa Catarina (UNISUL); e Jacir Leonir Casagrande, este, doutor em Engenharia de Produção pela UFSC e professor do departamento de Pós-graduação em Administração (PPGA) na UNISUL. Nesse, artigo intitulado “Qualidade de vida no trabalho: uma análise bibliométrica em periódicos brasileiro entre 2005 à 2015” os autores investigaram e mapearam a produção científica sobre o tema Qualidade de Vida no Trabalho em periódicos científicos de cunho nacional das bases de dados Spell, Sciello, Scopus, Science Direct, Web of Siences e Ebesco, de 2005 à 2015. O nono artigo dessa edição é intitulado “Mitos e fatos de relatos gerenciais sob o olhar da Teoria Crítica” e é de autoria de Luiz Carlos da Costa Alves Filho, mestre em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No artigo, o autor teve por objetivo “[...] analisar os relatos dos gestores de micro e pequenas empresas de João Pessoa- PB sob a perspectiva da Teoria Crítica, discutindo aspectos destes relatos associados aos mitos e fatos defendidos por Mintzberg (1990)”. E por fim, o décimo artigo dessa edição. De autoria de Luana Sodré da Silva Santos, mestranda em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o artigo intitulado “A carreira da mulher: uma análise da produção científica brasileira” buscou “[...] identificar e analisar artigos em que o tema carreira fosse o objeto principal do estudo, publicados em periódicos associados à Scientific Periodicals Electronic Library (SPELL) e na SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), no campo da administração”. A última seção dessa edição é destinada a uma ENTREVISTA concedida pelo pós- doutor em Administração na École des Hautes Études Commerciales - Montreal, Canadá e no Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 3- 6, ago./dez. 2017. 6 Centre dEtudes et de Recherches Appliquées à la Gestion (CERAG/UPMF- FRANÇA) e professor do Programa de Pós Graduação em Administração - PPGA na Universidade Nove de Julho (Uninove), Roberto Lima Ruas. A entrevista foi conduzida por Alessandra Demite Gonçalves de Freitas, doutoranda em Administração pela Uninove. Esperamos que mais essa edição, colaborar para o desenvolvimento científico e acadêmico dos leitores e pesquisadores. Kamille Ramos Torres Membro do Conselho Editorial da Revista FOCO V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 7 ARTIGOS O PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E A IMAGEM INSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESPÍRITO SANTO Karina Bortoluzzi1 RESUMO Identifica, com fundamento na percepção dos responsáveis pelos discentes atendidos, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) influencia a imagem institucional da Polícia Militar do EspíritoSanto (PMES). O tema é relevante, pois intenciona observar o PROERD por um aspecto ainda pouco analisado, o da imagem institucional e sua potencialidade como ferramenta de marketing. Aborda os diferentes conceitos de imagem e marketing. Analisa, ainda, a relação da atuação preventiva e a missão constitucional elencada para as Polícias Militares. Apresenta o histórico do PROERD e sua adequação ao texto da Constituição. Demonstra, por meio de questionários e suas respectivas representações gráficas, a percepção do público acerca da relação do PROERD com a imagem institucional da PMES e traz, a seu tempo, por meio da pesquisa de campo, a boa avaliação do público quanto à efetividade do programa. Conclui que o PROERD possui características correspondentes ao modelo de marketing social e que está intimamente ligado à atividade-fim da PMES. Infere, segundo a percepção do público, a grande efetividade do Programa e sua correspondência aos valores institucionais da Corporação. Responde ao problema de pesquisa ao concluir que a aplicação traz melhorias significativas na imagem da instituição e, por isso, tem condições de tornar-se ferramenta de marketing social da Polícia Militar. PALAVRAS-CHAVE: Imagem Institucional. Marketing. PROERD. PMES. Atuação preventiva. 1 Bacharel em Ciências Policiais e Segurança Pública pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Pública da Polícia Militar do Espírito Santo (ISP-PMES). Email: kahbortoluzzi@gmail.com mailto:kahbortoluzzi@gmail.com Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 8 THE DRUG ABUSE RESISTANCE EDUCATION AND THE INSTITUTIONAL IMAGE OF THE MILITARY POLICE OF ESPÍRITO SANTO ABSTRACT It identifies, based on the perception of those responsible for the persons attended, such as the Drug Abuse Resistance Education (PROERD) influences the institutional image of the military police of Espírito Santo (PMES). The theme is relevant, because intends observe the proerd for a somewhat unanalysed aspect, the institutional image and its potentiality as a marketing tool. addresses the different concepts of image and marketing. Also analyses the relationship of preventative action and the constitutional mission Elencada for the military police. It presents the history of the Proerd and its suitability to the text of the Constitution. It demonstrates, through questionnaires and their respective graphical representations, the public perception of the relationship of Proerd with the institutional image of SMEs and brings, at its time, through field research, the public's good assessment of the program's effectiveness. It concludes that the proerd has characteristics corresponding to the social marketing model and is closely linked to the end-activity of PMES. It infers, according to the public perception, the great effectiveness of the program and its correspondence to the institutional values of the corporation. Responds to the problem of research by concluding that the application brings significant improvements in the image of the institution and, therefore, is able to become the social marketing tool of the military police. KEYWORDS: Institutional Image. Marketing. PROERD. PMES. Preventative performance. INTRODUÇÃO As Polícias, em especial as Militares Estaduais, buscam uma maneira de alinharem-se às expectativas sociais, a fim de possibilitar uma atuação conjunta. Contudo, para que essa aproximação seja possível, é importante trabalhar a imagem da corporação. O presente trabalho priorizará como elemento utilizado para favorecer a construção da imagem o marketing social, cuja característica é buscar a transformação de comportamento, além de poder ser utilizada por instituições públicas ou privadas. Ressalta-se que no marketing social não há a ideia de lucro, mas de agregação de valores e assim, formação de vínculo com determinado grupo social. O estudo também concentra esforços em verificar de que maneira um programa social aplicado pela PMES, neste caso, o Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), influencia o conceito de imagem institucional da Corporação. Delimitou-se para a realização da pesquisa o Centro Educacional Vicente Pelicioni (CEVIP) e a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Vienna Rossetti Guterres, por Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 9 poderem evidenciar pontos de vista de diferentes instituições, uma de ensino público e uma de ensino particular. Quanto ao questionamento que norteia a pesquisa é: Qual a influência da aplicação do PROERD na imagem institucional da PMES junto às famílias das crianças atendidas diretamente pelo PROERD? Como objetivo geral foi estabelecido a busca por: avaliar qual a influência da aplicação do PROERD em relação à imagem institucional da PMES, de acordo com a visão dos familiares das crianças diretamente atendidas pelo programa. Já a hipótese principal que: a aplicação do PROERD nos centros educacionais estudados demonstra ser um canal preventivo de atuação da Polícia Militar, capaz de apresentar aos alunos e familiares a face preventiva e educadora desta instituição, assim como causar-lhes dileção no que tange à imagem da PMES. Em relação a outros estudos na área de abordagem dessa pesquisa, foi possível observar que o referencial teórico apresenta profundidade e diversidade de obras relacionadas ao tema. Contudo, ainda que o tema tenha seus diversos pontos debatidos em outras pesquisas, falta ainda, e este é o problema de pesquisa do presente trabalho, estabelecer quais os resultados da aplicação do PROERD nas escolas capixabas sobre a imagem organizacional da PMES de acordo com a percepção das famílias diretamente envolvidas no programa. 1 CONCEITO DE IMAGEM, MARKETING INSTITUCIONAL E MARKETING SOCIAL A imagem institucional, muitas vezes denominada imagem organizacional ou corporativa, pode ser definida, segundo Vaz (2003, p.53), como “um conjunto de ideias que uma pessoa tem ou assimila a respeito de um objeto e que forma na sua consciência um entendimento particular sobre tal objeto, seja ele um fato, uma pessoa ou uma instituição”. Ainda segundo o literato, significa que, junto a outros fatores, o indivíduo avaliará também a imagem que possui determinado objeto ou serviço e a organização que o oferece e, como resultado, chegará à conclusão se aquilo que lhe está sendo oferecido merece ou não apreciação. Assim, segundo Froemming (2008, p.27) trata-se de um fator crítico para o sucesso. As organizações podem utilizar ferramentas como o marketing institucional, também denominado marketing organizacional, para construir uma imagem positiva. Kotler e Armstrong (1999, p.461) buscam uma análise prática e estabelecem que o marketing Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 10 organizacional consiste em atitudes desenvolvidas por uma organização, com o intuito de modificar comportamentos do público-alvo naquilo que concerne àquela entidade. Para que as pessoas reconheçam o valor e guardem uma boa imagem da organização como pretende o marketing institucional, é necessário, segundo Froemming (2008, p.30), que esteja claro o que essa entidade representa, pois pela força da mensagem é que se ganhará espaço e reconhecimento. Ainda conforme o autor, a única maneira para que isso ocorra numa sociedade globalizada e com grande oferta de informações, como a atual, é ocupar a mente do seu público com uma mensagem muito clara e forte. Segundo Froemming (2008, p.15) também é necessário seduzir o público e demonstrar que a organização merece um comportamento favorável por parte dele. Nesse contexto, as ações ligadas ao marketing social, uma das ramificações do marketing institucional, ganham espaço e oportunizam a interação entre empresa e sociedade.Froemming, (2008, p.41) destaca que, recentemente, quando o marketing ultrapassou a esfera econômica e passou a ser considerado um meio para trocas, não necessariamente monetárias, estudos na área de marketing social foram iniciados. De maneira sucinta: O termo marketing social apareceu pela primeira vez em 1971, para descrever o uso de princípios e técnicas de marketing para a promoção de uma causa, ideia ou comportamento social. Desde então, o termo passou a significar uma tecnologia de administração da mudança social, associada ao projeto, à implantação e ao controle de programas voltados para o aumento da disposição da aceitação de grupos de adotantes escolhidos como alvo. [...] A instituição patrocinadora persegue os objetivos de mudança na crença de que eles contribuirão para o interesse dos indivíduos ou da sociedade. (KOTLER; ROBERTO, 1992, p.25). O trecho exposto apresenta de forma clara as pretensões do marketing social, contudo, segundo Silva et al (2009, online), muitas vezes essa expressão é invocada erroneamente apenas para dissimular a intenção única de obtenção de lucro e vantagens comerciais. O marketing social encontra diversas definições, mas quando utilizado no presente estudo, o conceito adotado será o de Rodrigues et al: O processo de planejamento, organização, direção e controle de promoção de ideias, com o objetivo de causar mudanças comportamentais, saindo de um estado não desejado de comportamento para um estado ideal, podendo ser utilizado por organizações do primeiro, segundo e terceiro setor, desde que visem à transformação de comportamento da sociedade como fim, e não o lucro (RODRIGUES, et al; 2012, online). Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 11 Ainda para esclarecer como o marketing social está inserido na atuação da Policia Militar, faz-se necessário analisar qual é a missão atribuída à Instituição, do que se ocupam as próximas linhas. 2 ATUAÇÃO PREVENTIVA E MISSÃO CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR A Segurança Pública é, segundo o artigo 144 da Constituição, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, cabendo às Polícias Militares a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. Discorre a Lei Maior em seu artigo 144 que: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. [...] (BRASIL; 1988) Tendo em vista, porém, que as Polícias Militares são instituições estaduais, é relevante examinar a Constituição Estadual do Espírito Santo. Observa-se no seu artigo 126 a inclusão da Polícia Militar como órgão da administração pública estadual cuja incumbência é atuar especificamente na segurança pública. Já no artigo 130 se atribui com maior clareza as competências da Polícia Militar, retratando a sua missão de maneira similar à Constituição federal de 1988, utilizando inclusive os mesmos termos, polícia ostensiva e preservação de ordem pública. A Constituição de 1988 inaugurou o termo preservação da ordem pública, anteriormente utilizava-se “manutenção da ordem pública”. A mudança trouxe, segundo Marcineiro (2009, p.76), maior amplitude quanto à responsabilidade atribuída à Polícia Militar. Em consulta ao Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros (R- 200), estabelecido pelo Decreto de número 88.777, e em seu artigo 2º, nº 21, tem-se que a ordem pública é o conjunto de regras que garantem às relações de convivência entre as pessoas certa harmonia. Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 12 Destaca Moreira Neto (1988, p.142-145), em resumo, que os vínculos interpessoais estabelecidos no cotidiano delineiam uma convivência pública. Essa convivência precisa estabelecer certos limites, a fim de que os relacionamentos ocorram de maneira equilibrada. Dessa forma o indivíduo deve poder agir conforme sua liberdade individual, mas sem que isso seja causa para desordem. O escritor estabelece, então, que o sistema de convivência pública pressupõe também sua ordem, ou seja, suas regras para que o todo esteja em harmonia, daí o conceito de ordem pública. Em virtude dessa responsabilidade para com a convivência pública, fica claro que a Polícia Militar deve buscar meios para cumprir com perfeição sua missão constitucional que é a de garantir a ordem não apenas depois da ocorrência de um fato que a perturbe, mas principalmente de maneira preventiva, conforme inaugurou o texto da Constituição de 1988. Marcineiro (2009, p.77) salienta que o desempenho da Polícia Militar é mais do que apenas o policiamento ostensivo transmitido pela simples presença, mas enseja a busca por estratégias comunitário-interativas. Além de ter, de acordo com Mathias (2010, p.28), características essencialmente preventivas. A atividade preventiva está claramente incluída na missão constitucional destinada à Polícia Militar, afinal uma instituição que busca preservar a ordem pública deve procurar também prevenir tudo aquilo que possa perturbar essa ordem. A prevenção é segundo o dicionário eletrônico Houaiss (2001) “conjunto de medidas ou preparação antecipada de algo que visa prevenir um mal”. A seguir Molina e Gomes, que discorrem sobre o assunto: Em sentido estrito, sem embargo, prevenir o delito é algo a mais – e também algo distinto – que dificultar seu cometimento ou dissuadir o infrator potencial com a ameaça do castigo. Sob o ponto de vista “etiológico”, o conceito de prevenção não pode se desvincular da gênese do fenômeno criminal, isto é, reclama uma intervenção dinâmica e positiva que neutralize suas raízes intactas. De outro lado, a prevenção deve ser contemplada, antes de tudo, como prevenção “social”, isto é, como mobilização de todos os setores comunitários para enfrentar solidariamente um problema “social”. A prevenção do crime não interessa exclusivamente aos poderes públicos, ao sistema legal, senão a todos, à comunidade inteira. Não é um corpo “estranho”, alheio à sociedade, senão mais um problema comunitário. (MOLINA; GOMES, 2012, p.356) Assim, de acordo com o exposto, o delito não deve ser encarado apenas no momento em que acontece ou após sua ocorrência e, tampouco, analisar como sua causa apenas o infrator, como se o mero castigo fosse suficiente para prevenir futuros episódios. Deve, Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 13 contudo, ser observado como problemática social que envolve responsabilidade do poder público, mas também da comunidade. Dentre as estratégias para a prevenção, destaca-se o conceito de prevenção primária. 2.1 PREVENÇÃO PRIMÁRIA A prevenção primária busca a problemática criminal em suas raízes, de maneira a combater, a médio e longo prazo, a probabilidade de ocorrências criminais. Sumariva (2013, p.79) compara a prevenção primária à profilaxia medicinal, explana como forma de ilustração que esse tipo de prevenção age da mesma forma que as medidas médicas, ao exemplo das vacinas, que buscam eliminar os causadores das doenças em uma população. Ainda segundo Sumariva (2013, p.79), esse nível de prevenção é de ação mais profunda, buscando atuar na raiz do problema criminal e dessa maneira impedir que se estabeleçam condições férteis à criminalidade no médio e longo prazo. É, de acordo com o autor, “um trabalho de conscientização social”, sendo necessário trabalhar os setores de necessidades básicas para permitir o acesso aos serviços de educação, renda, saúde e segurança, por exemplo. Molina eGomes também discorrem sobre o assunto e trazem que: Conforme tal classificação, os programas de prevenção primária orientam-se às mesmas causas, à raiz do conflito criminal, para neutralizá-lo antes que o problema se manifeste. Tratam, pois, de criar os pressupostos necessários ou de resolver as situações carenciaiscriminógenas, procurando uma socialização proveitosa de acordo com os objetivos sociais. Educação e socialização, casa, trabalho, bem-estar social e qualidade de vida são os âmbitos essenciais para uma prevenção primária, que opera sempre a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos. (MOLINA; GOMES, 2012, p.357) Calhau (2009, p.91) Afirma ser essa a “prevenção genuína”, que exige maior tempo para apresentar resultados efetivos, mas que é capaz de sustentar-se por longos períodos e que, de acordo com o autor, é a mais eficiente. Ainda de acordo com Calhau (2009, p.91) os trabalhos realizados nas áreas sociais, característicos da prevenção primária, são imprescindíveis para que a sociedade seja capaz de solucionar impasses por vias alternativas à criminalidade. Nesse contexto, a Polícia Militar apresenta projetos sociais como o PROERD e o Projeto Banda Júnior, como via de participação na prevenção delitiva. Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 14 3 O PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS O Programa Educacional de Resistência às Drogas nasceu de uma iniciativa do Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD), junto ao Distrito Escolar Unificado nos Estados Unidos da América, com o nome de Drug Abuse Resistance Education (DARE). Após o sucesso da política de educação para crianças, o programa foi reproduzido no Brasil pela primeira vez no Estado do Rio de Janeiro. Após a iniciativa carioca, outros estados aderiram ao programa e, no ano de 2001, o Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCG), institucionalizou o PROERD como principal ferramenta de prevenção primária e para controle do abuso de drogas. De acordo com dados coletados em pesquisa de campo realizada na Diretoria de Direitos Humanos e Polícia Comunitária da PMES, o PROERD teve início no Espírito Santo a partir do ano de 2000, quando se formou a primeira turma de instrutores da Corporação. Foi no ano de 2001, porém, que efetivamente o programa foi aplicado. Desde então o PROERD ganhou espaço e com o advento a Portaria n° 346-R, de 16 de abril de 2003, do Comando Geral da Polícia Militar do Espírito Santo, o programa foi institucionalizado na PMES. De acordo com esse mesmo documento, a Polícia Militar do Espírito Santo (2003) ressalta que o PROERD constitui “medida proativa, sendo atividade- fim, para o controle de violência e criminalidade, complementar as ações preventivas e repressivas ao uso indevido e tráfico de drogas”. A homepage da Polícia Militar do Espírito Santo ressalta que o objetivo geral do programa é minimizar o abuso de drogas por parte de crianças e adolescentes. Ainda de acordo com o disposto na página da PMES na internet, o programa volta-se para a atuação junto aos responsáveis, intenciona-se promover a instrução dos responsáveis para lidar com situações que exijam atitudes desses atores para manter a segurança dessas crianças. Segundo o site da Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos do Espírito Santo2, a atuação da Polícia Militar do Espírito Santo por meio do PROERD recebeu notoriedade no cenário capixaba, ao ponto de, no ciclo de 2013, ser reconhecido como vencedor do prêmio de Inovação na Gestão Pública no Espírito Santo (Inoves) na categoria “Resultados para a sociedade”. 2ESPÍRITO SANTO. SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E RECURSOS HUMANOS. Onli 2014. EQUIPE DO PROERD RECEBE KIT MULTIMÍDIA DO PRÊMIO INOVES. Disponível em: < http://www.seger.es.gov.br/seger/index.php/90-acesso-rapido/2284-equipe-do-proerd-recebe-kit-multimidia-do- premio-inoves >. Acesso em: 04 jul. 2016 http://www.seger.es.gov.br/seger/index.php/90-acesso-rapido/2284-equipe-do-proerd-recebe-kit-multimidia-do-premio-inoves http://www.seger.es.gov.br/seger/index.php/90-acesso-rapido/2284-equipe-do-proerd-recebe-kit-multimidia-do-premio-inoves Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 15 4 O PROERD E A FUNÇÃO CONSTITUCIONAL DA POLÍCIA MILITAR O Texto-base da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (CONSEG)3 discorreu acerca da necessidade de pensar segurança pública como ações de prevenção e repressão interligadas e não como elementos distintos e incomunicáveis. O seguinte texto desse documento demonstra a veracidade de tal afirmação: Na mesma medida em que hoje são inquestionáveis os progressos da democracia brasileira, é preciso creditar parte desses avanços às conquistas no campo da segurança pública. Não se trata apenas de uma revisão de valores ou estratégias, mas de uma verdadeira mudança cultural, que tem como premissa encerrar a dicotomia pouco produtiva (sobretudo, falsa) entre repressão e prevenção (também difundida como direitos humanos versus atuação policial) e reconhecer que a cada uma cabe vocação e lugar distintos, porém complementares e necessárias uma a outra (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009, p.12). O trecho exposto reforça a ideia demonstrada até o presente momento nesse estudo, de que é característica primordial da missão constitucional das polícias promoverem não somente ações repressivas, mas também ações preventivas em seu cotidiano. A ligação entre PROERD e função constitucional da Polícia Militar advém das observações até agora estudadas, mas também já foi decretada em documentos oficiais. Um importantíssimo exemplo é o parecer da Câmara Técnica do PROERD do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e Bombeiros Militares (CNCG), encaminhado através de Ofício ao Presidente deste conselho no ano de 20104, ressalta esse documento diversos aspectos acerca da necessidade de uma polícia comunitária. Traz ainda a percepção de que o tráfico e o abuso de drogas dão margem ao aumento da criminalidade violenta em consonância com o pensamento de Adorno (2002, p.88) sobre “tendências” criminais. É ponto de maior relevância no documento acima exposto, aquilo que consta em sua página 4, que traz destaque ao PROERD como programa de prevenção primária dentro da filosofia de Polícia Comunitária com o fulcro na preparação comportamental para escolher acertadamente qual decisão tomar diante da oferta de entorpecentes. Em sua página de 3A 1ª CONSEG realizada no ano de 2009 teve por objetivo propiciar debates acerca da Segurança Pública a nível nacional e envolveu diversos órgãos participantes desse contexto, representantes da sociedade civil, representantes das classes policiais diversas, representantes ministeriais e outros poderes. 4CÂMARA TÉCNICA PROERD DO CONSELHO NACIONAL DE COMANDANTES-GERAIS DAS POLÍCIAS MILITARES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES (Brasil). Parecer nº0001 de 21 de dezembro de 2010. Ofício ao Gabineteda Presidência do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares. 21 dez. 2010. São Paulo. Pág. 01-05. Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 16 número 5 reconhece o PROERD como programa de “natureza nitidamente preventiva e que, por via de consequência compete às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares”. Após a análise da característica preventiva e, portanto, constitucional das Polícias Militares, percebe-se a relação da atividade-fim com a perspectiva de prevenção primária do PROERD. 5 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Viena Rossetti Guterres o PROERD foi aplicado a duas turmasde 5º ano do Ensino Fundamental no primeiro semestre de 2016, a um total de 57 alunos. O questionário dirigiu-se aos responsáveis por esses alunos, de maneira censitária e obteve retorno de 52,6%. Já no Centro Educacional Vicente Pelicioni o PROERD foi aplicado a duas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental no primeiro semestre de 2016, a um total de 69 alunos. O questionário dirigiu-se aos pais desses alunos, de maneira censitária e obteve retorno de 72,5%. 5.1 PERFIL BÁSICO DOS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS ATENDIDAS PELO PROERD NA ESCOLA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2016. Com o retorno da pesquisa foi possível perceber que o público pesquisado é, na maior parte, feminino e com idade entre 30 e 39 anos. Ademais,todos os indivíduos que se declararam do sexo feminino apresentaram-se como mães e os declarados masculinos, ainda que em menor número, como pais das crianças. Os dados também demonstraram que 90% e 92% dos pesquisados na EMEF Viena Rossetti e CEVIP, respectivamente, viveram em 2016 a primeira experiência com a aplicação do PROERD a uma criança sob sua responsabilidade. Outras informações relevantes são a renda das famílias e a escolaridade dos contribuintes com o estudo. O equivalente à 70% do público da EMEF Viena Rossetti possui renda familiar inferior à 2 salários mínimos e vê-se que o mesmo público tem nível de escolaridade bem distribuído. No CEVIP o cenário é um pouco diferente quanto à renda familiar dos pesquisados. Trinta por cento declara renda de até 2 salários mínimos e 42% possui renda entre 2 e 4 salários mínimos. Quanto ao grau de escolaridade dos pesquisados nessa escola, é possível inferir que o nível de escolaridade é mais significativo quando observadas as pessoas que Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 17 concluíram o Ensino Médio, mas que, em geral, encontram-se bem distribuídos entre as opções dispostas. 5.2 PROERD E IMAGEM INSTITUCIONAL As figuras a seguir buscam analisar a percepção dos pais das crianças atendidas pelo PROERD na EMEF Viena Rossetti e no CEVIP no primeiro semestre do corrente ano acerca da influência do PROERD na construção da imagem institucional da PMES. Além disso, busca analisar se as pessoas que aqui se expressaram acreditam nesse programa como boa ferramenta para a propaganda institucional da Corporação. Figura 1 – A aplicação do PROERD e seu resultado na interação entre a PMES e comunidade na EMEF Viena Rossetti e no CEVIP Fonte: Pesquisa de Campo O resultado apresentado pela Figura 1 permite dizer que todos os perguntados responderam positivamente, no entanto, a unanimidade não se manteve quanto ao alcance dessa interação. A maior parte dos respondentes nas duas escolas acredita ser possível a interação entre família, crianças, escola e PMES. Mas outra parcela, entende que a interação acontece, mas apenas para as crianças participantes do programa e não para os demais públicos. Tais respostas trazem a perspectiva positiva sobre a atuação do PROERD na interação entre PMES e comunidade. 80% 20% Viena Rossetti Sim, permite a interação entre família, crianças, escola e PMES Sim, mas apenas para as crianças que participam do PROERD 84% 14% 2% CEVIP Sim, permite a interação entre família, crianças, escola e PMES Sim, mas apenas para as crianças que participam do PROERD Indiferente Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 18 Figura 2 – Percepção da visão do serviço policial após contato com o PROERD na EMEF Viena Rossetti e CEVIP Fonte: Pesquisa de Campo A Figura 2 busca uma reflexão. Mais que aferir apenas a visão anterior ou atual do indivíduo busca analisar se a visão do perguntado acerca do serviço policial da PMES obteve melhora após seu contato com o PROERD. É perceptível pela análise gráfica que é muito significativo o número de pessoas que afirma ter melhorado a visão que possui do serviço policial militar com o contato que teve com o PROERD. Tal número traz a confirmação do bom retorno do PROERD para a imagem institucional, sobretudo ao analisar que não houve ocorrência de quem declarasse piora na visão acerca do trabalho policial. Figura 3 – O PROERD como ferramenta de melhoria para imagem da PMES na EMEF Viena Rossetti e no CEVIP Fonte: Pesquisa de Campo 90% 10% Viena Rossetti Melhorou Indiferente 88% 8% 4% CEVIP Melhorou Indiferente Não sei opinar 53% 47% Viena Rossetti É indispensável para melhorar a imagem que a população tem da Polícia Deve ser aliado a outras ações da Polícia para melhorar a imagem da Corporação 60% 40% CEVIP É indispensável para melhorar a imagem da que a população tem da Polícia. Deve ser aliado a outras ações da Polícia para melhorar a imagem da Corporação. Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 19 Infere-se da representação gráfica que a maior parte do público nas duas instituições de ensino entende como indispensável a utilização do programa para a melhoria da imagem. Porém, também é comum às duas escolas uma segunda parcela, menor, mas também importante, daqueles que acreditam na importância do PROERD nesta seara, contudo, ressaltam que deve ser aliado a outras ações institucionais para que alcance o fim desejado. Outras opções foram apresentadas aos respondentes, destacando opções para os que tivessem a crença na piora da imagem ou na indiferença da aplicação do Programa, contudo, não foram assinalados nenhuma vez. Dessa forma fica claro que PROERD é útil para a melhoria da imagem, ainda que seja uma parcela acredite ser necessário aliá-lo a outras estratégias. Ademais, de todos os respondentes apenas uma pessoa declarou não acreditar que a PMES deva utilizar o PROERD em sua propaganda institucional, o que reafirma a resposta positiva em relação à utilização do Programa na propaganda institucional. Figura 4 – Motivação sobre a resposta positiva do público do CEVIP e da Viena Rossetti acerca da utilização do PROERD como parte da propaganda institucional Fonte: Pesquisa de Campo 17% 43% 17% 23% Viena Rossetti O PROERD é um programa que previne futuros crimes O PROERD é um programa que ajuda na educação das crianças. O PROERD é uma ferramenta para aproximar polícia e cidadão Mais de uma das alternativas 36% 44% 12% 4% 4% CEVIP O PROERD é um programa que previne futuros crimes O PROERD é um programa que ajuda na educação das crianças. O PROERD é uma ferramenta para aproximar polícia e cidadão Mais de uma das alternativas Não soube opinar Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 20 As motivações distribuíram-se entre as opções de forma que o apresentado com mais frequência é a participação do PROERD na educação das crianças, seguido da prevenção de futuros crimes e do Programa como ferramenta de aproximação entre Polícia e cidadão. Portanto, infere-se que o público indicou a crença na necessidade do uso do PROERD como parte da propaganda institucional, no entanto, as motivações distribuem-se conforme o entendimento de cada pesquisado. 5.3 O PROERD COMO PROGRAMA DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA Nesse momento da pesquisa intenta-se relacionar o PROERD à atuação preventiva da Polícia Militar, assim como sua efetividade quando observados seus objetivos primordiais, ou seja, a mudança comportamental, a conscientização e a prevenção do abuso às drogas. Figura 5 – Percepção dos responsáveis da EMEF Viena Rossetti e CEVIP sobre mudanças no comportamento da criança após a participação no PROERD Fonte: Pesquisa de Campo O parâmetro utilizado para avaliação é subjetivo e competiu aos pais definirem o que foi apresentado por seus filhos em relação a comportamento. A assertiva de maior relevância, nas duas escolas, indica que muitos responsáveis declararam percebermelhorias no comportamento em casa e na escola após o contato com o programa. Dentre as opções não houve ocorrência de indivíduos que declarassem mudanças consideradas negativas no comportamento dos discentes após a aplicação do PROERD. 2 1 22 3 2 Sim, mas apenas em casa Sim, mas apenas na escola Sim, melhorou em casa e na escola Indiferente Não sei opinar VIENA ROSSETTI 4 1 29 11 5 Sim, mas apenas em casa Sim, mas apenas na escola Sim, melhorou em casa e na escola Indiferente Não sei opinar CEVIP Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 21 Figura 6 – A influência do PROERD na conscientização das crianças sobre drogas de acordo com os responsáveis da EMEF Viena Rossetti e CEVIP Fonte: Pesquisa de Campo Percebe-se que na EMEF Viena Rossetti a parcela mais significativa corresponde a 87% que declaram ser possível a compreensão por parte das crianças através dos ensinamentos trazidos pelo PROERD, a motivação para tal é a de que conhecimentos tão importantes acrescidos pelo PROERD serão levados por toda vida. No CEVIP, a afirmação se repete, porém com uma porcentagem ainda maior, 98% dos pesquisados. Dessa forma, é possível inferir que o PROERD é capaz de chegar ao objetivo de influenciar o comportamento das crianças, a fim de saibam a importância de se manter longe do abuso de drogas. Figura 7 – A aplicação do PROERD e a efetiva prevenção ao abuso de drogas pelas crianças atendidas de acordo com a percepção dos responsáveis Fonte: Pesquisa de Campo 87% 3% 7% 3% Viena Rossetti Sim, pois a criança aprende e leva os ensinamentos do PROERD durante toda a vida Sim, mas apenas por um período, depois tudo o que foi aprendido será esquecido Não, pois não é possível aprender em tão pouco tempo Não sei opinar 98% 2% CEVIP Sim, pois a criança aprende e leva os ensinamentos do PROERD durante toda a vida Não, pois não é possível aprender em tão pouco tempo 93% 4% 3% Viena Rossetti Sim Não Parcialmente 94% 6% CEVIP Sim Parcialmente Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 22 A Figura 7 revela se o PROERD é capaz de prevenir, e não só de conscientizar, o abuso de drogas por parte das crianças atendidas. Percebe-se mais de noventa por cento nas duas escolas acenaram que o PROERD é capaz de realizar o trabalho de prevenção ao abuso de drogas. Ou seja, o público pesquisado acredita que o PROERD atinge o objetivo, de prevenir o abuso de drogas. Grande parte do público também declarou acreditar ser possível prevenir outros crimes que não o abuso de drogas por meio do PROERD. Reforçando a crença de que o programa pode, não só conscientizar e prevenir o abuso de drogas, mas a incidência em crimes de outras espécies, o que potencializa a ação do Programa na prevenção primária. CONSIDERAÇÕES FINAIS Essa pesquisa foi elaborada com o fito de responder a um problema resumido na seguinte pergunta: Qual a influência da aplicação do PROERD na imagem institucional da PMES junto às famílias das crianças atendidas diretamente pelo PROERD? E foi possível apurar que o PROERD apresenta aspectos muito positivos quanto à imagem da PMES e, mais que isso, é avaliado pelo público pesquisado como um programa de reconhecida efetividade e coerente com os valores institucionais de inovação, promoção dos Direitos Humanos e interesse público. Respondendo de forma plena o problema anteriormente posto. O simples debate teórico talvez não fosse tão convincente quanto a aplicação dos conceitos debatidos a uma realidade. Dessa forma, o presente estudo buscou verificar se o que fora desenhado em teoria correspondia à prática e elencou uma escola pública e uma particular onde o PROERD foi aplicado no primeiro semestre de 2016 como locais de aplicação. A pesquisa de campo trouxe informações valiosas e demonstrou que, embora as realidades apresentassem pequenas diferenças, quanto à renda, por exemplo, poucos divergiam em suas opiniões sobre o PROERD. Das interpretações infere-se que os pesquisados acreditam na aproximação e interação com a PMES por meio do programa, assim como apresentam melhorias consideráveis sobre a visão que possuem acerca do serviço policial militar após o contato com o PROERD e ressaltam que acreditam que a PMES deve utilizar o programa como parte da propaganda institucional. Também responderam de forma positiva quanto a percepção da efetividade do PROERD no que corresponde à Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 23 conscientização das crianças sobre os perigos das drogas e na prevenção de infrações criminais diversas que envolvam ou não o abuso de entorpecentes. Quanto à hipótese previamente descrita, foi confirmada perante as análises de textos legais e principalmente com a pesquisa de campo que trouxe a demonstração prática de tal afirmação. Por fim, indica essa pesquisa a existência de influência positiva do PROERD na imagem institucional da PMES e, de acordo com as características do Programa, que são evidentemente características da espécie de marketing social, esse estudo também defende a utilização do PROERD como parte da propaganda institucional constituindo a ferramenta de marketing social da Corporação. Todavia, é importante salientar que o estudo proposto não se apresenta com a intenção de constituir verdade absoluta, mas de abrir espaço para debates acerca do tema sempre com o fito de agregar saberes e discutir novas ideias. REFERÊNCIAS ADORNO, Sérgio. Exclusão socioeconômica e violência urbana. Sociologias, Porto Alegre, v. 8, n. 4, p.84-135, jul. 2002. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/>. Acesso em: 25 maio. 2016. ____________. Decreto Federal nº 88.777, de 30 de setembro de 1983. Aprova o regulamento para as polícias militares e corpos de bombeiros militares (R-200).Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_0 3/Decreto/D88777.htm>. Acesso em: 01 jun. 2011. ____________. CNCG, Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil. Carta de Fortaleza: Considera o Programa Educacional de Resistência às Drogas o seu projeto de prevenção ao uso e tráfico de drogas no Brasil. Fortaleza, 2001. ____________. CÂMARA TÉCNICA PROERD DO CONSELHO NACIONAL DE COMANDANTES-GERAIS DAS POLÍCIAS MILITARES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES (Brasil). Parecer nº0001 de 21 de dezembro de 2010. Ofício ao Gabinete da Presidência do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares. 21 dez. 2010. São Paulo. Pág. 01-05. ____________. MINISTÉRIO DE JUSTIÇA. 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública: Texto-Base. Brasília, 2009. 40 p. CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. 4. Ed. Niterói: Impetus, 2009. 126 páginas. http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_0%203/Decreto/D88777.htm Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 24 ESPÍRITO SANTO. Constituição (1989). Constituição do Estado do Espírito Santo. Vitória, 1989. Disponível em: < http://www.al.es.gov.br.>. Acesso em: 28 maio. 2016. ESPÍRITO SANTO. POLÍCIA MILITAR. Portaria n° 346-R, de 16 de abril de 2003. Institui o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. Boletim do Comando Geral, de 16 de abril de 2003. Vitória, 2003. ____________. POLÍCIA MILITAR. Online, 2016. PROERD. Disponível em: <http://www.pm.es.gov.br/comunidade/proerd.aspx>. Acesso em: 03 jul. 2016. ____________. POLÍCIA MILITAR. Online, 2016. Missão, Valores e Visão. Disponível em: <http://www.pm.es.gov.br/institucional/missaevalores.aspx>. Acesso em: 04 jul. 2016. ____________.SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E RECURSOS HUMANOS. Online 2014. Equipe do Proerd recebe kit multimídia do Prêmio Inoves. Disponível em: <http://www.seger.es.gov.br/seger/index.php/90-acesso-rapido/2284-equipe-do-proerd- recebe-kit-multimidia-do-premio-inoves>. Acesso em: 04 jul. 2016 ____________. SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E RECURSOS HUMANOS. O Prêmio. 2016. Online. Disponível em:<http://www.inoves.es.gov.br/Premio/Inicio.aspx>. Acesso em: 04 jul. 2016. FROEMMING, Lurdes Marlene Seide. Marketing Institucional. Rio Grande do Sul: Unijuí, 2008. 60 p. HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. Versão 1.0. 1 [CD-ROM]. 2001. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary.Princípios de Marketing. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos, 1999. KOTLER, Philip; ROBERTO, Eduardo L. Marketing Social: Estratégias para alterar o comportamento público. Rio de Janeiro: Campus. 1992. MARCINEIRO, Nazareno. Polícia Comunitária: construindo segurança nas comunidades. Florianópolis. Insular. 2009. MATHIAS, João Carlos Sproesser. A POLÍCIA MILITAR E AS POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS NA PREVENÇÃO CRIMINAL. Revista do Laboratório de Estudos da Violência da UNESP, Marília, v. 5, n. 5, p.24-36, maio 2010. Disponível em: < http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/levs/article/viewFile/1113/1001.>. Acesso em: 17 abr. 2016. MOLINA, Antonio García-pablos; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. 5 v. (CiênciasCriminais). MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Revisão doutrinária dos conceitos de ordem pública e segurança pública: Uma análise sistêmica.Data de publicação: 01/1988 Revista de informação legislativa, v. 25, n. 97, p. 133-154, jan./mar. 1988. Brasília. http://www.inoves.es.gov.br/Premio/Inicio.aspx Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 7 - 25, ago./dez. 2017. 25 RODRIGUES, Anderson Ricardo; PEIXOTO, Maria Gabriela Mendonça; SETTE, Ricardo de Souza. Marketing Social: Conceituação, Características e Aplicação no Contexto Brasileiro. Revista Espacios, Caracas, v. 33, n. 3, p. 1-17, 2012. Quadrimestral. Disponível em: <http://www.revistaespacios.com/a12v33n03/123303201.html>. Acesso em: 05 nov. 2015 SILVA, Francisco Lourenço da; MARCANTONIO, Keliane de; BOEN, Kelly Cristina PORTILHO. Marketing social: investimento ou despesa? 2009. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e financas/marketing-social- investimento-ou-despesa/37049>.Acesso em: 27 mar. 2016. SUMARIVA, Paulo. Criminologia: Teoria e Prática. Niterói: Impetus, 2013. 136 p. VAZ, Gil Nuno. Marketing Institucional: O mercado de idéias e imagens. 2. Ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. Recebido em: 18 de abr. 2017 Aceito em: 25 de jul. 2017 DOI: https://doi.org/10.28950/1981-223x_revistafocoadm/2017.v10i3.427 Como citar: BORTOLUZZI, Karina de Jesus. O Programa Educacional de Resistência às Drogas e a imagem institucional da Polícia Militar do Espírito Santo. Revista FOCO, v. 10, n. 3, p. 7 – 25, ago./dez. 2017. Disponível em: <http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/427>. Direito autoral: Este artigo está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição- NãoComercial 4.0 Internacional. http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e%20%20%20%20financas/marketing-social-investimento-ou-despesa/37049 http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e%20%20%20%20financas/marketing-social-investimento-ou-despesa/37049 https://doi.org/10.28950/1981-223x_revistafocoadm/2017.v10i3.427 http://www.revistafocoadm.org/index.php/foco/article/view/427 http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/ http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/ V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 26 ARTIGOS A PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES DE FRANQUIAS VIRTUAIS EM UMA EMPRESA DE COSMETICOS BRASILEIRA Paula Narita Ebert1 Lurdes Marlene Seide Froemming2 RESUMO Um dos grandes desafios do varejo é compreender o comportamento dos consumidores em um mercado em constante evolução e desenvolver estratégias e vantagens competitivas nos canais de distribuição. Este estudo tem como objetivo descrever o desenvolvimento da franquia virtual como um novo canal de distribuição no varejo, desvelando as tendências desse setor através das percepções dos clientes de Franquias virtuais. O estudo fundamentou- se em uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, constitui-se em um estudo de caso e utilizou-se da pesquisa netnográfica, realizada com consumidores virtuais. A pesquisa revelou, como principais resultados para a empresa, a obtenção de um banco de dados atualizado com informação sobre o perfil e hábitos de compras de seus clientes, a possibilidade em conquistar clientes que não tinham afinidade com vendas presenciais e o engajamento de propagação virtual, além de aumentar sua participação mercadológica. O estudo apresenta contribuições acadêmicas, sociais e mercadológicas. PALAVRAS-CHAVE: Comércio eletrônico. Canais de distribuição. Franquias virtuais. Estratégia 1 Mestre em Administração no Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade Meridional (IMED). E-mail: paula.ebert@hotmail.com 2 Doutora e professora do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade Meridional (IMED) e Mestrado em Desenvolvimento (UNIJUÍ). mailto:paula.ebert@hotmail.com Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 27 THE PERCEPTION OF CONSUMERS OF VIRTUAL FRANCHISES IN A BRAZILIAN COSMETICS COMPANY SUMMARY One of the great challenges of retailing is to understand the behavior of consumers in a constantly evolving market, and to develop strategies and competitive advantages in distribution channels. This study aims to describe the development of a virtual franchise as a new retail distribution channel, unveiling the trends of this sector through the perceptions of virtual franchise customers. The study was based on a qualitative, exploratory and descriptive research, constituting a case study and using the netnographic research carried out with virtual consumers. The research revealed the main results for the company, obtaining an updated database with information about the profile and shopping habits of its customers, the possibility to win customers that had no affinity with face sales and the virtual propagation engagement, In addition to increasing its market share. The study presents academic, social and marketing contributions. KEYWORDS: Electronic commerce. Distribution Channels. Virtual Franchises. Strategy INTRODUÇÃO Muitos empreendedores estão percebendo vantagens competitivas e eficazes no comércio eletrônico, menor investimento, extenso mercado de atuação com abrangência nacional e internacional, relação de compra e venda diferenciada. Um dos grandes desafios varejista é compreender o comportamento dos consumidores. Segundo o Instituto para desenvolvimento do Varejo (IDV, 2015) o varejo é o maior empregador privado do Brasil, e representa 15 % do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Outro ponto significativo foi o avanço do segmento de comércio eletrônico no Brasil. Segundo o site Emarkete (2015) o Brasil é o único país da América Latina que se encontra entre os 10 melhores mercados mundiais do comércio eletrônico. O crescimento da utilização de múltiplos canais está impulsionando uma nova dinâmica em toda a cadeia do varejo. O varejo multicanal ganha destaque devido ao crescente número de dispositivos móveis (DELOITTE, 2013). O estudo sobre franquias virtuais é recente e manifesta-se como uma nova estratégia mercadológica, pois colabora economicamente com a sociedade, para os novos franqueados se torna uma nova forma de obter rendimentos e ocupação para os clientes de franquias virtuais,a tranquilidade e confiança em uma transação alicerceada na confiança. Existem diferenças entre a franquia virtual e as demais modalidades de franquias, a principal delas é que a comercialização ocorre por meio das redes sociais do franqueado. Se Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 28 diferencia das lojas físicas, pois segue os preceitos da Lei Nacional Brasileira de Franchising 8.944/94, além do direito de uso virtual da marca, e dos direitos de comercializar os produtos da franqueadora, sem importar-se com estoque, envio de mercadoria e recebimento do pagamento o que se diferencia de uma loja virtual, cujo o estoque pertence ao proprietário da loja, como sua marca, logomarca e gerenciamento dos sistemas de compra e venda, logística de entrega e administração e controle de estoque. O crescimento esperado no setor de franquias virtuais segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) é de 25 a 30% ao ano (ABF, 2015). Os consumidores atualmente sofrem com a pouca disponibilidade de tempo para efetuar compras e também pela grande variabilidade de produtos no mercado, neste processo de decisão, a franquia virtual torna-se uma ferramenta estratégica no varejo, pois o cliente compra o produto desejado na rede social de um amigo (consultor) que é o franqueado e divulgador dos produtos de uma varejista, tendo todo respaldo da franqueadora, todo o curso logístico, financeiro e administrativo é realizado pela franqueadora. Uma franquia virtual é adjeção estratégica do comércio eletrônico e do varejo, percebe-se que as empresas estão adequando-se ao desenvolvimento de novos canais de distribuição e observa-se também, que os consumidores estão adaptando-se a estas novas ferramentas. Dessa forma, justifica-se o objetivo deste estudo que representa uma oportunidade de desvelar as tendências desse setor através das percepções dos clientes de Franquias virtuais da Rede Natura. A pesquisa irá contribuir para sociedade por elucidar o impacto econômico para as empresas que buscam nesse canal de distribuição uma ferramenta estratégica inovadora afim de obterem maiores participações mercadológicas. 1 REFERENCIAL TEÓRICO O varejo no Brasil desenvolveu-se no final do século XIX, com o avanço dos meios e vias de transportes e pelo desenvolvimento do setor industrial. Segundo alguns historiadores o Visconde de Mauá foi um dos precursores e mais exímio varejista da época, sendo responsável pela fundação de várias instituições financeiras, realizando e impulsionando avanços nos setores de transportes, naval, industrial e energia no estado do Rio de Janeiro (PARENTE, 2000). A partir de 1980 ocorreu uma expansão e propagação das redes de franquia no Brasil. acompanhando as mudanças varejistas na década de 1990 observou-se o surgimento das lojas Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 29 de conveniência e os supermercados compactos, no século XXI o setor varejista enfrenta uma nova mudança que revolucionou o segmento varejista, o comércio eletrônico que impacta diretamente os canais de distribuição. Para Coronado (2001), a tecnologia da informação (TIC) tornou-se uma aliada do varejo, no afinco de conduzir essa evolução delineada pelo mercado consumidor. Baseado nisso, os varejistas estão qualificando e aperfeiçoando sua logística, sua capacidade de previsão de demanda, de seleção mercadológica, de controle de estoques, de racionalização de espaços e apresentação dos produtos no ponto de venda. Os canais de distribuição são sistemas que ligam os fabricantes aos seus consumidores finais, e tem como função, buscar informações para facilitar a vida, tanto dos consumidores quanto dos fabricantes, ou seja, ele consegue fazer toda a tarefa de marketing, através de informações rápidas e precisas (HSIEN; CÔNSOLI; GIULIANI, 2011). Os grandes varejistas têm respondido às transformações da conjuntura atual de diferentes maneiras, alguns utilizam como estratégia competitiva o lançamento de novos formatos de distribuição, enquanto outros buscam reduzir custos, utilizando, por exemplo, modernos sistemas de comunicação e informação para administrar seus negócios (GREWAL et al., 2010). As mudanças competitivas, institucionais e tecnológicas permitem o desencadeamento de um processo de coevolução, que impulsionam o surgimento de novos modelos organizacionais (LEWIN; LONG; CARROLL, 1999). As transformações mercadológicas ocorridas nas últimas décadas impactaram diretamente o ambiente varejista, as empresas foram obrigadas a se reestruturar atendendo à necessidade de adotarem estratégias de distribuição eficazes para se manterem competitivas. A logística e a comunicação são fatores determinantes para o crescimento do setor. Para a ABF (2015), o setor varejista tem apresentado nos últimos anos um significativo crescimento, alicerçado pelo surgimento de novas redes e a consolidação de marcas tradicionais. Em 2014 o setor teve um faturamento de 127 bilhões de reais, um avanço de 7,7% em relação a 2013, em contra partida, o PIB nacional ficou estagnado em 2014, com ligeira expansão de 0,1% conforme dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a International Franchising Association (IFA), o conceito de franchising do Departamento de Comércio dos Estados Unidos é: “Um acordo ou licença entre duas partes, que dá a um grupo de pessoas, os franqueados, o direito de negociar ou utilizar um produto, marca ou negócio. O franqueado tem o direito de valer-se do produto, marca ou negócio do franqueador e em troca tem o dever Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 30 de pagar certas taxas e royalties ao franqueador. O franqueador tem ainda o dever de dar suporte, de uma forma geral ao franqueado (IFA, 2001, s/p)”. O fator mercadológico de distribuição é um diferencial das franquias, cujo objetivo é reproduzir um mesmo conceito de negócio em locais diferentes. Segundo os autores uma franchising é: uma estratégia onde uma organização pode fazer uso para escoar seus serviços e produtos levando-os até o mercado” (CHERTO et al., 2005, p. 15). Como ressalta a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OECD) (OECD, 2013, p. 6), “o comércio é o mecanismo fundamental que dá suporte à maioria das atividades econômicas”. O avanço tecnológico possibilitou que a compra efetuada através da internet torna-se ainda mais congruentes a geração de renda, expansão de novos mercados e o desenvolvimento de novos serviços e produtos. Castells (1999, p. 41) enfatiza que “as redes globais de intercâmbio instrumentais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países, de acordo com a sua conveniência no alcance dos objetivos processados na rede, em um processo contínuo de decisões estratégicas”. O número de consumidores que estão optando por realizarem compras online tem se elevado expressivamente; com base no relatório disponível na E-bit (2015), o setor movimentou R$ 35,8 bilhões no ano de 2014, resultado de 103,4 milhões de pedidos efetuados através da internet, sendo que 51,5 milhões de consumidores realizaram compras online, desses 10,2 milhões efetuaram sua primeira compra online, um crescimento de 17% sobre o ano de 2013. O varejo eletrônico está alterando o movimento nas lojas, percebe-se que os consumidores estão procurando sites confiáveis e bem-conceituados. (FINKELSTEIN, 2004). Lorenzetti (2004, p. 287) afirma que: “uma vez constatado que o meio digital é utilizado para celebrar, cumprir ou executar um acordo, estaremos diante de um ‘contrato eletrônico’”. Kotler (2000) salienta que os três principais benefícios encontrados pelos compradores virtuais são os da informação, os da conveniência, e o da comodidade. As redes sociais, por sua vez, com características um tanto diferentes,se tornaram um fenômeno de massas, onde milhares de pessoas estão presentes, fazendo o uso da rede em uma parte considerável de sua rotina diária (BOYD; ELLISON, 2007). O novo consumidor está totalmente conectado à sua rede de amigos, familiares e demais internautas, muitas vezes desconhecidos. O impacto das redes sociais é muito amplo sendo cada vez mais difundido e tornando-se uma ferramenta nos diversos setores da economia, como na área de marketing Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 31 onde surgem constantemente novas estratégias online, entre elas, estão as franquias virtuais que utilizam as redes sociais como um canal de distribuição e divulgação de produtos. O surgimento das franquias virtuais é bastante significativo, não somente em termos de números de estabelecimentos, mas também na qualidade dos serviços disponibilizados. As redes de franquias estão se proliferando no mundo inteiro, com destaque no Brasil. Trata-se de uma estratégia empresarial para expansão rápida, confiável, e menos onerosa da marca, para as localidades distantes da matriz, que utiliza das redes sociais como seu principal canal de negociação (EBERT e FROEMMING, 2016). Ebert e Froemming (2016) ressaltam que: as franquias virtuais seguem as mesmas especificações das franquias tradicionais, cumprindo os parâmetros da Lei de Franchising (8.955/94), além das práticas comerciais relacionadas a gestão e a concessão da marca. Evidencia se que o diferencial está no baixo investimento exigido na abertura de uma franquia, pois o negócio não demanda de investimentos relacionados a infraestrutura física, e nem contratação de colaboradores. O crescimento estimado no setor até o final de 2017 é de 30% ao ano (ABF, 2015). Percebe-se que empresas de diferentes segmentos e tamanhos estão adotando este modelo. O diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo em entrevista à Revista PEGN, afirma que “As franquias comuns demandam um amplo valor de investimento, à medida que as virtuais necessitam somente de um capital de giro, próximo a R$ 20 mil, [...] as franquias virtuais já possuem uma expectativa de crescimento entre 25% e 30% até 2017, sendo um setor eminentemente promissor e uma nova tendência mercadológica (FINELLI, 2013, s/p). A principal vantagem está no desenvolvimento de um negócio que requer pouco investimento e está atrelado a uma marca já reconhecida mercadologicamente, reduzindo desta maneira, os riscos de fracasso que todo novo negócio apresenta. Porém, conforme ressalta Coelho (2011, p.35), “o estabelecimento eletrônico (cyberstore ou virtualstore) possuem idêntica natureza jurídica que o ambiente físico.” Os riscos para um franqueador virtual são semelhantes aos de qualquer outro formato de franquia, o que comprova a necessidade do franqueador virtual dispor de todas as informações fundamentais sobre o segmento afim de auxiliá-lo na tomada de decisões. Ebert e Froemming (2016) alegam que em uma franquia virtual, cada franqueado é responsável pelo andamento e pelo período de ambientação geral de todo o processo. Em regiões onde não possuem lojas físicas, o franqueado carece organizar formas diferenciadas para que o franqueador desenvolva seu trabalho com o mínimo de conhecimento das ferramentas e estratégias fundamentais para desenvolver o crescimento organizacional. O Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 32 quadro 1 apresenta algumas das características entre as lojas físicas, virtuais e franquias virtuais: Quadro 1 - Características de lojas físicas, virtuais e franquias virtuais Características Lojas Físicas Lojas Virtuais Franquias Virtuais Ambiente Espaço físico Internet Redes sociais Estoque Sim Sim Não Horário de trabalho Comercial 24 h por dia 24 h por dia Abrangência Local Internacional Internacional Investimento em marketing e publicidade e propaganda Alto Médio Baixo Funcionários Relativo ao tamanho da empresa Relativo ao tamanho da empresa De 1 a 2 pessoas Custo operacional Alto Médio Baixo Interatividade e acesso a informações junto a consumidores Baixa / Média Média Alta Fonte: Ebert e Froemming (2016) Observa-se no Quadro 1 que os aspectos principais a serem ressaltados neste segmento de negócio é que o ambiente de venda amplia-se, não ocorre a necessidade de estoques, o tempo, espaço e abrangência diferenciam-se e alargam-se em relação a qualquer outra forma de comércio. Ainda, o investimento em marketing e publicidade e propaganda é baixo, assim como à necessidade de operadores e o custo operacional, ao contrário, a interatividade e a disponibilização de informações é alta. Na mesma direção Garcia et al. (2013, p.24) salientam outras características favoráveis à franquia virtual: a entrega do pedido é realizada pela franqueadora, bem como, a estrutura de atendimento ao cliente, produção e desenvolvimento de produto ou serviços, estocagem, cobrança e tecnologia da informação. Desta forma, o franqueado responsabiliza-se apenas pela divulgação, relacionamento e efetuação da venda a clientes de sua franquia virtual. (EBERT e FROEMMING, 2015). No entanto, pela contemporaneidade desse canal de distribuição, muitos dados sobre seu desenvolvimento, características, pontos positivos e negativos ainda precisam ser levantados. Assim sendo, apresenta-se o método de estudo que se utilizou para ir em direção desses achados, estudando-se a franquia virtual Natura. Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 33 2 MÉTODO O escopo desta pesquisa está alicerçado na compreensão de um novo canal de distribuição, a franquia virtual, buscando identificar características e percepções dos consumidores deste novo canal de distribuição. A figura 1 apresenta a construção do método de pesquisa adotado, que logo a seguir é detalhado: Figura 1 - Desenho do método de pesquisa Fonte: Ebert (2016). A escolha da abordagem qualitativa para esta pesquisa ocorreu devido à necessidade de compreender questões que abarquem a contemporaneidade e a complexidade do tema e a busca por respostas das razões, motivações, que levaram o advento e a possível continuidade de um segmento novo no varejo. De acordo com a definição de Malhotra (2012) a pesquisa qualitativa se mostrou adequada ao caso, pois o autor apregoa que este tipo de pesquisa proporciona uma compreensão do contexto do problema, interpretando aspectos mais profundos e complexos do comportamento dos indivíduos. Optou-se neste estudo pela utilização de três métodos de pesquisa, a pesquisa netnográfica, o estudo de caso, e a observação participante. Devido à contemporaneidade do tema abordado, julgou-se ideal a utilização da pesquisa exploratória e descritiva, pois, ambas, se complementam quando pouco é sabido sobre um fenômeno em particular. Buscou-se o entendimento das franquias virtuais através da Revista FOCO. ISSN: 1981-223X V.10, nº3, p. 26- 45, ago./dez. 2017. 34 investigação, observação, descrição e documentação de vários aspectos do fenômeno, com vistas à busca de compreensão das atitudes expressas nas redes sociais onde são divulgadas as franquias virtuais, a obtenção das retrospectivas de ações e acontecimentos online, a observação de atitudes e opiniões dos membros das comunidades da Rede Natura, e as representações das atitudes dos membros em relação à comunidade franqueadora. A pesquisa netnográfica é “um relato através de textos escrito, imagens, sons e vídeos da cibercultura online, que informa através dos métodos da antropologia cultural” (KOZINETS, 2014, p. 64). A netnografia analisa de forma ampla todas as interações sociais, como: características linguísticas, símbolos, depoimentos, imagens, fotos e vídeos utilizados nas redes sociais. A participação netnográfica e a observação
Compartilhar