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1 PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS E SEUS FUNDAMENTOS 1 SUMÁRIO PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS E SEUS FUNDAMENTOS ............................................................................ Erro! Indicador não definido. NOSSA HISTÓRIA ................................... Erro! Indicador não definido. Introdução ................................................................................................ 2 Funções executivas.............................................................................. 4 Sensação e percepção ......................................................................... 9 O símbolo, o signo e a imagem mental .......................................... 11 Discussões epistemológicas sobre a sensação e a percepção ...... 15 As leis de organização da Gestalt .................................................. 16 Memória ............................................................................................. 18 Memória, aprendizado, motivação .................................................. 22 Atenção .............................................................................................. 24 Motivação, emoção e pensamento..................................................... 28 O início da partilha social da emoção e a gênese da linguagem .... 29 Apropriação dos significados afetivos e morais nas relações intersubjetivas concretas ........................................................................... 31 A base afetivo-volitiva do pensamento ........................................... 32 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 34 file:///D:/APOSTILA/PROCESSOS%20PSICOLÓGICOS%20BÁSICOS%20E%20SEUS%20FUNDAMENTOS.docx%23_Toc63421058 file:///D:/APOSTILA/PROCESSOS%20PSICOLÓGICOS%20BÁSICOS%20E%20SEUS%20FUNDAMENTOS.docx%23_Toc63421058 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução Os estudos dos processos psicológicos básicos têm aplicação em uma diversidade de áreas da psicologia, incluindo a avaliação psicológica, a psicologia clínica, a psicologia do trânsito, a neuropsicologia, dentre outras. Em termos mais específicos, podemos verificar, por exemplo, que o conhecimento acerca dos processos psicológicos básicos tem contribuído há muito para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas de avaliação com pacientes com comprometimento cognitivo ou alterações emocionais, tal como ocorre na neuropsicologia. De maneira similar, na psicologia clínica, um conhecimento prévio sobre os processos psicológicos básicos mostra-se essencial à realização do exame do estado mental, no qual são avaliadas no paciente funções como a memória, emoção, linguagem, orientação espacial, orientação temporal, percepção, psicomotricidade, dentre outros processos cognitivos. Assim, consideramos que o entendimento dos processos básicos do pensamento e da cognição somente 4 tem a acrescentar a atuação do psicólogo, ajudando a ampliar seu horizonte de ação e prática professional. Neste sentido, em primeira instância, é interessante compreender os mecanismos psicológicos que embasam distintos indivíduos em distintas tarefas no que se refere ao desempenho. Em especial os processos psicológicos básicos que, independente de cultura ou classe social, é comum a todos os seres. Os processos psicológicos básicos se resumem em: funções executivas, sensação, percepção, memória, atenção, motivação, emoção e pensamento e em seus aspectos conceituais e metodológicos. Essas funções derivam tanto das interações de processos inatos quanto de processos adquiridos, junto a relações do individuo de experiência e vivência com o meio. Apesar das distinções desses processos é por meio de sua relação e influência que se pode compreender a dinâmica da mente, pois eles interagem e até dependem de outros processos. Funções executivas As funções executivas compreendem um conceito neuropsicológico que se aplica às atividades cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas incluem o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de decisões e a resolução de problemas. Todos esses processos cognitivos são produzidos diariamente, pois uma série de problemas - dos mais simples aos de maior complexidade - ocorrem na vida do ser humano. Assim, independente do grau de complexidade do problema, o sujeito precisa estar apto para analisar a situação (problema), lançar mão de estratégias, e antever as consequências de sua decisão. O cotidiano oferece diferentes desafios ou simplesmente situações imprevistas que exigem uma boa habilidade para um manejo adequado. Por exemplo, descobrir o melhor caminho para se chegar num determinado local, uma nova função no emprego, aumentar o orçamento doméstico, ou mesmo 5 durante o desenvolvimento da criança, que a cada momento descobre uma nova possibilidade e vai em busca de uma nova habilidade. Existem três tipos de resolução de problemas: Inferente: utilizada quando o indivíduo está frente a uma situação desconhecida e pela qual ainda não existem soluções disponíveis. Sendo assim, é necessário avaliar os elementos que compõem o problema e deduzir (inferir) qual a melhor estratégia para superar aquele problema, ou no pelo menos minimizar seus efeitos. Na medicina isso é bastante utilizado quando se tem um determinado quadro patológico desconhecido. Analógica: é o uso de recursos anteriormente utilizados em situações semelhantes. Automática: é o tipo que se caracteriza pela espontaneidade. Ocorre principalmente se a pessoa que o utiliza tem bastante prática no problema, por exemplo, um motorista experiente. Por muito tempo, acreditou-se que as funções executivas estavam relacionadas apenas ao lobo frontal, especificamente ao córtex pré-frontal. 6 Atualmente, através dos métodos de neuroimagem sabe-se que esse constructo está associado a diferentes regiões dos lobos frontais, bem como distribuídos em uma ampla rede cerebral, que inclui estruturas subcorticais e vias do tálamo. Presume-se que o córtex pré-frontal seja a região mais relacionada ao funcionamento executivo e possui papel central na coordenação e integração entre os diferentes processos cognitivos e emocionais. Além disso, Weinberger (1993) ressalta seu alto grau de conectividade, compreendendo mais de trinta por cento do peso cerebral e sua superfície. O córtex pré-frontal possui aspectos únicos que sugerem a mediação e o controle do funcionamento executivo, sendo a área que possui mais regiões cerebrais conectadas a elas, além de receber diretamente entrada de outras áreas heteromodais associativas. O córtex pré-frontal é o maior alvo neocorticaldas informações processada nos circuitos límbicos e das projeções dos circuitos. Deste modo, é a única região cortical capaz de integrar informações motivacionais, mnêmicas, emocionais, somatosensoriais e sensações externas, de maneira unificada e com metas direcionadas. O córtex frontal pode estar organizado de acordo com a natureza do material a ser processado ou com o tipo de processamento requerido. Por exemplo, a manipulação de informação em tarefas complexas normalmente ativa o córtex pré-frontal inferior direito, enquanto o córtex frontal superior é mais ativado quando a informação precisa ser renovada e mantida na memória. Stuss et al (2002) notaram que a área frontal dorsolateral direita estaria envolvida no monitoramento do comportamento e a mesma área só que do lado esquerdo estaria relacionada ao processamento verbal. De acordo com Fuster (2002) a região pré-frontal medial e cingulado anterior estariam envolvidos na reorganização da atenção e na motivação, a região pré-frontal lateral na memória de trabalho e definir, e a região órbito-medial no controle inibitório de impulsos e interferência. Como visto anteriormente, o córtex pré-frontal está envolvido com muitos aspectos cognitivos e comportamentais específicos. Contudo, Royall e colaboradores (2002) identificaram três importantes circuitos (síntese apresentada na figura 5) que estão mais relacionados ao desempenho das 7 funções executivas, com origem no lobo frontal e enviando projeções para os núcleos da base e para o tálamo. O primeiro é o circuito córtex pré-frontal dorsolateral que se projeta para parte dorsolateral do núcleo caudado e também recebe informações do córtex parietal e da área pré-motora. Esta região pré-frontal dorsolateral é uma área de convergência multimodal e parece ter relação com o planejamento, estabelecimento de metas, flexibilidade cognitiva, fluência, memória de trabalho verbal e visuo-espacial, auto-regulação e tomada de decisão. 8 Em seguida, o circuito órbito-frontal lateral têm origem no córtex pré- frontal lateral inferior e ventral anterior, projeta-se para o núcleo caudado ventromedial e recebe informações de outras áreas corticais. Esta região também recebe entrada de informação das áreas de processamento visual e auditivo dos lobos occipital e temporal. No córtex orbitofrontal, há uma forte interconexão com as áreas de processamento cognitivo e emocional. Portanto, estaria envolvido em alguns aspectos de comportamento social como controle inibitório, empatia e cumprimento de regras sociais. Por fim, o circuito do cíngulo anterior/córtex pré-frontal medial se projeta para o estriado ventral, recebe sinais do córtex de associação paralímbico, continuando até o núcleo talâmico dorsomedial. Este circuito teria relação com o monitoramento do comportamento, motivação, controle executivo da atenção, seleção e controle de respostas, recebendo informação de regiões como o hipocampo e a amígdala. De fato, os aspectos multifacetados das funções executivas e os múltiplos componentes das tarefas, dificultam a investigação e o controle das variáveis. Assim, não permitem o isolamento de uma habilidade executiva específica, o que provoca certo questionamento sobre as localizações cerebrais relacionadas ao funcionamento executivo. Ao mesmo tempo, a grande quantidade de conexões com diversas regiões do cérebro demonstra sua importância no controle da função executiva e no funcionamento de outras funções cognitivas. Essa perspectiva mais abrangente e "holista" das funções executivas pode ser lida no trabalho de Faw (2003). Nele, o autor lança a ideia do lobo pré- frontal servir como um "comitê executivo" composto de cinco membros ou cinco sistemas sub-corticais-e-posteriores: o apreendedor, o verbalizador, o motivador, o atentivo e o coordenador. Cada membro desse comitê estaria relacionado a um sistema pré-frontal e à habilidades cognitivas específicas. Segue descrição abaixo. No caso do apreendedor, via pre-frontal ventro lateral, recebe informações bem básicas sobre objetos e o ambiente de cada um dos cinco sistemas exteroceptivos. Esse sistema utiliza essas informações para discriminar e 9 identificar objetos e situações. O sistema verbalizador, via ventro lateral, também recebe informações sobre objetos e o ambiente, mas se utiliza das informações relacionadas à comunicação. Já o sistema motivador, via ventro medial orbital, recebe informações diretamente da parte perceptual, aprimorando as informações do sistema apreendedor e verbalizado. Ele também recebe informações interoceptivas, sensações do corpo, respostas emocionais. O sistema atentivo, via dorso medial, está intimamente ligado ao foco atencional, recebe e processa informações básicas dos objetos e do ambiente, assim como do sistema apreendedor, motivador e coordenador. Por fim, o coordenador, via dorso lateral, recebe informações espaciais e de todo os outros sistemas. Segundo Faw (2003), todos esses sistemas e vias pré-frontais relacionam-se com várias funções cognitivas tais como a percepção, atenção, memória, controle motor, pensamento, entre outras. De certa forma, esse comitê executivo proposto pelo autor tem um papel relevante não só para o estudo dos circuitos neurais, mas também, para a maneira de pensar o funcionamento e desenvolvimento das funções cognitivas como um todo. Sensação e percepção A sensação refere-se à experiência sensorial iniciada por um estímulo externo cuja origem está nos mecanismos biológicos dos sentidos, tais como a 10 audição ou a visão. Diferentemente, a percepção relaciona-se à interpretação que o sistema cognitivo, principalmente o cérebro, tem da sensação recebida ou que ele mesmo é capaz de produzir. A diferenciação entre sensação e percepção torna-se mais clara quando se evidenciam os dois tipos de percepção mencionadas por Wolfe (2004). Para o autor, podemos ter percepções do tipo botton up (de baixo para cima) e do tipo push down (de cima para baixo). O primeiro tipo refere-se àquelas que se originam a partir de sensações externas, por exemplo, quando em um ambiente frio passamos a tremer. No segundo caso, tratam-se de percepções que temos a partir de um fenômeno interno, tal como sentir frio e tremer em função do medo que surge ao avistar um cachorro na iminência do ataque. Como se vê, é possível que o próprio cérebro crie percepções. Por outro lado, algumas sensações físicas externas sequer são percebidas. Todos os nossos sentidos possuem limiares de disparo, tais como a faixa de frequência em que se capta um som ou o espectro de cores que se pode ver (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). Todavia, alguns estímulos externos, mesmo dentro da faixa de captação, podem não ser percebidos em função das experiências anteriores e do grau de atenção e motivação do sujeito que é exposto ao fenômeno (WOLFE, 2004). Um exemplo interessante é o das construções da microeletrônica atual. Se mostrarmos o interior de um computador para uma pessoa sem conhecimento na área, ela verá algumas peças pretas, cilindros laranjas e tubos coloridos. Caso um engenheiro seja exposto ao mesmo estímulo externo – ver o interior do computador –, ele conseguirá ver circuitos integrados, capacitores, resistores e muitas outras coisas que uma pessoa sem conhecimento na área da eletrônica poderia perceber. Igualmente, ao analisar as imagens estelares que evidenciam distantes galáxias, um astrofísico pode enxergar planetas, estrelas e diferentes corpos celestes. Já uma pessoa sem conhecimento do assunto percebe apenas manchas coloridas com pontos luminosos, sem distinguir qual é a diferença de um elemento para outro. Ela pode, ainda, aprofundar-se na observação e 11 começar a enxergar o desenho de animais, paisagens ou objetos, passando até a ver coisas que sequer lá estãode fato. Assim, entendemos que os estímulos sensoriais nos trazem sensações capazes de ativar uma série de mecanismos de origem orgânica. Todavia, esses mecanismos de input do exterior para o interior não são, necessariamente, assimilados de modo direto. O cérebro, de fato, encontra-se em uma caixa fechada, escura e impermeável (o crânio), praticamente sem acesso à realidade externa. Assim, toda a experiência com que lida ocorre pelo processamento dos dados que recebe. No entanto, essa recepção não é direta, existindo mecanismos de transdução sensorial, isto é, de processos pelos quais nossos sistemas sensoriais convertem a energia do estímulo em mensagens neurais (BEAR et al, 2002). Em resumo, a sensação não chega nua e crua aos processos de pensamento. Ela depende de interpretação, sendo este ato de decodificar o que transforma uma sensação em percepção. Nesses termos, notamos somente aquilo que é possível à estrutura mental perceber, pois nem todo estímulo é assimilado e, quando o é, pode ser feito de maneira deformante (PIAGET, 1945/1978). Em outras palavras, assimilamos os estímulos de acordo com nossas possibilidades, podendo enquadrar a sensação em uma percepção diferente. O que queremos dizer é que toda a percepção, na verdade, é uma atividade perceptiva, que se organiza na ação sobre o estímulo. Nosso ponto de vista é de que a sensação é um mecanismo muito parcial de estímulo da atividade cerebral, tendo em vista que depende, sobretudo, da capacidade de assimilação. Assim, aquilo que é transformado em percepção pode ascender aos mecanismos cognitivos e desenrolar-se em processos de pensamento. No entanto, mesmo a percepção pode produzir diferentes produtos mentais para uso do pensamento. 12 O símbolo, o signo e a imagem mental Piaget e Inhelder (1966/1977) relatam pesquisas a respeito do que chamam de imagem mental, isto é, a tentativa que o pensamento faz para construir uma cópia da realidade através de recursos representacionais e figurativos. A imagem mental é a evocação simbólica de uma realidade ausente, não sendo exclusivamente visual e podendo ser elaborada sobre um estímulo auditivo ou olfativo. Portanto, podemos ter uma imagem mental de uma música, um cheiro, um sabor etc. Além disso, Piaget e Inhelder (idem) mostram que a imagem mental não consegue capturar a plenitude e a complexidade do real, sofrendo deformações também dos mecanismos interpretativos da inteligência. Por exemplo, uma criança que aos quatro anos desenha uma linda flor e armazena essa imagem mental em seu pensamento tem sua produção artística condizente com as capacidades da idade e as habilidades até então desenvolvidas. O senso estético que classifica a beleza da imagem relaciona-se com as possibilidades de expressão a apreciação da criança, bem como as relações afetivas que se estabelece com o desenho criado. Provavelmente, o fato de ter superado aquilo que até então vinha fazendo e a abertura para novas habilidades cognitivas e afetivas permite que se chegue a essa noção do belo. Aos 30 anos esse mesmo sujeito lembra do seu desenho: compõe mentalmente uma bela flor, com traços definidos e cores destacadas. Cria essa imagem dessa maneira, mas de forma condizente com suas perspectivas atuais e ideias do que seria um bom desenho. Todavia, se tiver a oportunidade de apreciar novamente esse trabalho da infância, depara-se com o que hoje considera um apanhado de rabiscos não tão admiráveis e totalmente diferentes daquilo que imaginava. Isso ocorre porque o pensamento “atualizou” a imagem mental para aquilo que é mais condizente na época atual com o conceito de beleza. Assim, Piaget e Inhelder (1968/1979a) nos ensinam que a inteligência atualiza a memória, o que nos faz pensar que mesmo os estímulos sensoriais mais marcantes podem ser reorganizados pelo pensamento. Portanto, as 13 imagens mentais não são cópias fiéis do real, mas reflexos daquilo que fizemos com aquilo que agimos, encontrando-se em constante movimento e atualização em uma atividade perceptiva que processa e organiza os dados da realidade. Não obstante, as imagens mentais vinculadas à memória proporcionam ao pensamento atuar sobre mecanismos que são comumente chamados de figurativos (PIAGET; INHELDER, 1968/1979a). Os aspectos figurativos trazem representações imagéticas que alcançam o pensamento como uma lembrança estática, proporcionando um baixo índice de operatividade, isto é, de manipulação da situação e de inclusão dos dados oriundos dessa imagem em um processo de pensamento que se volte para o raciocínio. Em outras palavras, a imagem mental é fator primordial para o processo cognitivo, mas restringe-se a uma recuperação dos dados, sendo seu construto mental de cunho figurativo e pouco conveniente ao movimento do raciocínio. Por outro lado, através da atividade do pensamento, as percepções podem produzir símbolos e signos para representar a realidade. Os símbolos são significantes particulares produzidos pelo sujeito, sendo de caráter subjetivo; podem ser evocados mentalmente e servem para representar objetos ou situação na ausência desses. Quando nos é pedido que pensemos em uma nuvem, cada sujeito tende a usar um símbolo diferente para representar esse elemento. O símbolo é, assim, particular, sendo um significante motivado. Por tratar-se de um construto mental mais maleável e conveniente do que a imagem mental, o símbolo favorece os processos de pensamento e raciocínio. Todavia, dado seu caráter subjetivo, o pensamento simbólico não tem necessidade de maiores compromissos com a lógica e a interpretação mais aproximada do real. Ele é pura expressão da atividade mental da criança em desenvolvimento. No caso dos pequenos, por exemplo, o pensamento é predominantemente simbólico e por isso entregam-se ao jogo: acreditam no Papai Noel, criam histórias fictícias com brinquedos, interagem com amigos imaginários etc. Esse tipo de pensamento é ativo e muito particular (PIAGET, 1937/1979b), evidenciando a capacidade intelectual, as diferentes relações entre o jogo simbólico e o real, bem como as implicações entre as sensações provenientes do estímulo externo e a possibilidade de perceber e manipular essa 14 percepção que as crianças possuem. Com o desenrolar do desenvolvimento, passamos a ter que explicar nossos pensamentos e crenças para outros e, assim, entramos em maior contato com a realidade. Nosso pensamento simbólico precisa se ajustar mais ao real e encontrar formas de fazer-se entender pelos outros a fim de compartilharmos. Logo, o símbolo particular é substituído pelo signo arbitrário, cuja origem é a convenção social. Quando nos é pedido que pensemos em uma placa de trânsito que indica onde é permitido estacionar, todos evocamos ao pensamento o mesmo signo, diferentemente do caso da nuvem. O fato de ser um signo redondo com a letra “E” marcada no meio é pura convenção, sem haver motivação particular de cada sujeito. Esses “símbolos compartilhados”, ou seja, os signos é que permitem que possamos raciocinar e operar mentalmente em conjunto e no mundo social. Falamos de símbolos e signos porque são construtos diferentes da imagem mental. Eles permitem que o pensamento se valha de lógica nas suas operações. Ambos os elementos não são figurativos e servem aos mecanismos operativos do pensamento, que podemos chamar, a grosso modo, de raciocínio. Porém, que relação tem a imagem mental, os símbolos e os signos com as sensações e percepções? Os três primeiros podem ser ditos como sendo as ferramentas reais de que se vale o nosso cérebro para produzir o pensamento, seja ele figurativo ou operativo. Tal ideia nega a possibilidade de que as sensações oriundas de estímulos exteriores sejam possíveis de acessar diretamente os mecanismos cognitivos, bem como nega a possibilidade de que a memóriae os aspectos figurativos sejam os responsáveis exclusivos e predominantes dos raciocínios lógico-matemáticos. Para os estudos da aprendizagem, isso se opõe aos pressupostos de didáticas multissensoriais (SOLER, 1999) apoiadas nas neurociências e que se ocupam apenas em produzir diversos e simultâneos estímulos externos como fonte de aprendizagem. Essa refutação acontece porque não é possível garantir que esses estímulos sejam percebidos e as sensações sejam assimiladas como percepções. Ainda, essas excitações sensoriais tendem a produzir imagens 15 mentais, que se presta a evocações de lembranças e não favorecem o desenvolvimento de processos de raciocínio. Podemos afirmar, muito livremente, que a imagem mental é como uma foto ou imagem estática de um acontecimento enquanto o pensamento desenrola-se como um filme em movimento, que carece de signos e símbolos produzidos pela atividade perceptiva. Discussões epistemológicas sobre a sensação e a percepção As maneiras pelas quais interpretamos os modos de input da realidade são poderosos indicadores para o entendimento das concepções de aprendizagem que sustentam as crenças epistemológicas. Nossa opção agora é discorrer sobre a relação que as sensações e as percepções possuem com as Teorias do Conhecimento e a interpretação do mundo real. Caso entendamos que a sensação é a fonte do conhecimento e que os estímulos externos constituem-se em elementos produtores do comportamento, podemos considerar que o conhecimento está fora do sujeito, vindo de fora para dentro. Dessa maneira, os processos de aprendizagem estariam vinculados a diferentes e múltiplas formas de transmissão do exógeno para o endógeno (BEAR et al, 2002). Tal concepção epistemológica é o que tem se chamado de empirismo (PIAGET, 1937/1979b), isto é, a crença de que as origens do conhecimento estão na realidade material e são acessíveis ao sujeito através dos sentidos diretamente. A concepção empirista privilegia a experiência sensorial e a considera fonte de aprendizagem. Nesse sentido, a aprendizagem resulta de um ensino programado que seleciona e organiza os estímulos e os comportamentos adequados. De fato, podemos falar de um processo cognitivo sem estrutura mental, ou, em outras palavras, que a concepção empirista nega a mente como construto imaterial da atividade cerebral. Por outro lado, se acreditarmos na autonomia direta da percepção, prescindida de qualquer estímulo sensorial, passamos a falar de uma estrutura 16 mental que ignora um processo de criação. Diversos estudos (KOFFKA, 1975; KOHLER, 1980) tratam de uma aprendizagem oriunda de uma imediata organização da percepção denominada de insight. Tal mecanismo surgiria de um amadurecimento biológico de estruturas inatas do conhecimento, que se organizam em função de uma percepção imediata. Nesse campo, destacam-se as contribuições da Psicologia da Gestalt, que acredita em uma estrutura do pensamento sem gênese, oriunda da maturação das capacidades inatas de conhecer. Em termos epistemológicos, essa abordagem se chama de apriorismo, para a qual o conhecimento é oriundo da capacidade natural de saber. Nesse entendimento, ao nascer o homem traz consigo todas as suas capacidades, carecendo apenas de maturação ao longo da vida. Assim, a aprendizagem torna-se um processo de cuidado para que esse amadurecimento aconteça. Caso o sujeito jamais venha a aprender ou encontre grande dificuldade, então, interpreta-se que lhe falta essa capacidade inata e as estruturas a priori para aquele domínio do conhecimento. Em verdade, trata-se de uma postura epistemológica que acredita no dom e no talento como fonte do conhecimento (PIAGET, 1937/1979b; BECKER, 2001). Diferentemente de tais posições, que ora privilegiam a percepção, ora a sensação, as ideias construtivistas negam simultaneamente essas possibilidades, apostando na atividade. Opõem-se à possibilidade de um “conhecimento-cópia”, cuja realidade, através dos sentidos, apenas adentraria o plano simbólico como uma cópia exata, bem como nega a possibilidade de capacidades inatas, sem maior interação com o real. As epistemologias de origem construtivistas acreditam que a atividade mental e, por isso, também cerebral, seja elemento ativo que interpreta estímulos e percepções, construindo formas múltiplas de interpretação do mundo real. Nessa direção, conhecer implica em atividade do sujeito, o que envolve uma perspectiva de interação entre as sensações do mundo exterior e as capacidades de perceber do cérebro. O conhecimento não estaria na sensação nem na percepção, mas no encontro que se estabelece entre esses dois elementos, sendo a atividade a força motriz e produtiva dos modos de conhecer. 17 As leis de organização da Gestalt Alguns dos processos perceptuais mais básicos podem ser apresentados por uma série de princípios que descrevem o modo como organizamos fragmentos de informação para compor totalidades significativas. Conhecidos como leis de organização da Gestalt, esses princípios foram estabelecidos no início do século XX por um grupo de psicólogos alemães que estudaram padrões ou Gestalts (Wertheimer, 1923). Eles descobriram uma série de importantes princípios que são válidos para estímulos visuais (assim como auditivos) ilustrados na Figura 2: fechamento, proximidade, semelhança e simplicidade. A Figura 2a ilustra o princípio do fechamento: geralmente agrupamos os elementos para formar figuras fechadas ou completas em vez de abertas. Tendemos a ignorar os intervalos na Figura 2a e, então, concentrar-nos na forma global. 18 A Figura 2b demonstra o princípio da proximidade: percebemos elementos que estão mais próximos como agrupados. Consequentemente, tendemos a ver pares de pontos em vez de uma linha de pontos individuais na Figura 2b. Percebemos elementos de aparência semelhante como agrupados. Vemos, portanto, linhas horizontais de círculos e quadrados na Figura 2c, em vez de colunas verticais mistas. Por fim, em um sentido geral, o princípio dominante da Gestalt é o da simplicidade: quando observamos um padrão, nós o percebemos da maneira mais básica e direta possível. Por exemplo, a maioria de nós vê a Figura 2d como um quadrado com linhas em ambos os lados, e não como uma letra W sobre uma letra M. Se tivermos uma escolha de interpretações, geralmente optamos pela mais simples. Embora a psicologia da Gestalt não desempenhe mais um papel proeminente na psicologia contemporânea, seu legado ainda perdura. Um princípio fundamental da Gestalt que continua influente é que dois objetos considerados juntos formam um todo que é diferente da simples combinação dos objetos. Segundo os psicólogos da Gestalt, a percepção dos estímulos em nosso ambiente vai bem além dos elementos individuais que sentimos. Em vez disso, ela representa um processo construtivo ativo realizado no cérebro. Memória A memória é uma das funções cognitivas mais utilizadas pelo ser humano em seu cotidiano. Memória é a capacidade de armazenar informações, lembrar delas e utilizá-las no presente. O bom funcionamento da memória depende inicialmente de do nível de atenção. Para que o bom armazenamento aconteça 19 outras atividades cognitivas como a capacidade de percepção e associação é importante para que as informações possam ser armazenadas com sucesso. A memória pode ser classificada de forma simples, de acordo com a duração e os tipos de informação envolvidos: Memória de curto prazo: também conhecida como memória de trabalho, armazena (numa quantidade limitada) informações por alguns minutos. A memória de trabalho possibilita, por exemplo, uma pessoa discar um número de telefone que alguém acabou de lhe dizer ou repetir algumas frases de um texto lido naquele exato momento. Memória de longo prazo:ao contrário da anterior, a memória de longo prazo tem uma capacidade maior para o armazenamento de informações, que permanecem com o indivíduo durante longos períodos, podendo até ficar guardadas indefinidamente. Por exemplo, as lembranças de fatos ocorridos na infância, o aprendizado de conteúdos escolares, a fisionomia ou o nome de alguém que ao se vê há tempos, etc. Dentro da memória de longo prazo, encontram-se os seguintes tipos: Memória episódica: fazem parte desse conjunto os eventos vivenciados pela pessoa que os recorda, em um determinado tempo e lugar, por exemplo, uma viagem de férias, o primeiro dia num emprego, o nascimento de um filho, ou até eventos negativos como uma situação de violência. Assim, a 20 memória episódica é constituída por lembranças autobiográficas que representam um significado importante para o indivíduo. Memória semântica: corresponde ao conhecimento de fatos da vida em geral, como o idioma falado, o significado das palavras, o nome de objetos e que não têm qualquer ligação com as experiências dotadas de algum tipo de emoção, como descrito na memória episódica. Memória procedural: esse tipo de memória é ligado ao conhecimento de procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se toca um instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, etc. Com o avanço da idade, a partir do 50 anos, é comum as pessoas se queixarem de dificuldades de memória, o que traz um certo desconforto ou ate o receio de que possa ser o início de um quadro patológico, como o Mal de Alzheimer, porém é importante ressaltar que o declínio da memória como avanço da idade é completamente normal. Não é só a idade que provoca prejuízos na capacidade de memória; o estresse emocional, a depressão e problemas de ordem física são outros importantes fatores. Por outro lado, existem também fatores que favorecem a memória, como a motivação e as emoções. Quanto maior o interesse em aprender algo, melhor será o armazenamento das informações obtidas nesse processo, assim quanto maior o número de emoções (sejam elas positivas ou negativas) atribuídas a um evento mais chances dele permanecer na memória para uma futura recuperação. Consideráveis avanços têm ocorrido, nas ultimas décadas, em relação à compreensão sobre o funcionamento da memória. Resultados apontam cada vez mais que a memória não se localiza apenas em uma região, tendo suas funções compartilhadas por múltiplas estruturas de acordo com sua especificidade. Acredita-se que a região temporal medial, mais especificamente, o hipocampo seja uma das estruturas mais importantes na codificação e formação de novas memórias. Mais do que isso, Moscovitch (2003) acredita que sua 21 função seja de integração e consolidação de informações sensoriais separadas, além da transferência de informações recém-sintetizadas para estruturas de longo prazo. Enquanto o hipocampo parece ser responsável pela formação da memória declarativa, a amígdala estaria relacionada à memória emocional, dando uma tonalidade afetiva ao material aprendido. Da mesma forma, outras estruturas parecem ter relação com as memórias não-declarativas, demonstrado na figura 4. A partir de estudo realizado por Mishkin e Petri (1984), foi observado um envolvimento dos núcleos da base, em especial o núcleo caudado, na memória de procedimentos. O cerebelo apresenta papel relevante no aprendizado condicionado de respostas motoras, enquanto a amígdala relaciona-se às respostas emocionais. Por outro lado, os aprendizados não-associativos, estão envolvidos com as vias reflexas sensoriais. Estudos com neuroimagem apontam ativação da área neocortical no que diz respeito ao efeito de pré-ativação ou priming (Squire e Knowlton, 1995; Tulving e Schacter, 1990). 22 Assim como os diversos tipos de memória citadas anteriormente, as estruturas cerebrais envolvidas em cada componente da memória operacional abarcam amplas regiões do sistema nervoso que pode ser observado na tabela 1. Contudo, o córtex pré-frontal desempenha um papel crucial no processamento desse tipo de memória (Izquierdo, 2002). A alça fonológica tem seus sub-componentes localizados no hemisfério esquerdo, onde o armazenador estaria associado ao córtex parietal posterior, enquanto o mecanismo de reverberação se sobrepõe à Área de Broca e ao córtex pré-motor (Smith e Jonides, 1998). Ao mesmo tempo, o esboço visuo- espacial é composto pelo armazenador visual, localizado no córtex pré-frontal inferior e pelo mecanismo espacial, ocupando o córtex occipital anterior, córtex parietal posterior e o córtex pré-motor, ambos no hemisfério direito (O’Reilly, Braver e Cohen, 1999). Por fim, o executivo central tem representações bilaterais no córtex cerebral, e está relacionado principalmente ao córtex frontal dorso- lateral e ao córtex pré-frontal. Memória, aprendizado, motivação 23 Nosso cérebro recebe constantes estímulos externos através do nosso sistema sensorial que consiste em: tato, olfato, visão, audição e paladar. O cérebro capta essas informações que chegam a todo o momento, as processam, seleciona e estabelece quais informações serão armazenadas ou deletadas da memória. A memória é um elemento de extrema importância no processo de aprendizagem. Memória e aprendizagem estão entrelaçadas, e como aponta Izquierdo, (1989, p.89) “não há memória sem aprendizado, nem aprendizado sem experiência”. O referido autor discorre ainda que a memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis que chamamos presente. A memória e aprendizado têm um papel fundamental na vida do homem como um todo, sendo esses elementos partes integrantes do sistema nervoso. Tais componentes afetam diretamente as atividades nervosas, uma vez que aprendemos a fazer desde movimentos simples ao mais complexo como caminhar, pensar, amar, imaginar, e precisamos do lembrar para executá- las (IZQUIERDO, 1989, p. 89). Sem a função da memória teríamos que aprender e reaprender diariamente essas atividades tão triviais do nosso dia-a- dia. Raramente uma memória bem solida será descartada, em contrapartida, uma memória sem consolidação será esquecida com facilidade (IZQUIERDO; PEREIRA, 1989 apud IZQUIERDO, 1989, p. 99). Para a neurociência a memória é entendida como parte crucial de uma aprendizagem sólida, sendo totalmente contrárias às práticas de ensino que se debruçam sobre a memorização mecânica, vazia e sem sentido. Conforme exorta Carvalho (2011, p. 538), o professor precisa dar subsídio aos alunos para que “desenvolvam a inteligência, e não a simples memorização” Quanto mais memórias se consolidam, mais aprendizagens acontecem, mas esse processo memória-aprendizagem vai depender do contexto em que o aluno está inserido. Um ambiente estimulador favorece as conexões neurais, 24 facilitando a apreensão do conteúdo que está sendo ministrado. Assim sendo a aprendizagem não está relacionada somente à memória, mas também a motivação. Pesquisas feitas com ratos em laboratórios comprovaram que os animais criados em ambientes arejados com estímulos como bolas, rampas, escadas, tendo liberdade para brincar, demonstraram aumento de conexões neurais, em detrimento dos outros ratos criados em ambientes isentos de estímulos, os quais não apresentaram nenhuma mudança na estrutura cerebral (LIMA, 2009, p.159). Quanto maior for a motivação e os estímulos mais conexões irão se formar. Lima ressalta que, os ambientes de aprendizagem precisam ser devidamente planejados para possibilitar estímulos estéticos capazes de minimizar as ameaças e estimular a sensibilidade e o aconchego, permitindo organizar novos desafiose conquistas do conhecimento aos alunos (LIMA, 2009, p.160). Fernandes et al (2015) corroboraram do mesmo pensamento. Foi realizada uma pesquisa com experiências somatossensoriais para o ensino de matemática voltadas para o público com a faixa etária entre 7 e 12 anos e as metodologias empregadas foram jogos e brincadeiras, como jogos de mesa, quadro de botões, tangram, dominó, entre outros. Objetos práticos, como cilindros, bolas, pneus e etc, também foram utilizados. No final da experiência constatou-se que as notas dos alunos tiveram um aumento considerável, apontando que a relação corpo, mente e atenção não pode ser dicotomizada no processo do aprender. A partir dessas constatações científicas, entende-se que o ambiente influencia positiva ou negativamente na aprendizagem. Um ambiente que proporcione bons estímulos melhora a autoestima e desenvolve a capacidade de raciocínio, além de fortalecer as ligações neurais e a estrutura mnemônica de longo prazo, tornando-se relevante na prática pedagógica. Portanto a formação docente é um aspecto imprescindível. Atenção 25 A atenção é uma função cognitiva bem complexa e diversos comportamentos resultam de um nível adequado de atenção para serem bem sucedidos, por exemplo: assistir um filme e compreendê-lo; manter o foco de conversação em um ambiente ruidoso. A atenção também é um pré-requisito fundamental para o processo de memorização. O conceito de atenção é definido pela seleção e manutenção de um foco, seja de um estímulo ou informação, entre as inúmeras que obtemos através de nossos sentidos, memórias armazenadas e outros processos cognitivos. Em outras palavras, dirigimos nossa atenção para o estímulo que julgamos ser importante num exato momento. Os outros estímulos que não os principais, passam a fazer parte do “fundo” não sendo mais os focos na atenção. Podemos estudar e avaliar os diferentes aspectos da atenção, por exemplo: Atenção seletiva: quando o indivíduo escolhe um estímulo ao qual prestará atenção, por exemplo, ler um livro ao invés de assistir tv, mesmo que esta esteja ligada e faça ruídos ao fundo; Atenção dividida: caracteriza-se pela capacidade do indivíduo em prestar atenção em mais de um estímulo ao mesmo tempo, por exemplo, conversar enquanto dirige um veículo, trabalhar no computador enquanto atende ao telefone; Nossa capacidade de manter a concentração é restrita, e depende de inúmeros fatores, desde a falta de vontade ou ânimo por algum assunto, até a dificuldades específicas, como as presentes no TDAH (veja seção principais diagnósticos) que interferem na capacidade de atenção seletiva e dividida, ou seja, todos nós temos alguma dificuldade atencional, se isso representa um problema a ser tratado, depende do grau de comprometimento e do número de sintomas. 26 Problemas de concentração podem ser resultantes de um distúrbio atencional simples, ou a uma inabilidade de manter o foco de atenção intencional, ou até aos dois problemas ao mesmo tempo. No nível seguinte de complexidade, está o rastreamento mental que também é afetado por dificuldades atencionais. A preservação da atenção é um pré-requisito para atividades que requeriam, tanto concentração, como rastreamento mental. A habilidade de manter a própria atenção focada em um conteúdo mental fica diminuída, ou seja pode-se ter dificuldade de para se manter uma sequência de pensamentos simples, o que invariavelmente compromete a habilidade de solução de problemas mais complexos. Elucidar a natureza dos problemas atencionais, depende não somente da complexa observação do comportamento geral do paciente, assim como o desempenho em testes específicos que envolvam concentração e trilhas mentais. Somente com a comparação entre as várias observações, pode ser possível a distinção entre os déficits globais e aqueles mais discretos e normais presentes na maioria das pessoas. Devido sua complexidade, a atenção é um produto do funcionamento integrado de inúmeras estruturas corticais e sub-corticais, além de sistemas de 27 redes neurais, que constituem a neuroanatomia da atenção. O estado de alerta dá início à recepção de estímulos provenientes dos órgãos sensoriais. No tronco encefálico, mais especificamente na formação reticular, ocorre então a regulação da tenacidade (Brandão, 1995). Porém, são as projeções do sistema ativador reticular ascendente (SARA) que possibilitam a ativação cortical, a manutenção do alerta e vigília e a escolha das respostas comportamentais. A ativação inicial do córtex parietal na recepção de informações sensoriais, os núcleos da base e do colículo superior com as informações motoras, além das informações límbicas advindas do giro do cíngulo e da amígdala são reguladas através de aferências da formação reticular (Lima, 2005). As habilidades de seleção de estímulos relevantes e inibição de estímulos distratores são fatores essenciais para a cognição e processo de aprendizagem. Para Mesulam (1999), três estruturas estão relacionadas à atenção seletiva: o córtex parietal superior, relacionado com a representação espacial exterior; o córtex pré-motor lateral, responsável pela orientação e movimentos de exploração; e o giro do cíngulo anterior, associado com a monitoração da resposta. Além dessas áreas, autores como Muskat (2008) e Lima (2005) também relacionaram o córtex pré-frontal no controle voluntário da atenção, o córtex fronto-parietal e os núcleos da base no acoplamento de novos estímulos e o núcleo pulvinar no filtro de informações relevantes das irrelevantes, localização do alvo visual, engajamento. De maneira inversa, a inibição de estímulos irrelevantes está ligada aos componentes do sistema límbico com o foco dado pelos processos emocionais e motivacionais, o córtex parietal pela inibição do foco do estímulo e as áreas frontais com a alocação dos processos inibitórios (Muskat; 2008). Nos processos atencionais, diversas regiões cerebrais são acionadas, trabalhando de maneira integrada, mas para que todos componentes funcionem em harmonia é necessário um gerenciador de atividades. O controle e organização executiva da atenção têm papel fundamental não só no na manutenção da disposição para agir e controle inibitório como também no planejamento e execução direcionados à metas e auto-regulação da ação. Essa 28 função possui grande relação com as áreas anteriores do cérebro, sobretudo nas áreas pré-frontais e órbito-frontais (Estévez-González, García-Sánchez e Junque, 1997). Por fim, outras duas funções importantes na atenção é a atenção sustentada, que estaria envolvida com o tálamo e o córtex frontal anterior, e a atenção dividida, que seria ativada pelo córtex parietal anterior, córtex pré-frontal e pelo tálamo (Engelhardt et al 1995). Motivação, emoção e pensamento O estudo da emoção, em particular, tem se submetido a esta regra que remonta aos tempos em que se separavam as “faculdades da alma”, e estas, do corpo, da matéria, e não levavam em conta as interações sociais. Somente quando se estabelecem as devidas relações entre as funções psíquicas é possível avançar no conhecimento. A emoção é um exemplo. Ao percebê-la em cada função é que podemos entender seu papel para o desenvolvimento total do homem. Aqui, pretendemos demonstrar a importância dessas relações. A emoção compreendida em sua origem revela a sua primeira função. É ela que permite ao homem estabelecer os seus primeiros contatos. A emoção é a primeira forma de comunicação. O recém-nascido se comunica com o mundo, sofre a ação do mundo, e pode atuar sobre ele graças à emoção. Através dela iniciam-se as bases das relações interindividuais. As primeiras manifestações psíquicas são expressões emocionais. Espécie de pré-linguagem dirigida ao outro. A emoção, uma reação vital de vinculação com o mundoexterior. Segundo Zazzo (1974) e Malrieu (1974), as primeiras manifestações psíquicas não podem ser explicadas, somente por necessidades orgânicas, como as nutritivas, motoras ou sexuais. Eles introduzem o conceito de vinculação para esclarecer as primeiras reações interindividuais do recém-nascido. Vinculação como necessidade de relação 29 com o mundo, necessidade do outro, necessidade de laços afetivos e sociais. A noção de vinculação, tal como Zazzo (1974) e Malrieu (1974) apresentam, esclarece a relação entre o biológico e o psíquico e conduz às origens da afetividade. Para estes autores, nas reações do recém-nascido há uma necessidade do outro, que não é apenas orgânica, e está intimamente ligada às outras necessidades. Contém em si o germe de algo mais que a satisfação das necessidades biológicas. Anuncia o desenvolvimento psíquico na comunicação, na relação com o outro. O papel primordial das trocas com o outro, a análise de como estas trocas ocorrem, evoluem, organizam-se e transformam-se, podem esclarecer aspectos importantes do psiquismo individual. A necessidade do outro também depende das ações e dos afetos recebidos. As primeiras relações, geralmente com a mãe, são permeadas pela história pessoal dela. A mãe está inserida em uma cultura que, com suas instituições, representações, seus valores e significações, está presente nas relações de troca. Pouco a pouco, a vinculação é penetrada pelas experiências sociais dos outros. Desde as primeiras relações estão presentes as expectativas, as esperanças, os receios, os conflitos, enfim, todas as representações sociais inseridas numa certa cultura. Para Wallon (1995), a consciência de si mesmo, a consciência do outro e a consciência do mundo exterior se constroem na relação com o mundo e com os outros. No princípio, a criança exterioriza a satisfação ou insatisfação em gestos (choro, gritos, alívio, sorriso...) que são respondidos pelas pessoas que cuidam dela e conferem sentido a estes gestos. É desta relação emocional com o outro, indiferenciada e imediata, que nascerão as funções simbólica, da atividade intelectual e as condutas sociais adaptadas. O início da partilha social da emoção e a gênese da linguagem Nas crianças pequenas (do segundo ao quarto mês aproximadamente), é a emoção que permite estabelecer as relações interindividuais. Os bebês 30 compartilham experiências emocionais com os outros. Sorriem quando veem a mãe sorrir, modificam a expressão quando percebem tristeza. Suas manifestações são emocionalmente significativas das expressões emocionais dos outros. Seus primeiros canais de comunicação não são os símbolos, mas os mecanismos de uma intersubjetividade que, no início, é emocional. “A criança é capaz de expressões emotivas muito variadas, cuja gama é mais ou menos extensa em proporção às ocasiões de relações mais frequentes e variadas que seu meio lhe proporcionou.” (Wallon, 1956, citado por TrangThong, 1971, p. 66). As situações de interação emocional são geralmente acompanhadas da fala da mãe e das vocalizações do bebê. (Bowlby, 1969; Bretherton, 1992). A emoção não é uma linguagem. É um meio de expressão que abre o caminho da linguagem. Assegura uma função de comunicação que será fundamental no desenvolvimento da atividade simbólica. É a intercomunicação com os adultos que possibilita a aquisição da linguagem e com ela novas formas de reflexo da realidade. A aquisição da linguagem implica uma reorganização de todos os processos básicos mentais da criança. A palavra aperfeiçoa o reflexo da realidade e cria novas formas de atenção, de memória, de imaginação, de pensamento e de ação. A palavra, transmite a experiência das gerações e da humanidade. Quando é incorporada à linguagem, fecha um sistema completo de conexões no córtex infantil e converte-se em um instrumento poderoso que permite a introdução de formas de análise e síntese da realidade. Ao propiciar à criança nova forma de reflexo da realidade, a palavra reorganiza os processos mentais básicos, transforma sua atividade e forma sua consciência. A palavra se insere em quase todas as formas básicas da atividade humana. Na percepção e na memória. No estímulo e na ação. Esta é a compreensão de Luria & Yudovich (1972): 31 Apropriação dos significados afetivos e morais nas relações intersubjetivas concretas O que acontece com a emoção na reorganização dos processos mentais que ocorrem a partir da aquisição da linguagem? As emoções se transformam ao longo da vida. Neste processo entram em relação com outras funções e passam a se expressar junto ou através delas. Funções como linguagem, memória, percepção e atenção estão carregadas de emoções e sentimentos, mesmo que, às vezes, elas estejam encobertas, e seja difícil o seu reconhecimento. No processo de desenvolvimento da criança, o nexo e as relações da emoção com as outras funções não permanecem imutáveis. Surgem relações complexas entre as funções psíquicas. O que se modifica é o vínculo da emoção com a memória, a atenção, a percepção, a atividade sensório-motora, e, principalmente, a ligação com a linguagem e o pensamento. No princípio, a emoção é persistente e propagadora. Tem um “poder totalizador” sobre o comportamento (Wallon, 1995). Isto ocorre porque as emoções também operam através do sistema nervoso autônomo e hormonal que atuam em todo o corpo. Durante o desenvolvimento, na interação com a realidade mediada pelos outros que a rodeiam, a criança vai apropriando-se da linguagem e de formas sociais de comportamento que passam a interagir com a emoção, transformando-a. A emoção já não domina o comportamento. O que passa a predominar é a complexa relação que vai se estabelecendo entre a 32 emoção e as outras funções psíquicas. Com o surgimento da linguagem e de formas mais “adaptadas” de comportamento e com a aquisição da linguagem interior, a emoção é mediatizada. Sua expressão modifica-se. Não existe uma fórmula fixa que determine como estão estruturadas as funções psicológicas. Em cada momento do desenvolvimento, há mudanças concretas. As conexões concretas também surgem do desenvolvimento histórico do indivíduo que vive sob relações sociais determinadas. A apropriação da cultura, impulsionadora do desenvolvimento, se dá nas relações intersubjetivas que são emocionais, como todas as relações humanas. A internalização da cultura ocorre sob a emoção. Em determinadas situações, o caráter emocional das relações humanas está explícito. Em outras, aparece encoberto, e é difícil a sua identificação. Mas toda relação humana tem um caráter emocional. A integração da emoção com as outras funções psicológicas realiza-se através da interiorização de significados na atividade social dos indivíduos. Relações sempre permeadas de afetividade. Relações de indivíduos concretos que vivem na multiforme realidade social, que mantêm relações complexas com as pessoas ao seu redor, com instituições sociais (a família, por exemplo), com os produtos da cultura humana. Relações que se estabelecem na atividade e dependem do lugar que o indivíduo ocupa na sociedade, das condições sociais e históricas e das circunstâncias que são únicas (Lane & Camargo, 1995). Nas relações intersubjetivas concretas, a criança está internalizando significados afetivos e morais que vão construindo sua configuração psíquica e sua identidade. Nas relações entre as pessoas, estão sempre presentes os jogos de tensão, de descontração, de alegria ou tristeza, os jogos de sedução e submissão ou exercícios de poder. As relações cotidianas das crianças, como as do adulto, garantem a evolução e a partilha da alegria, da cólera, da surpresa, da tristeza ou do medo (Rimé, 1993) A base afetivo-volitiva do pensamento 33 No processo de apropriação da cultura, com a internalização da linguagem,as relações entre as funções psicológicas alteram-se. As formas mais adaptadas de comunicação vão esculpindo a emoção, tornando-a mais encoberta e mediada pela linguagem. Segundo Vigotski (1987), qualquer que seja a forma do pensamento: representações afetivas, imaginação, fantasia ou o pensamento lógico, ele tem em sua base uma emoção. No final do livro Pensamento e Linguagem escreve: A imaginação e a fantasia estão, para Vigotski (1987), a serviço da emoção; mesmo que sua expressão apareça muitas vezes como pensamento lógico, a finalidade e a direção são dadas pela emoção. 34 REFERÊNCIAS BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: Desvendando O Sistema Nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2002. BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: desvendando o sistema ner- voso. Porto Alegre: Artmed, 2002. BECKER, F. O caminho da aprendizagem em Jean Piaget e Paulo Freire: da ação à operação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. Bookheimer, S. Y. Et Al. Regional Cerebral Blood Flow During Object Naming And Word Reading. Human Brain Mapping, V. 3, N. 2, P. 93-106, 1995. BRANDÃO, M. (Org.). Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995. 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