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STEFFEN, Ana Maria Walker Roig. Teoria e Prática – Uma relação dissonante das Relações Públicas no Brasil do século XX. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. RESUMO Mateus Pacheco Braga Evangelista O presente artigo faz uma análise histórica das atividades das Relações Públicas no Brasil durante o século XX, onde ela baseia a sua discussão em torno da falta de harmonia, usada com o termo dissonância, entre a teoria e a prática da atividade relacionada a profissão. Em primeira instância, a autora cita que um dualismo é relevado quanto a ciência e a atividade da profissão e coloca de forma objetiva os fatos e o contexto histórico que ficam intrínsecos a eles e que ajudaram a formar um conhecimento cientifico sobre as Relações Públicas. Steffen inicialmente aborda o contexto histórico no Brasil, que traz uma preocupação em torno do monitoramento do interesse público. Quando o primeiro departamento de Relações Públicas é criado no Brasil, em 1914, foi seguido uma regulamentação para um melhor gerenciamento de relações entre a organização, The São Paulo Tramway Light and Power Co., e as esferas do poder executivo em relevância estadual e municipal. Diferentemente do entendimento norte-americano e canadense, que tinha as Relações Públicas como uma “espécie de atividade de relacionamento das instituições com os públicos, afim de uma melhor compreensão do último citado para com as organizações”. A autora, a partir da obra de Canfield, consegue trazer relatos históricos onde é possível entender essa percepção que se tinha sobre as Relações Públicas nos EUA e no Canadá. Esses relatos apresentam uma conjuntura histórica de revolta da população com os comportamentos das organizações e as respostas das mesmas perante a essas manifestações. Aqui no Brasil não se tem a veracidade concreta se a atividade, nesse início, seguiu os passos norte-americanos, pois na época que o primeiro departamento foi implantado, estava-se vivendo a República Velha, onde havia uma restrição considerável de progresso industrial. A partir dessa breve introdução, a autora segue uma ordem cronológica, com a descrição da atividade de Relações Públicas nos governos de Campo Salles, que ainda traz os serviços das Relações Públicas a favor de estratégias de manipulação do governo, e do governo de Vargas, após o desenvolvimento do setor industrial a partir da década 1930 e a criação dos Departamentos de Propaganda e Difusão (DIPs) que serviriam para o controle das informações sob controle do exército. A partir de 1945, o governo mantém um forte controle sobre o setor industrial e as Relações Públicas, em apoio com o Marketing, aplica alguns instrumentais de comunicação para reforçar a venda a partir de uma persuasão. Um dos instrumentais que foi bastante utilizado, foi o Evento. Entre as décadas de 1940 e 1960 foi determinado a criação de alguns serviços, dentre eles, as Relações Públicas como uma ponte comunicacional com objetivo de promover uma boa relação entre a população e a administração pública. Nesse tempo, foram realizadas diversas conferências sobre Relações Públicas, e em grande maioria foram explanadas por profissionais advindo dos EUA. Somente em 1952 foi criado a primeira empresa de Relações Públicas, a Companhia Nacional de Relações Públicas e Propaganda, visto a criação e desenvolvimento de novas empresas estatais, propostas por Vargas em seu segundo mandato e tento o apoio popular em massa. O progresso da difusão das atividades de Relações Públicas começa a partir da segunda metade da década de 1950, onde a visão moderna passa a ser mais evidente e como sempre o processo industrial foi ganhando forças e o que motivou os Estados Unidos a instalar multinacionais em território brasileiro. Tais fatos foram pontos chaves para a criação de cursos de especialização em Relações Públicas, com a promoção dos cursos na Escola Brasileira de Administração Pública. Em 1954 é criada a Associação Brasileira de Relações Públicas, sediada em São Paulo. Com as expansões das multinacionais aqui no Brasil e os seus diferenciais de tratamento com público, acabaram por trazer grandes influências que acabaram por gerar grandes passos na área. Em 1958 é realizado o Primeiro Seminário Brasileiro de Relações Públicas, no Rio de Janeiro, onde o entendimento conceitual que conhecemos atualmente das atividades de RP, consolida-se como definição oficial, sendo instituída pela Federação Interamericana de Associações de Relações Públicas. Foi em 1967 que surge o primeiro curso de Relações Públicas, a nível de graduação, com duração de quatro anos, na Universidade de São Paulo (USP). Com todo esse contexto histórico da atividade da profissão, a educação foi atingida em uma concepção que se torna necessário ter os conhecimentos teóricos e tecnológicos para trabalhar a serviço do crescimento industrial. A partir disso, os currículos dos cursos de Comunicação Social passam a sofrer alterações, aprovadas pelo Conselho Federal de Educação, incluindo Relações Públicas como disciplina profissional dois anos após a implementação do primeiro curso na USP. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Relações Públicas são instituídos por decreto a partir de 1971, onde a comunidade profissional e cientifica começou a se traçar com as realizações de eventos, decretos e associações da classe. O advento dos meios de comunicação no país são de extrema importância para a atividades inicias das Relações Públicas e, a internet passa a ter uma importância maior por possibilidades de comunicação em tempo real e dinamicidade eficiente, pois o acesso à informação é mais completo por se encontrar em diversas plataformas disponibilizadas na rede mundial de computadores. A comunicação dirigida toma mais espaço e a relação entre as organizações e os públicos tomam desenvolvimento. A partir desse contexto que se inicia a prática de Relações Públicas associada à sua teoria, onde as atividades da classe passam a ser bastante evidentes. A questão da dissonância da atividade entre a teoria e prática é analisada a partir dos eventos contextuais ocorridos no Brasil, pois como foi entendido, a atividade no início século era voltada mais para uma técnica de comunicação, onde se delimitava ao controle das informações a serviço do governo. Diferentemente da teoria bibliográfica que traz o entendimento da atividade como a conhecemos quando ouvimos falar sobre Relações Públicas. A autora acredita que as Relações Públicas no Brasil, que constam bibliograficamente divergem das atividades de prática, onde as pesquisas empíricas em campos de atuação não foram fortemente evidenciadas, o que acaba fazendo essa desarmonia entre teoria e prática, pois só temos os conhecimentos advindos por terceiros. Tudo isso gera uma grande dificuldade e colocada como questionamento, pela autora, sobre os egressos do curso ainda não terem uma forma de se expressar sobre o fazer e o ser dessa função, por conta dessa dissonância. A autora afirma, em outras palavras, que a teoria, por meio da literatura, ainda é um impasse para a real prática de Relações Públicas e para a ideia de uma boa gestão de relacionamento. É necessário que haja uma coesão entre esses parâmetros para que o desenvolvimento em pesquisas cientificas e no ser e fazer Relações Públicas seja efetivado com sucesso.
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