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Tema 01

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS 
FINANCEIROS E INDICADORES 
DE DESEMPENHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Thiago Fernandes Antunes 
 
 
2 
TEMA 1 – IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 
De que o processo desempenhado pela área financeira de uma empresa é 
fundamental, não temos dúvidas. Contudo, como podemos efetuar esse processo 
de análise de uma forma que se aproxime o máximo possível da realidade da 
instituição? A resposta se dá por meio da contabilidade. 
Para Marion (2009, p. 28), a contabilidade se define como um “instrumento 
que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e 
fora da empresa”. Sendo assim, uma série de normas e conceitos que são 
seguidos nos fornecem inúmeras informações, que são, assim, moldadas para 
qualquer que seja nossa finalidade. 
1.1 Importância das demonstrações financeiras 
A utilização dos recursos contábeis, por meio das demonstrações 
financeiras, representa um veículo de comunicação fundamental entre as 
empresas e seus stakeholders, ou seja, entre todas as partes interessadas na 
atividade daquela instituição: clientes, governo, investidores, comunidade, 
fornecedores, funcionários, dentre outros. 
 
Créditos: vegefox.com/Adobe Stock 
Aprender a ler e escrever essas informações se assemelha a aprender um 
novo idioma, uma nova língua. Isso reforça sua importância, visto que diversas 
 
 
3 
classes atuantes, em todo o processo do ciclo econômico-financeiro, podem se 
beneficiar das informações que são extraídas de acordo com suas necessidades. 
Por exemplo, Iudicibus et al. (2010) classificam os principais usuários 
dessas informações e suas principais características conforme a seguir: 
1.1.1 Sócios, acionistas e proprietários de quotas societárias de maneira 
geral 
Para esse grupo de pessoas, o foco se dá nas informações referentes à 
rentabilidade e à segurança do capital. Temos alguma outra possibilidade mais 
rentável e segura para nossos investimentos? Qual a perspectiva, num médio e 
longo prazo, de retorno versus risco desse meu capital? Como está se dando a 
geração de resultado da empresa? Que riscos incorrem? Essas são algumas das 
perguntas que os demonstrativos e relatórios financeiros, por meio de informações 
efetivas e resumidas, respondem e atendem a essa classe dos stakeholders. 
1.1.2 Administradores, diretores e executivos dos mais variados escalões 
Atuando mais intimamente no dia a dia da empresa, e com uma visão mais 
técnica dos demonstrativos e indicadores, esse grupo demanda uma ótica de 
análise mais aprofundada e constante. Isso ocorre porque, na prática, são 
efetivamente os responsáveis pelas tomadas de decisão dentro da instituição. 
Analisar e entender os demonstrativos financeiros do passado e os atuais, por 
meio de algumas técnicas específicas que veremos no decorrer da matéria, 
tornam esse processo financeiro muito mais efetivo e proveitoso. 
1.1.3 Bancos, capitalistas e emprestadores de dinheiro 
Esses entes e indivíduos utilizam os demonstrativos financeiros de forma 
muito semelhante ao primeiro grupo (acionistas, proprietários, dentre outros). No 
entanto, nesse grupo, percebe-se uma ótica mais operacional e prática, visto que 
números positivos indicam maior segurança e tranquilidade no empréstimo de 
capital. O proprietário e acionista, usualmente, possui um caráter emocional em 
suas atitudes. 
 
 
 
 
4 
Saiba mais 
Imaginemos, nesse cenário atual de pandemia, uma empresa que realiza 
eventos como casamentos, formaturas e shows. Muito provavelmente, seus 
demonstrativos e indicadores financeiros estarão nos mostrando um retorno 
financeiro negativo nesses últimos dois anos. 
Isso acenderá uma luz amarela para esse grupo responsável pelo 
empréstimo de capital, visto que não existe uma certeza de quando e como será 
essa retomada das atividades, além de números que não corroborem 
positivamente para um investimento. Por outro lado, na maior parte desses casos, 
os empresários continuam a aportar recursos em suas empresas, seja por razões 
profissionais, sentimentais ou precursionismo. 
1.1.4 Governo e economistas governamentais 
Os demonstrativos financeiros possuem dois papeis importantíssimos 
sobre a perspectiva desse grupo. O primeiro se dá em razão de servir como base 
para que o governo (federal, estadual ou municipal) cobre seus impostos, tributos 
e taxas. O segundo ponto nos remete à necessidade de economistas e entidades 
de análises globais ou setoriais pelas informações obtidas através dos 
demonstrativos financeiros se fazerem extremamente úteis, após um correto 
grupamento e aplicação de uma adequada ferramenta estatística, propiciar 
elementos apropriados para análises sob a ótica econômica. 
1.1.5 Pessoas físicas 
Por fim, os demonstrativos financeiros podem ser extremamente úteis sob 
a ótica da ordem e controle de finanças nos patrimônios pessoais. É 
extremamente viável gerarmos esses documentos e aplicarmos diversas técnicas 
de análise e indicadores em nosso patrimônio pessoal. 
1.2 Objetivos das demonstrações financeiras 
A confecção dos demonstrativos financeiros, conforme Horngren, Sundem 
e Stratton (2006), objetiva auxiliar os inúmeros usuários (dispostos no item 1.1). 
Para essa finalidade, as informações devem ser assimiladas de forma efetiva, 
visando assim prover o melhor resultado possível. 
 
 
5 
Saiba mais 
Imaginemos que o dono de uma indústria que produza facas de corte 
conceda a seus clientes um prazo superior ao praticado pelo mercado para 
pagamento de suas compras. Isso faz a demanda por seus produtos aquecer 
bastante. Para atender a essa procura, ele se depara com a necessidade de 
adquirir mais matéria-prima e mais maquinário. 
Visto esse exemplo, podemos nos questionar: como está a sua capacidade 
de compra? Ele tem fôlego para a aquisição em grande escala da matéria-prima 
que necessita? Teria capacidade, no longo prazo, para adquirir esse maquinário 
com certa tranquilidade? Como está sua liquidez? Como está seu endividamento? 
Esses são exemplos de perguntas que, após nossos estudos, além de uma 
correta disposição dos dados nas demonstrações financeiras e sua posterior 
análise, serão respondidos. 
TEMA 2 – PADRONIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E A ESTRUTURA 
CONCEITUAL BÁSICA 
No Tema 1 desta aula, compreendemos um pouco mais dos objetivos e 
relevância que as demonstrações financeiras possuem perante toda a dinâmica 
empresarial e os diversos players que participam de seu dia a dia. 
Como em qualquer nova língua que aprendemos, temos regras, padrões, 
situações específicas, dentre outros pontos que devemos ter ciência para, quando 
nos depararmos com tal condição, sabermos como agir ou até mesmo termos uma 
saída alternativa, tendo sempre como foco o resultado objetivado. 
Posto isso, é fundamental conhecermos os padrões que são seguidos 
atualmente, os direcionadores e reguladores dos registros das informações 
contábeis e as estruturas conceituais básicas que cerceiam esse processo. 
2.1 Padronização das informações contábeis 
Os dados auferidos nas empresas e dispostos nos demonstrativos 
financeiros, independente de qual deles seja, seguem algumas regras de 
contabilização, de conceito, de estrutura e de finalidade. 
Para Iudicibus et al. (2010), no Brasil, demos um grande passo em 1976 
com a criação da Lei das Sociedades por Ações. Após isso, tivemos as 
aprovações da Lei n. 11.638/07 (que transformava a lei de 1976) e da Lei n. 
 
 
6 
11.941/08 (que propôs separar o forte elo entre normas tributarias e 
contabilidade). Mais recentemente, a criação do Comitê de Pronunciamento 
Contábil (CPC), somado ao direcionamento de acompanhamento das normas 
internacionais de contabilidade oriundas do International Accounting Standards 
Board (IASB), representam esse novo ciclo (Machado; Borges, 2014). 
Saiba mais 
Leia maisem sites específicos sobre o CPC e o IASB. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC>. Acesso em: 10 dez. 2021. 
Disponível em: <https://www.ifrs.org/>. Acesso em: 10 dez. 2021. 
Todas essas leis criadas, a constituição de um comitê de pronunciamento, 
o alinhamento às normas internacionais, dentre outras diversas medidas, 
envolvem da forma mais técnica possível e comprovam um padrão que nos 
permite da forma mais confiável possível a avaliação do desempenho de uma 
empresa e seus indicadores. 
2.2 Estrutura conceitual básica 
Todos os documentos que abrangem o leque de demonstrativos 
financeiros, além de um padrão estrutural, possuem também um padrão de 
conceito. Nesse tópico 2.2, veremos os principais conceitos que abarcam os mais 
eminentes demonstrativos financeiros. 
O ativo, o passivo e o patrimônio líquido são os principais grupos dispostos 
no balanço patrimonial e as receitas, custos e despesas são os principais 
conceitos por trás do demonstrativo do resultado do exercício. 
2.2.1 Ativo 
De acordo com Marion (2009, p. 57), ativo “é o conjunto de bens e direitos 
controlado pela empresa. São os itens positivos do patrimônio; trazem benefícios, 
proporcionam ganho para empresa”. 
 
 
7 
 
Créditos: Cozyta/Adobe Stock. 
Dessa forma, podemos deduzir que todos os bens, que podem ser 
definidos como qualquer instrumento que seja capaz de gerar resultados positivos 
para empresa, sendo eles tangíveis (físicos, como dinheiro em caixa, aplicação 
financeira, uma máquina, um caminhão, um computador, dentre outros) ou 
intangíveis (não físicos, como uma marca, uma patente de produção, um processo 
inovativo), compõem o ativo de uma instituição. 
Além dos bens, o ativo também é composto pelos direitos. Esses são 
definidos como o poder de reivindicar algo, em outras palavras, o direito de ter ou 
receber alguma coisa. 
Podemos citar como exemplo uma venda que será paga de forma 
parcelada (a empresa tem o direito de receber esses valores), aluguéis de bens 
imóveis ou móveis, utilização de alguma patente, enfim, tudo que se possa 
receber em uma data futura. 
2.2.2 Passivo 
Passivo pode ser definido como “basicamente as obrigações a pagar, isto 
é, as quantias que a empresa deve a terceiros [...] assumidas normalmente por 
uma entidade” (Ludicibus et al., 2010, p. 18). 
A compra de matéria-prima para seu processo produtivo (fornecedores), 
salários dos funcionários, parcelas de financiamentos de máquinas ou capital de 
 
 
8 
giro, uma provisão, impostos e dentre outros são exemplos do que compõe o 
passivo de uma empresa. 
2.2.3 Patrimônio líquido 
Marion (2009) define que a riqueza liquida (patrimônio líquido) pode ser 
determinada se subtraindo as obrigações (passivo) dos bens e direitos de uma 
empresa (ativo). Logo: 
Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo 
ou 
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido 
Saiba mais 
Imaginemos um amigo nosso que mora em uma grande casa, num bairro 
considerado de alto padrão, que possui dois carros zero em sua garagem e um 
apartamento de frente para praia onde passa suas férias de verão. Você deve 
estar pensando o quanto de patrimônio esse camarada possui, correto? 
Errado. Existe uma probabilidade desse raciocínio estar equivocado. E se 
essa casa, o apartamento e os dois veículos estão financiados, por exemplo? 
Podemos dizer que o real patrimônio desse camarada seria o valor desses bens 
que ele possui menos sua dívida. Esse é o conceito de patrimônio líquido. 
2.2.4 Receitas 
O conceito de receita nos remete a um incremento dos ativos, que são 
oriundos das vendas das mercadorias produzidas ou prestação de serviços, que 
podem ser recebidas em dinheiro ou em direitos a receber (Ludicibus et al., 2010). 
Saiba mais 
Vamos retomar o exemplo da indústria da faca de corte. Imaginemos que 
essa empresa venda uma média de 10.000 facas por dia. Com esse processo, ela 
está gerando receita e, em razão disso, receberá um pagamento. 
Tal pagamento poderá ficar disponível em conta corrente, ser aplicado ou 
até mesmo ser efetuado de forma parcelada. Em todas essas situações, 
observamos que a um incremento no ativo da empresa. 
 
 
9 
No entanto, vale frisarmos duas situações nesse caso. Toda geração de 
receita representa um aumento do ativo. Isso ocorre pois será representado por 
entrada em dinheiro (saldo em caixa de uma venda à vista) ou em direitos a 
receber (duplicatas a receber de uma venda a prazo). No entanto, nem todo 
aumento de ativo retrata vai significar que houve um incremento de receita. 
2.2.5 Custos versus despesas 
É zeloso conceituarmos e abordarmos a sútil diferença entre os conceitos 
de custo e despesa. 
Quando falamos de custo, referimo-nos a todos os gastos que são 
utilizados no processo produtivo do bem final (numa indústria), no processo de 
prestação de um serviço (numa empresa de serviços) ou no processo de 
comercialização de um bem (no comércio). 
Podemos citar como exemplo salários dos funcionários da fábrica (que 
participam do processo de comercialização ou na prestação direta do serviço), 
depreciação de máquinas utilizadas no processo produtivo do bem final, dentre 
outros. 
Por outro lado, despesas são todos os gastos que não estão atrelados 
ao processo do produtivo, comercialização do bem ou prestação do serviço 
final. Podemos citar como exemplo salários da área administrativa, depreciação 
dos bens de escritório, serviços de limpeza (caso não seja uma empresa desse 
setor), dentre outros (Marion, 2009). 
TEMA 3 – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS VIGENTES NO BRASIL 
As demonstrações financeiras que são exigidas por Lei1 atualmente no 
Brasil são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício 
(DRE), Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Demonstração dos Lucros e 
Prejuízos Acumulados (DLPac), Demonstração de Valor Adicionado (DVA), 
Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido e Notas Explicativas. (Machado; 
Borges, 2014) 
 
1 As leis e normas que regem as demonstrações vigentes são: Normas do Conselho Federal de 
Contabilidade, Resolução n. 1.185/2009 (NBC TG 26), alterada pela Resolução n. 1.376/2011; 
Legislação do Imposto sobre a Renda no Decreto n. 000/1999; Lei Societária n. 6.404/1976 e a 
deliberação CVM n. 676/2011. 
 
 
10 
No entanto, em razão dos objetivos almejados, associados às ferramentas 
e indicadores que utilizaremos futuramente, aprofundar-nos-emos somente em 
dois: o Balanço Patrimonial (BP) e o Demonstrativo do Resultado do Exercício 
(DRE). 
3.1 Balanço patrimonial 
Stickney (2001, p. 56) define o balanço patrimonial como sendo a 
demonstração da posição financeira. Em outras palavras, pode-se dizer que se 
trata de uma foto de: 
I) Investimentos (ativo); e 
II) Suas respectivas fontes de financiamento (passivo somado ao patrimônio 
líquido). 
Situação hipotética 
Fantasiemos que você e mais três amigos queiram abrir uma empresa para 
produzir cerveja artesanal, a “Cervejaria dos Brothers”. Para isso, cada um 
dispende de R$ 125.000,00, totalizando um montante de R$ 500.000,00. Além 
disso, efetuamos uma linha de financiamento no valor de R$ 400.000,00 e uma 
de capital de giro no valor de R$ 100.000,00. 
Com esses valores, adquirimos um galpão, duas máquinas para realizar o 
processo produtivo e mais uma máquina para realizar o envase da cerveja. 
Negociamos também com inúmeros fornecedores e obtivemos a matéria-prima 
para sua produção (malte, lúpulo, fermento, latas e garrafas para a bebida, dentre 
outros), além de deixarmos a quantia de R$ 50.000,00 disponível em nossa conta 
corrente para eventuais demandas futuras. A partir disso, iniciamos a fabricação 
da cerveja para sua posterior comercialização. 
Ao final desse exercício inicial, temos: 
 
Nesse processo padrão de criação de um negócio, gostaria de chamar a 
atenção para uma reflexão. 
 Descrição 20xx Descrição 20xx
ATIVO PASSIVO
Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 50.000,00 Empréstimose Financiamentos R$ 500.000,00 
Contas a Receber R$ - PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Estoques R$ 150.000,00 Capital Social Realizado R$ 500.000,00 
Imobilizado R$ 800.000,00 Lucro/ Resultado R$ - 
BALANÇO PATRIMONIAL CERVEJARIA DOS BROTHERS S/A 
 
 
11 
Notemos a integralização de recursos próprios dos sócios (patrimônio 
líquido) somados a linha de empréstimos e financiamentos (Passivos) que são 
totalmente utilizados para a aquisição de máquinas, terrenos, matéria-prima e 
criação de caixa (Ativos). 
Após isso, a empresa inicia sua produção gerando estoque para viabilizar 
o início das vendas de seu produto (ou seja, gerar benefícios futuros). 
3.2 Demonstração do resultado do exercício 
O outro demonstrativo que conceituaremos é a demonstração do resultado 
do exercício (DRE). Ela pode ser definida como “o resultado das operações 
durante certo período [...]. A demonstração do resultado indica o lucro líquido para 
o período em foco – a diferença entre receitas e despesas” (Stickney, 2001, p. 
27). 
Continuação da situação hipotética 
Após instalada, com as máquinas prontas para uso no galpão, a “Cervejaria 
dos Brothers” continua seu processo de produção e inicia a comercialização dos 
seus produtos já prontos e disponíveis em seu estoque. No decorrer do período, 
efetuam-se vendas desse estoque na casa dos R$ 110.000,00 e se obtém um 
lucro líquido de R$ 20.000,00, conforme o demonstrativo a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
DRE - CERVEJARIA DOS BROTHERS S/A 
Receita de Venda de Bens e/ou Serviços R$ 110.000,00 
Imposto sobre as vendas -R$ 10.000,00 
Receita Líquida R$ 100.000,00 
Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -R$ 60.000,00 
Lucro Bruto R$ 40.000,00 
Despesas/Receitas Operacionais -R$ 10.000,00 
Lucro Antes dos Juros e IR (Lajir ou Ebit) R$ 30.000,00 
Despesas Financeiras -R$ 4.000,00 
Lucro Antes do IR (LAIR) R$ 26.000,00 
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -R$ 6.000,00 
Lucro Líquido R$ 20.000,00 
 
O DRE é responsável por nos mostrar, detalhadamente, se a operação da 
empresa gerou lucro ou prejuízo num dado período. Quanto tivemos de receita? 
Qual foi nosso custo? Quanto tivemos de despesas no processo produtivo? São 
essas as informações que esse demonstrativo nos traz. 
No caso da cervejaria dos brothers, notamos que sua operação resultou 
em R$ 110.000,00 de receitas, com um custo de produção de R$ 60.000,00, 
despesas operacionais e financeiras somadas na casa de R$ 14.000,00 e, como 
ela não distribuiu dividendos, um lucro líquido na casa dos R$ 20.000,00. 
3.3 A relação entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado 
do Exercício 
Se o balanço patrimonial pode ser determinado como uma foto da situação 
patrimonial de uma instituição, podemos classificar o DRE como o caminho 
percorrido entre a primeira e a segunda foto tirada. Essa situação pode ser 
ilustrada conforme a seguir: 
 
 
13 
 
Notemos que o lucro/resultado do BP do período 20xx, que até então era 
de zero reais, somado ao lucro líquido disposto no DRE 20xx que foi de R$ 20 mil 
reais representou esse incremento no ativo entre os dois períodos. 
Essa trajetória ratifica o exposto por Stickney (2001), de que o 
Demonstrativo do Resultado é o responsável por conectar os balanços 
patrimoniais do início e do final de um mesmo ciclo. 
Percebamos também que há uma dinâmica entre os players da tabela. 
Sócios e/ ou acionistas da cervejaria se uniram, tomaram mais um recurso junto 
aos credores e montaram sua empresa. Após o processo de produção da cerveja, 
começaram a vender seus produtos a seus clientes, diminuindo assim seu 
estoque, mas aumentando, em contrapartida, seu caixa e contas a receber. Isso 
porque alguns clientes os pagavam à vista (caixa e equivalentes de caixa) e outros 
a prazo (contas a receber), o que, por consequência, demandou a compra de mais 
matéria-prima para produção e continuidade desse ciclo que se retroalimenta. 
Esse movimento é justamente o que explica esses dois demonstrativos e 
representa a relação entre eles. 
 
 Descrição 20x1 Descrição 20x1
ATIVO TOTAL 1.020.000,00R$ PASSIVO TOTAL 500.000,00R$ 
Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 30.000,00 Empréstimos e Financiamentos R$ 500.000,00 CREDORES
Contas a Receber R$ 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 520.000,00R$ 
Estoques R$ 170.000,00 Capital Social Realizado R$ 500.000,00 SÓCIOS - ACIONISTAS
Imobilizado R$ 800.000,00 Lucro/ Resultado R$ 20.000,00 
BALANÇO PATRIMONIAL CERVEJARIA DOS BROTHERS S/A 
CLIENTES
 
 
14 
TEMA 4 – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS MAIS UTILIZADAS: O BALANÇO 
PATRIMONIAL 
Nos Temas 2 e 3, conceituamos os principais grupos do balanço 
patrimonial e descrevemos, sob uma ótica geral, a dinâmica entre esse 
documento e o demonstrativo de resultado. 
No Tema 4, detalharemos algumas características desse demonstrativo e 
elucidaremos todo o conteúdo abordado analisando o balanço patrimonial da 
empresa VaX do ano de 2020. 
4.1 O ativo, o passivo e a liquidez 
Um conceito interessante e que facilita a nossa leitura e interpretação do 
balanço patrimonial se deve ao fato de convencionalmente suas principais contas 
(ativo, passivo e patrimônio líquido) estarem dispostas de forma decrescente de 
acordo com a liquidez da rubrica analisada. 
Mas o que isso quer dizer? 
 
Retomemos o nosso exemplo da “Cervejaria dos Brothers”. Notemos que 
a primeira conta do ativo é “Caixa e equivalentes de caixa”, seguido pelo “contas 
a receber”, “estoques” e, por fim, o “imobilizado”. 
O que ocupa uma posição mais acima em nosso balanço representa 
justamente o que possui mais liquidez. Em outras palavras, é muito mais fácil, 
mais rápido, transformarmos um dinheiro que está numa conta corrente (em 
“caixa”), por exemplo, do que vendermos uma mercadoria e recebermos (estoque) 
ou negociarmos a venda de um terreno (imobilizado). 
Vale ressaltar que essa disposição serve também para rubricas do passivo 
e do patrimônio líquido. 
 
 
 Descrição 20xx Descrição 20xx
ATIVO PASSIVO
Caixa e Equivalentes de Caixa R$ 50.000,00 Empréstimos e Financiamentos R$ 500.000,00 
Contas a Receber R$ - PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Estoques R$ 150.000,00 Capital Social Realizado R$ 500.000,00 
Imobilizado R$ 800.000,00 Lucro/ Resultado R$ - 
BALANÇO PATRIMONIAL CERVEJARIA DOS BROTHERS S/A 
 
 
15 
4.2 Ativo circulante e não circulante 
Conforme abordado no tópico anterior, a liquidez nos remete à ideia de 
facilidade para se ter dinheiro em mãos. Na dinâmica empresarial, esse fator é tão 
relevante que dividimos o ativo em circulante e não circulante. 
O ativo circulante, de acordo com Marion (2009), pode ser estabelecido 
como os itens que podem transformados em moeda de forma simples e rápida. O 
autor complementa que esse grupo representa a classe dos recursos disponíveis 
no curto prazo, em outras palavras, o capital de giro da empresa. 
Já o ativo não circulante podemos concluir que representa a classe dos 
ativos de longo prazo. Segundo Assaf (2010), existem quatro grandes subgrupos 
no passivo não circulante, a saber: 
I) Ativos realizáveis de longo prazo; 
II) Investimentos; 
III) Imobilizações; 
IV) Ativos intangíveis. 
Saiba mais 
Para entender um pouco mais sobre ativos intangíveis, acesse a 
reportagem a seguir. 
Disponível em: 
<https://www.examcontabil.com.br/noticias/empresariais/2019/03/19/ativo-
intangivel-o-que-e-e-porque-se-preocupar-com-isso.html>. Acesso em: 10 dez. 
2021. 
4.3 Passivo circulante e não circulante 
Essa distinção entre circulante e não circulante também pode ser 
observada na categoria dos passivos. 
Assaf (2012, p. 70) define passivo circulante como “todas as obrigações a 
curto prazo da empresa, isto é, aquelas cujos vencimentos ocorrerão até o final 
do exercício social seguinteao do encerramento do balanço”. 
Por outro lado, o passivo não circulante pode ser determinado como as 
obrigações que a instituição possui. Porém, isso se dá num prazo que seja 
superior ao do encerramento do exercício seguinte (Assaf, 2012). 
 
 
16 
Após a solidificação de toda base teórica e estrutural por detrás desse 
demonstrativo, exploraremos a seguir o balanço patrimonial de uma empresa do 
setor de comércio listada em nossa bolsa de valores e que nos acompanhará por 
todo nosso estudo: a VaX S.A. 
BALANÇO PATRIMONIAL VaX S/A 31/12/2020 
 Descrição 
2020 (em 
milhões 
de R$) 
 Descrição 
2020 (em 
milhões 
de R$) 
 Ativo Total 24647 Passivo Total 24647 
 Ativo Circulante 16799 Passivo Circulante 13416 
 Caixa e Equivalentes de Caixa 1681 Obrigações Sociais e Trabalhistas 360 
 Aplicações Financeiras 1222 Fornecedores 8501 
 Contas a Receber 4762 Obrigações Fiscais 401 
 Estoques 5927 Empréstimos e Financiamentos 1667 
 Tributos a Recuperar 717 Outras Obrigações 2487 
 Outros Ativos Circulantes 2490 
 Ativo Não Circulante 7848 Passivo Não Circulante 3906 
 Ativo Realizável a Longo Prazo 1851 Empréstimos e Financiamentos 20 
 Investimentos 387 Outras Obrigações 2180 
 Imobilizado 3723 Tributos Diferidos 25 
 Intangível 1887 Provisões 1380 
 Lucros e Receitas a Apropriar 301 
 
 Patrimônio Líquido Consolidado 7325 
 Capital Social Realizado 5952 
 Reservas de Capital -213 
 Reservas de Lucros 1575 
 Outros Resultados Abrangentes 11 
Fonte: BmfBovespa (2021). 
Nessa “foto” financeira de 31 de dezembro 2020 da VaX S.A., constatamos 
um ativo total na casa dos 24,647 bilhões de reais, que é o mesmo valor da soma 
do passivo (17,322 Bi) e do patrimônio líquido (7,325). 
Notamos estruturalmente seus bens e direitos (ativo) à esquerda e suas 
obrigações (passivo + patrimônio líquido) à direita, ambos em ordem decrescente 
de liquidez. Constatamos também 1,575 bilhões em lucros acumulados (reservas 
de lucros), rubrica que detalhamos no DRE, visto se tratar diretamente de 
resultado. 
Alguns valores nos chamam a atenção de forma isolada, como o valor a 
receber no curto prazo (4,762 bi), o valor dos estoques (5,927 bi) e do imobilizado 
(3,723) do lado do ativo. 
 
 
17 
Já da ótica do passivo, temos o montante de fornecedores (8,501 bi) e 
outras obrigações (2,487 bi) no curto prazo. Já no passivo não circulante, a 
quantia de outras obrigações (2,180). 
Desse modo, esses valores das obrigações parecem elevados, não? Mas 
será que isso é perigoso para a VaX S.A.? Ela tem capacidade para arcar com 
isso? Será que não é um valor baixo de ativo? Esses são alguns exemplos de 
perguntas que responderemos futuramente. 
TEMA 5 – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS MAIS UTILIZADAS: 
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
Nesse último tema da aula, discutiremos o demonstrativo do resultado da 
VaX S.A. Como será que foram suas receitas frente aos seus custos e despesas 
no ano de 2020? 
 Descrição 2020 (em milhões de R$) 
 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 29177 
 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -21658 
 Resultado Bruto 7519 
 Despesas/Receitas Operacionais -6695 
 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos (LAJIR ou 
EBIT) 824 
 Resultado Financeiro -410 
 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro (LAIR) 414 
 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -22 
 Resultado Líquido das Operações Continuadas 392 
Fonte: Bovespa (2021). 
Notamos uma receita no ano de 2020 de 29,177 bilhões. Subtraindo o custo 
tido na produção dos bens e/ou serviços vendidos, chegamos ao resultado bruto 
(7,519 bi). Ao se subtrair as despesas comerciais e administrativas, alcançamos 
o LAJIR, que se trata do resultado das operações da empresa, que foi de 824 
bilhões em 2020. 
A partir desse momento, subtraímos o resultado financeiro (juros dos 
credores; -410 mi) e o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro (IR 
e CSSL; -22 mi), atingindo o resultado líquido daquele período (392 bilhões). Esse 
é o valor de seu resultado e que pertence totalmente aos acionistas. 
Por fim, a maioria das empresas tem uma política de distribuição dos 
dividendos. Isso faz com que a reserva de lucros acumulada de um ano para outro 
não seja o mesmo montante do resultado líquido, conforme a fórmula a seguir: 
 
 
18 
 
 
Reserva de lucro do ano anterior + Resultado líquido – Dividendos = 
Reserva de Lucro do ano atual 
 
Exemplifiquemos através da representação do patrimônio líquido 
consolidado da VaX S.A. presentes nos balanços patrimoniais dos anos de 2019 
e 2020: 
 Descrição 31/12/2020 31/12/2019 
 Patrimônio Líquido Consolidado 7325 7565 
 Capital Social Realizado 5952 5953 
 Reservas de Capital -213 199 
 Reservas de Lucros 1575 1410 
 Outros Resultados Abrangentes 11 3 
Fonte: Bovespa (2021). 
Se somarmos o resultado líquido de 392 milhões às reservas de lucros do 
ano de 2019, chegamos ao valor de reservas de lucros do ano de 2020. Porém, a 
empresa distribuiu dividendos (que, no ano de 2020, foi da ordem de 227 mi), o 
que resultou no incremento observado 165 milhões (1575-1410) nas reservas de 
lucros do ano de 2019 para 2020. 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ATIVO intangível: o que é e porque se preocupar com isso. Exam Contábil, [S.d.] 
Disponível em: 
<https://www.examcontabil.com.br/noticias/empresariais/2019/03/19/ativo-
intangivel-o-que-e-e-porque-se-preocupar-com-
isso.html#sthash.VMcd358g.dpuf>. Acesso em: 10 dez. 2021. 
BRASIL. Lei n. 6404, de 15 de dezembro de 1976. Planalto, 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 10 dez. 
2021. 
HORNGREN, C. T.; SUNDEM, G. L.; STRATTON, W. O. Contabilidade 
gerencial. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006 
IUDICIBUS, S. de; MARTINS, E.; KANITZ, S. et al. Contabilidade introdutória. 
11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
MACHADO, M. V.; BORGES, A. P. A importância da análise das demonstrações 
contábeis para as micro, pequenas e médias empresas. Revista Borges: Estudos 
Contemporâneos em Ciências Sociais e Aplicadas, Florianópolis, v. 5, n. 2, p.13-
23, dez. 2014. ISSN: 2179-4308. 
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à 
revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
STICKNEY, C. P.; WEIL, R. L. Contabilidade financeira: uma introdução aos 
conceitos, métodos e aplicações. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

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