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GESTÃO DE CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS UNIDADE 4 – NEGOCIAÇÃO E GESTÃO DE NEGÓCIOS: COMO GERENCIAR E ESTRUTURAR UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA CLÍNICAS E CONSULTÓRIOS Autoria: Johny Henrique Magalhães Casado – Revisão técnica: Katianny Gomes Santana Estival Introdução A gestão de empresas tem apresentado cada vez mais desa�ios, realidade que também se observa no setor da saúde. Organizações e pessoas devem sempre buscar capacitação e conhecimento para que possam obter os melhores resultados nas mais diferentes situações. Empresas da área da saúde precisam, sempre que possı́vel, buscar formas de demonstrar à sociedade e aos seus gestores que estão alinhadas às expectativas em relação à qualidade de seus serviços. Além de transmitir mais segurança a seus clientes, a organização que cuida desse aspecto terá a oportunidade de se diferenciar diante da concorrência. Cada empresa trabalha com um serviço especı́�ico e, para inovar, deve estudar o ambiente para atender aos anseios e necessidades de sua clientela, assim como ter uma boa visão na sociedade de forma geral. Nesta unidade, além do tema negociação, serão abordados aspectos relacionados à contabilidade e à forma como ela pode colaborar com a gestão de negócios visando à obtenção de melhores resultados. Veremos os custos relacionados ao setor de serviços e, principalmente, os aplicados à saúde. Para �inalizar, você conhecerá o conceito e a estrutura do plano de negócios, uma importante ferramenta de gestão, cujo conhecimento é indispensável a todos que pretendem empreender ou realizar novos projetos dentro da organização em que atuam. Bons estudos! 4.1 A importância da negociação para os negócios A escassez de recursos, a necessidade de comprar insumos, a busca pelos melhores talentos e tantas outras situações fazem do ambiente empresarial um campo de negociações constantes. As situações diversas do dia a dia organizacional exigem que gestores conheçam estratégias de negócios para a busca de melhores resultados. As diferentes tarefas desempenhadas pelos pro�issionais demandam capacitação frequente e bom conhecimento de técnicas e aspectos relacionados à negociação, de modo a apoiar a resolução de situações que envolvem o ambiente organizacional. 4.1.1 Negociação – principais definições e conceitos O ato de negociar pode ser compreendido como o conjunto de ações e atitudes que visam à solução de algum tipo de con�lito. Diversas situações impõem uma negociação; por isso, em qualquer setor, saber negociar é extremamente necessário e útil (SCAVONE JU� NIOR, 2020). Algumas nações são caracterizadas por serem dotadas de espı́rito negociador; em outras, como no Brasil, a negociação é tida como algo ligado ao improviso e à falta de preparo. A negociação não havia sido abordada em nosso paı́s com profundidade até meados da década de 1980. Até então, eram poucas referências ao estudo da negociação pelas universidades e organizações. Segundo Martinelli (2015, p. 15), “[...] não havia praticamente nada escrito sobre o assunto, principalmente em português. Nas décadas de 1990 e 2000, porém, o tema negociação tornou-se um assunto muito discutido e aumentou muito a procura por cursos e treinamentos nessa área”. Os anos de 2000 trouxeram um enfoque sobre o assunto. Surgiram cursos elaborados, de MBA e pós- graduação, e as empresas começaram a investir em treinamentos ministrados no próprio ambiente empresarial. Naquela década, a negociação passou a fazer parte do plano de desenvolvimento de pequenas, médias e grandes empresas no Brasil. O mercado impõe uma série de pressões para que as organizações negociem. Aspectos éticos, força de trabalho, operações em tempo real, orientação ao cliente, inovação, novas tecnologias e regulamentação são circunstâncias que exigem negociações. Segundo Tajra (2014, p. 78): Para estabelecer relacionamentos, implantar uma ideia, vender serviços e constituir grupos de trabalho, o pro�issional precisa negociar. Em outras palavras, a negociação está sempre presente. Negociar faz parte da interação social e tem ligação direta com os relacionamentos pessoais. A boa negociação está, portanto, associada aos processos de comunicação vistos anteriormente. Em uma negociação, duas ou mais pessoas interagem a �im de compartilhar interesses, de maneira que todas obtenham ganhos. Diversos motivos in�luenciam as negociações e o modo e a frequência dessa dinâmica. Albertin e Albertin (2016, p. 7) explicam que “[...] o mercado tem se tornado mais competitivo, local e globalmente, e as empresas, como resposta a essas caracterı́sticas, buscam aumentar sua e�iciência e reduzir seus custos por meio de melhorias e mudanças de processos”. Essa competitividade exige que as empresas empreendam negociações na tentativa de aproveitar as melhores oportunidades no mercado em que atuam. Compreender as regras de negociação é muito importante para que a empresa possa atender às suas necessidades. Permite que ela, por exemplo, crie e estabeleça importantes parcerias de negócios. No entanto, o espectro da negociação foi mudando com o passar do tempo: se antes as organizações e os pro�issionais buscavam obter o máximo de vantagens possı́vel nas negociações, atualmente no mercado impera o tipo de negociação em que ambas as partes obtêm ganhos; assim, cria-se uma relação de con�iança. De acordo com Martinelli (2015, p. 15), “[...] ter ambos os lados envolvidos na negociação satisfeitos, com suas necessidades básicas supridas, é fundamental, além de ser uma visão mais recente sobre o assunto, já que, no passado, pensava-se em atender às próprias necessidades, sem se preocupar com o outro lado”. VOCÊ QUER VER? A negociação ocorre em todos os momentos da vida de uma pessoa. Nas organizações, ela é uma constante. Conheça aspectos relacionados à negociação que podem ser empregados nas mais diferentes situações do dia a dia: assista à palestra A arte da negociação, disponıv́el em: https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g (https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g). https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g #PraCegoVer: à esquerda, de lado, aparece uma mulher com cabelos castanhos amarrados, camisa branca e blazer azul marinho cumprimentando com um aperto de mão um homem que está na sua frente. Ele tem cabelos castanhos, usa óculos e está vestindo uma camisa branca e terno e gravata azuis. Ao lado dele, aparece uma mulher de braços cruzados que tem cabelos loiros amarrados e veste uma camisa branca e blazer azul marinho. Os três estão sorrindo. Atrás, aparecem parte de uma porta de vidro e de uma parede cinza. Essa nova lógica da negociação está presente na maioria das empresas contemporâneas. Entretanto, também é de conhecimento geral que há algumas instituições que desejam tirar proveito das demais em momentos de negociação. Todos os indivı́duos que conduzem ou participam de um processo de acordo devem conhecer estratégias que lhes possibilitem negociar em diferentes situações. A construção de um relacionamento, sem dúvida, é uma das mais importantes técnicas que podem ser adotadas para que o processo de negociação �lua com qualidade e atendendo aos interesses de ambos os lados. Ao procurar estabelecer um bom relacionamento entre as partes, os problemas podem ser superados mais facilmente. Um bom relacionamento com o interlocutor da negociação permite o estabelecimento de uma relação comercial duradoura. Não sejamos ingênuos, é certo que em uma negociação, assim como em qualquer acordo, nem sempre haverá satisfação plena de ambas as partes. No entanto, se uma delas sair da negociação sentindo-se humilhada ou enganada, somado o sentimento de triunfo por parte do outro negociador, será perfeitamente possı́vel que o relacionamento entre ambas seja rompido, impedindo novas negociações. (SARFATI, 2010, p. 7) Um dos grandes objetivos de todasas negociações é atender aos interesses de todos os envolvidos, sem causar nenhum tipo de trauma ou afastamento posterior. Como regra geral, recomenda-se que os indivı́duos apresentem �lexibilidade, de modo a se chegar a acordos interessantes e que alcancem os objetivos almejados. Figura 1 - Acordo de negócios Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2020. Conforme explica Tajra (2014, p. 78), “[...] negociar exige barganhar, discutir intenções e pontos de vista, conhecer estratégias de persuasão, realizar desejos, reduzir con�litos, evitar complicações jurı́dicas, harmonizar as diferenças e promover diálogos, exige, ainda, �lexibilidade”. Qualquer tipo de negociação apresenta três variáveis básicas, as quais são fundamentais ao sucesso. Conheça- as a seguir: #PraCegoVer: à esquerda, há três cı́rculos de cor azul escuro, um embaixo do outro, com as seguintes palavras de cima para baixo: poder, tempo e informação. Entre eles, aparece um sinal de mais na cor cinza claro. Do lado direito da palavra tempo, aparece uma seta também em cinza claro apontando para um cı́rculo maior na cor azul escuro. Dentro dele, há a palavra negociação. O poder, primeira variante, em geral é negativo, porque usualmente sugere superioridade de um lado sobre o outro. Em um processo de negociação, as partes possuem mais poder do que elas imaginam, porque “[...] ainda que não se usem abertamente os poderes em uma negociação, é útil conhecê-los. Contudo, também é importante fazer uso do poder para mostrar à outra parte que o único caminho para ela vencer é ambos vencerem, juntos” (MARTINELLI, 2015, p. 19). Com relação a esse aspecto, é necessário apresentar duas diferenciações. Clique nos ı́cones para conhecê-las: Figura 2 - Variáveis básicas das negociações Fonte: elaborada pelo autor, 2020. • Poderes pessoais São poderes inatos, que se fazem presentes em qualquer tipo de situação e independem do papel, conhecimento ou das habilidades do indivıd́uo na negociação. São tipos de poderes pessoais o poder da moralidade, que está relacionado às questões morais que são caras ao negociador; há também o poder de atitude, ligado às ações, atitudes e decisões que determinam o comportamento; o poder da persistência, pautado na perseverança em alcançar o objetivo da negociação; e também o da capacidade de persuadir, relacionado à habilidade de convencer e satisfazer as necessidades do outro lado da negociação (MARTINELLI, 2015). Poderes circunstanciais Surgem de acordo com a situação de negociação que está sendo desenvolvida. Portanto, possuem grande relação com o tipo de negociação. Em relação aos poderes circunstanciais, há subdivisões: o poder do especialista, que está relacionado ao objeto da negociação à pessoa com quem se faz o processo; o poder de posição, que possui intrıńseca relação com a posição ou o cargo/função de quem está negociando; o poder do precedente, quando se analisa algum fato anterior que tenha aberto algum importante precedente na negociação; o poder de conhecer as necessidades, que trata de reconhecer aquilo de que o outro lado necessita, mesmo que ele não exponha essa necessidade de forma latente; o • poder de barganha, imbricado com a capacidade de exercer in�luência para que se possa vencer obstáculos e conquistar objetivos (MARTINELLI, 2015). Como segunda variável básica da negociação, o tempo é um elemento importante a ser considerado, porque pode in�luenciar o acordo. A análise do tempo deve considerar que ele é o “[...] ponto de apoio para se projetar o negócio, com consequente satisfação dos envolvidos. Em razão de ser ilimitado, pode, portanto, ser controlado. Normalmente, as partes envolvidas em uma negociação têm um prazo limite” (MARTINELLI, 2015, p. 20). O terceiro aspecto básico a ser analisado é a informação. E� necessário evitar a chamada assimetria de informação, “[...] resultante do fato de uma parte possuir maior conhecimento do que a outra em relação ao produto a ser negociado” (SARFATI, 2010, p. 21). Deter informações especı́�icas acaba se tornando um importante ativo no momento da negociação. Ne gestão de saúde, os con�litos são pontos frequentes no momento da negociação. Por isso, é importante considerar que o setor já impõe diversas situações de tensão que fazem com que todos os pro�issionais que nele atuam busquem formas de resolução; uma delas é justamente a negociação (CLARO; CUNHA, 2017). 4.1.2 A importância da preparação para uma negociação Organizações e pro�issionais têm à disposição uma série de ferramentas que podem ser utilizadas no momento de uma negociação. Sem dúvida, o preparo é de extrema necessidade para que seja possı́vel lograr êxito em um processo de negociação, seja ele qual for. Conhecer aspectos relacionados ao processo de negociar torna-se um grande trunfo. Uma das ferramentas elaboradas por estudiosos que pode ser aplicada em negociações de clı́nicas e consultórios é conhecida como método Osiris, que, de acordo com Mouton (2018, p. 4), “[...] permite ao negociador certi�icar-se de que não há nenhum descuido na preparação de sua negociação. Esse checklist comporta seis pontos cujas iniciais formam a palavra Osiris”. Osiris é o anagrama formado pelos fatores usados para a estruturação do método. Observe a �igura a seguir: #PraCegoVer: na imagem, estão os seguintes termos e palavras escritos em azul claro um embaixo do outro: objetivo, sequências causais, interlocutores, relação de forças, in�luência e sentido. A primeira letra de cada linha está destacada em azul escuro, para mostrar que formam o acrônimo/sigla Osiris. Agora, vamos conhecer cada aspecto detalhadamente. Clique nos ı́cones! Figura 3 - O acrônimo Osiris Fonte: elaborada pelo autor, 2020 Os negociadores devem saber formar e constituir os seus objetivos, os quais devem ser claros e precisam ser �irmados durante toda a negociação. • Objetivo Com a ferramenta Osiris, o negociador “[...] pode abordar a negociação com um preparo operacional tanto na análise de sua relação de forças quanto na análise de seus desa�ios” (MOUTON, 2018, p. 4). Uma preparação e�iciente para o momento da negociação garantirá maior tranquilidade e segurança ao indivı́duo. Com relação ao preparo, os autores Lewicki, Saunders e Barry expõem que: A preparação e�iciente requer uma abordagem abrangente e criteriosa desses objetivos. Os negociadores devem especi�icar metas e objetivos com clareza. Isso inclui uma listagem de todas as metas que desejam atingir em uma negociação a de�inição das prioridades dessas metas, a E� o processo relacionado aos motivos que levaram à negociação. Podem ser causas distantes, próximas ou elementos desencadeadores. No momento de se preparar para uma negociação, todos os fatores sociais e psicológicos relacionados ao processo precisam ser levantados e estudados. E� preciso haver preparo para vários cenários que possam surgir ao longo da negociação. Um inventário discriminando fortalezas e fraquezas que estejam relacionadas ao processo de negociação auxilia os indivı́duos a se prepararem para qualquer adversidade que possa surgir durante o processo. E� uma importante tática que busca criar pontos em comum com o interlocutor, de modo a in�luenciá-lo no momento da negociação. Compreender quais são os desa�ios reais do processo de negociação auxilia os indivı́duos a entenderem quais são os possı́veis ganhos a serem obtidos e quais são os desa�ios que serão enfrentados. • • • • • Sequências causais Interlocutores Relação de forças In�luência Sentido identi�icação de pacotes com múltiplas metas em potencial e a avaliação dos possı́veis trade-offs entre múltiplas metas. (LEWICKI; SAUNDERS; BARRY, 2014, p. 111) Na �igura a seguir, veja as principais vantagens de se preparar bem para uma negociação e também algumas observações relacionadas: #PraCegoVer: tratam-se de duas listasrelacionais em tons de cinza dispostas lado a lado. A primeira delas tem como tı́tulo a palavra vantagens, colocada dentro de um retângulo cinza escuro. A partir dela, sai uma linha que leva até outros três retângulos menores, todos de cor cinza claro. Dentro deles, estão escritas três vantagens, que são, respectivamente: possibilitar ao negociador uma preparação mı́nima; permitir associar a cada ponto um ou vários argumentos diferentes e enriquecer a argumentação; e dar-lhe um meio mnemotécnico para estruturar sua preparação. A segunda lista tem como tı́tulo a palavra observações, também colocada dentro de um retângulo cinza escuro. A partir dela, sai uma linha que leva a dois retângulos menores de cor cinza claro. As observações são: uma preparação séria, sobretudo em negociações com grandes desa�ios estratégicos, não pode limitar-se à estrita aplicação desse checklist; e em negociação, não basta dizer “eu quero” para obter algo; também é preciso apresentar argumentos sólidos. Figura 4 - Vantagens e observações do processo de preparo para uma negociação Fonte: adaptada de MOUTON, 2018. Preparar-se para uma negociação é importante independentemente de sua natureza ou porte. Essa preparação sempre deve ser feita por ambas as partes do processo. O pro�issional pode se preparar para o processo de negociação a partir de diferentes estratégias. O método Osiris é apenas um dos mais adequados, e de fácil emprego no setor de clı́nicas e consultórios. VOCÊ QUER VER? Que tal conhecer o passo a passo de uma boa negociação? Saber como desempenhar esse processo é fundamental para todos que precisam negociar condições melhores no dia a dia das empresas do setor de saúde. Então, clique no link e assista a um vıd́eo em que conhecerá dicas para se tornar um bom negociador: https://youtu.be/Xmy4c- n4l8k?t=114 (https://youtu.be/Xmy4c-n4l8k?t=114). 4.2 Contabilidade como suporte para decisões Nas empresas, a contabilidade é de grande importância, tanto para a geração de informações que auxiliem no processo de tomada de decisões quanto para o controle do patrimônio. Ela ainda tem como tarefa fundamental garantir que a organização cumpra todas as obrigações relacionadas aos processos �iscais e contábeis legalmente impostos. O setor contábil, para as clı́nicas e consultórios, ajuda no controle das atividades e garante maior e�iciência nos processos internos de gestão. Vamos entender por quê? 4.2.1 Princípios da contabilidade que colaboram com a gestão A contabilidade é uma ciência social aplicada; por isso, evolui na mesma velocidade que a sociedade. Entretanto, alguns princı́pios e postulados são considerados sua base e mudaram pouco ao longo dos últimos anos (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009). Eles são fundamentais a todos pro�issionais da área contábil, independentemente do tamanho da entidade na qual atuam, e servem principalmente para nortear as ações no dia a dia de trabalho. https://youtu.be/Xmy4c-n4l8k?t=114 https://youtu.be/Xmy4c-n4l8k?t=114 https://youtu.be/Xmy4c-n4l8k?t=114 De acordo com Mariano (2013), a principal função da contabilidade na gestão de clı́nicas e consultórios é gerar informações para a tomada de decisão e controle dos gestores. Portanto, é necessário compreender como ela está organizada para entender como ela pode contribuir na geração de dados. A contabilidade sofre a in�luência de diversos fatores, tanto dentro como fora dos muros da empresa. No ambiente interno, está ligada à preocupação de atender aos anseios dos gestores dos negócios, que requerem informações de qualidade e �idedignas (MARIANO, 2013). A sociedade é o ambiente no qual a contabilidade se desenvolve, mas também acaba sendo in�luenciada pelos impactos contábeis de todas as empresas. Como o corpo social é dinâmico, essa área também precisa ser. Os usuários da contabilidade devem receber as informações com o máximo de exatidão para que possam tomar as melhores decisões. Além disso, todos os dados devem seguir os princı́pios da contabilidade (MARIANO, 2013). Compreender o papel da contabilidade dentro das empresas auxilia a entender como ela poderá estar organizada para fornecer as informações necessárias à gestão (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009). Os postulados são princı́pios contábeis considerados elementos vitais e básicos; são pilares nos quais esse campo de ação está estruturado. Há dois elementos principais: o postulado da entidade contábil e o da continuidade. VOCÊ QUER LER? A contabilidade pode se tornar uma importante ajuda para as clıńicas e consultórios, porque ampara a resolução dos problemas �inanceiros, de �luxo de caixa, de controle de custos e também auxilia na preci�icação dos produtos e serviços. No artigo Contabilidade da empresa: entenda a importância para clínicas médicas, conheça de perto seu impacto. Clique no link e aproveite: https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade-na-empresa-entenda-a- importancia-para-clinicas-medicas/ (https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade- na-empresa-entenda-a-importancia-para-clinicas-medicas/). https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade-na-empresa-entenda-a-importancia-para-clinicas-medicas/ https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade-na-empresa-entenda-a-importancia-para-clinicas-medicas/ https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade-na-empresa-entenda-a-importancia-para-clinicas-medicas/ https://medicalbox.com.br/blog/contabilidade-na-empresa-entenda-a-importancia-para-clinicas-medicas/ #PraCegoVer: aparecem os braços de uma mulher que está vestindo uma blusa branca de mangas compridas e usando esmalte dourado nas unhas. Com a mão direita, ela está segurando um lápis de corpo cor verde água com borracha na ponta enquanto digita em uma calculadora. Ela está trabalhando em uma mesa branca. Embaixo da calculadora e dos braços da mulher, há folhas de sul�ite com várias tabelas e grá�icos de pizza coloridos. No fundo, da esquerda para a direita, aparecem: um óculos, um telefone branco, um notebook, um bloco de notas amarelo mostarda, um mouse branco sem �io, um vaso branco com uma planta, um suporte aramado amarelo com folhas retangulares de papel e um grampeador cor de rosa. A contabilidade é uma ciência social aplicada e possui um caráter prático. Com o passar dos anos, alguns critérios foram desenvolvidos visando à normalização e à normatização da forma como as entidades devem controlar seu patrimônio. Existem seis princı́pios básicos da contabilidade: entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original, prudência e competência. O princı́pio da entidade, dada a sua abrangência, tem o status de postulado. Ele apregoa que o patrimônio da entidade “[...] não se confunde com o dos seus sócios ou acionistas, ou proprietário individual. Esse princı́pio se estrutura na personalidade (entidade e proprietário(s) são pessoas distintas, juridicamente inclusive) e na autonomia patrimonial (patrimônio personalizado e autônomo)” (GREGO; AREND, 2016, p. 26). De acordo com o princı́pio da continuidade, também considerado um postulado, “[...] a empresa deve ser avaliada e, por conseguinte, ser escriturada, na suposição de que a entidade nunca será extinta; os ativos dessa empresa serão avaliados partindo desse pressuposto” (PADOVEZE, 2016, p. 101). Ele existe porque as entidades são constituı́das para “[...] operar por um perı́odo de tempo relativamente longo no futuro e esta premissa somente é abandonada quando um histórico de prejuı́zos persistentes e a perda de substância econômica e de competitividade de mercado” (IUDI�CIBUS; MARION; FARIA, 2018, p. 76). Figura 5 - Contabilidade Fonte: LittlePigPower, Shutterstock, 2020. O terceiro princı́pio da contabilidade é o da oportunidade, o qual tem como função garantir que, na contabilização do patrimônio da entidade, a mensuração e a evidenciação dos componentes patrimoniais produzam informações ı́ntegras e tempestivas. Outro princı́pioda contabilidade é o registro pelo valor original, de acordo com o qual “[...] os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional” (GRECO, AREND, 2016, p. 77). O princı́pio da competência é explicado por Coelho e Ribeiro (2019, p. 93): Esse é um dos mais importantes fundamentos da Contabilidade, uma vez que direciona a apuração dos resultados do perı́odo pela inclusão das receitas e das despesas que tiveram seus fatos geradores ocorridos durante o respectivo perı́odo, independentemente de as receitas terem sido recebidas e de as despesas terem sido pagas no respectivo perı́odo. O sexto e último princı́pio é a prudência, que prega que a contabilidade deve sempre efetuar o registro mais prudente de cada situação, de maneira a evitar qualquer surpresa desagradável. Ele “[...] determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quanti�icação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio lı́quido” (COELHO; RIBEIRO, 2019, p. 121). VOCÊ SABIA? As informações �inanceiras levantadas pelas empresas são muito importantes para toda tomada de decisão no perıódo de apuração dos dados. Dependendo do tipo de informação, ela também será requerida por usuários externos, como bancos e �inanceiras, que porventura realizem alguma operação com a empresa. No link a seguir, você tem acesso a informações �inanceiras de todas as empresas que possuem capital aberto no Brasil e ações cotadas na B3, que é maior a Bolsa de Valores da América Latina. Faça uma busca por empresas do setor de saúde, por exemplo, e explore o endereço: http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e- servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm (http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda- variavel/empresas-listadas.htm). http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm Os princı́pios contábeis são a garantia de que os pro�issionais da área podem colaborar com a geração de informações para a tomada de decisões e controle. Cabe aos gestores procurar integrar o setor de contabilidade ao processo de tomada de decisão para seu suporte nos mais diferentes processos. 4.2.2 Principais demonstrações contábeis As demonstrações contábeis são os principais meios de os gestores e demais interessados acompanharem a evolução do patrimônio das entidades. O estudo desses documentos é indispensável quando se deseja analisar a evolução patrimonial da organização, os valores relacionados a entrada e saı́da de recursos, bem como avaliar as informações contábeis que estão sendo prestadas aos órgãos intervenientes da contabilidade no Brasil. O processo de elaboração das demonstrações �inanceiras segue parâmetros contábeis especı́�icos. Desde o ano de 2010, esses demonstrativos atendem às regras internacionais de contabilidade, apresentadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que é o órgão brasileiro responsável por harmonizar a contabilidade brasileira de acordo com as normas internacionais. De acordo com o CPC 00 (R2) (2019, p. 3), as demonstrações contábeis satisfazem às seguintes necessidades dos seus usuários: (a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dı́vida; (b) conceder ou liquidar empréstimos ou outras formas de crédito; ou (c) exercer direitos de votar ou de outro modo in�luenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. A estrutura conceitual de�inida pelo CPC 00 R2 aborda ainda que o objetivo das demonstrações contábeis é cuidar da divulgação de relatórios contábil-�inanceiros que possibilitem observar as caracterı́sticas qualitativas das informações contábeis, garantindo aos tomadores de decisões os melhores subsı́dios para as VOCÊ QUER LER? Compreender como as pequenas e médias empresas lidam com as informações �inanceiras é de grande importância para os pro�issionais da contabilidade. Por isso, recomendamos a leitura de um artigo a respeito de gerenciamento �inanceiro. Ele apresenta um estudo de caso com o �luxo de caixa de uma rede de farmácias em Brasıĺia. Acesse o artigo na ıńtegra e aproveite o conteúdo: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/ 1318/1077 (http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/1318/10 77). http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/1318/1077 http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/1318/1077 http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/1318/1077 http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao1/article/view/1318/1077 suas análises. A contabilidade emite uma série de demonstrações; entre as principais, temos: Balanço patrimonial Responsável por informar quais são os ativos, passivos e qual é o patrimônio lıq́uido à disposição para as atividades da empresa (PINTO; VASQUEZ, 2019). Demonstração de resultados do exercício (DRE) Apresenta e calcula o lucro ou prejuıźo auferido por uma organização em um perıódo especı�́ico, de modo a fornecer uma base para se comparar os ganhos e os gastos e apurar o resultado das atividades no perıódo (PINTO; VASQUEZ, 2019). Demonstração do fluxo de caixa (DFC) Apresenta e identi�ica todos os fatos geradores responsáveis por alguma modi�icação no status da organização (PINTO; VASQUEZ, 2019). • • • A contabilidade ainda possui diversas outras demonstrações que possibilitam aos gestores analisar e observar o comportamento do patrimônio da organização. Algumas devem ser elaboradas de modo a atender legislações especı́�icas ou normativas, como as relacionadas ao mercado aberto e às empresas que tenham ações cotadas em bolsa de valores. CASO A JHMC Ltda. é uma grande rede de clıńicas. Seus lucros eram cada vez maiores; entretanto, no ano de 2019, seu fundador faleceu, e a famıĺia decidiu se desfazer do negócio. A empresa foi herdada pelos únicos dois �ilhos do fundador, os gestores dela, que contrataram um banco de investimentos para encontrar um comprador. Após mais de três meses realizando diversas reuniões, foram de�inidos três possıv́eis compradores para a empresa. Como forma de apresentar os resultados da JHMC Ltda., o departamento de contabilidade mostrou suas principais demonstrações �inanceiras: o balanço patrimonial, a demonstração dos resultados e a demonstração do �luxo de caixa. Com os dados – e considerando as condições de mercado –, foi possıv́el apresentar o valor de oferta esperado pelos herdeiros e fazer um leilão entre as três empresas interessadas. Graças às demonstrações da contabilidade da empresa, foi possıv́el realizar essa operação de compra e venda. 4.3 Gestão de custos de clínicas e consultórios A competitividade tem feito com que as organizações busquem novas formas de atender aos anseios de seus clientes, gestores e sócios. Há uma pressão cada vez maior por serviços de maior qualidade e com menores custos. No setor de saúde, em que a visão dos pacientes e usuários geralmente está atrelada à qualidade do serviço oferecido, a busca por redução de despesas é um grande desa�io. Conhecer algumas especi�icidades relacionadas à área e como controlar os custos se torna indispensável no mercado. 4.3.1 Especificidades relacionadas ao setor de clínicas e consultórios O setor de clı́nicas e consultórios está atrelado à área de saúde. E� um ramo bastante delicado, que não pode se preocupar com a simples redução dos custos operacionais sem estudaros impactos na gestão da qualidade dos serviços ofertados. As empresas ligadas à saúde possuem cada vez mais notoriedade na economia nacional. Em 2013, estimava-se que, anualmente, o setor movimentasse a cifra de R$ 20 bilhões e fosse responsável por 8,5% de todo o nosso Produto Interno Bruto (PIB) (MARIANO, 2013). O Brasil já é referência em uma série de especialidades médicas – entre elas, cirurgia plástica (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009) – e é reconhecido como um dos maiores mercados de saúde no mundo. Em nosso paı́s, no ano de 2009, contávamos com 2,18 médicos para cada mil habitantes, a 4ª maior população médica (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009). Somente em número de hospitais, o Brasil somava 6 mil unidades. Para atender toda a demanda, eram 2 milhões de enfermeiros, auxiliares e técnicos em enfermagem que trabalhavam com as mais diferentes especialidades (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009). Aqui, cabe ressaltar que, por mais importantes que sejam os investimentos em estrutura fı́sica, maquinário e equipamentos, os gastos com os pro�issionais ainda são os mais onerosos. Existem alguns critérios que ajudam a determinar os custos com mão de obra direta nos estabelecimentos de saúde. De acordo com Mariano (2013), os gastos são determinados por quatro componentes. Clique nos ı́cones a seguir para conhecê-los: Estrutura do serviço As caracterıśticas do serviço determinam quais pro�issional são envolvidos e qual o número necessário. Processo E� necessário identi�icar todas as fases de prestação dos serviços nos estabelecimentos de saúde para conhecer as necessidades de mão de obra. Com a crescente utilização de equipamentos eletrônicos, os pro�issionais precisam se especializar cada vez mais. Atividade O conjunto de atividades que ocorrem nos estabelecimentos do setor de saúde é formado pelos procedimentos ofertados pelos estabelecimentos de saúde. Centro de custos A forma como os estabelecimentos rateiam seus custos também é importante no momento de compreender como as despesas podem ser • • • • agrupadas dentro das empresas do setor. E� importante conhecer os centros de custos de uma empresa. Conheça quais são eles no setor de saúde: #PraCegoVer: na imagem, aparece uma grande macieira carregada de frutos. Há um corte na terra para mostrar as muitas raı́zes. A partir das estruturas da árvore, surgem setas brancas que apontam para palavras. No topo, partindo da copa, aparece a palavra ambulatório; à direita, a partir de uma maçã, a palavra internações; a partir de uma folha caindo, UTI; do tronco, as palavras farmácia e CME (do lado direito da imagem) e rouparia e SND (do lado esquerdo); das raı́zes, as palavras diretoria, �inanceiro, compras, gerências e telefonia; das folhas, já do lado esquerdo, a palavra laboratório. A mão de obra direta é responsável por grande parte dos custos dos estabelecimentos de saúde. E� necessário conhecer como essas organizações apresentam o seu sistema de custeio (BORBA; LISBOA; ULHO� A, 2009), que é o método utilizado para a apropriação de custos do negócio. O termo “sistema de custeio”, por sua vez, de�ine as formas de mensuração adotadas. Tanto o método quanto o sistema possuem intrı́nseca relação com mão de obra direta que é empregada no negócio. Figura 6 - Centros de custos na área da saúde Fonte: adaptada de FHEMIG, 2009. 4.3.2 Gestão de custos e precificação O governo federal possui alguns programas que auxiliam as organizações que recebem dinheiro do Sistema U� nico de Saúde a controlarem seus custos. Entre essas ferramentas, citamos o Programa Nacional de Gestão de Custos (PNGC), que cuida “[...] da geração, aperfeiçoamento e difusão de informações relevantes e pertinentes a custos, utilizadas como subsı́dio para otimização do desempenho de serviços, unidades, regiões e redes de atenção em saúde do SUS” (BRASIL, 2015, [s. p.]). Em uma clı́nica ou consultório, qualquer custo que seja absorvido pela organização deve automaticamente ser atribuı́do aos serviços que ela presta. Quando tratamos dos custos e preços nas empresas de serviços, como é o caso das clı́nicas e consultório, qualquer item, processo, atividade ou evento que possa ser custeado é de�inido como objeto de custo, tendo o objetivo de designar a �inalidade para o qual é apurado (BEULKE; BERTO� , 2008). Somente é possı́vel encontrar o custo unitário de um produto ou serviço por meio do conceito de custo médio unitário, pois a alocação dos custos �ixos para cada item é plausı́vel apenas com o conhecimento dos custos totais incorridos e com a quantidade produzida de cada bem, que, normalmente, não é constante (ENCRINAS, 2004). O processo de preci�icação nos estabelecimentos de saúde deve considerar as caracterı́sticas do negócio e também do mercado onde atua (BEULKE; BERTO� , 2008). Muitas vezes, as empresas que trabalham com estética, cosmética, beleza e a�ins são de pequeno porte e possuem uma pequena estrutura de gestão. Essas caracterı́sticas fazem com que os empresários e gestores não se preocupem muito com a preci�icação, mas isso causa prejuı́zos aos negócios (ENCRINAS, 2004). Existem quatro tipos de preci�icação que esse tipo de estabelecimento pode adotar: A margem de contribuição é uma das formas de preci�icação mais utilizadas pelas empresas de todos os setores e também pode ser empregada livremente na área da saúde em diferentes modalidades. Por meio dela, é possı́vel descobrir o quanto cada produto ou serviço contribui para o lucro da empresa (BEULKE; BERTO� , 2008). O markup nada mais é do que a diferença entre o custo de um bem ou serviço e seu preço de venda, uma técnica que se baseia nos custos envolvidos na produção de um produto ou na prestação de um serviço. A partir dos custos, a empresa insere o lucro desejado e forma o preço de venda dele. A pesquisa de preços talvez seja a forma de preci�icação mais utilizada pelas empresas hoje em dia. Nessa técnica, a preci�icação considera os preços que são praticados pela concorrência no mercado em que a empresa atua ou pretende atuar (ENCRINAS, 2004). Aqui, é importante lembrar que a organzação deve ter Margem de contribuição. Markup. Pesquisa de preços. Fórmula baseada no lucro. bastante cuidado no momento de aplicar preços iguais ao de concorrentes, porque precisa sempre considerar sua estrutura de custos, suas particularidades; caso contrário, pode operar com prejuı́zos e prejudicar a sua continuidade (BEULKE; BERTO� , 2008). A preci�icação baseada no lucro é a formulação do preço dos produtos e serviços considerando o lucro esperado pela empresa, o qual pode ser encontrado por meio da seguinte fórmula: 100% preço de venda = custo inicial + percentual das despesas �ixas + percentual de lucro desejado Observe que, nesse cálculo, já está embutido o percentual de lucro desejado. A de�inição da estratégia de preci�icação a ser adotada passa pela tomada de diversas decisões em relação ao tipo de serviço e à sua qualidade (ENCRINAS, 2004), haja vista que esses fatores impactam diretamente a forma como as organizações serão vistas pelos seus clientes em um mercado bastante sensı́vel como é o da saúde. 4.4 Plano de negócios A metodologia de plano de negócios é amplamente utilizada nas organizações, o que se estende ao ramo de clı́nicas e consultórios. Os planos de negócios �icaram por muito tempo atrelados ao empreendedorismo, ou seja, somente quem abriria um novo negócio deveria buscar a realização de um plano. Com o passar dos anos, �icou claro que a elaboração de um plano de negócios também é recomendada para as organizações que realizarão novos projetos ou que visam abrir �iliais e explorar novos mercados. 4.4.1 Especificidades relacionadas aos planos de negócios Indivı́duos e organizações elaboram planos de negócios por inúmeros motivos; entre eles, destacam-se a abertura de um novo negócio, a implementação de um novo setor ou serviço, aentrada em um novo mercado, a expansão da organização e, mais atualmente, o processo de captação de investimentos. Segundo Bernardi (2019, p. 9), “[...] qualquer empreendimento passa por ciclos de vida bem de�inidos, com desa�ios e caracterı́sticas especı́�icas e particulares, do ponto de vista da gestão, o que demanda planos de negócios distintos, bem como estratégias apropriadas ao estágio evolutivo”, sendo assim, mesmo uma clı́nica ou consultório já estabelecido no mercado pode precisar se amparar no plano de negócios. A estrutura dos planos de negócios é de�inida e bem estabelecida. Salvo se houver alguma especi�icidade relacionada ao setor em que a organização atua, via de regra, o plano de negócio será desenhado da seguinte forma: Capa: é onde aparecem informações básicas, como o nome da empresa e o setor de atuação, e a identificação do responsável pela elaboração do plano. Índice: apresenta os conteúdos que serão abordados no plano. Em alguns casos, ele não aparece; depende muito do modelo e da metodologia empregados. Sumário executivo: é utilizado como um chamariz para o conteúdo que será apresentado no plano de negócios. Por isso, “[...] deve ser escrito com atenção e com enfoque na venda do conceito de negócio, mostrando seu potencial de retorno e • • • eventuais contrapartidas a parceiros/investidores interessados na empresa” (DORNELAS, 2018, p. 4). Descrição da empresa: é uma breve apresentação da empresa. De forma sintética, cita todas as informações relevantes que agreguem valor à empresa e ao plano de negócios apresentado. Planejamento estratégico: apresenta informações a respeito do posicionamento da empresa perante o mercado em que ela atua ou pretende atuar. Deve ficar claro como será sua posição após a execução do plano e também os caminhos que a empresa seguirá. Metas, objetivos, os valores, missão e visão devem ficar evidentes nesta parte. Produtos e serviços: descreve os produtos e serviços que a organização oferece, como eles são vistos pelos seus clientes e seu posicionamento no mercado. Análise de mercado: busca “[...] apresentar uma análise do setor de mercado deve apresentar dados referentes ao tamanho, ao índice de crescimento e à estrutura do setor de mercado em que a empresa atua ou atuará” (BIAGIO; BATOCCHIO; 2012, p. 116). Plano de marketing: relaciona todos os aspectos ligados ao marketing da organização, com informações a respeito do posicionamento de seus produtos e serviços, precificação, distribuição e também como os produtos estão posicionados em relação à concorrência. Plano operacional: discrimina informações restritas às operações e também a forma como os produtos e serviços são disponibilizados aos clientes. Plano financeiro: é a reunião dos dados financeiros e de tudo que se refere a eles ocorre, de modo a agrupar informações técnicas que dão um panorama financeiro geral do negócio. Plano de investimentos: apresenta informações relacionadas aos investimentos – pré-operacionais e fixos –, a capital de giro e também a capacitação do pessoal. Plano de melhoria do desempenho: analisa as fraquezas e as fortalezas da empresa e como elas afetam o negócio. • • • • • • • • • Anexos: apresenta quaisquer documentos adicionais que a empresa julgar necessários. A estrutura do plano de negócios permite que as organizações tenham um Norte no momento da elaboração desse documento de tamanha importância para os seus negócios. Entretanto, adaptações, se necessárias, podem ser feitas para haver uma melhor representatividade. 4.4.2 Estratégia e plano de negócios O processo de elaboração da estratégia que a organização seguirá, sendo ela nova ou já estabelecida no mercado, dependerá muito da forma como o seu plano de negócios foi estabelecido. Sendo assim, o processo de de�inição, formulação, implementação e análise da viabilidade de suas atividades deve ser seguido de acordo com tudo que foi apresentado e planejado pela instituição. Empresas de todos os setores buscam subsı́dios que lhes permitam desenvolver a melhor estratégia mercadológica para seus produtos e serviços. Pesquisas de mercado, planos de negócios e a contratação de consultorias são usados no momento da elaboração de expedientes de organizações de sucesso. O plano de negócios, juntamente com as pesquisas de marketing, tem contribuı́do muito para as organizações que buscam se estabelecer no mercado e lograr sucesso empresarial. Na �igura a seguir, você pode conhecer os itens da estratégia mercadológica que contribuem para que empresas alcancem sucesso e �idelizem seus clientes. • VOCÊ O CONHECE? O engenheiro José Dornelas é uma das principais referências quando o tema é a elaboração de planos de negócios; o autor tem diversas obras relacionadas ao assunto. Assista a um bate-papo com Dornelas e conheça melhor o que é o empreendedorismo: https://www.youtube.com/watch?v=5TUAT8xphhY (https://www.youtube.com/watch?v=5TUAT8xphhY). https://www.youtube.com/watch?v=5TUAT8xphhY https://www.youtube.com/watch?v=5TUAT8xphhY #PraCegoVer: a imagem tem seis retângulos de cor cinza escuro ligados por uma seta circular de cor cinza claro. Dentro do retângulo do topo, aparece escrita a palavra mercado-alvo. Nos outros retângulos, em sentido horário, aparecem as seguintes palavras e termos: posicionamento central, posicionamento de preço, proposta total do valor, estratégia de distribuição e comunicação. De acordo com Barbante et al. (2012, p. 4), “[...] uma estratégia deve detalhar o mercado que a empresa irá focalizar, de tal forma que os envolvidos no processo dentro da organização direcionem energia e esforços nos segmentos tidos como mais vantajosos em relação à concorrência”. Sendo assim, as organizações precisam ter, de forma clara e de�inida, o conceito de estratégia em seu ambiente, porque ele direcionará as demais atividades em seus respectivos negócios. Figura 7 - Fatores da estratégia mercadológica Fonte: adaptada de FERNANDES e BERTON, 2005. Conclusão Ao longo deste material, você conheceu um pouco mais a respeito da importância de temas como contabilidade, gestão de custos e negociação. Aqui, aprendeu também como é elaborado o plano de negócios para organizações do setor de clı́nicas e consultórios. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: conhecer a definição de negociação e como ela é importante para gestão de negócios; avaliar a importância de se definir o que é um plano de negócios e entender como ele pode ser útil para empresas que já estejam funcionando; conhecer a importância da contabilidade na geração de informações para o processo de tomada de decisão; compreender como a gestão de custo pode impactar diretamente na gestão das empresas do setor de saúde. • • • • Bibliografia A ARTE DA NEGOCIAÇA� O. Diego Faleck, TEDxSantos. [S. l.: s. n.], 23 maio 2018. 1 vı́deo (19 min). Publicado pelo canal TEDx Talks. Disponı́vel em: (https://www.youtube.com/watch? v=8PDLTvJf46g)https://www.youtube.com/watch?v=8PDLTvJf46g (https://www.youtube.com/watch? v=8PDLTvJf46g). Acesso em: 16 jul. 2020. ALBERTIN, A. L.; ALBERTIN, R. M. M. 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Os três passos para uma boa negociação, por William Ury. [S. l.: s. n.], 20 abr. 2018. 1 vı́deo (8 min). Publicado pelo canal Plenae. Disponı́vel em: https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c- n4l8k&feature=youtu.be&t=114 (https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c- n4l8k&feature=youtu.be&t=114). Acesso em: 12 jul. 2020. SARFATI, G. Manual de negociação. São Paulo: Saraiva, 2010. SCAVONE JU� NIOR, L. A. Arbitragem: mediação, conciliação e negociação. Rio de Janeiro: Forense, 2020. TAJRA, S. F. Comunicação e negociação: conceitos e práticas organizacionais. 1. ed. São Paulo: E� rica, 2014. https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c-n4l8k&feature=youtu.be&t=114 https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c-n4l8k&feature=youtu.be&t=114 https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c-n4l8k&feature=youtu.be&t=114 https://www.youtube.com/watch?v=Xmy4c-n4l8k&feature=youtu.be&t=114
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