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CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL GUILHERME TEODORO GARBRECHT GUILHERME TEODORO GARBRECHT Contabilidade internacional Código Logístico I000203 ISBN 978-65-5821-078-8 9 786558 210788 Contabilidade Internacional Guilherme Teodoro Garbrecht IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Johnstocker/ Envato Elements rawpixel/Freepik Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G195c Garbrecht, Guilherme Teodoro Contabilidade internacional / Guilherme Teodoro Garbrecht. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2021. 130 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-078-8 1. Contabilidade. 2. Finanças internacionais. 3. Contabilidade - Normas. 4. Balanço (Contabilidade). I. Título. 21-73212 CDD: 657 CDU: 657 Guilherme Teodoro Garbrecht Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Controladoria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Ciências Contábeis pela Fundação Educacional Machado de Assis (Fema). Atua como professor de graduação na modalidade presencial e a distância nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Comércio Exterior e Economia. Como professor de ensino superior, ministrou as disciplinas de Contabilidade Financeira e Societária, Contabilidade Internacional, Técnicas Avançadas de Custos, Gestão Financeira e Controladoria, Análise de Demonstrações Contábeis, entre outras. É autor de livros e de artigos científicos publicados em congressos e revistas científicas na área de contabilidade financeira e gerencial. Há mais de 20 anos atua em empresas nas áreas de contabilidade e controladoria. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Contabilidade no mundo 9 1.1 Necessidades informacionais em ambiente globalizado 9 1.2 Diferenças em sistemas contábeis internacionais 13 1.3 Vantagens e desvantagens no processo de harmonização contábil 20 1.4 Principais órgãos no processo de harmonização 23 2 Harmonização contábil no Brasil 32 2.1 Processo de harmonização contábil no Brasil 33 2.2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 36 2.3 Alterações na Lei n. 6.404/1976 43 2.4 Normas emitidas no Brasil 47 3 Estrutura conceitual 52 3.1 Princípios contábeis no Brasil 53 3.2 Pronunciamento Conceitual Básico 59 3.3 Normas para apresentação das demonstrações contábeis 64 3.4 A profissão contábil e suas características 69 4 Bases de mensuração 74 4.1 Mensuração do valor presente 75 4.2 Mensuração do valor justo 81 4.3 Redução ao valor recuperável de ativos 85 4.4 Pronunciamento contábil para pequenas e médias empresas 91 5 Conversão de demonstrações contábeis 96 5.1 Aspectos teóricos e legislação aplicada 97 5.2 Transações em moeda estrangeira 100 5.3 Conversão das demonstrações contábeis 106 5.4 Aplicação do método da equivalência patrimonial 113 6 Resolução das atividades 120 7 Anexo 124 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! A globalização econômica trouxe profundas alterações nas relações entre países, proporcionando a circulação de produtos, serviços, pessoas e recursos financeiros entre as diversas economias mundiais. O comércio e a produção, antes locais, passaram a ser explorados internacionalmente, gerando grandes ganhos para as empresas e os países que efetivamente fizeram parte desse movimento. A contabilidade também precisou se adaptar nesse contexto globalizado, pois as informações e os recursos econômicos passaram a circular em diferentes países, necessitando dessa forma de demonstração financeira que permite a análise e a comparabilidade das informações geradas por entidades em diferentes países. Surgiu, dessa forma, um movimento para elaborar e divulgar normas contábeis internacionais, aplicáveis em todos os países, tornando as informações elaboradas pela contabilidade comparáveis e acessíveis a todos os usuários, independentemente da língua de seu país. Foi criado um organismo independente, o International Accounting Standards Committee (IASC), que passou a formular e a publicar normas contábeis aplicáveis no registro, na elaboração e na evidenciação das informações contábeis. O IASC foi incumbido de formular e difundir as normas contábeis internacionais, buscando a harmonização das diferentes normativas contábeis presentes nos países em uma base única de normas. As normas contábeis passaram a ser emitidas com a nomenclatura de International Financial Reporting Standards (IFRS). Este livro busca apresentar como ocorreu o processo de convergência das normas contábeis brasileiras para as normas contábeis internacionais, evidenciando o caminho percorrido desde a criação de um organismo brasileiro para a emissão das normas, denominadas de pronunciamentos contábeis, até o seu efetivo uso por parte dos profissionais contábeis e das empresas brasileiras. O conteúdo aqui abordado não tem a presunção de apresentar todas as respostas sobre o processo realizado APRESENTAÇÃOVídeo no Brasil para a adoção das normas internacionais e sobre os conteúdos presentes nas novas normas contábeis, mas pretende apresentar o caminho para que você possa buscar esse conhecimento. O livro está dividido em cinco capítulos, com quatro seções em cada um, organizados de modo a apresentar o processo inicial e histórico das normas internacionais até a emissão delas. O primeiro capítulo apresenta a evolução da necessidade informacional contábil e os principais atores envolvidos na elaboração e divulgação das normas internacionais. O segundo capítulo mostra como ocorreu o processo de convergência das normas contábeis aplicáveis no país para as normas internacionais, sendo descritas as alterações necessárias em termos de legislação, e a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). O terceiro capítulo traz os pronunciamentos emitidos pelo CPC que apresentam a estrutura conceitual para a elaboração das demonstrações contábeis e os elementos que necessariamente devem estar presentes nos relatórios contábeis elaborados pelas empresas brasileiras. Já o quarto capítulo aborda as bases de mensuração aplicáveis aos elementos das demonstrações contábeis, evidenciando com exemplos práticos os cálculos necessários para a sua aplicação. Por fim, o quinto capítulo discute o tratamento contábil das operações em moeda estrangeira, com exemplos do registro contábil de operações, como compra e venda etc., e da conversão de demonstrações contábeis emitidas em moeda diferente do real. Esperamos que este livro consiga auxiliá-lo no entendimento do processo de adoção de normas contábeis internacionais no Brasil e instigue-o a continuar ampliando seus conhecimentos dentro da Contabilidade, que é dinâmica e em constante evolução. Tenhauma boa leitura! Contabilidade no mundo 9 1 Contabilidade no mundo A Contabilidade passou por grandes modificações com a adoção das normas internacionais, um conjunto de diretrizes contábeis editadas pelo International Accounting Standards Boards (Iasb) com o objetivo de intensificar a transparência, a compreensão e a comparabilidade das informações financeiras divulgadas pelas organizações. O objetivo des- te capítulo é explicar os motivos da elaboração de normas para serem utilizadas em diferentes países, apresentar as principais vantagens que a convergência das normas contábeis possibilita aos usuários das infor- mações e, por fim, relatar os principais organismos internacionais encar- regados da edição, divulgação e incentivo do uso de normas contábeis internacionais, ou seja, únicas. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender o papel da Contabilidade como geradora de informações em ambientes globalizados; • entender os principais fatores que tornam as normas contá- beis diferentes entre os países e os órgãos encarregados da emissão de normas internacionais; • conhecer as vantagens e desvantagens da adoção das nor- mas internacionais de contabilidade; • conhecer os organismos internacionais que contribuí- ram para a emissão e divulgação de normas contábeis internacionais. Objetivos de aprendizagem . 1.1 Necessidades informacionais em ambiente globalizado Vídeo A Contabilidade é uma ciência que pertence ao grupo das ciências sociais aplicadas, conforme denominação da Coordenação de Aper- feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Como área do conhecimento, as ciências so- 10 Contabilidade Internacional ciais aplicadas “estudam os indivíduos e grupos sociais, seus comporta- mentos individuais ou coletivos, tais como as empresas, as sociedades ou a economia de empresas ou de países” (BIROCHI, 2015, p. 37). As ciências aplicadas também chamadas de ciências práticas, são aque- las nas quais o conhecimento científico, previamente consolidado por meio das ciências básicas, é aplicado a determinadas áreas, com o ob- jetivo de ampliar o conhecimento empírico de certos fenômenos, como explica Birochi (2015), assim como, estudam os fenômenos sociais, tais como as organizações públicas e privadas, a cultura organizacional, as técnicas de liderança organizacional, entre outros assuntos da área. Como a Contabilidade está relacionada ao ambiente social, que por sua vez está sempre em constante evolução, ela tem sido fortemente influenciada pelo contexto em que se inserem as organizações e, con- sequentemente, por diversos fatores, como práticas culturais, sociais, de valores, políticas, econômicas e outros elementos que caracterizam as sociedades, como explicam Dias Filho e Machado (2008). Sua cons- tante evolução está alinhada ao seu conceito e principal objetivo: a ge- ração de informações úteis para os seus usuários. A seguir, listamos o conceito de Contabilidade, abordado por diversos autores. Quadro 1 Conceitos de Contabilidade Autor Definição Lopes de Sá (2010, p. 42) “Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimo- niais, preocupando-se com realidades, evidências e compor- tamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais. Preocupa-se com registros, demonstrações, revisão, apurações de resultados, de custos, etc., ou seja, compromete-se com a informação e a adequação de evidên- cias numéricas de fatos patrimoniais.” Iudícibus (2009, p. 7) “O objetivo básico da Contabilidade [...] pode ser resumido no fornecimento de informações econômicas para os vários usuários, de forma que propiciem decisões racionais.” Iudícibus – Organiza- dor (2019, p. 1) “A Contabilidade é uma ciência social aplicada, com meto- dologia especialmente concebida para captar, registrar, acu- mular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as si- tuações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa física, entidade de finalidade não lucrativa ou empresa.” Marion (2020, p. 4) “A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.” Fonte: Elaborado pelo autor. Contabilidade no mundo 11 De acordo com os autores citados, a Contabilidade registra as muta- ções ocorridas no patrimônio das organizações, objetivando a geração de informações para os seus diversos usuários. Cada grupo de usuários, seja interno ou externo, tem seus respectivos interesses e utilizam as informações para subsidiar suas tomadas de decisões. Com as trans- formações sociais e econômicas e, consequentemente, a globalização econômica, a geração de informações e os demonstrativos contábeis passaram a ser uma importante necessidade dos principais usuários da Contabilidade, como investidores, credores, fornecedores dentre outros. Os mercados econômicos passaram a não ter fronteiras, com me- nos restrições à produção e comercialização de bens e serviços, pas- sando de atividades estritamente locais para atividades sem fronteiras definidas, podendo sua produção e consumo ser realizada em qual- quer país do mundo. Choi e Muller (1992), citados por Schmidt, Santos e Fernandes (2010, p. 2) explicam que “essa forma de organização de negócios transfere tecnologia a todo o globo, angaria capital onde ele é mais barato, frequentemente produz onde os custos são mais baixos e desenvolve mercados onde as pessoas comprarão seus produtos e ser- viços”. Os autores complementam indicando que expressivos fluxos de capitais ingressam nos países e que as empresas aumentam sua capta- ção de recursos no exterior. Outro aspecto importante é a globalização da informação, que democratiza o acesso a todo tipo de informação sobre mer- cados, economias, empresas e dados financeiros das organizações. A internet permite que pessoas físicas e jurídicas consultem demonstrativos contábeis e mantenham comunicação com entidades em qual- quer país, proporcionando interação e a circulação de informações, que acompanham a circulação financeira, buscando melhores investimentos e oportunidades de negócios. Neste cenário econômico, a informação con- tábil também precisa ser global, com informações que possam ser lidas e assimiladas independente- mente da localização das pessoas e organizações. Ape- sar da barreira das diferentes línguas existentes no mundo, a forma que as operações devem ser registradas e, posteriormente, evidenciadas nas demonstrações contábeis precisam ser únicas, res- globalização: integra- ção entre os mercados produtores e consumi- dores de diversos países graças ao desenvolvimento e barateamento dos custos de transporte, aos importantes avanços tec- nológicos dos meios de co- municação, que reduziram significantemente o tempo e a distância (rede de com- putadores, satélites etc.), e ao surgimento e à ação de empresas multinacionais, integrando as economias e tornando o mundo um mercado único imenso (MICHAELIS, 2021). Glossário Figura 1 Globalização e circulação de recursos financeiros Panuwatccn/Shutterstock 12 Contabilidade Internacional peitando as particularidades existentes em cada país, como as diver- sas formas de tributação. O processo de globalização apresentou a necessidade de harmoni- zação das normas contábeis, aplicando o mesmo conjunto de diretrizes em todo o mundo. Por conta disso, no início dos anos 1970, foi criado um organismo internacional com o objetivo de produzir normas contá- beis a serem aplicadas em todos os países e que sejam supranacionais, como descrevem Lemes e Carvalho (2010). As normas contábeis internacionais objetivam, de acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico (CPC, 2019): Contribuir para a transparência da informação, ao melhorar a comparabilidade internacional e a qua- lidade de informações financeiras, permitindo que os investidores e outros participantes do merca- do tomem decisões econômicas fundamentadas;I ho rZ ig or /S hu tte rs to ck Reforçar a prestação de contas, reduzindo a lacu- na de informações entre os provedores de capital e as pessoas a quem confiaram o seu dinheiro; Ih or Zi go r/ Sh ut te rs to ck Ser utilizada como fonte de informações mundial- mente comparáveis, sendo de vital importância para os reguladores em todo o mundo; re do m a/ Sh ut te rs to ck Contribuir para a eficiência econômica, ajudan- do os investidores a identificar oportunidades e riscos em todo o mundo, melhorando assim a alocação de capital; gr ap hi xm an ia /S hu tte rs to ck Diminuir o custo de capital e reduzir os custos de relatórios internacionais, com o uso de uma linguagem de Contabilidade única e confiável derivada dos Pronunciamentos Contábeis internacionais.Ih or Zi go r/ Sh ut te rs to ck Contabilidade no mundo 13 As demonstrações contábeis elaboradas segundo os preceitos das normas internacionais são utilizadas para a tomada de decisões econô- micas, por exemplo, como decidir quanto comprar, manter ou vender um investimento, pois prezam pela qualidade dos registros contábeis e pela correta evidenciação dos elementos do patrimônio das organiza- ções. Essas são elaboradas com a mesma linguagem contábil, permitin- do a comparação dos resultados entre entidades de diferentes países. Além desses objetivos, Lagioia (2011) também aponta para: (i) o uso na avaliação da administração quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida, qualidade de seu desempenho e prestação de contas; (ii) a avaliação da capacidade da entidade de pagar seus credo- res, dando segurança quanto à recuperação dos recursos financeiras emprestados à entidade; (iii) a determinação da distribuição de lucros e dividendos; dentre outros. 1.2 Diferenças em sistemas contábeis internacionais Vídeo Os sistemas contábeis desenvolveram-se de diferentes formas ao re- dor do mundo e múltiplos fatores podem ser apontados como influen- ciadores dessas diferenças. Esses fatores têm parcela significativa de responsabilidade no desenvolvimento da Contabilidade, de modo que são a causa de métodos contábeis distintos entre os países. Acerca disso, Niyama (2010) explica que a linguagem contábil não é homogênea em termos internacionais, cada país adota práticas con- tábeis próprias, desse modo, geram informações e relatórios diferen- tes, para operações e registros similares. Essa falta de uniformidade dificulta o entendimento dos números elaborados pelas organizações, limitando seu uso dentro do país ou necessitando que o usuário da informação contábil tenha o conhecimento das práticas aplicadas pela Contabilidade em cada um dos países onde precisa analisar os relató- rios evidenciados pelas empresas. Diversos autores elencaram as causas das diferenças internacionais das práticas contábeis, as quais serão descritas no Quadro 2, com base na pesquisa realizada por Niyama (2010): O livro Contabilidade internacional, escrito por Jorge Katsumi Niyama, é uma obra pioneira e ampla no estudo desta área. Obra principal da temática e leitura obrigatória para compreensão e aprofun- damento do processo de adoção das normas inter- nacionais de Contabilidade, apresentando as principais diferenças que existiam na forma de contabiliza- ção entre os países e as alterações feitas para que as normas convergissem para um conjunto único e internacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Livro 14 Contabilidade Internacional Quadro 2 Causas das diferenças internacionais na Contabilidade Fatores Descrição Autores Si st em a le ga l Características do sistema legal Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998); Belkaoui (2000); B. Elliot e J. Elliot (2002); Saudagaran (2004) Fo nt es d e fi na nc ia m en to Fontes de obtenção dos recursos financeiros; tipos de mercado de capitais Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998); B. Elliot e J. Elliot (2002); Saudagaran (2004) In fl uê nc ia g ov er na m en ta l Relacionamento entre o fisco e a Contabilidade B. Elliot e J. Elliot (2002) Nível de inflação Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998); Saudagaran (2004) Regulamentação da estrutura contábil Radebaugh e Gray (1993) Tributação Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998) Sistema político Radebaugh e Gray (1993); Belkaoui (2000); Nobes (1998) Pr ofi ss ão co nt áb il Influência e o status da profissão contábil Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998); B. Elliot e J. Elliot (2002); Saudagaran (2004) Qualidade da educação contábil Nobes (1998); Saudagaran (2004) D es en vo lv im en to co nt áb il Nível de desenvolvimento da teo- ria da Contabilidade/arcabouço teórico e conceitual Nobes (1998); B. Elliot e J. Elliot (2002); Saudagaran (2004) Critérios de estrutura e apresen- tação de demonstrações contá- beis Saudagaran (2004) Pesquisa na área contábil Radebaugh e Gray (1993) D es en vo lv im en to ec on ôm ic o Tipos de empresas; estrutura das empresas Radebaugh e Gray (1993); Sauda- garan (2004); Vinculação econômica e política com outros países Saudagaran (2004) Fatores internacionais Radebaugh e Gray (1993) Crescimento e desenvolvimento econômico; nível de atividade em- presarial Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998); Belkaoui (2000) (Continua) Contabilidade no mundo 15 Fatores Descrição Autores O ut ro s fa to re s Acidentes de história (Por exem- plo: Segunda Guerra Mundial e ocupação de países) Nobes (1998); B. Elliot e J. Elliot (2002) Cultura; ambiente social Radebaugh e Gray (1993); Nobes (1998) Linguagem (algumas linguagens mais conhecidas que outras) Nobes (1998); B. Elliot e J. Elliot (2002) Herança de colonização; geogra- fia; religião Nobes (1998) Fonte: Adaptado de Niyama (2010). Podemos observar no Quadro 2 que o sistema legal, as fontes de fi- nanciamentos, a influência governamental, o desenvolvimento da pro- fissão e das normas contábeis, são fatores ressaltados pela maioria dos autores. Neste contexto, Radebaugh, Gray e Black (2006) organizaram os fatores que influenciaram a Contabilidade e, com isso, propuseram o diagrama apresentado a seguir. Figura 2 Causas das diferenças no desenvolvimento da Contabilidade Fonte: Santos, Cia e Cia, 2011, p.360. Pa nu wa tc cn /S hu tte rs to ck Valores sociais e nacionais (ética, capitalismo, religião) Direito Romano (> regulação) x Direito Consuetudinário (US e UK) Em hiperinflação surgiram sistemas alternativos ao custo histórico Agrícola x industrial x serviços: p. ex. > ou < importância dos ativos intangíveis Cultura Regulação contábil Sistema Legal Inflação Crescimento e Desenvolvimento Econômico Influência das UN, OECD, EU na harmonização da Contabilidade internacional Fatores internacionais Sistemas contábeis Tributação Profissão contábil Clima social Atitudes em relação à transparência, ética e responsabilidade ambiental Sistema político Filosofia e objetivos políticos: planejamento central x empresas privadas Propriedade da empresa Propriedade pulverizada x propriedade familiar: nível de accountability e disclousure Atividades da empresa Mercados financeiro e de capitais Tributação Profissão contábil Educação e pesquisa contábil Vinculação (França e Alemanha) ou não (US e UK) da Contabilidade aos interesses do fisco Existência ou não de sólida infraestrutura de educação e pesquisa contábil Nível de desenvolvimento da profissão contábil Educação e Pesquisa Contábil Acionistas externos x bancos x famílias: nível de accountability e disclousure Agrícola x industrializada Grandes grupos x pequenas empresas 16 Contabilidade Internacional Os autores indicam que o desenvolvimento do sistema contábil ocorreu de maneira distinta nos países, influenciados pela sua ocupa- ção territorial e colonização, da formação do seu sistema legal, do seu desenvolvimento econômico, dentre outros fatores, evidenciando, des- sa forma, que a Contabilidade foi sendoformada absorvendo caracte- rísticas do meio no qual ela está inserida. Na sequência, explicaremos os principais fatores que motivaram as diferenças na Contabilidade. Tipo de sistema legal Shamsullah khan/Shutterstock Os sistemas legais adotados pelos países podem ser classificados em duas correntes: (i.) Common Law ou direito consuetudinário; e (ii.) Code Law ou sistema codificado. Niyama (2010) explica que essas estru- turas legais são capazes de influenciar o comportamento e o direciona- mento que um país pode assumir, com reflexos nas práticas contábeis e no desenvolvimento da profissão contábil. O sistema legal baseado no common law (direito consuetudinário) é o direito com caráter anglo-saxão, predominante na Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália, entre outros países, que tem como principal característica o fato de não ser codificado (não existe código civil ou código penal), sendo que sua aplicação é mais objetiva e as re- gras vão se desenvolvendo conforme avançam as complexas relações na sociedade (PANTOJA, 2019). As demonstrações contábeis são elabo- radas dentro de uma visão justa e verdadeira (true and fair value), com tendência de serem mais transparentes para os acionistas, tendo como principal fonte de financiamento das empresas o mercado de capitais. O sistema legal baseado no code law é predominante em países como Alemanha, França e Japão, esse é caracterizado pelo elevado grau de detalhamento das regras a serem cumpridas. De acordo com Carmo, Ribeiro e Carvalho (2011, p. 244), a Contabilidade dos países de code law é caracterizada por uma orientação legalista, com evidenciação so- mente do que a lei determina, com alinhamento entre a Conta- bilidade financeira e fiscal, com bancos e outros credores como fontes mais significativas de financiamento e informação desti- nada principalmente para atender ao fisco e demais credores por empréstimos. Agora, vamos conhecer o segundo fator que motivou as diferenças na Contabilidade. https://www.aurum.com.br/blog/codigo-penal-brasileiro/ Contabilidade no mundo 17 Fontes de financiamentos Pensiri/Shutterstock As empresas podem se financiar com recursos obtidos junto às ins- tituições financeiras, credores, lançamento de debêntures, mercados de capitais, dentre outras fontes. As formas como as empresas obtêm seus financiamentos podem interferir na elaboração e evidenciação requeridas pelas demonstrações contábeis, para atender aos diversos usuários da informação contábil. Niyama (2010, p. 26, grifos nossos) explica que “se um país tem características voltadas para financiar suas empresas com recursos oriundos do mercado acionário, tenderá a apresentar suas demonstrações contábeis contemplando informações que privilegiem seu usuário mais importante, seus acionistas”. Caso a principal fonte de financiamento das empresas sejam recur- sos oriundos de instituições bancárias, as informações contábeis irão privilegiar a necessidade informacional desses credores. Em países em que predomina o crédito bancário ou fontes governamentais, Wal- ton, Haller e Raffournier (2003) indicam que há um nível relativamente fraco de exigências de evidenciação contábil. Nesses países, a transpa- rência da situação das empresas não é o objetivo principal, mas a apu- ração de lucro de forma conservadora, com a tendência de subavaliar os ativos e supervalorizar os passivos. Em países com mercados de capitais bem desenvolvidos, a necessida- de de transparência é maior, refletindo dessa forma na evidenciação con- tábil, que objetiva elaborar e apresentar demonstrações contábeis que reflitam a substância econômica das organizações (SAUDAGARAN, 2004). A seguir, vamos conhecer o terceiro fator que motivou as diferenças na Contabilidade. Influência governamental davooda/Shutterstock Os órgãos governamentais têm interesse na arrecadação de tribu- tos e, para isso, estabelecem critérios ou percentuais definidos para questões tributárias, como o registro de despesas e receitas, como indica Niyama (2010). Esses critérios estabelecidos na legislação tri- butária interferem diretamente nos aspectos contábeis e respectivas demonstrações financeiras elaboradas pela Contabilidade. debêntures: títulos de dívida emitidos pelas empresas e que conferem aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. As empresas emitem debên- tures com o objetivo de captação de recursos para fazer frente às suas neces- sidades de financiamento. Glossário 18 Contabilidade Internacional Martins et al. (2017) indicam que a legislação tributária brasileira exerceu forte influência sobre a contabilidade, regulando seus limites e critérios a serem adotados em questões fiscais. Essas questões fiscais e tributárias trouxeram tanto contribuições para o desenvolvimento da área quanto limitou a evolução dos Princípios Fundamentais de Conta- bilidade 1 , pois a Contabilidade é feita, na maioria das empresas, para o atendimento das questões fiscais. Em países que estabelecem regras independentes para propósitos fiscais e para o registro e evidenciação das demonstrações contábeis, a informação gerada pela Contabilidade é destinada para os usuários externos, que possuem necessidades dis- tintas da administração tributária (NIYAMA, 2010). Acompanhe a seguir o quarto fator que motivou as diferenças na Contabilidade. Desenvolvimento da profissão e das normas contábeis vectorwin/Shutterstock O desenvolvimento da Contabilidade e da própria profissão contábil influenciam na forma como as normas contábeis são elaboradas e na informação evidenciada nos relatórios contábeis. Klann, Beuren e Hein (2009) explicam que em países nos quais a profissão contábil conta com um status mais elevado e, portanto, com uma influência maior nas práticas contábeis, a qualidade das demonstrações contábeis é ineren- te e respeitada, aumentando a confiabilidade delas perante os usuários da informação contábil. Em ambientes nos quais a profissão contábil tem menor relevância, Saudagaran (2004) relata que a qualidade das demonstrações contábeis é questionada, sendo consideradas menos confiáveis e independentes, em comparação com ambientes onde a profissão contábil apresenta- -se mais desenvolvida. Niyama (2010) observa os países nos quais o mercado de capitais é sólido e atuante, assim, os usuários da Contabili- dade demandam informações elaboradas sob a ótica da tempestivida- de e confiabilidade. Logo, nesses países, a interferência governamental é menor, o que permite o desenvolvimento da profissão contábil e sua autorregularão, ou seja, os representares dos profissionais contábeis (conselhos e órgãos de classe) são responsáveis pela edição dos pa- drões contábeis, de auditoria e de credenciamento profissional. Finalmente, apresentamos outros fatores que motivaram as dife- renças na Contabilidade. Os Princípios Fundamen- tais de Contabilidade re- presentam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos univer- sos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades (Conselho Federal de Contabilidade, Resolução CFC 1.282/2010). 1 Contabilidade no mundo 19 Outros fatores Ifa_studio/Shutterstock São citados também como fatores que motivaram as diferenças nos sistemas contábeis utilizados nos países o nível de qualidade da educa- ção, o nível de desenvolvimento da teoria contábil, a estrutura empre- sarial e tipos de empresas, dentre outros fatores. Em países que apresentam elevada qualidade da educação e longa tra- dição contábil, o sistema pode apresentar maior desenvolvimento, gerando, dessa forma, informações contábeis mais fidedignas da realidade econômi- ca das organizações. A qualidade da educação contábil fortalece o desen- volvimento do profissional contábil, pormeio disso, a sua valorização ao deixar de ser uma atividade de escrituração fiscal, passa a ser uma fonte de informações que subsidiam a tomada de decisões nas organizações. Esse cenário de fortalecimento da profissão contábil, conforme Niya- ma (2010), contribui para a existência de uma estrutura conceitual e teó- rica da Contabilidade, capaz de influenciar a edição de normas contábeis menos suscetíveis às interferências governamentais. O autor reforça que em ambientes nos quais a prática contábil é menos aberta à inovações e as demonstrações contábeis não objetivam atender usuários externos, como investidores, credores, fornecedores, o arcabouço teórico tem um campo menos fértil para a sua atuação. No entanto, nos países os quais utilizam o modelo anglo-saxão, gerando informações contábeis para os usuários externos, a profissão contábil tem delegação de poder e com- petência para formular normas e padrões, estabelecendo dessa forma, o arcabouço conceitual teórico da Contabilidade. Outro fator apontado como influenciador da criação de sistemas contábeis diferentes é a estrutura empresarial, em que países de- senvolvidos e aqueles em desenvolvimento tendem a apresentar gran- des corporações, com seu capital listado em bolsas de valores, o que gera interessados na realização de investimentos nas empresas, que por sua vez estão interessados em buscar informações econômico-fi- nanceiras das organizações (NOBES, 1998; BELKAOUI, 2000; WALTON, 2003; SAUDAGARAN, 2004). Em países com estrutura empresarial menos complexa, Niyama (2010) ressalta que seja razoável supor que esses apresentam a neces- sidade de demonstrações contábeis pouco exigentes, pois o mercado de capitais menos atuante demandará menor procura pelas informa- ções contábeis, por parte de investidores. 1.3 Vantagens e desvantagens no processo de harmonização contábil Vídeo As diferentes práticas contábeis representam obstáculos para as empresas em suas negociações ou atividades profissionais, como a limitação ao acesso aos recursos dos mercados financeiros de outros países ou, inclusive, encarecendo os custos de elaboração, análise e controle das informações financeiras e contábeis. Com isso, o processo de convergência das normas contábeis brasileiras às internacionais foi realizado por meio de um processo de harmo- nização no qual apresentam-se as principais vantagens e dificulda- des na implantação e uso desse conjunto de normas. Segundo Madeira, Silva e Almeida (2004), o processo de harmo- nização contábil caracteriza-se por alterações nos sistemas e nor- mativas contábeis, promovidas em conjunto por diferentes países, porém, mantendo as particularidades e características inerentes a eles. A harmonização é um processo diferente de padronização, que objetiva unificar e criar padrões, determinar um modelo e uma sis- tematização das normas contábeis. A harmonização contábil ob- jetiva eliminar as diferenças entre as demonstrações contábeis, permitindo a comparabilidade das informações geradas e a utili- zação de uma mesma linguagem para a evidenciação das práticas contábeis, mas respeitando as particularidades de cada país, como as diferenças em questões tributárias. Figura 3 Comparação de informações Jo ys eu lay /S hu tte rs to ck 2020 Contabilidade InternacionalContabilidade Internacional Contabilidade no mundo 21 A adoção das normas internacionais de Contabilidade apresenta vantagens e desvantagens para os países, as empresas e os usuários da informação contábil. A seguir, são descritas algu- mas dessas vantagens, essas de acordo com Madeira, Silva e Almeida (2004); Bueno e Lopes (2005) citados por Rocha (2006); Niyama (2010); Padoveze, Benedicto e Leite (2012). A utilização de normas contábeis internacionais incentiva os investimentos estrangeiros, pois as análises das demonstrações contábeis por parte dos investidores tornam-se facilitadas com o uso de procedimentos contábeis amplamente divulgados e utilizados em diversos países. As empresas multinacionais têm o seu custo reduzido na gestão dos sistemas contábeis nos diferentes países, pois utilizam a mesma base de normas e regulamentos. Ocorre a redução dos custos operacionais na elaboração de demonstrações contábeis individuais e consolidadas, que requerem menos ajustes para serem comparáveis com as demonstrações de outros países. A simplificação do processo de consolidação das demonstrações contábeis melhora a tomada de decisão por parte de gestores. A auditoria das demonstrações contábeis tem seus trabalhos facilitados, o que possibilita a redução de seus custos, com a harmonização de normas contábeis internacionais. Aumento da transparência, da compreensão e da comparabilidade das informações divulgadas em diferentes mercados financeiros. A comunicação da empresa com seus usuários externos é facilitada pelo uso das normas internacionais. Redução de riscos de investimentos e de custos de obtenção do capital, como resultado de informações transparentes e comparáveis de alta qualidade. Incentivo para abertura de capital em outros países, com a utilização de informações contábeis elaboradas com o uso de normas internacionais unificadas. O processo de educação e ensino da Contabilidade poderá ser facilitado, com estudantes podendo circular entre países, com o aprendizado de normas internacionais aplicáveis em múltiplas regiões. Os profissionais da área contábil poderão ter acesso a outros mercados de trabalho e atuação em empresas de outros países ou transferência de colaboradores entre subsidiárias de empresas multinacionais. Facilidade dos trabalhos das administrações tributárias nacionais, com relação as empresas estrangeiras, por meio da uniformização da mensuração dos lucros tributáveis (reconhecimento de receitas e despesas). Identificação da posição estratégica que uma empresa ocupa em seu setor econômico, no âmbito internacional, com a comparabilidade de suas demonstrações contábeis com os divulgados por outras empresas. an n_ is m e/ Sh ut te rs to ck 22 Contabilidade Internacional Dentre as vantagens citadas, o movimento de fluxos econômicos, a redução de custos de elaboração e a divulgação de informações contábeis são citados pela maioria dos autores. Com demonstrações contábeis sendo elaboradas com normas contábeis comuns entre os países, a comparabilidade das informações divulgadas pelas empresas estende-se para além das fronteiras do próprio país, permitindo a aná- lise e comparação entre as empresas de diferentes países, auxiliando dessa forma, na alocação dos fluxos de recursos econômicos e os in- vestimentos realizados por elas. O uso de uma base normativa contábil internacional facilita o registro das operações contábeis, a elaboração de demonstrações e as auditorias contábeis, o que pode ocasionar re- dução de custos nesses respectivos processos, bem como a circulação de profissionais contábeis entre empresas de países diferentes. A convergência contábil para as normas internacionais também apresenta dificuldades e desvantagens para os países, empresas e pro- fissionais da área contábil, citadas pelos autores Nobes e Parker (2002), Saudagaran (2004) e Niyama (2010). As desvantagens relacionadas são, entre outras, as descritas a seguir. Os cursos de Ciências Contábeis precisam passar por uma revisão em seus currículos, para contemplar as normas internacionais de Contabilidade em suas disciplinas, resultando, então, na uniformização dos currículos dos cursos. Com a harmonização contábil, os contadores e auditores poderiam atuar profissionalmente em outros países, mas, é necessário um processo de credenciamento e autorização, o que esbarra nas legislações trabalhistas dos países, que dificultam essa integração e intercâmbio. Em países que a autoridade tributária é uma forte influência na emissão das normas e regulamentação contábil, a Contabilidade é muito influenciada pelos critérios fiscais, o que dificulta a adoção de normativas que retratem a realsituação econômico-financeira das organizações, pois necessita seguir padrões pré-estipulados que levam em conta os interesses do Estado. A defesa de padrões contábeis nacionais é outro fator citado como dificultoso, tendo em vista questões políticas e defesa dos interesses individuais dos países, entendendo que a adoção de tais normativas leva a perda da identidade própria do país. an n_ is m e/ Sh ut te rs to ck Contabilidade no mundo 23 Apesar das dificuldades e desvantagens elencadas, é inegável que a adoção de normas internacionais proporciona ganhos para os pro- fissionais e empresas, produzindo informações comparáveis e que refletem adequadamente a situação das organizações. E mesmo as particularidades de cada país, como as relacionadas às questões tribu- tárias, apontadas como fator que dificulta a adoção das normas, são observadas e preservadas, de modo que cada país tenha as suas regras. 1.4 Principais órgãos no processo de harmonização Vídeo Para a condução do processo de criação de normas de uso comum entre os países, foi também necessária a criação de um organismo es- pecífico o qual concentrou os esforços iniciais, sendo esse posterior- mente auxiliado por outros órgãos representativos da classe contábil, em âmbito mundial. Em 1973, foi criado um organismo internacional com o propósito de produzir normas contábeis internacionais, apli- cadas pela Contabilidade em todos os países, consideradas suprana- cionais, como explicam Lemes e Carvalho (2010). O organismo criado na década de 1970 para formular e difundir as normas internacionais é o International Accounting Standards Committee (Iasc). Junto a ele, outros órgãos também discutem e promovem as normas emitidas. A seguir, são descritas as características e objetivos dos principais órgãos reguladores das normas internacionais de Contabilidade. 1.4.1 International Accounting Standards Committee (Iasc) Em 1973, os organismos profissionais de Contabilidade da Austrá- lia, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Reino Unido/ Irlanda e Estados Unidos formaram o Iasc, traduzido para Comitê de Normas de Contabilidade Internacional. Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 39) apresentam os objetivos do Iasc, sendo esses o de: formular e publicar no interesse público normas contábeis a serem cumpridas na apresentação das demonstrações contá- beis e promover mundialmente sua aceitação e cumprimento. Trabalhar pela melhoria e harmonização das regulamentações, normas contábeis e procedimentos referentes às demonstra- ções contábeis. Para conhecer mais o International Accouting Standards Committee (Iasc) acesse a homepage oficial desse organismo. Disponível em: https://www. iasplus.com/en/resources/ifrsf/ history/resource25. Acesso em: 22 jun. 2021. Site https://www.iasplus.com/en/resources/ifrsf/history/resource25 https://www.iasplus.com/en/resources/ifrsf/history/resource25 https://www.iasplus.com/en/resources/ifrsf/history/resource25 24 Contabilidade Internacional Entre 1973 e 2001, foram emitidas normas denominadas de Inter- national Accounting Standards (IAS), conhecidas como Normas Interna- cionais de Contabilidade. Em 2001, uma nova estrutura organizacional foi criada, denominada de International Accounting Standards Board (Iasb), ou seja, Junta de Normas Internacionais de Contabilidade, que passou a definir e emitir as normas internacionais de Contabilidade denominadas a partir dessa data de International Financial Reporting Standards (IFRS). O Iasb é um órgão emissor de normas contábeis independente que tem como objetivo desenvolver, com base em princípios claramente ar- ticulados, um conjunto único de normas de Contabilidade de alta quali- dade, compreensíveis, exequíveis e aceitáveis globalmente (CFC, 2021). O Iasb passa a ser subordinado à IFRS Foundations (Fundação IFRS), que é uma organização independente, de caráter privado, sem fins lucrativos, operando para servir os interesses públicos. A go- vernança e o devido processo são desenvolvidos para manter a definição e emissão de normas independentes de interesses especiais enquanto garante transparência às partes interessadas em todo o mundo (IFRS, 2017, p. 3). A IFRS tem a seguinte estrutura: Figura 4 Estrutura da IFRS Emissão de Normas Independentes O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade é a organização que define as normas, constituída de especialistas com diversos históricos profissionais e de diversas regiões geográficas. Governança O Conselho Curador é responsável pela governança e supervisão do Conselho, promovendo as Normas IFRS e assegurando as fontes geradoras de receitas da organização. Pública A organização é supervisionada por um Conselho de Monitoramento constituído por autoridades públicas, tais como reguladores do mercado financeiro. Fonte: IFRS, 2017, p. 3. Contabilidade no mundo 25 Lemes e Carvalho (2010, p. 4) explicam que “as normas internacio- nais IFRS buscam obedecer a PRINCÍPIOS e evitam ser REGRAS – estas são mais passíveis de burlar, e princípios, não”. Na aplicação dessas normas, é necessário o julgamento profissional dos responsáveis pela preparação das demonstrações financeiras e de seus auditores, pois as normas evitam atuar como regras e necessitam do enquadramento dos fenômenos econômicos nas IFRS. No processo de desenvolvimento das normas, inicialmente, há a determinação da agenda, que é uma consulta ao público com relação ao plano técnico de trabalho a cada cinco anos. Na etapa seguinte, pesquisas são realizadas para avaliar possíveis problemas contábeis, desenvolver prováveis soluções e decidir se a definição de normas é necessária. Tendo por base as pesquisas, contribuições e propostas encaminhadas por meio da consulta pública, é elaborada uma minuta de exposição e rediscussão dos principais pontos da norma, para pos- terior finalização. Após a implementação revisões de novas normas são realizadas e, se necessário, alterações são propostas e novas consultas públicas realizadas, reiniciando o processo de estudo e definição de novas normas. 1.4.2 International Federation of Accountants (Ifac) A International Federation of Accountants (Ifac) foi fundada em 7 de outubro de 1977, em Munique, Alemanha, no 11º Congresso Mundial de Contadores, para fortalecer globalmente a profissão de Contabilida- de no interesse público (IFAC, 2021), com os objetivos de: • desenvolver padrões internacionais de alta qualidade em audi- toria e garantia, Contabilidade do setor público, ética e educação para contadores profissionais e apoiar sua adoção e uso; • facilitar a colaboração e cooperação entre seus órgãos membros; • colaborar e cooperar com outras organizações internacionais; e • atuar como porta-voz internacional da profissão contábil. O quadro da Ifac inclui 180 membros e associados, em 135 países e jurisdições em todo o mundo e, conforme explica Niyama (2010), tra- ta-se de uma organização mundial que representa a profissão contá- bil, de natureza não governamental, sem fins lucrativos e não política. Sugerimos a leitura do material Quem somos e o que fazemos: fundação IFRS e Conselho de Normas Internacionais de Contabi- lidade para aprofundar os conhecimentos sobre as normas IFRS. Disponível em: https://www.ifrs. org/content/dam/ifrs/about-us/ who-we-are/who-we-are- portuguese-v2.pdf. Acesso em: 22 jun. 2021. Leitura Para conhecer mais a International Federation of Accountants (Ifac) acesse a homepage oficial desse organismo, que disponibiliza seu conteúdo traduzido para diversas línguas, inclusive, o português. Disponível em: https://www.ifac. org/. Acesso em: 22 jun. 2021. Site https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/who-we-are/who-we-are-portuguese-v2.pdf https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/who-we-are/who-we-are-portuguese-v2.pdf https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/who-we-are/who-we-are-portuguese-v2.pdf https://www.ifrs.org/content/dam/ifrs/about-us/who-we-are/who-we-are-portuguese-v2.pdfhttps://www.ifac.org/ https://www.ifac.org/ 26 Contabilidade Internacional A Ifac é composta por comitês que fornecem aconselhamento sobre questões relevantes para a profissão em áreas-chave. De acordo com a Ifac (2021), os membros dos comitês são espe- cialistas em suas áreas e sua experiência e conhecimento refletem a profundidade e a amplitude da profissão de Contabilidade global. A or- ganização tem os seguintes comitês: Comitê de Padrões de Auditoria e Asseguração Internacional, Comitê de Normas de Educação Contábil Internacional, Comitê de Padrões de Ética Internacional para Contado- res, Comitê de Normas Contábeis Internacionais do Setor Público e Co- mitê de Normas Internacionais. 1.4.3 Standards Advisory Council (SAC) O conselho consultivo de padrões atuou como organismo interna- cional até 2010, sendo este um conselho de especialistas que acon- selham o International Accounting Standards Board (Iasb) sobre as prioridades na definição de normas contábeis. Os membros também informavam o Iasb sobre as implicações das normas propostas para os usuários e preparadores das demonstrações financeiras, além de outras recomendações pertinentes. O SAC era composto por pelo me- nos 30 membros de diferentes âmbitos (profissional, nacionalidade etc.) e o mandato dos membros foi de três anos, podendo ser reeleitos uma vez. 1.4.4 IFRS Advisory Council (IFRS AC) É o órgão que sucedeu ao Standard Advisory Council (SAC), sendo um organismo consultivo formal para os curadores da Fundação IFRS e do International Accounting Standards Board. É composto por uma am- pla gama de representantes, incluindo indivíduos e organizações com interesse em relatórios financeiros internacionais. Assim, o foco do Conselho Consultivo é fornecer suporte estratégico e aconselhamento para a Fundação IFRS. Portanto, o IFRS AC tem como objetivo aconselhar a diretoria sobre as decisões da agenda e prioridades no trabalho, informando sobre os pontos de vista das organizações e indivíduos no Conselho sobre os principais projetos de definição de padrões, dando, também, outros conselhos à diretoria ou aos curadores (IFRS, 2021). De acordo com a Contabilidade no mundo 27 Constituição da Fundação IFRS, os principais critérios para a seleção dos membros do conselho consultivo são a diversidade geográfica e de experiências profissionais. 1.4.5 International Organization of Securities Commissions (Iosco) É o órgão internacional que reúne os reguladores de valores mo- biliários do mundo e é reconhecido como o criador global de padrões para o setor de valores mobiliários. A Iosco desenvolve, implementa e promove a adesão a padrões internacionalmente reconhecidos para regulamentação de valores mobiliários (IOSCO, 2021). A Iosco não tem como propósito a criação de normas contábeis, mas utilizar os dados contábeis como uma de suas principais fontes de informações finan- ceiras para o monitoramento das empresas participantes do mercado acionário, garantindo sua execução de forma justa, eficiente e íntegra, aumentando a confiança de investidores em sua atuação. Organismo criado em 1983, que tem como membros órgãos que regulam o mercado de capitais, semelhantes a Comissão de Valores Mobiliários no Brasil. Seus membros regulam mais de 95% dos merca- dos de valores mobiliários do mundo em mais de 130 jurisdições, e tem como objetivos: • cooperar no desenvolvimento, implementação e promoção da adesão a padrões internacionalmente reconhecidos e consisten- tes de regulação, supervisão e fiscalização, a fim de proteger os investidores, manter mercados justos, eficientes e transparentes e buscar enfrentar os riscos sistêmicos; • aumentar a proteção do investidor e promover a confiança do in- vestidor na integridade dos mercados de valores mobiliários, por meio do fortalecimento da troca de informações e da cooperação na aplicação da lei contra a má conduta e na supervisão dos mer- cados e intermediários; e • trocar informações em nível global e regional sobre suas respec- tivas experiências, a fim de auxiliar o desenvolvimento de mer- cados, fortalecer a infraestrutura de mercado e implementar a regulamentação apropriada (IOSCO, 2021, p. 3). A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão brasileiro que fiscaliza e normativa o mercado mobiliário do país, sendo integrante da 28 Contabilidade Internacional Iosco e atuando nas definições das normas aplicáveis a esses organis- mos e, consequentemente, ao mercado acionário nacional. 1.4.6 Financial Accounting Standards Board (Fasb) O Fasb é uma organização independente, do setor privado norte-a- mericano e sem fins lucrativos, fundado em 1973, que estabelece pa- drões de Contabilidade e relatórios financeiros para empresas públicas e privadas e organizações sem fins lucrativos que seguem os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (Gaap). O Fasb é reconhecido pela Co- missão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, ou Securities and Exchange Commission (SEC), como o criador de padrões contábeis de- signado para empresas públicas americanas. Os padrões do Fasb são reconhecidos como oficiais por muitas outras organizações, incluin- do Conselhos de Contabilidade estaduais e o Instituto Americano de CPAs (AICPA). O Fasb desenvolve e emite padrões de Contabilidade financeira por meio de um processo, transparente e inclusivo, que visa promover relató- rios financeiros, os quais fornecem informações úteis para investidores e outras pessoas que usam relatórios financeiros. Seu objetivo é estabele- cer e melhorar os padrões de Contabilidade e relatórios financeiros para fornecer informações úteis aos investidores e outros usuários desses relatórios e educar as partes interessadas sobre como compreender e implementar esses padrões de forma mais eficaz (FASB, 2020). 1.4.7 Outros organismos Outros organismos e comitês que atuaram e atuam na edição e in- terpretação das normas contábeis também merecem destaque, como o Standing Interpretation Committee (SIC), o International Financial Re- porting Interpretations Committee (Ifric), United Nations, a Organiza- tion for Economic Cooperation and Development (OECD), o European Economic Community (EEC), Banking Supervision Committee e a Confe- deration of Asian and Pacific Accountants (Capa). Esses são órgãos que se destacam devido a sua importância no proces- so de criação e implantação das normas internacionais, pois congregam interesses de empresas e da classe contábil e têm preocupação na implan- tação de informações que facilitem os usuários pessoas físicas, jurídicas e governos, tornando as informações comparáveis em nível global. Contabilidade no mundo 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, foi estudado como as alterações econômicas, sociais, políticas, culturais, e de outras esferas, interferiram na Contabilidade e resultaram em padrões contábeis diferentes ao redor do mundo. O pro- cesso de globalização apresentou a necessidade da criação de padrões contábeis que fossem aplicados mundialmente, tornando, dessa forma, a Contabilidade uma linguagem dos negócios, com evidenciação, transpa- rência e comparabilidade entre demonstrativos contábeis de empresas situadas em diferentes países. Esse processo resultou na convergência das normas contábeis dos países para um conjunto de normas contábeis internacionais, editadas por um organismo criado especificamente para esse fim, o International Accounting Standards Committee (Iasc). Posteriormente, o Iasc foi rees- truturado e atualmente as normas contábeis internacionais emitidas são denominadas de International Financial Reporting Standards, popular- mente conhecidas como as normas IFRS. O processo de convergência das normas contábeis nacionais para in- ternacionais apresentou algumas dificuldades e desvantagens, como a ne- cessidade de adaptação dos currículos dos cursos de ciências contábeis e discussões nacionais, principalmente, em países nos quais o Estado é o principal definidor de normas contábeis, elaborando-asde acordo com a sua necessidade, em detrimento à geração de informações aos usuários internos e externos da Contabilidade. Entretanto, apesar das dificuldades relatadas, é inegável os benefí- cios obtidos com a aplicação de um conjunto de normas contábeis in- ternacionais. São exemplos disso: a redução dos custos operacionais na elaboração dos demonstrativos e respectivas auditorias contábeis; a comparabilidade das informações de empresas em diferentes países; e o que gera mais segurança para que investimentos sejam realizados, assim, proporcionando ganhos econômicos para os países, empresas e pessoas. ATIVIDADES Atividade 1 Dentre as causas das diferenças contábeis citadas pelos autores da área, o tipo de sistema legal é uma das principais razões da Contabilidade ter seu desenvolvimento diferente entre os países. Explique os sistemas legais common law e code law. 30 Contabilidade Internacional Atividade 2 Explique por que o uso de normas contábeis internacionais favo- rece e atrai investimentos. Atividade 3 Dentre as causas das diferenças entre as Contabilidades dos países é citada a vinculação da legislação tributária com a escri- turação contábil. Como esse fator influenciou a Contabilidade? Comente. REFERÊNCIAS BELKAOUI, A. R. Accounting Theory. 4. ed. Londres: Thomson Learning, 2000. BIROCHI, R. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: Capes: UAB, 2015. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/145396/1/PNAP%20-%20Modulo%20 Basico%20-%20GP%20-%20Metodologia%20de%20Estudo%20e%20de%20Pesquisa%20 em%20Administracao.pdf. Acesso em: 21 jul. 2021. CARDOSO, K. C. R. M. Contabilidade diante das modernas organizações: respeitando as peculiaridades. Revista Sitientibus, Feira de Santana, n. 27, p. 205-207, jul-dez, 2002. CARMO, C. H. S. do; RIBEIRO, A. M.; CARVALHO, L. N. G. Convergência de fato ou de direito? 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WALTON, P.; HALLER, A.; RAFFOURNIER, B. International accounting. Londres: International Thomson Business Press, 2003. https://www.aurum.com.br/blog/common-law 32 Contabilidade Internacional 2 Harmonização contábil no Brasil O Brasil adotou todas as normas internacionais de contabilidade no ano de 2010, mas precisou se preparar para que a convergência às no- vas normas pudesse ser implementada, como mudanças significativas na legislação societária e a criação de um organismo próprio que coor- denasse o estudo, preparo e emissão dos pronunciamentos técnicos que seguem os padrões contábeis mundiais. O objetivo deste capítulo é apresentar como ocorreu o processo de harmonização das normas contábeis nacionais às normas interna- cionais, demonstrando as ações realizadas em termos de alteração na legislação, com a promulgação das Leis n. 11.638/2007 e 11.941/2009, ajustando a Lei das Sociedades por Ações para a utilização do novo conjunto de normativas contábeis e a criação do Comitê de Pronuncia- mentos Contábeis (CPC), órgão criado com o apoiode diversas entida- des representativas dos profissionais contábeis, mercado de capitais, mercado financeiro, analistas de investimentos, bolsa de valores, audi- tores e profissionais da educação. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender como foi realizado o processo de conver- gência das normas contábeis brasileiras para as normas internacionais; • assimilar a importância do CPC na elaboração e emissão dos pronunciamentos técnicos a serem adotados pelas empre- sas do país; • identificar as alterações realizadas na Lei das Sociedades por Ações, que possibilitaram a adoção de normas internacionais; • reconhecer os pronunciamentos, as interpretações e as orientações técnicas editados pelo CPC. Objetivos de aprendizagem Harmonização contábil no Brasil 33 2.1 Processo de harmonização contábil no Brasil Vídeo O movimento de harmonização das normas contábeis iniciou com a globalização da economia e a consequente circulação de pessoas e capitais, buscando novos mercados para a realização de investi- mentos. Nesse processo globalizado, a informação contábil se torna crucial, pois aproxima os potenciais investidores das empresas que buscam novos capitais para a expansão de seus negócios. Padoveze, Benedicto e Leite (2012) explicam que os usuários de informações precisam de normas contábeis globais, por isso contadores e em- presas passam a apoiar os esforços para a criação de normas de contabilidade de utilização mundial, buscando a produção de infor- mações com mais transparência, que permita a comparabilidade dos relatórios. Para a adaptação das normas contábeis brasileiras às normas in- ternacionais foi criado no ano de 2005 o CPC. Sua missão é emitir os pronunciamentos e as orientações a serem adotados pelas empre- sas brasileiras. No entanto, outras ações realizadas antes da cria- ção do CPC também podem ser citadas, as quais contribuíram para o processo de convergência das normas nacionais para as normas emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB) a partir de 1973. Na sequência serão descritas as principais normas e ações realizadas no Brasil antes da adoção das normas internacionais de contabilidade. A evolução da legislação societária no Brasil teve seu primeiro grande acontecimento no início no ano de 1940 com a publicação do Decreto-Lei n. 2.627/1940 (BRASIL, 1946). Salotti et al. (2015) in- dicam que essa regulamentação apresentou pela primeira vez e de maneira abrangente regras direcionadas para a contabilização de empresas sob o modo jurídico de sociedade por ações, além de re- gras para a avaliação de ativos, retenção de lucros e distribuição de dividendos, prevendo a publicação do Balanço Patrimonial e da De- monstração de Lucros e Perdas. Essa norma foi utilizada até a edição da Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976), que é indicada como o segundo grande acontecimento no processo de evolução contábil. A profissão contábil foi regulamentada pelo Decreto-Lei n. 9.295, em 27 de maio de 1946, criando os contornos do exercício profis- 34 Contabilidade Internacional sional, direitos, obrigações e prerrogativas expressas, bem como os processos de registro e de fiscalização, para atender ao interesse público e proteger a sociedade de serviços executados por pessoas sem a formação e a qualificação necessárias (CFC, 2021). No mesmo ano foram elaborados o regimento do Conselho Federal de Conta- bilidade (CFC) e as instruções para a instalação dos conselhos regio- nais (CRCs), evidenciando assim a Contabilidade como uma ciência da informação, dedicada ao estudo diligente do patrimônio das en- tidades e provedora de dados essenciais às decisões gerenciais e às transações econômicas (CFC, 2021). A Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976), conhecida como Lei das Sociedades por Ações, apesar de não ser a primeira norma contábil editada no Brasil, é considerada um marco em termos de moderni- zação na legislação societária no país. A lei foi editada considerando o movimento de globalização e abertura de mercados de capitais, tendo como forte influência a contabilidade americana e a preocu- pação com a evidenciação de informações de empresas de capital aberto. A norma contribuiu com a ampliação do nível de evidencia- ção que as empresas precisaram divulgar e com a qualidade e con- fiabilidade nas informações contábeis. Iudícibus (2009, p. 323) ressalta que a lei trouxe muitas contribui- ções, como: 1. a separação da contabilidade comercial da contabilidade para fins fiscais; 2. o aperfeiçoamento da classificação das contas do balanço; 3. a introdução da reavaliação do valor de mercado; 4. a introdução do método de equivalência patrimonial na ava- liação de investimentos; 5. a criação da reserva de lucros a realizar; e 6. o aperfeiçoamento do mecanismo de correção monetária. Apesar da tentativa de separação da contabilidade comercial da contabilidade fiscal, as penalidades para a não observação dos cri- térios fiscais continuaram evidenciadas, o que poderia ocasionar a utilização de critérios e limites fiscais em detrimento de critérios e princípios contábeis. O Banco Central do Brasil (BC) e a Comissão de Valores Mobi- liários (CVM), reguladores das instituições financeiras e companhias Harmonização contábil no Brasil 35 abertas no Brasil, emitiram, respectivamente, regulações contábeis pontuais, como explicam Salotti et al. (2015, p. 4), “para melhorar a qualidade da informação contábil e tentar aproximar o modelo brasileiro das práticas internacionais”. Um exemplo é a Deliberação CVM 29, de 5 de fevereiro de 1986, que aprovou e referendou o pro- nunciamento do Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon) sobre a estrutura conceitual básica da Contabilidade. A norma do CVM apresentou também conceitos e objetivos da contabilidade, reforçando o sentido de evidenciação da informação e a necessidade da análise da essência econômica das operações, não somente os aspectos jurídicos envolvidos. Esse foi um dos ob- jetivos introduzidos pelas normas internacionais, a essência econô- mica em vez do modo jurídico. Em 1993, o CFC emitiu a Resolução CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993, que elenca um conjunto de princípios contábeis, sendo que a observância desses princípios se tornou obrigatória no exercício da profissão e constituiu condição de legitimidade das Normas Bra- sileiras de Contabilidade (NBC). Os princípios relacionados eram os: • da Entidade; • da Continuidade; • da Oportunidade; • do Registro pelo Valor Original; • da Atualização Monetária; • da Competência; • da Prudência. Posteriormente essa norma foi atualizada pela Resolução do CFC n. 1.282/2010, passando a ser denominada de Princípios Fun- damentais da Contabilidade e revogando o princípio da Atualização Monetária. Alguns projetos para a alteração da Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976) foram propostos, objetivando sua atualização com base nos conceitos adotados em mercados internacionais mais desenvol- vidos. Os projetos de alteração da norma, de acordo com Braga e Almeida (2009, p. 1), foram incluídos no Projeto de Lei n. 3.115/1997, “passando a transitar pelos gabinetes do Executivo brasileiro duran- 36 Contabilidade Internacional te 4 anos, após a realização de várias audiências públicas e mani- festações de diversas comissões, em ambas as casas do Congresso Nacional”. A proposta de reformulação das normas contábeis pas- sou a integrar então um novo projeto de lei específica, condensado no Projeto de Lei n. 3.741/2000. Braga e Almeida (2009, p. 1) explicam que a finalidade do projeto era “possibilitar a eliminação de algumas barreiras regulatórias que impediam a inserção total das companhias abertas no processo de convergência contábil internacional”. A norma proposta objetivou também o aumento do grau de transparência das demonstrações, aumentando o escopo das organizações que divulgam seus relató- rios para além das sociedades por ações, incluindo as sociedades enquadradas como de grande porte.A CVM contribuiu para acelerar a tramitação do projeto, promo- vendo audiências com representantes do Poder Executivo e comu- nidade empresarial, entidades e profissionais da área contábil e do mercado, bem como dirigentes de outros órgãos reguladores (BRAGA; ALMEIDA, 2009). Além disso, as discussões originadas pelo projeto de lei levaram diversas entidades, que estavam interessadas na atualiza- ção e no aperfeiçoamento das normas, a conversar e criar grupos de estudos, o que se finalizaria com a criação de um organismo próprio para coordenar o uso das normas internacionais no Brasil. 2.2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) Vídeo A utilização das normas internacionais de contabilidade ocorreu em diferentes datas, dependendo do país. Na Europa, o regulamento da Comissão Europeia foi editado em 2003, o qual tornou obrigatório que, a partir de 2005, as empresas listadas em mercados de valores mobiliários regulamentados, incluindo bancos e seguradoras, devem preparar suas demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as normas do IFRS. Na data de 1º de janeiro de 2005, aproximadamente 7 mil empresas em 25 países europeus mudaram os padrões contábeis nacionais para os padrões IFRS, juntamente com países como Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, dentre outros (IFRS, 2021). Harmonização contábil no Brasil 37 No Brasil, algumas entidades como CVM, CFC, Ibracon e outras passaram a discutir a implantação das normas internacionais e o modo de operacionalizar a convergência aos novos padrões no país. Capitaneado pela Comissão Consultiva de Normas Contábeis da CVM (CCNC), foi proposta a criação de uma “entidade independente com o objetivo de estudar e divulgar princípios, normas e padrões de conta- bilidade e de auditoria em moldes semelhantes” aos órgãos existen- tes ao redor do mundo, como o IASB (BRAGA; ALMEIDA, 2009, p. 2). Coube ao CFC editar a Resolução n. 1.055 em 7 de outubro de 2005, que criou o CPC, órgão autônomo formado por representan- tes de seis entidades diferentes para conduzir os procedimentos de convergências para normas internacionais. Em sua justificativa, o CFC explica que as entidades representativas desse segmento de preparadores de informações contábeis, seus auditores, profis- sionais de investimentos, usuários, fiscalizadores e pesquisadores já vinham trabalhando juntos nesse processo de modo ainda não completamente sistematizado e unificado, mas com acumulação de experiência suficiente para formalizar e definir a implantação de um comitê que reúna essas normas e possa, de maneira central, elabo- rar pronunciamentos técnicos contábeis. Desse modo, o objetivo do CPC é: o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de in- formações dessa natureza para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e à uniformização do seu processo de produção, levando sem- pre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (CFC, 2005) Salloti, Carvalho e Murcia (2015, p. 7) explicam que o CPC foi cria- do com o objetivo de incluir todos os participantes que preparam, auditam e analisam demonstrações financeiras, buscando assim que “essa pluridisciplinaridade impeça o sequestro do processo de normatização por um player isolado e permitindo que o consenso da utilidade por todos seja obtido num diálogo tecnicamente eleva- do, porém consensual”. Conforme a Figura 1, na composição do CPC existem as seguintes entidades. 38 Contabilidade Internacional CPC Abrasca Entidades de investidores Apimec Ibracon B3 Fipecafi CFC ar ve c/ Sh ut te rs to ck Figura 1 Entidades que compõem o CPC Fonte: Elaborada pelo autor. As entidades elencadas para participar do CPC buscam representar diversas entidades e interesses, promovendo a diversidade de opiniões para a construção das melhores práticas contábeis. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 21 de dezembro de 1971, com o propósito de ampliar e aprimorar o mercado de capitais no Brasil. A Abrasca representa os interesses de longo prazo das em- presas emissoras de ações e de seus acionistas para construir um sistema regulatório justo, adequado e eficaz. Abrasca A Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional) é uma entidade criada em 1988 que representa as demais Apimecs Regionais, compostas pelas regiões do Distrito Federal, Minas Gerais, Nordeste, Rio de Janeiro, São Paulo e Sul. A Apimec objetiva desenvolver o mercado de capitais e capacitar os analistas e profissionais do mercado de valores mobiliários, para isso tem como principais funções a certificação dos profissionais do mercado de capitais, a representação política institucional nos órgãos go- vernamentais e em entidades que representam o mercado de capitais, além do intercâmbio com outras confederações internacionais de profissionais (APIMEC, 2021). (Continua) Apimec Harmonização contábil no Brasil 39 A Brasil Bolsa Balcão (B3) é uma sociedade anônima originada da fu- são entre a BM&F Bovespa com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) em 2017. Apesar da atual estrutura ter sido criada em 2017, a B3 foi fundada originalmente em 1890 e atualmente suas atividades “incluem criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de Ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporati- va até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities” (B3, 2021). É a empresa que organiza o mercado de compra e venda de ações no Brasil. B3 O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma autarquia espe- cial corporativa, dotada de personalidade jurídica de direito público, não vinculada com a administração pública federal, que foi criada em 1946. O CFC é o responsável pela emissão das Normas Brasileiras de Contabilidade, de natureza técnica e profissional, sendo representado em cada estado brasileiro por Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs). É o órgão representativo da classe contábil, que orienta, normatiza e fiscaliza o exercício da profissão contábil, sendo responsável pela qualificação técnica e pelos programas de educação continuada para contadores (CFC, 2021). CFC A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) é uma entidade privada vinculada à Universidade de São Paulo (USP). Foi criada em criada em 1974, sem fins lucrativos, com- posta por professores do departamento de contabilidade e atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). É uma instituição que objetiva o fomento, o desenvolvimento e a promoção de pesquisas nas áreas de contabilidade, gestão de negócios e controladoria, finanças, ciências atuariais, gestão pública, tributos, governança corporati- va e outras áreas correlatas (FIPECAFI, 2021). Fipecafi O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) foi constituído em 1971 como uma entidade civil sem fins econômicos e constituído no modo federativo, tendo como finalidade congregar as- sociativamente os auditores independentes e os contadores de todas as áreas de atividades contábeis. O Ibracon (2021) ressalta que sua missão é reforçar “a confiança da sociedade na atividade de auditoria independente e a relevância da atuação profissional, salvaguardando e promovendo os padrões de excelência em contabilidade e auditoria independente”. Ibracon Para conhecer mais sobre as entidades mencio- nadas, acesse os sites oficiais das instituições: Abrasca: https://www. abrasca.org.br. Apimec Nacional: http:// www.apimec.com.br. B3: http://www.b3.com. br/pt_br/. CFC: https://cfc.org.br. Fipecafi: https://fipecafi. org. Ibracon: http://www. ibracon.com.br/ibracon/ Portugues/. Acessos em: 13 jul. 2021. Sitehttps://www.abrasca.org.br https://www.abrasca.org.br http://www.apimec.com.br http://www.apimec.com.br http://www.b3.com.br/pt_br/ http://www.b3.com.br/pt_br/ https://cfc.org.br https://fipecafi.org https://fipecafi.org http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues 40 Contabilidade Internacional Em 2019, a Resolução n. 1.055/2005 foi atualizada pela Resolução n. 1.567/2019 com a inclusão de membros de entidades representati- vas de investidores do mercado de capitais. O CPC é um órgão autôno- mo das entidades representadas, tendo sua estrutura fornecida pelo CFC, como sua estrutura física, biblioteca, recursos humanos, tecnoló- gicos e outros, para o pleno atendimento dos seus objetivos. Os mem- bros do CPC são indicados pelas entidades (dois membros efetivos por entidade), com a maioria de contadores possuindo registro ativo no CRC, com mandatos de quatro anos, renováveis por igual período e sem remuneração. Outras entidades podem ser convidadas para participar do comitê, o qual tem a responsabilidade de recepcionar a norma internacional de contabilidade, promover a respectiva tradução e, como relacionam E. Martins, V. A. Martins e E. A. Martins (2007), quando for necessário, efetuar ajustes de natureza redacional, exemplificativa ou outra, sem que a substância da norma se modifique. Os autores ainda argumen- tam que podem ocorrer casos em que se detecta a existência de con- dições de emissão de uma norma tecnicamente melhor ou em que há imperfeições na norma original. Nesse caso, o CPC deverá promover a discussão com o IFRS para que possam promover ajustes, se esse for o entendimento. Com o objetivo de tornar as discussões amplas e com o envolvimen- to de diversos órgãos e setores, inclusive governamentais, são também sempre convidados a participar representantes dos seguintes órgãos: • Banco Central do Brasil (BC); • Comissão de Valores Mobiliários (CVM); • Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB); • Superintendência de Seguros Privados (Susep); • Federação Brasileira de Bancos (Febraban); • Confederação Nacional da Indústria (CNI); e • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). A operacionalização do comitê acontece por meio de quatro coor- denadores: de operações, de relações institucionais, de relações inter- nacionais e técnicos, além de seus respectivos vice-coordenadores. O mandato de cada coordenadoria é de quatro anos, podendo ser re- Harmonização contábil no Brasil 41 conduzido por reeleição. A seguir são descritas as atribuições de cada coordenadoria, de acordo com o regime interno. Figura 2 Atribuições dos coordenadores do CFC Coordenador de operações • providenciar no CFC as ações necessárias para firmar convênios, visando à adoção dos atos do CPC pelas entidades interessadas na matéria técnica; • propor ao CFC, depois de aprovado pelo CPC, a assinatura de contratos, acordos, con- vênios ou quaisquer outras formas de colaboração ou cooperação para o atendimento dos seus objetivos; • dar posse aos membros do CPC; • manter os livros de posse dos membros do CPC e os de posse dos coordenadores e vice-coordenadores e controlar seus respectivos mandatos; • elaborar o Termo de Posse dos membros, que deve ser aprovado pelo CPC; • providenciar no CFC, depois de aprovadas pelo CPC, a viabilização das audiências públi- cas e das divulgações previstas nesse regimento; • providenciar no CFC: estrutura física, biblioteca, recursos humanos, tecnológicos e ou- tros para o pleno atendimento dos objetivos do CPC; • providenciar para que o CFC divulgue, inclusive por via eletrônica, os atos do CPC e edi- te, no mínimo a cada seis meses, o material de divulgação de tais atos; • solicitar ao CFC ações que visem fomentar a divulgação dos atos e decisões do CPC nas entidades de ensino contábil no Brasil; • encaminhar ao CFC, após aprovação, os Pronunciamentos para homologação do seu Plenário; • dar conhecimento ao CFC das formações dos Grupos de Trabalho; • recepcionar as demandas advindas do CFC e, quando aplicável, dar o encaminhamento necessário no âmbito interno do CPC; • convocar os Presidentes para a Assembleia de que trata o Art. 33 do Regimento Interno do CPC; • elaborar as atas das reuniões do CPC e das Assembleias dos Presidentes; • elaborar, com o auxílio dos demais membros do CPC, o Relatório de Atividades de que trata o artigo 38 do Regimento Interno do CPC e solicitar ao CFC para que efetue sua divulgação; e • outras atribuições que lhe venham a ser solicitadas pelo CPC. (Continua) 42 Contabilidade Internacional Coordenador de relações institucionais • manter os contatos necessários para gerir as entidades reguladoras, para elas aderirem e aprovarem os procedimentos técnicos recomendados pelo CPC; • coordenar a representação do CPC nas entidades que o compõem, nos governos Fe- deral, Estaduais e Municipais, em suas esferas Executiva, Legislativa e Judiciária, nas agências reguladoras, nas organizações não governamentais, na imprensa em matéria não técnica e na sociedade civil organizada; • assinar toda correspondência necessária ao relacionamento do CPC com terceiros nacionais; • preparar e/ou revisar os Comunicados do CPC; • propor ao CPC a data das eleições e da posse para os representantes das entidades que o compõem; • outras atribuições que lhe venham a ser solicitadas pelo CPC. Coordenador de relações internacionais • coordenar a representação do CPC nos organismos internacionais governamentais e privados; • assinar toda correspondência necessária ao relacionamento do CPC com terceiros internacionais; • acompanhar e reportar todos os assuntos que estejam sendo discutidos pelas princi- pais entidades internacionais que regem as regras contábeis; • preparar e/ou revisar Comunicados do CPC para serem disponibilizados no exterior. Coordenador técnico • convidar, depois de aprovado pelo CPC, os membros dos Grupos de Trabalho, que pla- nejarão a consecução dos objetivos previstos nesse regimento, disso informando ao CFC; • elaborar pauta; convocar e coordenar as reuniões do CPC; • representar o CPC na imprensa nas matérias técnicas; e • outras atribuições que lhe venham a ser solicitadas pelo CPC. Fonte: CPC, 2021. Harmonização contábil no Brasil 43 A coordenadoria de operações tem como principais atribuições pro- porcionar o funcionamento do CPC e o relacionamento direto com o CFC na emissão das normas internacionais, denominadas de pronun- ciamentos contábeis. Por sua vez, as coordenadorias de relações ins- titucionais e internacionais fazem a gestão dos pronunciamentos nos órgãos reguladores nacionais e nos organismos governamentais e pri- vados internacionais, acompanhando a evolução dos assuntos contá- beis nas respectivas entidades. 2.3 Alterações na Lei n. 6.404/1976 Vídeo A criação do CPC, em 2005, pela Resolução do CFC n. 1.055/2005 do CFC foi um importante passo para a adoção das normas internacio- nais de contabilidade no Brasil. Porém, foi necessário realizar ajustes na legislação brasileira para que a convergência ocorresse no país. As propostas de alteração das normas contábeis iniciadas com o Projeto de Lei n. 3.115/1997 e, posteriormente, unificadas no Projeto de Lei n. 3.741/2000 culminaram com a edição da Lei n. 11.638, de 28 de de- zembro de 2007 (BRASIL, 1997; 2000; 2007). Martins et al. (2017) explicam que a Lei n. 11.638/2007 (BRASIL, 2007) foi a grande mudança que propiciou condições para a conver- gência com as normas internacionais, pois produziu alterações na Lei das Sociedades Anônimas, que impediam a adoção de novas normas. A Lei 11.638 fez menção à figura do CPC e determinou a segregação entre a contabilidade para fins de demonstrações contábeis e a contabilida- de para propósitos fiscais, mudando os conceitos contábeis aplicáveis até aquele momento. Dentre as alterações introduzidas na Lei n. 6.404/1976(BRASIL, 1976), foram incluídas a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) no conjunto completo de de- monstrações contábeis, ficando, dessa maneira, as seguintes demons- trações como obrigatórias: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); • Demonstração do Resultado do Exercício (DR); • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); • Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 44 Contabilidade Internacional A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (Doar), que anteriormente era obrigatória, foi substituída pela DFC, obrigatória para companhias fechadas com Patrimônio Líquido, na data do Ba- lanço, superior a R$ 2.000.000,00. A DVA foi introduzida para as em- presas de capital aberto. A Lei n. 11.638/2007 (BRASIL, 2007) apresentou um novo grupo no Ativo de longo prazo da companhia: o intangível. Ele é usado para o registro de elementos incorpóreos, como marcas, patentes, dentre ou- tros, e será explicado na sequência. A demora na emissão da norma fez com que ela fosse editada de maneira discrepante das normas in- ternacionais, sendo posteriormente necessária a emissão de nova lei para sua correção. O conceito de Ativo Imobilizado foi alterado, tornando obrigatório o registro dos direitos que tenham como objeto os bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefí- cios, riscos e controle de bens. Braga e Almeida (2009) relacionam que essa é uma alteração significativa no tratamento contábil das operações de arrendamento mercantil e que está alinhada com as melhores práticas internacionais, determinando que os bens do Ati- vo Imobilizado sejam reconhecidos no Ativo da empresa arrendatá- ria e como obrigações (passivos) decorrentes do arrendamento. A nova lei estabeleceu critérios para a classificação e a avaliação das aplicações realizadas em instrumentos financeiros, inclusive de- rivativos. Iudícibus (2009) explica que esse critério se alinha com a regra internacional, que se classifica em três categorias: (i) como destinados à negociação; (ii) mantidos até o vencimento; (iii) disponíveis para venda, e a sua avaliação sendo realizada pelo custo mais rendimentos ou pelo valor de mercado, de acordo com a respectiva classificação nessas categorias. O autor acrescenta que outro conceito importante introduzido pela norma é o de ajuste em relação ao valor presente para os ele- mentos do ativo e do passivo de longo prazo e para as operações ativas e passivas de curto prazo, caso essas operações apresentem valores relevantes nas demonstrações da companhia. Harmonização contábil no Brasil 45 Para os elementos dos grupos de investimento, imobilizado e intangível, a norma obriga que periodicamente seja feita uma aná- lise da recuperação dos valores registrados nesses grupos. Caso os valores registrados nos ativos desses grupos sejam superiores ao seu valor de recuperação, que é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo ou de unidade geradora de caixa e o seu valor em uso, é necessário ajuste para reconhecimento da sua perda. Em relação aos investimentos realizados em empresas coligadas ou em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo eco- nômico ou estejam sob controle comum, de acordo com a nova re- dação do artigo 248 da Lei n. 6.404/1976, o método a ser utilizado para a avaliação desses valores é o de equivalência patrimonial. Anteriormente esse método era utilizado nos investimentos relevan- tes, determinados com base em um percentual do Patrimônio Líqui- do da empresa. Com a alteração, as empresas coligadas passam a ser aquelas em que a investidora exerce influência significativa na administração da empresa investida ou que detenha 20% ou mais de capital votante. Outra alteração introduzida na Lei n. 6.404/1976 é a aplicação de suas normas para a sociedade, ou conjunto de sociedade sob controle comum, que tiver, no exercício social anterior, Ativo Total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou Receita Bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos mi- lhões de reais), mesmo que não constituída sob a forma de socieda- de por ações (BRASIL, 1976). Esse tipo de empresa é considerada de grande porte, por isso deve escriturar suas operações, elaborar suas demonstrações financeiras e ter obrigatoriedade de auditoria inde- pendente por meio de auditor registrado na CVM, em consonância com regras das Leis das Sociedades Anônimas. Após a edição da Lei n. 11.638/2007 (BRASIL, 2007), foi necessária a edição de outras modificações na lei societária, para incorporar outras modificações editadas nas normas internacionais de conta- bilidade. Foi editada a Medida Provisória n. 449, de 2008, converti- da integralmente na Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 (BRASIL, 2009). Essa lei normatizou a nova estrutura do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido a ser apresentada pelas empresas, com a se- guinte composição para o Ativo: 46 Contabilidade Internacional Figura 3 Estrutura dos Ativos Investimentos Imobilizado Intangível Ativo não Circulante Ativo realizável a longo prazo Ativo Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. Desse modo, a estrutura do ativo permanente – que tinha as contas de investimentos, imobilizado, intangível e diferido – deixa de existir e passa a ser representada pelo Ativo não Circulante, que recebe o regis- tro contábil das operações de longo prazo da companhia. O Passivo e Patrimônio Líquido são divididos em: Passivo não Circulante Passivo Circulante Patrimônio Líquido Ações em tesouraria Prejuízos acumulados Reservas de lucros Capital social Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de capital Outro aspecto importante introduzido pelas novas normas foi o con- ceito de neutralidade fiscal, como explicam Salloti, Carvalho e Murcia (2015), buscando não provocar efeitos no recolhimento dos impostos decorrentes das mudanças contábeis. Foi criado o Regime Tributário de Transição (RTT), pois assim existiria a desvinculação entre o fisco e a Contabilidade, para que as novas normas contábeis, compatíveis com as internacionais, “não provocassem quaisquer efeitos tributários, au- mentando ou reduzindo tributos, sem que haja uma outra norma fiscal para fazê-lo; não saindo essa nova norma tributária, prevalece a que existia anteriormente” (MARTINS et al., 2017, p. 21). Figura 4 Estrutura do Passivo e Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. Harmonização contábil no Brasil 47 Caso o fisco determinasse um novo modo de apropriar receitas ou despesas para fins de apuração dos impostos, ele não seria aplicado imediatamente à contabilidade sem uma nova norma contábil própria que incorporasse esses conceitos, representando a desvinculação dos aspectos societários e fiscais. 2.4 Normas emitidas no Brasil Vídeo O CPC é uma entidade criada para estudar, pesquisar, discutir, elabo- rar e deliberar sobre o conteúdo e a redação de pronunciamentos técnicos, que estabelecem conceitos doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem aplicados para sua utilização, com base nas normas internacionais de contabilidade (IFRS). Uma das características dos pronunciamentos técni- cos emitidos pelo CPC é que eles não têm força de lei, pois o CPC é somente o órgão encarregado de centralizar e uniformizar o processo de convergên- cia da contabilidade brasileira de acordo com os padrões internacionais, servindo de base para as normas contábeis brasileiras. Dessa maneira, é necessário que os órgãos que regulam a contabili- dade brasileira incorporem os pronunciamentos em seu corpo de nor- mas, tornando-as obrigatórias para as empresas. Por exemplo, após a emissão de um pronunciamento técnico elaborado pelo CPC, é neces- sário que o CFC edite uma resolução, tornando-a obrigatória para os profissionais contábeis e para as empresas brasileiras. O mesmo pro-cedimento é realizado por órgãos e agências reguladoras, como a CVM, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), pelo BC, pela Agência Nacional de Saúde (ANS), den- tre outras, incorporando as normas para as empresas que estão sob sua alçada de controle e normatização. O procedimento adotado pelo comitê, para a discussão e adoção de uma norma internacional, é a sua tradução, além de ajustes em sua reda- ção, para submeter à audiência pública as minutas de pronunciamentos técnicos. As minutas terão ampla divulgação, de acordo com o CPC (2021): a. por correspondência direta e individualizada enviada aos segmen- tos interessados na matéria objeto do Pronunciamento, inclusive as associações e entidades profissionais, tais como as associações ou federações representativas da indústria, comércio, agricultura, área de serviços, setor financeiro, de investidores etc. b. por publicação e divulgação nos órgãos de imprensa; 48 Contabilidade Internacional c. por mídia eletrônica; d. por reuniões nas principais capitais do país com a participação de membros do CPC ligados ao assunto; e. por comunicação a instituições de ensino e/ou pesquisa de Contabilidade; f. por comunicação a outras entidades que tenham interesse direto no Pronunciamento objeto da audiência; e g. por outro meio que melhor se ajuste ao pronunciamento objeto da audiência pública. Após o período de audiência, e tendo sua aprovação, os pronun- ciamentos técnicos são divulgados junto com seu sumário, seu termo de aprovação e seu relatório de audiência pública, sendo identificados pela sigla CPC, seguida de numeração sequencial, de hífen e denomi- nação, por exemplo, CPC 01 – “Denominação”. Também são elabora- das pelo comitê as interpretações técnicas, denominadas de ICPC, e as orientações técnicas, descritas com a sigla OCPC. E. Martins, V. A. Martins e E. A. Martins (2007, p. 25, grifos do origi- nal) relacionam os trabalhos realizados pelo CPC: Pronunciamentos Técnicos: são as “normas” propriamente ditas, que não têm esse nome pelo que já se comentou: as normas serão emitidas pelos órgãos reguladores próprios, aprovando esses Pronunciamentos Técnicos; Interpretações: são documentos complementares a serem emiti- dos quando, espera-se que raramente, surgirem dúvidas quanto ao efetivo entendimento do que estiver contido num Pronuncia- mento Técnico; e Orientações: documentos relativos a assuntos que, principalmen- te, não devam, devido ao seu alcance ou algum outro motivo, sair na forma de Pronunciamento Técnico ou que exijam algum nível de rapidez na sua emissão. Com a criação do comitê de pronunciamentos em 2005 e a edição da Lei n. 11.638 em 2007 (BRASIL, 2007), o CPC iniciou a emissão dos pronunciamentos a partir de 2008, dividindo-se esse processo em duas fases. Salloti, Carvalho e Murcia (2015) explicam que a primeira fase foi a emissão de um primeiro conjunto de normas no ano de 2008, pois a lei foi aprovada já para sua aplicação no mesmo ano. Os pronuncia- mentos contábeis iniciais foram editados para viabilizar o uso da nova lei e as necessidades imediatas da mudança da legislação. Harmonização contábil no Brasil 49 A segunda fase se deu no ano de 2009, com a emissão de uma gran- de quantidade de pronunciamentos técnicos para serem aplicados a partir de 2010, com efeitos retroativos ao Patrimônio Líquido inicial de 2009, para permitir a comparabilidade entre os anos de 2010 e 2009. A partir de 2010, as empresas brasileiras passaram a utilizar as nor- mas internacionais de contabilidade para o registro e a evidenciação de suas informações contábeis. Considerando o período de criação do CPC até o ano de 2021, fo- ram emitidos 51 pronunciamentos técnicos, 23 interpretações técnicas e 9 orientações técnicas. Por causa de constantes revisões, objetivando o aprimoramento e a adoção de novas normas internacionais criadas pelo IFRS, algumas normas são atualizadas e revogadas. O Anexo 1 apresenta os pronunciamentos técnicos em vigor no pri- meiro semestre de 2021, com seus textos originais ou alterações pos- teriores. Os pronunciamentos que foram alterados posteriormente à sua aprovação e início de uso são reescritos e indicados com R1, R2 e assim sucessivamente, indicando que se trata da sua Revisão n. 1, n. 2 e assim por diante. O site do Comitê de Pro- nunciamentos Contábeis apresenta de maneira clara as datas e minutas das audiências públicas em andamento, os docu- mentos já emitidos e as normas em discussão nos organismos internacio- nais, que permitem que profissionais e empresas acompanhem o que está sendo discutido sobre assuntos contábeis. O site relaciona todas as normas emitidas até o momento e permite sua consulta, com atualizações constantes. Disponível em: www.cpc.org.br. Acesso em: 13 jul. 2021. Site CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo foi apresentada a cronologia da convergência das nor- mas contábeis brasileiras para as normas internacionais de contabilidade. O processo foi iniciado com discussões relacionadas à adaptação da le- gislação societária brasileira para recepcionar os novos padrões, com en- volvimento de órgãos representativos de classe e órgãos governamentais. As alterações nas normas demandaram tempo e culminaram na edição de leis específicas, que pavimentaram o caminho para os novos conceitos que foram introduzidos pela nova base conceitual contábil. Outro marco no processo de convergência foi a criação do CPC, enti- dade independente criada com o apoio do CFC, B3, Apimec, Ibracon, Fi- pecafi, Abrasca e Entidades de Investidores, com estrutura própria e que objetiva o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos. O CPC recepciona a norma internacional, promove a sua tradução, adapta a sua redação e a coloca em audiência pública com ampla publici- dade, de modo que todos os interessados possam contribuir na emissão do documento. Após a emissão da norma, conhecida como Pronuncia- mento Técnico, os diversos órgãos que regulam a contabilidade e as em- http://www.cpc.org.br 50 Contabilidade Internacional presas brasileiras a recepcionam com legislações específicas, tornando-as obrigatórias para profissionais e empresas no país. ATIVIDADES Atividade 1 A assertiva “os pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC não têm força de lei” está correta? Justifique sua resposta. Atividade 2 Um dos pilares das normas internacionais de contabilidade adotadas pelo Brasil é considerar a essência econômica em vez do modo jurídico. Explique esse conceito. Atividade 3 Descreva os procedimentos realizados pelo CPC para a aprova- ção de uma nova norma. REFERÊNCIAS APIMEC. Associação dos analistas e profissionais de investimento do mercado de capitais, 2021. Disponível em: http://www.apimec.com.br/Apimec/Default.aspx. Acesso em: 13 jul. 2021. BRAGA, H. R.; ALMEIDA, M. C. Mudanças contábeis na lei societária: lei n. 11.638, de 28-12- 2007. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Decreto-Lei n. 9.295, de 27 de maio de 1946. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Rio de Janeiro, 27 maio 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del9295.htm. Acesso em: 15 jul. 2021. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 15 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L6404compilada.htm. Acesso em: 08 jul. 2021. BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 14 jul. 2021. BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 maio 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/lei/l11941.htm. Acesso em: 16 jul. 2021. CFC – Conselho Federal de Contabilidade, 2021.Página inicial. Disponível em: www.cfc.org. br. Acesso em: 14 jul. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. CPC, 2021. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=43. Acesso em: 14 jul. 2021. http://www.apimec.com.br/Apimec/Default.aspx http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del9295.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del9295.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm http://www.cfc.org.br http://www.cfc.org.br http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 Harmonização contábil no Brasil 51 BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Deliberação CVM n. 29, de 05 de fevereiro de 1986. Aprova e referenda o pronunciamento do IBRACON sobre a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 fev. 1986. Disponível em: http://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0001/ deli029.pdf. Acesso em: 16 jul. 2021. FIPECAFI. Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, 2021. Página inicial. Disponível em: https://fipecafi.org/Fundacao/Inicial. Acesso em: 13 jul. 2021. IBRACON. Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, 2021. Página inicial. Disponível em: http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/. Acesso em: 13 jul. 2021. IFRS Foundation. IFRS, 2021. Who we are. Disponível em: https://www.ifrs.org/about-us/ who-we-are/. Acesso em: 25 maio 2021. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. MARTINS, E.; MARTINS, V. A.; MARTINS, E. A. Normatização contábil: ensaio sobre sua evolução e o papel do CPC. RIC/UFPE – Revista de Informação Contábil, v. 1, n. 1, p. 7-30, set. 2007. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/ricontabeis/article/ viewFile/7724/7810. Acesso em: 14 jul. 2021. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C.; LEITE, J. S. J. Manual de Contabilidade Internacional: IFRS, US GAAP e BR GAAP. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SALOTTI, B; CARVALHO, N.; MURCIA, F. Convergência da Contabilidade Brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS): Retrospectiva Histórica e Desafios para o Futuro. In: SALOTTI, B. M. et al. (orgs.) IFRS no Brasil: temas avançados abordados por meio de casos reais. São Paulo: Atlas, 2015. http://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0001/deli029.pdf http://conteudo.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0001/deli029.pdf https://fipecafi.org/Fundacao/Inicial http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues https://www.ifrs.org/about-us/who-we-are https://www.ifrs.org/about-us/who-we-are https://periodicos.ufpe.br/revistas/ricontabeis/article/viewFile/7724/7810 https://periodicos.ufpe.br/revistas/ricontabeis/article/viewFile/7724/7810 52 Contabilidade Internacional 3 Estrutura conceitual Neste capítulo, são apresentados os princípios contábeis e o Pronunciamento Conceitual Básico (CPC, 2019) aplicável ao registro e à apresentação das demonstrações financeiras. Os princípios contábeis e o pronunciamento conceitual representam a base conceitual que deve ser observada na aplicação das normas contábeis, para produzir informações úteis aos usuários internos e externos, subsidiando suas análises e deci- sões financeiras. As bases para apresentação das demonstrações contábeis são evi- denciadas no Pronunciamento Técnico n. 26, editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), aplicáveis a todo conjunto de de- monstrações. Essas bases contribuem para a elaboração de informações comparáveis entre períodos diferentes da mesma empresa e para as de- monstrações dessa com as outras, em determinado período ou ao longo do tempo. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender quais os princípios contábeis aplicáveis às normas brasileiras e como se deu sua substituição pela estrutura conceitual editada pelas normas internacionais de contabilidade; • explicar a importância da aplicação das características qualitativas fundamentais e de melhoria, para a elaboração de informações contábeis; • identificar os itens que devem estar presentes na elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, com o objetivo de produzir demonstrações que sejam compreensíveis e comparáveis; • conhecer os desafios da profissão contábil na aplicação das normas internacionais de contabilidade. Objetivos de aprendizagem Estrutura conceitual 53 3.1 Princípios contábeis no Brasil Vídeo A contabilidade possui, como objetivo principal, a geração de infor- mações que possam ser úteis a diversos grupos de usuários contábeis, como os usuários internos: os gestores, administradores, sócios, den- tre outros; ou os usuários externos: os acionistas, credores, governo, e demais. As informações geradas são utilizadas para embasar as de- cisões econômicas tomadas pelos seus usuários. Para atender aos di- versos interesses sobre a informação contábil, a contabilidade é regida por postulados, princípios e convenções o que forma a sua estrutura conceitual. Nesse sentido, os postulados, de acordo com Hendriksen e Van Bre- da (2010, p. 77), são “premissas básicas ou proposições fundamentais concernentes ao ambiente econômico, político, sociológico no qual a contabilidade deve operar”. Os autores argumentam que os postulados indicam o quê a contabilidade deve fazer ou como ela deveria ser feita, representando a base para a elaboração da teoria, sendo retratados – da mesma forma que os princípios – como pilares da contabilidade. Para Iudícibus (2009) os dois postulados mais importantes são o da entidade contábil e o da continuidade. O postulado da entidade pressupõe a identificação de uma entidade contábil, que é todo ente que controla e comanda os recursos econômicos – esses constituídos juridicamente ou não – para os quais a contabilidade elabora relatórios e acompanha sua evolução quantitativa e qualitativa, com patrimônio distinto dos sócios que a compõem (IUDÍCIBUS, 2009). Já o postulado da continuidade implica no reconhecimento que as entidades são em- preendimentos em andamento, constituídas por um conjunto de bens que possuem sua avaliação de acordo com a capacidade de gerar be- nefícios econômicos. Por conta disso, a contabilidade é voltada para as entidades, pois possuem patrimônio separado dos sócios que a consti- tuem e operam sem ter um prazo definido. Se os postulados indicam o ambiente em que a contabilidade atua, os princípios, por sua vez, buscam “uniformizar fundamentalmente as bases sobre as quais os eventos serão reconhecidos e mensurados”, como explica Luz (2015, p. 72). Desse modo, normatizam a contabilidade com objetivo de reduzir as distorções no uso de procedimentos contá- beis e na geração de informações. Para que um princípio seja classifica- 54 Contabilidade Internacional do como tal e seja utilizado no ambiente contábil, o autor relaciona que deve possuir as características essenciais de ser útil – agregando valor à informação contábil – e praticável, ou seja, a observância do princípio deve ser exigida de todos os contadores, tendo caráter de generalidade. Além disso, os princípios devem estar presentes na formulação das normas contábeis brasileiras. Como explicam Santos, Schmidt e Ma- chado (2005, p. 28): Podem ser considerados os pilares do sistema de normas, que estabelecerá regras sobre a apreensão, registro, relato, demons- tração e análise dasvariações sofridas pelo patrimônio, buscan- do descobrir suas causas, de forma a possibilitar a feitura de prospecções sobre a entidade, e não podem sofrer qualquer res- trição na sua observância. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu a Resolução CFC n. 750 em 29 de dezembro de 1993, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais da Contabilidade, representando, segundo a norma, a essência das doutrinas e teorias da contabilidade. Essa norma foi posteriormente alterada pela Resolução CFC n. 1.282, de 28 de maio de 2010 e, em 1 de janeiro de 2017, foi revogada. A NBC TG Estrutura Conceitual foi editada na sequência de acordo com as normas interna- cionais, passando a ser a estrutura de princípios aplicáveis às normas contábeis brasileiras. Apesar da revogação da Resolução CFC n. 750, os princípios elen- cados na norma não foram extintos e, conforme explica Girotto (2016, p. 1): “a revogação das resoluções visa à unicidade conceitual, indis- pensável para evitar divergências na concepção doutrinária e teórica, que poderiam comprometer aspectos formais das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs)”. Os princípios continuam sendo importan- tes para a estrutura de doutrinas e teorias contábeis, sendo, portanto, elencados a seguir: Entidade. 1 Continuidade. 2 Oportunidade. 3 (Continua) Estrutura conceitual 55 Registro pelo valor original. 4 Atualização monetária. 5 Competência. 6 Prudência. 7 Na sequência, são explicados os principais conceitos dos princípios normatizados pela Resolução CFC n. 750 e, depois, atualizados pela Re- solução CFC n. 1.282. 3.1.1 Princípio da entidade Esse princípio indica que o objeto da Contabilidade é o patrimônio das entidades e afirma a autonomia patrimonial, diferenciando o pa- trimônio dos sócios ou proprietários daquele pertencente à sociedade ou à instituição. O patrimônio pertencente à entidade não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, tendo a aplicação da contabilidade no registro, controle e mensuração do patrimônio das entidades, independentemente de sua natureza jurídica ou da sua fina- lidade lucrativa ou não. Luz (2015) reforça que a norma faz clara distinção entre o que per- tence à entidade e o que é das pessoas físicas ou jurídicas, de seus sócios e dos acionistas. Essa segregação é importante, pois permite o controle separado, além de que os elementos da vida pessoal dos só- cios não interfiram nos resultados da entidade, resultando em algumas situações em que os lucros ou os prejuízos não correspondam à reali- dade do negócio. 3.1.2 Princípio da continuidade O princípio da continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância (CFC, 1993). O ponto principal da continuidade é que as entidades per- 56 Contabilidade Internacional manecerão em operação por tempo indeterminado, com potencial de geração de benefícios, com isso, o reconhecimento e a avaliação dos ativos e passivos da entidade leva em conta essa premissa. Santos, Schmidt e Machado (2005) compreendem que a continui- dade dos negócios das empresas influencia a metodologia de cálculo e o reconhecimento do valor econômico dos ativos e passivos. Caso as premissas da continuidade sejam alteradas e tenham um horizonte de suspensão das atividades da organização, os valores de seus ativos e os prazos de vencimento de seus passivos podem sofrer alterações, ne- cessitando, então, de metodologias diferentes para avaliação de bens, de direitos e de obrigações da entidade. 3.1.3 Princípio da oportunidade O princípio da oportunidade tem como premissa principal a tem- pestividade e a integridade dos registros contábeis das operações realizadas pela entidade. As alterações patrimoniais ocorridas em determinado período devem ser registradas e mensuradas quando ocorrerem e na extensão em que acontecerem, obedecendo à tem- pestividade da informação contábil, representando a integridade das informações. O CFC (1993) entende que, caso a integridade e tempes- tividade não sejam observadas na elaboração e na divulgação da infor- mação contábil, isso pode ocasionar perda da utilidade da informação, pois a sua relevância é diminuída em função das informações atrasa- das e que essas não expressem a realidade das mutações patrimoniais. Durante a realização das operações das entidades, pode haver si- tuações de incerteza em relação à ocorrência de variações patrimoniais, como é o caso de eventos relacionados aos processos fiscais, trabalhis- tas, ambientais, dentre outros, em que – apesar de serem originados de eventos passados – existe incerteza em relação ao momento do de- sembolso e o respectivo valor relacionado ao evento. Mesmo nessas si- tuações, caso sejam tecnicamente estimáveis os valores e as previsões de períodos de desembolsos, os registros das alterações patrimoniais – representadas por alterações nos ativos e passivos da empresa – de- vem ser efetuados obedecendo a tempestividade e a integridade das informações contábeis. Estrutura conceitual 57 3.1.4 Princípio do registro pelo valor original Os valores originais das operações devem ser utilizados para o re- gistro inicial dos elementos do patrimônio da entidade, sendo expres- sos em moeda nacional. Iudícibus (2009, p. 42) explica que a premissa do princípio é “que, presumivelmente, o preço acordado entre compra- dor e vendedor seja a melhor expressão do valor econômico do ativo, no ato da transação”. Portanto, o registro inicial deve ser pelo valor negociado no momento da transação, representando o potencial de benefícios futuros que o ativo pode gerar para a empresa. A Resolução CFC n. 750 indica que a base de mensuração inicial que deve ser utilizada é o custo histórico: Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recur- sos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das opera- ções. (CFC, 1993) Após o registro inicial, os ativos e os passivos podem sofrer varia- ções nos seus valores, sendo utilizados outros critérios de mensuração: o custo corrente, o valor realizável, o valor presente, o valor justo e a atualização monetária, conforme veremos a seguir. 3.1.5 Atualização monetária O princípio da atualização monetária, presente na Resolução CFC n. 750/93 (GIROTTO, 2016), evidenciava que os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos re- gistros contábeis por meio do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Posteriormente, com a edição da Resolução CFC n. 1.282/10, esse princípio foi revogado, entendendo o legislador que a moeda nacional se mostra mais estável, não apre- sentando constantes valorizações e desvalorizações. 58 Contabilidade Internacional 3.1.6 Princípio da competência O princípio da competência determina que as operações contábeis devem ter seu registro efetuado no período em que ocorrem, indepen- dentemente de quando irá ocorrer o seu recebimento ou pagamento. Luz (2015, p. 80) explica que “a observância do princípio de competên- cia implica que as receitas e despesas serão reconhecidas pela conta- bilidade conforme a ocorrência de seus respectivos fatos geradores”. O evento econômico é observado para a evidenciação contábil, em de- trimento dos períodos que serão recebidos ou deverão ser pagos pela entidade (evento financeiro). Iudícibus (2009) entende que o elemento fundamental no reconhe- cimento de receitas é o ganho da receita, ou seja, o fato gerador dela, e em relação às despesas, essas são apropriadas, ou seja, registradas, quando são incorridas, isto é, quando ocorre o consumode ativos para a produção de bens e geração de receitas. Acerca disso, a Resolução CFC n. 750/93 (GIROTTO, 2016) pressupõe o registro simultâneo de re- ceitas e despesas que sejam correlatas. 3.1.7 Princípio da prudência De acordo com o artigo 10 da Resolução CFC n. 750/93, “o princípio da prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exer- cício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza”. Esse princípio apresenta que o contador deve preocupar-se que os ativos e as receitas não sejam registrados por valores superesti- mados, assim como, os passivos e as despesas tenham seu registro por valores subestimados, gerando, com isso, valores distorcidos na eviden- ciação do patrimônio da entidade. Acerca disso, Luz (2015) explica que o conservadorismo nos números contábeis tem como objetivo evitar falsas expectativas no mercado, o que poderia induzir investidores na realização de transações que representam riscos potenciais. A aplicação da prudência, conforme Santos, Schmidt e Machado (2005), deve ser com cautela e sem excessos, evitando situações que possam ser enquadradas como manipulações dos resultados da em- presa. Os autores reforçam que o uso da prudência deve “constituir garantia da inexistência de valores artificiais, de interesse específico de determinados usuários, especialmente administradores e controlado- res” (SANTOS; SCHMIDT; MACHADO, 2005, p. 51). Estrutura conceitual 59 3.2 Pronunciamento Conceitual Básico Vídeo Em 2005, o CPC foi instituído como órgão responsável pela emis- são das normas contábeis brasileiras em convergência aos padrões in- ternacionais. Em 2008, o comitê emitiu o Pronunciamento Conceitual Básico, conhecido também como CPC 00, que apresentou a estrutura conceitual para a elaboração e a apresentação das demonstrações contábeis e representa a base conceitual aplicável aos demais pronun- ciamentos. O CPC 00 foi recepcionado pelo CFC com a edição da Re- solução CFC n. 1.121/2008, aprovando a NBC T 1 Estrutura Conceitual - Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demons- trações Contábeis. Posteriormente, em 2011, a norma do CFC passou a ser denominada de NBC TG Estrutura Conceitual - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. A partir da Resolução CFC n. 1.121, o Brasil passou a ter duas normas sobre as características da informação contábil e bases conceituais: Figura 1 Resolução CFC n. 1.121 1. Resolução CFC n. 750 (com alteração posterior pela Resolução CFC n. 1.282), com as principais características dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. 2. NBC TG Estrutura Conceitual, que apresenta orientações e fundamentações que devem ser seguidas pelos contadores no registro, na elaboração e na divulgação das demonstrações contábeis (LUZ, 2015). Am m us /S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pelo autor com base em CFC, 2008. As duas normas existiram em conjunto até a revogação da Resolu- ção CFC n. 750, em 23 de setembro de 2016, com efeito a partir do dia 1 de janeiro de 2017. O Pronunciamento Técnico CPC 00, que está em sua segunda revi- são, estabelece a base para edição de pronunciamentos que melho- rem a transparência, a comparabilidade e a qualidade das informações financeiras. A elaboração de informações com elevada qualidade pos- sibilita aos usuários contábeis – como investidores e credores – o uso dessas demonstrações para fundamentar suas decisões econômicas 60 Contabilidade Internacional de maneira assertiva, buscando maior eficiência econômica dos recur- sos investidos. Para a elaboração de demonstrações contábeis que reflitam a situa- ção econômico-financeira das entidades de modo adequado, contribuin- do, por meio disso, para a tomada de decisões por parte dos usuários, o Pronunciamento Técnico elenca as características qualitativas que a in- formação contábil deve atender, a saber: (i) as características qualitativas fundamentais; e (ii) as características qualitativas de melhoria. 3.2.1 Características qualitativas fundamentais São as características qualitativas que, necessariamente, precisam estar presentes nas demonstrações contábeis para que sejam úteis para os usuários das informações. Luz (2015) explica que elas qualifi- cam a informação para que essa tenha o potencial de cumprir com a sua finalidade, que é servir de fonte para balizar as decisões dos usuá- rios dessas informações. As características qualitativas fundamentais são a relevância e a representação fidedigna (Figura 1). Figura 1 Características qualitativas fundamentais Relevância Características qualitativas fundamentais Representação fidedigna ar ve c/ Sh utt erst ock A relevância é caracterizada como uma informação financeira ca- paz de fazer a diferença para os usuários no momento da escolha da decisão a ser tomada. A informação financeira é relevante, de acordo com Hendriksen e Van Breda (2010), quando é pertinente à questão analisada, afetando metas, compreensão e decisões dos usuários das informações. Os autores acrescentam que a informação relevante deve auxiliar os usuários a fazer predições sobre os resultados passados, presentes e futuros, possibilitando confirmar ou corrigir expectativas, ou – como indica o CPC 00 (2019) – deve ter valor preditivo ou valor confirmatório. Estrutura conceitual 61 A informação financeira pode ser utilizada em modelos de toma- da de decisão usados para a previsão de resultados, tornando-se úteis para a projeção de cenários e predições de valores. Como valor confir- matório, a informação irá auxiliar com a criação de feedbacks acerca dos resultados passados e das correções nas expectativas. Em algumas situações, a informação pode ser utilizada como valor confirmatório e valor preditivo, como é o caso da projeção de receitas, que – após trans- corrido o período – permite a análise e a confirmação dos valores e, pos- teriormente, pode ser utilizada para a projeção dos períodos seguintes. Por fim, o CPC 00 (2019, p. 10) também ressalta outro aspecto da relevância: a materialidade, explicando que a “informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder influenciar, razoavel- mente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros tomam com base nesses relatórios”. A representação fidedigna é a característica qualitativa que indica que os fenômenos devem ser representados fidedignamente, ou seja, que as informações contábeis devem representar fielmente os fenô- menos econômicos. O CPC 00 (2019) lista três características que essa representação deve ser: (i) completa, (ii) neutra e (iii) isenta de erros. Uma informação é completa quando relaciona todos os fatos neces- sários para a compreensão do evento ou fenômeno, permitindo que o usuário compreenda a informação e a utilize no embasamento de suas ações. Em algumas situações são necessárias descrições e explicações adicionais às demonstrações contábeis, esclarecendo a natureza dos fatos econômicos. A neutralidade diz respeito à imparcialidade e a não manipulação das informações e respectivas evidenciações no formato das demons- trações contábeis. O profissional contábil deve manter-se neutro em relação às informações elaboradas, não sendo tendencioso na apre- sentação delas, permitindo dessa forma que o usuário da informação forme suas próprias conclusões acerca dos eventos retratados. O CPC 00 (2019, p. 11) relaciona que uma informação “livre de erros significa que não há erros ou omissões na descrição do fenômeno e que o processo utilizado para produzir as informações apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo”. Em algumas circuns- tâncias, as informações terão que ser elaboradas com o uso de esti- 62 Contabilidade Internacional mativas ou julgamentos, mas devem ser o mais próximo da realidade econômica do evento e explicadas de modo claro e preciso. 3.2.2 Características qualitativas de melhoria Como o próprio nomeindica, são as características qualitativas que objetivam melhorar a utilidade da informação contábil, sendo recomendáveis na produção de informações e relatórios, utilizadas em conjunto com a relevância e a representação fidedigna. São elas: a comparabilidade, a capacidade de verificação, a tempestividade e a compreensibilidade, representadas a seguir. Figura 2 Características qualitativas de melhoria Características qualitativas de melhoria Comparabilidade Capacidade de verificação Tempestividade Compreensibilidade Abert/Shutterstock Lunelli (2016, p. 1) explica que “os usuários devem poder comparar as informações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho”. Além da comparação dos eventos de uma entidade, analisando os dados de períodos diferentes, a informação contábil deve também permitir a comparação com informações de outras entidades. A característica qualitativa da comparabilidade, segundo Hendrik- sen e Van Breda (2010), permite a identificação – por parte do usuário Estrutura conceitual 63 da informação – das semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos. Para auxiliar a interpretação e a tomada de decisão pelo usuário da informação, as normas aplicadas à apresen- tação das demonstrações contábeis exigem que os relatórios relacio- nem o período atual e ao imediatamente anterior a ele, permitindo, por meio disso, a comparação entre os valores e a melhoria na qualidade de informação disponível para análise. A característica qualitativa da verificação indica que os usuários das informações devem analisar e entender o fenômeno retratado, compreendendo a situação econômica da entidade. Em algumas si- tuações, é necessária a divulgação de informações adicionais, como as premissas utilizadas para a elaboração das informações, de modo a permitir a verificabilidade por parte dos usuários. O CPC 00 (2019, p. 13, grifo nosso) relaciona que a “capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo, de que a representação específica é re- presentação fidedigna”. Como a análise realizada pelos usuários da informação contábil é baseada nas demonstrações financeiras e pre- missas divulgadas, por exemplo, nas notas explicativas, podem chegar a resultados parecidos, embora não necessariamente iguais. A verificabilidade pode ser realizada tanto de modo direto, com a observação do fenômeno ou evento analisado, quanto pela verificação da quantidade de produtos em estoque, por meio de contagem física, ou, ainda, pela auditoria dos valores no caixa da empresa, por meio da contagem do dinheiro disponível. Outra forma de verificação é aquele de modo indireto, por meio das informações divulgadas pela empresa, pelas premissas utilizadas, em que o observador recalcula os modelos e as estimativas realizadas pela companhia. Um exemplo disso é o cálculo do valor realizável dos esto- ques, esse analisa se os estoques não estão registrados por um valor superior àquele que conseguirão ser realizados pela venda. Para essa validação, os usuários externos da empresa utilizarão os dados divulga- dos pela empresa recalculando os respectivos valores. A característica qualitativa da tempestividade indica que a infor- mação deve ser disponibilizada no tempo correto para que seja uti- lizada pelos usuários da informação contábil em suas decisões. Uma 64 Contabilidade Internacional decisão divulgada com muito atraso não é capaz de ser utilizada para conferências, previsões futuras e influenciar as decisões. Lagioia (2011) explica que as entidades devem buscar o equilíbrio para fornecer a informação no tempo adequado, auxiliando o tomador da de- cisão e que a informação tenha o máximo de confiabilidade. Uma informa- ção divulgada antes que todos os aspectos sejam conhecidos pode atender à tempestividade, mas, pode ter sua confiabilidade afetada pela falta de informações sobre determinado evento. Por sua vez uma informação di- vulgada após o conhecimento de todos os fatos pode trazer mais confiabi- lidade, mas pode ter menos utilidade, se não chegar em tempo hábil de ser utilizada. O contador e a entidade devem buscar o equilíbrio entre o tempo de divulgação e a confiabilidade da informação. Por fim, a característica qualitativa da compreensibilidade é a con- dição de que as informações divulgadas devem ser entendidas para os usuários das demonstrações financeiras. Luz (2015) explica que essa característica permitirá uma manipulação mais adequada da informa- ção contábil, pois a análise será mais efetiva com base na correta com- preensão do usuário. Ainda, pressupõe que mesmo eventos complexos devem ser reporta- dos, pois, como explica Lunelli (2016, p. 1): “presume-se que os usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, da atividade econômi- ca da empresa e também de contabilidade”. A não inclusão de eventos complexos fará com que as demonstrações financeiras fiquem incom- pletas, prejudicando o uso das informações em análises e decisões. 3.3 Normas para apresentação das demonstrações contábeis Vídeo O Pronunciamento Técnico n. 26 foi editado pelo CPC em 2009, com atualização no ano de 2011, para definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis e permitir a comparabilidade dessas demonstrações de uma empresa em períodos diferentes e com as de outras empresas. A referida norma foi adotada pelo CFC, com a edição da NBC TG 26. As demonstrações contábeis são um conjunto de relatórios estru- turados elaborados pelas entidades em um determinado período, con- forme apresenta o CPC (2011, p. 6), e têm como objetivo: Estrutura conceitual 65 Proporcionar informação acerca da posição patrimonial e finan- ceira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da ad- ministração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Essas demonstrações são elaboradas seguindo a estrutura deter- minada conforme as normas, servindo de fonte de informações sobre os ativos, passivos, resultados e fluxos de caixas das empresas, para os diversos tipos de usuários, que utilizam para realizar suas análises e previsões. O conjunto completo de demonstrações contábeis é: Balanço Patrimonial ao final do período; 1 Demonstração do Resultado do período; 2 Demonstração dos Fluxos de Caixa do período; 5 Demonstração do Resultado Abrangente do período;3 Notas Explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas; 6 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do período;4 Demonstração do Valor Adicionado do período.7 As pequenas e médias empresas seguem uma norma própria, o Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, recepcionada pelo CFC com a edição da NBC TG 1000, que permite que as empresas apresentem a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados no lugar da Demonstração do Resultado Abran- gente e da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Segun- do a mesma norma, a Demonstração do Valor Adicionado também não é obrigatória para esse conjunto de empresas, somente para as empre- sas constituídas com a forma jurídica de sociedade anônima. 66 Contabilidade Internacional Outro grupo de empresas – as microempresas e empresas de pe- queno porte – seguem a Interpretação Técnica Geral 1000, editada pelo CFC em 1º de janeiro de 2012, que compreende que essas empresas devem apresentar somente o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e as Notas Explicativas, sendo as demais demonstrações fa- cultativas na elaboração e apresentação. O Pronunciamento Técnico n. 26 apresenta os aspectosgerais que devem ser observados na elaboração das demonstrações contábeis, aplicáveis em todas as demonstrações e para todas as empresas, inde- pendentemente da forma jurídica de sua constituição. A seguir, são lis- tados os principais aspectos que o profissional contábil deve observar. Apresentação apropriada e conformidade com as práticas contábeis brasileiras A entidade que elabora e apresenta suas demonstrações contábeis deve aplicar todas as normas contábeis vigentes, como explicam Le- mes e Carvalho (2010, p. 10), e “fazer uma declaração explícita e sem restrições de tal cumprimento nas notas explicativas”. Em suas notas explicativas, a entidade incluirá declaração de conformidade com os Pronunciamentos, as Interpretações e as Orientações das normas con- tábeis brasileiras. Quando não houver a aplicação de uma norma – to- tal ou de algum requisito específico –, deverá divulgar essa situação, evidenciando aos usuários contábeis a norma não aplicada e o respec- tivo impacto financeiro, dentre outras informações. Continuidade A continuidade das atividades de uma empresa é um pressuposto importante para a elaboração das demonstrações contábeis, indican- do que a empresa mantém sua capacidade de operação, suas ativida- des e a geração de resultados. Caso existam incertezas com relação à continuidade das operações da empresa, em função de sua situação econômica, diminuição em sua capacidade produtiva ou de mercado consumidor, dificuldades na obtenção de crédito, dentre outros fato- res, a empresa deverá divulgar essa situação, como orienta o CPC 26 (CPC, 2011, p. 11): “Quando a administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de incertezas relevantes relacionadas com eventos ou condi- ções que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da Estrutura conceitual 67 entidade continuar em operação no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas”. O objetivo principal das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre as entidades, servindo de subsídio para os diversos usuários da informação contábil, sendo, portanto, imprescindível a evidenciação da informação da continuidade das operações, para que os interessados conheçam a real situação financeira e econômica e não sejam surpreendidos com o encerramento das atividades pela admi- nistração da empresa. Regime de Competência Martins et al. (2017) explicam que as receitas e as despesas devem ser registradas no período em que ocorrem, com a vinculação da des- pesa à receita do período, independentemente de seus pagamentos ou recebimentos no caixa da empresa. O regime de competência é utilizado na elaboração de todas as demonstrações contábeis, com exceção para a Demonstração dos Fluxos de Caixa, que é apresentada com informações extraídas pelo regime de caixa. Materialidade e agregação O CPC 26 (2011) apresenta que as demonstrações contábeis devem apresentar separadamente cada classe material de itens semelhantes e itens de natureza ou função distinta. Em algumas situações os itens, embora distintos, podem apresentar valores reduzidos que não são individualmente materiais. Nesses casos, os itens devem ser agrupa- dos e apresentados somados a outros elementos das demonstrações contábeis. Embora não sejam individualmente relevantes, algumas in- formações podem justificar a sua evidenciação em separado nas notas explicativas. O artigo 176 da Lei n. 6.404, de 1976 indica que peque- nos saldos de contas semelhantes podem ser agregados, desde que o total não ultrapasse dez por cento do grupo em que as contas estão inseridas. Compensação de valores Lemes e Carvalho (2010, p. 11) explicam que “os ativos, passivos, receitas e despesas não podem ser compensados entre si, a menos que seja exigido ou permitido por alguma norma específica”, devem ser informados separadamente. A norma indica que a compensação 68 Contabilidade Internacional de elementos pode prejudicar a apresentação e a interpretação dos valores evidenciados nas demonstrações, a menos que possa melhorar a capacidade do usuário de entender os números apresentados. Frequência de apresentação As demonstrações contábeis devem ser apresentadas pelo menos anualmente. O CPC 26 (2011) também explica que caso ocorra altera- ção na data de encerramento das demonstrações contábeis – ou sejam apresentadas em períodos mais longos ou mais curtos do que um ano –, a entidade deve informar os motivos da alteração da data e períodos diferentes de um ano. Informação comparativa As demonstrações contábeis devem ser apresentadas de modo comparativo, do período corrente que está sendo demonstrado com o período imediatamente anterior. A entidade deve apresentar como informação mínima dois Balanços Patrimoniais, duas Demonstrações do Resultado e do Resultado Abrangente, duas Demonstrações do Re- sultado (se apresentadas separadamente), duas Demonstrações dos Fluxos de Caixa, duas Demonstrações das Mutações do Patrimônio Lí- quido e duas Demonstrações do Valor Adicionado (se apresentadas), bem como as respectivas notas explicativas. Mudança na política contábil, demonstração retrospectiva ou reclassificação O CPC 26 (2011, p. 15) afirma que “a entidade deve apresentar um terceiro balanço patrimonial no início do período anterior, adicional aos comparativos mínimos das demonstrações contábeis” quando houver aplicação de uma política contábil retrospectivamente ou fizer uma reapresentação retrospectiva de itens nas suas demonstrações contá- beis ou reclassificar itens de suas demonstrações contábeis. A entidade também deverá apresentar o terceiro Balanço Patrimonial se a aplica- ção retrospectiva, a reapresentação retrospectiva ou a reclassificação tiver efeito material sobre as informações do Balanço Patrimonial no início do período anterior. Consistência de apresentação As entidades devem manter tanto a apresentação quanto a classi- ficação das contas em suas demonstrações contábeis de um período Estrutura conceitual 69 para outro, como explicam Lemes e Carvalho (2010), a menos que uma alteração seja mais apropriada, produzindo demonstrações contábeis mais completas. Identificação das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis são relatórios elaborados e apresentados seguindo as normativas contábeis vigentes e devem permitir a identifica- ção da entidade que reporta elas, assim como, informações adicionais que permitam o completo entendimento por parte dos usuários da informa- ção. Martins et al. (2017) explicam que é necessário identificar e diferenciar essas demonstrações de outros relatórios que não sejam elaborados se- guindo os preceitos normativos. Já o CPC 26 (2011, p. 17) elenca os seguin- tes itens como obrigatórios para sua correta identificação: (a) o nome da entidade às quais as demonstrações contábeis dizem respeito ou outro meio que permita sua identificação, bem como qualquer alteração que possa ter ocorrido nessa identifica- ção desde o término do período anterior; (b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades; (c) a data de encerramento do período de reporte ou o perío- do coberto pelo conjunto de demonstrações contábeis ou notas explicativas; (d) a moeda de apresentação, tal como definido no Pronuncia- mento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câm- bio e Conversão de Demonstrações Contábeis; e (e) o nível de arredondamento usado na apresentação dos valo- res nas demonstrações contábeis. A identificação da entidade que reporta as demonstrações e as informações, como data, moeda e nível de arredondamento, permi- tem a melhor compreensão e interpretação dos valores apresenta- dos nas demonstrações. O documentário Enron: os mais espertos da sala apresenta um dos maiores casos de falência e escândalo corporativo da história dos Estados Unidos, envolvendo a empresa Enron, que era a 5ª maior empresa do país em 2001. Nesse ano a empresa foi investiga- da pela Securitiesand Exchange Commission (SEC) por fraudar suas demonstrações contábeis e relatórios divulgados ao mercado financeiro, ma- nipulando as informações contábeis. O documen- tário mostra a importân- cia de demonstrações contábeis confiáveis e de rígidas normas de gover- nança corporativa. Direção: Alex Gibney. EUA: HDNet Films, 2005. Documentário 3.4 A profissão contábil e suas características Vídeo A profissão contábil sempre foi fortemente influenciada pelos limi- tes e critérios fiscais, editados principalmente pela Secretaria da Receita Federal. A influência tributária limitou a evolução e o desenvolvimento dos princípios fundamentais da contabilidade, como explicam Martins et al. (2017, p. 1), pois “a Contabilidade era feita pela maioria das em- presas com base nos preceitos e formas de legislação fiscal, os quais 70 Contabilidade Internacional nem sempre se baseavam em critérios contábeis corretos”. A influência da legislação tributária editava procedimentos contábeis para classifi- cação das contas e registro de receitas e despesas (NIYAMA, 2010). A criação do CPC para o estudo, para o preparo e para a edição de normas contábeis iniciou o processo de convergência das normas contábeis brasileiras às normas contábeis internacionais. A partir de 2010, as empresas brasileiras precisaram utilizar o novo conjunto de normas para o registro e a apresentação das suas demonstrações con- tábeis, o que apresentou enorme desafio ao profissional contábil, pois ele precisou se adaptar a essa nova estrutura de normas que prioriza princípios em relação às regras. As alterações nas legislações provo- caram a segregação da contabilidade financeira, essa responsável por elaborar demonstrações contábeis com objetivo de gerar informações para seus usuários, e da contabilidade fiscal, que objetiva a apuração dos tributos exigidos pelas autoridades tributárias. Esse novo cenário requer que o profissional contábil incorpore novos conhecimentos, pois as novas normas diferenciam-se das an- teriores por não apresentarem as regras tão detalhadas em relação ao registro dos fatos contábeis, mas os princípios básicos a serem se- guidos. O profissional contábil passa a ter maior discricionariedade no registro das operações, tendo maior liberdade de ação e decisão, den- tro dos limites da lei. Isso exige maior conhecimento das operações realizadas, necessitando de maior interação com os diversos setores que compõem a entidade. Martins et al. (2017) explicam que a contabilidade passa a ser de toda empresa, não só do contador, ocasionando a ascensão da profissão, ele- vando o patamar da contabilidade nas organizações. Precisa existir uma maior interação com áreas de planejamento, orçamentação, engenha- ria, compras, vendas, dentre outras, que serão a fonte de informações para o registro contábil e que subsidiarão os números evidenciados nas demonstrações contábeis. O profissional deixa de ser o único gerador de informação e passa a dividir essa responsabilidade com a empresa. As normas contábeis internacionais são baseadas na prevalência da essência sobre a forma jurídica, ou seja, muitas vezes o documento fiscal ou contrato que embasa determinada operação não representa a essência econômica da operação. Essa interpretação dos fatos faz com que o contador precise conhecer a operação, mais um motivo para que Estrutura conceitual 71 ele interaja com a empresa como um todo, participando ativamente das discussões, das reuniões e dos planejamentos, a fim de conhecer as operações. Novos conhecimentos deverão ser incorporados ou am- pliados pelo profissional contábil – como conhecimentos matemáticos, estatísticos, econômicos e de gestão –, para aplicação de maneira cor- reta das normas e realizar, corretamente, julgamentos, quando assim for exigido. O papel da educação é fundamental para que esses profissionais tenham uma mudança de comportamento e incorporem esses novos conhecimentos. Salotti et al. (2015, p. 19) reforçam que: Professores e educadores em geral estão, portanto, diante de um imenso desafio: preparar profissionais dotados de pensa- mento crítico para interpretar normas, emitir julgamentos sobre transações e eventos econômicos de modo a produzir informa- ções contábeis de qualidade que sejam úteis para a tomada de decisão econômica dos agentes no mercado. No Brasil, cabe aos professores e responsáveis por cursos e treina- mentos o papel de propagadores desse novo ordenamento contábil que se apresenta para os profissionais da contabilidade que, por sua vez, possuem a responsabilidade de entender e aplicar as normas em todos seus aspectos em prol de uma contabilidade que retrate a real situação econômico-financeira das entidades reportadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, foram apresentadas as resoluções do CFC que edita- ram os Princípios Fundamentais de Contabilidade, os quais representam a essência das doutrinas e teorias da contabilidade. Posteriormente, os prin- cípios fundamentais foram substituídos pelas características qualitativas fundamentais e de melhoria, presentes na Estrutura Conceitual editada pelo CPC. As características qualitativas apresentam aspectos que devem ser observados na elaboração das demonstrações contábeis, contribuin- do para que reflitam na posição econômico-financeiro das entidades. A evidenciação de informações presentes nas demonstrações contá- beis necessita a observância de aspectos, como a continuidade da entida- de, a utilização do regime de competência para contabilização dos fatos contábeis, a frequência de apresentação das demonstrações, a apresen- tação com informações comparativas de períodos anteriores e a correta 72 Contabilidade Internacional identificação dessas informações, permitindo, desse modo, que as de- monstrações sejam compreendidas e sirvam de subsídio para os diversos grupos de usuários da contabilidade. ATIVIDADES Atividade 1 A continuidade é apontada por diversos autores como postulado e como princípio, devido a sua importância na teoria da contabilidade. Explique-a. Atividade 2 Explique o princípio da competência, que deve ser observado no registro das operações contábeis. Atividade 3 Uma das características qualitativas mais importantes é a repre- sentação fidedigna. Comente-a. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília: DF, 17 dez. 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 8 jun. 2021. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 31 dez. 1993. Disponível em: https://www2. cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1993/000750&arquivo=RES_750.DOC. Acesso em: 2 ago. 2021. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.128, de 21 de novembro de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 25 nov. 2008. Disponível em: https://www2. cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001128&arquivo=Res_1128.doc. Acesso em: 20 set. 2021. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.282, de 28 de maio de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 2 jun. 2010. Disponível em: https://www2.cfc.org.br/ sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2010/001282&arquivo=Res_1282.doc. Acesso em: 2 ago. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Conceitual Básico. CPC, 2019. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf. Acesso em: 17 ago. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico 26. CPC, 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf. 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O cálculo do valor justo destina-se a ativos e passivos espe- cíficos, sendo necessária a análise das características dos bens, direitos e obrigações, incorporadas na precificação desses elementos. São analisados os procedimentos que devem ser aplicados para que a entidade assegure que seus ativos estejam registrados contabilmente por valores que não ultrapassem seu valor de recuperação, seja em uma operação de venda ou com a utilização dos ativos na geração de fluxos de caixa futuros (CPC, 2010). Caso forem constatados valores contábeis maiores que os valores de recuperação, ajustes devem ser realizados no valor dos ativos. Outro aspecto estudado no capítulo é a aplicação de normas contábeis específicas para empresas de menor porte, como microempresas, empre- sas de pequeno e médio porte. A aplicação de um conjunto reduzido de normativas se justifica, pois são empresas que normalmente não têm obri- gação de prestação de contas, elaborando suas demonstrações contábeis principalmente para uso interno na gestão das entidades e não possuindo algumas das operações descritas nos pronunciamentos contábeis. Bases de mensuração 75 Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender como a aplicação de bases de mensuração diferentes do custo histórico podem produzir informações atualizadas sobre os elementos das demonstrações contá- beis, melhorando a informação contábil evidenciada; • aplicar o cálculo do valor presente para definir o atual valor de ativos e passivos, identificando separadamente os elementos de receitas e despesas financeiras embutidas nas operações; • identificar as técnicas de avaliação utilizadas para estimativa do preço de ativos e passivos a valor de mercado; • conhecer as normas contábeis aplicáveis às entidades de me- nor porte no Brasil. Objetivos de aprendizagem 4.1 Mensuração do valor presente Vídeo O Pronunciamento Técnico CPC 12 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi editado em 2008 com o objetivo de apresentar os principais aspectos que devem ser observados no cálculo e registro do ajuste a valor presente, aplicável nos elementos do ativo e passivo, fornecendo também as orientações para a evidenciação nas demons- trações contábeis. O valor presente é uma das bases de mensuração aplicadas no reconhecimento dos elementos das demonstrações, pro- duzindo informações com maior grau de relevância, uma característi- ca qualitativa imprescindível para que as informações contábeis sejam úteis e façam a diferença nas decisões dos usuários. As operações de vendas e compras a prazo normalmente possuem a incidência de juros, que são embutidos nos valores das transações, sendo incluídos nos totais das notas fiscais de vendas e de compras. Dessa forma, os documentos fiscais têm uma parte que corresponde à mercadoria ou ao produto (o valor à vista da operação) e outra parte que corresponde a juros da operação a prazo. Contabilmente, são duas operações distintas incluídas na mesma operação, uma sendo o valor da receita com vendas ou da compra e outra sendo receita ou despesa financeira, portanto é necessário o registro contábil nos seus devidos grupos para a demonstração de resultado. O documento completo do Comitê de Pronun- ciamentos Contábeis, Pronunciamento Técnico CPC 12 – Ajuste a valor pre- sente está disponível para leitura no link a seguir: Disponível em: http://static.cpc. aatb.com.br/Documentos/219_ CPC_12.pdf. Acesso em: 9 set. 2021. Leitura http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/219_CPC_12.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/219_CPC_12.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/219_CPC_12.pdf 76 Contabilidade Internacional No registro dessas operações, o CPC 12 (CPC, 2008, p. 6) explica que: os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. A quantificação do ajuste a valor presente deve ser realizada em base exponencial ‘pro rata die’, a partir da origem de cada transação, sendo os seus efeitos apropriados nas contas a que se vinculam. As operações de longo prazo, registradas no Ativo e Passivo não Circulante, devem ser obrigatoriamente ajustadas a valor presente quando existirem componentes de juros embutidos na operação. Para as operações de curto prazo – normalmente operações de até um ano –, registradas no Ativo e Passivo Circulante, a empresa e o profissional contábil deverão determinar se existem efeitos relevantes e proceder ao ajuste dos valores. A norma não especifica o que é relevante, fican- do sob discernimento do profissional contábil essa definição. Outro ponto importante apresentado pela norma é a utilização de taxas que reflitam a incidência de juros na operação, que podem ser taxas explícitas – ou seja, conhecidas no ato da operação – ou implícitas – quando a desconhecemos –, mas elas estão embutida nos valores da operação. As taxas utilizadas para o desconto a valor presente devem ser taxas de juros compatíveis com a natureza, o prazo e os riscos as- sociados às operações realizadas. O cálculo utiliza o conceito dos juros compostos e base exponencial pro rata die, que é o cálculo proporcio- nalaos dias transcorridos. Na sequência, os demais aspectos do ajuste a valor presente serão explicados com o uso de exemplos de operações de compra e venda. Operação de venda a prazo, com juros embutidos na operação A empresa Exemplo S.A. vendeu mercadorias no valor de R$ 100.000,00 no dia 01/07/20x1, para recebimento em 4 parcelas mensais iguais e consecutivas, iniciando a primeira em 30 dias. Sobre a operação incide ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermu- nicipal e de comunicação) sobre vendas no percentual de 18%. O custo da mercadoria vendida é de R$ 40.000,00. Para as vendas a prazo, a companhia utiliza a taxa de 5% ao mês a título de juros embutidos na operação. Observação: embora seja uma operação de curto prazo, em que não há a obrigatoriedade do ajuste a valor presente, para fins de exemplo, consideraremos como relevantes os juros embutidos na operação e será realizado o cálculo do ajuste na operação. O reconhecimento dos juros na operação deve ser realizado no reconhecimento inicial. Bases de mensuração 77 1º Cálculo do valor presente da operação Inicialmente precisamos organizar as informações, verificando os elementos indicados no exemplo para a aplicação na fórmula do valor presente. Tabela 1 Dados iniciais da venda Dado Descrição Valor a prazo R$ 100.000,00(corresponde ao valor futuro, com os juros embutidos na venda) Valor das parcelas R$ 100.000,00 ÷ 4 parcelas = R$ 25.000,00 (valor mensal que o cliente pagará para a empresa) Taxa de juros 5% ao mês Tempo da operação 4 meses Valor presente Valor a ser calculado Fonte: Elaborada pelo autor. Para o cálculo, vamos utilizar a fórmula do valor presente para ope- rações com prestações: PV PMT i i i n n � � �� � � �� � � 1 1 1 �� Onde: • PV = valor presente da operação (present value); • PMT = valor das parcelas (abreviação de payment); • i = taxa de juros (para a utilização de percentual na fórmula mate- mática; será necessária a divisão por 100); • n = tempo da operação. Vamos calcular a operação utilizando 6 casas após a vírgula: PV PV � � � � � � � � 25 000 00 1 0 05 1 1 0 05 0 05 25 000 00 105 4 4 4 . , ( , ) ( , ) , . , ( , ) �� � � � � � � 1 105 0 05 25 000 00 1215506 1 1215506 0 05 25 0 4( , ) , . , , , , . PV PV 000 00 0 215506 0 060775 , , , � 78 Contabilidade Internacional PV = 25.000,00 · 3,545951 PV = 88.648,76 Observação: se for uma operação que tenha somente uma parcela – por exemplo, a venda a prazo com juros embutidos para recebimento em uma única parcela em 15 meses –, a fórmula matemática a ser utilizada é: PV FV i n � �( )1 Onde o FV corresponde ao valor futuro da operação (future value). 2º Registro contábil inicial da operação No registro dos juros embutidos na operação será utilizada a conta de Ajuste a Valor Presente na Demonstração do Resultado, que é uma conta redutora das vendas de mercadorias, representando os juros da operação. O valor da venda é de R$ 100.000,00, e o valor presente que corresponde à operação de vendas das mercadorias pelo valor à vista é de R$ 88.648,76, sendo a diferença entre os dois o valor dos juros de R$ 11.351,24. Na sequência, a contabilização será apresentada. Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta Clientes (Ativo Circulante) R$ 100.000,00 Crédito Conta Vendas de Mercadorias (Demonstração do Resultado) R$ 100.000,00 Débito Conta Ajuste a Valor Presente (Demonstração do Resultado) R$ 11.351,22 Crédito Conta Encargos Financeiros a apropriar (Ativo Circulante) R$ 11.351,22 Tabela 2 Registro da nota fiscal de venda Fonte: Elaborada pelo autor. A conta de Encargos Financeiros a Apropriar é uma conta redutora de clientes, representando os juros embutidos na operação. Os juros serão transferidos para a Demonstração do Resultado, para o grupo de Receitas Financeiras, de acordo com o tempo transcorrido e respeitan- do o princípio de competência. Na sequência, veremos a contabilização dos impostos sobre a venda e a baixa do estoque. Bases de mensuração 79 Tabela 3 Registro dos impostos incidentes sobre a nota fiscal de venda Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta ICMS sobre Vendas (Deduções de Vendas – Demonstração do Resultado) R$ 18.000,00 Crédito Conta ICMS a Recolher ou Pagar (Passivo Circulante) R$ 18.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Tabela 4 Registro da baixa dos estoques dos produtos Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta Custo das Mercadorias Vendidas (Demonstração do Resultado) R$ 40.000,00 Crédito Conta Estoques (Ativo Circulante) R$ 40.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 3º Cálculo dos juros da operação para apropriação mensal dos valores Transcorrido o tempo da operação, deve ser feita a transferência dos valores dos juros para a Demonstração do Resultado. É necessário o cálculo dos juros que mensalmente serão registrados como receita na operação para demonstrar o cálculo dos juros compostos e dos va- lores mensais, conforme tabela a seguir. Tabela 5 Cálculo dos juros da operação Período Valor presente Receitas com juros Parcelas Saldo atualizado da venda a b c = b · taxa juros d e = b + c – d 1 88.648,76 88.648,76 · 5% 25.000,00 68.081,20 4.432,44 2 68.081,20 68.081,20 · 5% 25.000,00 46.485,26 3.404,06 3 46.485,26 46.485,26 · 5% 25.000,00 23.809,52 2.324,26 4 23.809,52 23.809,52 · 5% 25.000,00 0,00 1.190,48 Somatório 11.351,22 100.000,00 – Fonte: Elaborada pelo autor. 80 Contabilidade Internacional 4º Registro contábil dos juros da operação Os valores calculados serão registrados mensalmente em receitas financeiras, compreendendo os juros embutidos na operação e a res- pectiva passagem de tempo. Eles se reduzem durante o período, pois o cliente efetua o pagamento de uma parcela mensalmente, reduzin- do (amortizando) o valor a receber da venda. Caso a venda fosse para recebimento em uma única parcela, os juros aumentariam ao longo do tempo, pois não haveria a amortização da obrigação por parte do cliente. Tabela 6 Registro contábil dos juros da operação Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta Encargos Financeiros a Apropriar (Ativo Circulante) R$ 4.432,44 Crédito Conta Juros Cobrados ou Ativos (Receitas Financeiras na Demonstração do Resultado) R$ 4.432,44 Fonte: Elaborada pelo autor. Os juros são transferidos para receitas financeiras mensalmente, de acordo com o tempo transcorrido na operação. A conta de Encar- gos Financeiros a Apropriar é uma conta transitória que ficará com o saldo zero ao término da operação. Pode ser que seja necessário um ajuste na última parcela, normalmente de centavos, para que 100% dos juros sejam apropriados às receitas. A conta de Encargos Finan- ceiros a Apropriar pode ser descrita com outras nomenclaturas, como Juros Ativos a Apropriar, Receita Financeira a Apropriar, Ajuste a Valor Presente, dentre outras. 5º Registro contábil no recebimento das parcelas Após o registro dos juros da operação, ocorre o registro do recebi- mento da venda, registrado na conta de Clientes. Tabela 7 Recebimento da primeira parcela da venda Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta Caixa ou Bancos (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 Crédito Conta Clientes (Ativo Circulante) R$ 25.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor Bases de mensuração 81 O exemplo apresentado compreende uma operação de venda a prazo, mas o Ajuste a Valor Presente deve ser aplicado também nos elementos do passivo, como as compras de estoques e imobilizado, com juros embutidos na operação. Nesse caso, o valor do estoque e imobilizado será registrado pelo valor da operação sem os juros, re- presentando os valores das operações à vista. Os juros das operações serão registrados como despesas financeiras na Demonstração do Re- sultado, de acordo com o tempo da operação. 4.2 Mensuração do valor justo Vídeo No registro contábil de elementos do ativo, passivo, receita e despe- sa é necessária a mensuraçãodos valores correspondentes aos itens, utilizando-se bases ou critérios de mensuração – por exemplo, o cus- to histórico, valor presente e valor justo. O Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (CPC, 2019) aponta que diferentes bases de mensuração podem ser utilizadas para diferentes elementos das demonstrações contábeis, buscando o aten- dimento às características qualitativas na elaboração de informações financeiras úteis. Martins et al. (2017) explicam que o valor justo é utilizado cada vez com mais frequência, como “consequência do próprio desenvolvimento dos mercados e da evolução da dinâmica e da sofisticação dos negócios”. Fatores como o avanço da tecnologia de informação e a maior necessi- dade de informações contábeis de qualidade por parte de investidores e credores foram determinantes para a produção de informações que con- tribuam no processo decisório e se adaptem às exigências do mercado. O Pronunciamento Técnico CPC n. 46 foi editado em 2012 (CPC, 2012) com o objetivo de definir valor justo, estabelecer a base estrutural para a mensuração dele e normatizar as premissas para a sua divulgação. Di- versos outros pronunciamentos contábeis – como os que normatizam os instrumentos financeiros, as propriedades para investimentos e os ativos biológicos – relacionam a mensuração dos seus elementos pelo valor justo, devendo-se observar os preceitos descritos no CPC 46. É necessário, inicialmente, definir o valor justo, que corresponde ao “preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração” (CPC, 2012, p. 3). O 82 Contabilidade Internacional preço a que um determinado item é negociado em um mercado ativo é a melhor evidência do valor justo, em uma negociação em que as par- tes não são forçadas a fazer o negócio, como no caso de algum acordo contratual que gere uma situação adversa. A mensuração do valor justo é realizada em um ativo ou passivo em particular, devendo ser levadas em conta as características do item, como a condição em que se encontra, a localização e alguma restrição que possa haver em relação à sua venda. A avaliação pode ser realizada em um ativo ou passivo específico, de modo individual, ou em relação a um grupo de ativos ou passivos, como é o caso de uma unidade ge- radora de caixa. O CPC 46 (CPC, 2012) afirma que a mensuração do valor justo presu- me que ela ocorra no mercado principal, ou seja, onde ocorre o maior volume e nível de atividades para o ativo ou passivo avaliado. Nesse caso, o preço praticado nesse mercado principal deve ser utilizado como valor justo na operação. Caso não exista um mercado principal, a empresa utiliza as informações do mercado – potencialmente mais van- tajoso para o ativo ou passivo – para determinar o valor justo. A empre- sa também poderá utilizar um preço estimado baseado em técnicas de avaliação para mensurar o valor justo nas situações em que não exista um mercado observável para a obtenção do preço de negociação. O valor justo no momento do reconhecimento inicial, quando um ativo é adquirido ou quando um passivo é assumido, corresponde, em muitos casos, ao preço realizado na transação, que é o preço pago pelo ativo ou preço assumido para o passivo. O CPC 46 (CPC, 2012) relaciona situações em que o preço da transação pode não representar o valor justo no reconhecimento inicial, como se segue: I. transação entre partes relacionadas; II. transação sob coação ou em que o vendedor é obrigado a aceitar o preço da operação; III. quando a unidade de contabilização é diferente da unidade de contabilização para o ativo ou passivo mensurado a valor justo, por exemplo, quando os itens forem somente alguns elementos da transação, como ocorre em combinações de negócios; IV. o mercado da transação não é o mercado principal ou mais vantajoso para a operação. Bases de mensuração 83 Diferentes técnicas podem ser utilizadas na avaliação do valor justo, cabendo às empresas analisar as situações das transações e determi- nar a mais adequada para utilizar, ou seja, aquela que contenha dados suficientes disponíveis para a mensuração. Vale lembrar que a empresa deve buscar a utilização da maior quantidade possível de dados observáveis na avaliação, minimizando a utilização de dados não observáveis, sobre os quais não existem in- formações disponíveis, e é necessário o uso de premissas para a pre- cificação de um ativo ou passivo. As técnicas de avaliação citadas nas normas são: I. abordagem de mercado; II. abordagem de custos; III. abordagem de receita. Para aumentar a consistência e a comparabilidade nas mensurações do valor justo, o CPC 46 (CPC, 2012) apresenta uma hierarquia na defini- ção do valor justo, classificando as técnicas de avaliação em três níveis: Quadro 1 Definição valor justo Nível 1 Nível 2 Nível 3 É o nível mais elevado e compreende os preços cotados – que não sofrem ajustes – utilizados em mercados ativos para ativos e passi- vos idênticos. É considerado o nível mais confiável, pois representa o valor justo sem a necessidade de ajustes, que ficam restritos a algumas situações específicas. É o nível que utiliza informações de preços cotados para ativos ou passivos similares em mercados ativos, preços cotados para itens idênticos em mercados não ativos, taxas de juros, volatilidades implí- citas e informações corroboradas pelo mercado. É o nível em que temos os dados não observáveis para o ativo ou passivo, em que há pouca ou nenhuma atividade de mercado para os itens avaliados. A entidade deve elaborar dados não observáveis uti- lizando informações disponíveis no mercado e da própria empresa, como previsões financeiras dos fluxos de caixa ou do resultado do período, desenvolvidas pela própria entidade. An dr ew K ra so vit ck ii/ Sh ut te rs to ck Fonte: Adaptado de CPC, 2012. O CPC PME apresenta as normas contábeis para as organizações que se enquadram em peque- nas e médias empresas, simplificando algumas normas contábeis para a aplicação desse grupo, que representa uma parcela significativa das empresas registradas no Brasil. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com. br/Documentos/392_CPC_ PMEeGlossario_R1_rev%2014.pdf. Acesso em: 10 set. 2021. Leitura http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/392_CPC_PMEeGlossario_R1_rev%2014.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/392_CPC_PMEeGlossario_R1_rev%2014.pdf http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/392_CPC_PMEeGlossario_R1_rev%2014.pdf 84 Contabilidade Internacional Os preços cotados possuem a maior hierarquia na definição do va- lor justo, pois são obtidos junto ao mercado e não são ajustados, como no caso dos dados não observáveis, que possuem a mais baixa priori- dade. Na sequência, serão descritas as principais características dessas técnicas de avaliação. 4.2.1 Abordagem de mercado A abordagem de mercado, como explicam Martins et al. (2017, p. 174), “é aquela em que a avaliação é feita com base em preços e outras informações relevantes geradas pelas transações de mercado e envolvendo itens idênticos ou comparáveis e na mesma base contábil”. A determinação do valor justo nessa abordagem utiliza principalmente os preços de cotação verificados para ativos e passivos idênticos ou si- milares, mas outras técnicas de avaliação são utilizadas, como de múl- tiplos de mercado ou de matriz de preços. O CPC 46 (CPC, 2012) orienta que os múltiplos devem ser analisados em faixas, utilizando-se um múltiplo diferente para cada elemento sobre o qual for realizada a comparação e exigindo o julgamento por parte da entidade (empresa) para a determinação do múltiplo mais apropriado. Os índices de preço/lucro, Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA), valor patrimonial, dentre outros, são exem- plos de múltiplos aplicáveis na determinação do valor justo. A precificaçãopor matriz utiliza técnica matemática que não se ba- seia exclusivamente em preços cotados, mas na relação dos títulos a serem precificados com outros títulos considerados como referência no cálculo. Essa precificação é utilizada principalmente na avaliação e determinação do valor justo de instrumentos financeiros. 4.2.2 Abordagem de custo A abordagem de custo utiliza o custo de reposição corrente do ativo que está sendo mensurado para a determinação do valor justo. Por meio dessa técnica, o valor justo reflete o valor necessário para substi- tuir a capacidade de serviço do ativo. Martins et al. (2017, p. 175) argu- mentam que o valor justo é mensurado a valor de saída (por exemplo, o preço de venda) e que, pela abordagem de custo, o valor justo “repre- senta o preço que seria recebido pelo ativo determinado com base no custo que um participante do mercado teria para adquirir (ou construir) Bases de mensuração 85 um ativo substituto com utilidade comparável e ajustado para refletir a obsolescência do ativo objeto de mensuração”. A norma indica que essa abordagem é mais utilizada para mensurar ativos tangíveis que são usados em conjunto com outros ativos e pas- sivos. Quando não é possível utilizar informações de um mercado ativo e técnicas de avaliação, essa metodologia é justificada, pois o compra- dor que participa do mercado não pagaria pelo ativo um valor superior àquele pelo qual poderia substituir a capacidade de serviço desse ativo (CPC 46, 2012). 4.2.3 Abordagem de receita A abordagem de receita utiliza fluxos de caixa de receitas e despe- sas e os desconta com a utilização de taxas de desconto, apresentando assim o valor presente da operação. A mensuração do valor justo nessa metodologia demonstra a precificação atual em relação à expectativa desses valores futuros. Podem ser citadas como técnicas utilizadas nes- sa abordagem: • o cálculo do valor presente; • os modelos de precificação de opções; • o método de ganhos excedentes. Martins et al. (2017) explicam que as técnicas de valor presente cap- turam projeções de caixa ou outros valores originados dos ativos e pas- sivos objeto de mensuração; expectativas de incertezas relacionadas aos fluxos de caixa que são projetados; uso de taxas de desconto apro- priadas, considerando o valor do dinheiro no tempo e o risco envolvido no negócio; além de outros fatores considerados pelos participantes no mercado. Com relação ao modelo de precificação de opções, são ci- tadas a fórmula de Black-Scholes-Merton 1 ou modelo binomial 2 , com a incorporação de técnicas de valor presente, refletindo o valor temporal e o valor intrínseco da opção. Black-Scholes-Merton: “é utilizado para calcular o valor teórico das opções usando uma série de variáveis, como os preços atuais das ações, o preço de exercício da opção, os dividendos esperados, as taxas de juros projetadas, o tempo de expiração e a volatilidade esperada”. REIS, T. Black-Scholes: o conhecido modelo de precificação de opções. Suno Artigos. Disponível em: https://www.suno.com.br/artigos/ black-scholes/. Acesso em: 27 set. 2021. 1 Modelo binomial: consiste em uma forma simples do processo de preços de ativos, em que o ativo, a qualquer momento, pode se deslocar para um de dois preços possíveis. O modelo consiste na construção de uma árvore binomial, que representa as diferentes trajetórias que poderão ser seguidas pelo preço da ação duran- te a vida da opção. FIGO, M. J. N. A. C.; GODOY, C. R.; DOMINGUES, J. C. A.. Modelo de precificação de opções aplicados na avaliação de ativos reais: análise da sensibilidade na formação do valor de reservas petrolíferas provadas. Anais.. São Paulo: USP, 2011. 2 4.3 Redução ao valor recuperável de ativos Vídeo Os ativos são considerados recursos controlados por uma entida- de que os usa em suas atividades para gerar benefícios econômicos futuros; eles não devem estar registrados nas demonstrações contá- 86 Contabilidade Internacional beis por um valor maior que o benefício econômico esperado com o seu uso, assim como afirmam Viceconti e Neves (2018). Os autores explicam que, para que as demonstrações contábeis reflitam o valor dos ativos da entidade de maneira verdadeira, é necessário que se- jam feitos testes periódicos para avaliar se os benefícios econômicos futuros do ativo apresentam valor maior que o seu valor contábil. Os testes para identificar se os ativos recuperam os investimentos rea- lizados são denominados testes de recuperabilidade ou teste do valor recuperável de ativos, sendo descritos na norma internacional também como impairment tests. Para o estabelecimento de procedimentos que assegurem que o va- lor contábil líquido do ativo não exceda seu valor de recuperação, foi editado o Pronunciamento Técnico n. 01 em 2010. O pronunciamento estabelece os conceitos relacionados ao cálculo do valor recuperável e nos casos em que a empresa não conseguir recuperar o valor investido no ativo, seja pelo seu uso ou por sua venda, e especifica como deve ser realizado o reconhecimento de um ajuste para perdas de valorização. O pronunciamento não é aplicado na contabilização de ajuste por perdas por desvalorização de: estoques; ativos de contratos e ativos resultantes de custos para obter ou cumprir contratos que devem ser reconhecidos de acordo com o CPC 47 – Receita de Contrato com Clien- te; ativos fiscais diferidos; ativos advindos de planos de benefícios a empregados; ativos financeiros que estejam dentro do alcance do CPC 48 – Instrumentos Financeiros; propriedade para investimento que seja mensurada ao valor justo; ativos biológicos que sejam mensurados ao valor justo líquido de despesas de vender; ativos que surgem de con- tratos de seguros; e Ativos não Circulantes (ou grupos de ativos dispo- níveis para venda) classificados como mantidos para venda (CPC, 2010). O teste de recuperabilidade (ou valor recuperável) é aplicado em: • ativos isolados quando são individualmente fontes geradoras de benefícios para a entidade, por exemplo, veículos de carga em empresas transportadoras; • unidades geradoras de caixa, por exemplo, linhas de produção, plantas industriais e filiais, que são casos em que seus bens não podem ser avaliados individualmente, pois a geração dos benefí- cios é proporcionada pelo conjunto. Assista ao vídeo Teste de Impairment - quando deve ser feito?, do canal Contabilidade Financeira, e entenda quando deve ser realizado o teste de periodicidade. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=rdlDbOHPElE. Acesso em: 10 set. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=rdlDbOHPElE https://www.youtube.com/watch?v=rdlDbOHPElE https://www.youtube.com/watch?v=rdlDbOHPElE Bases de mensuração 87 As unidades geradoras de caixa são definidas pelo CPC 01 (2010) como o menor grupo identificável de ativos que gera entradas de caixa, pois, em grande parte, são independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de ativos. Para a aplicação do teste de recuperabilidade, utiliza-se o valor con- tábil líquido, obtido por meio dos números contábeis das entidades. O valor contábil líquido compreende o valor dos ativos ou das unidades geradoras de caixa que estão registradas em suas demonstrações fi- nanceiras menos a depreciação, amortização ou exaustão já registra- das até o momento de análise do teste de recuperabilidade, bem como deduzido do valor de perdas por desvalorização já registradas em pe- ríodos anteriores. Pode-se indicar então que: Valor contábil líquido = valor de aquisição – (depreciação/amortização/ exaustão + perdas por desvalorização) O valor contábil líquido é comparado com o valor recuperável do ati- vo, sendo esse o maior valor entre o preço líquido de venda e o seu valor em uso. O valor de venda é descrito pelo CPC 01 (2010) como sendo “o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçadaentre partici- pantes do mercado na data de mensuração”. Já o valor de venda pode ser entendido como o valor de mercado do ativo, que deve ser deduzido das despesas necessárias – como impostos, fretes, seguros etc. – para concre- tizar a venda, determinando, dessa forma, o montante líquido da venda. Como explica Lagioia (2011), o valor em uso de um ativo representa o montante que ele pode gerar de benefícios econômicos durante um de- terminado período. É necessário determinar o fluxo de caixa futuro espe- rado que pode ser gerado por esse ativo ou unidade geradora de caixa. Para isso, deve-se estipular as previsões e os orçamentos de receitas, cus- tos, despesas e lucros, que serão gerados em um período projetado. 88 Contabilidade Internacional Os fluxos de caixa projetados são trazidos a valor presente, utili- zando taxas de descontos que representam o valor do dinheiro nesse tempo e englobando os riscos específicos do ativo (LAGIOIA, 2011). O teste de recuperabilidade, ou teste do valor recuperável de ativos, pode ser assim representado: Figura 1 Teste de recuperabilidade Valor contábil líquido Valor recuperável Valor de venda menos despesas para vender Valor de uso É comparado com o É o maior valor entre: Fonte: Adaptado de Lagioia, 2011, p. 35. Nas situações em que o valor recuperável for menor que o valor contábil líquido, a entidade deve registrar uma perda por recuperabi- lidade (ou perda por valor recuperável de ativos), que se trata de uma conta redutora do grupo em que o ativo está registrado, e tendo como contrapartida a Demonstração do Resultado. Caso o valor recuperável seja maior, significa que a entidade conseguirá recuperar o valor inves- tido no ativo, seja por meio da venda ou do uso do ativo nas atividades da entidade, sempre considerando o maior dos dois valores. Na sequência, os cálculos do teste de valor recuperável serão expli- cados com o uso de exemplos. A empresa Exemplo S.A. adquiriu um ativo em 02/01/20X0 no valor de R$ 70.000,00 para a atividade operacional da empresa. Na data de aquisição, a empresa analisou a expectativa de vida útil do bem e determinou que o ativo será utilizado em 5 anos. Em 31/12/20X2, a empresa analisa se o valor contábil líquido não está superior ao seu valor recuperável, necessitando, assim, ajustar o valor do ativo. Logo, a depreciação acumulada em 31/12/20x2 era de R$ 42.000,00. Observação: para fins de exemplo, serão desconsiderados os impostos nas operações. A em- presa utiliza a taxa de 8% ao ano para avaliar seus projetos. Bases de mensuração 89 Para a realização do teste de recuperabilidade do ativo, a empresa apurou que o valor que ela conseguiria obter pelo bem em uma venda seria de R$ 28.000,00, com despesas para vender de R$ 2.000,00. A em- presa também projetou que as quantidades de itens que seriam vendi- dos nos três anos futuros, para fins de projeção do valor em uso, bem como seus respectivos gastos, seriam os descritos na tabela a seguir. Tabela 8 Valor em uso Receitas Custos Resultado Ano Qtde – vendida Vlr. venda unit. R$ Total de venda Ano Qtde – vendida Vlr. gastos unit. Total dos gastos Lucro do período 1 10.000 6,00 60.000,00 1 10.000 5,00 50.000,00 10.000,00 2 10.000 6,00 60.000,00 2 10.000 5,00 50.000,00 10.000,00 3 10.000 6,00 60.000,00 3 10.000 5,00 50.000,00 10.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Para o cálculo do valor recuperável e a realização do teste de recu- perabilidade, utilizaremos as seguintes etapas: 1º Cálculo do valor contábil líquido em 31/12/20x2 O valor contábil do ativo utiliza as informações presentes na Con- tabilidade da empresa, no registro contábil do ativo e na depreciação acumulada até o momento do teste de recuperabilidade. Tabela 9 Definição do valor contábil líquido Valor contábil do ativo R$ 70.000,00 (-) Depreciação acumulada em 31/12/20x2 (R$ 42.000,00) (=) Valor contábil líquido R$ 28.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 2º Cálculo do valor de venda em 31/12/20x2 O passo seguinte é a identificação do valor de venda, considerando também os gastos necessários para que a venda ocorra, como impos- tos, fretes, seguros, etc. Tabela 10 Definição do valor de venda líquido Valor de venda R$ 28.000,00 (-) Despesas para vender (R$ 2.000,00) (=) Valor de venda R$ 26.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 90 Contabilidade Internacional 3º Cálculo do valor em uso em 31/12/20x2 Para o cálculo, vamos utilizar a fórmula matemática do valor presente: PV PMT i i i n n � � � � � � ( ) ( ) �� 1 1 1 Onde: • PV = valor presente da operação (present value); • PMT = valor do lucro anual (abreviação de payment); • i = taxa de juros (para a utilização de percentual na fórmula mate- mática, será necessário a divisão por 100); • n = tempo da operação. Vamos calcular a operação utilizando 6 casas após a vírgula: PV PV � � � � � � � � 10 000 00 1 0 08 1 1 0 08 0 08 10 000 00 108 3 3 3 . , ( , ) ( , ) , . , ( , ) �� � � � � � � 1 108 0 08 10 000 00 1259712 1 1259712 0 08 10 0 3( , ) , . , , , , . PV PV 000 00 0 259712 0 100777 , , , � PV = 10.000,00 · 2,577097 PV = 25.770,97 4º Determinação do valor recuperável do ativo O valor recuperável do ativo, que será considerado na comparação com o valor realizável líquido, é sempre o maior entre o valor de venda e o valor em uso. Neste exemplo, o maior valor é o valor de venda de R$ 26.000,00. 5º Determinação do valor do ajuste do valor recuperável do ativo Caso o valor do ativo seja superior ao valor que poderemos recupe- rar, significa que há um prejuízo registrado no bem, portanto, necessá- rio o ajuste, como demonstrado no cálculo a seguir. Bases de mensuração 91 Tabela 11 Definição do valor do ajuste Valor Contábil Líquido R$ 28.000,00 (-) Valor Recuperável (R$ 26.000,00) (=) Ajuste a Valor Recuperável do Ativo R$ 2.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. 6º Registro contábil do ajuste no teste de Recuperabilidade O registro contábil é realizado na Demonstração do Resultado, reco- nhecendo uma perda com o ativo. Tabela 12 Registro contábil do ajuste no teste de recuperabilidade Débito/ Crédito Descrição Valor Débito Conta Perda por Recuperabilidade do Ativo (Demonstração do Resultado) R$ 2.000,00 Crédito Conta Ajuste por Valor Recuperável de Ativos (Ativo Imobilizado) R$ 2.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. A perda por desvalorização registrada em um período deve ser reavaliada em períodos seguintes e, como explicam Lemes e Carvalho (2010), se houver evidências de que uma perda por recuperabilidade re- conhecida em períodos anteriores não existe mais ou diminuiu o novo valor recuperável do ativo, deverá ser estimado, e a perda, revertida. 4.4 Pronunciamento contábil para pequenas e médias empresas Vídeo As normas internacionais de contabilidade adotadas pelo Brasil para registro, controle e evidenciação das informações contábeis com- preendem um conjunto expressivo de normativas a serem aplicadas pelas empresas brasileiras. Em função da complexidade das normas e de muitas delas serem aplicáveis em operações contábeis de empresas constituídas com a forma jurídica de sociedade anônima ou que sejam enquadradas como grandes empresas no Brasil, a edição de uma nor- ma direcionada para pequenas e médias empresas facilita a compreen- são e a aplicação nesse conjunto de empresas. 92 Contabilidade Internacional Em 2011, foi editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) o Pronunciamento Técnico PME, denominado Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, contendo, de maneira simplificada, as nor- mas internacionais direcionadas a esse grupo de empresas. O Conselho Federal de Contabilidade adotou a normativa emitin- do, em 2011, a NBC TG 1000, com revisão feita em 2016. Martins et al. (2017) explicam que se trata de um documento resumido e com lingua- gem mais acessível, contendo praticamente 10% do volume total de páginas do conjunto completo de normas contábeis editadas pelo CPC.Essa simplificação facilita o estudo e a análise dos profissionais contá- beis sobre as normas aplicáveis a esse grupo de empresas. O Pronunciamento Técnico PME (CPC, 2011) define que pequenas e médias empresas são aquelas que não têm obrigação pública de pres- tação de contas e cujas demonstrações contábeis podem ser elabora- das para fins gerais para usuários externos. Com relação à obrigação de prestar contas publicamente, as normas completas possuem cará- ter obrigatório para a empresa se: a) seus instrumentos de dívida ou patrimoniais são negociados em mercado de ações ou estiverem no processo de emissão de tais instrumentos para negociação em mercado aberto (em bolsa de valores nacional ou estrangeira ou em mercado de balcão, incluindo mercados locais ou regionais); ou b) possuir ativos em condição fiduciária perante um grupo amplo de terceiros como um de seus principais negócios. A maioria dos bancos, cooperativas de crédito, companhias de seguro, corre- toras/distribuidoras de títulos e valores mobiliários, fundos mú- tuos e bancos de investimento se enquadrariam nesse segundo critério. (CPC, 2011, p. 5) No grupo de empresas que podem aplicar o CPC PME figuram as sociedades por ações, denominadas sociedades anônimas de capital fechado – pois não negociam suas ações ou outros instrumentos pa- trimoniais ou de dívida no mercado – e que não possuem ativos em condição fiduciária perante um amplo grupo de terceiros. Quanto às empresas que não podem aplicar o CPC PME, estão nes- se grupo (BRASIL, 2006): I. empresas de capital aberto, reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários; No vídeo IFRS para Pequenas e Médias Empresas - Países de Língua Portuguesa, do canal CFCBSB, assista à divulgação do projeto IFRS para Pequenas e Médias Empresas, realizado pelo International Accounting Standards Boards (Iasb) em parceria com o CFC. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=lDxNo_ q1jFk. Acesso em: 10 set. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/channel/UCpnbh9vhKFvjrCV644ROwmA https://www.youtube.com/watch?v=lDxNo_q1jFk https://www.youtube.com/watch?v=lDxNo_q1jFk https://www.youtube.com/watch?v=lDxNo_q1jFk Bases de mensuração 93 II. empresas reguladas pelo Banco Central do Brasil, pela Superintendência de Seguros Privados e outras empresas vinculadas a órgãos reguladores; III. empresas enquadradas como sociedades de grande porte, de acordo a Lei n. 11.638/2007. As sociedades consideradas de grande porte são as sociedades ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiverem, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões. Essas empresas, mesmo não constituídas sob a forma de sociedades por ações, devem aplicar as disposições da Lei n. 6.404/1976. (BRASIL, 1976) As empresas enquadradas no CPC PME (CPC, 2011) devem elaborar as seguintes demonstrações contábeis: • Balanço Patrimonial no fim do período; • Demonstração do Resultado do período de divulgação; • Demonstração do Resultado Abrangente do período de divulga- ção. A Demonstração do Resultado Abrangente pode ser apresen- tada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido, mas, quando apresentada separadamen- te, começa com o resultado do período e se completa com os itens dos outros resultados abrangentes; • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido para o perío- do de divulgação; • Demonstração dos Fluxos de Caixa para o período de divulgação; • Notas Explicativas, compreendendo o resumo das políticas contá- beis significativas e outras informações explanatórias. A Demonstração do Resultado Abrangente e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido podem ser substituídas pela Demons- tração dos Lucros e Prejuízos Acumulados caso as únicas alterações no período forem o registro do resultado, da distribuição do lucro, de correção de erros de períodos anteriores e de mudanças nas políticas contábeis (CPC, 2011). A Demonstração do Valor Adicionado não é exi- gida para esse conjunto de empresas. Para as empresas enquadradas na legislação como microempre- sas e empresas de pequeno porte, foi editado pelo Conselho Federal de Contabilidade a Resolução n. 1.418/2012, que aprovou a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte 94 Contabilidade Internacional (BRASIL, 2012). A norma define como microempresa e empresa de pe- queno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada ou o empresário a que se refe- re o artigo 966 da Lei n. 10.406/2002 (BRASIL, 2002), que tenha auferido a receita bruta anual até os limites previstos nos incisos I e II do arti- go 3º da Lei Complementar n. 123/2006 e de atualizações posteriores (BRASIL, 2006). O limite máximo de receita bruta definido por essa lei é de R$ 4,8 milhões de reais para enquadramento como empresa de pequeno porte. As empresas que podem utilizar a norma ITG 1000 devem elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e as Notas Explicati- vas ao final de cada exercício social. Apesar de não serem obrigatórias, o Conselho Federal de Contabilidade sugere a elaboração das demais demonstrações, como a Demonstração dos Fluxos de Caixa, a Demons- tração do Resultado Abrangente e a Demonstração das Mutações do Pa- trimônio Líquido (SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE SÃO PAULO, 2013). CONSIDERAÇÕES FINAIS O custo histórico é utilizado para o registro contábil de grande par- te das operações envolvendo os elementos do ativo, passivo, receitas e despesas. Objetivando apresentar informações que aproximem o valor desses elementos dos valores praticados no mercado, são aplicadas ba- ses de mensuração como valor presente, valor justo e valor em uso. Neste capítulo foram apresentadas as normas contábeis aplicadas na determi- nação do valor presente de fluxos de caixa futuros, evidenciando sepa- radamente o valor atual das operações com ativos e passivos e os juros presentes nessas operações, o que melhora a capacidade preditiva no uso das informações contábeis. Foram estudados ainda os principais conceitos sobre o valor justo e o valor recuperável de ativos, sendo que o valor justo é empregado para determinar a avaliação dos bens e as obrigações pelo valor de mercado, estimando o preço que seria praticado para a venda de ativo ou para a transferência de um passivo em uma transação não forçada entre os par- ticipantes do mercado. O valor recuperável de ativos objetiva comparar o valor sob o qual um bem está registrado contabilmente com os benefícios que ele pode gerar, e é empregado para a obtenção de fluxos de caixa futuros ou com a respectiva venda. Os bens não devem estar registrados no ativo por um Bases de mensuração 95 valor superior ao seu valor de recuperação, pois isso evidenciaria um valor que não corresponde à realidade, prejudicando o julgamento e uso da informação contábil por parte dos seus usuários. ATIVIDADES Atividade 1 Explique o objetivo do ajuste a valor presente, aplicável em todos os ativos de longo prazo e nos ativos de curto prazo, se houver efeitos relevantes. Atividade 2 Na aplicação do valor justo, as entidades podem utilizar dife- rentes técnicas para a mensuração. O CPC 46 apresenta uma hierarquia na definição do valor justo, separando as técnicas de avaliação em três níveis e considerando o nível 1 o mais elevado. Explique como é mensurado o valor justo nesse nível e o motivo de ser o método que preferencialmente deve ser utilizado para a determinação do valor justo. Atividade 3 O teste de recuperabilidade ou teste do valor recuperável é aplicado em ativos individuais ou, em algumas situações, nas unidades geradoras de caixa. Explique o que são unidades gera- doras de caixa. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L6404compilada.htm.Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ L10406compilada.htm. Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 15 dez. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.418, de 5 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 dez. 2012. Disponível em: http://www. normaslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm. Acesso em: 14 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. CPC, 2008. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=43. Acesso em: 10 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. CPC, 2010. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucao_cfc_1418_2012.htm http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2 96 Contabilidade Internacional Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2. Acesso em: 10 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC PME (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com Glossário de Termos. CPC, 2011. Disponível em: http://www.cpc. org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79. Acesso em: 10 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 46 – Mensuração do Valor Justo. CPC, 20 dez. 2012. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=78. Acesso em: 10 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2) – Estrutura conceitual para Relatório Financeiro. CPC, 10 dez. 2019. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/ Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. Acesso em: 10 set. 2021. LAGIOIA, U. C. T. Pronunciamentos contábeis na prática. São Paulo: Atlas, 2011. (Série Pronunciamentos Contábeis). LEMES, S.; CARVALHO, L. N. Contabilidade internacional para graduação: texto, estudos de casos e questões de múltipla escolha. São Paulo: Atlas, 2010. SINDICATO DOS CONTABILISTAS DE SÃO PAULO. Centro de Estudos e Debates Físico- Contábeis do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo. Manchete Semanal Eletrônica. Sindcont-SP, 26 jun. 2013. Disponível em: https://www.sindcontsp.org.br/wp-content/ uploads/2019/08/mse_24_13.pdf. Acesso em: 10 set. 2021. MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade avançada e análises das demonstrações financeiras. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=78 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=78 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 https://www.sindcontsp.org.br/wp-content/uploads/2019/08/mse_24_13.pdf https://www.sindcontsp.org.br/wp-content/uploads/2019/08/mse_24_13.pdf Conversão de demonstrações contábeis 97 5 Conversão de demonstrações contábeis O presente capítulo é direcionado para a conversão das informações contábeis em moeda estrangeira para a moeda funcional da empresa, normalmente o real quando a sede é no Brasil. A conversão das demons- trações contábeis de uma empresa no exterior permite que suas informa- ções financeiras sejam analisadas pelos investidores, além de possibilitar a aplicação do método de equivalência patrimonial e a consolidação das demonstrações contábeis de um grupo econômico. São apresentados os procedimentos para a contabilização de opera- ções contábeis, como compras e vendas de produtos e serviços em moe- da estrangeira, e os respectivos registros da variação na taxa de câmbio, representando variações cambiais positivas e negativas evidenciadas no resultado da empresa. Também é estudada a metodologia aplicada na tradução de demonstrações contábeis emitidas em uma moeda estran- geira para a moeda da empresa investidora, permitindo, dessa forma, que as informações contábeis das empresas estrangeiras sejam incluídas nas demonstrações contábeis das empresas nacionais. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • identificar a legislação aplicada no cálculo, no registro e na evi- denciação de operações em moeda estrangeira; • compreender como realizar o registro inicial das operações em moeda estrangeira e a contabilização da variação cambial originada nas mudanças nas taxas cambiais; • efetuar a conversão de demonstrações contábeis em moeda es- trangeira para a moeda de apresentação da empresa investidora; • aplicar a metodologia da equivalência patrimonial para o re- gistro das mutações patrimoniais de empresas controladas, coligadas, que fazem parte de um grupo econômico e são controladas em conjunto. Objetivos de aprendizagem 98 Contabilidade Internacional 5.1 Aspectos teóricos e legislação aplicada Vídeo A globalização econômica proporcionou que empresas brasileiras ti- vessem acesso a mercados em vários países, seja pela venda de seus produtos ao exterior, seja pela realização de investimentos em outros países. Os investimentos podem ser feitos com a aquisição de empresas, a abertura de novas empresas ou as parcerias comerciais. Outro aspecto importante que a globalização proporcionou é o acesso a recursos finan- ceiros captados em instituições sediadas em diferentes países. Padoveze, Benedicto e Leite (2012) relacionam os motivos que le- vam as entidades a buscarem a internacionalização de seus produtos e negócios, bem como a criarem corporações multinacionais: (i) retorno adicional sobre seus investimentos, proporcionado pelo acréscimo de lucros obtidos em países estrangeiros; (ii) expansão de seus mercados; (iii) maior eficiência na produção; (iv) garantia de matéria-prima; (v) busca de novas tecnologias; (vi) evitamento de barreiras políticas e regulatórias; (vii) diversificação de seus negócios. O ambiente globalizado e o acesso a novos mercados permitem o crescimento dos negócios, com a implantação de unidades produti- vas em outros países, usufruindo de benefícios econômicos e redução em seus custos de produção, com o uso de mão de obra, tecnologia e matérias-primas locais, gerando a necessária expansão dos seus ne- gócios para a manutenção da competitividade das organizações. A globalização econômica também é um dos fatores que impul- sionou a criação de normas contábeis internacionais, as quais per- mitem aos investidores em qualquer parte do mundo realizar seus investimentos em empresas brasileiras pela comparabilidade e qualidade das informações contábeis. O caminho inverso – de em- presas brasileiras investindo no exterior – também ganhou impul- so e foi facilitado nesse ambienteglobal, com países incentivando os investimentos locais por empresas estrangeiras. Esse crescente fluxo de recursos circulando na economia mundial levou a norma IAS n. 21 a ser editada pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB). Posteriormente, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) editou a norma correlata para ser aplicada no Brasil: Conversão de demonstrações contábeis 99 o Pronunciamento Técnico n. 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis. Essa norma foi editada em 2008, tendo a segunda revisão no ano 2010, com o objetivo de “orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações con- tábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para moeda de apresentação” (CPC, 2010, p. 2). O pronunciamento técnico deve ser utilizado: • no registro contábil de transações e saldos em moeda estrangei- ra, como empréstimos, aquisições, aplicações etc., com exceção de operações financeiras normatizadas pelo CPC n. 48, que trata de instrumentos financeiros; • na conversão de resultados e na posição financeira de operações no exterior que são incluídas nas demonstrações contábeis da entidade por meio de consolidação ou aplicação do método da equivalência patrimonial; • na conversão de demonstrações financeiras de uma entidade para uma moeda de apresentação. A conversão de demonstrações contábeis é o processo de tradu- ção das informações financeiras expressas em uma moeda para ou- tra, ou seja, a moeda corrente do país de origem da empresa que elabora as demonstrações é convertida para a moeda de outro país. As principais razões para a conversão, de acordo com Padoveze, Benedicto e Leite (2012), são a obtenção de informações e análise do desempenho econômico-financeiro de empresas sediadas em outros países, a possibilidade de investidores estrangeiros acompanharem a evolução de seus negócios e de aplicação do método de equivalência patrimonial sobre os investimentos em outros países, a consolidação das demonstrações contábeis de empresas pertencentes a um grupo econômico, entre outras. Para o entendimento do processo de aplicação do pronunciamen- to técnico na conversão de informações financeiras para moedas es- trangeiras, alguns conceitos são importantes. O primeiro é a definição da moeda funcional da empresa, que é a moeda utilizada no am- biente econômico no qual a empresa tem sua operação principal. O Pronunciamento Técnico n. 02 (CPC, 2010) explica que essa moeda é geralmente aquela em que a empresa tem sua geração e saída de 100 Contabilidade Internacional caixa, elencando alguns fatores que contribuem para a determinação da moeda funcional: É a que mais influencia os preços e serviços da empresa, sendo aquela em que normalmente estes são expressos e liquidados. I É a moeda do país cujas forças competitivas e regulações mais influenciam a determinação dos preços de venda para seus bens e serviços. II É a que mais influencia fatores como mão de obra, matéria-prima e outros custos para o fornecimento de bens ou serviços. III Em situações em que existem empresas controladas, filiais, sucursais 1 , agências 2 , coligadas ou empreendimentos controlados em conjunto no exterior, Salotti et al. (2015) explicam que a entidade respon- sável por consolidar as informações do grupo econômico e promover sua divulgação deve determinar se a moeda funcional desses investimentos no estrangeiro é a mesma da entidade que reporta a informação contábil. Para determinar a moeda funcional dessas empresas no exterior, o Pronunciamento Técnico n. 02 (CPC, 2010) relaciona fatores que devem ser analisados, como: • a autonomia dessas entidades no exterior ou se elas são exten- sões da atividade da entidade principal; • a proporção das atividades da entidade no exterior em relação à entidade que reporta a informação; • se os fluxos de caixa da entidade no estrangeiro influenciam os fluxos da entidade que consolida as informações; • se os fluxos de caixa advindos das atividades da entidade no exte- rior são suficientes para o pagamento de juros e demais compro- missos existentes e esperados – normalmente presentes em título de dívida – sem que seja necessário que a entidade que reporta a informação disponibilize recursos para servir a esse propósito. O julgamento da administração da entidade deve ser utilizado em si- tuações nas quais os indicadores não são tão claros ou apresentam-se combinados para a determinação da moeda funcional. Para as empre- sas que operam no Brasil, Martins et al. (2017) afirmam que somente em situações raras a moeda funcional não será o real. Nos casos em que todos os relatórios gerenciais são elaborados em moeda estrangei- Trata-se do estabele- cimento comercial ou industrial que opera na dependência da matriz, instituído em local diverso ao do estabelecimento principal, para realizar, com melhor eficiência, os negócios próprios que constituem o seu objetivo (NASCIMENTO, 2020). 1 Estabelecimentos comer- ciais localizados fora da sede e a esta subordina- dos, com a finalidade de promover a intermediação de negócios. Também podem ser considerados um escritório comercial ou de gestão de parte dos ne- gócios que não depende de uma matriz, como uma agência de leilões, corretagem, transporte etc. (NASCIMENTO, 2020). 2 Conversão de demonstrações contábeis 101 ra e os orçamentos e todas as decisões são tomados levando em conta os resultados em uma moeda estrangeira, poderiam ser enquadrados como moeda funcional diferente do real. Nos cálculos e nas contabilizações de transações em moedas es- trangeiras e operações comerciais, de financiamentos e investimentos no exterior são utilizados termos relacionados às moedas e às taxas de câmbio, que estão destacados no quadro a seguir. Quadro 1 Conceitos utilizados na conversão. Moedas Moeda corrente É a moeda do país no qual a empresa opera. Moeda de relatório É a moeda constante das demonstrações financeiras que serão reportadas. Moeda estrangeira É a moeda utilizada para a realização de deter- minada transação. Moeda funcional É a moeda responsável pela geração e pelo dispêndio de caixa ou a do sistema econô- mico principal em que a empresa opera. Taxa de câmbio Taxa de câmbio É a taxa utilizada para a troca de duas moedas. Taxa corrente ou de fechamento É a taxa vigente na data de levantamento das demonstrações financeiras anuais ou intermediárias. Taxa histórica É a taxa vigente na época de realização de determinada transação. Taxa média É a média aritmética das taxas de câmbio que vigoraram por certo período. Fonte: Elaborado pelo autor com base em CPC, 2010. A entidade deve divulgar no final de cada período informações relacionadas às suas operações com moeda estrangeira, por exem- plo o montante das variações cambiais que a empresa registrou na Demonstração de Resultado ou na conta do Patrimônio Líquido, como outros resultados abrangentes. Diferentemente da gran- de maioria das empresas brasileiras que utilizam o real como moeda funcional, a empresa Embraer S.A. usa o dólar, moeda com a qual são realizadas suas operações principais. No site Novo mercado BM&FBovespa você encontra notas expli- cativas em que a empresa justifica os motivos de utilizar outra moeda que não o real, sendo uma importante fonte de con- sulta contábil a respeito dos procedimentos de registro de operações em moeda estrangeira. Disponível em: http://bvmf.bmfbovespa.com.br/ cias-listadas/empresas-listadas/ ResumoDemonstrativosFinanceiros. aspx?codigoCvm=20087&idio- ma=pt-br. Acesso em: 13 set. 2021. Site 5.2 Transações em moeda estrangeira Vídeo As empresas no Brasil podem realizar operações com as empre- sas no exterior em moeda estrangeira. Essas operações são fechadas de acordo com a moeda na qual a negociação está sendo realizada, necessitando, dessa forma, da contabilização na moeda funcional dahttp://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?c http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?c http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?c http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?c http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?c 102 Contabilidade Internacional entidade para ser registrada e evidenciada em suas demonstrações contábeis. A moeda estrangeira é aquela diferente da moeda da enti- dade que está realizando a operação, a qual pratica seus atos e registra suas operações na moeda do país onde está localizada, sendo essa a sua moeda funcional. Em alguns casos específicos a moeda funcional é diferente da moeda do país no qual a empresa está localizada, no caso, o real para as empresas brasileiras. Segundo o Pronunciamento Técnico n. 02 (CPC, 2010, p. 8), uma transação em moeda estrangeira é aquela fixada ou que requer sua liquidação em uma moeda estrangeira, por exemplo o dólar e o euro, sendo transações originadas quando a entidade: (a) compra ou vende bens ou serviços cujo preço é fixado em moeda estrangeira; (b) obtém ou concede empréstimos, quando os valores a pagar ou a receber são fixados em moeda estrangeira; ou (c) de alguma outra forma, adquire ou desfaz-se de ativos, ou assume ou liquida passivos fixados em moeda estrangeira. As operações de compra de bens no exterior podem ser de ati- vos utilizados posteriormente nas suas atividades para a produção ou a manutenção de suas operações ou seus bens que servirão de matéria-prima para a produção ou prestação de serviços. As operações de vendas correspondem às exportações realizadas pela entidade, que podem ser de bens ou serviços, sendo realizadas com empresas no exterior. Essas operações irão requerer saídas ou entradas de re- cursos em moeda estrangeira. O pronunciamento também enumera operações de empréstimos, a pagar ou a receber, como exemplos de operações que podem ser realizadas pelas empresas brasileiras com empresas estrangeiras, requerendo, assim, a movimentação em uma moeda diferente do real. O reconhecimento contábil dos valores deve ser realizado no momen- to que a operação acontece pelo seu valor na moeda funcional. Dessa maneira, temos uma operação em moeda estrangeira e necessitamos realizar o registro em moeda funcional, aplicando a taxa de câmbio à vista entre a moeda funcional e a estrangeira. A taxa de câmbio é utilizada para a troca entre moedas e tem suas cotações alteradas diariamente, repre- sentando o preço mensurado de uma delas em relação à outra. O registro Conversão de demonstrações contábeis 103 contábil será realizado em reais pela cotação da moeda estrangeira na data da transação. A figura a seguir ilustra esse processo. Figura 1 Procedimento para a conversão de valores em moeda estrangeira Transação realizada com a moeda estrangeira Converte-se a transação realizada pelo valor do câmbio à vista na moeda funcional Transação contabilizada na moeda funcional Fonte: Lagioia, 2011, p. 64. O Pronunciamento Técnico n. 02 (CPC, 2010) estabelece que pode ser utilizada a taxa de câmbio média semanal ou mensal para a deter- minação do valor das transações desde que não ocorram flutuações significativas nas taxas no período. Caso as flutuações nas cotações se- jam relevantes, a taxa de câmbio média não deve ser utilizada, e sim a cotação da data da transação, para fins de reconhecimento dos valores e de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Como exemplo, vamos analisar algumas operações e realizar o re- gistro contábil inicial e a posterior atualização dos valores em moeda estrangeira para a moeda funcional, o real. Exemplo A Uma empresa brasileira efetuou uma compra de equipamen- to para seu ativo imobilizado em 02/01/20x1 no montante de USD 10.000,00, para pagamento em 15/02/20x1, caracterizando uma importação de equipamentos. A moeda funcional da empresa é o real. O equipamento chegou ao Brasil e ocorreu o despacho adua- neiro em 15/01/20x1, sendo essa a data do documento fiscal. A ope- ração gerou gastos adicionais no processo aduaneiro de R$ 2.500,00 (não serão detalhados os valores). Na data da emissão do documento fiscal a cotação do dólar era de R$ 5,00, correspondendo a 1 dólar para cada 5 reais. No registro contá- bil é necessária a conversão para reais: 15/01/20x1 = USD 10.000,00 × R$ 5,00 = R$ 50.000,00 104 Contabilidade Internacional Tabela 1 Registro da entrada do equipamento na empresa Débito: conta Equipamentos (Ativo não Circulante – Imobilizado) R$ 50.000,00 Débito: conta Equipamentos (Ativo não Circulante – Imobilizado) R$ 2.500,00 Crédito: conta Fornecedores Estrangeiros (Passivo Circulante) R$ 50.000,00 Crédito: conta Fornecedores Nacionais (Passivo Circulante) R$ 2.500,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Ao término de um período de reporte, por exemplo o final do mês de janeiro/20x1, os itens monetários em moeda estrangeira que cons- tam registrados das demonstrações contábeis da entidade devem ser convertidos, utilizando para isso a taxa de câmbio de fechamento, que é a taxa vigente na data do levantamento das demonstrações. Vamos considerar que a cotação do dólar em 31/01/20x1 era de R$ 5,20. Ao convertermos a obrigação em moeda estrangeira para o real, teremos: 31/01/20x1 = USD 10.000,00 × R$ 5,20 = R$ 52.000,00 Não há nessa data pagamento da obrigação, mas, em função do au- mento na taxa de câmbio, ocorre o aumento da obrigação, o qual deve ser registrado contabilmente como despesa financeira, especificamen- te Variação Cambial Passiva. Tabela 2 Registro da variação cambial sobre a obrigação Débito: conta Variação Cambial Passiva (Demonstração de Resultado – Despesas Financeiras) R$ 2.000,00 Crédito: conta Fornecedores Estrangeiros (Passivo Circulante) R$ 2.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Na data do pagamento da obrigação verificamos novamen- te a taxa de câmbio, que, para fins de exemplo, será de R$ 5,30. É necessária a atualização da obrigação de acordo com a cotação da moeda estrangeira: 15/02/20x1 = USD 10.000,00 × R$ 5,30 = R$ 53.000,00 Na sequência será registrada a atualização do valor da dívida, em função da cotação da moeda estrangeira, e o efeito do pagamento da obrigação, encerrando a operação do Exemplo A. Conversão de demonstrações contábeis 105 Tabela 3 Registro da variação cambial sobre a obrigação Débito: conta Variação Cambial Passiva (Demonstração de Resultado – Despesas Financeiras) R$ 1.000,00 Crédito: conta Fornecedores Estrangeiros (Passivo Circulante) R$ 1.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Tabela 4 Registro do pagamento da obrigação com o fornecedor Débito: conta Fornecedores Estrangeiros (Passivo Circulante) R$ 53.000,00 Crédito: conta Bancos (Ativo Circulante) R$ 53.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. A operação é finalizada com o pagamento da conta Fornecedores Estrangeiros, zerando-a e tendo o registro de R$ 3.000,00 como despe- sas financeiras totais nessa operação. Exemplo B Uma empresa brasileira efetuou uma venda de produtos para uma empresa estrangeira, sendo realizada uma operação de exportação. A operação é negociada em moeda estrangeira, no montante de USD 30.000,00, mas a Receita Bruta de Vendas é determinada pela con- versão em moeda nacional utilizando a taxa de câmbio da moeda es- trangeira na data do embarque para o exterior em 10/01/20x1. Na data da exportação a cotação do dólar era de R$ 5,00. No registro contábil é necessária a conversão para reais: 10/01/20x1 = USD 30.000,00 x R$ 5,00 = R$ 150.000,00 O registro contábil da operação é realizado no Ativo como um direi- to a receber em reais, apesar da operação ter sido fechada em moeda estrangeira. Tabela 5 Registro da venda de produtos da empresa Débito: conta Clientes noExterior (Ativo Circulante) R$ 150.000,00 Débito: conta Vendas de Produtos – Exportação (Demonstração de Resultado) R$ 150.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. No final do mês de janeiro/20x1 os itens monetários em moe- da estrangeira que constam das demonstrações contábeis da enti- dade devem ser convertidos, utilizando para isso a taxa de câmbio Para fins de exemplo, os registros contábeis serão focados na contabilização da receita de exportação e nas respectivas variações posteriores, originadas pelas variações na taxa de câmbio da operação. Atenção 106 Contabilidade Internacional de fechamento, que é a taxa vigente na data do levantamento das demonstrações. Vamos considerar que a cotação do dólar em 31/01/20x1 era de R$ 4,90. Ao convertermos o valor a receber em moeda estrangeira para o real, teremos: 31/01/20x1 = USD 30.000,00 × R$ 4,90 = R$ 147.000,00 Em função da diminuição na cotação da moeda estrangeira, o valor a receber é menor do que o registrado na contabilização da receita, ge- rando uma Variação Cambial Passiva na Demonstração de Resultado. Tabela 6 Registro da variação cambial sobre o valor a receber. Débito: conta Variação Cambial Passiva (Demonstração de Resultado – Despesas Financeiras) R$ 3.000,00 Crédito: conta Clientes no Exterior (Ativo Circulante) R$ 3.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Na data do recebimento do valor verificamos que a taxa de câmbio da moeda estrangeira era de R$ 5,30. É necessária a atualização do va- lor a receber, de acordo com a cotação da moeda estrangeira: 15/02/20x1 = USD 30.000,00 × R$ 5,30 = R$ 159.000,00 Em função da valorização da moeda nacional em relação à moeda estrangeira, é necessário registrar uma Variação Cambial Ativa, geran- do uma receita para a empresa. Tabela 7 Registro da variação cambial sobre a operação de venda Débito: conta Clientes no Exterior (Ativo Circulante) R$ 12.000,00 Crédito: conta Variação Cambial Ativa (Demonstração de Resultado – Receitas Financeiras) R$ 12.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Tabela 8 Registro do recebimento do valor com o pagamento efetuado pelo cliente. Débito: conta Bancos (Ativo Circulante) R$ 159.000,00 Crédito: conta Clientes no Exterior (Ativo Circulante) R$ 159.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. Após o recebimento do cliente no exterior, a operação é encerrada, com a conta de clientes ficando zerada. Foram geradas receitas finan– ceiras de Variação Cambial Positiva no total de R$ 9.000,00 no período. Conversão de demonstrações contábeis 107 As operações em moeda estrangeira devem ser atualizadas pelas res- pectivas taxas de câmbio no final de cada período de elaboração das demonstrações contábeis, objetivando retratar a posição atualizada dos valores do ativo, do passivo, das receitas e das despesas. As empresas devem divulgar as informações das variações cam- biais reconhecidas na Demonstração de Resultado e no seu Patri- mônio Líquido nas contas de outros resultados abrangentes, com a indicação das variações cambiais líquidas e a conciliação no início e no final do exercício social. 5.3 Conversão das demonstrações contábeis Vídeo As entidades brasileiras que divulgam suas informações financeiras por meio das demonstrações contábeis possuem muitas vezes empre- sas filiais, controladas ou coligadas no exterior, todas fazendo parte de um grupo econômico. Lagioia (2011) explica que um grupo econômico é representado por uma entidade controladora e por todas as suas controladas, sediadas no Brasil ou em outros países. A autora obser- va que o grupo econômico formado por entidades em países diferen- tes e com moedas distintas precisa apresentar um único conjunto de demonstrações financeiras, representando a posição patrimonial, eco- nômica e financeira do grupo como um todo. Para que as informações sejam unificadas, existe a necessidade da conversão das demonstrações contábeis em moeda estrangeira para a moeda de apresentação dos relatórios financeiros. A conversão das demonstrações contábeis é realizada quando a investida é enquadrada como controlada, coligada ou sociedade que pertença a um mesmo grupo ou esteja sob controle comum. O Pronunciamento Técnico n. 02 (CPC, 2010) relaciona os procedimentos a serem adotados para a con- versão, utilizando o método da taxa corrente: a. Ativos e passivos para cada Balanço Patrimonial apresentado (incluindo os balanços comparativos) devem ser convertidos, utilizando-se a taxa de câmbio de fechamento na data do respectivo Balanço Patrimonial. b. Receitas e despesas para cada Demonstração do Resultado Abrangente ou Demonstração do Resultado apresentada 108 Contabilidade Internacional (incluindo as demonstrações comparativas) devem ser convertidas pelas taxas de câmbio vigentes nas datas de ocorrência das transações. c. Todas as variações cambiais resultantes devem ser reconhecidas em outros resultados abrangentes. Com relação às variações cambiais descritas no item c da norma, são resultantes da conversão de receitas e despesas pelas taxas de câmbio vigentes nas datas das transações e pela utilização da taxa de câmbio de fechamento para os ativos e passivos das demonstrações contábeis. Também são originadas da conversão dos saldos de abertu- ra das contas do Patrimônio Líquido pela taxa de câmbio de fechamen- to, que é diferente da taxa de câmbio do período anterior. A contrapartida do registro contábil das variações cambiais é efe- tuada no Patrimônio Líquido, pois estas não devem impactar o resulta- do por ainda não estarem realizadas. Somente quando ocorrer a baixa (a venda) da entidade no exterior é que ficará caracterizada a receita ou o prejuízo e a respectiva realização das variações. Para exemplificar os procedimentos necessários para a conversão das demonstrações contábeis, desenvolveremos um exemplo na sequência. Exemplo Determinada empresa sediada no Brasil resolve investir em outra empresa no exterior. A investidora será denominada de A e a investida será denominada de B. A empresa investidora constituiu a empresa B com o aporte de USD 500.000,00, sendo proprietária de 100% do Ca- pital Social. A integralização do capital foi em 01/01/20x0 e a taxa de câmbio da moeda estrangeira estava em R$ 5,00 nessa data. Durante o exercício de 20x0, a empresa B realizou diversas opera- ções e elaborou suas demonstrações contábeis no final do período, as quais estão evidenciadas nas tabelas a seguir. Conversão de demonstrações contábeis 109 Ativo USD Passivo e Patrimônio Líquido USD Ativo Circulante Passivo Circulante Caixa e Equivalentes de Caixa 125.000,00 Fornecedores 50.000,00 Contas a Receber 85.000,00 Contas a Pagar 20.000,00 Estoques 190.000,00 Passivo não Circulante Ativo não Circulante Empréstimos 80.000,00 Imobilizado 300.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social 500.000,00 Lucros Acumulados 50.000,00 Total do Ativo 700.000,00 Total do Passivo e P.L. 700.000,00 Tabela 9 Empresa B – Balanço Patrimonial em 31/12/20X0 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. A Demonstração do Resultado apresentada compreende o período de janeiro a dezembro de 20x0, sendo apresentada de maneira resu- mida na Tabela 10. Tabela 10 Empresa B – Demonstração do Resultado do período de 01/01/20x0 a 31/12/20X0 Demonstração do Resultado USD Receitas Líquidas 210.000,00 (–) Custos Produtos Vendidos -110.000,00 (=) Lucro Bruto 100.000,00 (–) Despesas Operacionais -45.000,00 (+) Outras Receitas 5.000,00 (=) Lucro antes dos Tributos 60.000,00 (–) Tributos sobre o Lucro -10.000,00 (=) Lucro Líquido 50.000,00 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. Martins et al. (2017) apresentam o resumo dos procedimentos que devem ser adotados na conversão de demonstrações, conforme de- monstrado no quadro a seguir. 110 Contabilidade Internacional Quadro 2 Procedimentos para a conversão ATIVO Taxa corrente PASSIVO Taxa corrente PATRIMÔNIO LÍQUIDO Saldo Anterior do PL (igual a saldo final do período anterior) Dividendos e Ingressos deCapital (Taxa histórica) Resultado do Período (transportando da DR convertida por taxa histórica ou média) Ajuste Acumulado de Conversão Fonte: Martins et al., 2017, p. 265, grifos nossos. Os elementos do Ativo e do Passivo devem ser convertidos pela taxa corrente (fechamento) da data de apresentação das demonstrações contábeis – no caso do exemplo, a taxa de câmbio do dia 31/12/20x0 ou anterior –, se não houver cotação nesse dia. O Patrimônio Líquido é dividido em grupos, sendo que o saldo anterior é mantido com valores iguais aos do período anterior e os novos ingressos de capital, com a taxa do dia da operação (taxa histórica). Já para os valores evidenciados na Demonstração de Resultado, deve ser utilizada a taxa histórica ou média, caso a variação na taxa de câmbio não seja excessiva. Para fins de exemplo, utilizaremos a taxa média mensal para os elementos de receitas, custos e despesas, que é demonstrada na tabela a seguir. Tabela 11 Taxas de câmbio do ano 20x0 Mês Taxa média mensal Taxa de fechamento Janeiro 5,10 Fevereiro 5,20 Março 5,10 Abril 5,00 Maio 4,90 Junho 4,95 Julho 5,05 Agosto 5,00 Setembro 5,20 Outubro 5,15 (Continua) Conversão de demonstrações contábeis 111 Mês Taxa média mensal Taxa de fechamento Novembro 5,15 Dezembro 5,10 5,10 Taxa média anual 5,08 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. Na sequência (Tabela 12) está demonstrada a conversão das con- tas da Demonstração do Resultado utilizando a taxa média mensal para a conversão dos valores em moeda estrangeira para a moeda de apresentação. Tabela 12 Conversão de receitas, custos e despesas Mês Taxa média mensal Receitas Custos USD R$ USD R$ Janeiro 5,10 10.000,00 51.000,00 6.000,00 30.600,00 Fevereiro 5,20 12.000,00 62.400,00 6.000,00 31.200,00 Março 5,10 13.000,00 66.300,00 6.000,00 30.600,00 Abril 5,00 14.000,00 70.000,00 7.000,00 35.000,00 Maio 4,90 15.000,00 73.500,00 8.000,00 39.200,00 Junho 4,95 16.000,00 79.200,00 9.000,00 44.550,00 Julho 5,05 18.000,00 90.900,00 10.000,00 50.500,00 Agosto 5,00 20.000,00 100.000,00 10.000,00 50.000,00 Setembro 5,20 23.000,00 119.600,00 11.000,00 57.200,00 Outubro 5,15 24.000,00 123.600,00 12.000,00 61.800,00 Novembro 5,15 23.000,00 118.450,00 13.000,00 66.950,00 Dezembro 5,10 22.000,00 112.200,00 12.000,00 61.200,00 Total 210.000,00 1.067.150,00 110.000,00 558.800,00 Mês Taxa média mensal Despesas Operacionais Outras Receitas USD R$ USD R$ Janeiro 5,10 2.500,00 12.750,00 300,00 1.530,00 Fevereiro 5,20 2.600,00 13.520,00 100,00 520,00 Março 5,10 3.000,00 15.300,00 400,00 2.040,00 Abril 5,00 4.500,00 22.500,00 500,00 2.500,00 Maio 4,90 3.500,00 17.150,00 600,00 2.940,00 Junho 4,95 3.600,00 17.820,00 200,00 990,00 Julho 5,05 3.800,00 19.190,00 800,00 4.040,00 (Continua) 112 Contabilidade Internacional Mês Taxa média mensal Despesas Operacionais Outras Receitas USD R$ USD R$ Agosto 5,00 3.800,00 19.000,00 500,00 2.500,00 Setembro 5,20 3.600,00 18.720,00 600,00 3.120,00 Outubro 5,15 3.800,00 19.570,00 500,00 2.575,00 Novembro 5,15 4.900,00 25.235,00 200,00 1.030,00 Dezembro 5,10 5.400,00 27.540,00 300,00 1.530,00 Total 45.000,00 228.295,00 5.000,00 25.315,00 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. O montante apurado mensalmente é multiplicado pela taxa de câm- bio média do mês, resultando no total em reais mensal. A taxa média é calculada pela média aritmética simples das taxas diárias. Com base nas informações calculadas, podemos elaborar a Demonstração do Re- sultado em reais (Tabela 13). Tabela 13 Empresa B – Demonstração do Resultado do período de 01/01/20x0 a 31/12/20X0 em R$ Demonstração do Resultado USD Taxa média anual R$ Receitas Líquidas 210.000,00 1.067.150,00 (–) Custos Produtos Vendidos -110.000,00 -558.800,00 (=) Lucro Bruto 100.000,00 508.350,00 (–) Despesas Operacionais -45.000,00 -228.295,00 (+) Outras Receitas 5.000,00 25.315,00 (=) Lucro antes dos Tributos 60.000,00 305.370,00 (–) Tributos sobre o Lucro -10.000,00 5,08 -50.800,00 (=) Lucro Líquido 50.000,00 254.570,00 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. O Resultado do Exercício de USD 50.000,00 é convertido e represen ta R$ 254.570,00. Os Tributos sobre o lucro foram convertidos pela taxa média anual, pois, de acordo com Martins et al. (2017, p. 267), admite- -se que “o resultado tributável tenha sido formado ao longo do exercí- cio e, consequentemente, o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido” são formados ao longo do período e calculados pela taxa média anual, desde que as variações não sejam significativas. O passo seguinte após a conversão da Demonstração do Resultado é a conversão dos valores em moeda estrangeira constantes no Balan- ço Patrimonial, como apresentado a seguir. (Continua) Conversão de demonstrações contábeis 113 Tabela 14 Empresa B – Balanço Patrimonial em 31/12/20X0 em R$ Ativo USD Taxa de Conversão R$ Ativo Circulante Caixa e Equivalentes de Caixa 125.000,00 5,10 637.500,00 Contas a Receber 85.000,00 5,10 433.500,00 Estoques 190.000,00 5,10 969.000,00 Ativo não Circulante Imobilizado 300.000,00 5,10 1.530.000,00 Total do Ativo 700.000,00 3.570.000,00 Passivo e Patrimônio Líquido USD Taxa de Conversão R$ Passivo Circulante Fornecedores 50.000,00 5,10 255.000,00 Contas a Pagar 20.000,00 5,10 102.000,00 Passivo Não Circulante Empréstimos 80.000,00 5,10 408.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social 500.000,00 5,00 2.500.000,00 Lucros Acumulados 50.000,00 254.570,00 Ajustes Acumulados de Conversão - 50.430,00 Total do Passivo e P.L. 700.000,00 3.570.000,00 Fonte: Adaptada de Martins et al., 2017. Vamos agora detalhar as conversões realizadas no Balanço Patrimo- nial da Empresa B. Contas do Ativo e Passivo Para a conversão das contas do Ativo (Circulante e não Circulante) e do Passivo (Circulante e não Circulante), é utilizada a taxa de câmbio de fechamento. No exemplo, essa taxa era de R$ 5,10, sendo multipli- cada pelos valores em moeda estrangeira. No caso da conta de Caixa e Equivalentes de Caixa, o saldo final em 31/12/20x0 de USD 125.000,00 é multiplicado por R$ 5,10, representando o valor de R$ 637.500,00. O mesmo procedimento é realizado nas demais contas. 114 Contabilidade Internacional Conta de Capital Social no Patrimônio Líquido A conta de Capital Social é mantida pelos valores originais da ope- ração, mas a variação cambial é calculada em função da alteração da taxa de câmbio do dia em que o capital foi integralizado na compa- nhia (01/01/20x0) para o dia do fechamento das demonstrações contá- beis (31/12/20x0). A variação cambial é positiva (também chamada de Variação Cambial Ativa), gerando um ganho para a empresa. Capital Social USD 500.000,00 × 5,10 (taxa de fechamento) = 2.550.000,00 USD 500.000,00 × 5,00 (taxa histórica) = (2.500.000,00) Variação Cambial Ativa = 50.000,00 Conta de Lucros Acumulados Anteriormente, a Demonstração do Resultado foi convertida utili- zando a taxa de câmbio média mensal para os elementos de receitas, custos e despesas, gerando um lucro de R$ 254.570,00. Esses valores devem ser atualizados pela taxa de câmbio de fechamento para atuali- zação dos valores na data da elaboração dos relatórios contábeis. Lucros Acumulados USD 50.000,00 × 5,10 (taxa de fechamento) = 255.000,00 USD 50.000,00 conforme a conversão da Demonstração do Resultado = (254.570,00) Variação Cambial Ativa = 430,00 Conta de Ajuste Acumulado de Conversão O resultado da variação cambial do período é demonstrado em uma conta própria, que recebe os valores positivos e negativos das demais contas calculadas anteriormente. No exemplo, as variações ocorreram na conta de Capital Social e de Lucros Acumulados. Contas – Variação Cambial Capital Social 50.000,00 Lucros Acumulados 430,00 Soma 50.430,00 As demonstrações contábeis convertidasde uma moeda estrangei- ra para a moeda funcional da empresa são utilizadas para o cálculo da equivalência patrimonial na investidora e para a consolidação das demonstrações contábeis de um grupo de empresas. Conversão de demonstrações contábeis 115 5.4 Aplicação do método da equivalência patrimonial Vídeo As empresas brasileiras que possuem investimentos em empresas sediadas em outros países necessitam converter as demonstrações contábeis destas empresas, emitidas em uma moeda estrangeira, para a moeda funcional do ambiente principal no qual a empresa opera, normalmente o real no Brasil. A conversão permite que a investidora utilize as informações da investida para a aplicação do método de equi- valência patrimonial e a consolidação das demonstrações contábeis em um único conjunto de demonstrações do grupo econômico. O método de equivalência patrimonial, de acordo com Lemes e Carvalho (2010, p. 135), é o “método no qual o investimento é inicial- mente registrado ao custo e ajustado posteriormente pelas alterações correspondentes à participação do investidor no patrimônio líquido da investida”. O valor do investimento registrado no Ativo não Circulante da empresa investidora é atualizado com as informações das demons- trações contábeis da empresa investida, refletindo, dessa forma, os ga- nhos ou as perdas do investimento. A Lei n. 6.404 (BRASIL, 1976) regulamenta a aplicação do método de equivalência, indicando no seu artigo 248 que ele é aplicado para os investimentos em: • coligadas; • controladas; • sociedades que façam parte do mesmo grupo econômico; • sociedades que estejam sob controle comum. Para regulamentar a forma de aplicação do método de equivalência, foi editado pelo CPC o Pronunciamento Técnico n. 18 (CPC, 2012), sen- do recepcionado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) com a edição da NBC TG 18 – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto. Para a aplicação do método é necessária a diferenciação dos tipos de investimentos que podem ser realizados pelas entidades, conforme descrito no quadro a seguir. 116 Contabilidade Internacional Quadro 3 Classificação dos investimentos Sociedade controlada É a sociedade na qual a controladora possui mais de 50% do capital votante. O controle sobre esse capital pode ser de modo direto, em que a investidora é a proprietária do capital votante, ou indireto, por meio de outras empresas controladas. Sociedade coligada É a sociedade na qual a controladora possui influência significa- tiva nas decisões políticas, financeiras e operacionais, sem ter o controle da maioria do capital votante. Existe a presunção de influência significativa quando a investidora detém 20% ou mais do capital votante. Sociedade do mesmo grupo econômico É a sociedade investida que faz parte do mesmo grupo econô- mico da investidora, tendo um controlador em comum. Sociedade sob controle comum É a sociedade que tem seu controle compartilhado com outro investidor sem que nenhum dos investidores possua o controle. As decisões são tomadas em conjunto e de maneira consensual entre as partes, tornando-se uma joint venture. Fonte: Adaptado de CPC, 2012. As sociedades coligadas são descritas como aquelas nas quais o in- vestidor possui influência significativa e que se presume a influência de 20% ou mais do capital, mas o investidor pode ter influência signi- ficativa com menos de 20% do capital votante, desde que consiga de- monstrar sua influência nas decisões da empresa. O Pronunciamento Técnico n. 18 (CPC, 2012, p. 3) lista as evidências de influência na admi- nistração da empresa coligada: (a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; (b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusi- ve em decisões sobre dividendos e outras distribuições; (c) operações materiais entre o investidor e a investida; (d) intercâmbio de diretores ou gerentes; (e) fornecimento de informação técnica essencial. Dessa maneira, uma investidora pode ter menos de 20% do capital de outra empresa, mas, se tiver poder nas decisões da companhia – como a possibilidade de indicar um membro da administração, ser um fornecedor significativo da empresa, transferir tecnologia para a inves- tida etc. –, a empresa é considerada coligada. O investimento inicial para a aquisição de participação em outra empresa é registrado inicialmente pelo custo, que corresponde ao Conversão de demonstrações contábeis 117 montante pago para a aquisição de participação societária. O seu re- gistro é evidenciado no grupo Investimentos, no Ativo não Circulante da empresa investidora. Posteriormente, como explicam Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 188), “o método da equivalência patrimonial consiste em aplicar, ao valor do patrimônio líquido da controlada, a participação percentual detida pela controladora, ajustando o valor do investimento no ativo da controladora”. A diferença entre o Patrimônio Líquido da investida no início e no final do período pode corresponder ao lucro ou ao prejuízo obtido pela empresa, mas também pode ser originada de outras mutações ocorridas no Patrimônio Líquido da investida, como aumentos de ca- pital, registros de outros resultados abrangentes, entre outras altera- ções. Na empresa investidora o aumento ou a diminuição, originado dos resultados (lucro ou prejuízo) da investida, é reconhecido no resul- tado do período na empresa. Viceconti e Neves (2018) explicam que mutações no Patrimônio Lí- quido da investida originadas de aumento de capital subscrito pela in- vestidora devem ser registradas diretamente no investimento, tendo como contrapartida a saída dos recursos no caixa da investidora. Os autores também explicam que variações no Patrimônio Líquido da in- vestida decorrentes de resultados não abrangentes, como ajustes de avaliação patrimonial e de conversão de demonstrações em moeda estrangeira, devem ser reconhecidos no Patrimônio Líquido do investi- dor, proporcionalmente à sua participação. Na sequência temos um exemplo de cálculo e registro contábil da aplicação do método de equivalência patrimonial. Exemplo D Uma sociedade investidora (controladora) adquiriu 100% das ações de uma empresa, denominada agora de controlada, pelo va- lor de R$ 200.000,00, correspondendo ao valor do Patrimônio Líquido contábil da empresa. O registro contábil dessa operação é demons- trado a seguir. 118 Contabilidade Internacional Tabela 15 Registro do investimento na empresa controlada D/C Descrição Valor Débito Conta Participação em Controlada (Ativo não Circulante – Investimentos) R$ 200.000,00 Crédito Conta Bancos (Ativo Circulante) R$ 200.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. No final do período, a empresa controlada apresentou lucro do exercício no valor de R$ 70.000,00. A empresa investidora aplica o mé- todo de equivalência patrimonial para calcular o Resultado da Equiva- lência Patrimonial. Lucro do exercício na investida: R$ 70.000,00 (x) Participação da investidora: 100% (=) Resultado da Equivalência Patrimonial: R$ 70.000,00 O registro contábil da equivalência patrimonial é demonstrado na seguinte tabela: Tabela 16 Registro da equivalência patrimonial D/C Descrição Valor Débito Conta Participação em Controlada (Ativo não Circulante – Investimentos) R$ 70.000,00 Crédito Conta Receita de Equivalência Patrimonial (Demonstração do Resultado – Outras Receitas) R$ 70.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor. O saldo da conta de investimentos na empresa controladora é au- mentado pelo valor do lucro, refletindo no aumento no Patrimônio Lí- quido da controlada. Caso a empresa investidora não detenha 100% do capital da investida, o cálculo da equivalência patrimonial será propor- cional à sua participação. Por exemplo, se a empresa possuir 60% do capital da investida, o cálculo será: R$ 70.000,00 × 60% = R$ 42.000,00 (registrado como receita de equivalência patrimonial na investidora). Nocálculo e registro da equivalência patrimonial deve ser utilizada a demonstração contábil mais recente que se pretende calcular. As de- monstrações contábeis devem ser elaboradas pela investida na mes- ma data de término do período da investidora; caso não seja possível, ajustes necessários devem ser realizados para registrar eventos que tenham ocorrido entre as duas datas. Conversão de demonstrações contábeis 119 CONSIDERAÇÕES FINAIS As empresas brasileiras buscam intensificar suas relações com outros países, tanto em operações de compra e venda de bens e serviços quanto em investimentos realizados na aquisição ou na abertura de empresas no exterior. Os negócios realizados com outros países geram operações na moeda estrangeira, necessitando de metodologias para converter esses valores para o real, o que permite o registro desses fatos nas demonstra- ções contábeis das empresas brasileiras. As normas contábeis determinam como as empresas brasileiras de- vem proceder para registrar as operações em moeda estrangeira e posteriormente calcular e registrar as variações nos valores a receber e a pagar em moeda estrangeira, em função das alterações nas taxas de câmbio das moedas estrangeiras. O registro deve ser feito em reais, por- tanto, é necessária a conversão desses valores para a moeda nacional no momento do reconhecimento inicial. Os mesmos procedimentos são aplicados à conversão de demonstra- ções contábeis emitidas pelas empresas estrangeiras, em que a variação na taxa de câmbio provoca alterações nos valores evidenciados na moeda nacional, necessitando, dessa forma, do controle e registro dessas varia- ções para que as informações contábeis sejam úteis aos diversos grupos de usuários da contabilidade nas suas análises financeiras e econômicas. ATIVIDADES Atividade 1 Na conversão de demonstrações contábeis são utilizadas taxas de câmbio para transformar as informações em moeda estran- geira para a moeda nacional. Nesse processo é utilizada a moeda funcional da entidade que reporta as informações contábeis. Nesse sentido, explique o que é a moeda funcional. Atividade 2 Para a conversão de algumas operações em moeda estrangei- ra, como receitas e despesas, pode ser utilizada a taxa média. Explique o que ela é e em que casos pode ser utilizada para a conversão de operações contábeis. Atividade 3 Explique o procedimento que deve ser utilizado na conversão das contas do ativo e passivo das demonstrações contábeis em moeda estrangeira pelo método da taxa corrente. 120 Contabilidade Internacional REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L6404compilada.htm. Acesso em: 13 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2) – Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. CPC, 7 out. 2010. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9. Acesso em: 13 set. 2021. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) – Investimento em coligada, em controlada e em empreendimento controlado em conjunto. CPC, 13 dez. 2012. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49. Acesso em: 13 set. 2021. LAGIOIA, U. C. T. Pronunciamentos contábeis na prática. São Paulo: Atlas, 2011. (Série pronunciamentos contábeis). LEMES, S.; CARVALHO, L. N. Contabilidade internacional para graduação: texto, estudos de casos e questões de múltipla escolha. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. NASCIMENTO, S. F. do. Conceitos de filial, sucursal, agência e escritório comercial e as consequências tributárias. Jus.com.br, maio 2020. Disponível em: https://jus.com. br/artigos/82322/conceitos-de-filial-sucursal-agencia-e-escritorio-comercial-e-as- consequencias-tributarias. Acesso em: 13 set. 2021. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de.; LEITE, J. da. S. J. Manual de contabilidade internacional: IFRS – US GAAP – BR GAAP – teoria e prática. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SALOTTI, B. M. et al. (org.). IFRS no Brasil: temas avançados abordados por meio de casos reais. São Paulo: Atlas, 2015. VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada e análises das demonstrações financeiras. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 13 set. 2021 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 13 set. 2021 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49 https://jus.com.br/artigos/82322/conceitos-de-filial-sucursal-agencia-e-escritorio-comercial-e-as-co https://jus.com.br/artigos/82322/conceitos-de-filial-sucursal-agencia-e-escritorio-comercial-e-as-co https://jus.com.br/artigos/82322/conceitos-de-filial-sucursal-agencia-e-escritorio-comercial-e-as-co Resolução das atividades 121 Resolução das atividades 1 Contabilidade no mundo 1. Dentre as causas das diferenças contábeis citadas pelos autores da área, o tipo de sistema legal é uma das principais razões de a Contabilidade ter seu desenvolvimento diferente entre os países. Explique os sistemas legais common law e code law. O sistema legal com base no common law ou direito consuetudinário, apresenta como principal característica a ausência de códigos definidos, com a aplicação das normas se desenvolvendo com o avanço das relações da sociedade, é um direito que está em constante construção e as demonstrações contábeis são elaboradas com uma visão justa e verdadeira, voltadas para acionistas. O sistema legal com base no code law ou sistema codificado, apresenta códigos de normas definidos, tendo alto grau de detalhamento nas regras a serem cumpridas e a Contabilidade voltada para credores e o fisco. 2. Explique por que o uso de normas contábeis internacionais favorece e atrai investimentos. O uso de normas contábeis internacionais indica que empresa de diferentes países adotam um padrão contábil único, permitindo dessa forma, que investidores de diferentes países possam conhecer a situação financeira das organizações e compará-las com empresas em outros locais. Dessa forma, a segurança ao realizar os investimentos é elevada, pois o nível de evidenciação das informações das empresas permite que o investidor analise a situação econômico-financeira das organizações. 3. Dentre as causas das diferenças entre as contabilidades dos países é citada a vinculação da legislação tributária com a escrituração contábil. Como esse fator influenciou a Contabilidade? Em países que a Contabilidade tem forte vinculação com a legislação tributária, as normas e regras contábeis são emanadas da autoridade tributária, que busca atender os seus respectivos interesses. Dessa forma, os registros contábeis e as respectivas demonstrações são elaboradas seguindo os preceitos tributários, em detrimento aos demais usuários da informação. 122 Contabilidade Internacional 2 Harmonização contábil no Brasil 1. A assertiva “os pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC não têm força de lei” está correta? Justifique sua resposta. A afirmativa está correta, pois o CPC emite os pronunciamentos contábeis com base nas normas internacionais, mas, para que eles se tornem o padrão contábil no país, é necessário que os órgãos que regulamentam a contabilidade incorporem os pronunciamentos nas suas normas, tornando-as obrigatórias para as empresas. 2. Um dos pilares das normas internacionais de contabilidade adotadas pelo Brasil é considerar a essênciaeconômica em vez do modo jurídico. Explique esse conceito. Considerar a essência econômica ao invés do modo jurídico no registro das operações realizadas pelas empresas significa que, embora algumas operações sejam embasadas por documentos fiscais ou contratos, especificando as operações, na essência as operações acabam sendo diferentes do que é observado na parte jurídica. Um exemplo ocorre com as operações de arrendamento mercantil, nelas a posse legal (jurídica) não é passada para a empresa que recebe o bem para seu uso, mas, na prática, a empresa já tem os benefícios, está sujeita ao risco e exerce o controle sobre o Ativo. Dessa maneira, na essência da operação já ocorre a transferência econômica do bem, mesmo não tendo sua formalização jurídica concluída. 3. Descreva os procedimentos realizados pelo CPC para a aprovação de uma nova norma. Inicialmente a norma é discutida e editada no organismo internacional (IASB), sendo aprovada pelos seus membros. Na sequência, o CPC inicia a discussão dela no Brasil, colocando-a em audiência pública e aguardando sugestões relacionadas à redação e à utilização da norma. Após o período de sugestões ocorre a discussão sobre a aprovação do texto final do pronunciamento contábil, com a sua publicação. 3 Estrutura conceitual 1. A continuidade é apontada por diversos autores como postulado e como princípio devido a sua importância na teoria da contabilidade. Explique-a. A continuidade pressupõe que a empresa continuará com suas atividades, sem intenção e perspectivas de encerramento de suas Resolução das atividades 123 atividades. A forma de registro contábil das operações é diferente se for detectado que a empresa não continuará ou que tem dificuldades em suas operações. 2. Explique o princípio da competência, que deve ser observado no registro das operações contábeis. O princípio da competência (ou regime de competência) indica que as operações devem ser registradas no período em que ocorreram, independentemente do período de pagamento ou recebimento. As despesas devem ser registradas no período que contribuíram para a geração de receita. 3. Uma das características qualitativas mais importantes é a representação fidedigna. Comente-a. O registro dos eventos contábeis deve representar fielmente os fenômenos econômicos, gerando uma informação completa, neutra e isenta de erros. As informações contábeis não devem ser manipuladas ou serem descritas com parcialidade, selecionando os elementos a serem demonstrados. 4 Bases de mensuração 1. Explique o objetivo do ajuste a valor presente, aplicável em todos os ativos de longo prazo e nos ativos de curto prazo, se houver efeitos relevantes. O ajuste a valor presente objetiva separar o valor do ativo ou do passivo dos juros incluídos na operação. O registro no ativo e no passivo deve ser pelo valor presente, como se a operação fosse à vista, e os juros registrados em suas contas específicas na demonstração de resultado, como receitas e despesas financeiras. 2. Na aplicação do valor justo, as entidades podem utilizar diferentes técnicas para a mensuração. O CPC 46 apresenta uma hierarquia na definição do valor justo, separando as técnicas de avaliação em três níveis e considerando o nível 1 o mais elevado. Explique como é mensurado o valor justo nesse nível e o motivo de ser o método que preferencialmente deve ser utilizado para a determinação do valor justo. O nível 1 na hierarquia de técnicas utilizadas na definição do valor justo compreende os preços cotados, observados em mercados ativos para bens e obrigações idênticos. Não há necessidade de ajustes, pois é 124 Contabilidade Internacional o preço praticado no mercado para ativos e passivos iguais aos que estão sendo analisados. Corresponde à abordagem de mercado. 3. O teste de recuperabilidade ou teste do valor recuperável é aplicado em ativos individuais ou, em algumas situações, nas unidades geradoras de caixa. Explique o que são unidades geradoras de caixa. As unidades geradoras de caixa representam o menor grupo identificável de ativos que gera entradas de caixa, por exemplo, linhas de produção ou filiais. Representam um conjunto de bens que geram entradas de caixa para a entidade, e seus ativos não podem ser analisados separadamente, pois é o conjunto que gera recursos para a entidade. 5 Conversão de demonstrações contábeis 1. Na conversão de demonstrações contábeis são utilizadas taxas de câmbio para transformar as informações em moeda estrangeira para a moeda nacional. Nesse processo é utilizada a moeda funcional da entidade que reporta as informações contábeis. Nesse sentido, explique o que é a moeda funcional. A moeda funcional é a responsável pelas entradas e saídas de caixa da organização. Além disso, é a moeda do sistema econômico principal no qual a empresa opera suas atividades econômicas. 2. Para a conversão de algumas operações em moeda estrangeira, como receitas e despesas, pode ser utilizada a taxa média. Explique o que ela é e em que casos pode ser utilizada para a conversão de operações contábeis. A taxa média representa a média aritmética das taxas de câmbio em determinado período. Ela pode ser usada para a conversão de operações contábeis quando a flutuação na cotação não é significativa, ou seja, quando se mantém sem grandes alterações. 3. Explique o procedimento que deve ser utilizado na conversão das contas do ativo e passivo das demonstrações contábeis em moeda estrangeira pelo método da taxa corrente. No método de conversão pela taxa corrente os elementos integrantes do ativo e passivo devem ser convertidos utilizando-se a taxa de câmbio de fechamento na data do Balanço Patrimonial. Anexo Pronunciamentos Contábeis emitidos Documento Título CPC 00 (R2) Estrutura conceitual para Relatório Financeiro A finalidade da estrutura conceitual é auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), para que tenham base em conceitos consistentes, auxiliar os responsáveis pela elaboração (preparadores) dos rela- tórios financeiros a desenvolver políticas contábeis consistentes quando nenhum pronunciamento se aplica à deter- minada transação, ou outro evento, ou quando o pronunciamento permite uma escolha de política contábil e auxiliar todas as partes a entender e interpretar os Pronunciamentos. CPC 01 (R1) Redução ao valor recuperável de Ativos O objetivo deste Pronunciamento Técnico é estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de recuperação. CPC 02 (R2) Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de Demonstrações Contábeis O objetivo deste Pronunciamento Técnico é orientar acerca de como incluir transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para a moeda de apresentação. CPC 03 (R2) Demonstração dos Fluxos de Caixa O objetivo deste Pronunciamento Técnico é requerer a prestação de informações acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa da entidade por meio de demonstração dos fluxos de caixa que classifique os fluxos de caixa do período por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. CPC 04 (R1) Ativo Intangível O objetivo do Pronunciamento Técnico é definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis. Estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível apenas se determinados critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos e especifica como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações específicas sobre esses ativos. CPC 05 (R1) Divulgação sobre partes relacionadas O objetivo é assegurar que as demonstrações contábeis da entidade contenham as divulgações necessárias para cha- mar a atenção dos usuários para a possibilidade de o balanço patrimonial e a demonstração do resultado da entidade estaremafetados pela existência de partes relacionadas e por transações e saldos, incluindo compromissos, com as referidas partes relacionadas. CPC 06 (R2) Arrendamentos Este pronunciamento estabelece os princípios para o reconhecimento, a mensuração, a apresentação e a divulgação de arrendamentos. O objetivo é garantir que arrendatários e arrendadores forneçam informações relevantes, de modo que representem fielmente essas transações. CPC 07 (R1) Subvenção e assistências governamentais Este Pronunciamento Técnico deve ser aplicado à contabilização e à divulgação de subvenção governamental e à divulgação de outras formas de assistência governamental. CPC 08 (R1) Custos de transação e prêmios na emissão de títulos e valores mobiliários O objetivo do Pronunciamento Técnico é estabelecer o tratamento contábil aplicável ao reconhecimento, à mensura- ção e à divulgação dos custos de transação incorridos e dos prêmios recebidos no processo de captação de recursos por intermédio da emissão de títulos patrimoniais e/ou de dívida. (Continua) Anexo 125 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=2 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=34 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=34 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=35 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=35 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=36 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=36 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=37 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=37 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=38 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=38 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=39 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=39 Documento Título CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) O objetivo do Pronunciamento Técnico é estabelecer critérios para elaboração e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que representa um dos elementos componentes do balanço social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período. CPC 10 (R1) Pagamento baseado em ações O objetivo do Pronunciamento é estabelecer procedimentos para reconhecimento e divulgação, nas demonstrações contábeis, das transações com pagamento baseado em ações realizadas pela entidade. CPC 11 Contratos de seguro O objetivo do Pronunciamento é especificar o reconhecimento contábil para contratos de seguro por parte de qual- quer entidade que emite tais contratos (denominada neste Pronunciamento como seguradora). CPC 12 Ajuste a valor presente O objetivo do Pronunciamento é estabelecer os requisitos básicos a serem observados quando da apuração do ajuste a valor presente de elementos do ativo e do passivo quando da elaboração de demonstrações contábeis, dirimindo algumas questões controversas advindas de tal procedimento. CPC 13 Adoção inicial da Lei n. 11.638/2007 e da Medida Provisória n. 449/2008 Este Pronunciamento tem por objetivo assegurar que as primeiras demonstrações contábeis serão elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, bem como as demonstrações contábeis intermediárias, que se referem à parte do período coberto por essas demonstrações contábeis. CPC 15 (R1) Combinação de negócios O objetivo do Pronunciamento é aprimorar a relevância, a confiabilidade e a comparabilidade das informações que a entidade fornece em suas demonstrações contábeis acerca da combinação de negócios e seus efeitos. CPC 16 (R1) Estoques Este Pronunciamento proporciona orientação sobre a determinação do valor de custo dos estoques e sobre o seu subsequente reconhecimento como despesa em resultado, incluindo qualquer redução ao valor realizável líquido. Também proporciona orientação sobre o método e os critérios usados para atribuir custos aos estoques. CPC 18 (R2) Investimento em coligada, em controlada e em empreendimento controlado em con- junto O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas e definir os requisitos para a aplicação do método da equivalência patrimonial, quando da contabilização de investimen- tos em coligadas, em controladas e em empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures). CPC 19 (R2) Negócios em conjunto O objetivo deste Pronunciamento Técnico é estabelecer princípios para o reporte financeiro por entidades que te- nham interesses em negócios controlados em conjunto (negócios em conjunto). CPC 20 (R1) Custos de empréstimos O objetivo deste Pronunciamento é determinar quais custos de empréstimos, que são diretamente atribuíveis à aqui- sição, à construção ou à produção de um ativo qualificável, formam parte do custo de tal ativo. Outros custos de empréstimos devem ser reconhecidos como despesa. CPC 21 (R1) Demonstração Intermediária O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o conteúdo mínimo de uma demonstração contábil intermediária e os princípios para reconhecimento e mensuração para demonstrações completas ou condensadas de período intermediário. Demonstrações intermediárias tempestivas e confiáveis aumentam a habilidade dos investidores, dos credores e de outros usuários para entender a capacidade de a entidade gerar lucros e fluxos de caixa e sua condição financeira e de liquidez. (Continua) 126 Métrica e avaliação de desempenho http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=41 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=41 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=42 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=42 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=43 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=44 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=44 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=46 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=46 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=47 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=47 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=50 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=50 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=51 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=51 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=52 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=52Documento Título CPC 22 Informações por segmento O objetivo do Pronunciamento é garantir que a entidade divulgue informações que permitam aos usuários das de- monstrações contábeis avaliar a natureza e os efeitos financeiros das atividades de negócio nos quais ela está envol- vida e dos ambientes econômicos em que opera. CPC 23 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro O objetivo do Pronunciamento é definir critérios para a seleção e a mudança de políticas contábeis, juntamente com o tratamento contábil e a divulgação de mudança nas políticas contábeis, a mudança nas estimativas contábeis e a retificação de erro. CPC 24 Evento subsequente Os objetivos do Pronunciamento é determinar quando a entidade deve ajustar suas demonstrações contábeis em relação a eventos subsequentes ao período contábil a que se referem essas demonstrações e determinar quais são as informações que a entidade deve divulgar sobre a data em que é concedida a autorização para emissão das de- monstrações contábeis e sobre os eventos subsequentes ao período contábil a que se referem essas demonstrações. CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes O objetivo do Pronunciamento Técnico é estabelecer que sejam aplicados critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões e a passivos e ativos contingentes e que seja divulgada informação suficiente nas notas explicativas para permitir que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor. CPC 26 (R1) Apresentação das Demonstrações Contábeis O objetivo do Pronunciamento Técnico é definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para asse- gurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. CPC 27 Ativo imobilizado O objetivo do Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil para ativos imobilizados, para que os usuários das demonstrações contábeis possam discernir a informação sobre o investimento da entidade em seus ativos imobiliza- dos, bem como suas mutações. CPC 28 Propriedade para investimento O objetivo do Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil de propriedades para investimento e respectivos requisitos de divulgação, deve ser aplicado ao reconhecimento, à mensuração e à divulgação de propriedades para investimento. CPC 29 Ativo Biológico e produto agrícola O objetivo do Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil, bem como suas respectivas divulgações, relacio- nado aos ativos biológicos e aos produtos agrícolas. CPC 30 Receitas (revogado a partir de 1/01/2018) CPC 31 Ativo não Circulante mantido para venda e operação descontinuada O objetivo do Pronunciamento Técnico é estabelecer a contabilização de ativos não circulantes mantidos para venda (colocados à venda) e a apresentação e a divulgação de operações descontinuadas. CPC 32 Tributos sobre o lucro O objetivo do Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil para os tributos sobre o lucro. A questão principal na contabilização dos tributos sobre o lucro é como contabilizar os efeitos fiscais atuais e futuros de: (a) futura recu- peração (liquidação) do valor contábil dos ativos (passivos) que são reconhecidos no balanço patrimonial da entidade; e (b) operações e outros eventos do período atual que são reconhecidos nas demonstrações contábeis da entidade. (Continua) Anexo 127 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=53 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=53 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=55 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=55 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=56 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=56 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=58 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=58 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=59 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=59 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=60 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=60 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=61 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=61 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=62 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=62 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=63 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=63 Documento Título CPC 33 (R1) Benefícios a empregados O objetivo do Pronunciamento é estabelecer a contabilização e a divulgação dos benefícios concedidos aos empre- gados. Para tanto, este Pronunciamento requer que a entidade reconheça: (a) um passivo, quando o empregado prestou o serviço em troca de benefícios a serem pagos no futuro; e (b) uma despesa, quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço recebido do empregado em troca de benefícios a esse empregado. CPC 34 Exploração e avaliação de recursos minerais (não editado) CPC 35 (R2) Demonstrações Separadas O objetivo do Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil e as divulgações requeridas para investimentos em controladas, em coligadas e em empreendimentos controlados em conjunto, quando da elaboração de demons- trações separadas. CPC 36 (R3) Demonstrações Consolidadas O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer princípios para apresentação e elaboração de demonstrações conso- lidadas quando a entidade controla uma ou mais entidades. CPC 37 (R1) Adoção inicial das Normas Internacionais de Contabilidade O Pronunciamento Técnico deve ser aplicado quando a entidade adota as IFRSs pela primeira vez, por meio de uma declaração explícita e sem reserva de cumprimento das IFRSs. CPC 38 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração (revogado a partir de 1º/01/2018) CPC 39 Instrumentos financeiros: apresentação O objetivo deste pronunciamento é estabelecer princípios para a apresentação de instrumentos financeiros como passivo ou patrimônio líquido e para compensação de ativos financeiros e passivos financeiros. CPC 40 (R1) Instrumentos financeiros: evidenciação Esse Pronunciamento requer que as entidades apresentem evidenciações em suas demonstrações contábeis que permitam que os usuários avaliem a significância dos instrumentos financeiros para a posição patrimonial e performance da entidade, a natureza e a extensão dos riscos oriundos de instrumentos financeiros aos quais a enti- dade está exposta e a forma pela qual a entidade gerencia esses riscos. CPC 41 Resultado por ação O objetivo do Pronunciamento Técnico é estabelecer princípios para a determinação e a apresentação do resultado por ação, a fim de melhorar as comparações de desempenho entre diferentes companhias (sociedades por ações) no mesmo período, bem como para a mesma companhia em períodos diferentes. CPC 42 Contabilidade em economia hiperinflacionária Esse Pronunciamento deve ser aplicado às demonstrações contábeis, inclusive às demonstrações contábeis consoli- dadas, de qualquer entidade cuja moeda funcional seja a moeda de uma economia hiperinflacionária. CPC 43 (R1) Adoção inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15a 41 O objetivo do Pronunciamento é fornecer as diretrizes necessárias para que as demonstrações contábeis de uma entidade estejam de acordo com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC. (Continua) 128 Métrica e avaliação de desempenho http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=64 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=64 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=65 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=65 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=66 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=66 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=67 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=67 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=68 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=68 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=69 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=69 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=69 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=70 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=70 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=71 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=71 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=72 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=72 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=73 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=74 Documento Título CPC 44 Demonstrações Combinadas O objetivo do Pronunciamento é orientar quanto aos critérios para elaboração, quanto às circunstâncias envolvidas e quanto à forma da apresentação de demonstrações contábeis combinadas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, assim como esclarecer o seu significado. CPC 45 Divulgação de participações em outras entidades O objetivo do Pronunciamento é exigir que a entidade divulgue informações que permitam aos usuários de suas demonstrações contábeis avaliar: (a) a natureza de suas participações em outras entidades e os riscos associados a tais participações; e (b) os efeitos dessas participações sobre a sua posição financeira, seu desempenho financeiro e seus fluxos de caixa. CPC 46 Mensuração do Valor Justo O objetivo do Pronunciamento é: (a) definir valor justo; (b) estabelecer em um único Pronunciamento a estrutura para a mensuração do valor justo; e (c) estabelecer divulgações sobre mensurações do valor justo. CPC 47 Receita de contrato com cliente O objetivo do pronunciamento é estabelecer os princípios que a entidade deve aplicar para apresentar informações úteis aos usuários de demonstrações contábeis sobre a natureza, o valor, a época e a incerteza de receitas e fluxos de caixa provenientes de contrato com cliente. CPC 48 Instrumentos Financeiros O objetivo deste pronunciamento é estabelecer princípios para os relatórios financeiros de ativos financeiros e pas- sivos financeiros que devem apresentar informações pertinentes e úteis aos usuários de demonstrações contábeis, para que se avalie valores, época e incerteza dos fluxos de caixa futuros da entidade. CPC 49 Contabilização e Relatório Contábil de planos de benefícios de aposentadoria Este pronunciamento deve ser aplicado às demonstrações contábeis de planos de benefícios de aposentadoria para os quais sejam elaboradas essas demonstrações contábeis. CPC LIQUIDAÇÃO Entidades em liquidação Este Pronunciamento estabelece critérios e procedimentos contábeis específicos para entidade em liquidação. CPC PME (R1) Contabilidade para pequenas e médias empresas (PMEs) com glossário de termos O CPC está emitindo em separado este Pronunciamento Técnico PME para aplicação às demonstrações contábeis para fins gerais de empresas de pequeno e médio portes (PMEs), conjunto esse composto por sociedades fechadas e sociedades que não sejam requeridas a fazer prestação pública de suas contas. Fonte: Elaborado pelo autor com base em CPC, 2021. Anexo 129 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=76 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=75 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=78 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=105 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=106 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=106 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=106 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79 CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL CONTABILIDADE INTERNACIONAL GUILHERME TEODORO GARBRECHT GUILHERME TEODORO GARBRECHT Contabilidade internacional Código Logístico I000203 ISBN 978-65-5821-078-8 9 786558 210788 Página em branco Página em branco