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FUNDAMENTOS DA IMUNOLOGIA E MICROBIOLOGIA - Camilo Cistia_Parte146

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capítulo 5 • 145
o grande polimorfismo do sistema HLA, estima-se em no máximo 30% a proba-
bilidade de que um iindivíduo encontre um doador com 100% de compatibili-
dade. Assim, o uso de doadores aparentados com HLA parcialmente compatí-
vel (haploidêntico) ou doadores não-relacionados com HLA idêntico tem sido 
cada vez mais comum nos transplantes de medula óssea. Nos Estados Unidos, 
o Programa Nacional de Doadores de Medula mantém o registro de mais de 4 
milhões de doadores voluntários de modo que mais de 70 % dos pacientes com 
leucemia crônica já podem encontrar um doador cadastrado. Na realidade, os 
dados da literatura mostram que o transplante de medula haploidêntica tem 
vantagens sobre a medula de doador HLA-idêntico e, principalmente, sobre a 
medula autóloga pois observa-se menor freqüência de recidivas da leucemia. O 
fenômeno provavelmente decorre do fato de que a difernça HLA desencadeia 
uma moderada reação do enxerto contra o hospedeiro (GVH), capaz de elimi-
nar eventuais células malignas resistentes ao tratamento quimio/radioterápico 
utilizado para eliminação da medula óssea original, evitando sua expansão. No 
caso de células de medula idênctica ou autoenxerto, haveria maior probabilida-
de das células leucêmicas passarem despercebidas pelo novo sistema imune.
Outro passo importante na prática dos transplantes de medula óssea foi 
a descoberta de que a transferência de sangue periférico do doador, acompa-
nhada de condicionamento do receptor para estímulo à hematopoiese, pode 
substituir a transferência de células obtidas da medula de ossos com atividade 
hematopoética. Além de obvia vantagem prática de obtenção das células, a prá-
tica reduz o desconforto e o risco de complicações para o doador e torna desne-
cessárias as medidas para evitar a inoculação de fragmentos de tecido ósseo no 
receptor. O sucesso do transplante é indicado pela elevação no número de leu-
cócitos no sangue periférico e aparecimento de neutrófilos maduros 2-4 sema-
nas após o enxerto e essas avaliações são seguidas por pelo menos 100 dias. Em 
geral todo o tecido sanguíneo do receptor é substituído pelas células do doador, 
embora haja raros exemplos de quimerismo, mais freqüentemente nos casos 
em que o transplante é feito nos pacientes com imunodeficiência congênita.
 No caso do transplante de medula óssea é praticamente inexistente o risco 
de rejeição do enxerto, pois os pacientes lsão previamente submetidos a um 
tratamento para ablação de sua prória medula e, conseqüentemente, de seu 
sistema imune. Assim, o maior risco para os pacientes que recebem medula 
incompatível é a de ocorrência de uma reação do enxerto contra o hospedeiro 
(GVH). De fato, entre as complicações pós-transplantes a doença do GVH e as 
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