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Na Atenção Primária à Saúde Rotina de consultas da criança na Atenção Básica As consultas de rotina são as seguintes: Consulta do 1º mês Consulta do 2º mês Consulta do 4º mês Consulta do 6º mês Consulta do 9º mês Consulta do 12º mês Consulta do 18º mês Consulta do 24º mês Consulta do 36º mês Após 2 anos – uma consulta ao ano Nomenclatura relacionada à infância De acordo com o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, considera-se: ▪ Criança: pessoa na faixa etária de zero a 9 anos; ▪ Primeira infância: pessoa na faixa etária de 0 a 5 anos. De acordo com Hockenberry e Wilson, no livro Fundamentos de Enfermagem Pediátrica, a infância e adolescência podem ser divididas de acordo com as seguintes faixas etárias: ▪ Recém-nascido: 0 a 28 dias; ▪ Lactente: 29 dias a 1 ano; ▪ Crianças pequenas: 1 a 3 anos; ▪ Pré-escolares: 3 a 6 anos; ▪ Escolares: 6 a 12 anos; ▪ Adolescentes: 12 a 18 anos. Marcos do crescimento e desenvolvimento Crescimento: O crescimento é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal. O processo de crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais, tais como alimentação, saúde, higiene, habitação e cuidados gerais com a criança. O método de acompanhamento adotado na atenção básica é o registro periódico do perímetro cefálico, peso, estatura e IMC. ▪ Perímetro cefálico: deve ser avaliado de 0 a 2 anos; ▪ Peso: deve ser avaliado de 0 a 10 anos; ▪ Estatura: deve ser avaliada de 0 a 10 anos; ▪ IMC: deve ser avaliado de 0 a 10 anos; Ao realizar a coleta das medidas antropométricas, o profissional de enfermagem deve fazer o preenchimento dos gráficos de crescimento. A linha verde apresentada no gráfico corresponde a um padrão ou escore Z igual a 0. A curva de crescimento de uma criança que está crescendo adequadamente tende a seguir um traçado paralelo à linha verde, acima ou abaixo dela, que pode estar situado entre as linhas laranjas (desvio de 1 escore z) ou entre as linhas vermelhas (desvio de 2 escore z). No gráfico de perímetro cefálico, se tem que: ✓ Desvio maior que +2: perímetro cefálico acima do esperado para a idade. ✓ Desvio entre +2 e -2: perímetro cefálico dentro do esperado para a idade. ✓ Desvio menor que -2: perímetro cefálico abaixo do esperado para a idade. No gráfico de peso, se tem que: ✓ Desvio maior que +2: peso elevado para a idade. ✓ Desvio entre +2 e -2: peso adequado para a idade. ✓ Desvio menor que -2 e maior ou igual a -3: baixo peso para a idade. ✓ Desvio menor que -3: muito baixo peso para a idade. No gráfico de comprimento, se tem que: ✓ Desvio maior ou igual a -2: comprimento adequado para a idade. ✓ Desvio menor que -2 e maior ou igual a -3: baixo comprimento para a idade. ✓ Desvio menor que -3: muito baixo comprimento para a idade. Desenvolvimento: O desenvolvimento é um conceito mais amplo. Refere-se a uma transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, maturação, aprendizagem e aspectos psíquicos e sociais. A vigilância dos marcos do desenvolvimento infantil é realizada a partir da observação de quatro habilidades: motora grossa, interação social, motora fina e linguagem. 0 a 1 mês ▪ Motora fina: membros flexionados; ▪ Interação social: observa rostos; ▪ Linguagem: reage a som; ▪ Motora grossa: eleva a cabeça; 1 a 2 meses ▪ Motora fina: abre as mãos; ▪ Interação social: sorriso social; ▪ Linguagem: emite sons; ▪ Motora grossa: movimenta membros; 2 a 4 meses ▪ Motora fina: segura objetos; ▪ Interação social: resposta ativa; ▪ Linguagem: gargalhada; ▪ Motora grossa: levanta o tronco; 4 a 6 meses ▪ Motora fina: leva objetos à boca; ▪ Interação social: busca objetos; ▪ Linguagem: localiza som; ▪ Motora grossa: rola; 6 a 9 meses ▪ Motora fina: transfere objetos de uma mão para a outra; ▪ Interação social: procura pessoa, esconde-achou; ▪ Linguagem: duplica sílabas; ▪ Motora grossa: senta sem apoio; 9 a 12 meses ▪ Motora fina: pega em pinça; ▪ Interação social: imita gestos; ▪ Linguagem: produz jargão; ▪ Motora grossa: anda com apoio; 12 a 15 meses ▪ Motora fina: coloca blocos na caneca; ▪ Interação social: aponta o que quer; ▪ Linguagem: fala uma palavra; ▪ Motora grossa: anda sem apoio; 15 a 18 meses ▪ Motora fina: faz torre de dois cubos; ▪ Interação social: usa talher; ▪ Linguagem: fala três palavras; ▪ Motora grossa: anda para trás; 18 a 24 meses ▪ Motora fina: faz torre de três cubos; ▪ Interação social: retira roupa; ▪ Linguagem: aponta duas figuras; ▪ Motora grossa: chuta a bola; 24 a 30 meses ▪ Motora fina: faz torre de seis cubos; ▪ Interação social: veste-se com supervisão; ▪ Linguagem: frase com duas palavras; ▪ Motora grossa: pula com dois pés; 30 a 36 meses ▪ Motora fina: imita linha vertical; ▪ Interação social: brinca com crianças; ▪ Linguagem: reconhece duas ações; ▪ Motora grossa: arremessa a bola; 36 a 42 meses ▪ Motora fina: move o polegar com a mão fechada; ▪ Interação social: veste uma camisa; ▪ Linguagem: compreende dois adjetivos; ▪ Motora grossa: equilibra-se em um pé só por 1 segundo; 42 a 48 meses ▪ Motora fina: copia círculos; ▪ Interação social: emparelha cores; ▪ Linguagem: fala clara e compreensível; ▪ Motora grossa: pula em um pé só; 48 a 54 meses ▪ Motora fina: copia cruz; ▪ Interação social: veste-se sem ajuda; ▪ Linguagem: compreende quatro preposições ▪ Motora grossa: equilibra-se em um pé só por 3 segundos; 54 a 60 meses ▪ Motora fina: aponta a linha mais comprida ▪ Interação social: escova dentes sem ajuda; ▪ Linguagem: define cinco palavras; ▪ Motora grossa: equilibra-se em um pé só por 5 segundos; 60 a 66 meses ▪ Motora fina: desenha pessoa com seis partes; ▪ Interação social: brinca de fazer de conta com outras crianças; ▪ Linguagem: faz analogia; ▪ Motora grossa: marcha ponta- calcanhar; 66 a 72 meses ▪ Motora fina: copia um quadrado; ▪ Interação social: aceita e segue regras em jogos; ▪ Linguagem: define sete palavras; ▪ Motora grossa: equilibra-se em um pé só por 7 segundos. A partir dos 6 anos, a análise do desenvolvimento é feita através de anotações, definidas de acordo com a faixa etária: 6-7, 7-8, 8-9 e 9-10. Caderneta da Criança A caderneta da criança é um importante instrumento de registro das informações de saúde, educação e assistência social, desde o nascimento até os 10 anos de idade. Além de ser um documento de registro de informações, a caderneta fornece ainda diversas orientações para as famílias e cuidadores, de forma a proporcionar cuidado de qualidade para um crescimento e desenvolvimento adequado. Testes de triagem do desenvolvimento Um dos componentes da avaliação integral da saúde da criança é a avaliação do desenvolvimento, pela qual é possível fazer a triagem das crianças cujo nível de desenvolvimento está abaixo do normal. Além disso, proporcionam um registro objetivo de informações que servem como referência em consultas posteriores. Teste de Denver II O teste de triagem mais amplamente utilizado para avaliação do desenvolvimento de crianças é o Denver II. O teste se baseia na execução de atividades, bem como no relato dos pais. A partir daí é realizado um comparativo do desempenho da criança com o normal para a sua idade. É composto por 125 itens divididos em 4 áreas: ▪ Pessoal-social (25 itens): envolve aspectos da socialização da criança dentro e fora do ambiente familiar; ▪ Motricidade fina (29 itens): coordenação olho-mão, manipulação de pequenos objetos; ▪ Linguagem (39 itens): produção de som, capacidade de reconhecer, entender e utilizar alinguagem; ▪ Motricidade ampla (32 itens): controle motor corporal, sentar, caminhar, pular e os demais movimentos realizados pela musculatura ampla. Na folha de aplicação do teste, faz-se uma linha vertical sobre a idade da criança. A linha passa pelas quatro áreas avaliadas, mostrando os itens que deverão ser aplicados para a idade referida. A linha vertical irá cortar os retângulos existentes em cada item. Cada retângulo é dividido em: ▪ Parte branca: 25 a 75% ainda não executam a tarefa; ▪ Parte sombreada: 75 a 90% já deveriam executar tal tarefa. A aplicação do teste deve ser feita com a presença dos pais ou cuidadores e de uma forma que a criança se sinta confortável para realizar as atividades. Deve ser explicado aos pais/cuidadores que a ferramenta deve determinar o estado atual de desenvolvimento e que não se espera que a criança passe em todos os itens. Pontuação: ▪ P = passou; ▪ F = falhou; ▪ NO = não houve oportunidade; ▪ Re = houve recusa da criança. Interpretação do teste: ▪ Normal: sem falha; ▪ Risco: 1 ou mais falhas; ▪ Não testável: recusa e 1 ou mais itens. Outros testes/escalas de acompanhamento do desenvolvimento Escala de Gesell: é um teste de que envolve a avaliação direta e a observação da qualidade e da integração de comportamentos. Pode ser aplicado em crianças de 4 semanas a 36 meses. As categorias de análise são: ▪ Comportamento adaptativo – organização, adaptação sensório- motora, cognição. ▪ Comportamento motor grosseiro e delicado – sustentação da cabeça, sentar, engatinhar, andar, manipular objetos com as mãos. ▪ Comportamento de linguagem – expressiva ou receptiva. ▪ Comportamento pessoal-social: relação com o meio ambiente. Esses comportamentos são observados nas seguintes idades: 4 semanas, 16 semanas, 28 semanas, 40 semanas, 12 meses, 18 meses e 36 meses. O resultado final é quantitativo e expresso como quosciente de desenvolvimento (QD), que é comparado a uma escala padrão para a faixa etária. Escala de desenvolvimento infantil de Bayley: é aplicada a partir de cinco domínios: ▪ Cognição; ▪ Linguagem; ▪ Motor; ▪ Social-emocional; ▪ Componente adaptativo. Os três primeiros domínios são observados a partir de testes e os dois últimos são observados por meio de questionários respondidos pelos pais. É indicado para avaliar crianças de 1 a 42 meses de idade. ❖ Escala de avaliação do comportamento do Neonato; ❖ Teste de triagem sobre o desenvolvimento de Milani-Comparetti; ❖ Gráfico do desenvolvimento motor de Zdanska-Brincken; ❖ Avaliação dos movimentos da criança; ❖ Avaliação neurológica de recém- nascidos prematuros e a termo; ❖ Testes de triagem neonatal. Fatores de risco e agravos no desenvolvimento Fatores de risco biológicos: ▪ Nascimento: prematuridade, complicações no parto; ▪ Fatores intrauterinos: nutrição materna, infecções maternas, uso materno de substâncias, restrição do crescimento intrauterino; ▪ Nutrição da criança: amamentação insuficiente, desnutrição proteico- calórica, carência de micronutrientes; ▪ Infecções na infância: parasitoses, HIV, malária, diarreia crônica; ▪ Exposição ambiental ao longo da vida: metais pesados, toxinas ambientais, poluição do ar doméstica; Fatores de risco circunstanciais: ▪ Pais: depressão e saúde precária, baixa escolaridade, altos níveis de estresse; ▪ Condições da criança: cuidados insensíveis ou não responsivos, maus- tratos das crianças, inclusive castigos físicos, orfandade e situação de refugiado; ▪ Família: oportunidades insatisfatórias de aprendizagem no lar, ambiente doméstico superlotado ou caótico, uso indevido de álcool e substâncias pelo cuidador, limitações econômicas, pobreza, exposição à violência, inclusive violência por parceiro íntimo; ▪ Comunidade: violência na comunidade, má qualidade dos ambientes de cuidados iniciais fora do lar, falta de serviços de saúde e sociais, acesso limitado ou ausência de acesso a alimentos nutritivos, falta de acesso a saneamento ou a água limpa, estigmatização social de crianças com deficiências do desenvolvimento. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da criança. 2 ed. Brasília, 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento. n. 33. Brasília, 2012. HOCKENBERRY J.; WILSON D. Wong Fundamentos da Enfermagem Pediátrica. 9ª ed. São Paulo: Elsevier. Organização Mundial de Saúde. Cuidados de criação para o desenvolvimento na primeira infância. 2018. SILVA, Naíme Diane Sauaia Holanda et al. Instrumentos de avaliação do desenvolvimento infantil de recém-nascidos prematuros. Rev. Bras. Crescimento Desenvolvimento [online]. 2011, v. 21, n.1, pp. 85-98. COSTA, Lidiana Flora Vidôto. Propedêutica e processo de cuidar na saúde da criança e do adolescente. Un. 1. Universidade Paulista. SIQUEIRA, Nádia Lombardi Maximino. Teste de Triagem do Desenvolvimento Infantil Denver II. Disponível em < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4671362/mod_resource/content/1/Aula%20Denver%20II_ 2019pdf.pdf>. Acesso em 22 de abril de 2021. Anexos:
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