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Projeto Arquitetônico: Habitação Multifamiliar Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Ana Cristina Gentile Ferreira Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social • Apresentação; • Exemplos de Projetos de Unidades Habitacionais; • Análise dos Espaços Projetados; • Legislações Existentes. • Abordar exemplos de projetos de Unidades Habitacionais, com foco nas Habitações de Interesse Social (HIS), considerando as principais características físicas dos espaços cons- truídos e as demandas individuais e coletivas dos usuários. OBJETIVO DE APRENDIZADO As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Apresentação Nesta unidade serão observadas algumas unidades habitacionais de HIS com foco na distribuição interna das unidades, setorização dos ambientes, metragens, usos, enfim, alguns exemplos capazes de subsidiar informações básicas para aplicar análises em outros projetos. Exemplos de Projetos de Unidades Habitacionais A flexibilidade do espaço atrelado à necessidade de ampliação foi historicamen- te construída nas Habitações de Interesse Social. Possibilitar o acesso a moradia, ainda que em um primeiro momento, com condições mínimas de salubridade e estrutura para uma família, é essencial, enquanto a ampliação de cômodos passa a ser algo que acontecerá de acordo com a necessidade e possibilidade da família. Devemos destacar que esse tipo de construção será possível apenas em áreas onde exista a possiblidade de se adquirir grandes terrenos, possibilitando a constru- ção de um “embrião” já projetado para a ampliação tecnicamente correta. Nas imagens a seguir, podemos entender como esse crescimento da casa pode acontecer de maneira ordenada. Discutido em um concurso realizado em Viena nos anos 40, a “Casa que Cresce” era o tema que buscava soluções para o problema habitacional. Com problemática nas questões econômicas, a solução era a constru- ção mínima através de um “núcleo” ou “embrião” que possibilitasse sua ampliação em etapas; algumas regras de construção e materiais também eram citados. Tal exemplo apenas confirma como a questão da Habitação de Interesse Social foi e ainda é tema constante nas discussões de arquitetos e engenheiros. Na Figura 1, podemos observar a casa “embrião” em seu projeto original. As condições mínimas de habitabilidade estão incorporadas no projeto; é possível observar os cômodos principais, como sala de jantar, cozinha, banheiro, circula- ção e o cômodo que funciona tanto como sala como dormitório. Em destaque em vermelho, podemos ver a primeira área de possibilidade de ampliação, o uso da circulação da habitação como ponto estratégico de ampliação da unidade. Na Figura 2, já podemos observar a construção do dormitório como o ambiente ampliado, utilizando-se a circulação existente, sem necessidade de modificações estruturais que comprometessem o projeto original, ou seja, a casa construída teve no momento de concepção do projeto a organização de ambientes a ser ampliados, facilitando sua construção e ordenando tecnicamente a construção. Quando o projeto original não prevê futuras ampliações e a necessidade de amplia- ção por conta do perfil da família pede a ampliação da unidade, sem projeto técnico 8 9 específico, vemos como resposta os famosos “puxadinhos”, que são realizados tecni- camente de maneira aleatória, mas que cumprem a necessidade de seus usuários. Figura 1 – Casa Ambrião Fonte: Adaptado de arq.ufmg.br Figura 2 – Casa Ambrião: primeira ampliação Fonte: Adaptado de arq.ufmg.br Na Figura 3, temos mais opções de ampliação, a construção de dormitórios e de um novo espaço para sala de jantar, transformando a original em um escritório ou qualquer outro espaço que a rotina familiar demande. A utilização de parte do 9 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social espaço externo também é possível, lembrando que projetos com esse tipo de am- pliação será possível apenas em cidades e áreas onde o preço e a oferta de grandes terrenos sejam possíveis; cidades mais densas e com preços elevados de terras pre- cisarão de outras alternativas de ampliação. Figura 3 – Casa Ambrião: demais ampliações Fonte: Adaptado de arq.ufmg.br Na Figura 4, podemos ver a evolução volumétrica da habitação a partir da casa embrião e suas alternativas de ampliações; no caso do exemplo apresentado, a modificação da habitação é feita exclusivamente no térreo. Figura 4 – Casa que cresce: evolução das ampliações Fonte: Adaptado de arq.ufmg.br 10 11 O arquiteto chileno Alejandro Aravena foi o ganhador do prêmio Pritzker de 2016, principal prêmio da arquitetura, seus projetos de habitação popular (HIS) foram os responsáveis pelo destaque do arquiteto. Ao todo, quatro de seus principais projetos trabalham com a possibilidade de ampliação da habitação de acordo com a necessidade da família. “Isso significa que quatro dos mais famosos projetos populares do recém-ganhador do Pritzker podem ser utilizados e adaptados de forma livre por qualquer pessoa.” Importante! Alejandro Aravena disponibilizou para domínio público seus projetos de HIS, com obje- tivo de permitir uma discussão importante quanto à possibilidade de parceria entre o projeto técnico e a necessidade dos usuários. Para baixar os arquivos em PDF ou dwg dos projetos, acesse: http://bit.ly/2RaF0Hv Importante! Os projetos de sobrados permitem que a estrutura da edificação seja pensada para se adaptar às novas necessidades. Apesar da liberdade do usuário, o desenho do projeto cria um limitador na expansão da unidade habitacional. O tal “puxadi- nho” está conceitualmente incorporado ao projeto. Nas imagens a seguir, é possível observar os projetos originais e suas modifica- ções já realizadas pelos moradores. Nas plantas dos projetos, podemos observar as estruturas e o ordenamento no crescimento das habitações. Nos casos das Figuras 5 e 6, podemos observar o projeto para a Villa Verde, onde as opções de ampliação podem acontecer tanto no térreo como no pavi- mento superior.Os retângulos vermelhos destacam as possibilidades de futuras ampliações, também é possível observar a presença de estruturas (vigas) que irão possibilitar a ampliação tecnicamente correta das habitações. Figura 5 – Moradia Villa Verde: Evolução das ampliações Pavimento Térreo | Alejandro Aravena Fonte: Adaptado de elementalchile.cl 11 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Figura 6 – Moradia Villa Verde: Evolução das ampliações Primeiro Pavimento | Alejandro Aravena Fonte: Adaptado de elementalchile.cl Na sequência de fotos a seguir, é possível observar como é realizada a amplia- ção da habitação e o resultado final das modificações realizadas pelos moradores, demonstrando que cada unidade levará características particulares de cada família. Figura 7 – Moradia Villa Verde | Alejandro Aravena Fonte: archdaily.com | Divulgação De maneira geral, a forma de projetar de Alejandro Aravena foi baseada em 5 principais condições, sendo: • Boa localização: projetos com densidade suficiente para pagar por locais bem localizados, normalmente caros; • Crescimento harmonioso ao longo do tempo: construir a primeira parte de forma estratégica (dividir estrutura, banheiro, cozinha, escadas, teto) para 12 13 que a expansão possa ocorrer graças ao projeto e não apesar dele. Enquadrar performances e ações individuais, de forma a ter customização em vez de de- terioração do bairro; • Layout urbano: introduzir o espaço coletivo entre o espaço privado (lote) e o espaço público (rua), não superando o número de 25 famílias, para que seja possível manter os acordos sociais; • Fornecer estrutura para o cenário final de crescimento (classe média) e não somente para a fase inicial; • DNA de classe média: planejar para o cenário final de pelo menos 72m² ou 4 quartos (2 x 2 m) com espaço para armários ou cama de casal; os banheiros não devem ser na entrada da casa (o que é comum para economizar canos) e sim perto dos quartos, também deveriam incluir uma banheira, e não somente chuveiro, e espaço para uma máquina de lavar. Deve haver a possibilidade de garagem ou vaga para um carro. Nada disso chega perto da realidade das ha- bitações sociais hoje em dia. Vencedor do “Nobel da Arquitetura” libera de graça projetos de moradias populares, dispo- nível em: http://bit.ly/382tQvbEx pl or Veja outros exemplos de projetos de HIS de diferentes países. Novas tecnologias de constru- ção, racionalização dos espaços e economia da construção podem ser observadas, disponí- veis em: http://bit.ly/385ApgK. Ex pl or Análise dos Espaços Projetados A análise dos espaços projetados deverá ser realizada em todos os projetos apre- sentados na disciplina. É importante um olhar atento em algumas variáveis que irão nortear os projetos de HIS e HMP. O número de unidades por empreendimento é algo que deve ser considerado atre- lado às questões do Urbanismo. No caso do projeto arquitetônico, as áreas comuns e acessos são importantes para entender o ordenamento e fluxos dos espaços. Quanto às unidades habitacionais, as diferentes dimensões e tipologias devem ser observadas com atenção. Tipologias diferentes em um mesmo empreendimento foi algo abandonado por um período importante na produção habitacional. Atual- mente, as diferenças no perfil das famílias e futuros moradores fez surgir conjuntos de residências com tipologias distintas. De maneira resumida, alguns dos itens a serem analisados quando observamos um projeto são: 13 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social • tipologias habitacionais; • número de unidades habitacionais; • perfil dos usuários; • áreas coletivas; • tecnologia de materiais e sistema construtivo; • inserção urbana; e outros. Conjuntos com apartamentos de 2 ou 3 dormitórios, ou ainda, studios com 1 ou 2 dormitórios são comuns nos lançamentos imobiliários. No mercado de HMP e HIS, isso não é diferente. Os cadastros públicos das famílias que se encaixam no perfil dos programas públicos mostram a diversidade nas características das famílias. Projetos importantes como o Conjunto Habitacional do Jardim Edite, de auto- ria do escritório de arquitetura MMBB e H+F Arquitetos, e o Conjunto Habitacio- nal de Heliópolis, de Ruy Ohtake, são alguns dos exemplos de como repensar os espaços projetados. No primeiro caso, o Conjunto Habitacional Jardim Edite trabalhou com unida- des habitacionais com desenhos bastante racionais, organizados em edifícios em lâminas. As unidades habitacionais foram projetadas para se adaptarem ao volume pensado pelos arquitetos. A demanda habitacional da área e a possibilidade de construção a partir da legislação municipal permitiram que o projeto desenvolvesse as torres de 17 pavimentos com elevador, e para a população com menor renda os blocos em lâminas de 4 pavimentos. O conjunto possui ao todo 252 unidades habitacionais e três equipamentos pú- blicos, sendo um posto de saúde, uma creche e um restaurante-escola – sugestão dada pela população. Em relação às unidades habitacionais, podemos observar nas Figuras 8 e 9 a organização dos espaços comuns e das unidades. Formado por duas torres de circu- lação com a presença de elevadores e escada, o corredor dá acesso a 4 apartamen- tos. Na Figura 9, podemos observar o projeto das unidades A e B e suas relações com a circulação coletiva. Figura 8 – Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: vitruvirus.com.br | Divulgação 14 15 Figura 9 – Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: Vitruvirus/Divulgação Figura 10 –Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: Vitruvirus/Divulgação Nas Figuras 10 e 11, as imagens são do pavimento tipo dos blocos em lâmina. Podemos observar que uma mesma tipologia habitacional foi utilizada no andar e que a circulação comum está localizada entre 2 unidades por andar (Figura 11). Nos dois casos (edifício de 17 andares e blocos em lâminas), as unidades habita- cionais possuem sala, cozinha, dois dormitórios, banheiro e área de serviço. Para os blocos em lâminas, as aberturas estão localizadas em duas faces dos edifícios, permitindo agregar as unidades nas duas laterais. No edifício (Figura 9), as unidades localizadas nas extremidades possuem as aberturas em “L” e uma pequena varanda nas salas, enquanto as unidades localizadas no meio do edifício possuem apenas uma face para as aberturas externas, e as cozinhas, integradas com a sala de jantar, 15 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social têm suas aberturas voltadas para a circulação das áreas coletivas (Figura 10) e rece- bem iluminação indireta a partir dos elementos vazados utilizados nos corredores. Figura 11 – Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: Vitruvirus/Divulgação Figura 12 – Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: Vitruvirus/Divulgação Figura 13 – Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Fonte: Vitruvirus/Divulgação 16 17 Veja mais fotos de detalhes do projeto, disponível em: http://bit.ly/2NkjhLW Ex pl or No caso de Heliópolis (Figuras 14, 15, 16 e 17), o formato redondo dá destaque ao volume do conjunto. Os dormitórios possuem a fachada arredondada, enquanto a sala de jantar, cozinha e banheiro possuem desenho mais regular e a sala de es- tar possui espaço com curvas mais acentuadas. A presença de três janelas na sala de estar resulta em ventilação e iluminação natural significativas, o que pode ser observado na Figura 16. O complexo do Conjunto Habitacional de Heliópolis possui 19 edifícios com 4 pavimentos mais térreos, sendo 4 unidades habitacionais por pavimento e 2 unidades no térreo, totalizando 342 apartamentos. Assim como no Jardim Edite, outros usos foram pensados no projeto. No caso de Heliópolis, foi incluído um polo educacional e cultural, com uma biblioteca, cinema, galeria, espaço para feira de produtos artesanais e uma escola técnica. A ventilação e iluminação indireta também estão presentes no projeto de He- liópolis; duas das unidadesdo pavimento tipo têm suas áreas de serviços voltadas para uma área de iluminação e ventilação através da cobertura, conforme podemos observar na Figura 15. Na Figura 14, podemos ver os espaços comuns e áreas de convivência e lazer. Veja mais fotos do projeto em: http://bit.ly/36RDi4n Ex pl or Figura 14 – Conjunto Habitacional Heliópolis – Ruy Ohtake Fonte: Archdaily/Divulgação 17 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Figura 15 – Conjunto Habitacional Heliópolis – Ruy Ohtake Fonte: Archdaily/Divulgação Figura 16 – Conjunto Habitacional Heliópolis – Ruy Ohtake Fonte: Archdaily/Divulgação Figura 17 – Conjunto Habitacional Heliópolis – Ruy Ohtake Fonte: Archdaily/Divulgação 18 19 Os projetos citados acima são apenas exemplos de como analisar os espaços projetados, uma introdução ao pensamento e análise crítica aos projetos, princi- palmente das unidades habitacionais. No decorrer das unidades, veremos outros pro- jetos habitacionais, buscando apurar as análises necessárias para pensar em soluções adequadas às necessidades dos usuários, utilizando referências teóricas e práticas. Legislações Existentes Quando falamos de legislações, devemos lembrar que temos diferentes esferas administrativas. As reponsabilidades de ações de políticas públicas habitacionais serão divididas entre o Governo Federal, governos Estaduais e Municipais. As legislações federais são aquelas que orientam as leis específicas, estaduais e municipais. A imagem a seguir resume as principais ações e programas inseridos em um determinado período; a partir dos marcos apresentados abaixo, a política habi- tacional e as linhas de financiamentos, aplicadas atualmente, foram desenvolvidas. A linha cronológica foi elaborada a partir da aprovação do Estatuto da Cidade, pela Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, que vem regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, que tratam das questões relativas à Política Urbana. Figura 18 – Histórico da Política de Habitação Brasileira Fonte: Adaptado de IPEA Podemos observar na cronologia acima que o Programa Minha Casa Minha Vida possui mais de uma fase, a tabela a seguir (Figura 18) descreve as datas de início e fim das Fases 1 e 2. Tabela 1 – Fases do Programa Minha Casa Minha Vida Fase do programa Início Fim Fase 1 – PMCMV 1 Abril de 2009 Junho de 2011 Fase 2 – PMCMV 2 Junho de 2011 Dezembro de 2014 Fonte: Adaptado de AMOR; SHIMBO; RUFINO, p. 19 Além da informação dos períodos de vigência do MCMV, é importante conhe- cer os recortes por faixa de renda. As formas de subsídios e as parcerias público- -privadas possuem critérios diferentes para cada faixa do Programa. De maneira resumida, os critérios da Fase 2 do programa, e que respeitaram a concepção original, adotaram as seguintes orientações: 19 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social O programa está atualmente dividido em três faixas de renda (1, 2, 3). Na Faixa 1, que abrange as famílias com renda de até 1.600 reais, os subsídios podem chegar até a 96%, dependendo da renda da família. Nesta faixa, o crédito disponibilizado para as famílias deve ser pago em dez anos. Na Faixa 2, os subsídios podem chegar até a 25.000 reais, e o crédito disponibilizado deve ser pago em trinta anos. Na Faixa 3, não existem subsídios diretos, mas cumpre lembrar que os juros do crédi- to disponibilizado são bastante inferiores aos aplicados pelo mercado, e conta-se ainda com isenção de taxas e impostos. (AMORE; SHIMBO; RUFINO; p. 104) Vale destacar que a produção pública de habitação está voltada prioritariamente para a Faixa 1. O gráfico abaixo resume quem são e como se relacionam os agen- tes envolvidos, ou seja, Prefeituras, Governo Federal através da Caixa Econômica Federal, Construtoras e Beneficiários. PREFEITURA Analisa o Projeto Apresentado CADASTRO - SELEÇÃO BENEFICIÁRIOS Inscrição CadastroSolicitam Crédito Solicitam aprovação de Projeto Aprovam o Projeto Aprovam Crédito Indica BeneciáriosCONSTRUTORAS Denem Padrão (faixa salarial) Denem Terreno Dene Projeto BENEFICIÁRIO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Analisa o Projeto Apresentado Figura 19 – Fluxograma dos agentes envolvidos na produção para Faixa 1 do PMCMV Em relação à renda de cada faixa, o programa também sofreu modificações desde seu lançamento. A tabela a seguir (Figura 19) traz os valores para as duas primeiras fases do programa. Tabela 2 – Faixas de Renda do Programa Minha Casa Minha Vida por fases FASE FAIXA RENDA FAMILIAR MENSAL Fase 1 Faixa 1 Até 1.395,00 reais Faixa 2 De 1.395,01 a 2.790,00 reais Faixa 3 De 2.790,01 a 4.650,00 reais Fase 2 Faixa 1 Até 1.600,00 reais Faixa 2 De 1.600,01 a 3.100,00 reais Faixa 3 De 3.100,01 a 5.000,00 reais Fonte: Adaptado de AMOR; SHIMBO; RUFINO, p. 20 20 21 Disponíveis na página da Caixa Econômica Federal na internet, os dados a se- guir se referem ao mês de julho de 2019. • Famílias com renda de até R$ 1.800,00 » Faixa 1: a Caixa oferece várias vantagens para a sua família. Conte com um financiamento de até 120 meses, com prestações mensais que variam de R$ 80,00 a R$ 270,00, conforme a renda bruta familiar. A garantia para o financiamento é o imóvel que você vai adquirir. Assim, fica muito mais fácil realizar o sonho da casa própria. • Famílias com renda de até R$ 2.600,00 » Faixa 1,5: Você pode adquirir um imóvel cujo empreendimento é financiado pela Caixa com taxas de juros de apenas 5% ao ano e até 30 anos para pa- gar e subsídios de até 47,5 mil reais. • Famílias com renda de até R$ 4.000,00 » Faixa 2: Se sua família tem renda bruta de até R$ 4.000,00, você se encaixa nesta faixa do Programa Minha Casa Minha Vida e pode ter subsídios de até R$ 29.000,00. • Famílias com renda de até R$ 7.000,00 » Faixa 3: Para famílias com renda bruta de até R$ 7.000,00, o Programa Minha Casa Minha Vida oferece taxas de juros diferenciadas em relação ao mercado para você conquistar uma casa própria. Veja mais informações disponíves em: http://bit.ly/371f2g4 Ex pl or Por último, os dados a seguir apresentam as diferenças de valores para tipologias de municípios. Na elaboração do Plano Nacional de Habitação (PlanHab), as dife- renças entres os municípios brasileiros foi uma pauta importante. Até aquele mo- mento, as linhas e programas de financiamento seguiam um mesmo procedimento e valores para todos os municípios, sem distinção. Pensando-se na diversidade de características, diferentes necessidades habitacio- nais, custo da terra, diferenças nos processos de produção, entre outros aspectos, a partir de tais análises, foram criadas tipologias de municípios, e atualmente algu- mas das definições criadas nos PlanHab foram incorporadas nos financiamentos atuais. A tabela a seguir traz as diferenças de recursos a serem disponibilizados para municípios de características semelhantes. 21 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Tabela 3 – Tetos dos valores dos imóveis por tipologia de municípios – 02/2017 NOVOS TETOS DO VALOR DOS IMÓVEIS Recorde territorial DF, RJ e SP Região Sul, ES e MG Região Centro- Oeste, exceto DF Regiões Norte e Nordeste Capitais estaduais classificadas pelo IBGE como metrópoles. R$ 240 mil R$ 215 mil R$ 190 mil R$ 190 mil · Demais capitais estaduais e municípios com população maior ou igual a 250 mil habitantes classificados pelo IBGE como ca- pitais regionais; · Municípios com população maior ou igual a 100 mil habitantes integrantes das regiões metropolitanas das capitais estaduais de Campinas, da Baixada Santista e das regiões integradas de desenvolvimento das capitais. R$ 230 mil R$ 190 mil R$ 180 mil R$ 180 mil · Municípios com população maior ou igual a 100 mil habitantes; · Municípios com população menor que 100 mil habitantes in- tegrantes das regiões metropolitanas das capitais estaduais, de Campinas, da Baixada Santista e das regiões integradas de desenvolvimento das capitais; · Municípios com menos de 250mil habitantes classificados pelo IBGE como capitais regionais. R$ 180 mil R$ 170 mil R$ 165 mil R$ 160 mil Municípios com população maior ou igual a 50 mil e menor que 100 mil habitantes. R$ 145 mil R$ 140 mil R$ 135 mil R$ 130 mil Municípios com população com entre 20 mil e 50 mil habitantes. R$ 110 mil R$ 105 mil R$ 105 mil R$ 100 mil Demais municípios. R$ 95 mil R$ 95 mil R$ 95 mil R$ 95 mil Faixa 1 Das 610 mil unidades habitacionais que serão contratadas em 2017, 170 mil serão destinadas à faixa 1 do programa, 60 mil à faixa 1,5 e 380 mil às faixas 2 e 3. Na faixa 1, que atende a familias com rendimento mensal de até R$ 1.800, as habilitações são subsidiadas em até 90% e apenas 10% do valor do imóvel é pago pelos beneficiários. Fonte: Adaptado de caixa.gov Os dados de legislações apresentados nesta unidade devem ser utilizados como base de pesquisas para desenvolver projetos de habitação multifamiliar, principal- mente HIS e HMP. Veremos no decorrer da disciplina legislações específicas (es- taduais e municipais) para o projeto das unidades habitacionais, suas exigências quanto às áreas a serem construídas, dimensões e acessibilidade de áreas comuns, enfim, diversos critérios que devem ser respeitadas pelos profissionais. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Galeria da Arquitetura | Jardim Edite - MMBB https://youtu.be/Yh00sn59ilI Conjunto Habitacional Heliópolis - Gleba G - Biselli e Katchborian Arquitetos https://youtu.be/dPAY2_zTK8M Ruy Ohtake fala sobre experiência como arquiteto e urbanista em Heliópolis https://youtu.be/XzD9zKeqjAQ Estatuto da cidade https://youtu.be/d2PSZZYghrY Estatuto da cidade: antecedentes e perspectivas https://youtu.be/ilUVuhDJ8Xs 23 UNIDADE As unidades habitacionais de Habitação de Interesse Social Referências AMORE, C. S.; SHIMBO, L. Z.; RUFINO, M. B. C. (Organizadores). Minha Casa... e a Cidade? Avaliação do Programa Minha Casa Minha Vida em Seis Estados Bra- sileiros. 1ª ed. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015. 428 p.: il.; 23 cm. BARATTO, R. USINA 25 anos – Mutirão União da Juta. Maio de 2015. Dis- ponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/767411/usina-25-anos-mutirao- -uniao-da-juta>. Acesso em: 10 jul. de 2019. BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. BRASIL. Estatuto da Cidade. Lei n. 10.257, de 10 de junho de 2001. Guia de implantação pelos municípios e cidadãos. Brasília: Câmara dos Deputados, Coor- denação de Publicações, 2001. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação. Cartilha Pro- grama Minha Casa Minha Vida. Agosto de 2013. Disponível em: <http://www. ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/131114_ifh_castilha_minha_casa.pdf>. Acesso em: 20 jul. de 2019. BUENO, E. Caixa: uma história brasileira. 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