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Projeto Arquitetônico: Habitação Multifamiliar Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Ana Cristina Gentile Ferreira Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade • Análise de Projetos de Médias Densidades; • Relações Entre Espaços e Formas Construídas; • Diagnósticos; • Legislação Existente. • Analisar os projetos de média densidade e o processo de ordenação dos elementos com- positivos do espaço construtivo; • Considerar o escopo dos programas e legislações existentes para o desenvolvimento do projeto; • Pensar em novas formas de projeto arquitetônico multifamiliar considerando as referên- cias estudadas. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Análise de Projetos de Médias Densidades Dando continuidade à análise de projetos de habitações multifamiliares com foco em Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação do Mercado Popular (HMP), nessa unidade as observações serão realizadas em habitações de média densidade. Os projetos de média densidade são pensados para responder a uma demanda habitacional em cidades e regiões já consolidadas, onde a presença de infraestrutu- ra urbana irá beneficiar um número maior de usuários, são manchas urbanas com projetos de expansão ou já consolidados. Em média, são áreas onde a demanda deve responder entre 300 e 600 moradores por hectare e serão compatíveis às estruturas urbanas consolidadas ou em expansão. Considerando um número maior de habitações, quando comparadas às habita- ções de baixa densidade, se faz necessário incorporar nos projetos áreas comuns e coletivas capazes de suprir as necessidades de lazer e convivência dos moradores com conjuntos habitacionais, além de incluir áreas verdes e sistemas de circulações. Sendo muito utilizada como uma ferramenta de apoio ao processo de planejamento urbano e regional, a densidade pode determinar decisões de projetos para ocupação e parcelamento por parte de planejadores, arquitetos urbanistas e engenheiros quando se define a forma e a ex- tensão a ser ocupada ou loteada em uma determinada área da cidade. A densidade urbana também é muito utilizada como instrumento de ava- liação da eficiência, performance e custos proporcionais por habitante das propostas urbanísticas, de infraestrutura ou de parcelamento e uso do solo. (SILVA, 2016, p.4) Para uma melhor compreensão das diferenças entre a densidades, na figura abaixo são apresentadas, no artigo Densidade, informações sobre a dispersão e for- ma urbana. Dimensões e limites da sustentabilidade habitacional são apresentadas numa comparação sobre a capacidade por hectare, para cada unidade habitacional, lembrando que 1 hectare (há) equivale à 10.000 m2. Na comparação, é possível observar que a ocupação de uma quadra com tipo- logias de média densidade multiplica em até 10 vezes o número de unidades habi- tacionais de baixa densidade. Exemplos comparativos de densidades urbanas: http://bit.ly/3aguS8Y Ex pl or 8 9 De acordo com a figura abaixo, ainda é possível observar quatro exemplos de diferentes tipologias, quanto à densidade aplicada ao lote. Nos casos abaixo, a im- plantação considerou não apenas a construção das unidades habitacionais, como outros usos na quadra em questão. A inclusão de áreas verdes, áreas de convivência e vagas de estacionamento, permitem observar como a densidade habitacional deve ser pensada em conjunto com outras questões, como outras atividades além do “morar” deve estar presentes nos projetos de habitações multifamiliares. Lembrando que a tipologia a ser aplicada deverá ser orientada pelas legislações municipais, como Planos Diretores e de Zoneamentos, que são definidos a partir das características específicas dos municípios e seus bairros. Estudos sobre Densidade Urbana: http://bit.ly/2RlAohW Ex pl or O volume 3 “Onze propostas de morar para o Brasil moderno”, da publica- ção “Os Pioneiros da Habitação Social”, que trata da produção pública no Brasil, entre 1930 e 1964, será uma das principais referências na escolha dos exemplos de habitações multifamiliares de média densidade apresentadas a seguir. Tal publi- cação também foi utilizada na Unidade anterior da disciplina, e se configura como importância referência teórica na história da Habitação de Interesse Social. Um dos projetos pioneiros de habitação multifamiliar, e exemplo a seguir, é o Conjunto Habitacional Várzea do Carmo, em São Paulo. Projetado pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima, foi o primeiro conjunto habitacional de uso coletivo nos anos de 1950. E ra composto por 22 blocos desenhados em formato de lâminas, as uni- dades habitacionais possuíam tipologias de 2 e 3 dormitórios, além de sala, cozinha e banheiro. O empreendimento contava com áreas determinadas para atividades de comércio e serviço, com objetivo de integração dos espaços coletivos, possibilitan- do maior integração entre o espaço de morar e outras funções. Podemos observar, a partir da figura abaixo, a implantação do conjunto Várzea do Carmo. No destaque em vermelho, estão os blocos de 4 pavimentos sem eleva- dor, principal tipologia para unidades multifamiliares de média densidade. No pro- jeto de implantação, as tipologias com diferentes alturas são trabalhadas de forma alternada resultando em um jogo de volumetrias e criando espaços para ventilação e iluminação naturais. Em outras áreas, destacadas com pontos em azul, foram alocados edifícios com diferentes usos, com o objetivo de prover não apenas habitação, mas também ser- viços e infraestrutura urbana para os moradores, como: comércio, creche, escolas, restaurantes, comércios, enfim, edifícios de uso misto e capazes de permitir os serviços básicos ao moradores da Várzea do Carmo. 9 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Blocos de 4 pavimentos Outros usos Figura 1 – Várzea do Carmo, São Paulo, SP. Implantação Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 53 10 11 Figura 2 – Várzea do Carmo, São Paulo, SP. Maquete eletrônica mostrando as diferentesvolumetrias utilizadas no projeto Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 56 Figura 3 – Várzea do Carmo, São Paulo, SP. Maquete eletrônica com fachada e perspectiva dos blocos de 4 pavimentos Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 60 11 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade [...] o arquiteto Attílio Correa Lima buscou garantir o máximo aprovei- tamento do terreno e da infraestrutura, propondo a construção de um número de unidades habitacionais em blocos intercalados de 11 e 4 anda- res. Trata-se se um projeto marcado pela austeridade na ornamentação, pureza das formas, racionalidade da implantação e, por outro lado, rique- za nos espaços públicos. Lamentavelmente, apenas os blocos de quatro andares foram edificados. (BONDUKI, 1998, p.168) Figura 4 – Várzea do Carmo, São Paulo, SP 6. Fotos dos blocos de 4 pavimentos Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 65 De maneira geral, o projeto da Várzea do Carmo mostra como um projeto que trabalha com densidades diferentes, em uma mesma implantação, pode obter um resultado positivo, principalmente em relação aos espaços coletivos e de uso comum. Outro exemplo é o Conjunto Residencial Lagoinha em Belo Horizonte. “[...] trata- -se de um projeto único, que, ao contrário da grande maioria dos projetos do IAPI, não seguiu nenhuma tipologia previamente definida nem gerou um mo- delo que tenha sido reproduzido em outros contextos” (BONDUKI, 2014. p. 71). Projetado pelo arquiteto White Lírio Martins, em 1942, é considerado um íco- ne da arquitetura moderna no Brasil. O projeto original previa 11 blocos verticais destinados a 6.000 moradores, entre trabalhadores da prefeitura e contribuintes do IAPI, mas apenas 9 blocos foram construídos. De acordo com a imagem abaixo, pode-se observar o desenho diferenciado dos demais projetos do período, baseados em edifícios em lâminas. Ao desenvolver um novo tipo – blocos estruturados em torno de um pátio interno e ordenados em volta de um grande espaço público – e propor 12 13 uma original circulação suspensa no 6º pavimento, ligando o conjunto com as ruas situadas num nível mais elevado do entorno, o projeto criou uma solução arquitetônica e urbanística que enriqueceu o ciclo de proje- tos habitacionais dos anos 1940. (BONDUKI, 2014, p. 71) Figura 5 – Conjunto Residencial Lagoinha, Belo Horizonte, MG Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 73 Figura 6 – Conjunto Residencial Lagoinha, Belo Horizonte, MG Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 76 13 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Nas imagens abaixo, é possível observar a circulação suspensa existente no 6º andar e a circulação dos andares que permitem ventilação e iluminação naturais. “O esquema de circulação é o grande diferencial do conjunto, que viabilizou a ideia de ruas suspensas no interior dos edifícios, gerando uma surpreendente integração entre o espaço público coletivo e o privado.” (BONDUKI, 2014, p.82). Figura 7 – Conjunto Residencial Lagoinha, Belo Horizonte, MG Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 83 Outro exemplo é o conjunto “Casa da Bancária”. “Os projetos de moradias para solteiros realizados pelos Institutos dos Comerciários e Bancários repre- sentam modalidade de atendimento prevista apenas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.” (BONDUKI, 2014. pg. 251). Projetado em 1956 pelo arqui- teto Carlos Azevedo Leão, o projeto buscou a solução para mulheres trabalhadoras solteiras. O edifício com forma regular foi suspenso através do uso de pilotis e tinha na fachada um trabalho de janelas alinhadas de forma contínua. Projetos voltados aos trabalhadores solteiros foram pensados para atender a uma forma de morar que considerava o espaço de morar como um local apenas para dormir, com diminuição de atividades domésticas, para isso, os projetos pensavam na diminuição dos espaços de cozinha, além de pensar em espaços coletivos como lavanderias. Tais características podem ser observadas atualmente nos projetos de estúdios localizados nos grandes centros, voltados para um perfil de usuários seme- lhantes ao pensado nos anos 1940. Nas imagens a seguir podemos observar a distribuição dos espaços nas unida- des, com a presença de espaços multifuncionais, onde em um mesmo espaço são divididas funções de sala e dormitório. Além disso, podemos observar um espaço de estar coletivo na área de circulação principal do edifício. 14 15 Espaços �exíveis Áreas coletivas Figura 8 – Casa da Bancária, Rio de Janeiro, RJ Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 249 Figura 9 – Casa da Bancária, Rio de Janeiro, RJ Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 249 Projetos específicos, de acordo com o perfil dos usuários como a Casa da Bancá- ria, podem ser vistos em projetos atuais, tanto em edifícios com tipologias diferentes, como edifícios com unidades com números de dormitórios diferentes em um mesmo conjunto, ou em conjuntos com características específicas, como por exemplo, o Edi- fício Pirineus em São Paulo, projetado pela Ambiente Assessoria Técnica. 15 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Figura 10 – Edifício Pirineus, São Paulo, SP Fonte: PAC/CDHU, 2012, p.36 Com terreno de 310,45m2, o prédio possui 28 apartamentos compostos por sala, dormitório, cozinha, área de serviço e banheiro. Desenvolvido para famílias engajadas no movimento de moradia de cortiços do centro de São Paulo, foi pensa- do para abrigar famílias pequenas, na maioria composta por 2 ou 3 pessoas. Figura 11 – Edifício Pirineus, São Paulo, SP Fonte: NAKASHIGUE, 2008, p.148 16 17 Relações entre Espaços e Formas Construídas Nos exemplos apresentados no item anterior é possível observar a relação entre espaço e formas construídas, o desenho do edifício como resultado direto das tipo- logias e espaços coletivos foram capazes de permitir a leitura dessa relação. O Conjunto Habitacional Deodoro, localizado no Rio de Janeiro, foi pensado como exemplo para refletirmos a relação da topografia com a edificação, bem como na utilização de tipologias de edifícios diferentes em uma mesma área. A alternativa de implantação gerou uma composição equilibrada, respei- tando a topografia, o meio físico e as áreas verdes preexistentes, num período em que esse aspecto não era uma exigência legal nem um dado muito valorizado. Assim, num terreno com desnível de 15 metros, foi evitada uma grande movimentação de terra e a remoção do bosque de mangueiras. (BONDUKI, 2014, p. 225) Na imagem abaixo é possível observar o croqui do arquiteto Flávio Marinho Rego (1925-2001), autor do projeto, quanto ao aproveitamento do terreno aciden- tado e aumento da densidade sem o uso de elevadores. Além disso, o andar de acesso pelas rampas permitiu desenvolver um pavimento que funciona como rua e espaço coletivo. Figura 12 – Deodoro, Rio de Janeiro, RJ Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 226 Nas imagens a seguir podemos ver como a forma pensada pelo arquiteto funcio- na em relação aos espaços projetados. O pavimento intermediário tem a função de principal acesso, preservação das áreas verdes e acessos entre os blocos. 17 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Figura 13 – Deodoro, Rio de Janeiro, RJ Fonte: Adaptado de BONDUKI, 2014, p. 231 O formato orgânico dos edifícios (blocos serpenteantes) são implantados con- trastando com os blocos em lâminas, também presentes no projeto do conjunto. Além disso, os diferentes formatos das construções resultam em grandes áreas verdes entre os edifícios. Além das áreas livres, o projeto gerou uma grande esplanada pública coberta, com uma paisagem exuberante, de 5.600m2 nos pavimentos intermediários dos blocos serpenteantes, além dos térreos livres dos de- mais blocos, junto aos pilotis. Seriam espaços disponíveis para implantar equipamentos sociais, como propôs Le Corbuisier nas ‘ruas suspensas’ da unité d’habitation1[...] (BONDUKI, 2014, p.231) Figura 14 – Deodoro, Rio de Janeiro, RJ Fonte: wikimapia.org Algumaspropostas para edifícios de 4 pavimentos, caracterizando edifícios de média densidade, foram recebidas pelo Concurso Público Nacional de Arquitetura “Habitação para Todos”, para tipologias de Habitação de Interesse Social Sustentável, realizado em uma parceria entre o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo). 1 A Unite d’ Habitation criado por Le Corbusier em 1952, tinha como principal objetivo a vida comunitária para todos os moradores, um lugar para fazer compras, divertir-se, viver e socializar, uma “cidade-jardim vertical. O Conjunto Habitacional de Marselha, citado em unidade anterior da disciplina, aborda tais questões. 18 19 A proposta de projeto elaborado por Monica Drucker e Rubens Otero para a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, tem como proposta utilizar uni- dades de 2 e 3 dormitórios que, agregados formam blocos com espaços internos comuns, que além de permitir a criação de um espaço coletivo, auxiliam nas ques- tões de conforto térmico com maior incidência de iluminação e ventilação natural. Nas imagens a seguir podemos observar tais questões: Figura 15 – Planta Fonte: Adaptado de iabsp.org.br Figura 16 – Perspectiva interna Fonte: Adaptado de iabsp.org.br 19 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Figura 17 – Elevação Fonte: Adaptado de iabsp.org.br Podemos observar, na elevação e nos estudos volumétricos, a flexibilidade da proposta apresentada. A partir de um módulo principal é possível subtrair, adicio- nar ou ainda ajustar a tipologia em topografias mais acidentadas. Figura 18 – Evolução volumétrica Fonte: Adaptado de iabsp.org.br 20 21 Veja outras propostas na publicação ‘Sustentabilidade e Inovação na Habitação Polular‘, Disponível em: http://bit.ly/2RYYBuDE xp lo r Os exemplos a seguir, foram selecionados para observar de maneira comparati- va como a definição da unidade habitacional pode influenciar a forma dos edifícios. No primeiro (Estados Unidos), as unidades não estão alinhadas entre si e a circula- ção coletiva é responsável por juntar 2 unidades habitacionais, o formato criando por esse volume funciona como um quebra-cabeça e permite se adaptar a diferen- tes terrenos. Já no segundo exemplo (Alemanha), o resultado da forma de agregar as unidades habitacionais permite a construção de edifícios em lâmina. No último caso (França), as unidades não apenas resultaram em edifícios em lâmina, mas também observamos o uso de passarelas como espaços coletivos. Implantação Perspectiva Planta andar tipo Figura 19 – S. A. V.’S Housinh, Chelsea (Estados Unidos) Fonte: Adaptado de STEINER, 1992, p. 206 21 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Implantação Perspectiva Planta andar tipo Figura 20 – Siedlung bich, Biettigheim (Alemanha) Fonte: Adaptado de STEINER, 1992, p. 137 Implantação Perspectiva Planta andar tipo Figura 21 – Résidence Des Érables, Meudon (França) Fonte: Adaptado de STEINER, 1992, p. 88 22 23 Enfim, as relações entre espaços e formas construídas serão resultado direto de um diagnóstico quanto ao perfil dos usuários, demanda a ser atendida, característi- cas do terreno, conceito utilizado pelo profissional. Enfim, são critérios e questões de devem ser consideradas no momento de elaboração do projeto, atendendo assim à demanda necessária. Diagnósticos Assim como nos casos de habitações de baixa densidade, os projetos de média densidade, como citados aqui, devem atender às demandas habitacionais e legisla- ções vigentes. Em conjuntos de média densidade, a moradia passa a ter um enten- dimento mais amplo, devendo ser consideradas não apenas as atividades realizadas dentro da moradia, mas também os espaços coletivos. Apesar da importância da existência de serviços privados de educação, saúde e lazer, a produção e aprovação de habitações de HIS e HMP estão vinculados à obrigatoriedade de presença de elementos de infraestrutura urbana, como acesso a redes de abastecimento de água, esgoto, iluminação pública, pavimento e coleta de lixo, além dos serviços públicos de educação, saúde e lazer, e existência de comér- cios, devendo ser considerados nas áreas de intervenção. Os conjuntos de média densidades, caracterizados na maioria das vezes por edi- fícios de 3 à 5 pavimentos, com ausência de elevadores, principalmente nos casos de HIS e HMP, terão maior adesão em cidades e áreas com maior demanda habi- tacional e menor oferta de terrenos, ou seja, locais onde o acesso à terra é menor, ou por falta de terrenos ou por custo da terra, somado ao número de habitações a serem ofertadas. Cidades de médio porte, ou bairros com tais características devem ser o principal foco de tais empreendimentos, e, por conta disso, a etapa do diagnóstico que deverá contemplar todas essas questões é primordial para o bom desenvolvimento do projeto. De maneira resumida, a citação a seguir, afirma tais questões : Como se pôde verificar na literatura urbanística e exemplos de projeto estudados, o modelo de urbanização habitacional unifamiliar apresenta uma série de desvantagens frente ao multifamiliar, não somente as de caráter formal e de custos, mas também com relação ao convívio e ao encontro das pessoas e, assim, à noção de vizinhança e de senso comu- nitário. A disponibilidade de área verde pública é outro fator proeminente no aumento da densidade urbana, ao passo que o modelo de loteamento/ parcelamento unifamiliar isola o lote e a propriedade privada entre mu- ros, o conjunto multifamiliar pode democratizar o acesso às áreas verdes no interior da quadra, transformando o espaço privado em espaço cole- tivo, este que ainda pode abrigar equipamentos comunitários para várias faixas etárias ou funções, mais próximos dos moradores e com raios de abrangência mais bem distribuídos. (SILVA, 2016, p.14) 23 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Legislação Existente Assim como na Unidade anterior, devemos ter clareza de que as legislações, em relação às densidades dos projetos, devem ser observadas no âmbito municipal, in- clusive quando apenas indica os critérios adotados a partir de legislações estaduais ou nacional, isso porque municípios de pequeno porte podem ter legislações de outra esfera como seu norteador. A seguir, alguns exemplos de legislações que estabelecem critérios mínimos de construção para tais empreendimentos. Na cidade de Recife, por exemplo, o Pro- jeto de Lei no 005 de 2017, estabelece novas regras quanto à obrigatoriedade de instalações de elevadores em edifícios habitacionais. Art. 1º. Estão dispensadas de serem servidas por elevador (es) as edifi- cações habitacionais de até 05 (cinco) pavimentos ou que apresentem desnível inferior ou igual a 12,00m (doze metros), entre o piso do último pavimento e o piso do hall de acesso localizado no andar térreo. Art. 2º. Deverão ser obrigatoriamente servidos por, no mínimo 01 (um) elevador, as edificações habitacionais com mãos de 05 (cinco) e até 08 (oito) pavimentos ou que apresentem desnível, entre o piso da parada extrema superior e o piso da parada extrema inferior, igual ou superior a 12,00m (doze metros), e até 21,00m (vinte e um metros). Outro exemplo é na cidade de Conselheiro Lafaiete, Minas Gerias, onde a altera- ção do Artigo 90 do Código de Obras do Município (LEI Nº 359, DE 15 DE JULHO DE 1957), limita o número de pavimentos em 4, conforme o artigo relacionado. Art. 1º. O art. 90 da Lei nº 359, de 15 de julho de 1957, passa a viger com a seguinte redação: Art. 90. Em edifícios de uso exclusivamente residencial, de mais de 04 (quatro) pavimentos, compreendido o térreo e contados a partir deste, num só sentido ou de mais de 10,00 m (dez metros) de distância vertical contados do nível do acesso principal do térreo até o piso do último pavi- mento, é obrigatória a instalação de elevador. Ou seja, mesmo a orientação Federal, através do itemnúmero 16.4.18 – No caso de empreendimentos do MCMV – Faixa I, edifícios multifamiliares com 3 pavimentos ou mais, verificar se existe local destinado à instalação de elevador junto à área de circulação comum dos pavimentos, no Caderno de Orientações Técnicas – Acompanhamento de Obras, da Caixa Econômica Federal, se o Código de Obras do Município ou outra legislação que não a orientação Fede- ral seja a vigente na cidade, o número de pavimentos para a inclusão de elevadores será diferente em diferentes estados ou municípios. 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Os Pioneiros da Habitação Social no Brasil https://youtu.be/LWvjEnKcIHA Arquitetura e urbanismo – cidades inteligentes As cidades, seus problemas e soluções. O que propunha o urbanismo e a arquitetura moderna. Entendendo Densidade Habitacional e Urbana. https://youtu.be/EU68-0YFHIA Leitura Guia para aprovação de projetos HIS – HMP Guia para aprovação de projetos HIS – HMP. Prefeitura de São Paulo, SP. http://bit.ly/2U6yKUn Sustentabilidade e Inovação na Habitação Polular http://bit.ly/2RYYBuD 25 UNIDADE Projetos de Habitações Multifamiliares de Média Densidade Referências BONDUKI, N. (Coord.). Os Pioneiros da Habitação Social – Vol. 1: “Cem Anos de Construção de Política Pública no Brasil. São Paulo: Ed. UNESP; Ed. SESC, 2014. ________. Os Pioneiros da Habitação Social – Vol. 2: “Inventário da produção pública no Brasil entre 1930 e 1964”. São Paulo: Ed. UNESP; Ed. SESC, 2014. ________. Os Pioneiros da Habitação Social – Vol. 3: “Onze propostas de morar para o Brasil moderno”. São Paulo: Ed. UNESP; Ed. SESC, 2014. ________. Origens da habitação social no Brasil. (Paper) Análise Social Vol. XXIX (127), 1994, p.711-732. Disponível em: <http://analisesocial.ics.ul.pt/docume ntos/1223377539C9uKS3pp5Cc74XT8.pdf>. Acessado em: 19 de fevereiro 2019. ________. Origens da habitação social no Brasil – Arquitetura Moderna, Lei do inquilinato e Difusão da Casa Própria. 2. ed. São Paulo: Estação Liberdade, FAPESP, 1998. NAKASHIGUE, K. L. Mutirões Verticalizados em São Paulo: Avaliação de qualidade dos projetos e satisfação dos moradores. Dissertação apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. SÃO PAULO. Sustentabilidade e Inovação na Habitação Popular – O desafio de propor modelos eficientes de moradia. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.iabsp.org. br/sustentabilidade_inovacao_na_habitacao_popular.pdf>. Acessado em: 01 de fevereiro de 2019. ________. Relatório Geral do Programa de Atuação em Cortiços (PAC). CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Habitação. Maio de 2012. STEINER, C. S. Viviendas en bloques alineados. Barcelona: Editorial Sustavo Gili, S.A., 1992. 26
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