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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL : DESENHO INCREMENTAL E SUSTENTABILIDADE URBANA

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Prévia do material em texto

SOCIEDADE EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI 
FACULDADE METROPOLITANA DE RIO DO SUL 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
Mateus Rocha Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL CANOAS: DESENHO INCREMENTAL E 
SUSTENTABILIDADE URBANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio do Sul 
2020 
 
 
Mateus Rocha Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL CANOAS: DESENHO INCREMENTAL E 
SUSTENTABILIDADE URBANA 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado como requisito parcial para 
obtenção do título de Graduado em Bacharel, 
pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Sociedade Educacional Leonardo da Vinci – 
UNIASSELVI/FAMESUL 
 
Orientadora: Carolina Bini 
 
 
 
 
 
Rio do Sul 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(...) a relação entre arquiteto e a natureza é de amor-ódio. A sustentabilidade 
consiste em construir pensando no futuro, não só tendo em conta a resistência física 
de um edifício, mas pensando também em sua resistência estilística, em seus usos no 
futuro e na resistência do próprio planeta e seus recursos energéticos." 
Arquitectura Sostenible, Renzo Piano (1998) 
 
 
RESUMO 
 
 
A problemática da habitação social ainda permanece contemporânea, e talvez hoje 
mais que nunca, e reconhecida como peça chave no desenvolvimento das 
sociedades. A necessidade de um crescimento populacional inédito coloca em desafio 
nossos arquitetos e gestores urbanos a estabelecer um quadro de desenvolvimento 
sustentável em meio a tamanhos desafios, de ordem econômica e ideológica. A 
constante mutação e evolução das necessidades humanas referente aos espaços, 
coloca em xeque a qualidade das plantas rígidas que vem sendo produzidas em serie, 
estereotipando a produção de unidade habitação de menor custo. Mais que nuca é 
necessário entender a habitação como um organismo vivo, aberto a mudanças e 
adaptações ao tempo e necessidade. Almejando um conceito de Arquitetura Mista, 
Incremental, e de alta densidade, este trabalho preconizou instaurar diretrizes para o 
projeto de conjuntos habitacionais incrementais, servindo como uma resumida base 
conceitual sobre desenho urbano sustentável e desenho de habitações incrementais. 
A proposta é simples, antever erros grosseiros através de uma união entre 
proposições e parâmetros axiomáticos de eficiência já reconhecida, que asseguram 
bases conceituais, como a densidade, a vitalidade urbana, a flexibilidade tipológica e 
a agenda sustentável. Dados estes que serão apresentados nesta monografia que 
antecede ao projeto modelo, intitulado de Habitação Incremental Mista Canoas, um 
projeto de conjunto flexível desenvolvido na área central da cidade de Rio do Sul. 
 
 
Palavras-chave: Habitação 1. Sustentável 2. Incrementalidade 3. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The problem of social housing still remains contemporary, and perhaps today more 
than ever, and recognized as a key element in the development of societies. The need 
for unprecedented population growth challenges our architects and urban managers 
to establish a framework for sustainable development in the midst of these economic 
and ideological challenges. The constant mutation and evolution of human needs in 
relation to spaces puts in check the quality of rigid plants produced in series, 
stereotyping the production of a lower cost housing unit. More than ever, it is necessary 
to understand housing as a living organism, open to changes and adaptations to time 
and needs. Aiming at a concept of Mixed, Incremental and High Density Architecture, 
this work recommended the establishment of guidelines for the design of incremental 
residential projects, serving as a brief conceptual basis on sustainable urban design 
and the design of incremental housing. The proposal is simple, to predict gross errors 
through a union between proposals and axiomatic parameters of already recognized 
efficiency, which guarantee conceptual bases, such as density, urban vitality, 
typological flexibility and sustainable agenda. These data will be presented in this 
monograph that precedes the model project, entitled Incremental Housing Mixed 
Canoas, a flexible project developed in the central area of the city of Rio do Sul. 
 
Keywords: Housing 1. Sustainable 2. Incrementality 3. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Progreção do déficit habitacional ............................................................. 17 
Figura 2: Conjunto Habitacional Lo Barnechea (Studio Elemental) ........................... 21 
Figura 3 - Condomínio Residencial Luiz Demarchi ................................................... 21 
Figura 4 - Estudo WRI BRASIL ................................................................................ 22 
Figura 5 - Produtividade do tempo em deslocamento ............................................... 23 
Figura 6 - Quinta Monry............................................................................................. 26 
Figura 7: ½ Casa Boa ≠ 1 Casa Pequena ................................................................. 27 
Figura 8 - Equação da Habitação Social Incremental ............................................... 27 
Figura 9 - Perspectiva edifício paralelo ..................................................................... 28 
Figura 10 - Planta da Habitação Monterrey .............................................................. 29 
Figura 11 -Conjunto Habitacional Elemental Monterrey. ........................................... 30 
Figura 12 - Princípios de planejamento de cidades ................................................... 32 
Figura 13 - Quanto mais bicicletas mais seguros os ciclistas ................................... 33 
Figura 14 - Fachada Principal Rue De Meaux ........................................................... 34 
Figura 15 - Implantação do conjunto Rue de Meaux Paris ....................................... 35 
Figura 16 - Análise da tipologia ................................................................................. 36 
Figura 17 – Circulação Horizontal x Vertical .............................................................. 37 
Figura 18 - Plana Baixa das unidades tipo, Rue De Meaux ...................................... 37 
Figura 19 - Fachada Rue de Meaux Paris ................................................................. 38 
Figura 20 - Casas Lo Barnechea ............................................................................... 39 
Figura 21 - Implantação do Conjunto Habitacional Lo Barnechea ............................ 40 
Figura 22 - Imagem Aérea Conjunto Habitacional Lo Barnechea ............................. 40 
Figura 23 - Planta Baixa Lo Barnecheia ................................................................... 41 
Figura 24 – Corte LO BARNECHEA ......................................................................... 42 
Figura 25 - Localização do município de Rio do Sul ................................................. 43 
Figura 26 - Cidade de Rio do Sul, Bairro Canoas e entorno ..................................... 43 
Figura 27 - Densidade demográfica dos municípios do Cluster – 2016 .................... 44 
Figura 28 - Densidade demográfica da área objeto do trabalho. ............................... 44 
Figura 29 - Áreas alagáveis ....................................................................................... 45 
Figura 30 - Mapa de Uso e Ocupação de Solo ......................................................... 46 
Figura 31 - Equipamentos de Interesse Público ........................................................ 47 
 
 
Figura 32 - Mapa Viário ............................................................................................. 48 
Figura 33 - Mapa Ambiental ...................................................................................... 48 
Figura 34 - Terreno da Proposta............................................................................... 49 
Figura 35 – Vista Frontal do Terreno ......................................................................... 50 
Figura 36 - Entorno terreno da proposta ................................................................... 50 
Figura 37 – Conceito do Projeto ................................................................................ 52 
Figura 38 – Fluxograma Preliminar ........................................................................... 55 
Figura 39 - Proposta de Implantação do Projeto ....................................................... 56 
Figura 40 - Modelo ainda preliminar da edificação vista da Rua Princesa Isabel ...... 57 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Rue De Meaux Paris ................................................................................ 34 
Tabela 2 - Elemental Lo Barnechea .......................................................................... 39 
Tabela 3 - Diretrizes Urbanísticas ............................................................................. 51 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
BNH Banco Nacional de Habitação 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
MCMV Minha Casa Minha Vida 
ONU Organização das Nações Unidas 
HIS Habitação de Interesse Social 
HIM Habitação Incremental Mista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15 
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................. 16 
1.1.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 16 
1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 16 
1.2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 16 
2 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL .................................................. 18 
2.1 O CONCEITO DE HABITAÇÃO SOCIAL ................................................. 18 
2.2 O SURGIMENTO DA HABITAÇÃO SOCIAL ............................................ 19 
2.3 DESENVOLVENDO NOVAS DIRETRIZES PARA O PROJETO DE 
habitação social ......................................................................................................... 20 
2.3.1 Construir perto dos centros urbanos é sinônimo economia .............. 22 
3 MÉTRICAS E CONCEITOS: INCREMENTALIDADE E 
SUSTENTABILIDADE URBANA .............................................................................. 24 
3.1 DESENHO INCREMENTAL ..................................................................... 24 
3.1.1 Conceituação primaria ........................................................................... 25 
3.1.2 O princípio de Incrementalidade aplicado pelo conceito de “meia-
casa” pela Elemental............................................................................................... 25 
3.1.3 Edifício Paralelo ...................................................................................... 28 
3.2 SUSTENTABILIDADE URBANA .............................................................. 30 
3.2.1 Multifuncionalidade, e Vitalidade Urbana ............................................. 31 
3.2.2 Mobilidade Urbana ................................................................................. 33 
4 ESTUDOS DE CASO ............................................................................... 34 
4.1 RUE DE MEAUX PARIS........................................................................... 34 
4.1.1 Forma e Implantação urbana ................................................................. 35 
4.1.2 Tipologia e Planta Baixa ........................................................................ 36 
4.1.3 Fachada, Materiais e Estrutura...................................................................... 38 
 
 
4.2 ELEMENTAL LO BARNECHEA ............................................................... 39 
4.2.1 Forma e Implantação urbana ................................................................. 40 
4.2.2 Tipologia e Planta Baixa ........................................................................ 41 
4.2.3 Fachada, Materiais e Estrutura .............................................................. 42 
5 ANÁLISE DA ÁREA DE INSERÇÃO DO PROJETO .............................. 43 
5.1 ANÁLISE DA INSERÇÃO REGIONAL ..................................................... 43 
5.2 ANÁLISE DO ENTORNO ......................................................................... 45 
5.3 ANALISE DO TERRENO.......................................................................... 49 
6 DIRETRIZES PRELIMINARES DE PROJETO ........................................ 51 
6.1 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ................................................................. 51 
6.1.1 PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO .......................................................... 51 
6.2 CONCEITO............................................................................................... 52 
6.3 DIRETRIZES DE PROJETO .................................................................... 53 
6.3.1 Métricas Urbanísticas ............................................................................ 53 
6.3.2 Métricas Arquitetônica ........................................................................... 53 
6.4 PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJETO ............................................... 54 
6.4.1 ANÁLISE DE POTÊNCIAL CONSTRUTIVO ........................................... 54 
6.4.2 Programa de Necessidades e pré-dimensionamento.......................... 54 
6.4.3 Fluxograma ............................................................................................. 55 
6.4.4 Proposta de Implantação do Projeto .................................................... 56 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 59 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A discussão sobre habitação de interesse social (HIS), passa hoje longe de 
ser destinada apenas a grupos vulneráveis dentro do tecido social, visto o quão amplo 
são os segmentos da sociedade que tem dificuldade no acesso à habitação e 
necessitam hoje de financiamentos subsidiados, ditos como programas sociais, como 
o Minha Casa Minha Vida. Esses programas por sua vez se associam a uma oferta 
imobiliária que oferece um modelo habitacional padronizado, rígido a alterações. 
Segundo LUCINI (2003) pequenas foram as soluções aplicadas hoje em dia para 
reverter esses quadros. “A resposta a esses problemas repete-se hoje alternativas 
conhecidas desde a década de 70: casinhas ou prédios enxugados das mínimas 
condições qualitativas, localizados em periferias, e infinitas distâncias do trabalho”. 
Nos últimos anos o desenho incremental atrelado a habitações social voltou a 
ganhar evidência com o arquiteto Chileno Alejandro Aravena, sendo laureado com o 
prêmio Pritzker em 2016. Objeto muito da contribuição do seu trabalho em soluções 
de arquitetura social de baixa renda, o prêmio traz à tona a importância da flexibilidade 
na personalização das unidades habitacionais produzidas em massa com a aplicação 
do Princípio de Incrementalidade. 
Partindo do preceito de SCHUMACHER (2019) em que a performatividade 
social da arquitetura depende da riqueza de informações e capacidade comunicativa 
de seus produtos. O presente trabalho buscou compreender o desenvolvimento de 
habitações incrementais e como a evolucionabilidade da habitação social pode ser 
resolvida ainda na fase de projeto, a fim de que as futuras ampliações não 
comprometam a qualidade e integridade das habitações e do espaço urbano onde a 
mesma se insere. Comoparte dos resultados da pesquisa foi necessária também 
inserir o assunto de sustentabilidade urbana, buscando uma visão mais integrada de 
conjunto e cidade, visto que segundo ABIKO (1995) os principais problemas 
encontrados nas áreas com população de baixa renda são de natureza urbana. 
 A produção do projeto se concentra: (1) na análise e classificação do entorno 
do conjunto habitacional, (2) no projeto urbanístico bem como a implantação do 
conjunto habitacional, (3) e projeto de habitação social incremental de uso misto. 
 
 
16 
 
1.1 OBJETIVOS 
 
1.1.1 Objetivo Geral 
 
Sintetizar métricas de projeto de projetos habitação de interesse social de alta 
densidade flexíveis, embasadas no desenho incremental. 
 
1.1.2 Objetivos Específicos 
 
• Realizar uma breve analise dos problemática habitacional. 
• Formular uma base teórica relacionada a temática do desenho 
Incremental e sustentabilidade urbana. 
• Desenvolver uma proposta Urbana visando a vitalidade urbana do 
entorno, a segurança e sustentabilidade do conjunto habitacional. 
• Projetar habitações incrementais flexíveis, para perfis variados núcleos 
familiares desenvolvendo um sentido de pertencimento do usuário ao 
espaço. 
 
 
1.2 JUSTIFICATIVA 
 
De acordo com um estudo de 2012 do Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID) atualmente, uma em cada três famílias na América Latina e 
no Caribe - um total de 59 milhões de pessoas - vive em uma habitação inadequada 
ou construída com materiais precários ou sem serviços básicos. 
Segundo ARAVENA (2016) o mundo passa por uma crise habitacional, dos 3 
bilhões de pessoas vivendo em cidades hoje em dia, 1 bilhão de pessoas vive abaixo 
da linha da pobreza. E por volta de 2030 das 5 bilhões de pessoas morando nas 
cidades, 2 bilhões irão viver abaixo da linha de pobreza. Isso significa que nós 
teríamos que construir cidades com 1 milhão de pessoas por semana, com $10.000 
dólares por família. 
 
 
17 
 
Figura 1 – Progreção do déficit habitacional 
 
(ARAVENA,2016) 
 
E o grande problema é o volume e velocidade do processo de urbanização. 
Fator este que não se encontra resolução somente respostas econômicas, mas sim 
organizacionais, produzir respostas rápidas e qualificadas mediante ao crescimento 
exponencial do problema. Nesse senário primitivo da produção da moradia muitas 
vezes o arquiteto é o que menos opina sobre o processo de planejamento urbano e 
desenho das unidades. O falso pensamento de que a simplificação entre as 
exigências do mercado evolução, principalmente quando o produto é destinado a 
classes mais baixas. 
Na cidade onde será proposto o projeto modelo deste trabalho, apresenta todos 
os seus grandes conjuntos habitacionais afastados do núcleo central urbano. Alguns 
deles em áreas suscetíveis a enchentes semestrais, como o Conjunto Habitacional 
COHAB do bairro Bela Aliança, que é atingido pelo Rio Itajai açu na cota 7,5 m. Ou o 
exemplo Condomínio Residencial Luiz Demarchi, situado na divisa Rio do Sul 
Agronômica, um condomínio de iniciativa municipal que não contem Infraestrutura, 
lazer ou qualquer tipo de saneamento Básico. Sendo assim o projeto modelo vem 
como proposta de ruptura com a lógica reducionista, para a proposição de princípios 
evolucionistas, onde construir em centros urbanos é sinônimo economia e 
sustentabilidade social. (WRI BRASIL, 2018) 
 Sendo assim faz se necessário a proposição de um projeto de habitação de 
interesse social de uso misto, pautado no desenho incremental, que serviria de 
modelo de inserção para novos programas habitacionais em Rio do Sul-SC. Sendo 
que o mesmo contando com 100 unidades, reduziria em grande parte déficit 
habitacional local e desincentivaria a expansão horizontal desordenada que a cidade 
vem vivendo, fruto de uma especulação imobiliária no mínimo não criativa. 
 
 
 
18 
 
2 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL 
 
2.1 O CONCEITO DE HABITAÇÃO SOCIAL 
 
Habitação social ou habitação de interesse social, ou até mesmo moradia 
social, é um tipo de habitação destinada à população cujo nível de renda dificulta ou 
impede o acesso à moradia (CAPERA, Richer). Pode-se entender a habitação Social 
como uma ferramenta de promoção de Equidade Social, Saneamento Básico e 
Sustentabilidade Urbana. Sendo de iniciativa geralmente pública e tendo, como 
objetivo, reduzir o déficit da oferta de imóveis residenciais de baixo custo, com 
garantias mínimas de qualidade. 
O termo Habitação de Interesse Social (HIS) é objeto de definição de uma 
série de soluções de moradia voltada à população de baixa renda, utilizado muitas 
vezes genericamente. Constantemente vinculado a nos estudos sobre gestão 
habitacional, o termo vem sendo utilizado por várias instituições e agências, como 
base no conceito atribuído pelo instinto BNH¹, sendo assim (ABIKO, 1995) propôs 
categorizar os termos equivalentes, como apresentado abaixo: 
 
a) Habitação Subnormal: é aquela que não atende condições mínimas de 
habilidade, como salubridade, dimensionamento e durabilidade. 
b) Habitação de Baixo Custo (low-cost housing): termo utilizado para 
designar habitação barata sem que isto signifique necessariamente 
habitação para população de baixa renda; 
c) Habitação para população de baixa renda (housing for low-income 
people): é um termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma 
conotação que habitação social; estes termos trazem, no entanto, a 
necessidade de se definir a renda máxima das famílias e indivíduos 
situados nesta faixa de atendimento social. 
d) Habitação de Interesse Social (HIS): O termo engloba habitações dentro 
de programas habitacionais endereçados a população de baixa renda. 
 
 
 
19 
 
Segundo ABIKO (1995) a habitação popular consiste em um processo: 
 
“A habitação popular não deve ser entendida meramente como 
um produto e sim como um processo, com uma dimensão física, 
mas também como resultado de um processo complexo de 
produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, 
jurídicos, ecológicos, tecnológicos. “ 
 
 
2.2 O SURGIMENTO DA HABITAÇÃO SOCIAL 
 
Conceitualmente falando o pensamento sobre a promoção de habitação social 
se desenvolve inicialmente juntos as alterações do planeamento urbano oriundas das 
transformações políticas, sociais e ideológicas proporcionadas pela Revolução 
Francesa no século XVIII. Cujas principais reivindicações foram o fim do absolutismo, 
a ascensão da Burguesia ao poder político e, sobretudo, a instauração da igualdade 
civil (AROUCA, 2018). 
No Brasil avanços da medicina de caráter social, pelo final do século XVII, 
trouxeram uma inflexão decisiva nesse processo de governamentalização da 
habitação. A partir daí os médicos higienistas voltaram suas atenções para o interior 
da casa, diferente do que acontecia até então, onde a intervenção governamental 
focava apenas na fachada. O foco principal foi o interior dos cortiços em particular. Já 
no século XIX deu lugar a um recrudescimento do intervencionismo público e privado 
no campo da habitação, pautado por dois objetivos distintos, embora complementares: 
por um lado, a normatização das construções, de acordo com os preceitos da higiene, 
da beleza e da comodidade; por outro, a erradicação dos cortiços. (CORTADO, 2018) 
No século XX o segundo congresso Internacional da Arquitetura Moderna, o 
CIAM II: Realizado em Frankfurt, em 1929, e dirigido pelo arquiteto Ernst May14, 
abordou o tema da vivenda mínima, em Dimensões do Apartamento para o Mínimo 
de Subsistência (Die Wohnung für Existenzminimum). Cujo o objeto em análise era a 
atividade humana e no seu habitat, de modo a otimizar o desenho dos espaços. Em 
resumo o tema habitação social foi essencial na arquitetura do século XX, tendo todos 
os grandes mestres do movimento modernista, analisando e propondo soluções 
apropriadas do ponto de vista técnico a estético. Ambos buscando a receita da célula 
20habitacional mínima ideal como solução a crescente população urbana desassistida 
de habitação (BENETTI,2012). 
 
 
2.3 DESENVOLVENDO NOVAS DIRETRIZES PARA O PROJETO DE 
HABITAÇÃO SOCIAL 
 
O projeto de habitação social é um dos mais complexos na razão que qualquer 
gesto pressupõe uma racionalização muito grande de custos, e está racionalização 
extrema na maioria das vezes se traduz-se numa pobreza de propostas muita grave. 
Trabalhar a habitação como uma inversão do quadro de pobreza e não só como um 
gasto social é uma obrigação para o desenvolvimento de uma sociedade mais 
equitativa, disposta a vivencia em plenitude a vida em sociedade. (BENETTI, 2012). 
Todos nós quando compramos uma casa, esperamos que ele aumente seu 
valor com o tempo. Por isso a habitação quase por si é o mais comum investimento 
de uma família, porem a maioria das vezes na habitação social isso não ocorre. Como 
comenta ARAVENA (2016), muitas vezes a habitação social se parece mais com 
comprar um automóvel do que uma casa, pois cada dia que passa seu valor diminui. 
Isso expõe o fracasso da maioria dos conjuntos habitacionais visto que o subsidio da 
habitação é a ajuda mais importante que a família recebe na sua vida (e uma única 
vez) pela parte do estado. 
 
A habitação então poderia ser usada como uma ferramenta para 
pedir crédito, que permita a família começas um pequeno 
negócio, ascender a uma melhor educação ou simplesmente 
entrar no mercado de mobilidade habitacional. Se isso ocorresse 
e a habitação se comportasse como uma inversão, mais que 
com gasto social, então estaríamos falando de uma ferramenta 
para enfrentar a pobreza e não só um meio de o proteger das 
intempéries. (ARAVENA,2016) 
21 
 
Figura 2: Conjunto Habitacional Lo Barnechea (Studio Elemental) 
 
Disponível em: https://emilyaxtman.wordpress.com/2016/08/05/lo-barnechea-i-ii/ 
 
Tanto os órgãos públicos, quanto o mercado privado tem desenvolvido 
estratégias para enfrentar a escassez de recurso habitacional. É fato que quando 
não há dinheiro suficiente, as habitações tendem a serem construídas aonde o solo 
custa pouco, em periferias carentes de serviços, longe da onde as oportunidades da 
cidade se encontram. Frente a necessidade de tamanho, as famílias reagem 
ampliando as suas habitações como podem, com estruturas de organização 
primitivas, materiais inadequados e riscos estruturais eminentes. Frente a este ciclo 
de afastamento, propiciado pelos agentes de mercado não há muito que as famílias 
podem fazer (ARAVENA,2013) 
 
Figura 3 - Condomínio Residencial Luiz Demarchi 
 
Fonte: Acervo de Autor 
 
22 
 
2.3.1 Construir perto dos centros urbanos é sinônimo economia 
 
Até 2018 o programa MCMV já avia apoiado a construção de 4,5 milhões de 
habitação, um número significativo, no entanto costumam instalar seus 
empreendimentos em zonas distantes dos núcleos centrais das cidades, ou seja 
aonde os terrenos são mais “baratos”. Porém segundo o levantamento da WRI 
BRASIL, 2018 esse barato pode custar muito caro. 
Buscando embasar este conceito a WRI BRASIL, 2018 realizou um estudo 
para calcular os custos com infraestrutura de transporte e equipamentos públicos nos 
empreendimentos do MCMV em três cenários hipotéticos: 
 
A) dentro do perímetro urbano, próximo ao centro, com 500 
unidades habitacionais 
B) no limite do perímetro urbano, com 1.500 unidades 
C) ainda mais afastados, nos limites de divisa do município, com 
3.000 unidades. 
 
 
Figura 4 - Estudo WRI BRASIL 
 
Adaptado pelo autor de: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2018/03/minha-casa-minha-vida-
construir-perto-do-centro-%C3%A9-sin%C3%B4nimo-de-economia-e-qualidade-de 
 
 
23 
 
O resultado é que segundo o levantamento, construir conjuntos do MCMV em 
áreas centrais pode representar uma economia de até R$ 10 mil por unidade 
habitacional, apenas na promoção de serviços básicos de infraestrutura. 
 
Considerando os três cenários analisados, uma pessoa 
residente em um empreendimento MCMV localizado dentro do 
perímetro urbano pode percorrer até 3 mil km a menos por ano 
do que um morador de um empreendimento mais afastado. Essa 
diferença pode implicar uma economia significativa, uma vez que 
as famílias brasileiras gastam, em média, 15,8% da sua renda 
com transporte. (WRI BRASIL, 2018) 
 
Promover uma via com infraestrutura acessível e garantir transporte coletivo 
aos empreendimentos mais distantes (cenário C) poderia implicar em um custo anual 
de R$ 13 milhões, o que necessitaria um aumento da extensão e frequência de 
itinerários (construção de infraestrutura R$ 6,83 milhões, no pior cenário; custo anual 
de operação do transporte coletivo, R$ 6,27 milhões/ano). Outro fator importante é 
produtividade do tempo em deslocamento, quanto o indivíduo deixa de produzir 
conduzindo-se em viagens diárias. (WRI BRASIL, 2018) 
 
Figura 5 - Produtividade do tempo em deslocamento 
 
Adaptado pelo autor de: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2018/03/minha-casa-minha-vida-
construir-perto-do-centro-%C3%A9-sin%C3%B4nimo-de-economia-e-qualidade-de 
 
24 
 
3 MÉTRICAS E CONCEITOS: INCREMENTALIDADE E SUSTENTABILIDADE 
URBANA 
 
3.1 DESENHO INCREMENTAL 
 
A noção de flexibilidade das edificações estão presentes dês dos burgos 
medievais. Comércio, focinhas, pequenas fábricas e serviços se localizaram nos 
andares térreos, enquanto os andares superiores serviam de habitação. Nos andares 
térreos, semi-enterrados e mezaninos, a estrutura era consolidada com cúpulas e 
abóbadas sobre pilares e paredes portantes (LUCINI, 1996) 
O conceito de habitação flexível, no que diz respeito à capacidade da 
habitação se adaptar facilmente às mudanças sociais, é uma ideia antiga. A génese 
deste conceito remonta às origens da habitação, onde está era idealizada e construída 
pelos próprios residentes, permitindo uma construção personalizada, evolutiva e 
adaptável. Como retrata a própria pesquisa de SANTOS, 2012 dês dos séculos VII no 
Japão a tradição construtiva se desenvolve no conceito de adaptabilidade, onde a 
maioria das divisões são polivalentes. Onde este conceito de adaptabilidade é 
retratado na casa tradicional, nos palácios japoneses, nas casas de chá, entre outros. 
“A adaptabilidade é conseguida através da relação entre os elementos fixos (estrutura 
e cobertura) e os elementos móveis (paredes deslizantes, móveis, etc.). O sistema 
construtivo das habitações japonesas tem como base uma grelha onde a estrutura 
reticulada assenta.” (SANTOS, 2012) 
25 
 
3.1.1 Conceituação primaria 
 
Já em 1972, HABRAKEN já desenvolvia em seu trabalho o conceito de uma 
habitação incremental, baseado no conceito que ele chamava de suporte e o recheio. 
Nesse conceito ele dividia a habitação em duas estruturas principais, onde, as duas 
compõem fases de decisões tomadas por agentes diferentes, em fases diferentes: 
 
O Suporte, estrutura principal da habitação, responde às 
necessidades coletivas, sendo executado pelo projetista e 
construtor; e o recheio, que responde a dinamicidade individual 
que cada família vive, é de responsabilidade do próprio usuário 
e se desenvolve dentro da estrutura de suporte, que ampara as 
decisões do morador (1972, HABRAKEN). 
 
Esse processo de vantagens da habitação incremental reside na capacidade 
de aproveitamento de autogestão, que o morador pode se apropriar. Basicamente 
uma resposta a incapacidade do Estado em prover unidades que não responder as 
demandas unitárias, visto que as instituições centrais são incapazes de compreender 
e atender a complexidade de necessidades tão diversificadas. 
Para Robert Schmidt III, Toru Eguchi, Simon Austin e Alistair Gibb, autores do 
artigo “Adaptable Futures: A 21st Century Challenge”, definem a adaptabilidade como 
a “capacidade de mudar o ambiente construído da habitação, para ajustar-se e dar 
resposta às demandas dos seus usuários, maximizando o seu valor aolongo do seu 
ciclo de vida” . 
 
3.1.2 O princípio de Incrementalidade aplicado pelo conceito de “meia-casa” 
pela Elemental 
 
“Substituir uma lógica reducionista por um princípio de síntese”, foi assim que 
ARAVENA, (2013) descreveu a lógica que ele incorpora em seus projetos de 
habitação social no escritório chileno ELEMENTAL, a habitação incremental. 
A noção de mutabilidade hoje exposta expõe como a arquitetura moderna 
produziu um pensamento utópico onde o morador não é entendido como o de produtor 
do espaço, mas sim espera- se dele que apenas adaptasse o seu corpo e sua 
26 
 
performance àquilo que foi previamente pensado. Ou seja, uma visão retrograda dos 
modelos embrionários industriais. Do ponto de vista incremental a autoconstrução se 
configura como uma solução ao problema da padronização em série, que gera 
ambientes rígidos, e um modelo de ocupação monótono, sem a noção de 
pertencimento – com apenas parte da casa construída, e estruturada para a ampliação 
o morador pode adequar a sua habitação a sua maneira de vida (ARAVENA, 2013). 
 
Figura 6 - Quinta Monry 
 
Disponível em (https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/01/puxadinhos-rendem-o-pritzker-ao-
arquiteto-alejandro-aravena.html) 
 
 
Em vez de se construir uma completa, mas casa pequena, com o capital de 
financiamento, é mais inteligente que se construa meia casa boa. Assim ele se 
apropria da visão incremental e introduz o conceito de “meia casa” na maioria dos 
projetos de habitação social. O conceito oportuniza a possibilidade de ampliação 
sustentável pré-programada da edificação, ao mesmo tempo que o conjunto mante 
uma gramatica de forma, o que impede a deterioração da linguagem visual de bairro. 
(ARAVENA, 2013). Assim ao Baratear a construção de novas unidades habitacionais 
mantendo um nível adequado de qualidade, permiti a construção de conjuntos 
habitacionais em áreas mais centrais da cidade, ao o terreno custa mais. 
 
https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/01/puxadinhos-rendem-o-pritzker-ao-arquiteto-alejandro-aravena.html
https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/01/puxadinhos-rendem-o-pritzker-ao-arquiteto-alejandro-aravena.html
27 
 
Figura 7: ½ Casa Boa ≠ 1 Casa Pequena 
 
Fonte: adaptado pelo autor de (ARAVENA, 2016) 
 
Segundo a lógica da Elemental (ARAVENA, 2016) a equação para produzir 
habitações incrementais se concentra em: 
• Densidade suficientemente alta, para pagar solos bem 
localizados (solos mais caros) 
• Em baixa altura (eliminando espaços coletivos que não podem 
ser mantidos) 
• Sem superlotação e com possibilidade de crescimento (que 
permita a cada família alcançar incrementalmente um nível de 
classe média) 
• A densidade em altura não é uma alternativa; a baixa altura sem 
densidade tão pouco. 
 
Figura 8 - Equação da Habitação Social Incremental 
• 
Fonte: adaptado pelo autor de (ARAVENA, 2016) 
28 
 
A valorização de uma propriedade é a maneira mais direta de medir o nível de 
qualidade de uma habitação. Então o aumento do valor é uma redefinição da noção 
de qualidade, convencionalmente associada ao tamanho, a solidez e a implantação. 
Afastar da lógica reducionista é entender que as cidades são concentradores de 
oportunidades, de trabalho, educação, saúde e mobilidade. Uma concentração de 
modelos de superação, desafio e movimento. Ambiente necessário para a mobilidade 
econômica-social. (ARAVENA, 2016) 
 
3.1.3 Edifício Paralelo 
 
A ideia de edifício paralelo da ELEMENTAL nasce não só da preocupação 
tipológica, mas também urbana. Trata-se do o que estamos fazendo para frear a 
expansão urbana horizontal desenfreada, e como aplicar o conceito de alta densidade 
em edificações baratas individualizadas e com possibilidade de crescimento. Essa foi 
a proposta inicial do edifício paralelo, que conceitualmente já era utilizada na 
construção típica latino-americana que tem um gabarito compartilhado com duas 
casas por lote, acessada via uma escada individual fronte ao pátio. Sendo assim a 
contribuição da ELEMENTAL foi desenvolver a possibilidade de ampliar as casas nos 
“vazio” que são dispostos na estrutura. Assim o Edifício Paralelo consiste entre um 
sistema de habitação coletiva porem com ocupação unifamiliar, a alta densidade de 
um edifício coletivo, porém com um desenho incremental. (ARAVENA, 2016) 
 
Figura 9 - Perspectiva edifício paralelo 
 
Fonte: (ARAVENA, 2016) 
 
 
 
29 
 
Um dos exemplos do edifício paralelo é ELEMENTAL Monterrey. Habitações 
que se desenvolvem em um prédio contínuo de três andares que sobrepõe uma casa 
(no primeiro andar) de dois módulos, a um apartamento de dois andares acima (no 
segundo e terceiro andares). A ampliação prevê uma casa de aproximadamente 58 
m2 e um apartamento de aproximadamente 76 m2. Ambas são entregues com o 
conceito da “primeira metade” ou “meia casa” (de 40 m2), deixando pronto os 
ambientes mais complexos (banheiros, cozinha, escadas e paredes divisórias), e 
mantando a planta livre para um cenário de expansão. (ARAVENA, 2016) 
 
Figura 10 - Planta da Habitação Monterrey 
 
Fonte: (ARAVENA, 2016) 
30 
 
Figura 11 -Conjunto Habitacional Elemental Monterrey. 
 
Fonte: adaptado pelo autor de (ARAVENA, 2013) 
 
 
 
3.2 SUSTENTABILIDADE URBANA 
 
O estudo do paradigma de organização e expansão das cidades se mostrou 
um tema essencial nestes últimos dois séculos, a falta de planejamento urbano cobrou 
caro daqueles que ignoram o chamado do desenvolvimento sustentável. Segundo a 
OMS (2015), a poluição do ar urbano tem sido associada a 3,7 milhões de mortes 
prematuras a cada ano no mundo, sendo 75% delas responsáveis por automóveis 
movidos a combustíveis fósseis, segundo a Global Fuel Economy Initiative (2016), e 
LIMA (2019). 
Segundo ROGERS (1997) no desenvolvimento das cidades tem se 
negligenciado a fragilidade dos ecossistemas, o nível de urbanidade e qualidade de 
vida, tudo isso em prol de uma falsa “modernização”, que não assimila sua 
complexidade. 
A cidade é um organismo dinâmico tão complexo quanto a 
própria sociedade e deve ser dinâmico tão complexo quanto a 
própria sociedade e deve ser suficientemente ágil para reagir 
rapidamente às suas mudanças. ROGERS (1997) 
 
 
 
 
31 
 
3.2.1 Multifuncionalidade, e Vitalidade Urbana 
 
A multiplicidade de funções dentro das áreas urbanas de média e alta 
densidade tem se configurado como um elemento de nivelação positiva das condições 
de vida da população. A mono-funcionalidade dos bairros estritamente residenciais 
para a baixa renda reduz condições de permanência do morador devido à falta de 
espaços onde desenvolver atividades complementares fundamentais para a 
subsistência, tanto de pequena (e até média) produção artesanal, industrial, oficinas, 
comércios e outros serviços necessários a comunidade (LUCINI,2003). 
Segundo JACOBS (2000) para garantir uma diversidade exuberante nas ruas, 
distritos e cidades, é necessário verificar 4 condições conjuntamente. 
 
a) A necessidade de usos principais combinados – o distrito deve 
atender a mais de uma função principal para garantir um certo 
número de pessoas nas ruas em todos os horários do dia (estas 
devem sair de casa em horários diferentes e buscar os lugares 
por motivos diferentes) 
b) A necessidade de quadras curtas – “as oportunidades de virar 
as esquinas deve ser frequente” 
c) A necessidade de prédios antigos – “O distrito deve ter uma 
combinação de edifícios com idades e estado de conservação 
variados” 
d) A necessidade de concentração – determinada densidade é 
fundamental para o florescimento da diversidade 
 
Mais importante do que a polícia, o que produz a segurança de determinada 
rua, ou bairro, por exemplo, é o trânsito ininterrupto de usuários, nas calçadas e nas 
ruas. A multiplicidade de usos com donos de padarias, mercearias, lojas, pequenos 
serviços, que trazem “olhos atentos”, mais eficazes doque a iluminação pública. Além 
da existência do que a JACOBS (2000) descreve como “proprietários naturais da rua”, 
pessoas que monitoram muitas vezes intuitivamente a rua. A autogestão democrática, 
é que garante o sucesso das ruas, e bairros que apresentam maior vitalidade e 
segurança. Isso significa a permanência de uma forte rede de relações, objeto 
essencial em conjuntos habitacionais. 
32 
 
O trabalho com a dimensão humana envolve uma série de princípios urbanos. 
A fim de desenvolver ambientes convidativos para as pessoas passarem mais tempo 
na cidade, GEHL (2013) listou 5 princípios essenciais, são eles: 
 
1.Distribuir, cuidadosamente, as funções da cidade para garantir 
menores distâncias entre elas, além de uma massa crítica de 
pessoas e eventos. 
2. Integrar várias funções nas cidades para garantir 
versatilidade, riqueza de experiências, sustentabilidade social e 
uma sensação de segurança nos diversos bairros. 
3. Projetar o espaço urbano de forma a torna-lo convidativo tanto 
para o pedestre quanto para o ciclista. 
4.Abrir os espaços de transição entre a cidade e os edifícios, 
para que a vida no interior das edificações e a vida nos espaços 
urbanos funcionem conjuntamente. 
5.Reforçar os convites para permanecia mais longas no espaço 
público, porque algumas pessoas por muito tempo em um local 
proporcionam a mesma sensação de vitalidade do que muitas 
pessoas por pouco tempo. De todos os princípios e métodos 
disponíveis para reforçar a vida das cidades, o mais simples e o 
mais eficaz é convida as pessoas a passar mais tempo no 
espaço público. 
 
Figura 12 - Princípios de planejamento de cidades 
 
Fonte: adaptado pelo autor de (GEHL, 2013) 
 
33 
 
3.2.2 Mobilidade Urbana 
 
Segundo GEHL (2013) o custo de se trabalhar a escala humana no desenho 
urbano é pequeno mediante os custos de investimentos de infraestrutura viária, sendo 
passível de ser implementado em qualquer cidade do mundo, independentemente de 
seu desenvolvimento econômico. Desarticuladas com as políticas urbanas ideais do 
ponto de vista sustentável, as cidades vêm gesticulando para um modelo de 
mobilidade urbana ineficiente, com causa na intensa utilização dos veículos 
individuais como alternativa à baixa qualidade de outras tipologias de mobilidade 
urbana, resultado do desenho urbano e da gestão urbana. (FARR, 2013) 
A distância aceitável de caminhada é um conceito relativamente fluido e que 
fatores como qualidade do percurso, a superfície, a quantidade de pessoas e os 
obstáculos no trajeto influenciam este dado. Porém estabelece uma distância 
saudável de deslocamentos a pé “o tamanho dos centros das cidades confirma a 
distância de quinhentos metros como um objeto aproximado de uma caminhada 
aceitável”. Outro fator importante para a mobilidade urbana é a adesão de cada vês 
mais ciclistas, segundo GEHL (2013), o risco e o numero de acidentes caem 
drasticamente quando mais pessoas pedalam, pois os motoristas ficam mais atentos, 
além de produzir uma cultura urbana em torno dos modais leves sobre rodas. 
 
Figura 13 - Quanto mais bicicletas mais seguros os ciclistas 
 
Fonte: adaptado pelo autor de (GEHL, 2013) 
 
34 
 
4 ESTUDOS DE CASO 
 
4.1 RUE DE MEAUX PARIS 
 
Tabela 1 - Rue De Meaux Paris 
Ficha Técnica 
Localização: Paris, França. 
Tipologia: Construção perimetral, com pátio privado. 
Nº Unidades 220 Densidade 20.000 m² /220 unidades 
Arquitetura Renzo Piano Data de construção 1987/1991 
 
Localizado no 19º distrito de Paris, uma área densamente povoada ao norte 
do centro da cidade. O projeto foi encomendado em 1987 pela cidade, ou melhor, pela 
“Régie immobilière da cidade de Paris”, então gerenciada por Michel Lombardini 
(rpbw.com). Com objetivo de criar soluções de baixo custo, o complexo habitacional 
priorizou por estruturas pré-moldadas, e densa ocupação do terreno. É incrível o nível 
de privacidade dos usuários, mesmo com um pátio que é atravessado por uma via 
pública para pedestres. O parque no interior transforma a paisagem continua das 
fachadas, que por sinal são tão bem trabalhadas, e que pouco se assemelham a 
edificações baratas da época. 
 
Figura 14 - Fachada Principal Rue De Meaux 
 
Fonte: RPBW, acessado em 01.06.2020 
35 
 
4.1.1 Forma e Implantação urbana 
 
O projeto ocupa todo o perímetro do sítio, mantendo no térreo de sua fachada 
principal o uso comercial, assim como as edificações do entorno. Os lados curtos do 
retângulo são interrompidos por dois cortes verticais, que rasgam a edificação em três 
blocos alongados harmônicos, organizando o conjunto volumes proporcionais as 
edificações vizinhas, como exemplifica a figura x. O seu uso misto garante a presença 
de transeuntes nas calçadas, segundo a premissa do urbanismo sustentável das 
grandes metrópoles francesas. 
 
Figura 15 - Implantação do conjunto Rue de Meaux Paris 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de (RPBW). 
 
O Pátio central funciona com um pequeno parque, além de abrigar uma 
importante área permeável, desenvolve um espaço microclima agradável. O que 
oferece um agradável contraste entre a rua movimentada e a serenidade do espaço, 
a área retangular do parque possui duas grandes áreas verdes com arbustos baixos 
e bétulas brancas. (rpbw.com), vide a figura x. 
 
 
 
36 
 
4.1.2 Tipologia e Planta Baixa 
 
A tipologia que se concentra em uma edificação perimetral, desenvolvida em 
3 tipologias edilícias. Os blocos voltam para um pátio interno, que é cercado por 220 
habitações, sendo todas voltadas ao jardim interior. Nos blocos centrais a tipologia é 
frente e fundo visando que os apartamentos tenham duas fachadas, nas testadas se 
utiliza de blocos. Piano aproveitou a irregularidades dos arremates do conjunto para 
projetar diferentes modelos e tamanhos de planta. Promovendo uma diversidade 
tipológica que atende uma pluralidade de núcleos familiares. 
 
Figura 16 - Análise da tipologia 
 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de (RPBW, acessado em 01.06.2020) 
37 
 
Figura 17 – Circulação Horizontal x Vertical 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de (RPBW, acessado em 01.06.2020) 
 
Analisando a distribuição dos espaços do apartamento mais comum. Fica 
visível como os apartamentos são mais compridos, dando vista para o jardim, 
projetado com a visão de planta livre, permite que sala seja voltada para dois terraços, 
pátio e vizinhança. As unidades são constituídas de 2 dormitórios, cozinha, sala de 
estar, banheiro dividido em 2 ambientes, 2 varandas. A ausência de uma área de 
serviço, se justifica visto a proposta de lavanderia coletiva, que funciona dentro da 
própria edificação (CASELLI,2007). 
 
Figura 18 - Plana Baixa das unidades tipo, Rue De Meaux 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de (RPBW, acessado em 01.06.2020) 
38 
 
4.1.3 Fachada, Materiais e Estrutura 
 
A estrutura é extremamente racionalizada em elementos pré-fabricados em 
concreto. Que ao mesmo tempo que compõem o esqueleto do prédio, dão forma a 
linhas que compõe a estética das fachadas. A ideia da modularidade vem da aplicação 
da agenda sustentável, visando diminuir o número resíduos de obra, e garantir que os 
materiais possam ser reciclados caso se decida que o edifício precisa ser 
“desmontado” (RPBW,2020). Nas fachadas Piano desenvolveu esbeltas placas de 
argamassa armada com fibra de vidro (GRC), organizadas em módulos. Esses 
módulos são formados por pacas de 90x90cm, e preenchidas com pequenas peças 
cerâmicas de 20x40cm, formando quase que um mosaico. Cada modulo pesava em 
média 45 kg, e garantia uma construção limpa e modularizada, e com uma estética 
bastante similar a edifícios de alto padrão (CASELLI,2007). 
 
Figura 19 - Fachada Rue de Meaux Paris 
 
 
Fonte: Adaptado pelo Autor de (RPBW, acessado em 01.06.2020) 
 
39 
 
4.2 ELEMENTAL LO BARNECHEA 
 
Lo Barnecheia é uma comunidade ao norte de santigo, uma região bem 
localizada que abriga umadas maiores concentrações de renda do Chile. Porém 
concentra um grande número de pessoas em assentamentos ilegais em situação de 
vulnerabilidade sanitária e social. No projeto Elemental Lo Barnechea, a equipe de 
Aravena desenvolve uma proposta em cima do sitio que a abrigava os antigos 
assentamentos precários ilegais um conjunto de 150 casas e uma sede social. 
 
Tabela 2 - Elemental Lo Barnechea 
Ficha Técnica 
Nº Casas 150 Superfície Inicial 44,5 m² 
Arquitetura Elemental Superfície Final 69,2 m², ampliação: 23m² 
Engenharia José Gajardo 
Entrega da obra Julho de 2010 
 
O projeto deixou cerca de metade de cada casa sem mobília com a planta 
livre para que, com o tempo, as famílias pudessem se apropriar da residência e 
acrescentar aquilo que lhes fazia sentido. Fato que é super importante, pois dá a 
liberdade e o orgulho dor moradores por suas casas, incentivam o 
autoaperfeiçoamento e um sentimento de lugar na sociedade. “Pense na fase final e 
em como o design pode facilitar a vida das famílias para alcançar esse padrão de 
renda média no futuro. É assim que a qualidade deve ser medida. E definitivamente 
não era assim que a habitação social estava sendo medida, e não como estava sendo 
projetada.” (ARAVENA,2014) 
 
Figura 20 - Casas Lo Barnechea 
 
Disponível em https://archello.com/story/38675/attachments/photos-videos/9 
 
40 
 
4.2.1 Forma e Implantação urbana 
 
A implantação do projeto se organiza a partir da separação do conjunto em 
núcleos tipo condomínio, com 20 habitações cercando um pátio comunitário. Onde a 
subdivisão dos espaços trás autonomia para cada condômino se apropriar do espaço, 
com níveis de organização mais íntimos entre os moradores. O que reforça as redes 
sociais e produz grupos de monitoramento nas calçadas. 
 
Figura 21 - Implantação do Conjunto Habitacional Lo Barnechea 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de (ARAVE,2016). 
 
A apropriação dos espaços internos vai sendo feita pelo conjunto de 
moradores que o cerca, ganhando vida e garantindo a manutenção urbana dos pátios. 
Neste projeto fica evidente a necessidade de trabalhar com um conjunto altamente 
racionalizado, o que resultou em espaços públicos pequenos. 
 
 
Figura 22 - Imagem Aérea Conjunto Habitacional Lo Barnechea 
 
Disponível em https://archello.com/story/38675/attachments/photos-videos/10 
 
https://archello.com/story/38675/attachments/photos-videos/10
41 
 
4.2.2 Tipologia e Planta Baixa 
 
Para resolver a problemática a Elemental utilizou uma variação da tipologia 
de habitação Renca e Temuco. Que consiste basicamente em: em primeiro núcleo de 
serviços, instalações, circulação, e estrutura em 1,5 metros de largura e um segundo 
núcleo com 3 metros de largura onde se desenvolve os cômodos. Tudo isso em 
pavimentos dentro de um volume de 4,5 x 6,0 metros. 
 
Figura 23 - Planta Baixa Lo Barnecheia 
 
Fonte: Adaptado pelo Autor de ARAVENA (2013) 
 
Diferente de maiorias dos projetos de Aravena o crescimento incremental se 
desenvolve na possibilidade de ampliação interna, por meio de entrepisos livres 
previamente estruturados. Podendo o morador ampliar no vazio junto ao mezanino, 
desenvolvendo um novo cômodo, além de acrescentar uma escada que dá acesso ao 
sótão. Cada casa possui 44 m² iniciais, já sendo ampliada chega ao total de total 69 
m², sendo dois andares, e mais o sótão (mansarda). O layout final com as ampliações 
proporciona uma habitação com sala/cozinha, três quartos, e banheiro. 
 
 
 
 
 
42 
 
Tabela 5: Dimensões de Espaço 
Nome do 
compartimento 
 
Área útil em m² 
Mobiliário 
existente 
Banheiro 3,20 m² Lavatório 
Sala de TV/Estar 7,40 m² - 
Cozinha 7,40 m² Cuba 
Dormitório 7,80 m² - 
Área de ampliação 1 
(Dormitório 2) 
10,32 m² - 
Área de ampliação 2 
(Dormitório 2) 
14,5 m² - 
Área Total 69,00 m2 - 
ÁREA TOTAL CONSTRUÍDA: 69,00 M² 
Fonte: Autor 
 
4.2.3 Fachada, Materiais e Estrutura 
 
As unidades da carcaça são entregues com acabamentos básicos - paredes 
de tijolos cerâmicos de baixa transmitância e excelente desempenho acústico são 
visíveis - e são expansíveis para dentro: a estrutura de concreto armado pode suportar 
as adicionais lajes leves de madeira que dão estrutura ao novo cômodo ; a cobertura 
é feita de aço galvanizado. 
 
Figura 24 – Corte LO BARNECHEA 
 
Fonte: Autor 
43 
 
5 ANÁLISE DA ÁREA DE INSERÇÃO DO PROJETO 
 
5.1 ANÁLISE DA INSERÇÃO REGIONAL 
 
O município de Rio do Sul está localizado na região do Alto Vale do Itajaí, no 
Estado de Santa Catarina, estando a cerca de 188 km da capital Florianópolis (figura 
x). O município é subdividido em 25 bairros, sendo o Bairro Canoas escolhido para a 
área de intervenção do projeto. 
 
Figura 25 - Localização do município de Rio do Sul 
 
Fonte: adaptado pelo autor de, IBGE 
 
A ocupação e o traçado dos primeiros lotes na região estudada sofreram 
influência da topografia local, caracterizada pela presença do rio, montanhas e vale. 
Sendo as primeiras picadas e caminhos abertos de maneira rudimentar pelos os 
imigrantes seguindo a perpendicular do alinhamento das margens dos rios para o 
interior do vale e tiveram influência na delimitação de novos lotes, que sempre 
buscava ter acessibilidade à água. 
Figura 26 - Cidade de Rio do Sul, Bairro Canoas e entorno 
 
44 
 
Fonte: Adaptado pelo autor de https://www.google.com/maps/ 
A cidade está localizada às margens da rodovia BR-470, principal via de 
acesso e de circulação de mercadorias e produtos. As rodovias estaduais SC-110 e 
SC-350 também servem de ligação ao município. O estado atual da rodovia BR-470 
e a sua sobrecarga de veículos têm acarretado grande problema para a população e 
empresas do município. Segundo estimativas do IBGE, em 2016, Rio do Sul contava 
com uma população de 68.217 habitantes, sendo considerado o 19º município mais 
populoso de Santa Catarina. No período 2016/2000, a taxa média anual de 
crescimento populacional foi de 1,8%, sendo que a população de 68.217 habitantes 
está distribuída em 261 km2, 261 habitantes por km2. (SEBRAE, 2018) 
 
Figura 27 - Densidade demográfica dos municípios do Cluster – 2016 
 
Fonte: IBGE – Diretoria de Estatística, Geografia e Cartografia – Estimativa Populacional 2016. 
Figura 28 - Densidade demográfica da área objeto do trabalho. 
 
https://www.google.com/maps/
45 
 
Fonte: Adaptado pelo Autor. 
5.2 ANÁLISE DO ENTORNO 
 
O Bairro Canoas onde vai ser posicionado o projeto se posiciona em um local 
estratégico entre o a área central e a BR-470, sendo um território de grande vitalidade 
urbana, e bem provido de equipamentos públicos. O terreno da proposta fica 
localizado entre um espaço altamente qualificado, porem que contem a limitação de 
estar em uma área passiva a alagamentos, o que ocorre em boa parte da cidade que 
são atingidas por enchentes em uma média de 3 a 4 vezes por década. 
Por essa configuração negativa, e outras mais, como o nível de ruído 
proveniente do elevado, possibilitaria um maior valor de barganha sobre os valores 
dos terrenos. O que possibilita que o princípio de alocar os conjuntos em áreas bem 
localizadas seja colocado em prática. A figura abaixo elucida com as enchentes 
ocupam a área do terreno. 
 
Figura 29 - Áreas alagáveis 
 
Fonte: Adaptado pelo Autor, mapa Defesa Civil. Disponível em: 
https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1BFoe-q2LJHLd66R0MpianejE30_XYkdo 
 
https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1BFoe-q2LJHLd66R0MpianejE30_XYkdo
46 
 
 
Quanto aos usos pode se observar através da figura XX, a predominância do 
uso residencial entre as quadras, porém com focos de uso misto e comercial fronte a 
as vias coletoras, concentrado principalmente na Rua Princesa Isabel. O bairro 
contem a presença industrial em edificações adjacentes a BR-470, elencando uma 
das 3 rotas da entrada da cidade pela BR-470. 
 
Figura 30 - Mapa de Uso e Ocupação de Solo 
 
Fonte: Adaptadopelo Autor. 
 
47 
 
 
O bairro também possui a característica grande presença de equipamentos 
urbanos como: o maior parque da cidade (Parque Harry Hobus), o mercado público 
municipal, no qual se dispõe a abrigar os pequenos comerciantes da agricultura e 
pecuária local, o ginásio municipal, bem como o estágio municipal e outros serviços 
educacionais e de interesse público. 
 
Figura 31 - Equipamentos de Interesse Público 
 
Fonte: Acervo do Autor 
 
O sistema viário é organizado, sendo de baixo tráfego nas vias locais, porem 
tem uma grande concentração na via coletoras. O transporte coletivo acessa as vias 
coletoras do bairro, tendo como rota a Rua Princesa Isabel, atendendo em pelo menos 
6 horários diários. 
 
48 
 
Figura 32 - Mapa Viário 
 
Fonte: Acervo do Autor 
 
O Bairro Canoas possui em sua grande parte do território dotado por áreas de 
preservação permanente, e amplas áreas de vegetação de mata Atlântica. Tais 
vegetações estão concentradas nos fundos de vale, juntamente as margens do Rio 
Itajaí açu, onde se encontra a maior parte da área de preservação permanente (APP). 
 
Figura 33 - Mapa Ambiental 
 
49 
 
Fonte: Acervo do Autor 
 
5.3 ANALISE DO TERRENO 
 
O terreno proposto está localizado entre a Rua Vila Ipiranga x R. Princesa 
Isabel x Rua Fernando Silva. A área total do terreno vem da unificação de 5 terrenos 
dispostos ao lado do Parque municipal Harry Hobus, contendo no total 11.168,15 m². 
O espaço contém uma única edificação existente que no caso seria demolida para dar 
espaço ao conjunto. A geometria do terreno é irregular, fazendo frente para 3 ruas. 
 
Figura 34 - Terreno da Proposta 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo do Autor 
50 
 
 
Figura 35 – Vista Frontal do Terreno 
 
Fonte: Acervo do Auto 
 
 
O conjunto de imagens abaixo ilustram a relação terreno/entorno. A Rua 
Fernando Silva (quadro 01) oferece infraestrutura adequada com saneamento e 
pavimentação, porém contem calçadas estreitas e incessíveis para transeuntes de 
mobilidade reduzida. A conexão do terreno com a Rua Princesa Isabel (quadro 02) 
ocorre através de um muro de contenção apresenta um desnível de aproximadamente 
4 metros, o que potencializa o nível de complexidade do projeto. O terreno apresenta 
pequenos desníveis e vegetação não nativa na sua maioria (quadro 03) e (quadro 04). 
 
Figura 36 - Entorno terreno da proposta 
 
Fonte: Acervo do Auto 
51 
 
6 DIRETRIZES PRELIMINARES DE PROJETO 
 
6.1 DIRETRIZES URBANÍSTICAS 
 
6.1.1 PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO 
 
Segundo plano diretor de Rio do Sul, o terreno está localizado na ZR3 – Zona 
Residencial de Alto Adensamento. De modo é uma área de predominância 
habitacional, com muito potencial de adensamento. A zona também autoriza 
edificações de comercio e indústria, levando em consideração o porte, nível de 
degradação ambiental e polo gerador de tráfego. A tabela abaixo ilustra as 
possibilidades construtivas na lei vigente. 
 
Tabela 3 - Diretrizes Urbanísticas 
ZR3 – ZONA RESIDENCIAL DE ALTO ADENSAMENTO 
Índice de Aproveitamento Básico 5,00 > Máximo 6,50 
Taxa de Permeabilidade do solo 5% 
Taxa de Ocupação máxima 80% 
Afastamento frontal 4,00 
Afastamento lateral e fundos H-9/6 
Gabarito de Altura 10/12 Pavimentos 
 
 
Quanto as diretrizes do projete então seguirão as normas municipais vigentes, 
sendo as principais: 
• Plano Diretor do município de Rio do Sul (L.C. n°163 e seus anexos) 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 001/2014 (Orienta quanto aos 
procedimentos adotados para análise de projetos e registro de 
edificações multifamiliares verticais e horizontais, que configurem 
condomínio, no município de Rio do Sul.) 
• INSTRUÇÕES NORMATIVA CBMSC (Todas vinculadas ao projeto de 
conjuntos multifamiliares) 
52 
 
 
6.2 CONCEITO 
 
Baseado no princípio de Incrementalidade que vem se aprimorando, e em 
conformidade com a meta 11 do SDG¹, que visa tornar cidades e assentamentos 
humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. O conceito propõe o que foi 
chamado de HIM (Habitação Incremental Mista) onde se visa a promoção da 
flexibilidade arquitetônica, a integração de sociedades excluídas geograficamente da 
do núcleo da cidade, com o desenvolvimento de uma edificação polivalente, apta a 
usos mistos. 
O símbolo conceito simboliza a habitação HIM: Habitação, visando a promoção 
do mais nobre patrimônio do homem. Dos serviços, visando uma sustentabilidade 
urbana e econômica. E enfim do Lazer, fonte do equilíbrio da sociedade. 
 
Figura 37 – Conceito do Projeto 
 
Fonte: Desenvolvida pelo Autor 
 
 
53 
 
6.3 DIRETRIZES DE PROJETO 
 
Aqui serão apresentadas as métricas para o projeto de habitação de interesse 
social HIM – CANOAS, contendo as métricas propostas para o projeto. 
 
6.3.1 Métricas Urbanísticas 
 
• Estabelecer uma conexão harmônica do projeto com a paisagem; 
• Promover via propostas urbanas o uso das calçadas e de modais 
sustentáveis, como a bicicleta e o transporte coletivo, num entorno de 
300 metros da edificação. 
• Desenvolver o projeto das habitações a níveis seguros de enchente, 
privilegiando para garagem e comércios os níveis em risco. 
• Se utilizar da ecogênese para a reconstituição de ecossistemas 
parcialmente ou totalmente degradados circundantes, valendo-se de 
uma re-interpretação do ecossistema através do plantio de espécies 
vegetais autóctones. 
• Revitalizar ambientes em baixo do Elevado Dep. José Thomé e 
entorno. 
 
6.3.2 Métricas Arquitetônica 
 
• Estabelecer modelo tipológico de habitação “incremental”, com 
possibilidade de ampliação interna ou externa de ambientes, ou a 
flexibilização seus usos sem comprometer a habitabilidade e a 
integridade visual do conjunto. 
• Adaptar conceitos globais de sustentabilidade para edifícios a 
problemática local, associando o projeto a técnicas de design biofílico; 
• Planejar ambientes com o Layout. Flexível, se possível com vedações 
leves. 
• Projetar unidade dentro de um orçamento realizar do programa MCMV 
 
54 
 
6.4 PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJETO 
 
Aqui será apresentado neste tópico, uma breve análise sobre o potencial de 
construção do terreno, o programa de necessidades (estabelecendo áreas estimadas) 
e o Fluxograma. No tópico final é apresentado uma proposta de implantação urbana 
preliminar, ainda inicial, com o foco nas potencialidades do terreno. 
 
6.4.1 ANÁLISE DE POTÊNCIAL CONSTRUTIVO 
 
POTÊNCIAL CONSTRUTIVO (ZRE) 
Terreno Unificado 12.500 m² 
Índice de Aproveitamento máx. 81.250,00 m² (máx.) 
Ocupação máxima 9.680 m² 
Gabaritos 10/12 Pavimentos 
Afastamento Frontal 4,00 m 
 
6.4.2 Programa de Necessidades e pré-dimensionamento 
 
Programa de Necessidades da Habitação 
 Ambientes Mobiliário Fixo Área útil em m² 
Serviços 
Lavação 6m² 
Cozinha Cuba 9m² 
Área total do setor: 15m² 
Social 
Jantar/ Estar / TV 9m² 
Banheiro 3,9m² 
Varanda 10m² 
Área total do setor: 22,9m² 
Intima 
Dormitório 1 9m² 
Dormitório 2 8m² 
Dormitório + (Adicional) 9m² 
Área total do setor: 26m² 
ÁREA TOTAL ESTIMADA: 63,90 m² 
 
55 
 
 
Programa de Necessidades Geral 
Unidades de habitação 100 Unidades 65m² 
Unidades Comerciais 20 Unidades 100m² 
Área de Lazer coberta 02 Unidades 150m² 
Estacionamento 80 Unidades - 
 
 
 
6.4.3 Fluxograma 
 
Figura 38 – Fluxograma Preliminar 
 
Fonte: Autor 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
6.4.4 Proposta de Implantação do Projeto 
 
Buscando um melhor aproveitamento do terreno de formato irregular a 
proposta pretende atender de maneira dinâmica o conceito de implantação perimetral. 
Se aproveitando da topografia encontrada no terreno, e os problemas do nível 
suscetível a enchente para os estacionamentos, áreas de lazer e pequenos 
comércios, e elevando as residenciais para um nível seguro. A proposta Urbana deve 
unificar o conjunto habitacional Canos ao Parque Municipal Harry Hobus de maneiraharmônica, conectando o conjunto ao ambiente natural. Entre os 3 espaços de lazer 
exemplificados abaixo, o pátio interno do conjunto se constituísse de uso privado dos 
moradores, enquanto dois pequenos espaços públicos, dão qualidade ao ambiente 
urbano exterior. 
 
Figura 39 - Proposta de Implantação do Projeto 
 
 
57 
 
Fonte: Autor 
O conceito de escalonamento deverá ser utilizado como ferramenta 
garantidora de insolação e ventilação adequada as unidades residenciais como retrata 
a ilustração preliminar abaixo. Ao se combinarem essas necessidade iniciais a 
tipologias flexíveis do desenho incremental, é necessário ainda na continuação deste 
trabalho trabalhar na resolução de uma série de condicionantes : como a localização 
dos acessos em cada habitação, como trabalhar a estrutura em uma obra 
racionalizada, o número de fachadas livres em contraponto dos terraços, a disposição 
racional das áreas de serviços e a tipologia associada a cada residência. É notório 
que todas estas condicionantes se conectam em uma equação, afetando-se umas às 
outras. 
 
Figura 40 - Modelo ainda preliminar da edificação vista da Rua Princesa Isabel 
 
 
Fonte: Autor 
 
 
 
58 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Por muitos anos a Habitação Social foi vista por políticos e arquitetos como um objeto 
que oportunizava de promoção do seu nome através do formalismo (Pedregulho¹), ou 
comprovação teóricas (Unite d' Habitation²), hoje aparentemente no cenário nacional 
não passa rentabilidade imobiliária ou propagadíssimo político. A solução para a crise 
habitacional passa muito longe da estratégia historicamente mais adotada para 
solucionar o problema, construir grandes blocos rígidos em altura, de modo a abrigar 
o maior número possível de pessoas na menor área de implantação, em terrenos 
periféricos, mas sim trabalhar a polivalência e a flexibilidade de sistemas dentro onde 
as coisas acontecem, nos centros urbanos¹. “Substituir a lógica reducionista por um 
princípio de síntese.” 
Este trabalho documenta basicamente o inicio de uma pesquisa sobre 
habitações socias e o desenho incremental, aqui mais especificamente tratado, nas 
obras do coletivo ELEMENTAL, e análise teórica abordado no livro “Manual de 
Vivenda Incremental y Diseño Particiativo”. Porem existe uma infindável serie de 
teóricos retratando o conceito da flexibilidade tipológica, bem como da 
sustentabilidade urbana. É verdade que ao logo dessas 50 páginas conseguimos 
alencar alguns conceitos, porém a obra só estabelecera completitude ao findar do 
nosso projeto modelo, que será produzido em um segundo módulo. Continuará... 
 
 
1 
 
1 Conteúdo se embasa no tópico 2.3.1 
² Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) 
³ Unite d' Habitation / Le Corbusier 
59 
 
REFERÊNCIAS 
ARAVENA, Leandro. Elemental: Incremental Housing and Participatory Design Manual. 
Edição 1. Hatje Cantz Verlag, 2016. 512 p. 
ALEXANDER, Christopher; ISHIKAWA, Sara; SILVERSTEIN, Murray. A PATTERN 
LANGUAGE: towns - buldings - construction. New York: Oxford University Press, 1977. 313 
p. 
BENETTI, Pablo. Habitação Social e Cidade: desafios para o ensino de projeto. Rio de 
Janeiro: Rio Book's, 2012. 104 p. 
BRANDAO, Douglas Queiroz. Disposições técnicas e diretrizes para projeto de 
habitações sociais evolutivas. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 73-96, 
abr./jun. 2011. 
CORTADO, Thomas. 2018. À beira da cidade. Tese de Doutorado em Antropologia social, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
EDWARDS, Brian. O guia básico para a sustentabilidade. Barcelona: Editora G. Gili, 
2005. 226 p. 
FARR, Douglas. Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza. Tradução: 
Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2013. 
GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. 262 p. 
HABRAKEN, N.J. Supports: an alternative to mass housing. Architectural Press, 1972. 
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 3. ed. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 
2011. 296 p. 
LIMA, Fernando. Métricas Urbanas: abordagens paramétricas no planejamento de bairros e 
cidades sustentáveis. São Paulo: Editora Ufjf, 2019. 163 p. 
LOTUFO, José Otávio. Habitação Social para a Cidade Sustentável. 2011. 157 f. 
Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 
São Paulo, 2011. 
LUCINI, Hugo Camilo. Habitação Social: procurando alternativas de projeto. Itajaí: Ed. 
Univali, 2003. 131 p. (Série Raíz). 
DOS SANTOS, Marco Gui Alves. Flexibilidade e mutação Proposta de um sistema 
modular flexível para habitação colectiva na Covilhã. 158 p. Covilhã, 2012 
 
RUE DE MEAUX HOUSING 
http://www.rpbw.com/project/rue-de-meaux-housing 
 
WRI BRASIL. Minha Casa, Minha Vida: construir perto do centro é sinônimo de 
economia e qualidade de vida. https://wribrasil.org.br/. [Online] 26 de 03 de 2018. 
 
http://www.rpbw.com/project/rue-de-meaux-housing

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