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27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 1/32 AVALIAÇÃO E CURRÍCULO CAPÍTULO 2 - O QUE UM CURRÍCULO QUER? Vanessa Regina Eleutério Miranda INICIAR Introdução A pergunta que dá título a este capítulo nos remete aos objetivos de uma proposição curricular, implementada no contexto das escolas. Para respondê-la, é necessário pensar nas diferentes dimensões que caracterizam um currículo e, também, nos sentidos atribuídos a esse artefato cultural. Tomando o currículo como um campo de luta, no qual processos de significação social disputam para definir o que deve ou não compor um currículo, refletiremos sobre os procedimentos de elaboração e de funcionamento de currículos escolares. Ao longo deste estudo, trataremos de aspectos relativos à definição dos conhecimentos que compõem o currículo escolar, enfatizando como esses saberes são elaborados e reelaborados a partir dos diferentes campos de conhecimento até chegarem às salas de aula. Dessa maneira, você entenderá um pouco mais sobre as razões pelas quais alguns conhecimentos são privilegiados, enquanto outros não são considerados – quando não negados e silenciados. Nesse aspecto, perceberá como as vozes de certos grupos são menos presentes nas elaborações curriculares, bem como esse processo de exclusão cultural tem reflexos na construção das identidades culturais e na criação de preconceitos e estereótipos de raça e etnia, de gênero e de sexualidade. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 2/32 Nosso foco é tanto nas questões objetivas da elaboração dos currículos, quanto nas dimensões ideológicas do processo, ou seja, nas relações de poder que tornam o currículo uma arena de disputas. Quais são os tipos de currículo? Como eles se materializam? A que tipos de práticas e/ou pensamentos eles estão vinculados? Essas são algumas questões que tentaremos responder. Bom estudo! 2.1 Currículo: questões de seleção, organização e distribuição do conhecimento O currículo é a materialização de uma seleção de conhecimentos no interior da cultura, onde alguns saberes são selecionados em função de necessidades específicas do contexto e com influência de grupos culturais hegemônicos. A despeito dos teóricos tradicionais defenderem a ideia de que certos saberes são universais e necessários, devendo ser aprendidos por todos os estudantes, independentemente de sua origem social ou de seus interesses, o pensamento crítico nos demonstrou que os conhecimentos escolares são expressões das relações de poder presentes na sociedade, que podem favorecer a reprodução de assimetrias e a produção das desigualdades. Nessa perspectiva, a organização curricular passa a ser vista como não neutra, e a escola pode ser entendida como uma instituição capaz de contribuir para a superação das injustiças ou somente para manter o status quo. Os processos de seleção, de organização e de distribuição do conhecimento assumem lugar de relevância na perspectiva crítica, na medida em que nessas três etapas se materializam as intenções e escolhas do currículo, que refletem o perfil de uma da sociedade e de um tempo. Há um consenso no entendimento de que o conhecimento escolar é um tipo de conhecimento diferente daquele produzido e veiculado em outras instâncias. Mesmo se tratando dos conhecimentos produzidos pelos campos disciplinares, que acabam definindo, em grande medida, o que é o conhecimento escolar, não é possível dizer que os conhecimentos acadêmicos são idênticos aos conhecimentos presentes no currículo escolar. Podemos destacar um elemento essencial no entendimento do que é o conhecimento escolar: é um conhecimento mediado pedagogicamente (LOPES; MACEDO, 2011). 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 3/32 A mediação pedagógica do conhecimento pode acontecer de diferentes maneiras ou a partir de diferentes elementos. Basicamente, o campo da didática, assim como o campo do currículo são áreas de estudo que buscaram compreender como essa mediação ocorre. Os dois campos consideram, entretanto, a influência da cultura escolar nessa definição, sobretudo, como um discurso (pedagógico) regulativo, ou seja, um discurso que controla tanto o que é conhecimento, quanto como ele é ensinado. Dois autores são referência para se pensar o conhecimento escolar, levando em consideração a mediação didática e o discurso pedagógico. No campo da didática, o francês Yves Chevallard, com o conceito Transposição Didática. No campo do currículo, o inglês Basil Bernstein e seu conceito de recontextualização. Nesse tópico abordaremos as principais características e as diferenças existentes entre esses dois referenciais. Figura 1 - A mediação pedagógica do conhecimento pode ocorrer a partir de elementos distintos. Fonte: Poznyakov, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 4/32 2.1.1 A Transposição Didática Chevallard desenvolveu o conceito de Transposição Didática a partir de seus trabalhos no âmbito da Matemática. Sua preocupação central era entender as diferenças epistemológicas entre o conhecimento matemático produzido por especialistas e o conhecimento matemático ensinado na escola. Em suas análises, percebeu que a matemática escolar poderia ser entendida como uma simplificação da matemática acadêmica, feita por meio de um processo de deslocamento de um local (academia) a outro (escola). Todavia, de acordo com o teórico há uma modificação nos conceitos originais, presentes no conhecimento científico, de modo a favorecer uma descontextualização, uma destemporização e uma despersonalização desse conhecimento. O conhecimento científico é assim deslocado das questões que o originam, deslocado do período histórico em que foi produzido e deslocado das pessoas e das práticas que o produziram. Esse deslocamento acontece porque o foco do ensino escolar é em apenas parte do conhecimento, ou seja, se refere a uma seleção no conjunto de conhecimentos produzidos (CHEVALLARD, 2002). 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 5/32 De acordo com Lopes e Macedo (2011, p. 97), Chevallard considera que a Transposição Didática “[...] é precisamente a transição de um conhecimento, considerado uma ferramenta a ser colocada em uso, para algo a ser ensino e aprendido”. Esse processo de transição é feito por professores e professoras, mas em uma relação entre estes e os estudantes, bem como pelo próprio conhecimento a ser ensinado. Isso significa dizer que o conhecimento é compatibilizado com a realidade em que ele será ensinado e submetido às regras e normas, às exigências do contexto social e aos objetivos da instituição escolar. Figura 2 - Transposição Didática: a transição do conhecimento acadêmico para o conhecimento escolar é feita pela professora. Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 6/32 O conhecimento escolar só adquire legitimidade se for socialmente adaptado, de modo que possa ser ensinado. Caso contrário, não haveria sentido para um determinado conhecimento fazer parte do currículo. A Transposição Didática é feita por uma estrutura que controla os modelos de transposição. Essa estrutura é chamada de noosfera do sistema. Nessa noosfera, há atores que envolvem os círculos da pesquisa e do ensino, como pesquisadores, associações científicas, especialistas, representantes e gestores dos sistemas de ensino, professores, e que sãoresponsáveis por pensar e prescrever o currículo e as práticas pedagógicas. Nesse currículo e nessas práticas pedagógicas se estabelecem as distinções entre o conhecimento científico e o conhecimento escolar, de modo que eles se tornam epistemologicamente distintos. 2.1.2 A recontextualização do currículo A teorização de Bernstein sobre o conhecimento escolar é considerada, por especialistas do campo curricular, mais ampla e mais complexa do que a de Chevallard. O conceito de recontextualização está ancorado em uma análise das relações de classe, de grupos sociais (elites e camadas populares, ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, entre outros) e da distribuição desigual de poder entre eles. Para Bernstein (1996), a comunicação pedagógica se corporifica por meio de padrões de dominação externos a ela, reproduzindo as hierarquizações e assimetrias presentes na sociedade. Esses padrões de dominação são levados ao sistema escolar através de um transportador, que ele chama de dispositivo pedagógico. O dispositivo pedagógico opera com a mesma lógica da do dispositivo linguístico, no qual o padrão é um sistema de regras formais que orientam as atividades de escrever e de falar. O grande problema é que esse sistema de regras formais do dispositivo linguístico é definido a partir de relações de classe, da interação social e da cultura. Em síntese, o dispositivo linguístico padrão é um código, que tem origem nos modos de vida e de pensamento das elites e classes dominantes. O teórico afirma que o dispositivo pedagógico trabalha como um condutor da mensagem pedagógica, tendo regras relativamente estáveis, definidas também pelos códigos de classe. Desse modo, enquanto a comunicação pedagógica é o condutor, as relações de classe (valores) são aquilo que é conduzido. Assim, não importa qual é o conhecimento ensinado, ele sempre será introduzido nos currículos seguindo determinadas regras ditadas pelo dispositivo pedagógico, o que 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 7/32 o torna um conhecimento carregado de valores e crenças morais e éticas sobre o que deve ser selecionado, organizado e distribuído, bem como a quem esse conhecimento se destina (BERNSTEIN, 1996). A recontextualização é uma das regras do dispositivo pedagógico. Ela não é criada e desenvolvida por uma pessoa ou por um professor. Ela surge a partir de contextos recontextualizadores específicos, que reposicionam os diferentes textos sociais. O processo de recontextualização envolve simplificações, reduções, sínteses e recriações ou reelaborações do conhecimento. Nesse sentido, o conhecimento não é apenas deslocado de um contexto ao outro. Ele é modificado. Partes do conhecimento original (que pode ser o conhecimento científico) são aproveitadas, e outras podem ser descartadas ou desconsideradas; releituras são feitas, e novos saberes podem ser incorporados até que ele se transforme em conhecimento escolar. O conhecimento produzido passa por filtragens e modificações em diferentes contextos: o contexto de produção (o campo científico, pesquisadores), o contexto recontextualizador político e estatal (o governo, ministérios e secretarias), o contexto recontextualizador pedagógico (especialistas em educação, pedagogos, faculdades de educação, revistas especializadas), o contexto de reprodução (escolas). Basil Bernstein (1924-2000) foi um sociólogo britânico, professor da Universidade de Londres, que desenvolveu a Teoria dos Códigos Linguísticos. Seu trabalho favoreceu a compreensão das relações de poder presentes nas escolas. Um de seus livros, publicado no Brasil pela editora Vozes (1996), é “A Estruturação do Discurso Pedagógico: classe, códigos e controle”. Leia também o artigo “A Pedagogização do Conhecimento: estudos sobre recontextualização”, disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf (http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf)>. Os estudos sobre recontextualização nos auxiliam a compreender que há uma rede intrincada de produção/reprodução do conhecimento, materializada pelo currículo. Esse entendimento nos favorece perceber as nuances de cada discurso e a influência de cada contexto recontextualizador nas elaborações curriculares. Mais VOCÊ QUER LER? http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 8/32 que isso, o conceito de recontextualização nos faz ver como e porque o currículo, mesmo sendo planejado igualmente para todos, não se concretiza da mesma forma em todos os sistemas e instituições de ensino. 2.1.3 Dilemas e controvérsias da definição curricular As diferentes visões sobre o currículo e sobre os processos de seleção, organização e distribuição do conhecimento geram alguns embates no campo educacional. Qual a melhor opção ou o melhor caminho? Essa é uma questão que será respondida a partir de escolhas que são sempre parciais e incompletas. Esse questionamento nos leva aos aspectos que são considerados dilemas e controvérsias da definição curricular, ou seja, aos aspectos que não são consenso no campo do currículo. Santos (2001) aponta cinco dos principais dilemas e controvérsias do currículo: currículo acadêmico versus currículo não acadêmico; currículo por disciplinas versus currículo integrado; universalismo versus multiculturalismo; ensino propedêutico versus formação profissional; formação humana versus competências. Faremos, aqui, uma síntese dos principais aspectos que estão em debate em cada um dos dilemas do currículo. No dilema entre currículo acadêmico e currículo não acadêmico, o que está em pauta é uma polarização entre dois modelos curriculares. No currículo acadêmico há uma organização hierárquica do conhecimento no currículo, por meio de disciplinas, em que os estudantes considerados mais hábeis são o foco. Ou seja, é um currículo voltado para um grupo específico de alunos, considerados mais bem-sucedidos. Esse modelo de currículo é centrado na linguagem escrita, no individualismo, no desempenho ou mérito, na abstração e no distanciamento dos problemas e questões da vida cotidiana (descontextualizado). Seu oposto é o currículo não acadêmico, que se caracteriza por romper com a lógica disciplinar e com a organização sequencial de conhecimentos, trabalhando a partir de temas relacionados à vida cotidiana e buscando interagir com as diferentes áreas de conhecimento na medida da necessidade. A ênfase está mais na experiência, na inserção social e na vida cultural, do que nos saberes abstratos. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&cd… 9/32 No caso da controvérsia entre o currículo por disciplinas e o currículo integrado, o que está em jogo é a separação dos conhecimentos em disciplinas, trazendo para a escola o conhecimento científico didatizado, ou a integração de conhecimentos como busca de soluções para problemas reais da vida. No currículo por disciplinas, a fragmentação dos saberes é utilizada para favorecer o ensino do conhecimento científico, de modo abstrato e distanciado da realidade, tendo uma organização prévia de qual é o início, o meio e o fim desse ensino. Já no currículo integrado, as questões e problemas da realidade é que definiriam quais Figura 3 - O currículo acadêmico é centrado na linguagem escrita. Fonte: Elena Kharichkina, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 10/32 conhecimentos devem ser buscados e quando isso deve acontecer. Não há uma preocupação de hierarquizar ou de dispor esses saberes a priori, na medida em que buscá-los depende da necessidade. No dilema entre universalismo e multiculturalismosão colocados em questão os tipos de conhecimentos a comporem o currículo. Para o universalismo, existem saberes universais, que não têm vínculos com indivíduos ou grupos específicos e que devem ser ensinados a todos, indistintamente. Para o multiculturalismo, contudo, os saberes são produzidos e distribuídos de modo a favorecer grupos que possuem maior poder na sociedade. Sua defesa é pela valorização da diversidade e da diferença de conhecimentos e de saberes, de modo a valorizar os diferentes grupos sociais equitativamente. Naquilo que se refere ao ensino propedêutico versus a formação profissional, o debate se centra nos objetivos do currículo. Formar para quê? No primeiro caso (ensino propedêutico) o objetivo é a formação preparatória para ensinos posteriores, como o ingresso no ensino superior. Assim, o ensino propedêutico é coerente com o currículo acadêmico e com a lógica disciplinar, além de valorizar o pensamento universalista. A formação profissional, por sua vez, se refere a um currículo voltado para a formação de mão de obra especializada para o mercado de trabalho. Desse modo, o currículo é centrado em conhecimentos mais técnicos e práticos, do que para conhecimentos abstratos. Quanto à disputa travada entre a chamada formação humana e o currículo por competências, podemos dizer que, no primeiro caso, a educação se volta para as diferentes dimensões da formação humana, considerando aspectos cognitivos, emocionais, físicos, políticos e sociais. Muitas vezes, esse tipo de formação é chamado de formação integral. No currículo por competências o foco está no desenvolvimento de capacidades práticas e operativas de resolver problemas. Para os críticos do currículo por competência, entre os quais Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo (2011), ter esse foco no currículo promove a alienação dos estudantes, na medida em que não favorece o desenvolvimento do pensamento crítico e emancipador. A ideia de competência estaria, desse modo, mais centrada nos aspectos técnicos do fazer humano (tecnicismo) do que nos próprios seres humanos. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 11/32 2.2 Currículo e diversidade (questões de diferença e identidades) O campo curricular, que no início do século XX se orientava por uma visão mais tradicional e técnica de currículo, após a teorização crítica passou a analisar a escola e o currículo a partir das relações sociais, com ênfase na reprodução cultural das desigualdades escolares, originadas na estrutura socioeconômica da sociedade capitalista. O momento era de efervescência, e os diferentes movimentos sociais tornaram explícito que as reflexões acerca dessas desigualdades não poderiam discutir apenas a categoria classe social. Assim, outros estudos e pesquisas vão se voltar para outros aspectos socioculturais, como para as relações de raça/etnia, para as relações de gênero e de sexualidade. As primeiras análises voltadas para as complexas relações de gênero e de raça/etnia nas práticas escolares concentraram-se, principalmente, para as questões de acesso à educação e ao currículo. No caso das relações de gênero, as análises trataram das diferenças de tratamento dispensadas a meninas e meninos, no processo de escolarização. No caso das relações de raça/etnia, o principal objetivo foi mapear e analisar os fatores envolvidos no fracasso escolar de alunos pertencentes a grupos étnico-raciais minoritários. Embora muitos destes estudos enfocassem os mecanismos geradores do fracasso escolar (BOURDIEU; PASSERON, 2011; BOWLES; GINTIS, 1976), a maioria não buscou examinar os conteúdos curriculares como uma das causas desse fenômeno. Posteriormente, os estudos curriculares tratando das questões de raça/etnia, gênero e sexualidade abordaram outros aspectos (PINAR, 1995), considerados mais complexos, na medida em que o foco é naquilo que o currículo gera ao veicular certos tipos de narrativas. As narrativas sobre gênero, sexualidade e raça/etnia são práticas discursivas importantes e poderosas, que estão perpassadas por relações de poder. Essas narrativas se manifestam através do conhecimento selecionado, organizado e distribuído, e se referem àquilo que estudantes se tornarão como sujeitos sociais, uma vez que ajudam a construir as identidades desses sujeitos. No entanto, é necessário dizer que, mesmo tentando estabelecer e fixar identidades hegemônicas, os significados dessas narrativas curriculares, definitivamente, não são fixos. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 12/32 Há uma ação de contestação e de luta pelo significado, presente no processo de produção e de recepção desses discursos (SILVA, 2015; PINAR, 1995). Podemos dizer que, permeando as narrativas curriculares, existe tanto a ambição deformar identidades fixas quanto à existência de uma força contrária, um movimento em que essas identidades são questionadas, disputadas e contestadas. Mas como isso acontece em cada uma das dimensões culturais mencionadas (raça/etnia, gênero e sexualidade)? Responderemos na sequência. 2.2.1 A dimensão das relações étnico-raciais Podemos dizer que o corpo de um texto curricular está perpassado por narrativas que abordam questões étnico-raciais, implícita ou explicitamente. A atitude de silenciamento de temáticas consideradas polêmicas é prática usual e, por isso, as culturas e vozes negadas e silenciadas nas elaborações e nas práticas curriculares são chamadas de campos de silêncio no currículo (SANTOMÉ, 1995; SANTOS; PARAÍSO, 1996). Teóricos do campo curricular, a exemplo de Silva (2015), Lopes e Macedo (2011) e Santomé (1995), creem que essas narrativas podem proporcionar a celebração de mitos sobre a origem nacional que acabam por legitimar o privilégio e o poder dos grupos raciais dominantes. Assim, as identidades dos grupos raciais dominados poderiam, repetidas vezes, ser abordadas como exóticas e/ou folclóricas. É neste sentido que o currículo se estabelece como uma narrativa que inclui a questão racial – ao abordá-la, direta ou indiretamente, ou ao silenciá-la. Estando perpassadas por questões de poder, as narrativas sobre raça e etnia constituem-se em práticas discursivas influentes, uma vez que o conhecimento incorporado pelo/no currículo está relacionado àquilo que os/as estudantes se tornarão como sujeitos sociais. Todavia, há que se ressaltar que, mesmo tentando estabelecer e fixar identidades hegemônicas, os significados dessas narrativas curriculares não são, definitivamente, fixos. Como dissemos, há um processo de luta e de contestação pelo significado, presentes no processo de produção e recepção dos discursos. Isto significa dizer que, entre as narrativas curriculares, existe tanto a pretensão da formação de identidades fixas, quanto um movimento em que essas identidades são questionadas, tornando-se objeto de disputas e de contestação. O currículo é, dessa maneira, atravessado por diferentes discursos que interrogam os alunos, assim como por outras narrativas presentes na sociedade. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 13/32 Segundo Silva (2015), Lopes e Macedo (2011) e Pinar (1995) os estudos do campo curricular afirmam que o currículo é étnica e racialmente centrado. As experiências e conhecimentos considerados legítimos para serem ensinados são originados do pensamento de povos e culturas com maior poder. Desse modo, dizemos que o currículo é eurocêntrico e branco, uma vez que, tradicionalmente, não fazem parte do repertório de conhecimentos a compor um currículo os saberes de povos marginalizados, como os indígenas, os africanos, os árabes, os latino-americanos, os indianos, entre outros com menos poder e prestígio (SILVA, 2015). Os conhecimentos produzidos por essespovos, suas práticas e tradições, seu valores e crenças não são sequer mencionados, na maioria das vezes, ou são tratados como exóticos e incivilizados. Figura 4 - Dimensões da cultura. Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 14/32 CASO No Dia da Consciência Negra (celebrado no Brasil em 20 de novembro), a coordenadora pedagógica da escola orientou que todas as aulas deveriam abordar a questão étnico-racial. Na aula de português, para fugir da tradicional leitura e interpretação de texto sobre o Quilombo dos Palmares, a professora pediu, sem fazer qualquer discussão prévia, que os estudantes procurassem o significado de brancos, negros e índios na cultura brasileira. Por falta de uma orientação cuidadosa, um grupo seguiu a proposta ao “pé da letra” e retirou do dicionário Aurélio as seguintes definições, colocando no trabalho (FERREIRA, 1999, s. p.): Branco: “Brilhante. Da cor da neve, do leite, da cal. Alvo, claro, translúcido. Homem de pele clara. Sem mácula, inocente, puro, cândido, ingênuo. Pessoa de alto nível social. Incapacidade de recordar-se de algo”. Índio: “Indivíduo pertencente a qualquer um dos povos aborígines das Américas. Certo tipo de papagaio. Valentão”. Negro: “De cor preta. Diz-se de indivíduo de etnia ou raça negra. Sujo, encardido, preto. Muito triste. Melancólico, funesto, lutuoso. Maldito, sinistro. Perverso, nefando. Escravo. ‘Trabalhar como um negro’. Trabalhar muito". O reconhecimento de que o currículo pode ser trabalhado como um conjunto de múltiplas narrativas é imprescindível para se tentar desconstruir os discursos presentes nessas narrativas que pretendem produzir, ou ajudar a produzir, identidades e subjetividades sociais hegemônicas. Reconhecer o currículo como uma narrativa racial abre a possibilidade de se pensar como as identidades e subjetividades raciais são e podem ter sido construídas. Abre, ainda, a possibilidade para a existência de novas narrativas ou “narrativas alternativas”, diferentes e mais plurais, oferecendo a alternativa de desconstrução de regimes de verdade. 2.2.2 A dimensão das relações de gênero O termo gênero foi criado com o objetivo de diferenciar práticas culturais de aspectos biológicos. Assim, enquanto a palavra sexo designa uma diferença biológica e anatômica (homem/mulher), gênero explica os comportamentos sociais e as diferenças entre o masculino e o feminino (LOURO; 2017; SILVA, 2015). De acordo com Louro (2017), para os estudos feministas, as diferenças biológicas não determinam as diferenças culturais, tampouco explicam as diferenças de poder entre homens e mulheres. Cozinhar, cuidar de crianças, ser mais sensível às emoções etc., assim como jogar futebol, ser mais pragmático na resolução de 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 15/32 problemas e menos sensível não são características inatas de um sexo, mas habilidades construídas culturalmente e, portanto, passíveis de serem aprendidas tanto por mulheres quanto por homens, a despeito das reais diferenças biológicas entre os dois. Essas escolhas e aprendizados nos auxiliam a construir nossas identidades de gênero. Figura 5 - Mulher ocupando lugar social de baixo prestígio. Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 16/32 As discussões sobre gênero no currículo se aprofundam quando se voltam para demonstrar e problematizar como e porque os saberes, as experiências culturais e os valores de um grupo são mais valorizados do que os de outro. Para os estudiosos do campo (SILVA, 2015), o currículo é essencialmente masculino, uma vez que prioriza conhecimentos, experiências e atitudes consideradas mais próximas do mundo e das identidades masculinas. Conforme destaca Silva (2015, p. 94), “[...] o currículo oficial valoriza a separação entre sujeito e conhecimento, o domínio e o controle, a racionalidade e a lógica, a ciência e a técnica, o individualismo e a competição [...]”, ao mesmo tempo em que ignora e desvaloriza “[...] as estreitas conexões entre quem conhece e o que é conhecido, a importância das ligações pessoais, a intuição e o pensamento divergente, as artes e a estética, o comunitarismo e a cooperação” (SILVA, 2015, p. 94). As características desvalorizadas são muito mais ligadas ao mundo e às identidades femininas. Essa separação entre duas formas de entender o mundo gera o entendimento de que uma lógica é superior à outra, uma é mais importante que a outra e, portanto, deve ser aprendida e incorporada por todos, mesmo que isso signifique uma forma de violência ao grupo marginalizado. O Sorriso de Monalisa, filme com Julia Roberts, aborda a questão de gênero de forma bem elucidativa. O cenário é o Wellesley College, faculdade feminina dos EUA, nos anos 1950. Além de explorar aspectos ligados ao mundo feminino e às dificuldades e desafios vividos pelas mulheres, a obra dirigida por Mike Newell apresenta muitas cenas ligadas ao currículo. Uma curiosidade: a instituição é real e teve como alunas alguns nomes conhecidos, como Hillary Clinton. Ao contrário do que é possível pensar, a visão feminista, tanto no mundo quanto no currículo, não busca uma simples inversão, onde o mundo masculino passe a ser desvalorizado. A busca é pela equidade entre os gêneros, de modo que seja possível construir currículos que valorizem ambas as experiências, de forma equilibrada. VOCÊ QUER VER? 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 17/32 Dessa maneira, o currículo contribuirá para que todas as pessoas desenvolvam habilidades presentes nas duas formas de pensamento, evitando a hierarquização entre pessoas e entre suas identidades de gênero, mas também a hierarquização entre os diferentes tipos de conhecimento. O que estaria em questão é uma desconstrução das relações de poder entre homens e mulheres, e a eliminação de privilégios determinados pelo gênero, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 2.2.3 A dimensão da sexualidade A problematização feita pelos estudos feministas, quanto à ideia de que as identidades de gênero são definidas biologicamente, ganhou outros contornos a partir dos estudos que relacionam gênero e sexualidade. Embora o conceito de gênero tenha sido criado para enfatizar que as identidades feminina e masculina são construções históricas e sociais, ele foi estendido para outras dimensões identitárias, ligadas às orientações sexuais. A chamada teoria queer surge como uma forma de radicalização das teorias feministas, questionando a fixidez das identidades de gênero (masculino ou feminino). Os movimentos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e intersexos são os atores sociais que mobilizam esse questionamento em torno da suposta estabilidade do gênero, e a teoria queer passa a afirmar que não são apenas as formas como manifestamos nossas identidades de gênero que são construções sociais, mas, também, as formas como vivemos nossa sexualidade. Ou seja, nossa identidade sexual não é definida simplesmente pela biologia. Ela também é uma construção social e cultural (LOURO, 2017; SILVA, 2015). VOCÊ SABIA? A teoria queer nasceu em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, buscando unificar os anteriormente chamados estudos gays e lésbicos. O termo queer foi, historicamente, usado como uma forma de depreciar pessoas homossexuais, principalmente os homens. Era usado como sinônimo de esquisito, estranho, excêntrico, incomum ou fora do normal. Para reagir a essa maneira preconceituosa de se referir aos homossexuais, o movimento LGBT se apropriado termo e dá a ele o significado de identidade sexual (LOURO, 2017; SILVA, 2015). 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 18/32 Na dimensão do currículo e da pedagogia, a teoria queer questiona como são transmitidos conhecimentos e, sobretudo, valores que contribuem para a formação de estereótipos e a criação de preconceitos. A norma social que estabelece a orientação sexual heterossexual como padrão e discrimina outras orientações, também chamada de heteronormatividade, presente no currículo contribui para que a construção das identidades seja limitada a um único modelo. Estudos do campo educacional questionam o porquê e como essas normas são geradas, demonstrando como elas são excludentes com aqueles que não se percebem incluídos nesse padrão de identidade (LOURO, 2017). Assim, propõem que as questões de sexualidade sejam incluídas no currículo, em primeiro lugar, para combater as atitudes homofóbicas, isto é, atitudes de preconceito, repugnância, medo, ódio ou outras que se materializem em forma de violência física e/ou emocional contra pessoas homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros ou intersexos (LOURO, 2017; SILVA, 2015). 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 19/32 A sexualidade é uma temática que raramente está presente no currículo, embora esteja presente na escola. Quando aparece, é restrita às discussões biológicas, em geral, ligadas à reprodução. Talvez por ser uma temática polêmica, independentemente da abordagem feita, seja tão difícil incorporá-la ao currículo, mas para a chamada pedagogia queer (SILVA, 2015) é muito importante que os processos institucionais e discursivos, as estruturas de significação sejam interrogadas, de modo a favorecer o entendimento e a análise do conhecimento e das identidades sexuais. Figura 6 - Símbolos de gênero, que remetem aos deuses da mitologia grega: Vênus (espelho) simboliza o feminino, e Marte (escudo) simboliza o masculino. Fonte: Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 20/32 Como destaca Silva (2015, p. 109): [...] um currículo inspirado na teoria queer é um currículo que força os limites das epistemes dominantes: um currículo que não se limita a questionar o conhecimento como socialmente construído, mas que se aventura a explorar aquilo que ainda não foi construído. Desse modo, um currículo que vise a superação de preconceitos e estereótipos de sexualidade se ocupará, em primeiro lugar, em interrogar a heteronormatividade presente nas instituições educativas e, posteriormente, em não estabelecer outro padrão identitário das sexualidades humanas. 2.3 Tipos de currículo e formas de organização curricular Na vertente da teorização crítica de currículo, os autores americanos buscaram desenvolver estudos e pesquisas sobre as relações de poder e as políticas culturais do currículo. Muitos desses trabalhos focalizavam a dimensão da ideologia no currículo, enfatizando as relações de classe implícitas no processo de “distribuição” do conhecimento oficial realizado pela escola. Foi nesses estudos que surgiram a diferenciação e a definição de tipos de currículo, conforme veremos a seguir. 2.3.1 Currículo Formal (prescrito, explícito e oficial), Currículo Real (em ação), Currículo Oculto e Currículo Turístico As diferentes expressões do currículo traduzem as especificidades das dimensões que o compõem. Entre as expressões do currículo definidas por Santos e Paraíso (1996, p. 84) estão o “currículo oculto, o currículo oficial, o currículo formal, o currículo em ação ou real, o currículo explícito e o currículo vazio ou nulo”. Para as autoras, o currículo oficial se refere ao que foi criado oficialmente por instituições e agências reguladoras, como o MEC e as Secretarias de Educação, geralmente, com natureza obrigatória, devendo ser implementado pelas diferentes escolas. O currículo formal inclui 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 21/32 também o oficial e abrange todo tipo de planejamento relativo aos conteúdos escolares, feitos pelas escolas e usados nas salas de aula, incluindo planos de aula, projetos, livros selecionados (didáticos ou não). Já o currículo em ação ou real se refere ao que acontece na prática, envolvendo a interação entre professores e alunos, onde nem sempre o que foi planejado acontece como idealizado, seja ampliando, reduzindo ou modificando o currículo formal. Envolve a dimensão da experiência educativa, na qual há uma realidade (escola), com valores e comportamentos próprios, que interfere na definição e na transmissão de conhecimentos. O currículo oculto, por sua vez, abarca tudo que é ensinado e aprendido, muitas vezes, sem que haja um planejamento prévio ou que se explicite que algo está sendo ensinado e aprendido. Quase sempre se refere às normas e valores implícitos nas atividades escolares, onde aparecem formas de ver e de vivenciar o mundo e as relações, preconceitos e crenças. Desse modo, se refere a um modo de educação não intencional, que aparece tanto em regras e conversas explícitas, quanto em comportamentos menos explícitos de membros da comunidade escolar diante de uma dada situação ou informação. O currículo oculto se apresenta em contraposição ao currículo explícito, que se caracteriza pela dimensão visível do currículo. O currículo explícito é uma ação intencional e se materializa tanto nos documentos quanto nas práticas educativas. O currículo vazio ou nulo se refere aos conhecimentos ausentes, tanto dos documentos curriculares escritos quanto das atividades desenvolvidas nas salas de aula, que, muitas vezes podem abordar saberes mais significativos para a compreensão da realidade e para a intervenção nela. O currículo nulo pode ser chamado de “campos de silêncio” devido às omissões de elementos das diferentes culturas, sendo que seu significado é fundamental para entender o currículo como espaço de afirmação e negação de identidades. Sua ação produz efeitos nos estudantes, tanto em função do que diz como daquilo que silencia (SANTOS; PARAÍSO, 1996, p. 84). Outro tipo de currículo, conceituado por Santomé (1995), ampliou o rol dessas expressões/manifestações: o currículo turístico. O autor diz que o currículo turístico acontece quando temáticas, geralmente relativas à diversidade cultural, são incluídas esporadicamente nos currículos. Quase sempre, isso se dá por meio de unidades didáticas isoladas e são trivializadas, tratadas como algo exótico (souvenir), desconectadas da realidade, estereotipadas e tergiversadas, isto é, 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 22/32 simplificadas ou deformadas, de modo a ocultar parte da história de grupos marginalizados. Para Santomé (1995), o currículo turístico aborda de maneira marginalizada e desvirtuada conhecimentos relativos ao que ele chamou de “culturas negadas e silenciadas no currículo”. A seguir, abordaremos os aspectos do currículo disciplinar. 2.3.2 Currículo disciplinar Orientada pela fragmentação presente no modelo produtivo capitalista, a escola desenvolveu uma cultura escolar que tem, por princípio, a divisão de tarefas e a separação do conhecimento em áreas, disciplinas, conteúdos, unidades didáticas etc. O currículo escolar, compreendido como uma trajetória a ser efetuada por professores e cumprida por alunos, foi organizado em etapas a serem vencidas, em que o êxito de uma etapa seria a garantia para o ingresso na etapa seguinte. A organização do conhecimento escolarem um currículo por disciplinas, como já mencionamos anteriormente, também tem uma relação direta com o modelo de produção do conhecimento científico, que se organiza em distintos e particulares campos de saber, o que permitiu o surgimento das disciplinas escolares. O currículo por disciplinas é a forma mais usual de organização do conhecimento nas escolas. Há um campo da História das Disciplinas Escolares, que é considerado relativamente recente e teve início nos anos 1970 e 1980, no contexto das reformas curriculares ocorridas em diversos países (LOPES; MACEDO, 2011). Originou-se nos estudos e pesquisas desenvolvidos nos campos da Educação, da Sociologia da Educação e da História da Educação. Teve a influência da Nova Sociologia da Educação (NSE), com destaque para o trabalho de Ivor Goodson, e se consolidou por meio dos estudos históricos sobre as disciplinas, de André Chervel, e dos estudos sociológicos sobre Cultura Escolar, de Jean-Claude Forquin e de Dominique Julia. No Brasil, a partir dos anos 1990, as discussões e produções acerca da História das Disciplinas têm sido desenvolvidas por pesquisadores de diferentes áreas, sobretudo, no campo do Currículo e da História da Educação. 2.3.3 Currículo integrado: interdisciplinaridade, projetos de trabalho e temas geradores Considerada na atualidade uma inovação pedagógica, a interdisciplinaridade não é tão recente. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 23/32 De acordo com Santomé (1998, p. 10), “[...] o movimento pedagógico a favor da globalização e da interdisciplinaridade nasceu de reivindicações progressistas de grupos ideológicos e políticos que lutavam por uma maior democratização da sociedade”. Um dos grandes defensores desse modelo foi John Dewey. Defensor da experiência e da experimentação como forma de aprendizagem, Dewey, ainda no século XIX, contribuiu para a elaboração do conceito da interdisciplinaridade. Por meio de suas ideias, William H. Kilpatrick sistematizou o chamado “método de projetos”, conhecido como Pedagogia de Projetos, cuja ênfase está centrada na integração de saberes de diferentes origens e naturezas, com vistas à construção de um conhecimento “mais complexo” ou mais abrangente sobre um determinado tema gerador ou problema inicial (SANTOMÉ, 1998). O modelo pedagógico que tem como centro a integração de conhecimentos e a interdisciplinaridade é “[...] um processo e uma filosofia de trabalho que entra em ação na hora de enfrentar os problemas e questões que preocupam em cada sociedade” (SANTOMÉ, 1998, p. 65). Busca viabilizar experiências em que um conhecimento se comunica com outros conhecimentos, por meio de abordagem, muitas vezes, transdisciplinar, onde as fronteiras disciplinares são rompidas. Desse modo, entendemos que a interdisciplinaridade acontece quando dois ou mais elementos do conhecimento (disciplinas) se conectam, de modo a favorecer a compreensão de um problema ou de um desafio, ou seja, se juntam para responder a pergunta inicial. 2.4 Políticas curriculares Os currículos elaborados em âmbito oficial são também chamados de políticas curriculares. A definição de currículos por órgãos do governo (agências reguladoras) é uma prática comum em diferentes países. Tem por objetivo estruturar e organizar os sistemas educacionais, favorecendo o acesso da população à educação e, ao mesmo tempo, a criação de uma regulação dos sistemas. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 24/32 A elaboração de currículos ou de documentos que norteiem essa elaboração, por parte de governos, é considerada uma necessidade, mas nem por isso deixa de enfrentar críticas. Isso porque, além de nortear e orientar os trabalhos realizados nas escolas, as políticas curriculares são consideradas um mecanismo estratégico de controle da população. Esse controle acontece de maneira não explícita, para grande parte das pessoas, uma vez que opera por meio do currículo oculto, mesmo que saibamos da existência de determinações e obrigações legais. Uma das maiores críticas às políticas curriculares é feita com relação à criação de um currículo nacional. Estudiosos de muitos países, como EUA, Espanha e Brasil, argumentam que o currículo nacional quase sempre favorece os interesses do mercado na formação de mão de obra, ao definir o conhecimento a ser priorizado. Como destacam Lopes e Macedo (2011), já é comprovado, também, que o currículo nacional tem como consequência a criação de políticas de avaliação nacional, uma vez que se torna necessário fiscalizar se, e como, as políticas curriculares são cumpridas. Além disso, segundo as autoras, as críticas ao currículo nacional se Figura 7 - Políticas curriculares são criadas como documentos oficiais que serão implementados nas escolas. Fonte: Sinart Creative, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 25/32 baseiam na ideia de que um documento único para todas as instituições de ensino do país desconsidera as diversidades culturais locais e regionais, o que pode ser desfavorável ao processo de ensino e aprendizagem. 2.4.1 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – Lei 9.394/1996 Podemos afirmar que a história da educação no Brasil tem se reestruturado a partir do final da década de 1990 com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96, em 1996. Em meio a disputas por projetos de educação e de sociedade, a criação da LDB provocou mudanças na estrutura e no funcionamento da educação escolar, em seus diferentes níveis e modalidades de ensino. Entre os diversos temas tratados pela lei, um de seus tópicos aborda questões relativas aos conteúdos de ensino, obrigatórios em escolas de educação básica e à elaboração dos currículos. O artigo de n.º 26 estabelece regras que orientam a dinâmica curricular em instituições de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O referido artigo fixa os conhecimentos e/ou os componentes curriculares de natureza obrigatória e, por diferentes razões, desde a promulgação de lei tem sido modificado, principalmente ao longo dos últimos anos (BRASIL, 1996). Darcy Ribeiro (1922-1997) foi antropólogo, educador, escritor e político brasileiro, conhecido por retratar o povo brasileiro, com especial ênfase aos povos indígenas. Como senador da República, Ribeiro foi responsável por apresentar o texto atual da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) aprovado em 1996. Após oito anos em debate, sem consenso, no Congresso Nacional, a primeira versão da LDB, criada democraticamente no debate com diferentes setores, foi modificada pelo senador, que a tornou mais concisa e aberta, favorecendo sua aprovação. Saiba mais sobre Darcy Ribeiro no site da Academia Brasileira de Letras: <http://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia (http://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia)>. No conjunto das modificações realizadas na LDB desde a data de sua promulgação até os dias de hoje, o fenômeno mais recente diz respeito à ampliação dos conhecimentos de caráter obrigatório. Tal fato tem relação direta com um conjunto VOCÊ O CONHECE? http://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 26/32 de transformações sociais que tomou visibilidade a partir da intervenção de grupos ligados aos movimentos sociais organizados, como os de indígenas e os movimentos negros, ou mesmo movimentos ligados à defesa do meio ambiente e à defesa dos direitos humanos. As modificações no artigo 26 da LDB (BRASIL, 1996), realizadas nos últimos 10 anos, chamam a atenção por introduzir “novos saberes” que, mesmonão sendo desconhecidos da vida em sociedade e da população, em geral, ou da própria escola, como uma instituição de ensino, são incorporados a partir de novos formatos ou por meio de “novos” discursos. A inclusão do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em 2003, ampliada pela inclusão do ensino de História e Cultura Indígena Brasileira em 2008; a inclusão da Música como componente curricular, também em 2008; bem como a inclusão de “princípios da proteção e defesa civil” (temática relacionada ao debate dos Direitos Humanos) e da Educação Ambiental, em 2012, são as modificações mais explícitas. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 27/32 As reações frente às exigências legais de inclusão de novos conteúdos têm sido diversas. Se, por um lado, os grupos ligados à legitimação de determinados conhecimentos, quase sempre alvos de disputa e controvérsia, consideram as mudanças na LDB como motivo de celebração, por outro lado, grupos mais conservadores argumentam que tais mudanças criaram um inchaço nos currículos da Educação Básica, sobretudo quando se pensa os currículos do Ensino Médio. Para estes últimos, o currículo atual do Ensino Médio, devido ao excesso de Figura 8 - Conteúdos curriculares de diferentes naturezas e com diferentes características são acrescentados ao currículo na medida em que as temáticas contemporâneas vão surgindo. Fonte: Nattika, Shutterstock, 2018. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 28/32 disciplinas e conteúdos, tem sido um dos importantes fatores geradores da evasão de jovens em idade escolar nesse nível de ensino. A solução encontrada foi promover uma reforma no Ensino Médio, ainda em fase de implementação. 2.4.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Enquanto a LDB define, em linhas bem gerais, o que é obrigatório nos currículos em termos de conhecimento, existem outras políticas curriculares que são fundamentais para que essa obrigatoriedade seja colocada em prática. Para regulamentar as definições são criadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), no âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE), um órgão do Ministério da Educação (MEC). Esse conjunto de orientações são documentos técnicos, que visam favorecer a compreensão dos desdobramentos da LDB. Se a LDB define, por exemplo, que nos currículos é necessário haver componentes curriculares que abordem “conhecimentos sobre o mundo físico e natural” (BRASIL, 1996, art. 26, § 1.º), as DCN vão detalhar do que tratam esses conhecimentos, que geralmente estão ligados às disciplinas de Física, Química e Biologia. VOCÊ SABIA? O Conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado ligado ao Ministério da Educação (MEC), criado com o objetivo de colaborar na construção da Política Nacional de Educação e exercer atribuições deliberativas, normativas e de assessoria ao Ministro da Educação. O CNE é composto pelas Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior, cada uma com 12 conselheiros, escolhidos e nomeados pelo Presidente da República. Para saber mais, acesse: <http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao (http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao)>. As DCN regulamentam os currículos dos diferentes níveis e modalidades de ensino, da educação infantil ao ensino superior, e não são um único documento. Para cada nível de ensino ou modalidade, assim como para cada temática de natureza transversal (que perpassam todos os currículos) existem diretrizes específicas. Para que se tornem um documento obrigatório, as DCN precisam ser aprovadas pelo http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 29/32 Ministro da Educação, que publica uma resolução na qual apresentam e torna legal um documento de natureza técnica. Todas as DCN são documentos públicos, sendo possíveis acessá-las na página do MEC destinada ao CNE. 2.4.3 Base Nacional Comum Curricular (BNCC) A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é a mais recente política curricular do Ministério da Educação, constituindo de um documento normativo e orientador da elaboração de currículos para a Educação Básica. De acordo como o MEC (BRASIL, 2017, p. 7): [...] a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). A BNCC tem características diferentes das demais políticas curriculares. Seu objetivo é direcionar a elaboração dos currículos a partir do desenvolvimento de competências gerais, a cada seguimento da educação básica, e de habilidades específicas, de cada área de conhecimento ou disciplina. Desse modo, ela é um documento mais detalhado, em termos daquilo que deve ser ensinado em cada etapa da escolarização. No âmbito das competências gerais, a BNCC defende uma perspectiva de trabalho integradora, sugerindo o trabalho por projetos. Para isso, definiu 10 competências gerais a serem trabalhadas em interface com as diferentes áreas de conhecimento. São elas: conhecimento; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumentação; 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 30/32 autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; responsabilidade e cidadania. Como toda política curricular, a BNCC tem despertado polêmicas, existindo defensores e críticos. De todo modo, os sistemas de ensino e escolas terão um prazo de dois anos, conforme a Resolução CNE/CP n.º 2, de dezembro de 2017, para colocar as orientações contidas na Base em funcionamento. O documento já publicado se refere à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental (1.º ao 5.º ano e 6.º ao 9.º ano). O documento relativo ao Ensino Médio ainda se encontra em fase de elaboração. Síntese Concluímos esse estudo, no qual tivemos a oportunidade de aprender um pouco mais sobre questões ligadas à seleção, organização e distribuição do conhecimento por meio do currículo escolar. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: conhecer e problematizar questões objetivas e dimensões ideológicas do processo de elaboração dos currículos; compreender dilemas e controvérsias presentes na definição curricular; entender a relação entre saberes acadêmicos e saberes escolares; analisar a estreita vinculação entre currículo e cultura; identificar práticas de discriminação e de produção/reprodução de estereótipos a partir do currículo escolar; debater sobre as possibilidades de se materializar uma educação socialmente mais justa e inclusiva. 27/10/22, 21:28 Avaliação e Currículo https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=b%2fHOZEy0WlnLGLgqKPps%2fA%3d%3d&l=qx%2fOnP4svEFajDWLfJOhCA%3d%3d&c… 31/32 Bibliografia ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Darcy Ribeiro [biografia]. Disponível em: < (http://www.academia.org.br/academicos/darcy- ribeiro/biografia)http://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia (http://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia)>. Acesso em: 19/06/2018. BERNSTEIN, B. A Estruturação do Discurso Pedagógico: classe, códigos e controle. São Paulo: Vozes, 1996. ______. A Pedagogização do Conhecimento: estudos sobre recontextualização. In: Cadernos de Pesquisa, n. 120, p. 75-110, nov. 2003. Disponível em: < (http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf)http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf (http://www.scielo.br/pdf/cp/n120/a06n120.pdf)>. Acesso em: 15/06/2018. BOURDIEU, P.; PASSERON, J. C. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. BOWLES, S.; GINTIS, H. Schooling in Capitalist America: educational reform and the contradictions of economic life. New York: Basic Books, 1976. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. 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