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Enfermidades do estômago Profª: Drª. Bianca Saguie Conteúdo da aula ➢ Revisão do estômago; ➢ Principais patologias: ➢ Gastrite, úlcera e câncer; ➢ Tratamento clínico e nutricional Estômago • Cárdia, fundo, corpo e piloro • Suco gástrico (fragmentação de proteínas e alguns lipídios) Quimo Bolo alimentar Movimentos peristálticos Suco gástrico HCl + muco + enzimas Liberação gradativa Estômago • Mistura alimentos com secreções gástricas; • Ácido clorídrico, pepsinogênio (HCl), lipase gástrica, muco, fator intrínseco, gastrina; • Auxílio na digestão de proteínas e gorduras; • Semi-líquido – ação enzimática e absorção; • Aumenta biodisponibilidade B12, cálcio, ferro e zinco; • Controle microbiano!! • Liberar aos poucos para o intestino delgado (EEI); • CHO<PTN<LIP<FIBRAS. Estômago • Armazenar alimento e regular liberação para duodeno (piloro); • Misturar alimento com secreções gástricas; • Formar o quimo (viscoso e ácido); • Função endócrina - produção de histamina e gastrina; • Propulsão e esvaziamento • Produz e libera muco, HCl, pepsinogênio, lipase, fator intrínseco. Estômago Muco e lisozima HCl e fator intrínseco (B12) Pepsina e lipaze gástrica Hormônios Estômago • HCl e pepsina – ação proteolítica; • Mucosa protegida pela secreção de muco; • Produção de muco é estimulada por prostaglandinas. • Bicarbonato (HCO3) - células epiteliais; • Pepsinogênio - pepsina (ph ácido -3 a 5). Estômago • Fundo e corpo - secreção de ácido e pepsina; • Antro - endócrino e motor; • Armazenamento - relaxamento adaptativo e receptivo; • Lenta passagem do conteúdo estomacal. Estômago Vesícula Biliar → Estimula contração da vesícula fluxo biliar. Estômago Estimula a conversão pepsinogênio pepsina; Controle de população microbiana; Facilita a hidrólise de ptn peptídeos; Estimula a ionização de minerais. Intestino Delgado Estimula GIP e Secretina; estimula peristalse; emulsificação de lipídeos e lipase. Pâncreas Estimula liberação de bicarbonato e de enzimas digestivas. Ácido Clorídrico (HCl) Células parietais Peptídeo inibidor gástrico (GIP) ou Peptídeo insulinotrópico dependente de glicose Gastrite e úlcera • Desequilíbrio da integridade de mucosa; • Mais comum: infecção por Helicobacter pylori; • Outras: uso excessivo de AINES, fumo, corticoides – agravamento. Gastrite • Inflamação e lesão - erosão mucosa + secreções e bactérias; • H pylori - respostas gerais e específicas; • Aguda: rápido início da inflamação e dos sintomas; • Crônica: meses-décadas, com redução ou exacerbação de sintomas; • Gastrite atrófica ou auto imune; • Náuseas, vômitos, mal estar, anorexia, hemorragia e epigastralgia. Gastrite • Atrófica ou autoimune – atrofia – acloridria e perda de FI; • Etiologia: auto-imune ou H. pylori de longa evolução; • ATENÇÃO - Comum em idosos - atrofia das células parietais + perda progressiva de HCl e FI Gastrite • Atrófica ou autoimune – atrofia – acloridria e perda de FI; • Etiologia: auto-imune ou H. pylori de longa evolução; • ATENÇÃO - Comum em idosos - atrofia das células parietais + perda progressiva de HCl e FI Gastrite • Atrófica ou autoimune; • Anti células parietais e anti fator intrínseco; • Aumenta risco de câncer gástrico; • Controle endoscópico - prevenção precoce. Gastrite • Endoscopia - diagnóstico comum; • Erradicação dos microorganismos patogênicos; • Retirada de qualquer agente predisponente ; • Medicamentos: antibióticos, antiácidos, antagonistas do receptor anti- histamínico H2 e inibidores da bomba de prótons. • Atrófica ou autoimune : atenção à vitamina B12 e FI Tratamento clínico Gastrite • Recuperar estado nutricional, minimizar trabalho gástrico, reduzir a secreção gástrica, evitar progressão de lesões, evitar hemorragia; • EDUCAÇÃO NUTRICIONAL; Tratamento nutricional ESPECIFIC. G. AGUDA G. CRÔNICA Consistência Líquida completa/pastosa Pastosa/branda Fracionamento Aumentado Normal Volume Diminuído Normal Temperatura Normal Normal Fibras (celulose modificada) ANP ANP Alimentos ricos em enxofre Isento Isento Alimento ricos em dissacarídeos Isento Isento Alimento flatulentos Isento Isento Gastrite Tratamento nutricional ESPECIFIC. G. AGUDA G. CRÔNICA VET ANP ANP Carboidrato Normo a hipo (dextrina maltose 5%) Normo (s [dissacarídeos ]) Proteína Normo/Hiper (1,2g/Kg) Normo/Hiper (1,4g/Kg) Lipídos Normo/hipo Normo/hipo (s [S]) Minerais ANP ANP Vitaminas ANP ANP Purina Sem caldos conc. Sem caldos conc. Outros :LEITE ( ???), BEBIDAS ALCÓLICAS, CAFÉ ( descafeinado???), refrigerantes a base de cola ( distensão e dispepsia), pimenta(???). ANP ANP Gastrite Tratamento nutricional Úlcera péptica • Gástrica ou duodenal • Continuidade - camada muscular da mucosa; • Inflamação crônica e processo de cicatrização ao redor da lesão; • 10 a 15% da população mundial; • Predomínio no sexo masculino; • Acomete estômago e o duodeno; • Incidência de úlcera duodenal > úlcera gástrica. Úlcera péptica • Agentes agressores – AINES; • Annti-inflamatórios não esteroides; • Drogas amplamente utilizadas; • Combate da inflamação (aspirina, paracetamol, ibuprofeno, corticoides); • Colateralidade - barreira mucosa - vulnerabilidade à agressores; • Úlcera péptica - 20% dos pacientes que utilizam AINES . X Úlcera péptica • Agentes agressores – H pilory; • 10-15% vão apresentar ulceração sintomática ; • Transmissão por via oral (fecal-oral), água e alimentos contaminados; • Coloniza a mucosa, sobrevivendo à ação do HCl; • Defesa agride o epitélio levando a inflamação e lesão; • Inflamação - lesão tecidual; • Estimula cél G - a secretarem mais gastrina - produção ácida. Úlcera péptica Úlcera péptica • Agentes agressores – tabagismo; • Aumenta risco de acometimento, quando comparado a não fumantes; • Cicatrização + lenta das úlceras pépticas em tabagistas; • Redução dos níveis de prostaglandinas produzidas pelo estômago; • Redução da produção de HCO3 pancreático; • Não atua como agente causal isoladamente. Úlcera péptica • Dor epigástrica rítmica e periódica, em queimação, tipo “fome”, alternados com anorexia, dor abdominal, perda ponderal, náuseas e vômitos; • Úlcera duodenal - dor melhora com a alimentação; • Úlcera gástrica - dor piora com a alimentação; • Hemorragia por perfuração - hematêmese e melena; anemia aguda; • Choque hipovolêmico (fluxo sanguíneo - perfusão tecidual e lesão celular irreversível - falência do sistema circulatório.). Quadro clínico Úlcera péptica • Inibidores da bomba de prótons - supressão da secreção gástrica (mais eficazes) - omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol; • Reações adversas : náuseas, dor abdominal, constipação e diarréia, flatulência (mais comuns); artralgia, miopatia, cefaleia; Tratamento clínico Úlcera péptica • Antagonistas dos receptores de histamina - inibem histamina; secreção ácida produzida pela histamina e gastrina; • Exemplos : cimetidina, ranitidina, nizatidina, famotidina; • Efeitos adversos : cefaleia, diarreia, erupções cutâneas, tonteira, sonolência, confusão mental, ginecomastia, dores musculares e articulares. Tratamento clínico Úlcera péptica • Recomendado quando há complicação por hemorragia, perfuração, obstrução ou dificuldade de tratamento clínico; • Cirurgia - Denervação vagal - vagotomia - redução do estímulo da secreção ácida gástrica - nervo vago. Tratamento cirúrgico Úlcera péptica • Dietas lácteas ??? - Alcalinização gástrica e alívio da dor??? • Proteínas e cálcio - “rebote ácido”- intensificava a dor; • Deve ser consumido como parte integrante da alimentação; • Não deve ser usado com intuito de aliviar a dor; • Alimentos condimentados – desconforto? • O tratamento deve se concentrar no indivíduo ao invés de na dieta; • Evitar alimentos que causem desconforto; • Frutas ácidas – tolerância do paciente • pH do estômago 1 a 3 – frutas?; • Fibras – benéficas; • Investigardeficiências: energia, PTN, Fe, B12. Tratamento nutricional Úlcera péptica • Álcool – lesa mucosa gástrica e interfere na cicatrização – não causa; • Café - produção ácida gástrica, irritantes da mucosa gástrica; • Refrigerantes - distensão gástrica e pH acido – não causa; • Alimentos que retardam esvaziamento gástrico - distensão gástrica; • Secreção ácida - alimentos quentes, concentrados em CHO e LIP; • Se VO não for suficiente – TNE ou TNP. Tratamento nutricional Úlcera péptica Tratamento nutricional Úlcera péptica Tratamento nutricional ESPECIFIC. ÚLCERA PÉPTICA VET ANP Carboidrato ANP (s[ dissacarídeos]) Proteína Normo/Hiper (1,2gKg – Fase aguda; 1,5gKg – Fase de recuperação) Tamponamento da secreção de gastrina e pepsina Lipídos Normo/hipo (s[S]) 3, 9 Minerais ANP (observar interações medicamentosas) Vitaminas ANP (observar interações medicamentosas) Purina Sem caldos concentrados Fibras Modificada por cocção e subdivisão facilitar o processo digestório Líquidos N (ligeiramente hidratação e FI) Úlcera péptica Tratamento nutricional ESPECIFIC. ÚLCERA PÉPTICA Temperatura N da preparação: o tempo de esvaz, gástrico, evitar congestão da mucosa e ácido gástrico Fracionamento Aumenta na fase aguda e normal na recuperação Volume Diminui na fase aguda para diminuir o desconforto abdominal e normal na fase de recuperação Consistência LC P – Fase aguda; e B a N – Fase de recuperação Outros Evitar alimentos ricos em enxofre, ricos em dissacarídeos, alimentos fermentáveis, Carminativos ( diminui a PEEI), derivados de cola, bebidas álcoolicas, fumo, Alimentos ácidos????, Pimenta ( pequena qtd- estimulam a produção de muco e pode levar á erosão), TODOS EXCITANTES DA MUCOSA GÁSTRICA, e observar a TOLERÂNCIA INDIVIDUAL !!!!! Úlcera péptica Reflexões sobre o uso prolongado de antiácidos e inibidores de HCl Neoplasia gástrica • Bastante catabólicas - desnutrição - perda excessiva, obstrução e interferência mecânica - estenose para alimentação; • Fraqueza, perda de apetite, emagrecimento , aquilia gástrica (ausência de ácido clorídrico e pepsina ) ou acloridria; • FR: H. pylori, tabagismo, história familiar, tipo sangüíneo A, gastrite atrófica, metaplasia intestinal, anemia perniciosa; • Ulceras não são FR. Neoplasia gástrica • Normalmente - ressecção cirúrgica; • Tumores do antro - gastrectomia subtotal alargada; • Tumores no terço médio - gastrectomia Total; • Tumores do terço proximal ou cárdia - esofagectomia distal + gastrectomia total + reconstrução em Y de Roux. Tratamento clínico Neoplasia gástrica Tratamento clínico • Billroth I - parcial - remanescente reconectado duodeno; • Billroth II – parcial - remanescente reconectado jejuno • Ressecção parcial - somente parte do estômago é retirada; • Vagotomia - separação do nervo vago do esôfago; • Piloroplastia - drenagem para facilitar o esvaziamento gástrico; • Y-de-Roux - gastrectomia total, anastomizado com o jejuno. 1 2 3 4 5 6 Neoplasia gástrica Cuidados nutricionais • Dieta muito importante, • Atenção ao sal, condimentos, nitritos, nitratos; • Deficiência de vitaminas A, C e E, e oligoelementos como selênio • Determinada pela localização, tipo de distúrbio funcional e estagio; • Gastrectomia é um dos tratamentos indicados; • Sem indicação cirúrgica – adequação ajustada à doença; • Anorexia é um achado comum. Neoplasia gástrica Cuidados nutricionais - gastrectomia • Imediato - dieta zero, até funcionamento normal do TGI; • Evolução gradativa da dieta de acordo com paciente; • Não usar alimentos condimentados, gordurosos ou hipertônicos; • Sonda nasoentérica ou jejunostomia intraoperatória, início 2° - 3° dia; • Progressão VO e desmame dieta enteral. Neoplasia gástrica Cuidados nutricionais - gastrectomia • Tardio - Reduzir volume e aumentar fracionamento; • Hipercalórica; • Hiperprotéica (20% do VET); • Normolipídica; • Normoglicídica (restrição CHOs); • Suplementação de vit. B12. Depende do tipo de cirurgia/tratamento Neoplasia gástrica Cuidados nutricionais – gastrectomia - repercussão • Desnutrição; • Ingestão inadequada – anorexia; • Má absorção e esteatorréia; • Intolerância a lactose; • Anemia, osteoporose e algumas deficiências de vits e mins; • Dificuldade em ingerir grandes quantidades de alimentos; • Síndrome de dumping. Gastrectomia Total Deficiência de vitamina D e Ca (esteatorréia e absorção) Deficiência de Fe (alteração do pH, sangramento e anemia) Deficiência de vitamina B12 e ácido fólico ( do fator intrínseco e alteração do pH) Neoplasia gástrica Cuidados nutricionais – gastrectomia - repercussão • Má-absorção - falta de movimento peristáltico; • Estase no intestino superior – supercrescimento bacteriano; • Desconjugação dos sais biliares - micelas e toxicidade - esteatorréia; • Má absorção de CHO - lesão da borda em escova; • Dieta baixo FODMAPS; • TCM e vit B12, ajustes individuais . bianca.saguie@estacio.br Caso clínico 12 F.C., masculino, 78a. Realizou gastrectomia total há 3 meses, como resultado de um câncer de estômago. Apresenta distensão abdominal, náuseas e tonturas logo após as refeições. É comum após as refeições, apresentar cólicas abdominais leves e diarreia. O paciente está se alimentando por via oral. (1,77m; peso atual 65kg; peso usual 75kg). 1. De acordo com o caso clínico, o que pode ser responsável pelos diferentes sintomas apresentados? 2. Que informações adicionais devem ser coletadas para a avaliação nutricional? 3. Quais orientações você pode recomendar para evitar os sintomas pós prandiais? 4. Qual tipo de dieta você orientaria para o paciente (oral, enteral, parenteral)? 5. Calcule VET e distribuição de macros.
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